A INTERPELAÇÃO INTERDISCIPLINAR NA CLÍNICA PSICOPEDAGÓGICA 1 EVELYN LEVY T R A D U Ç Ã O : D A N I E L A W. T E P E R M A N E m o u t r a o p o r t u n i d a d e , d e f e n d i a tese d e q u e a posição do psicopedagogo, em relação aos diferentes discursos implicados nas dificuldades de aprendizagem, incide na relação significação-intervenção que conduz sua estratégia terapêutica (Levy, 1 9 9 1 ) . A n a l i s e i t a m b é m os efeitos e as diferenças que as operações de suspensão e omissão dos diferentes discursos têm na intervenção . Ainda que a necessidade de u m a a b o r d a g e m interdisciplinar seja a f i r m a d a p o r t o d o s os p s i c o p e d a g o g o s , suas diversas p o s i ç õ e s t e ó r i c o - c l í n i c a s e v i d e n c i a m d i f e r e n t e s m a n e i r a s d e a b o r d a r a problemática relação significação-intervenção. Ao trabalhar e m u m a equipe interdisciplinar, comprovei que, q u a n d o as d i f e r e n t e s l e i t u r a s d e u m f e n ô m e n o c l í n i c o são r e a lizadas a p a r t i r d e u m a i n t e r p e l a ç ã o n a q u a l os p r o f i s s i o n a i s das diversas e s p e c i f i c i d a d e s r e a l i z a m u m a a b o r d a g e m i n t e r d i s c i p l i n a r das f o r m a ç õ e s c l í n i c a s , isto i n c i d e n o t o r i a m e n t e e m n o s s a i n t e r v e n ç ã o pela m a n e i r a c o m o modifica nossos referentes clínicos. A i n d a q u e esta seja u m a e t a p a n e c e s s á r i a , c o n s t a t e i , n o e n t a n t o , q u e é i n s u f i c i e n t e p a r a d i s c u t i r 05 efeitos da interdisciplina em nossa intervenção. Falar em interdisciplina e interpelação supõe uma posição diferente da ilusão de uma pacífica confluência multidisciplinar que ao mesmo tempo observe o fenômeno clínico. Q u a n d o , a p a r t i r d e u m a p o s i ç ã o d e a u t o n o m i a , os d i v e r s o s d i s c u r s o s a b o r d a m as d i f i c u l d a d e s d e a p r e n d i z a g e m d e u m a c r i a n ç a , f a z e m - n o a p a r t i r d o i n t e r i o r d e seus r e f e r e n t e s t e ó r i c o s , d e n t r o das m a r g e n s d e u m a p a r t i c u l a r significação interdisciplinar. 2 • Psicopedagoga, membro da equipe do Centro Dra. Lydia Coriat. • Membro da equipe do Lugar de Vida. Estas d i f e r e n t e s v e r s õ e s s o b r e as d i f i c u l d a d e s d e a p r e n d i z a g e m da criança, ao serem propostas a partir d o e x t e r i o r da c l í n i c a p s i c o p e dagógica - e portanto desconh e c e r e m alguns dos problemas específicos da m e s - m a — n ã o p o d e m deslocar-se diretamente p a r a nossa i n t e r v e n ç ã o . Suas c o n t r i b u i ç õ e s c o n c e i t u a i s e clínicas n ã o p o d e m ser c o n s i d e - r a d a s e s g o tadas e se faz n e c e s s á r i o i n t e r p e l á las a p a r t i r d o f e n ô m e n o c l í n i c o , através d e u m a a b o r d a g e m i n t e r disciplinar. H á alguns anos enfatizei a i m p o r t â n c i a dos referentes clínic o s , p a r a c o n c e i t u a r nossa i n t e r v e n ç ã o , p e l a m a n e i r a a t r a v é s da qual interpelam os referentes t e ó r i c o s i m p l i c a d o s (Levy, 1 9 9 0 ) . Hoje pretendo aprofundar essa afirmação e x p o n d o o que d e n o m i n e i interpelação interdisciplinar na intervenção psicopedagógica. Esta f o r mulação supõe o início de u m a interpelação interdisciplinar no interior do próprio fenômeno clínico. No decorrer de diversas s u p e r v i s õ e s c o m p r o v e i q u e , se e m a l g u n s casos a m a n e i r a d e a c i o n a r a i n t e r d i s c i p l i n a nas e s t r a t é g i a s c l í n i cas d e p e n d e d o s t e m p o s d e f o r m a ç ã o de cada p s i c o p e d a g o g o , e m o u t r o s o f o c o a priori t e m u m a s i g nificação na intervenção, parece eliminar a interdisciplinaridade a f i r m a d a e m suas t e o r i z a ç õ e s d e partida. E o que ocorre quando observamos operações de omissãoexclusão de algum dos discursos por parte do psicopedagogo . E v i d e n t e m e n t e n ã o é fácil f u n d a m e n t a r - s e n a a u s ê n c i a d e harmonia interdisciplinar. D a r e s t a t u t o d e v e r d a d e a b s o l u t a às a f i r m a ç õ e s d e u m discurso, e m d e t r i m e n t o de outro, 3 c e p ç ã o da c r i a n ç a c o m o p e r c e p ç ã o d e . . . A p e r c e p ç ã o , p o r t a n t o , n ã o se dá s e m a m e d i a ç ã o d o o u t r o . A o i n s c r e v e r a p e r c e p ç ã o da c r i a n ç a c o m o percepção de..., o desejo ( i n c o n s c i e n t e ) da m ã e e x p õ e a c r i ança a u m significante; - o signific a n t e d e seu d e s e j o i n c o r p o r a d o n a p e r c e p ç ã o d e . . . P o r esta via, a presença marcante neste processo n ã o é da p e r c e p ç ã o , m a s d o s i g n i ficante q u e inscreve a p e r c e p ç ã o através da l i n g u a g e m . E a linguagem — o Outro — q u e , a o i n t r o d u z i r a fala, r e c o r t a o m u n d o p e r c e b i d o , n o m e a n d o os f r a g m e n t o s d e s t e . O m u n d o seria u m a grande "coisa percebida", ou várias "coisas p e r c e b i d a s " , n u m t o d o não diferenciado e sem sign i f i c a d o , isto é, s e m s e n t i d o , c o m o p u r o s i g n i f i c a n t e se a l i n g u a g e m não o recortasse, n o m e a n d o - o . O sentido para este significante é d a