ID: 53281039 28-03-2014 Tiragem: 15000 Pág: 6 País: Portugal Cores: Cor Period.: Quinzenal Área: 27,14 x 34,66 cm² Âmbito: Saúde e Educação Corte: 1 de 4 Mestrado Integrado de Medicina da UAlg Uma experiência onde ocorre a fusão de R ealizou - se , no passado dia 15, a cerimónia de conclusão de curso dos primeiros médicos do Mestrado Integrado em Medicina da Universidade do Algarve (MIMUALG). Ao todo, são 29 os novos médicos já formados pela instituição, que frequentam agora o ano comum em unidades hospitalares. A directora do MIM, Isabel Palmeirim e alguns dos finalistas falaram com o JM sobre a experiência e os resultados de um modelo de formação muito diferente do tradicional, assente na Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP). Uma metodologia de ensino com provas dadas, iniciada na Universidade canadiana de McMaster e hoje estabelecida em inúmeras universidades do mundo anglo-saxónico. REPORTAGEM o Mestrado Integrado em Medicina da Universidade do Algarve distingue-se dos cursos tradicionais ministrados em outras universidades portuguesas em quatro pontos fundamentais: 1. A aquisição de conhecimentos assenta na Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP), em substituição das aulas teóricas tradicionais; 2. A aprendizagem inicial das aptidões clínicas básicas ocorre no contexto da medicina de cuidados primários (Medicina Geral e Familiar); 3. É dada importância não só à formação nos aspectos da aquisição de aptidões práticas essenciais ao exercício da Medicina, mas também às atitudes e à capacidade de comunicação com os doentes e com os colegas de trabalho; 4. A selecção de novos estudantes, além de exigir a demonstração de aptidões intelectuais e um bom conhecimento da língua inglesa, inclui uma importante compo- nente que é a definição do perfil psicológico dos candidatos, escolhendo-se aqueles mais adequados à prática da medicina. A metodologia adoptada garante a cobertura – através da análise de 66 cenários clínicos diferentes nos dois primeiros anos do curso, mais 14 no terceiro – de toda a Medicina, incluindo as ciências básicas, ética, profissionalismo, epidemiologia, entre outras. Esta metodologia constitui uma das facetas mais marcantes do modelo e determina a não existência, na estrutura curricular, de disciplinas identificáveis. Assim, no método ABP, o ensino da Anatomia, Fisiologia, Fisiopatologia e das demais disciplinas básicas que povoam a Medicina é feito de uma forma integrada com o auxílio de casos clínicos. “Estes conduzem os estudantes ao estudo de diferentes dimensões clínicas de um problema e o pacote de todos os casos clínicos, isto é, o currículo, cobre toda a matéria necessária à formação de um médico”, explica a Directora do MIM. Ao nosso Jornal, Isabel Palmeirim, Ao nosso Jornal, Isabel Palmeirim, revelou que a inovação que marca o mestrado “resulta do compromisso da UAlg com o Estado, através do qual a instituição se comprometeu a inovar nas metodologias de ensino e de avaliação” revelou que a inovação que marca o mestrado “resulta do compromisso da UAlg com o Estado, através do qual a instituição se comprometeu a inovar nas metodologias de ensino e de avaliação”. Em Junho de 2012, o Ministério da Educação e Ciência pediu a uma comissão internacional, nomeada pela Agência de Acreditação e Avaliação do Ensino Superior, para avaliar o mestrado algarvio. O resultado não poderia ser melhor: os avaliadores aprovaram enfaticamente a continuação do MIM-UAlg, enaltecendo o perfil inovador da metodologia adoptada. Refira-se também que o revolucio- nário método de ensino adoptado pela UAlg, embora inovador no nosso país, tem pergaminhos além-fronteiras. A Universidade McMaster, em Hamilton, no Canadá, foi a primeira a implementá-lo. Na Europa, a Universidade de Maastricht, na Holanda, foi a pioneira, seguindo-se-lhe a maioria das universidades inglesas e algumas irlandesas. Nos antípodas, a Escola