ELEMENTOS ESSENCIAIS PARA UMA GESTÃO PROJETIZADA: UMA EXPERIÊNCIA DE EAD EM LARGA ESCALA NA ERA DIGITAL. Eixo temático: E-learning and e-teaching practices and methods Autora: Cleciane Dias Mendonça1 Coautor: Fábio Rodrigues Cruz 2 Coautora: Fernanda Cristina da Silva3 Resumo – Com o avanço das Tecnologias da Informação e Comunicação - TIC's, especialmente com a internet, a educação a distância ganhou inúmeras possibilidades, como o apoio às metodologias de cursos em larga escala por meio de diferentes interfaces de comunicação, que contribuem cada vez mais com as novas formas de ensinar e aprender em tempos digitais. O Instituto de Estudos Avançados – IEA, há 19 anos vem se especializando e aperfeiçoando o desenvolvimento de soluções para EaD em larga escala com um processo de comunicação bidirecional, acompanhamento, orientação e apoio aos alunos de forma personalizada, que acontecem mediante ações personalizadadas, sistemáticas, permanentes e proativas, desde o momento da matrícula até a entrega do certificado. Por meio desse relato de experiência, procura-se compartilhar como a atuação num cenário projetizado de gerência de elementos essenciais, traduzidos numa equipe multidisciplinar, em processos de desenvolvimento, de operação, de comunicação e inovação, favoreceu a criação de um processo de ensino e aprendizagem mais flexível, integrado, empreendedor e inovador. Como resultado observa-se a contribuição das soluções concebidas no contexto do ensino superior, visto a forte adesão de alunos em busca de aprimoramento de suas aptidões e conhecimentos, por sua vez, tratados com foco na aplicabilidade e na premissa do aprender em qualquer hora e qualquer lugar e que se mostram cada vez mais aderentes e satisfeitos com a contribuição prestada à sua formação e desenvolvimento. Palavras-chave: EaD larga escala - Gestão projetizada – Inovação. Abstract – With the advance of Information and Communication Technology - ICT, in particular with the Internet, distance education has won numerous possibilities, such as supporting the methodologies of courses in large scale through different communication interfaces that contribute increasingly to the new ways of teaching and learning in digital times. The Instituto de Estudos Avançados - IEA, for 19 years, has been specializing and improving the development of solutions for distance learning on a large scale with a process of bidirectional communication, monitoring, guidance and support to students in a personalized way, happening by customized, systematic, permanent and proactive actions, since the time of enrollment until the delivery of the certificate. Through this experience report, we try to share as the performance of a project management essentials, translated in a multidisciplinary team in the development process, operational, communication and innovation scenario, favored the creation of a teaching process and learning more flexible, integrated, enterprising and innovative. As a result, there is the contribution of the solutions 1 DOT digital group - IEA e-learning, Analista de Informação, [email protected]. DOT digital group - IEA e-learning, Gestor de Projetos, [email protected]. 3 DOT digital group - IEA e-learning, Analista Educacional, [email protected]. 1 2 designed in the context of higher education, given the strong support of students seeking to improve their skills and knowledge, in turn, treated with focus on the applicability and the premise of learning at any time and anywhere and that are becoming increasingly more adherent and satisfied with the contribution paid to their formation and development. Keywords: Large-scale DL - Projectized Management – Innovation. 2 1. Considerações iniciais A educação à distância vem se consolidando, ano pós ano, como uma modalidade viável de democratização do conhecimento em todos os níveis e tipos de formação: ensino fundamental, ensino superior, pós-graduação e formação continuada representada pelos cursos livres de capacitação e aperfeiçoamento. Nesse sentido: [...] a educação à distância como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos. (BRASIL, 2005, não paginado). Sabe-se, no entanto, que mesmo tendo respaldo pela Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, oferecer cursos que favoreçam a mediação didático-pedagógica condizente com as necessidades e anseios do público-alvo e com Tecnologias de Informação e Comunicação