06-08-2015 Revista de Imprensa 06-08-2015 1. (PT) - Jornal de Notícias, 06/08/2015, 741 euros para quem aceitar mais utentes 1 2. (PT) - Diário de Notícias, 06/08/2015, Todos os doentes com VIH vão ter acesso imediato a tratamento 4 3. (PT) - Jornal de Notícias, 06/08/2015, Porto - 25 anos do Serviço Educativo do IPO 6 4. (PT) - Correio da Manhã, 06/08/2015, Sobe & desce 7 5. (PT) - Público, 06/08/2015, ADSE: contributos para um novo sistema nacional de saúde 8 6. (PT) - Correio da Manhã, 06/08/2015, Contrabando 9 7. (PT) - Correio da Manhã, 06/08/2015, Alerta para viagens ao Médio Oriente 10 8. (PT) - Jornal de Notícias, 06/08/2015, Psicólogos renderiam 812 milhões 11 9. (PT) - Jornal de Matosinhos, 24/07/2015, Tuberculose aumentou em Matosinhos e Senhora da Hora 12 10. (PT) - Jornal de Notícias, 06/08/2015, Sindicato exige saber quando serão repostos meios do INEM 14 11. (PT) - Público, 06/08/2015, Parlamento recomenda alargamento do Programa Nacional de Vacinação 15 12. (PT) - Público, 06/08/2015, Parricídios são quase sempre praticados por inimputáveis 16 A1 ID: 60465164 06-08-2015 Tiragem: 76650 Pág: 6 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,50 x 30,00 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 3 Página 1 ID: 60465164 06-08-2015 Tiragem: 76650 Pág: 7 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 10,75 x 30,00 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 3 Página 2 ID: 60465164 06-08-2015 Tiragem: 76650 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 20,71 x 9,74 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 3 de 3 Página 3 A4 ID: 60465295 06-08-2015 Tiragem: 28902 Pág: 13 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,50 x 30,00 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 2 Página 4 ID: 60465295 06-08-2015 Tiragem: 28902 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 5,27 x 7,06 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 2 Página 5 A6 ID: 60465357 06-08-2015 Tiragem: 76650 Pág: 19 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 10,14 x 9,18 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Página 6 A7 ID: 60465723 06-08-2015 Tiragem: 147336 Pág: 18 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 10,17 x 3,62 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Página 7 A8 ID: 60465103 06-08-2015 Tiragem: 33183 Pág: 40 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,70 x 30,41 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 ADSE: contributos para um novo sistema nacional de saúde Debate Sistemas de saúde José Mário Martins “A humanização desapareceu, o mesmo acontecendo à personalização, pois a massificação está instalada — o doente, o utente, é cada vez mais encarado como um cifrão nos lucros que pode render aos hospitais” Vítor Veloso, em “O SNS no fio da navalha”, Jornal de Notícias de 22/7/2015 A Resolução do Conselho de Ministros, de 15 de Janeiro, pretendendo dar continuidade à reforma dos subsistemas de assistência na doença a servidores do Estado visa, basicamente, estudar “um modelo de governação transversal” que tenda para o seu autofinanciamento. Ora, este parece-me ser um bom princípio para início de discussão sobre o que queremos que seja o nosso sistema de saúde num futuro próximo. Criada no início da década de 60 do século XX, a Assistência na Doença aos Servidores Civis do Estado (ADSE) tinha, segundo os últimos dados disponíveis no seu site em www.adse.pt reportando ao ano de 2013, 1.290.816 beneficiários titulares e familiares. O escalão etário preponderante era o dos 0-19 anos (306.030), seguido do escalão 50-59 (230.491). Durante os mais de 50 anos que leva ao serviço dos portugueses que trabalham para o Estado, a ADSE representou uma alternativa de livre escolha ao modelo clássico do Serviço Nacional de Saúde, o qual vincula o doente a uma instituição e a um médico, situação só (ligeiramente) alterada com o aparecimento das unidades de saúde familiar (USF), onde é possível escolher o médico, desde que este tenha vagas na sua lista de inscritos. Basicamente, dois sistemas de saúde são apresentados como alternativa: — aquele em que os gastos na Saúde são, maioritariamente, suportados pelos impostos — modelo dos serviços nacionais de saúde britânico e português. — aquele em que os seguros, vendidos por empresas privadas, são responsáveis pelo pagamento das despesas, cabendo ao cidadão