Médica de Flinders, em Adelaide, na Austrália, desenvolveu mais recentemente o princípio da ABP com inovações que melhoram a retenção da informação pelos estudantes sendo essa metodologia a escolhida pela Escola Médica de St George’s, University of London em 1990 e posteriormente adoptada pelo MIM-UALG em 2008. Aprendizagem das atitudes está a cargo dos tutores de MGF Na UAlg, os cenários clínicos são complementados por seminários e sessões de aptidões práticas. Ou seja, explica Isabel Palmeirim, “embora não exista formalmente uma disciplina de Anatomia, por exemplo, os conteúdos a que corresponde são aprendidos ao longo do curso, integrados na ABP. Por sua vez, as aptidões práticas são adquiridas na unidade curricular Laboratório de Aptidões Clínicas”. Neste contexto, os estudantes têm Luís Castelo-Branco “Um método de selecção que faz todo o sentido!” Terminada a licenciatura em Ciências Farmacêuticas, em Coimbra, Luís Castelo-Branco trabalhou numa empresa de consultoria na área farmacêutica. Já conhecia alguns aspectos do modelo de ensino que iria ser implementado no Algarve por um amigo inglês que completara Medicina em Liverpool, cuja universidade aderiu ao método PBL (Problem Based Learning). Foi assim que quando soube que o Mestrado Integrado da UAlg iria avançar, decidiu candidatar-se. O método de selecção por Multiple Mini-Interview (MMI), em que cada candidato tem de vencer um conjunto de 10 mini-entrevistas, ou estações, cada uma delas dedicada a um tema específico que avalia uma característica particular do entrevistado “foi uma completa novidade”, confessou ao nosso jornal. Hoje, com 29 anos reconhece: “quando olho para trás, vejo que o método de selecção faz todo o sentido. É hoje consensual que as competências humanas são essenciais a uma boa prática Médica. Como tal parece-me que faz todo o sentido integrar essa avaliação no perfil de selecção de alunos, como acontece em algumas universidades dos EUA, Canadá, Austrália, Inglaterra, entre outras… E que, agora através do MIM-UAlg também temos em Portugal”. Por isso, não hesita em afirmar que curso de Medicina do Algarve trouxe diversas inovações positivas em Educação Médica, contribuindo desse modo também para a evolução da excelência formativa Médica que tem caracterizado Portugal. Da experiência acumulada nos dois primeiros anos em que a formação decorreu nos cuidados de saúde primários, fica a certeza de que “foi uma forma de aprender muito rapidamente o que é o contexto clínico e a importância que nele assume o dominarmos bem as competências de comunicação e através destas criarmos uma relação de empatia com os doentes”. Por outro lado, realça “a importância do rácio aluno/professor, que nos dois primeiros anos é de um para um, o que facilita muito a aprendizagem”. Mais a mais quando “os médicos estão muito motivados a ajudar e a partilhar conhecimentos, como aconteceu comigo”. Esta motivação, reconhece, “permitiu integrar, muito mais cedo, alguns conceitos importantes para a prática clínica”. ID: 53281039 28-03-2014 Tiragem: 15000 Pág: 7 País: Portugal Cores: Cor Period.: Quinzenal Área: 26,99 x 16,79 cm² Âmbito: Saúde e Educação Corte: 2 de 4 conhecimentos, aptidões e atitude a oportunidade de aprender e treinar manobras práticas, com a colaboração de médicos especialistas nas diferentes áreas, o conjunto das técnicas indispensáveis à formação de um médico. Pelo facto de o ensino ser integrado, “não existem disciplinas ou departamentos. Os estudantes são colocados em contacto próximo com a realidade clínica desde o primeiro dia. Nos dois primeiros anos, a vivência in loco é adquirida nos centros de Saúde (CS) e Unidades de Saúde Familiar (USF) sob tutela de especialistas em Medicina Geral e Familiar (MGF). Cada um dos cerca de 40 tutores que actualmente colaboram com a UAlg recebe estudantes que, nos dois primeiros anos do curso, passam um dia por semana, 40 semanas por