TICs, seja qual for o nível, continua sendo um grande desafio para todas as instituições provedoras. Especialmente, no que tange a gestão de todos os processos que a envolvem. Corroborando com essa breve contextualização, o Instituto de Estudos Avançados – IEA, com expertise de 19 anos na área de EaD, oferece cursos livres de capacitação em larga escala e aperfeiçoamento para seus parceiros por meio da Internet. Ao longo desse tempo atendeu 2 milhões de alunos. A instituição tem como principio norteador oferecer cursos em larga escala com um processo de comunicação bidirecional, acompanhamento, orientação e apoio de forma personalizada. Todo esse processo ocorre por meio de um sistema de acompanhamento com ações sistemáticas, permanentes e proativas, realizadas desde o momento da matrícula até o recebimento do certificado. Para isso, a instituição conta com uma equipe multidisciplinar formada por mestres e especialistas em EaD e na área de conteúdo. Tem como apoio ferramentas de gestão, comunicação e interação do Learning Management Systems - LMS Classe 21 e um plano integrado de tutoria e monitoria, verificando experiência em soluções de EaD em larga escala. 1.1. EaD de larga escala e EaD na era digital A EaD em larga escala, inicialmente foi alvo de várias críticas, pois se respaldava na teoria da industrialização defendida por Peters (1983) que primava apenas pelo processo de ensino massificado, tendo como eixo norteador materiais didáticos pré-produzidos em grandes quantidades de forma normatizada e centrada na instituição. Isto é, num processo de comunicação unidirecional da instituição para o aluno. Vale ressaltar, no entanto, que Peters (2009) contribuiu de forma significativa para o início do que conhecemos hoje como universidades abertas. Esse cenário começa a ser redimensionado na medida em que outros pesquisadores e teóricos trazem novas abordagens, como por exemplo, Holmberg que preconiza a interpersonalização do processo ensino-aprendizagem tendo por base a conversação didática guiada de ida e volta. A Evolução das TICs, especialmente com a internet, tem cada vez mais contribuído como apoio de metodologias de cursos em larga escala com processo de 3 comunicação, apoio e acompanhamento personalizado. Pois possibilitou um processo de comunicação de um para um e muitos para muitos, o que chamamos de comunicação multidirecional. Para compreender a EaD em larga escala na era digital é importante conhecê-la em seu contexto, identificando o tempo e espaço que a caracterizam. Compreendemos que este tempo e espaço a que nos referimos, estão marcados pela contemporaneidade (AGAMBEN, 2009); por um “novo paradigma tecnológico” (CASTELLS, 2000); pelo fenômeno da internet (COLL & MONEREO, 2010); por uma sociedade conectada (MORAN, 2009); pela cibercultura e a emergência do ciberespaço (LÉVY, 2008). A educação na era digital faz parte deste cenário, mas nem sempre evolui na mesma velocidade em que os avanços tecnológicos e sociais acontecem. Segundo Moran: As tecnologias evoluem muito mais rapidamente do que a cultura. A cultura implica em padrões, repetição, consolidação. A cultura educacional, também. As tecnologias permitem mudanças profundas já hoje que praticamente permanecem inexploradas pela inércia da cultura tradicional, pelo medo, pelos valores consolidados. (MORAN, 2009, p. 145) Enfim, estamos inseridos em uma sociedade conectada (Moran, 2009), e caminhamos para novos cenários educacionais 4 (COLL & MONEREO, 2010), onde a educação atinge uma amplitude muito maior que as paredes convencionais das salas de aula e incorporam o ciberespaço como seu balizador de interações. Segundo Moran (2009, p. 145) “aprenderemos em qualquer lugar, a qualquer hora, com tecnologias móveis poderosas, instantâneas, integradas, acessíveis.” Falamos então de uma educação muito mais complexa, dinâmica, colaborativa e personalizada, que integra as TDIC ao mundo humano, mas que não é determinada por ela. Mesmo que estes avanços tecnológicos não estejam ao alcance de todos, de acordo com Coll & Monereo, Cada terminal e cada rede sem fio – que estão cada vez mais numerosos e acessíveis – poderá, além da possibilidade de conectar-nos com nossos próprios servidores, oferecer um serviço educacional. Enquanto esperamos para ver um filme ou que nos tragam o cardápio, vamos poder revisar a filmografia desse diretor ou as opiniões que diferentes gourmets emitiram sobre a cozinha