Evolução da temperatura na produção de composto orgânico de folhas
de cajueiro e de mangueira para fins hortícolas.
Vicente de Paulo Miranda Leitão¹; George Sampaio Martins²; Juliana Ricardo ²; José
Germano Morais²
¹CEFET, Av. 13 de maio, 2081, Benfica, Fortaleza – CE; ² CENTEC, AV. Dr. Guarany,317, Campus
Cidao, Sobral - CE
RESUMO
O presente trabalho foi realizado na Horta Didática do Departamento de Fitotecnia do
CCA/UFC, em Fortaleza, Ceará, com o objetivo de avaliar o desempenho da temperatura
em um composto orgânico produzido a partir de folhas de cajueiro, de mangueira e
esterco bovino para fins de utilização em atividades hortícolas. O experimento foi
instalado segundo um delineamento de blocos casualizados sendo seis proporções de
folhagem/esterco (0/100%, 10/90%, 20/80%, 30/70%, 40/60%, 50/50%) de material
triturado, e material não triturado (natural) na composição de pilhas de volume 2,45m³. A
temperatura da pilha foi medida em três diferentes pontos: topo, centro e base. Em geral,
em todos os tratamentos, independentemente do tipo de material utilizado nas pilhas, a
temperatura máxima, logo após a montagem, variou de 30º a 40ºC. Após 72 horas, as
temperaturas atingiram a fase termófila, 45º a 65ºC. Estas temperaturas foram mantidas
durante um período de quinze a cinqüenta dias. Todas as pilhas, na fase de maturação,
apresentaram temperaturas elevadas (valores superiores a 40ºC), nos primeiros dias,
atingindo temperaturas em torno de 65ºC permanecendo nesta faixa até o final do
processo. Analisando os dados e outros parâmetros, conclui-se que das pinhas de
material triturado a que melhor apresentou resultado foi a PMT 70/30 enquanto que das
de material natural foi a PMN 50/50. Neste trabalho, foi verificado que a temperatura é o
parâmetro mais importante para ser utilizado como indicador da eficiência do processo de
compostagem.
Palavras-Chave: Composto Orgânico, Temperatura, Cajueiro, Mangueira, Esterco.
ABSTRACT - Evaluation of temperature behavior in an organic
compound produced from cashew and mango leaves and manure to be
used for horticultural purposes.
The present work was accomplished in the phytotechnique Department for Agrarian
Scienses Center (CCA/UFC), in Fortaleza, Ceará, with the objective of evaluating the
temperature behavior in an organic compound produced from cashew leaves, mango and
manure to be used for horticultural purposes. The experiment was installed in a
randomized block statistical tecnique with six lleave/manure different proportions (0/100%,
10/90%, 20/80%, 30/70%, 40/60%, 50/50%) of grinded material and natural material
composing the total piles volume at 2,45m³. The piles temperatures were taken in three
different points: top, center and base. In general, for all the treatments, independently the
material used in the piles, the maximum temperature varied from 30th to 40ºC. After 72
hours, the temperatures reached the thermal phase, 45th to 65ºC. These temperatures
were maintained during a period from fifteen to fifty days. All the piles, in the maturation
phase presented high temperatures (higher than 40ºC), in the first days, reaching
temperatures around 65ºC after that and keeping constant until the end of the process.
Analyzing the data and other parameters, it is concluded that the piles with best results
were the PMT 70/30 while for the natural material piles the best was the PMN 50/50. Also,
it was verified that the temperature is the most important parameter to be used as indicator
of the efficiency of the compounding process.
Key- words: Organic compounds, Temperature, cashew, Mango, Manure
INTRODUÇÃO
Os resíduos sólidos podem e devem ser considerados como fontes de recursos para a
comunidade, visto que o reaproveitamento, a redução e a reciclagem dos materiais são
importantes e significativas no processo de gerenciamento desses resíduos. Um dos
métodos mais antigos e eficientes de reciclar os resíduos orgânicos é através da
compostagem, que é um processo de tratamento biológico aeróbio e controlado, que
propicia a esterilização e humificação dos mesmos, gerando, como produto final, um
fertilizante orgânico, (PEREIRA NETO, 1996).