a escolha das coberturas que deseja, mediante o que pode ou quer pagar de prémio. Aqui, a Holanda é o país europeu usado como referência. Acontece que, se formos analisar os recentes dados de uma reportagem sobre o serviço de saúde holandês no jornal PÚBLICO de 12/7/2015, percebemos que a Holanda tem uma maior despesa per capita em saúde do que Portugal (9,46% do PIB em Portugal, contra 12,44% na Holanda e uma média europeia de 9,61%). E tem, por exemplo, muito mais camas hospitalares do que Portugal, embora, paradoxalmente, só tenha uma taxa de ocupação de 48,6%, manifestamente abaixo da média europeia (75,8%). Para que necessita de tantas camas hospitalares um país em que, segundo a reportagem, todos têm médico de família? Assim, se o nosso modelo não parece satisfazer, o modelo holandês também deixa muito a desejar. Penso, porém, que Portugal pode ser pioneiro, caso consiga colocar em prática um sistema que seja um misto de ambos, traduzido num sistema nacional de saúde assente nos seguintes pressupostos: — a manutenção de um serviço público, financiado por impostos, num modelo de concorrência auditada entre os seus profissionais e instituições, i. é, que permita ao doente escolher a unidade de saúde e o médico a que pretende recorrer. — um seguro nacional de saúde, de subscrição voluntária e funcionando em moldes próximos da actual ADSE. Este ofereceria aos médicos duas possibilidades de colaboração: uma, através de um regime de convenções abertas a todos os médicos que o solicitassem; outra, permitindo que os doentes fossem ressarcidos de um montante pré-estabelecido através da apresentação de um recibo emitido por uma entidade não convencionada. — os médicos poderiam escolher trabalhar em exclusividade ou em tempo parcial em qualquer dos regimes. Isto permitiria criar um clima de sã concorrência entre os serviços públicos e os prestadores privados, com claro benefício para os doentes e para o Estado, sem nunca desobrigar o Estado de cumprir o seu dever constitucional para com o SNS. A existir este regime, os cidadãos poderiam pagar os seus impostos e ter acesso ao normal sistema público de saúde — tal como existe agora, mas com a liberdade de o doente escolher a unidade e o médico com quem se quer relacionar —, ou optar por pagar apenas uma taxa social solidária para garantir a saúde dos mais desprotegidos e pagar o prémio do seguro nacional de saúde. Em termos de acesso aos cuidados, estaria garantida a universalidade da cobertura e a liberdade de escolha. Os últimos dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística dizem-nos que os portugueses estão já a pagar do seu bolso 28% das suas despesas de saúde RUI GAUDÊNCIO Sei que os críticos dos sistemas apoiados em seguros de saúde dizem que estes representam mais despesa do que os sistemas financiados por impostos. Os dados, nomeadamente os já citados na reportagem do PÚBLICO, provam que isso é verdade. A Holanda tem maior gasto per capita em saúde e a racionalidade nem sempre impera, como vimos no caso das camas hospitalares. Porém, analisados os dados disponíveis nos sites da Pordata e ADSE, poderemos chegar aos seguintes valores: Segundo a Pordata, a despesa do serviço nacional de saúde per capita no continente era de 849,4 euros no ano de 2012. Nesse mesmo ano, e segundo dados do site da ADSE, a despesa por beneficiário era de 396,12 euros. Escolhemos para comparação o ano de 2012 por ter sido o primeiro ano em que a ADSE não recebeu comparticipação do Orçamento Geral do Estado. Em 2013, último ano em que há dados estatísticos sobre saúde disponíveis no site das instituições atrás citadas, encontra-se como despesa per capita do serviço nacional de saúde 895,3 euros e 382,28 euros para a ADSE. Embora não possam comparar directamente, estes dados mostram gastos/ pessoa mais baixos na ADSE, vindo a diminuir de ano para ano. Assim, e segundo diferentes fontes, a ADSE é sustentável, mesmo com contribuições de menor monta por parte dos beneficiário. Os sindicatos da Frente Comum dizem que uma contribuição de 1,5% seria suficiente para garantir a sustentabilidade da ADSE, enquanto uma recente auditoria feita às contas da ADSE pelo Tribunal de Contas conclui que uma contribuição de 2,25% por parte dos beneficiários seria suficiente para garantir não só a sobrevivência da ADSE, mas até um excedente de 10%. Em resumo, o novo modelo deveria compreender: — um serviço