desse estabelecimento. Atualmente, já há, em alguns museus, roteiros eletrônicos (electronic guidebooks) que estimulam uma interação sofisticada entre a obra exibida e o espectador. Assim, os cenários denominados de educação não formal e informal podem passar a ser plenamente educacionais, caso sejam programados conteúdos com este propósito. (COLL & MONEREO, 2010, p. 31) Os caminhos trilhados até aqui pela educação contemporânea nos apontam a Segundo Coll & Monereo (2010) “Os cenários educacionais, assim como quaisquer outros cenários, são constituídos de variáveis que os definem: certos atores particulares com papéis e formas de interação estabelecidos, conteúdos concretos e determinadas modalidades de organização do tempo, do espaço e dos recursos específicos.” (p. 30) Dessa forma compreendemos como as TIC desempenham e alteram cada variável do cenário educacional hoje. 4 4 necessidade de superar o panorama atual ainda conservador e massificador da educação (MORAN, 2009). Dessa maneira, os papéis de professor e aluno, seguidos pelas formas de interação que as TDIC propiciam, também necessitam de mudanças. Acreditamos que esse movimento das mudanças aconteça progressivamente no sentido aluno – professor – educação. As interações que os estudantes vivenciam hoje por meio da internet nas mais variadas situações sejam elas, ligadas à educação ou a sua vida pessoal; poderão desencadear este processo de mudança nos papéis de professor e aluno. Quanto ao professor, Coll & Monereo apontam que: A imagem de um professor transmissor de informação, protagonista central das trocas entre seus alunos e guardião do currículo começa a entrar em crise em um mundo conectado por telas de computador. [...] substituindo-o pelos papéis de seletor e gestor dos recursos disponíveis, tutor e consultor no esclarecimento de dúvidas, orientador e guia na realização de projetos e mediador de debates e discussões. (COLL & MONEREO, 2010, p. 31) No que se refere aos alunos, “[...] aparecem grupos de estudantes que, por meio da internet, colaboram e se ajudam em suas tarefas escolares com espantosa facilidade [...]” (COLL & MONEREO, 2010, p. 31). E a aprendizagem, segundo Moran (2009) “será uma aprendizagem entre pares, entre colegas, e entre mestres e discípulos conectados, em rede, trocando informações, experiências, vivências” (p. 145). Neste sentido, Moran (2009) ainda nos fala de uma educação inovadora, que desenvolva o conhecimento integrador e inovador; o auto conhecimento; a formação de alunos empreendedores e alunos cidadãos. Estes, apoiados pelas tecnologias, poderão tornar o processo de ensino e aprendizagem mais flexível, integrado, empreendedor e inovador. Assim se configuram as novas formas de ensinar e aprender da educação em tempos digitais, o que incluem seus novos espaços e modalidades, sejam estes presenciais, semipresenciais ou à distância. Sobretudo, os desafios não cessam nesta questão, afinal como dar conta de gerenciar a concepção de projetos nesse nível? Para o IEA a resposta caminha por uma gestão projetizada, baseada no Guia do Conjunto de Conhecimentos em Gerenciamento de Projetos (Guia PMBOK® - Project Management Body of Knowledge). 1.2. Concepção da gestão projetizada com base no Guia do Conjunto de Conhecimentos em Gerenciamento de Projetos (Guia PMBOK® - Project Management Body of Knowledge). O gerenciamento de projetos é a aplicação controlada e coordenada de conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas aos eventos do projeto a fim de atingir seus objetivos. Segundo o Guia PMBOK® 5ª edição para que isso seja possível o gerenciamento de projeto divide um projeto em etapas distintas conhecidas como iniciação, planejamento, execução, monitoramento e controle e encerramento. Cada uma destas fases é responsável por tratar momentos específicos das variáveis envolvidas com um projeto que são escopo, tempo, custos, qualidade, recursos, comunicações, riscos, aquisições e partes interessadas. Em um universo de desenvolvimento de produtos e atendimento a múltiplos clientes e projetos o gerenciamento de projetos se torna indispensável, pois permite o gerenciamento e 5 compartilhamento de recursos humanos, financeiros e específicos aos fins do negócio entre diversos projetos simultâneos e distintos ou complementares, em momentos temporais paralelos ou sequenciais. Quando metodologias de gerenciamento de projetos atuam para minimizar os riscos