ano, nas unidades de cuidados de saúde primários”, explica a responsável do MIM. Todos os docentes e tutores que participam no curso de Medicina da Universidade do Algarve foram sujeitos a um programa de treino centrado nos objectivos a atingir. É na consulta de MGF, junto dos respectivos tutores, que os estudantes aprendem/praticam as bases da comunicação entre médico e doente, as competências para colher a história clínica e fazer o exame físico do doente e os princípios da terapêutica medicamentosa e da ética clínica. “Poder-se-á perguntar o que é que um estudante que acabou de entrar em Medicina sabe para acompanhar uma consulta. Ora, existe evidência de que o estudo, quando muito contextualizado, gera motivação – por vezes pela emotividade que resulta de conhecer o caso concreto, o doente – que por sua vez facilita a aprendizagem. E também facilita o saber separar o trigo do joio, a hierarquizar as situações de acordo com a sua relevância clínica. Por outro lado, o contacto com os utentes potencia o desenvolvimento precoce de técnicas de comunicação, essenciais ao exercício da Medicina”, refere a professora da UAlg. Chumbar numa área… perder o ano... Embora à primeira vista pareça fácil, a verdade é que a nova metodologia é tudo, menos permissiva. De facto, o esforço pedido aos estudantes é enorme. Entre outros motivos porque os problemas, na ABP, não se repetem. Assim que termina um, começa outro. Pelo que se é verdade que o regime de faltas é idêntico ao dos demais cursos ministrados na UAlg e em outras universidades do país, também o é o facto de que no MIM, faltar-se a uma aula assume uma dimensão dificilmente transponível. O mesmo relativamente à avaliação, que é dura. Os estudantes têm que obter classificações adequadas em todas as vertentes, sem excepção, para poderem transitar de ano. E não se pense que transpostos os obstáculos dos quatro primeiros anos, os jovens médicos escapam a ter de “engolir” o “Harrison’s”. “O exame que normalmente se designa de “Harrison’s”, é o teste de acesso às especialidades, ou seja, ocorre depois de terminado o MIM”, explica Isabel Palmeirim, para logo acrescentar: “o exame do “Harrison’s” vai contra todos os princípios que orientam o MIM-UALG. Avalia a capacidade de alguém para decorar um conjunto de conhecimentos pormenorizados de apenas cinco capítulos de um tratado americano com 19 capítulos. Ora, o que pretendemos com a metodologia da ABP é que, tanto quanto possível, o conhecimento seja adquirido, não apenas por memorização, mas – e principalmente – pela experiência, pelo desenvolvimento do raciocínio clínico e pelo desenvolvimento das competências que lhes estão associadas”. O estudante que obtém melhor nota no “Harrison’s“ é, no fundo, o que teve mais tempo para decorar mais pormenores minuciosos de cinco capí- tulos daquele livro específico. O que não se traduz, necessariamente, em ser mais competente como médico”, aponta a docente. Os resultados confirmam a aposta no modelo educativo: quatro anos volvidos, com os 29 médicos que já concluíram com sucesso o curso a frequentar o ano comum em hospitais por todo o país, Isabel Palmeirim, assegura que o balanço é muito positivo. “Estão muito bem integrados e dizem-nos que a formação que receberam foi a adequada ao que lhes é exigido e que sentem um grande à vontade quanto aos seus conhecimentos teóricos, na aproximação aos doentes, na abordagem e na elaboração da história clínica”. Mitos a que importa pôr termo O Mestrado Integrado de Medicina do Algarve atravessou momentos difíceis, tendo o seu método sido alvo de críticas incluindo da Ordem dos Médicos (OM). Reservas entretanto dissipadas pelos bons resul- ID: 53281039 28-03-2014 Tânia Gago “Claro que valeu a pena” Aos 31 anos de idade, Tânia Gago, a cumprir o ano comum do internato médico no Centro Hospitalar do Algarve, acumula experiência na área da saúde. Trabalhou, como enfermeira, durante