participação em mais uma campanha no Norte de Africa, que culminou
com a conquista de Arzila em Agosto de 1471, e para os outros algum desconhecimento da orgânica interna da milícia.
É assim compreensível que o governo da Ordem fosse entregue a Fr.
Gonçalo de Sousa, comendador-mor, dando-se cumprimento ao que se encontrava estipulado na normativa309. A indisponibilidade ou dificuldades
sentidas pelos tutores terá contribuído também para que, após a morte do
comendador-mor, tanto o monarca como D. Beatriz, mãe e tutora de D.
Diogo, indicassem para assumir esta função D. Fr. Pedro de Abreu, vigário
de Tomar e das Ilhas, capelão do duque D. Diogo, e D. Fr. Antão Gonçalves,
alcaide-mor e comendador de Tomar310.
A intervenção de D. Afonso V no reino de Castela, após a morte de Henrique IV, a 12 de Dezembro de 1474311, terá também contribuído para que
pouco tempo depois subdelegue nos referidos freires a responsabilidade e
governo da Ordem. Atitude que veio a ser aceite por Sisto IV, como se pode
constatar pelo breve Nuper carissimo de 19 de Junho de 1475312, ficando
no entanto D. Beatriz no governo temporal do mestrado de Cristo durante
a menoridade de seu filho D. Diogo.
Esta intervenção do monarca português culminará, como é sabido, na
batalha de Toro, e na assinatura do tratado de Alcáçovas/Toledo, a 4 de Setembro de 1479313. Por este pacto, D. Afonso V reconhecia a legitimidade
de D. Isabel e de D. Fernando à Coroa de Castela, estabelecia áreas geográficas de influência de cada reino, renunciava às pretensões de D. Joana, sua
sobrinha, sobre a Coroa castelhana e estabelecia a promessa de casamento
entre o infante D. Afonso, seu neto, e D. Isabel, filha dos Reis Católicos314.
Será precisamente este último ponto o que nos interessa reter, pela sua
importância no desenvolvimento das relações entre a Coroa e a Ordem
de Cristo. D. Beatriz, mãe e tutora de D. Diogo, governador da Ordem de
Cristo, ao ficar responsável pelas terçarias, irá ascender a uma posição particularmente relevante no reino. Situação a que acrescia o facto de serem
91 ORDENS MILITARES E A MONARQUIA