e impactos do desenvolvimento de múltiplos produtos, com compartilhamento de recursos de diversas naturezas, onde pessoas, ferramentas e equipamentos atuam para realizar atividades de um projeto, e são movidas de um projeto para o outro conforme necessidade, tem se um ambiente denominado projetizado. A complexidade destes cenários projetizados é diretamente influenciada pelas metodologias, ferramentas e técnicas de gerenciamento de projetos que são aplicados, sendo que uma das mais indicadas para o gerenciamento de projetos complexos e de ambientes de múltiplos projetos é o Guia do Corpo de Gerenciamento de Projetos do Project Management Institute - PMI, conhecido mais comumente como o Guia PMBOK®, além da utilização de frameworks complementares de gerenciamento ágil de projetos como o Scrum. 2. Gestão de EaD e seus elementos essenciais Atuar num cenário projetizado, portanto, significa gerir elementos essenciais, que no caso do IEA se traduz numa equipe multidisciplinar, em processos de desenvolvimento, de operação, de comunicação e de inovação. Entende-se que contar com uma equipe multidisciplinar é essencial para conceber, desenvolver e operacionalizar boas soluções de EaD. De acordo com SILVA e SPANHOL (2013), “(...) pode-se afirmar que a qualidade de um material para EaD está diretamente relacionada à articulação entre diferentes atores e à consideração de diferentes aspectos metodológicos, o que exige o envolvimento de uma equipe multidisciplinar.” Segundo o MEC, em seus Referenciais de qualidade para Educação superior à distância (2007), “(...) os objetivos dos cursos e programas em EaD devem ser claros à equipe multidisciplinar, envolvida no processo - o professor e autor responsável por cada disciplina, os webdesigners, os designers gráficos, os designers instrucionais, os revisores, a equipe de vídeo etc.” Em algumas instituições de ensino superior, como é o caso do Centro de EAD do Instituto Federal do Espírito Santo, é comum a configuração de equipes formadas por um coordenador de curso, coordenador de tutoria, coordenador de orientação acadêmica, pedagogo, designer instrucional, professor conteudista, professor especialista, tutor a distância, tutor presencial e coordenador de pólo. Na educação corporativa os atores são definidos de acordo com as necessidades das empresas, no intuito de assegurar o pleno desenvolvimento e operação das soluções em EaD. Neste contexto, se uma empresa se propõe a desenvolver games em 3D, por exemplo, um game designer, bem como um ilustrador em 3D deverão fazer parte da equipe de EaD. De toda forma, inexiste “o” desenho ideal para uma equipe de EaD. Isto porque cada empresa ou instituição de ensino é única em sua Visão, Missão e Valores, o que influencia 6 diretamente na forma de gestão, nas soluções oferecidas, e, consequentemente, na equipe de profissionais para atender aos projetos. O IEA é especialista em EaD de larga escala e para o desenvolvimento de seus projetos, sua equipe multidisciplinar é formada pelos seguintes profissionais: Gestão – Inclui o gestor funcional (gestor de EaD), que responde pelos aspectos relacionados ao negócio da empresa, como os modelos de EaD praticados, o olhar sobre as tendências e novas metodologias e o desenvolvimento da equipe técnica; e os gestores de projetos, que realizam o gerenciamento de projetos. Análise educacional – Equipe formada por analistas educacionais, responsáveis por garantir a qualidade educacional dos projetos por meio de consultorias internas e externas, concepção metodológica, junto ao designer instrucional, e desenvolvimento técnico da equipe de atendimento (formada por tutores e monitores) por meio da orientação educacional. Design instrucional – Equipe formada por designers instrucionais, que têm como atribuição maior conceber, roteirizar e acompanhar o desenvolvimento de soluções para EaD. Desenvolvimento multimídia – Nesta equipe trabalham designers de interação, designers visuais, editores de vídeos, ilustradores e programadores Front End. Estes profissionais são responsáveis pelo desenvolvimento das soluções online planejadas pelos analistas educacionais em parceria com os designers instrucionais e roteirizada pelos designers instrucionais. Tecnologia da Informação – Esta equipe é formada por desenvolvedores e analistas desenvolvedores. O papel deste profissionais é atuar no desenvolvimento de arquiteturas tecnológicas para o desenvolvimento