d o pela linguagem, q u e recorta a "coisa" e m si d a n d o - l h e u m n o m e , transform a n d o - a e m objeto, a t r i b u i n d o u m sentido à "coisa". N e s t e p r o c e s s o c o n v i v e m os m o v i m e n t o s d o s s e n t i d o s , das p e r cepções enquanto significantes q u e i n v a d e m o s u j e i t o , e os m o v i m e n t o s dos recortes d o p e r c e b i d o feitos p e l a l i n g u a g e m , (feitos p e l o o u t r o ) , d a n d o sentido ao p e r c e bido, significando o percebido através d e u m a r e p r e s e n t a ç ã o d e s t e percebido. O que é percebido por sua v e z d e i x a assim d e ser e x c l u v i v a m e n t e o p e r c e b i d o , e passa a ser o r e c o r t e d o p e r c e b i d o a t r a v é s da nomeação que este percebido recebe. Q u a n d o digo c o n v i v e m , e n t e n d o q u e estes m o v i m e n t o s não seguem u m a seqüência linear evolutiva nos moldes de um "desenvolvimento", primeiro um, d e p o i s o o u t r o . Esse p e r c u r s o é o p e r c u r s o d o s i g n i f i c a n t e , q u e e n t r e idas e v i n d a s , n ã o p a r a n d o d e se inscrever, p r o d u z através de d e s m o n t a g e n s e r e m o n t a g e n s a c o n s t r u ç ã o d o p s i q u i s m o e n q u a n t o representação da " r e a l i d a d e " - a c o n s t r u ç ã o d o p r ó p r i o sujeito. Nesse processo, o significante t a m b é m i n s c r e v e os m o v i m e n t o s da i n t e l i g ê n c i a , c o m o u m a r e p r e s e n tação possível d o significante r e c o r t a d o pela l i n g u a g e m , e n q u a n t o c o g n i ç ã o , c o n h e c i m e n t o , cuja b a s e é a p e r c e p ç ã o . O p o n t o n u c l e a r aí é a r e p r e s e n t a ç ã o , p o i s t o d o esse p r o c e s so p s í q u i c o q u e se c o n s t i t u i , c o n s t i t u i - s e c o m o r e p r e s e n t a ç ã o , o t e c i d o n o q u a l se e s t r u t u r a a s u b j e t i v i d a d e h u m a n a , o s u j e i t o h u m a n o c o m o r e p r e s e n t a n t e d e u m s i g n i f i c a n t e . A t r a v é s da r e p r e s e n t a ç ã o o s u j e i t o se a p r o p r i a da " r e a l i d a d e " ' p a r a si, e r e p r e s e n t a a si p r ó p r i o p a r a a " r e a l i d a d e " . E s t r u t u r a n e s s e p e r c u r s o sua inteligência, construindo — a c o m o função que opera conjuntam e n t e a o b j e t i v i d a d e e a s u b j e t i v i d a d e h u m a n a , d e tal m o d o q u e a expressão h u m a n a objetivada manifesta sempre a subjetividade do significante d o desejo inconsciente. Pois a objetivação h u m a n a expressa a representação d o signif i c a n t e n o q u a l o s u j e i t o e n c o n t r a as p o s s i b i l i d a d e s d e se r e p r e s e n tar s i m b o l i c a m e n t e c o m o sujeito. A inteligência então, c o m o estrutura operativa, é construída c o m o representação entrelaçada na articulação entre subjetividade e objetividade; o n d e a subjetivid a d e se o b j e t i v a e a o b j e t i v i d a d e se s u b j e t i v a , a r t i c u l a d a s p e l o p e r curso do significante. A construção dos c o n h e c i m e n t o s , portanto, trabalho sinuoso da i n t e l i g ê n c i a , d o s u j e i t o e p i s t ê m i c o , a o se p r o d u z i r , s i t u a - s e d e n tro desta m o v i m e n t a ç ã o significante do desejo do o u t r o . O CONHECIMENTO COMO DESEJO... DO DESEJO DO OUTRO O q u e P i a g e t d e i x a d e l a d o é a r e p r e s e n t a ç ã o q u e o s u j e i t o faz d e si p r ó p r i o nas r e p r e s e n t a ç õ e s c o n c e i t u a i s q u e e l a b o r a , n o s sistemas q u e articula, na f o r m a c o m o opera. Pois a representação, m e s m o e m sua f o r m a m a i s a b s t r a t a , p o r t a n t o l ó g i c a , n u n c a e x c l u i o s u j e i t o e n q u a n t o s u j e i t o q u e a r e p r e s e n t a a o a s s e n t a r aí seus s i g n i f i c a n t e s , p r o d u z i n d o p a r a este u m s e n t i d o . P o r este m o t i v o o sujeito constrói o c o n h e c i m e n t o c o m o representação; representand o - s e nas s i g n i f i c a ç õ e s q u e a s s u m e . Se o s u j e i t o n ã o se r e p r e s e n tasse nas c o n s t r u ç õ e s q u e p r o d u z i s s e , i s t o é, n ã o r e p o u s a s s e aí os s i g n i f i c a n t e s , n ã o h a v e r i a significação, n ã o h a v e r i a s e n t i d o nas c o n s truções que expressam u m "não aprender", u m "não conhecer". D i t o d e o u t r o m o d o ; as c o n s t r u ç õ e s feitas p e l o s u j e i t o e x p r e s s a m s e m p r e u m s e n t i d o , q u e a o fim e a o c a b o , p o d e m ser s o b r e o d e s c o n h e c i m e n t o . . . A s s i m , q u a i s q u e r q u e s e j a m as c o n s t r u ç õ e s q u e o s u j e i t o faça, estas f o g e m às e x p e c t a t i v a s d o p r o c e s s o c o n s c i e n t e , e s o b r e t u d o f o g e m às e x p e c t a t i v a s e s c o l a r e s . Essas m a n i f e s t a ç õ e s e x p r e s s a m a f o r m a p o s s í v e l q u e o s u j e i t o e n c o n t r a p a r a se representar, m e s m o q u e através de u m t r o p e ç o . N a c o n s t r u ç ã o de u m t r o p e ç o t a m b é m r e p o u s a m significantes p r o d u z i n d o u m sentido (inconsciente), aparentemente " s e m - s e n t i d o " consciente. Há u m a l ó g i c a nessa c o n s t r u ç ã o , a l ó g i c a d o s