A IMAGEM EM SALA DE AULA: UMA PROPOSTA COM A CAPA DE REVISTA Fernanda Couto Guimarães ( PG_UEL) Loredana Limoli (UEL) Palavras Chave: Imagem- Semiótica - Ensino 1. INTRODUÇÃO A imagem desempenha um importante papel na contribuição da leitura crítica nas aulas de Língua Portuguesa, pois dispõe de importantes estratégias para a comunicação de idéias. Kress e Van Leeuwen consideram a linguagem visual uma representação simbólica influenciada por princípios que organizam possibilidades de representação e de significação em uma dada cultura. Ao considerar-se este aspecto, é importante pensar no que está envolvido na sua leitura, como se dá o processo da construção de sentidos, no qual a intencionalidade do autor, a materialidade do texto e as possibilidades de ressignificação do leitor podem estar presentes. Considerando que a imagem ocupa um espaço privilegiado de formação e informação na sociedade atual, compreende-se que cabe ao professor de Língua Portuguesa promover análise com discussão aprofundada sobre os processos de produção, distribuição e recepção da imagem. Tendo em vista que há uma carência deste trabalho nos livros didáticos e que tal metodologia mostra-se relevante para a construção da criticidade dos alunos, já que ao ler/ analisar uma imagem estará exigindo do aluno/ leitor/interlocutor um conhecimento maior dos recursos da Língua Portuguesa, o objetivo deste trabalho é discutir o papel e a importância que a imagem tem ocupado no processo de ensino-aprendizagem e apresentar uma proposta para uso de imagens na sala de aula. Fundamentar-se-á nas contribuições da Semiótica Greimasiana, de origem francesa,. Por meio dela pretende-se identificar marcas lingüísticas e não lingüísticas que revelam o verdadeiro “sentido” a ser reproduzido. Espera-se demonstrar como é possível o uso de imagens, na sala de aula, não apenas como recurso ou apoio didático, mas como uma das linguagens envolvidas no desenvolvimento da postura/ reflexão crítica, a que queremos levar nossos alunos Para isso, selecionamos, dentre as várias possibilidades, uma proposta de trabalho em torno das imagens da capa da revista. A opção por este objeto deu-se por ser um exemplar de informação com grande relevância na formação da opinião pública, por atingir um grande público alvo e por este motivo, acreditar-se que seja um texto imagético de grande familiaridade entre os alunos. 2. DESENVOLVIMENTO 2.1 Leitura É possível traçar, brevemente, uma trajetória da leitura. Da abordagem estruturalista até a discursiva. Inicialmente, ler era decodificar os signos ali presentes, cumprindo meramente a função de destinatário e não considerando os fatores extralingüísticos. “Na década de 70, momento histórico no qual se configurou a crise da leitura...” (KLEIMAN, 1998) entendeu-se que a leitura era um problema da linguagem em interação com outros processos cognitivos e o das características dessa interação ajudaria na resolução dos problemas de leitura em contexto escolar. De acordo com Kleiman, as pesquisas realizadas no período dos anos 80 contribuíram para a construção de generalizações em contexto escolar, cujo olhar se dirigia para os elementos extralingüísticos. Ler envolveria conhecimento prévio, lingüístico textual, enciclopédico ao qual o leitor recorre durante o processo de leitura. Ler seria interar-se com o texto. Então, teve a abordagem discursiva, com a qual Kleiman conclui que a concepção escolar de texto e leitura deva atuar como um elemento cerceador da construção de sentidos. É nesta linha que o leitor sai da situação de um mero receptor e passa a ser interlocutor. Ele não apenas decodifica, não apenas busca sentidos já propostos no texto, como também interage com os discursos presentes nele. Isso significa, baseando-se na teoria da semiótica greimasiana, que a leitura se efetiva quando o sujeito que lê realiza uma atividade de interpretação e consegue desvendar os sentidos produzidos pelo objeto lido. Quando o sujeito consegue não só explicar o que o texto disse, mas explicar como o texto fez para construir o que disse. Os atuais livros didáticos utilizado nas aulas de Língua Portuguesa não, ou quase não, autorizam o aluno a desempenhar esta leitura e sim se configuram como um modelo e como uma leitura autorizada. “Nossas escolas não estão sendo um espaço no qual a leitura seja um meio de criatividade e de prazer, mas sim o espaço no qual a leitura e escrita se associam a tarefa obrigatória e chata. Castradora, inclusive.”