de soluções online, bem como garantir que a operação destas soluções funcionem adequadamente. Equipe de atendimento – Formada por monitores e tutores, esta é uma equipe que trabalha diretamente com os participantes dos cursos e programas oferecidos pelos clientes do IEA. Os monitores respondem aos participantes sobre questões metodológicas, administrativas e tecnológicas e os tutores, especialistas no assunto tratado, realizam a mediação didático-pedagógica. Análise de Informações em EaD – Esta equipe é formada por Analistas de informação que monitoram dados e resultados da performance dos projetos e da equipe. Nesta área são desenvolvidos os questionários de matrícula e satisfação, bem como são apuradas analiticamente as informações vindas da aplicação destes questionários com os participantes dos cursos e programas, e são elaborados os Relatórios de Execução Física para os clientes, traduzindo os resultados alcançados por período, com depoimentos dos alunos e propostas de melhoria para o próximo período de operação, caso houver. No que tange aos processos, no IEA existem dois grandes processos de EaD: desenvolvimento e operação. O Desenvolvimento é a etapa de concepção, elaboração e desenvolvimento das soluções em EaD, isto é, cursos, programas, aplicativos mobiles ou ferramentas que auxiliem a educação online. Nesta fase, atuam de forma direta e específica os times de analistas educacionais, designers instrucionais, desenvolvedores multimídia, TI e analistas de informações em EaD. Uma das entregas deste processo é o Projeto Instrucional - PI, documento que registra 7 a concepção da solução em EaD e serve como referência para o desenvolvimento de todas as fases do projeto. Em conjunto ao PI são realizadas e entregues análise do conteúdo bruto, roteiro da solução online, desenvolvimento dos recursos didáticos multimídias, e a solução completa para homologação. Nesta etapa também é contemplada a modelagem dos relatórios e instrumentos de pesquisa, tais como questionários de matrícula e de satisfação, que subsidiarão o monitoramento do desempenho de cada projeto, pautado em métricas e critérios de qualidade alinhados a missão e valores do IEA. A Operação compreende a operacionalização das soluções em EaD e, para isso, é preciso que os times de analistas educacionais, tutores, monitores, TI e análise da informação trabalhem ativamente. Como destaque deste processo, cita-se o Plano de Tutoria e Monitoria, documento elaborado em conjunto por analistas educacionais, tutores e monitores, que registra todas as ações de aprendizagem, de acompanhamento e motivacionais que serão realizadas para os participantes durante a realização do curso/programa. No final do período de operação das turmas, a pesquisa de satisfação é apurada e um relatório analítico é emitido garantido à retroalimentação do Plano de Tutoria e Monitoria. O Relatório de Execução Física é outra entrega dessa etapa, orientado a consolidar os resultados e desempenhos das turmas de determinado período, visando a identificação de ações de melhorias para a continuidade da operação, assim como da revitalização ou criação de futuras soluções. O time de gestão atua nos dois processos, conduzindo o gerenciamento das equipes, realizando o acompanhamento e controle dos resultados, bem como oferecendo subsídios técnicos necessários para o bom andamento e sucesso dos projetos. Tudo isso, conforme as etapas indicadas pelo Guia PMBOK® 5ª edição: iniciação, planejamento, execução, monitoramento e controle e encerramento. A comunicação é outro elemento essencial, pois permite a integração dos processos que envolvem a gestão projetizada, exercendo assim um poder de equilíbrio ao desenvolvimento da organização. O IEA investe em sistemas de comunicação interna pro meio de rede social corporativa, além de incentivar outros instrumentos de comunicação coletiva e social que estimulem a expansão da organização. Uma área focada na comunicação atua fortemente nesta integração, em especial pelo contexto em que se insere o IEA, componente de uma holding de oito empresas que se complementam enquanto soluções digitais (educação a distância, inteligência competitiva e gestão do conhecimento, estratégias digitais, games e gamification, e-Commerce, redes sociais corporativas, marketing político digital e cloud solutions). A comunicação específica por projeto também ocorre por ocasião das etapas de desenvolvimento e