i g n i f i c a n t e , a l ó g i c a d o i n c o n s c i e n t e . V i s t o dessa m a n e i r a , h á aí u m " a p r e n d e r " ( i n c o n s c i e n t e ) , d o " n ã o a p r e n d e r " c o n s c i e n t e . E aí é q u e se s i t u a m as vicissitudes d o c o n h e c e r . . . q u e não s e g u e m u m a linearidade e v o lutiva e padronizável. E, q u e s u r p r e e n d e m educadores e p s i c o p e dagogos presos a u m a linearidade evolutiva, padronizada e n o r m a tiva... P o i s , os s e n t i d o s a r t i c u l a d o s n a c a d e i a d e s i g n i f i c a n t e s n ã o se e x p r e s s a m n e c e s s a r i a m e n t e d e f o r m a p a d r o n i z á v e l . A p r o d u ç ã o d o s e n t i d o se dá i n c l u s i v e n o s t r o p e ç o s da a p r e n d i z a g e m , c o n t e n d o u m a m e n s a g e m cifrada q u e r e q u e r d e c i f r a m e n t o p e l a via d o a c o m p a n h a m e n t o da e s c u t a . . . P o r q u e a l g u é m p r e f e r e falar d e " t e r r a " n a s o c i o l o g i a e n ã o n a g e o l o g i a , se a m b a s e s t ã o à d i s p o s i ç ã o d o s u j e i t o n a c u l t u r a ? P o s s i v e l m e n t e p o r q u e este s u j e i t o s e n t e - s e m a i s r e p r e s e n t a d o f a l a n d o d e " t e r r a " n a s o c i o l o g i a . . . E m e s m o aí, " t e r r a " t e m u m a s i g n i f i c a ç ã o p a r t i c u l a r p a r a c a d a s u j e i t o . . . , p o i s aí r e p o u s a m s i g n i ficantes i n c o n s c i e n t e s da s i n g u l a r i d a d e d o d e s e j o . Isto faz c o m q u e a " t e r r a " n a s o c i o l o g i a , p a r a este s u j e i t o , t o r n e - s e o b j e t o d e c o n h e c i m e n t o , o u seja, faz c o m q u e este s u j e i t o se o b j e t i v e , s i m bolize e m algumas produções neste objeto de c o n h e c i m e n t o " t e r r a " seus s i g n i f i c a n t e s i n c o n s c i e n t e s . E s t e p r o c e s s o n o s r e m e t e a o u t r o , q u e diz r e s p e i t o a o p r o c e s so n o q u a l o s u j e i t o se r e p r e s e n t a , r e p r e s e n t a n d o p a r a si os s i g nificados dos objetos de c o n h e c i m e n t o . D i t o de o u t r o m o d o , o q u e faz c o m q u e o s u j e i t o t o m e a l g u n s o b j e t o s da c u l t u r a p a r a seu c o n h e c i m e n t o e n ã o o u t r o s ? O q u e faz c o m q u e a c r i a n ç a a p r e n da c e r t o s c o n c e i t o s e n ã o o u t r o s , d a d o p r i n c i p a l m e n t e q u e ela m a n i f e s t a a p o s s i b i l i d a d e , ( a p a r e n t e - c o n s c i e n t e ) , destas a p r e n d i z a gens? C o m o a c o m p a n h a r esta e s t r u t u r a ç ã o ? V a m o s fazer u m p e r c u r s o q u e n o s p a r e c e p o s s í v e l , t o m a n d o c o m o base o E s t á d i o d o E s p e l h o p r o p o s t o p o r L a c a n . A t r a v é s d e s t e , p o d e m o s s a b e r q u e a c r i a n ç a se e s t r u t u r a n o d e s e j o d o o u t r o (mãe). Assim, a direção q u e a criança p e r c o r r e para c o n h e c e r é aquela indicada pelo desejo, (inconsciente), d o o u t r o que a c o n s t i t u i , n a p o s i ç ã o e m q u e está i n s c r i t a e m r e l a ç ã o a esse d e s e joEssa r e l a ç ã o é i m p o r t a n t e p o r q u e c o n s t i t u i a c r i a n ç a n e s s e d e s e j o da m ã e , t o r n a n d o - a i n v e s t i d a d e d e s e j o (da m ã e ) , i n v e s t i d a d o s s i g n i f i c a d o s d a d o s p e l a m ã e q u e s u p o r t a m os s i g n i f i c a n t e s q u e n e l a se i n s c r e v e m . A c r i a n ç a assim i n v e s t i d a vai d e s e j a r o o b j e t o de d e s e j o da m ã e , e a p r ó p r i a m ã e c o m o seu objeto, p o r q u e está i d e n t i f i c a d a c o m a m ã e , s u s t e n t a n d o - s e nos signific a n t e s q u e esta l h e o f e r e c e e s i g nifica. E p o r isso q u e os o b j e t o s d o d e s e j o , e a q u i p o d e r í a m o s situar, objetos t a m b é m do conhecimento, são possíveis d e a q u i s i ç ã o p a r a a criança, na m e d i d a e m que forem objetos de desejo/conhecimento da m ã e . Isto se c o n s i d e r a r m o s q u e a c r i a n ç a se p o s i c i o n a d e m o d o d i r e t o e m r e l a ç ã o a o d e s e j o da m ã e , o que é u m a simplificação d o m o v i m e n t o . A c r i a n ç a p o d e se p o s i cionar de diferentes m o d o s , p o r exemplo, n e g a n d o o d e s e j o da mãe. D e qualquer maneira a refer ê n c i a p a r a ela c o n s t i t u i r seu d e s e j o é a posição que ocupa em relação ao desejo do o u t r o (mãe). A c r i a n ç a c o m o falo da m ã e está assujeitada a o d e s e j o d o o u t r o mãe, que a estrutura enquanto s e m e l h a n t e a ela. N o f u n d o esta relação é que constitui a o n t o g ê n e s e d a c r i a n ç a ; p o i s , a p o s i ç ã o da criança espelhando-se na i m a g e m d o o u t r o faz c o m q u e ela se r e c o nheça no outro (mãe), como h u m a n o , e ao o u t r o c o m o s e m e lhante h u m a n o . Assim, ao nascer, a c r i a n ç a está e n v o l v i d a n o m u n d o dos significantes, e o sentido inicial p a r a estes s i g n i f i c a n t e s , o u seja, o s u p o r t e i n i c i a l p a r a sua s i g n i f i c a ç ã o , é d a d o p e l o d e s e j o da m ã e a t r a v é s da l i n g u a g e m . A l i n g u a g e m da m ã e r e c o r t a estes s i g n i