cinco anos e “apesar de gostar imenso daquilo que fazia e do trabalho que desempenhava, sempre senti a necessidade de aprofundar muitas áreas que me suscitavam interesse e que de alguma forma, enquanto enfermeira, estaria limitada”, relatou ao nosso jornal. Foi então que soube do Mestrado Inte- tados alcançados pelos estudantes no seu trajecto formativo e que se mantêm após o mestrado. Numa visita à universidade, em Fevereiro de 2013, José Manuel Silva, o Bastonário da Ordem dos Médicos reconheceria mesmo: “o que nos diz a evidência científica publicada é que não há modelos perfeitos e que o ideal é uma integração entre o ensino clássico e o ensino baseado na aquisição de competências ou baseado na aprendizagem a partir de problemas”. Mas há mitos que persistem em algumas mentes a que importa pôr termo: “A forte ligação, nos dois primeiros anos, aos CSP, leva algumas pessoas a pensar que o MIM se destina a formar médicos de Medicina Geral e Familiar e isso não é verdade. Prepara médicos que após o ano comum estão prontos para realizar o exame de acesso à especialidade que quiserem seguir”, afirma a di- grado de Medicina, que iria arrancar na UAlg. “Quando surgiu a notícia da abertura do curso do Algarve, para pessoas licenciadas e principalmente pelo seu formato inovador, voltado para a prática, dinâmico e integrador de conhecimentos através de casos clínicos, identifiquei-me muito com o método e vi nele uma forma de conseguir melhorar a realização profissional” recorda. Inscreveu-se… E foi admitida. Foi então que surgiram as primeiras dúvidas: “apesar de toda a motivação para ingressar neste curso, também tive as minhas dúvidas quando soube que tinha entrado, pois iria deixar uma carreira que estava a construir, na área da enfermagem, para voltar a estudar durante mais quatro anos e fazer um esforço no aspecto financeiro. No entanto optei por não desistir de prosseguir”. E depois, diz, “gosto de desafios”. À pergunta: valeu a pena? Tânia responde, sem hesitar. “Claro que valeu a pena”. No MIM, entusiasmou-a “o formato do próprio curso, que desenvolve a nossa capacidade intervencionista, de procura activa, aprendizagem cooperativa, o problema como elemento integrador do conhecimen- rectora do MIM, que ainda assim, confessa: “é verdade, isso é, que a forte componente nos CSP, tem mostrado aos estudantes o quão interessante pode ser o exercício da medicina familiar. E penso que muitos deles irão seguir essa via. Outros não. No início do próximo ano, quando tiverem escolhido as especialidades, logo veremos”. Colaborações de peso… de aquém e além-fronteiras No MIM da UAlg, os seminários são o que existe de mais parecido com as aulas clássicas. Ainda que tenham outro objectivo e público melhor preparado. “O espaço interno da Universidade deve, por mecanismos vários, entre eles a ABP, motivar o estudante, levando-o a apreender tudo aquilo que é possível aprender por sua própria iniciativa e com pouca orientação. É um percurso que o estudante é encorajado a fa- to”, que o tornam entusiasmante. A experiência proporcionada pelo modelo, que põe os alunos a trabalhar no terreno, logo na primeira semana, não constituiu propriamente uma novidade. “De certa forma já conhecia a realidade clínica, particularmente a realidade hospitalar, embora na perspectiva da enfermagem. O contacto com os doentes e todo o meio envolvente já me eram familiares. A noção com que ficamos é a de que é importante fazer mais e que existe muita margem para melhorar”. No terreno, diz, não deparou com grandes surpresas, “pelo menos no que respeita à realidade clínica: encontrei exigência, trabalho, necessidade de dedicação e disponibilidade”. A frequentar o ano comum, Tânia ainda não decidiu que especialidade irá seguir. “Tenho este ano para reflectir sobre o que me vai deixar mais realizada. Gosto de várias áreas, daí também a minha indecisão. Gosto muito do meio hospitalar, que