operação, onde são praticadas estratégias diversas, a exemplo das reuniões de análise de requisitos, de alinhamento diário de atividades (otimizando a projetização das prioridades), de passagem de bastão, de resultados e de lições aprendidas. A inovação é um elemento essencial que o IEA busca praticar num nível incremental, por acreditar que pode e deve ser realizado diariamente em seus processos de EaD. De acordo com Luís F. Tironi e Bruno de O. Cruz (2008), do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o grau de novidade de uma inovação pode estar entre dois extremos, o 8 mínimo e o máximo. Se estiver próximo do mínimo, considera-se a inovação incremental. Se estiver próximo do máximo, considera-se a inovação radical. Por isso, a cada novo projeto, a equipe multidisciplinar é responsável por analisar o escopo, o prazo e o custo dos projetos e definir o que e como inovar dentro do contratado. 3. Resultados e lições aprendidas Um panorama geral das principais soluções de EaD em larga escala desenvolvidas pelo IEA é apresentado a seguir, com enfoque no desafio, na solução e nas lições aprendidas e aplicadas nas soluções seguintes, deflagrando como foi incrementada a inovação. 3.1. Desafios, soluções, inovação e lições aprendidas Oferecer um curso em larga escala, propiciando um ambiente educacional favorável à elaboração, reelaboração e construção de novos conhecimentos, era o desafio central da primeira solução de EaD em larga escala desenvolvida pelo IEA, inaugurando também a parceria com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE. O Prêmio Nacional de Excelência em Educação a Distância da ABED/Embratel – em 2004, foi o reconhecimento pela concepção, desenvolvimento e operacionalização do curso “Iniciando um Pequeno Grande Negócio”, o maior curso à distância da América Latina, com mais de 300 mil participantes capacitados. Com carga horária equivalente a 30 horas, 60 dias de duração e forte adesão do público acadêmico, aproximadamente 57 mil, logo surgiu o interesse de professores de diversas instituições de ensino superior em utilizar o curso como ferramenta de suporte ao ensino do empreendedorismo, em especial pela contribuição e aplicabilidade demonstradas pelo curso (tabela 1). Tabela 1 – Contribuições do IPGN, (MALVESTITI, 2014). No ano seguinte, 2005, foi criado o Programa de Autoatendimento Negócio Certo 9 Santa Catarina, numa parceria entre o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE/SC e IEA. Uma abordagem técnica e flexível para alcançar ao mesmo tempo, necessidades básicas de potenciais empresários e específicas de um público já empreendedor. Esse foi o enfoque adotado para criar esse programa de e-learning completo e agradável, que precisava atender a um público exigente e diversificado, e que atualmente já capacitou mais de 123 mil pessoas registrando uma média de 95% de satisfação nos últimos anos. Sobressaindo o público universitário, composto de 44.705 mil participantes (36%), verificou-se o predomínio do gênero masculino (56%), pertencente ao grupo de idade entre 26 e 35 anos (42%), com 56% de preferência pelo estudo on-line e 44% por mídias off-line (CDROM e material impresso). Analisando o perfil deste universo de alunos, observou-se que o programa atraiu fundamentalmente jovens empreendedores, em que 5% já atuava no mercado formal e 59% tinha o interesse, mas não tinha a ideia de negócio (figura 1). Figura 1- Programa Negócio Certo Santa Catarina – PANC/SC, (IEA, 2014). O desafio, portanto, era fazer com que o conteúdo fosse dinâmico e motivasse o participante a de fato se encontrar em um ou mais objetivos específicos do programa: i. Encontrar uma ideia de negócio; ii. Analisar se ideia de negócio que já possui é viável; iii. Registrar o negócio; iv. Administrar o negócio e v. Relacionar a empresa com o mercado. Considerando uma amostra de 6.985 respondentes de uma pesquisa de impacto aplicada com participantes ao completar quatro meses de cadastro no programa, verificou-se que 66% iniciaram um negócio e 62% o formalizaram. Figura 2 – Impactos do PANC/SC, (IEA, 2014). Do Programa de Autoatendimento Negócio Certo/SC originou em 2006/2007 o 10 Programa Negócio Certo para Universitários - NCU, em continuidade a parceria entre SEBRAE/SC e IEA. O desafio era transformar o Programa Negócio Certo numa ferramenta de trabalho para o professor ensinar a prática da gestão de negócios aos alunos, contribuindo