f i c a n t e s atribuindo-lhes sentido. Nesta armação, o u rede inicial, a criança se e s t r u t u r a n o d e s e j o d o o u t r o , p o r u m a o p e r a ç ã o da função m a t e r n a , estabelecendo u m laço s o c i a l , sua r e l a ç ã o c o m o h u m a n o n o m u n d o h u m a n o , c o m seus semelhantes. A mãe representa para a c r i ança, T U D O . C o m p l e t u d e . N a d a lhe falta q u e a m ã e n ã o p o s s a s u p r i r . N ã o h á n a d a fora da m ã e , a m ã e r e s p o n d e a t o d a s n e c e s s i d a d e s da c r i a n ç a , e n a d a l h e falta. A m ã e assim p o s t a c o n s t i t u i a s u b j e t i v i d a d e da c r i a n ç a . A c r i a n ç a é o falo i m a g i n á r i o d o d e s e j o da m ã e , e esta - a m ã e - é o falo i m a g i n á r i o da criança. Falo c o n s i d e r a d o c o m o a representação construída com base nessa p a r t e a n a t ô m i c a d o c o r p o do h o m e m " (Nasio, 1988). A presença e ausência do falo i n s c r e v e m p s i q u i c a m e n t e as d i f e r e n ç a s s e x u a i s . Q u a n d o a m ã e se a p r e s e n t a c o m o falo da c r i a n ç a e esta c o m o falo da m ã e , as d i f e r e n ç a s s e x u a i s se a n u l a m p o r q u e n e n h u m a delas d e i x a d e t e r o falo. A m b a s , u m a através da o u t r a , t ê m o falo; o q u e as e n v o l v e n u m a r e l a ç ã o de c o m p l e t u d e , de totalidade, u m a v e z q u e n a d a l h e s falta. E n t ã o a q u i n ã o h á falta. T e r o falo a s s u m e o s e n t i d o d e q u e n ã o h á falta, o u p e r d a , p o i s u m se c o m p l e m e n t a n o o u t r o c o m o se f o s s e m o m e s m o ; segundo u m a i m a g e m espelhada. E está aí o s e n t i d o d o i m a g i n á r i o , d a d o q u e as r e l a ç õ e s a c o n t e c e m aqui pelo espelhamento de u m n o o u t r o , p e l a via das i m a g e n s . O CONHECIMENTO COMO (RE) CONSTRUÇÃO NA METÁFORA PATERNA Mas algo a c o n t e c e q u e i m p e d e q u e esta m ã e seja t u d o p a r a a c r i ança...; - a castração materna, s e g u n d o Freud, e p o r t a n t o a castração na criança. A o v i v e n c i a r a s i t u a ç ã o e d i p i a n a e a c a s t r a ç ã o , a r e l a ç ã o da c r i a n ç a c o m a m ã e sofre u m c o r t e , a u n i d a d e e n t r e m ã e e filho se r o m p e . A c r i a n ç a d e i x a d e ser o falo da m ã e e a m ã e d e i x a d e t e r n a c r i a n ç a seu falo. E i n t r o d u z i d a a FALTA, A P E R D A . E s t e c o r t e a c o n t e c e p e l a i n t e r v e n ç ã o da f u n ç ã o p a t e r n a q u e i n t e r d i t a o i n c e s to, o i n v e s t i m e n t o p u l s i o n a l e x c l u s i v o d e u m p a r a o u t r o . A c a s t r a ç ã o e n t r a n o d e s e j o fálico da m ã e q u a n d o seu d e s e j o é s u b m e t i d o a a l g o q u e l h e é e x t e r i o r , q u e n ã o d e p e n d e dela; q u a n d o , a o falar, esta m ã e se r e m e t e a u m O u t r o a l é m d e l a , a o q u a l p o d e referir seu discurso - ao O u t r o , à l i n g u a g e m . Para discursar, a m ã e r e m e t e - s e às leis d a g r a m á t i c a , q u e i n d e p e n d e m d e l a , p e r t e n c e m a o c ó d i g o da l i n g u a g e m a q u e ela está s u b m e t i d a e q u e está o r d e n a d o n o s e n t i d o d e a t r i b u i r u m l u g a r , o d e m ã e . O l u g a r m ã e é p o s s í v e l se r e m e t i d o a u m O u t r o l u g a r - o d e P a i , q u e n ã o é o d e l a . Se ela n ã o é o p a i , e p a r a ser m ã e r e m e t e - s e a o p a i , a u m O u t r o q u e n ã o é ela, h á u m O u t r o q u e l h e falta. Fica e n t ã o i n t r o d u z i d a n e l a - m ã e - a F A L T A , o u seja a q u i l o q u e ela n ã o é, p a r a p o d e r falar d a q u i l o q u e é. A s s i m se i n t r o d u z a c a s t r a ç ã o m a t e r n a . E m N o m e d o Pai é q u e ela se d i z m ã e , r e f e r i n d o - s e a u m a L e i q u e ela r e c o n h e c e , p a r a falar q u e m é o p a i , r e c o n h e c e n d o o p a i d e seu filho e c o m i s t o a filiação. N a m e d i d a e m q u e o p a i é r e c o n h e c i d o , o filho está p o s i c i o n a d o d i a n t e d e l e , e n ã o m a i s e x c l u s i v a m e n t e p o s i c i o n a d o d i a n t e da m ã e . A c a s t r a ç ã o fica assim i n t r o d u z i d a . O N O M E d o Pai é a L e i p o r q u e ele i n t r o d u z , d e f o r a d a u n i d a d e m ã e - c r i a n ç a , UM s e n t i d o n o q u a l m ã e e c r i a n ç a p o d e m se diferenciar o c u p a n d o os l u g a r e s d a d o s p e l a c u l t u r a c o m o d e m ã e e d e filho, d e i x a n d o a m b o s d e ser o m e s m o , o u d e i x a n d o a v i v ê n cia i n c e s t u o s a da p u l s ã o q u e b u s c a o p r a z e r i n d i s c r i m i n a d a m e n t e . E i n t r o d u z i d a c o m a L e i d o Pai u m a d i s c r i m i n a ç ã o - o u s e j a , u m s e n t i d o , e para tanto, a indiscriminação é barrada. Nesse sent i d o o N o m e d o Pai é S i m b ó l i c o , p o i s o s e n t i d o é a l g o q u e r o m p e c o m a natureza, que barra a mãe c o m o "natureza", que pode tudo, f a z e n d o s e n t i d o n a c u l t u r a , n a i n s t i t u i ç ã o d o s l a ç o s sociais, d o s l a ç o s q u e i n s t i t u e m o p a r e n t e s c o , o u seja, a p r ó p r i a c u l t u r a . E m N o m e d o P a i , a m ã e d e i