XII CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL
INFLUÊNCIA DA SAZONALIDADE EM POPULAÇÕES DE
INSETOS NO REVIS-CP
Alisson José Barrabarra - Instituto Federal do Paraná, campus Palmas
Janaína Alves de Souza - Instituto Federal do Paraná, campus Palmas
Ana Paula Alves - Instituto Federal do Paraná, campus Palmas
Julaine Fernanda Silva - Instituto Federal do Paraná, campus Palmas
Diaine Cortese - Instituto Federal do Paraná, campus Palmas
Adriana Couto Pereira-Rocha - Instituto Federal do Paraná, campus Palmas
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Introdução
Os insetos (Hexapoda) constituem o grupo mais diversificado de organismos na terra, e devido a seu pequeno
tamanho, são indivíduos de grande importância socio-econômica devido a diversidade de ecossistemas e hábitos
que podem ser considerados maléficos ou benéficos para a espécie humana. (RAFAEL et al. 2012)
A ordem Diptera é representada pelas moscas e mosquitos e corresponde a aproximadamente 15% da
biodiversidade mundial conhecida. Esses insetos são objeto de muitos estudos, pois podem tanto atuar no ambiente
de forma benéfica, tais como as moscas predadoras que realizam controle biológico, quanto maléfica, agindo como
vetores de organismos causadores de doenças em humanos e animais. (RAFAEL et al. 2012)
Os indivíduos adultos da família Syrphidae, dípteros conhecidas como moscas das flores, têm como principal
característica a sua alimentação ser baseado em néctar ou pólen. As larvas variam muito em relação a habitats e
hábitos, sendo entomófogas: predadoras de afídeos; saprófagas aquáticas: filtradores de água-doce; detritívoras:
alimentação a base de materiais em decomposição. Devido a essa variedade, os sirfídeos são considerados
bioindicadores. (RAFAEL et al. 2012)
O objetivo do presente trabalho é observar resultados entre correlação de dados climáticos e quantidade de insetos,
a quantidade de indivíduos da ordem Diptera e indivíduos da família Syrphidae coletados do Refúgio da Vida
Silvestre dos Campos de Palmas (REVIS-CP), PR.
Materiais e métodos
Foram utilizadas seis armadilhas Malaise em três áreas distintas do REVIS-CP. O material coletado semanalmente
foi triado entre Diptera e Não-Diptera. Os dípteros então sofreram mais análises em nível de família; os sirfideos
foram separados, alfinetados e acondicionados no Laboratório de Estudos dos Campos de Altitude (LECA) do
IFPR. As coletas aconteceram entre dezembro de 2013 e fevereiro de 2015 totalizando 60 eventos de coletas. Com
o auxílio de planilhas climáticas enviadas pelo SIMEPAR, foi possível calcular as médias de precipitação (ppt),
umidade relativa (ur), temperatura máxima (tmax) e temperatura mínima (tmin) em cada semana de coleta, e por
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fim estas foram correlacionadas com o total de indivíduos coletados de cada grupo.
Resultados e discussão
Ao total foram coletados 618 sirfídeos, 82.709 dípteros e 139.437 insetos. No período de coleta a maior
precipitação foi de 126 mm, registrada em abril de 2014 enquanto que a menor (0,0 mm) foi registrada
eventualmente em todos os meses de coleta. A maior umidade relativa do ar foi registrada em fevereiro de 2015,
onde chegou a 100% enquanto que a menor foi registrada no mês de novembro de 2014, alcançando 54%. A maior
temperatura máxima, que alcançou 33° C foi registrada em outubro de 2014, e a menor (10,8°C), foi registrada em
julho de 2014. A maior temperatura mínima registrada foi no mês de fevereiro de 2015, onde alcançou 20,3° C, e a
menor foi registrada em agosto de 2014 (-1,1°C), destacando que a região de estudos é uma área com temperatura
variável, predominando temperatura baixa, alta umidade relativa do ar e precipitação alta. Os intervalos de
confiança (IC) das médias de temperatura foram 0,191 (Tmax) e 0,104 (Tmin). Para precipitação, IC=0,051 e para
a umidade relativa do ar, IC=0,685.
As menores correlações de todos os grupos de estudo aconteceram no dado climático da umidade relativa
(rInsecta=-0,14, rDiptera=-0,12 e rSyrphidae=-0,3). Os sirfídeos apresentaram também correlação negativa quanto
à precipitação (r=-0,03) em todas as semanas de coleta, indicando leve tendência à proporção inversa.
Em relação aos dados de temperatura, a temperatura máxima apresenta uma maior correlação (r= 0,591) com o
número de indivíduos coletados enquanto que a temperatura mínima (r= 0,482) tem influência média sobre o
número de indivíduos coletados, sendo um fato importante que durante os meses de frio, temperaturas amenas entre
maio e setembro (semana 22 - semana 37) foram coletados poucos exemplares, destacando que algumas coletas não
houve a presença de sirfídeos.
Em relação aos dípteros, os dados climáticos tem pouca correlação ao número desses indivíduos, sendo a maior
relacionada à temperatura mínima (r= 0,491). Tal fato pode ser explicado pela diversidade de famílias e nichos
ocupados pela ordem, uma vez que em alguns grupos a sazonalidade tem se mostrado mais relevante, como para
Tabanidae. Uma análise das diversas famílias possivelmente esclareceria melhor esse aspecto.
Os dados climáticos têm grande influência quando correlacionados o número total de insetos coletados,
principalmente correlacionados com temperatura máxima e mínima, superando um valor de r= 0,63. Comparando
com outros artigos, os resultados encontrados foram semelhantes.
Pode-se apontar que, em virtude da metodologia de coleta, talvez a influência da ordem Diptera, responsável por %
do material coletado, poderia causar distorção nos resultados. Então a análise foi repetida como número total de
insetos excetuando-se Diptera. O resultado na nova análise demonstrou as mesmas tendências obtidas para o
número total de insetos, onde a temperatura (máxima e mínima) foi o único fator a apresentar correlação (rmax=0,6 e rmin=-0,63).
Conclusão
Através desse trabalho foi possível concluir que os fatores abióticos influenciam na atividade dos insetos de
maneira que períodos de maior temperatura e menor precipitação são favoráveis para o aumento da população de
insetos no ambiente. Menor umidade relativa do ar e maior temperatura foram apontadas, no presente estudo, como
relacionadas ao aumento populacional de todos os grupos estudados (Total de insetos, total de dípteros e total de
sirfídeos). Em relação aos sirfídeos a precipitação em alta escala tem influência negativa no número de indivíduos
coletados. Os fatores abióticos se mostraram importantes na abundância de indivíduos registrada, mas também
fatores bióticos como predadores e parasitas são relevantes para essa abundância.
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Referências bibliográficas
RAFAEL, J. A. et al. Insetos do Brasil: Diversidade e Taxonomia. Ribeirão Preto: Editora Holos, 2012. p. 701744. Cap. 40.
Agradecimentos
ICM-Bio; IFPR; Fundação Araucária
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