com a formação de empreendedores no Ensino Superior. Para isso, o programa foi orientado a ajudar o aluno a compreender os seguintes aspectos: i. Selecionar uma ideia de negócio; ii. Analisar a viabilidade financeira do negócio; iii. Administrar a empresa; e iv. Manter um bom relacionamento do seu negócio com o mercado. O NCU já capacitou 3.657 mil alunos, por meio de 22 Instituições de ensino cadastradas no programa, tais como: Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, Universidade Regional de Blumenau – FURB, Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC, Instituto Federal de Santa Catarina – IFSC, Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC, Centro universitário para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí – UNIDAVI, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI, Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL, Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI e outras. Recentemente o NCU ganhou nova versão (figura 3) com conteúdo atualizado em informações e linguagem, agora mais adulta e envolvida por um layout mais humanizado. A inserção de ferramentas colaborativas, permitindo a realização do trabalho em grupo, visa acentuar a característica deste programa como uma ferramenta de ensino. Além disso, investiu-se no design responsivo (possibilitando a navegação por tablets e smartphones) e também na criação de uma nova e completa ferramenta modelo de desenvolvimento de Plano de Negócio, permitindo ao aluno a elaboração integral do planejamento de sua ideia de negócio. A inclusão de permissões de cadastro por meio de códigos de turma enviados pelo professor para os alunos também veio garantir mais autonomia e facilidade ao gerenciamento dos alunos. Figura 3 – Programa NCU antes (esquerda) e depois (direita), (IEA, 2014). Todas estas mudanças visaram não somente o aprimoramento do programa, mas também a melhoria de sua performance como ferramenta de ensino e aprendizagem. Por esta razão, foram consideradas como foco as sugestões dos próprios professores, pesquisados ao longo de cada evento, e que culminou nos seguintes direcionamentos: i. Evidenciar o impacto da falta de fluxo de caixa e seu reflexo nas alterações de valores no momento do preenchimento da ferramenta Plano de Negócios; ii. Incrementar proporcionalidade na ferramenta para atender as necessidades e especificidades de diferentes modelos de Planos de Negócios; iii. Adequar a ferramenta para o trabalho colaborativo entre equipes de alunos; iv. Demonstrar a lógica de resolução dos exercícios propostos no conteúdo e na formulação do 11 Plano de Negócio; e outros. Outra iniciativa do SEBRAE/SC que surgiu como um desdobramento natural do NCU foi o Concurso Estadual de Planos de Negócio para Universitários que chega a sua 7º edição (figura 4) já tendo transformado a vida de 15.314 mil universitários ao longo de sua trajetória desde 2008, sob a expectativa de: i. Estimular a cultura do empreendedorismo junto aos universitários catarinenses; ii. Promover a prática do planejamento empresarial no ambiente acadêmico; iii. Contribuir para o futuro dos universitários catarinenses por meio do desenvolvimento de um negócio próprio; e iv. Incentivar o espírito de inovação no público universitário. Figura 4 – 7º Concurso Estadual Planos de Negócio para Universitários 2014, (IEA, 2014). O Concurso tem alcançado resultados expressivos, cabendo destacar que em 2013 chegou a sua 6.º edição com 5.197 inscritos, 12% a mais que à edição anterior com 4.636 inscritos. Além do acréscimo de 53% de entregas de Planos de Negócio de 2013 para 2014. Tais resultados tem despertado o interesse em tornar o Concurso uma competição em nível nacional. Ainda considerando a contribuição das soluções desenvolvidas pelo IEA com parceiros diversos à formação de aprendizes, destacam-se os cursos de capacitação do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – SENAR, que já capacitaram mais de 200 mil pessoas. A maioria já formada no ensino superior (26%), seguida de alunos no ensino médio (24%) se preparando para o vestibular. Seja pela necessidade de suprir alguma deficiência de conhecimento ou mesmo, buscar maior capacitação e desenvolvimento, nota-se que dos 17 cursos oferecidos até 2013 de forma livre e gratuita, os mais procurados foram Primeiros Passos no Excel (28%), Meio Ambiente (23%) e Saúde Rural (20%). Com 98% de satisfação geral e um índice