x a d e ser T U D O p a r a a c r i a n ç a , a l g o l h e falta, d e m o d o q u e ela b u s c a n o O U T R O , o u seja, n a c u l t u r a . E e m ú l t i m a análise a F u n ç ã o P a t e r n a é S i m b ó l i c a p o r q u e o p a i só t e m l u g a r n a c u l t u r a , q u a n d o a m ã e o n o m e i a . D i f e r e n t e m e n t e da m ã e q u e c a r r e g a a c r i a n ç a e m seu ú t e r o , o u seja, n a sua n a t u r e z a . C o m a lei d e i n t e r d i ç ã o d o i n c e s t o , a c r i a n ç a p e r d e seu falo, é c a s t r a d a d e l e ( m ã e ) . E s t a p e r d a , esta a u s ê n c i a , d e i x a u m v a z i o q u e p r o m o v e o d e s e j o . . . d e a l g o . . . q u e v e n h a a o c u p a r esse l u g a r , o u seja, a s u b s t i t u i ç ã o d o d e s e j o da m ã e p e l o N o m e d o P a i . A i n t e r d i ç ã o d a m ã e - f a l o , e n q u a n t o o b j e t o d e d e s e j o da c r i a n ç a , instala o v a z i o e p r o m o v e o d e s e j o q u e faz a c r i a n ç a b u s c a r o o b j e t o d e s e u d e s e j o e m o u t r o l u g a r , ( n o O u t r o ) , d i s t a n t e da m ã e , fora d e s t a v i v ê n c i a " n a t u r a l " d e satisfação i m e d i a t a . A q u i se i n t r o d u z a M e t á f o r a P a t e r n a . A M e t á f o r a , c o m o f i g u ra d e l i n g u a g e m , c o n f i g u r a a p o s s i b i l i d a d e d e s u b s t i t u i r u m s e n t i d o p o r o u t r o , p r o d u z i n d o assim u m s e n t i d o a m a i s . A M E T Á F O R A P A T E R N A é a operação de substituição, n o c ó d i g o , d o d e s e j o da m ã e p e l o N o m e d o P a i , p r o d u z i n d o a s i g n i f i c a ç ã o fálica ( L a c a n , 1 9 5 7 - 1 9 5 8 ) . A M e t á f o r a P a t e r n a , i n s c r e v e o s i g n i f i c a n t e falo c o m o s i g n i f i c a n t e da falta, da c a s t r a ç ã o . A s s i m a M e t á f o r a P a t e r n a p o s s i b i l i t a a o s i g n i f i c a n t e falo, - da falta, a s s u m i r o u t r a s s i g n i f i c a ç õ e s n o c a m p o s i m b ó l i c o (do O u t r o ) , p o r o p e r a r s u b s t i t u i ç õ e s e m N o m e d o Pai, isto é, q u e o N o m e d o Pai p o d e o c u p a r . O o b j e t o d e d e s e j o da m ã e - a c r i a n ç a c o m o seu falo, s e n d o b a r r a d o e m N o m e d o P a i , m a r c a n d o a falta, i n t r o d u z o s i g n i f i c a n t e falo c o m o falta, q u e assim p o d e ser s u b s t i t u í d o p o r o u t r o s o b j e t o s (da c u l t u r a , d o O u t r o ) , q u e r e p r e s e n t e m a falta (a c a s t r a ç ã o ) . O O b j e t o d e d e s e j o da m ã e , i n t e r d i t a d o e m N o m e d o P a i , passa a ser s u b s t i t u í d o e r e p r e s e n t a d o p o r u m s e n t i d o , ( d o O u t r o ) , a t r a v é s da M e t á f o r a Paterna que o c u p a o lugar do N o m e d o Pai. N o c a m p o da p a l a v r a , i n ú m e r a s são as s i g n i f i c a ç õ e s p o s s í v e i s . Se t o d a s são p o s s í v e i s , c o m o fica nossa c o m p r e e n s ã o ? F i c a r i a impossível. Através da Metáfora P a t e r n a , a inscrição incessante d o s i g n i f i c a n t e , o u seja, das i n ú m e r a s e v a r i a d a s p o s s i b i l i d a d e s d e s i g n i f i c a ç ã o q u e se c r u z a m , p o d e r e p o u s a r sua m a t e r i a l i d a d e s o b r e u m s e n t i d o - S I . Este sentido articula a cadeia de significantes, S I — S 2 — S 3 — - ; gerando o discurso articulado e compreensível, p o r q u e referido a u m a Lei q u e o organiza. H á aqui u m p o n t o de consenso, senão haveria delírio c o m u m . N e s t e p o n t o de consenso q u e a Lei i n s t a u r a se p r o d u z o l a ç o s o c i a l . Esta p a s s a g e m p e l a c a s t r a ç ã o p e r m i t e q u e os s i g n i f i c a n t e s p o s s a m d e s l o c a r - s e e deslizar, p r o d u z i n d o r e p r e s e n t a ç õ e s s i m b ó l i c a s , I N S C R I Ç Õ E S N O S I M B Ó L I C O , ( q u e n ã o são o falo, p o i s este está interditado, mas q u e o r e p r e s e n t e m ) , marcadas pela diferença entre os s e x o s , q u e i n s c r e v e n a c u l t u r a h o m e m e m u l h e r . A r e p r e s e n t a ç ã o s i m b ó l i c a , dessa m a n e i r a , ressignifica a p e r d a d o falo ( m ã e ) , r e c o n s t r u i n d o - a n o s o b j e t o s da c u l t u r a , c u j o acesso é p e r m i t i d o à c r i a n ç a . A o m e s m o t e m p o essa r e - c o n s t r u ç ã o é s o b r e u m S a b e r ( i n c o n s c i e n t e ) da s e x u a l i d a d e , r e c a l c a d o d i a n t e da c a s t r a ç ã o , c u j o c o n h e c i m e n t o busca de m o d o deslocado re-constituir. P o r é m , s a b e m o s da m e s m a f o r m a q u e n ã o só o real t o r n a - s e e n i g m á t i c o c o n f o r m e a posição subjetiva e m relação ao desejo do O u t r o , m a s q u e os p r ó p r i o s r o d e i o s d a d o s p e l a c r i a n ç a n a sua empresa de (re)construir u m C o n h e c i m e n t o sobre a diferença e n c o n t r a m - s e e m f u n ç ã o das v i c i s s i t u d e s q u e a m u d a n ç a d e p o s i ç ã o i m p l i c a e m si m e s m a q u e , aliás, são as vicissitudes não padronizáveis do Edipo. Nesse sentido, cabe dizer que a (re)construção do c o n h e c i m e n t o inerente à diferença sexual entretece-se ou entrelaça-se c o m a l o g i c i d a d e sui generis