é o local onde me sinto mais confortável, mas por outro lado MGF oferece-nos a possibilidade de estarmos muito próximos da população e de apostarmos na prevenção”.” zer individualmente. Os seminários acontecem quando o estudante já assimilou uma boa parte desse conhecimento. Ou seja, o estudante que assiste a um seminário já não é “naïve” relativamente ao tema abordado como acontece nas aulas ditas “clássicas”, aponta Isabel Palmeirim. Os seminários têm lugar todas as sextas-feiras à tarde e, por vezes, noutros dias da semana. E contam, para além dos docentes da casa, com colaborações nacionais e internacionais de nomes sonantes das diversas áreas da Medicina. O escocês Sir Graham Teasdale (co-autor, com Bryan Jennett, da escala de coma de Glasgow), o grego George Spatharakis, na área da geriatria em CSP, os britânicos David Misselbrook, autor do livro “Thinking About Patients”, Linn Getz, professora da Universidade de Oslo e reputada investigadora na área dos determinantes sociais da saúde e Tiragem: 15000 Pág: 8 País: Portugal Cores: Cor Period.: Quinzenal Área: 26,48 x 34,95 cm² Âmbito: Saúde e Educação Corte: 3 de 4 Iona Heath, médica de família britânica, até há pouco tempo Presidente do Royal College of General Practitioners e uma autoridade na temática da morte. A título de curiosidade, o MIM conta também com a colaboração de um dos mais conceituados jornalistas da área da saúde, o australiano Ray Moynihan, que tem produzido muito trabalho sobre o tema “disease mongering”. Diferentes, também, na selecção de estudantes Como se viu, o MIM distingue-se dos cursos de Medicina ministrados em outras universidades portuguesas pela metodologia adoptada. Mas não só. O método de selecção dos futuros médicos é, também, muito diferente do seguido nas demais universidades portuguesas. Todos os candidatos têm de possuir licenciaturas noutras áreas, concluídas com a classificação mínima de 14 valores. Ao primeiro curso, cuja conclusão se comemorou no passado dia 15, concorreram licenciados em Farmácia, Enfermagem, Biologia, Fisioterapia, Radiologia, Análises Clínicas, Medicina Veterinária e Medicina Dentária, entre outros. A maioria dos candidatos tinha entre 25 e 35 anos de idade, registando-se um equilíbrio numérico relativamente ao género. Os candidatos foram submetidos a provas de avaliação cognitiva, que tiveram como objectivo testar o raciocínio numérico, verbal e abstracto. Outra das vertentes avaliadas foi a do domínio da língua inglesa, hoje essencial. Após esta primeira avaliação, seguiu-se uma selecção por Multiple Mini-Interviews (MMI): cada candidato teve de passar por um conjunto de 10 mini-entrevistas, ou “estações”, de oito minutos cada. Cada estação é dedicada a um tema específico que avalia uma característica particular do candidato. Os temas das entrevistas vão desde a abordagem de questões éticas a situações encenadas com actores. Cada entrevista é acompanhada por um observador diferente que no final do processo atribui uma nota ao candidato de acordo com uma grelha desenhada para cada estação. A passagem pelas 10 estações permite uma definição muito aproximada do perfil intelectual dos candidatos naqueles aspectos do carácter considerados importantes para a prática da medicina (empatia, comunicação, capacidade de priorizar, capacidade de lidar com pessoas agressivas, entre outras). As provas de aptidão intelectual e da língua inglesa têm sido realizadas desde o início do curso pelo Centro de Estudos de Gestão e Organização Científica (CEGOC), filial portuguesa de um grupo internacional líder europeu na consultoria de recursos humanos. Os candidatos melhor classificados nestes testes iniciais passam em seguida pelas MMI para seleccionar aqueles com melhor perfil psicológico para o exercício da medicina. De acordo com os responsáveis do curso, a metodologia de selecção por MMI, para a qual existe evidência de efectividade, nada