de 61% de conclusão, a EaD SENAR inicia uma nova fase espelhando um pouco dos desafios futuros do IEA com a criação de 30 novos títulos, que trarão diversas estratégias educacionais praticadas pelo IEA. 3.2. Desafios futuros 12 Dentre as ações que o IEA vem buscando implementar, a fim de inovar e agregar ainda mais valor e qualidade as soluções de aprendizagem, é possível citar algumas estratégias educacionais, tais como: i. Design instrucional não linear; ii. Blended learning; iii. Aprendizagem colaborativa; iv. Integração com redes sociais (Social Learning) e v. Estratégias de gamification. Permeando todo esse processo está o modelo UX Design (User Experience Design), isto é, buscam-se soluções com um design focado na experiência do usuário. Neste contexto, vale citar a preocupação quanto à arquitetura da informação; a incorporação de versões para dispositivos móveis (Mobile Learning); interfaces responsivas; projetos visuais personalizados e identidade visual própria. A garantia do aporte desses desafios e soluções está enraizada na gestão, que vem investindo na melhoria da estrutura da equipe, promovendo maior integração entre projetos e operações, garantindo a eficiência da gestão projetizada e o fortalecimento da equipe por meio de estratégias de promoção da autonomia e autogestão. Um exemplo disso, é o papel do facilitador que em todos os projetos, se traduz por um membro da equipe eleito como o profissional que do inicio ao fim acompanhará o desenvolvimento do projeto tornando-se a principal referência do status deste projeto. Além disso, em busca de obter dados mais rigorosos e confiáveis, tem sido adotada a prática de pesquisas just in time, diluídas no processo de consumo dos cursos e programas oferecidos no LMS Classe 21. Isto permite a verificação da percepção do usuário no momento da experiência do processo de interação com conteúdo, com tutores, monitores e com as ferramentas de navegação e comunicação disponíveis no sistema. Para garantir o rigor do levantamento, atribui-se ao questionamento de cada etapa o alinhamento de critérios de qualidade em e-learning chancelados por instituições internacionais como a European Foundation for Quality in e-Learning – EFQUEL e pelo Ministério da Educação. 4. Considerações Finais Atuar com foco nos elementos essenciais da gestão fez com que o IEA conseguisse atingir um nível de amadurecimento e qualidade superior aos resultados que já vinha alcançando. Evoluções tecnológicas e didáticas aplicadas no Ambiente Virtual de Aprendizagem (LMS), reconhecidas pelos clientes, alunos e mercado fez evidenciar a melhoria da performance do sistema como ferramenta de ensino e aprendizagem, sob características responsivas e replicáveis, como aplicativos mobile e ferramentas de atendimento. Buscando novos rumos, o IEA agora investe na construção de ferramenta própria de autoria para desenvolvimento de cursos, vislumbrando não apenas a redução de 48% de custos nas fases em que será utilizada, como também, contemplar de forma mais arrojada as estratégias educacionais que já vem praticando. Tais esforços convertem-se no ganho com a qualidade do ensino que é promovido em parcerias diversas, e que vem sendo reconhecido pelo público, fundamentalmente composto 13 de jovens aprendizes, que se mostra cada vez mais aderente, e satisfeito com a contribuição prestada à sua formação e desenvolvimento. Referências AGAMBEN, Giorgio. O que é contemporâneo? E outros ensaios. Trad. Vinícius Nicastro Honesko. Chapecó - SC: Argos, 2009. BRASIL. Decreto n.º 5.622, de 19 de dezembro de 2005. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Decreto/D5622.htm>. Acesso em: 15 abril. 2014. BRASIL, Centro de EAD do Instituto Federal do Espírito Santo. Equipe Multidisciplinar. Disponível em: <http://cead.ifes.edu.br/index.php/ead.html>. Acesso em: 18 de Abril de 2014. BRASIL, MEC. Referenciais de qualidade para Educação superior a distância. Secretaria de Educação a Distância, Brasília: [s.n.]. 2007. CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2000. COLL, César; MONEREO, Carles. Psicologia da educação virtual: aprender e ensinar com as tecnologias da informação e da comunicação. Porto Alegre: Artmed, 2010. HOLMBERG, B. Theory and practice of distance education. Londres: Routledge, 1995 LEVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 2008. MALVESTITI, Mirela et al. 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