q u e t o m a c o n t a d o p r o c e s s a m e n t o d o Saber, q u e c o n d u z o sujeito a q u e rer e a não q u e r e r saber sobre o d e s e j o , irá e s t r u t u r a n d o esse p r o cesso e p i s t ê m i c o (re)construtivo (Lajonquière, 1993). A c o n t e c e a t r a v é s da M e t á f o r a Paterna uma re-construção do o b j e t o o r i g i n a l d o desejo, (falom ã e ) , agora i m p e d i d o . O signific a n t e falo r e q u e r s i g n i f i c a d o s q u e m a n t e n h a m o desejo n u m plano s e p a r a d o da m ã e , e assim a e s t r u t u ração deste sujeito n ã o mais alien a d o n o desejo do o u t r o - m ã e . O falo c o m o s i g n i f i c a n t e da falta p e r mite permutação c o m outros objetos... que o signifiquem como Metáfora Paterna; pois é u m significante q u e r e q u e r significados. A o f a l a r m o s e n t ã o das t r o c a s s i m b ó l i c a s d o s i g n i f i c a n t e falo, e s t a m o s n o s referindo, portanto ao Falo S i m b ó l i c o . L a c a n diz n o S e m i n á r i o s o b r e " O D e s e j o e sua I n t e r p r e tação": O falo t e m u m a f u n ç ã o , d e equivalência na relação c o m o objeto: é na p r o p o r ç ã o de u m a c e r t a r e n ú n c i a d o falo q u e o s u j e i t o e n t r a e m p o s s e da p l u r a l i d a d e d e objetos que caracteriza o m u n d o h u m a n o . (Lacan, 1 9 5 8 - 1 9 5 9 ) . A o transitar n o m u n d o dos objetos humanos, da cultura, ( O u t r o ) , o sujeito p o d e reconstruir significados para a p e r d a do objeto i m a g i n á r i o do desejo, (mãe), e m o b j e t o s q u e p a r a ele r e - s i g n i f i q u e m seu d e s e j o . O q u e e q ü i v a l e a d i z e r q u e n e s t e m o m e n t o ele p o d e c o n s t i t u i r - s e c o m o s u j e i t o d o seu d e s e j o , d e i x a n d o d e se c o n s t i t u i r no d e s e j o da m ã e - o u t r o , a l i e n a d o d e si mesmo. Desse m o d o , a constituição d o s u j e i t o , e n q u a n t o s u j e i t o d o seu d e s e j o , tarefa p a r a a v i d a t o d a , vai se c o n s t i t u i n d o n o s furos q u e p u d e r e m ser feitos n a i m a g e m d o o u t r o , n o s furos q u e o s i m b ó l i c o p u d e r fazer n o i m a g i n á r i o , n o falo i m a g i n á r i o . E n e s t e s furos, a t r o c a p o s s í v e l é c o m os o b j e t o s c o n s t r u í dos pela cultura, significados pela c u l t u r a , e d i s p o s t o s a ser r e c o n s truídos pelo sujeito p r o d u z i n d o u m c o n h e c i m e n t o p o r o n d e este s u j e i t o r e - c o n s t r ó i seu d e s e j o . Q u e m possibilita c o n s t r u ç ã o de conhecimentos é portanto a Metáfora Paterna. Cada conhecimento construído é conhecimento q u e o c u p a u m lugar na metáfora p a t e r n a , na qual o sujeito r e p r e s e n ta seu d e s e j o . D e s s e m o d o , o c o nhecimento é representação c o n c e i t u a i e o p e r a t i v a da " r e a l i d a d e " na m e d i d a e m q u e o sujeito r e p r e s e n t a n e l e seu d e s e j o r e s s i g n i f i c a d o na Metáfora Paterna. E nesse s e n t i d o q u e o S u j e i t o E p i s t ê m i c o está s u b o r d i n a d o ao Sujeito d o Desejo. E n e s s e s e n t i d o t a m b é m q u e esse percurso não é natural, contínuo e evolutivo, c o m o u m "desenvolvim e n t o " . Ele é constituído no disc u r s o d o s laços sociais t e n d o a c a s tração c o m o mecanismo operador, q u e i n t r o d u z a falta, p e r m i t i n d o a m o n t a g e m de u m a armação significante m í n i m a q u e articula desejo e lei. CONHECIMENTO COMO MOVIMENTO DA INTELIGÊNCIA ARTICULADO PELO MOVIMENTO DO DESEJO A re-construção deste c o n h e c i m e n t o é p l e n a d e idas e v i n d a s , d e p e n d e da p o s i ç ã o d o s u j e i t o d i a n t e da c a s t r a ç ã o , q u e é d e s c o n t í n u a e i m p r e v i s í v e l . A r e - c o n s t r u ç ã o passa p o r v i c i s s i t u d e s d e r u p turas, descontinuidades e desconstruções na medida e m q u e a i n s c r i ç ã o n o s i m b ó l i c o o p e r a furos n a i m a g e m d o o u t r o , n o i m a ginário d o desejo o u n o objeto d o desejo idealizado. O vazio d e i x a d o pela castração q u e institui o desejo é revisitado i n ú m e r a s v e z e s ; t o d a s as v e z e s q u e o s u j e i t o se r e e n c o n t r a c o m a p e r d a . O falo c o m o s i g n i f i c a n t e da falta é assim r e s s i g n i f i c a d o m u i t a s v e z e s e n t r e idas e v i n d a s . A M e t á f o r a P a t e r n a c o m o s u p o r t e d o s i g n i f i c a n t e p a t e r n o (da falta) p e r m i t e assim c o n s t r u ç õ e s e r e c o n s t r u ç õ e s n a a v e n t u r a d o s u j e i t o p a r a r e p r e s e n t a r a t r a v é s d e l a o seu d e s e j o . M a i s u m a v e z constatamos o r o m p i m e n t o c o m u m processo linear e padronizável d e e v o l u ç ã o p s í q u i c a , o u da i n t e l i g ê n c i a . O p e r c u r s o d o sujeito c o n s t i t u i n d o - s e c o m o sujeito d o desej o na metáfora paterna, m o v i m e n t a n d o - s e pela inscrição incessante d o s i g n i f i c a n t e da falta, n ã o i n c l u i c o m p l e t u d e . E o p e r c u r s o da v i d a h u m a n a e suas v i c i s s i t u d e s r e i n s c r e v e n d o - s e n o s i m b ó l i c o . D e s s e m o d o o c o n h e c i m e n t o vai s e n d o