nacional de saúde, suportado por impostos, num modelo semelhante ao actual mas de adesão voluntária e com a liberdade de escolha do doente, quer no que respeita à instituição, quer ao médico com que se quer relacionar. — uma rede de prestadores privados, convencionados ou não com o seguro nacional de saúde. Seguro que seria universal e de subscrição voluntária, i. é, de certa forma a extensão de um modelo próximo do que existe na ADSE, mas sem a actual obrigação de descontar para o financiamento do SNS senão na medida de uma contribuição solidária mínima, sendo que será necessário estudar os níveis de acesso e os custos a suportar por cada um dos sistemas quando os seus beneficiários pretenderem, pontualmente, aceder aos serviços proporcionados pelo outro. Entretanto, os últimos dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística dizem-nos que os portugueses estão já a pagar do seu bolso 28% das suas despesas de saúde, uma percentagem que cresce continuamente. Sendo que os impostos e a contribuição para a ADSE também não têm parado de aumentar, não seria tempo de pensarmos numa solução diferente para desafios diferentes? Estomatologista e membro da Associação de Medicina de Proximidade — APCMG Francisco Assis interrompe a sua crónica para férias durante Agosto, voltando a este espaço em Setembro Página 8 A9 ID: 60465726 06-08-2015 Tiragem: 147336 Pág: 18 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 5,29 x 29,20 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Página 9 A10 ID: 60465757 06-08-2015 Tiragem: 147336 Pág: 20 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 16,04 x 7,38 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Página 10 A11 ID: 60465167 06-08-2015 Tiragem: 76650 Pág: 7 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 16,14 x 7,13 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Página 11 A12 ID: 60363950 24-07-2015 Tiragem: 4000 Pág: 9 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 25,60 x 18,50 cm² Âmbito: Regional Corte: 1 de 2 Página 12 ID: 60363950 24-07-2015 Tiragem: 4000 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 13,38 x 4,76 cm² Âmbito: Regional Corte: 2 de 2 Página 13 A14 ID: 60465180 06-08-2015 Tiragem: 76650 Pág: 8 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 5,14 x 9,98 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Página 14 A15 ID: 60464987 06-08-2015 Tiragem: 33183 Pág: 7 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 10,77 x 30,61 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 PAULO RICCA Vacinas contra a meningite B e gastroenterites pediátricas alargadas Parlamento recomenda alargamento do Programa Nacional de Vacinação Saúde Romana Borja-Santos Programa Nacional de Vacinação tem 50 anos e proporciona mais de 12 vacinas O Parlamento quer que o Governo estude a possibilidade de juntar mais duas vacinas às que já são actualmente dadas no Serviço Nacional de Saúde. Em causa está uma vacina contra a meningite B e uma para as gastroenterites pediátricas causadas pelo rotavírus, adianta uma resolução publicada ontem em Diário da República. No caso da primeira vacina, cada dose custa quase 100 euros aos pais e podem ser necessárias entre duas a quatro. A segunda varia entre os 50 e os 70 euros consoante a marca, com a mais barata a exigir três doses e a segunda apenas duas. Neste segundo caso pede-se também um estudo da eficácia da vacina. Ambas as vacinas costumam ser recomendadas pelos pediatras, mas não fazem parte do Programa Nacional de Vacinação (PNV), pelo que não têm qualquer comparticipação. No caso da vacina para a infecção por rotavírus, os dados da Sociedade Portuguesa de Pediatria, relativos ao período de Outubro de 2008 a Setembro de 2009, indicam que, nesse período, mais de um quarto das crianças atendidas nas urgências de dez hospitais com sintomas de gastroenterite tinham uma infecção relacionada com este vírus. Em relação à meningite B, a Sociedade Portuguesa de Pediatria também já defendeu a segurança e eficácia da vacina, reforçando que esta é uma doença rara mas grave. Em 2011 a incidência foi de apenas 0,58 casos por cada 100 mil habitantes, mas em 5% das situações pode ser fatal ou ainda deixar outras sequelas neurológicas e cognitivas. Os principais afectados são as crianças até um ano de idade. A resolução propõe ainda que o Governo inclua no PNV a vacina antipneumocócica. Mas, entretanto, a