BERTOLDI et al (1991), afirmam que a temperatura constitui-se um dos fatores mais
indicativos do processo de compostagem Ela exerce uma influência considerável na
decomposição da matéria orgânica, pois, além de influenciar no comportamento de forma
distinta de cada uma das fases em que ocorre, influi também no processo total da
compostagem dos resíduos sólidos. De acordo com KIEHL (1985), o processo de
decomposição total da matéria orgânica, nas fases distintas do processo, tem duração de
aproximadamente 45 dias, com a temperatura variando entre 35 a 65ºC, baixando no final
da decomposição para 45ºC, aproximadamente, iniciando-se a maturação da matéria
orgânica, que tem duração de aproximadamente 40 dias e temperatura mínima variando
de 30 a 35ºC. Este trabalho foi executado com o objetivo de estudar a produção de um
composto orgânico a partir de folhas de cajueiro, mangueira e esterco bovino para fins
de uso na agricultura, em especial na horticultura, com o devido monitoramento da
temperatura, observando-se todas as suas fases.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado na Horta Didática do Departamento de fitotecnia do
CCA/UFC, em Fortaleza, Ceará, no período de maio a agosto de 2001. O delineamento
empregado foi o de blocos casualizados, com três repetições, em esquema fatorial de
6x7. A evolução da temperatura foi acompanhada em todas sa pilhas de volume de
2,45m³ com seis proporções de folhagem/esterco bovino (0/100%, 10/90%, 20/80%,
30/70%, 40/60%, 50/50%) com material triturado, e com material natural devidamente
codificada (PMT-pilha de material triturado e PMN – pilha de material natural), nas fases
de degradação ativa e maturação do composto. A temperatura da pilha foi medida em três
diferentes pontos: topo, centro e base, para que se tivessem valores médios
representativos e fosse observado o desenvolvimento do processo, bem como a
necessidade de aplicar qualquer medida corretiva. (LEITÃO,2002).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em geral, em todos os tratamentos, independentemente do tipo de material das pilhas, a
temperatura máxima, logo após a montagem, foi entre 30º a 40ºC. Após 72 (setenta e
duas) horas, as temperaturas atingiram a fase termófila, 45º a 65ºC. Em todas as pilhas,
as temperaturas foram monitoradas por um termômetro de haste metálica, no topo, centro
e base, na fase ativa, com a finalidade de se observar o desenvolvimento do processo,
procurando manter a temperatura das pilhas na faixa desejada, em torno de 55 a 60ºC,
para as pilhas com material triturado, e de 60 a 65ºC, para as pilhas com material natural,
de acordo com as recomendações feitas por PEREIRA NETO (1996).
O resfriamento das pilhas de material triturado ocorreu, em média, após 40 (quarenta)
dias de sua montagem, enquanto que nas pilhas de material natural o resfriamento
ocorreu, em média, após 60 (sessenta) dias se sua montagem, em seguida as mesmas
foram postas para maturar. Este resultado confirma pesquisa realizada anteriormente por
(PEREIRA NETO (1996) que indica ser este o tempo médio para a fase ativa.
Neste
trabalho, foi verificado que a temperatura é o parâmetro mais importante para ser utilizado
como indicador da eficiência do processo de compostagem. Pode-se concluir, também,
que o sucesso operacional na compostagem está diretamente ligado à manutenção de
temperaturas termofílicas, em toda a massa de compostagem, por um maior tempo
possível, durante a fase ativa, a qual promove uma série de vantagens, tais como:
aumento da taxa de degradação da matéria orgânica e ser um dos mais importantes
mecanismos para a eliminação de organismos patogênicos. Analisando os
dados e
outros parâmetros, conclui-se também que das pinhas de material triturado a que melhor
apresentou resultado foi a PMT 70/30 enquanto que das de material natural foi a PMN
50/50.
70
65
60
55
50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
0
5
10
15
20
25
Ambiente
30
35
Topo
40
45
Centro
50
55
60
Base
Fig.1 - Variação da temperatura durante a fase ativa – PMT – 70/30.
70
65
60
55
50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
0
5
10
15
20
Ambiente
25
30
Topo
35
Centro
40
45
50
55
60
Base
Fig. 2 - Variação da temperatura durante a fase ativa – PMN – 50/50.
LITERATURA CITADA
BERTOLDI, M.; ZUCCONI, F.; CIVILINI,M. Temperature Pathogen control and product
quality.In: THE BIOCYCLE Guide to the art & science of composting. J.G. Press,1991.
KIEHL, E. J. Fertilizantes Orgânicos. São Paulo: Ceres, 1985.
LEITÃO, V.P.M. produção de composto orgânico a partir de folhas de cajueiro e de
mangueira, 2002. 179f.
Dissertação (mestrado em saneamento ambiental) – UFC,
Fortaleza, 2002.
PEREIRA NETO, J. T. Manual de Compostagem: Processo de baixo Custo, Belo
Horizonte, UNICEF, 1996.
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