r e c o n s t r u í d o c o m o i n s c r i ç ã o n o s i m b ó l i c o f u r a n d o as i d e a l i z a ç õ e s ( e s p e l h a m e n t o s ) d o i m a g i n á r i o e p e r m i t i n d o o s u j e i t o d e s l i z a r n o s s i g n i f i c a n t e s d e seu d e s e j o , i n s c r e v e n d o - o s n o s i m b ó l i c o da p a l a v r a e nas p o s s i b i l i d a d e s d e s i g n i f i c a ç ã o q u e esta c o m p o r t a c o m o f e r t i l i d a d e da c r i a ç ã o h u m a n a ; mas c o n v i v e n d o a t o d o m o m e n t o c o m o fantasma d o imaginário. N e s t e percurso o sujeito e n c o n t r a suporte n o simbólic o da M e t á f o r a P a t e r n a a v e n t u r a n d o - s e nas v i c i s s i t u d e s da d e s c o n tinuidade e i m p r e v i s i b i l i d a d e e m busca de t o r n a r - s e sujeito de seu d e s e j o . P o r sua v e z , o m o v i m e n t o da i n t e l i g ê n c i a n a r e c o n s t r u ç ã o d o c o n h e c i m e n t o está i n s c r i t o nas p o s s i b i l i d a d e s m a r c a d a s p e l a p o s i ç ã o d o s u j e i t o d i a n t e da c a s t r a ç ã o . A m a n e i r a c o m o o s u j e i t o p o d e se i n s c r e v e r n o s i m b ó l i c o e significar seu d e s e j o n a M e t á f o r a P a t e r n a e x p r e s s a a m o d a l i d a d e e m q u e ele p o d e r e - c o n s t r u i r o c o n h e c i m e n t o s o b r e o S a b e r da s e x u a l i d a d e r e c a l c a d a . D i t o d e o u t r o m o d o , a m o d a l i d a d e d e acesso d o s u j e i t o a o c o n h e c i m e n t o está l i g a d a à sua p o s i ç ã o d i a n t e da c a s t r a ç ã o . C o n f o r m e sua p o s i ç ã o são p o s s í v e i s c o n s t r u ç õ e s c o m o a s u b l i m a ç ã o o u c o n s t r u ç õ e s c o m o os s i n t o m a s . O a p r e n d e r , e n q u a n t o a q u i s i ç ã o d e c o n h e c i m e n t o s , a c o m p a n h a esta m o d a l i d a d e . Esse p e r c u r s o é o p e r c u r s o d o s i g nificante n o qual a a p r e n d i z a g e m está inscrita, articulando o desejo do sujeito a u m objeto que p o r r e a p r e s e n t a r o objeto do d e s e j o ( r e c a l c a d o ) , p o d e ser r e s s i g n i f i c a d o e r e c o n s t r u í d o c o m o objeto de c o n h e c i m e n t o , i n c r e v e n d o n o simbólico o sujeito do desejo. A c o m p l e x i d a d e das a ç õ e s n ã o r e s p o n d e a u m a l ó g i c a m a t u r a tiva, m a s s i m à t e n t a t i v a da c r i a n ç a d e usar, d i s p o r d o s i g n i f i c a n t e q u e o O u t r o e x e r c e (Jerusalinsky, 1988). Aqui reescrevemos a c o n c e p ç ã o de Piaget p o r outros re- • g i s t r o s , e c e r t a m e n t e s a i m o s da t e o r i a d e P i a g e t n o strictu sensu. Nesse sentido, a inteligência formal opera maior flexibilidade de p e n s a m e n t o p e l a via c o n c e i t u a i , m o v i m e n t a n d o - s e e n t r e s i s t e m a s de conceitos, p r o d u z i n d o deslocamentos e transformações intercambiáveis dentro de u m processo que n ã o é e q u i l i b r a n t e , mas s i m i m p r e v i s í v e l e n ã o p a d r o n i z á v e l , u m a v e z q u e está a n c o r a d a n o m o v i m e n t o d o d e s e j o , o u seja, n u m m o v i m e n t o q u e n ã o é d e l a m a s d e O u t r o ( i n c o n s c i e n t e ) q u e a s u s t e n t a . E sua o p e r a t i v i d a d e p o d e ser e x e r c i d a n a p r o p o r ç ã o e m q u e a f u n ç ã o p a t e r n a , q u e o p e r a a c a s t r a ç ã o , p r o m o v e r , p e l a via d o s i g n i f i c a n t e p a t e r n o , os furos n a i m a g e m d o outro. O objeto de c o n h e c i m e n t o é então escavado e e x t r a í d o n o b u r a c o da a u s ê n c i a q u e p r o m o v e o d e s e j o . . . c o m o o b j e t o causa d e d e s e j o ( o b j e t o a); e p o r isso é o b j e t o t a m b é m d o c o n h e c i m e n t o . E , d a d o q u e é n a falta, n a c a r ê n c i a q u e o d e s e j o se i n s t i t u i , e n ã o n o l u g a r o c u p a d o p e l a coisa, o s u j e i t o e p i s t ê m i c o sofre c o n t i n u a m e n t e d e u m a i m p o s s i b i l i d a d e ; da falta, d a a u s ê n c i a . D a d o que o R e a l , o Imaginário e o Simbólico, lugares p o r o n d e desliza o s i g n i f i c a n t e , e s t ã o e n t r e l a ç a d o s , a c o n s t r u ç ã o d o c o n h e c i m e n t o e n q u a n t o s i g n i f i c a ç ã o está s e m p r e e n t r e l a ç a d a n e s t e s r e g i s t r o s . . . Q u e r d i z e r q u e os c o n h e c i m e n t o s c o n s t r u í d o s são s i g n i f i c a ç õ e s d e n t r o das i n ú m e r a s possíveis d e se i n s c r e v e r e m ; p o r t a n t o s e m c o m p l e t u d e , u m a v e z q u e p a r a ser c o n s t r u í d o u m s e n t i d o , o u o o b j e t o d o d e s e j o c o m o " u m " , algo ( d o O u t r o ) s e m p r e vai l h e faltar... A PORTA ESTÁ ABERTA.... O q u e isto significa? Significa s o b r e t u d o p a r a o " p s i c o p e d a g o g o " , p a r a os e d u c a d o r e s , e p a r a a q u e l e s q u e t r a b a l h a m c o m a p r o d u ç ã o e a t r a n s m i s s ã o d o c o n h e c i m e n t o - seja lá c o m o q u e i r a m se r o t u l a r - , u m a a b e r t u r a d e p o s s i b i l i d a d e s p a r a penetrar no m o v i m e n t o d o d e s e j o e a c o m p a n h a r c o m o este s u s t e n t a e d i r e c i o n a