tutela já desde o dia 1 de Julho que está a dispensar gratuitamente para todas as crianças que nasceram em 2015 a imunização com a Prevenar 13, contra doenças causadas pela bactéria pneumococo, como a pneumonia, a meningite, otite ou a septicémia e que era aconselhada pela própria OMS. A vacina será também comparticipada para todos os que a queiram tomar, ao abrigo do último escalão (15%), desde que seja comprada na farmácia com receita médica. Até agora os pais gastavam cerca de 180 euros pelas três doses da vacina. O valor passou a ser totalmente suportado pelo SNS e a vacina destinase também a pessoas com doenças crónicas e algumas doenças consideradas de risco, como o VIH e algumas patologias pulmonares. O PNV prevê que a primeira dose seja dada aos dois meses, a segunda aos quatro e a terceira entre os 12 e os 15 meses. Calcula-se que cerca de 60% das crianças já estejam imunizadas com esta vacina. Administrada em Portugal desde 2001, os especialistas calculam que pode evitar 650 mortes e mais de três mil internamentos por ano. Com 50 anos de existência, além da Prevenar, o PNV proporciona mais 12 vacinas para doenças como a tuberculose, difteria, tétano, tosse convulsa, doença invasiva por Haemophilus influenzae tipo b, poliomielite, sarampo, papeira, rubéola, hepatite B, doença meningocócica C e infecção pelo vírus do papiloma humano. Página 15 A16 ID: 60464986 06-08-2015 Tiragem: 33183 Pág: 6 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,70 x 30,68 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 2 Parricídios são quase sempre praticados por inimputáveis Investigadores analisaram 3154 relatórios de avaliação psiquiátricos forenses feitos pela Medicina Legal entre 1986 e 2011. Nestes 25 anos registaram-se 39 casos de homicídios de pai, mãe, irmão ou filho ENRIC VIVES-RUBIO Estudo Ana Cristina Pereira Homens, solteiros, com idades compreendidas entre os 36 e os 45 anos, desocupados, com alguma doença psiquiátrica grave que, nem que seja só por uns momentos, os pode deixar sem capacidade de crítica e julgamento. Eis o retrato-robot de quem mata familiares de primeiro grau. Não é assunto sobre o qual se saiba muito. O número de estudos feitos em Portugal é reduzido e o conhecimento científico fraccionado, refere o artigo Homicidas de familiares de primeiro grau, publicado na última edição da revista Psiquiatria, Psicologia & Justiça, editada pela Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Psicologia da Justiça. O pouco que existe ou é sobre parricídio ou patricídio ou matricídio ou fratricídio ou filicídio e parte de amostras mínimas. Daniela Faria, da Unidade Local de Saúde do Alto Minho, em Viana do Castelo, e Victor Mota, do Hospital de Magalhães Lemos, no Porto, passaram a pente fino 3154 relatórios de avaliação psiquiátricos forenses feitos na delegação Norte do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses entre 1986 e 2011 e seleccionaram todos os casos em que o examinado era acusado de matar um familiar de primeiro grau. Não é algo frequente na vida profissional de polícias e técnicos forense. Ao longo daqueles 25 anos, os peritos somaram 39 casos, o que corresponde a 1,2% de todos os homicídios avaliados no Hospital Conde Ferreira (1986/2001) o no Hospital Magalhães Lemos (2002/2011) — 25 na forma consumada e 14 na forma tentada. Dois terços correspondiam a parricídio — um terço patricídio, outro matricídio. Sem surpresa, os investigadores perceberam que quase sempre o arguido era homem (95%), solteiro (75%) e desocupado (60%). Com surpresa, chegaram a uma idade média de 40,6 — a maior parte dos examinados contava entre 36 e 45 anos (30,8%). A literatura internacional tende a apontar idades inferiores. Talvez por não lhe conferiram grande relevância, não procuraram explicação para esta particularidade. Mais pertinente na amostra é a elevada prevalência de doenças psi- Investigadores perceberam que quase sempre o arguido era homem (95%), solteiro (75%) e desocupado (60%) Pelo menos cinco recém-nascidos mortos em dez anos Estudo feito na área da Delegação Sul do Instituto de Medicina Legal M ataram os filhos com menos de 24 horas de vida. Uma decapitou-o. Meteulhe a cabeça dentro de um saco de plástico e escondeu-a num lagar. Outra asfixiou-o, meteu-o num saco de plástico e escondeu-o num armário. A irmã encontrou-o volvido um mês. Outra infligiu-lhe lesões crâniovasculo-encefálicas