tem a ver com a entrevista tradicional, largamente desacreditada nos meios educacionais. As MMI reduzem ao mínimo o relacionamento entrevistado/entrevistador e reduzem a subjectividade da avaliação em proporção inversa do número de “estações”. A metodologia de selecção de novos estudantes para o MIM-UAlg provou-se, ao longo dos cinco anos do seu uso, altamente fiável em termos dos resultados obtidos e extremamente robusta contra qualquer forma de corrupção. Neste momento, o MIM da UAlg conta com cerca de 130 estudantes (distribuídos pelos quatro anos do curso), 40 tutores de MGF (responsáveis pelos cerca de 80 estudantes que frequentam neste momentos os dois primeiros anos de formação) e uma centena de tutores hospitalares distribuídos pelos Hospitais de Faro, Portimão, Garcia de Orta, Litoral Alentejano, Setúbal e, num futuro próximo, Beja. Sofia Carneiro “Valeu muito a pena desde o primeiro dia... E essa sensação mantém-se até hoje” Sofia Carneiro, 30 anos de idade, vive em Palmela. Era enfermeira. Licenciada. Mas… Sempre quis ingressar no curso de Medicina. O Mestrado Integrado de Medicina (MIM) na UAlg confessou ao nosso jornal, “foi, sem dúvida, uma oportunidade que não quis desperdiçar. O facto de o curso ter um modelo inovador, propondo um modelo de aprendizagem especialmente dirigido para pessoas já licenciadas, foi um factor que desde cedo me despertou a atenção e que, mais tarde, me motivou diariamente”. Terminado o MIM na UAlg, Sofia passou para Centro Hospitalar de Setúbal, para cumprir o ano comum no âmbito do qual está a realizar a “rotação” de Medicina Interna. Sobre a experiência na UAlg, não tem dúvidas: “Valeu muito a pena. Na verdade valeu a pena desde o primeiro dia... E essa sensação mantém-se até hoje”, reconhece. O que mais a entusiasmou confessa, foi “o facto de a aprendizagem da Medicina ser feita de forma concreta, contextualizada e integrada. Essa dinâmica é criada desde a primeira semana de curso com, por exemplo, estágios em cuidados de saúde primários, o que faz com que o estudante possa ir integrando os conhecimentos que vai adquirindo, privilegiando o contacto com o doente em cenário real. Sem dúvida que essa possibilidade de contacto próximo com a realidade da prestação de cuidados de saúde é uma fonte de motivação para a aprendizagem contínua”. Para a jovem médica, “o treino de competências relacionais e de raciocínio clínico desde cedo tornam-se factores que desenvolvem atitudes e comportamentos que se reflectem a posteriori”. E que deixam marcas: “sem dúvida que estas oportunidades contínuas e precoces de con- tacto com a realidade clínica, deixaram marcas que se reflectem como uma mais-valia na minha actividade clínica actual” afirma. Neste momento, está mais inclinada para seguir uma especialidade hospitalar… Nível de cuidados onde não teve “surpresas de maior”. Isto porque, diz, “o curso forneceu-me todas as ferramentas necessárias para uma integração adequada no ano comum. Tem sido uma óptima experiência poder colocar em prática as competências que foram adquiridas ao longo dos quatro anos do curso”. Neste momento, deseja “conseguir ingressar na especialidade que pretendo, fazer o meu treino clínico e, naturalmente, continuar a seguir de perto a evolução do curso de Medicina da UAlg. Estou convicta de que este modelo de aprendizagem é e continuará a ser uma mais valia na formação de médicos de qualidade em Portugal”. ID: 53281039 28-03-2014 Tiragem: 15000 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Quinzenal Área: 8,25 x 5,14 cm² Âmbito: Saúde e Educação Corte: 4 de 4 Universidade do Algarve Aprender Medicina através conhecimentos, aptidões e atitudes Os primeiros médicos do mestrado da Universidade do Algarve já estão a frequentar o ano comum do internato. Em entrevista ao nosso jornal, a directora do curso, Isabel Palmeirim falou do modelo do curso, com base na Aprendizagem Baseada em Problemas