Projeto: Cidadão em Rede: De Consumidor a Produtor de Informação sobre o Território
Convênio de Cooperação Tecnológica Prodeb/UFBA
Período: jul 2011/jan 2013
Título: Imagem da Cidade
Fonte: FERRARA, Lucrécia D’Aléssio. A cidade como modo de vida para além da imagem.
Cultura e consumo: estilos de vida na contemporaneidade. BUENO, Maria Lucia;
CAMARGO, Luiz Octávio de Lima (orgs.) São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2008. p.
259-272.
Nas características da imagem da cidade, escreve-se uma história da imagem na cultura ocidental.
Ver a cidade é ler a cultura. Um vínculo comunicativo se constrói entre a imagem e o modo de vida
construído por meio dela.
A imagem de um espaço absoluto
A cidade renascentista é a primeira noção da imagem da cidade que temos, não como vida mas
como espaço abstrato de um sistema de ordem de sintaxe linear. Coerência matemática e
geométrica. Ordem do universo. Dominar o espaço e tempo equivalia a dominar o mundo.
um público confinado nos limites de um raio capaz de conduzir objetivamente a visão do
ponto de vista ao ponto de fuga e, com equilíbrio e exatidão, fazer coincidir as visões do
pintor e do receptor, um ponto de vista ordenador do mundo na medida do homem,
centro do universo. (p. 261)
Confunde-se sujeito e objeto, a representação do espaço e o modo como deve ser pensado,
valorizado e vivido pelo homem.
A perspectiva fornecia uma janela que ordenava a visão e lhe dava objetividade linear – imagem a
priori da cidade; coesão entre signo e intenção fazendo coincidir todas as percepções; artista
como emissor. Uma cultura definida pela busca de unificação política, social, econômica, territorial
e científica. Espaço racional e antropocêntrico que veio a ser perturbado no século XIX com a
fotografia, que fixa a luz num suporte de registro técnico.
A cor, a luz e a sombra produziam uma imagem “mais sugerida que exata, mais fantástica que
absoluta, mais perceptível que pensada” (p. 263). Sobretudo mais conotativa que denotativa, a
imagem “assume a sugestão como hesitação entre cor, luz e sombra” (id).
Com a fotografia a imagem não expressa mais um conceito de espaço mas acredita mimetizar a
cidade; mais representação de valores do que reprodução técnica da realidade.
A imagem de um espaço técnico
A câmera fotográfica, janela-máquina que mimetiza a cidade, mantém a hegemonia da visão do
sujeito. O caráter expressivo caminha do código geométrico para o tecnológico. Só posteriormente
assume sua dimensão verdadeiramente representativa: afastando-se da sua anterior característica
expressiva, procura mimetizar o objeto; substituindo-o, ocupa seu lugar “exatamente por dele
divergir ou por [...] oferecer novas e inusitadas possibilidades significativas” (p. 264).
Notas técnicas
Maria Célia Furtado Rocha
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Projeto: Cidadão em Rede: De Consumidor a Produtor de Informação sobre o Território
Convênio de Cooperação Tecnológica Prodeb/UFBA
Período: jul 2011/jan 2013
Título: Imagem da Cidade
Fonte: FERRARA, Lucrécia D’Aléssio. A cidade como modo de vida para além da imagem.
Cultura e consumo: estilos de vida na contemporaneidade. BUENO, Maria Lucia;
CAMARGO, Luiz Octávio de Lima (orgs.) São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2008. p.
259-272.
Da imagem da cidade produzida pela perspectiva àquela produzida pela eletrônica,
encontramos a mesma atração mimética, ou seja a mesma tentativa sedutora de
substituir, ponto por ponto, a cidade, de estar em seu lugar, transformar a representação
em realidade e, nessa sedução, viver por meio da imagem. (p. 264-265)
A imagem técnica domina o panorama cultural do século XX, a cidade sendo uma grande matriz
temática. “O espaço da cidade se reduz ao tempo, que fragmenta a realidade congelando uma
parte [...] A cidade é vista e vivida na distância da sua imagem fragmentada” (p. 266).