graves. E outra afogou-o. Primeiro, escondeu o cadáver num armário e depois atirou-o ao lixo. Pouco se sabe sobre neonaticídios em Portugal. Um artigo publicado na última edição da revista Psiquiatria, Psicologia & Justiça — assinado por Catarina Klut Câmara (do Hospital Amadora-Sintra) Olindina Graça, Tiago Costa (ambos do Instituto Nacional de Medicina Legal) e Jorge Costa Santos (da Universidade de Lisboa) — sublinha a importância de se fazer diagnóstico precoce de gravidez, identificar sinais de stress e garantir acompanhamento adequado. Analisaram todos os processos tidos pela Unidade Funcional de Patologia Forense da Delegação Sul do Instituto Nacional de Medicina Legal entre 1 de Janeiro de 2001 e 31 de Dezembro de 2010. Os cinco casos de neonaticídio detectados correspondem a 1,13% de todos os homicídios autopsiados naquele período, 20% dos homicídios infantis, 2,96 por 100 mil nados-vivos. É um crime de prevalência difícil de determinar, notam os autores. “É de admitir que um número indeterminado não tenha sido descoberto ou chegado ao conhecimento das autoridades.” Todas esconderam a sua condição. Nenhuma compareceu a consultas prénatais ou comprou enxoval para o bebé. Nos quatro casos em que a informação está disponível, o parto ocorreu em casa, sem assistência. Uma mulher temia a reacção do pai, o julgamento dos vizinhos. Outra temia a reacção do companheiro. Outra andava aflita com problemas financeiros e a incapacidade de comunicar com o companheiro. A principal motivação, porém, foi gravidez indesejada. Embora reduzida, a amostra revela dificuldade na comunicação, logo, no recurso à rede de apoio primário para interromper a gravidez. Duas ainda tentaram com medicamentos. Uma denegou a gravidez até ao bebé nascer. A raridade de casos desta natureza “limita a aquisição de competências no seu manejo”, notam. Uma possibilidade de reduzir o problema, defendem, seria concentrá-los em estruturas especializadas. A.C.P. quiátricas. Quase todos sofriam de alguma perturbação psicótica (80%), em particular de esquizofrenia (64%). Muitos tinham um historial de abuso de consumo de bebidas alcoólicas ou de drogas ilícitas (28%). E havia casos de debilidade mental (18%), perturbações depressivas (7,7%) ou de personalidade (5,1) e até alguma demência (2,6%). Só num deles não foi encontrada qualquer patologia. “A associação entre os homicídios de primeiro grau e doença mental foi descrita por vários autores”, escrevem. “A doença mental, em especial a esquizofrenia seguida das perturbações depressivas, e o abuso de álcool e outras substâncias são considerados factores de risco para parricídio.” Perante o tribunal, 84,6% tinham sido declarados inimputáveis, isto é, sem “capacidade de crítica e julgamento para avaliar a ilicitude do acto cometido”, tão-pouco “de se determinar de acordo com essa avaliação”. E isso, no entender dos investigadores, tem a ver com a prevalência de doenças psiquiátricas, mas não só: “A alegação de insanidade mental dos parricidas é muitas vezes requisitada pela defesa e passível de ser aceite pelo juiz e júri por se tratar de um crime relativamente inconcebível”. Segundo explicam no artigo, a prevenção “é tarefa difícil”, mas não impossível: “Uma cuidadosa avaliação dos factores de risco parece constituir a chave”. Alertam, nos casos de parricídio, para “as descompensações psicóticas, incluindo aquelas motivadas pela descontinuação da terapia farmacológica, a existência de uma rede social de apoio pobre, o uso de substâncias e o desemprego”. Na área da prevenção, os investigadores apontam a intervenção dos profissionais de saúde e de técnicos de serviço social, no sentido de garantir o acompanhamento médico e o apoio em matéria de inserção familiar e social. O artigo completo pode ser lido no site da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Psicologia da Justiça. A revista, cujo editor-chefe é Fernando Almeida, psiquiatra do Hospital Magalhães Lemos, era anual. No ano passado, a direcção decidiu publicar dois números anuais: um em Janeiro e outro em Julho. Página 16 ID: 60464986 06-08-2015 Tiragem: 33183 Pág: 44 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 5,46 x 3,69 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 2 Parricídios são quase sempre praticados por inimputáveis Entre 1986 e 2011 registaram-se 39 casos de homicídios de pai, mãe, irmão ou filho p6 Página 17