o m o v i m e n t o da i n t e l i g ê n c i a , b e m c o m o as p e r p l e x i d a d e s q u e este suscita. P o d e m o s n o s u t i l i z a r da o b r a p i a g e t i a n a n a q u i l o e m q u e ela n o s r e m e t e a o p r o c e s s o e s p e c í f i c o d e f u n c i o n a m e n t o da i n t e l i g ê n c i a . N o e n t a n t o esta p o s i ç ã o n o s c o n d u z t a m b é m a n ã o p e r m a n e c e r m o s n o s l i m i t e s da p s i c o l o g i a c o g n i t i v i s t a ; n o s l i m i t e s da c o n s t r u ç ã o e p i s t ê m i c a d o s u j e i t o , u m a vez q u e o s u j e i t o n ã o se e x p l i c a n e m se d e f i n e r e s t r i t i v a m e n t e c o m o s u j e i t o e p i s t e m o l ó g i co, e n e m pela dupla famosa e interativa entre cognição e afetividade, q u e r e p r o d u z o dualismo cartesiano entre m e n t e e c o r p o na modernidade. O s u j e i t o é o s u j e i t o d o d e s e j o . . . c o m t o d a s as suas d i f i c u l dades, complicações.., e magníficas e descontínuas criações! E não adiantaria, c o m o historicamente não adiantou, q u e r e r m o s simpli- ficar as confusões ou as "esquisitices" q u e o sujeito expressa, b u s c a n d o e n q u a d r á - l o num m o d e l o que o simplifique c o m o o f i z e r a m os f u n c i o n a l i s t a s e b e h a v i o r i s t a s , cuja h e r a n ç a p e r m a n e c e até hoje na razão t é c n i c a q u e absorve e pasteuriza concepções m a i s sofisticadas s o b r e o s u j e i t o . A c r e d i t o q u e seria m a i s i n t e ressante a c o m p a n h a r o m o v i m e n t o difícil e c o m p l i c a d o , c a p r i c h o s o e imprevisível, do desejo... N o e n t a n t o , as r a z õ e s t é c n i c a s das m e t o d o l o g i a s ditas d o e n s i n o p o d e m m e p e r g u n t a r , - c o m o se faz isto ? O u , q u a l a m e t o d o l o g i a ? ! Sinto desapontá-las, mas não existe... A c o m p a n h a r o desejo é p o d e r escutá-lo... E não há c o m o escutar o desejo d o o u t r o sem que p o s samos escutar o nosso desejo... Aí é q u e está a q u e s t ã o ! E s c u t a r o d e s e j o é e s c u t a r seu i n c o n s c i e n t e n o s t r o p e ç o s e atos f a l h o s , n o s v a r i a d o s s e n t i d o s das variadas construções... Escuta o d e s e j o q u e m se i m p o r t a e m a c o m panhar a mensagem contida no d e s v i o da n o r m a t i z a ç ã o . . . e s ó . . . Assinalamos u m c a m i n h o o n de buscamos a produção de novos c o n h e c i m e n t o s deslocados da razão t é c n i c a n a q u a l a p s i c o l o g i a se instalou e estagnou levando para a e s t a g n a ç ã o da r e p e t i ç ã o a t e o r i a p e d a g ó g i c a e o processo e d u c a c i o n a l . N e s t a busca de novos c o n h e c i m e n t o s utilizamos de c o n c e i t o s d e c a m p o s específicos. N ã o se t r a t a d e u m n o v o sonho dourado, u m a nova idealização, ou u m n o v o m o d i s m o . E, m u i t o m e n o s u m a justaposição de campos, ou de u m a interdisciplin a r i d a d e ao gosto dos ecléticos. Trata-se de utilizar conceitos que p e r m a n e c e r a m fechados e m • seus c a m p o s e p o d e m ser r e c o r t a dos e reconstruídos à m e d i d a q u e forem colocados num outro c a m p o , o n d e sua força e v i t a l i d a d e , reestudadas e pesquisadas, p o d e m ser f e r t i l i z a d a s p r o d u z i n d o a r t i c u l a ç õ e s j á feitas e m seus c a m p o s de o r i g e m , e q u e p o d e m ser refeitas e r e v i g o r a d a s n e s t e o u t r o c a m p o através de u m a r e c o n s trução, ou de u m a reinscrição, ampliando o próprio repertório conceituai do c a m p o de o r i g e m . Nesse processo o eixo é u m a epistemologia da descontinuidade, o n d e a continuidade de u m c a m po, de u m a teoria, é r o m p i d a na interlocução com outro campo ou t e o r i a , o p e r a n d o aí o r e c o r t e q u a n do ambos olham para a mesma t e m á t i c a q u e os c h a m o u p a r a o d i á l o g o . Esta d e s c o n t i n u i d a d e q u e a interlocução introduz marca a possibilidade de u m percurso a n tipositivista c o m grandes chances d e r o m p e r a r a z ã o t é c n i c a e seu projeto normatizador. A q u i o r e c o r t e trata da c o n s t r u ç ã o da p s i c o p e d a g o g i a n o seio d e sua p r á x i s c l í n i c a , q u e p o r ser clínica n o sentido de a c o m p a n h a r o p e r c u r s o p a r t i c u l a r d o d e s e j o , se constitui c o m o escuta do desejo de Saber (inconsciente) do sujeito, q u e se e x p r e s s a e m seu e s t i l o d e C o n h e c e r (consciente), inscrito nas v i c i s s i t u d e s d o a p r e n d e r , p o r tanto não padronizáveis. • REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • BERGÈS,J.A. O corpo e o olhar do outro. Porto Alegre, Cooperativa Jacques Lacan, 1988. • B E R G È S , J.A. A instância da letra na apren- dizagem. Boletim da Associação de Porto Alegre, n.6, 1991. • B E R G È S . J . A . - B - . In: E s c r i t o s da C r i a n ç a . Porto Alegre, Centro Lydia Coriat, 1988. ano 2, n.2. 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NOTAS 1 C o l o c a m o s r e a l i d a d e e n t r e aspas, para l e m - brar que pelo significante, referindo realidade e à realidade é aquela que em não representada estamos si, p o i s r a m o s q u e esta é i n a c e s s í v e l nos conside-