Há um vínculo seletivo e retórico da imagem representativa da cidade, que ilumina alguns
aspectos. A “luz passa a dominar a lógica perceptiva do espaço” (id).
Fundem-se e confundem-se o objeto e sua representação, naturaliza-se o signo. O caráter de cena
da cidade valoriza a iluminação que “lhe empresta características nebulosas e imaginárias. Esse
caráter é resultado da adesão a um tempo rápido...” (p. 267).
Aqui a imagem representativa da cidade se realiza tecnicamente. “É uma imagem que não
reconhece a identidade da cidade como ação que estimula uma reação” (p. 268).
A imagem de um espaço virtual
Na última década do século XX, a imagem passa a ser mais concebida do que produzida. A imagem
que é informação que só se torna visível pela experiência e pela ação.
Espaço e imagem estão vinculados ao tempo. Para serem entendidos temos de nos referir ao
espaço que vai da dimensão física à dimensão social.
Com as relações mundiais permitidas pela mídia digital, a imagem da cidade é
fragmentada em pequenos pedaços ou índices informativos, que precisam ser acessados
para que a vida na megalópole seja possível. Mais do que nunca, estamos diante da
urbanidade e da maior experiência informacional que já foi dada ao homem. Desse modo,
a imagem que anteriormente tinha importância referencial agora possibilita a interação
entre o homem e seu meio sociocultural. Nesse processo, é possível entender a
informação que orienta a ação e possibilita o amplo diálogo entre o usuário e a cidade...
(p. 269)
“A Internet desenvolve uma integração jamais vista entre pessoas, cidades, territórios, sociedades,
problemas e realidades locais” (p. 269). Uma integração de ações por meio de associação de
capacidades. Com a disseminação de informações é possível semear uma colaboração interativa.
Notas técnicas
Maria Célia Furtado Rocha
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Projeto: Cidadão em Rede: De Consumidor a Produtor de Informação sobre o Território
Convênio de Cooperação Tecnológica Prodeb/UFBA
Período: jul 2011/jan 2013
Título: Imagem da Cidade
Fonte: FERRARA, Lucrécia D’Aléssio. A cidade como modo de vida para além da imagem.
Cultura e consumo: estilos de vida na contemporaneidade. BUENO, Maria Lucia;
CAMARGO, Luiz Octávio de Lima (orgs.) São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2008. p.
259-272.
Conexão comunicativa entre imagem e experiência estimulando e identificando a ação,
promovendo a produção da informação e a escolha entre alternativas como fator da ação. E assim
a imaginação que, segundo Flusser, é “a capacidade de produzir e decifrar imagens”, recupera
dimensões do tempo abstraídas no plano. Transformando-se em imaginário, “metamorfoseia a
imagem, multiplicando-a incessantemente e transformando-a em operação cognitiva, em
informação” (p. 270).
Realidades distintas podem ser acessadas através dessa infoimagem, sugerindo a possibilidade de
outra ação “mais coletiva do que individual” (p. 270).
Na interface informação/ação, a cidade e seu cotidiano precisam ser vistos como um
sistema que se dinamiza pela auto-organização de seus componentes. A cidade e seus
habitantes se constroem e se alteram influenciados por sua cultura e pela realidade
social... (p. 270).
A cidade virtual se atualiza como desafio. A tecnologia “desenvolve as interações e as
sociabilidades entre indivíduos e grupos sociais por meio do acesso à informação e a outras
alternativas de comportamento” (p. 271). Ao invés da visualidade do olhar, a percepção judicativa
que aprende com a imagem.
A conexão digital das cidades globais permite uma alimentação mútua de experiências e aciona o
“processo informativo de escolha entre as alternativas que envolvem a ação e o compromisso
coletivo” (p. 271). “Uma infoimagem que nos leva a viver intensamente a cidade real multiplicada
tecnicamente para que possamos compreender a cidade que podemos criar” (p. 272)
Notas técnicas
Maria Célia Furtado Rocha
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A cidade como modo de vida para além da imagem