( MARTÍN BARBERO 2000). 2.2 Semiótica Greimasiana A Semiótica de Greimas concebe o sentido como um processo gerativo. Nesse processo, a Semiótica define um nível fundamental, pois o sentido é definido pela Semiótica no momento em que os elementos do conteúdo adquirem sentido por meio das relações estabelecidas entre eles. No nível fundamental, busca-se determinar uma rede fundamental de relações. Esta rede é representada pelo quadrado semiótico, o qual sistematiza uma rede de relações de contradição, contrariedade e implicação. Destas relações, tem-se uma resposta complexa gerada pela simultaneidade dos termos afirmados e uma resposta neutra gerada pela simultaneidade de suas negações. Outro nível do percurso gerativo é o narrativo. Aqui é preciso fazer uma distinção entre narração e narratividade. Aquela denomina uma classe de texto, já essa diz respeito as transformações de estado. Logo está presente em todos os textos. Há dois tipos de transformações de estado: o sujeito narrativo em disjunção com o objeto valor ou o sujeito em conjunção com seu objeto valor. Partindo do princípio de que há dois tipos de enunciados de estado, pode-se dizer que existem duas espécies de narrativas: a da privação e a de liquidação. “na primeira, ocorre um estado inicial conjunto e um estado final disjunto [...]na segunda espécie, sucede o contrário: um estado inicial disjunto e um final conjunto.” (FIORIN, 2008 p29). Na visão da Semiótica o texto é considerado uma narrativa complexa que compreende quatro fases: manipulação, competência, performance e a sanção. A primeira, destaca-se as manipulações por sedução e provocação, inseridas no nível do /saber/; a intimidação e a tentação, englobadas no nível do /poder/. A sedução e a tentação produzem o /querer-fazer/. A provocação e a intimidação levam ao /deverfazer/. É evidente que todos esses "quereres" e "deveres" estão ligados aos destinatários da mensagem produzida. Por isso, a Semiótica não se preocupa apenas com um fazer- informativo(fazer/saber), mas num /fazer-crer/ e num /fazer-fazer/. Esse /fazer-fazer/ é a manipulação propriamente dita. Isso implica dizer que ao /fazer-querer-fazer/, (sedução e tentação) e /fazer-dever-fazer/, (provocação e intimidação), a Semiótica supera a teoria da informação, que permanece neutra e limitada ao /fazer-saber/, isto é, ao ato apenas informativo. Em um último plano de análise, a Semiótica define o nível discursivo. “no nível discursivo, as formas abstratas do nível narrativo são revestidas de termos que lhe dão concretude.” ( FIORIN, 2008 p.41). É nesse nível que se percebe a presença da enunciação, do enunciador, do enunciatário, do enunciado e as relações que existem entre tais. Nesse momento, é que se verifica a diferença entre a enunciação enunciativa e enunciação enunciva. Ambas apresentam sistemas pessoais, temporais e espaciais próprios (debreagem) e por isso geram um efeito de sentido particular para manipular e convencer durante a argumentação. “ [...] debreagem, que é o mecanismo em que se projeta no enunciado quer a pessoa (eu/tu), o tempo (agora) e o espaço (aqui) da enunciação, quer a pessoa (ele), o tempo (então) e o espaço (lá) do enunciado. No primeiro caso ( projeção do eu-aquiagora), ocorre um debreagem enunciativa; no segundo ( projeção do ele-então-lá), acontece uma debreagem enunciva. “ (FIORIN,2008) Acredita-se que levar os alunos a terem um contato, a partir do olhar da Semiótica, com o texto imagético permitirá que leiam, e compreendam-o efetivamente. É isso que é preciso buscar no ensino de Língua Portuguesa. É preciso levar os alunos a olharem para os diversos textos com um olhar crítico. 2.2. A Imagem na Sala de Aula A imagem ocupa um espaço privilegiado na sociedade atual, o qual se amplia cada vez mais, devido às novas tecnologias, que possibilitam a criação de imagens cada vez mais elaboradas e as disseminam com muito mais rapidez. Assim, somos constantemente bombardeados por imagens da televisão, do computador, das propagandas, das revistas, dos jornais, do cinema e em tantas outras situações. O texto imagético utiliza-se de meios não verbais (textura-foco-iluminação) e, muitas vezes, verbais produzidos para criar efeito de verdade no discurso a ser transmitido. No entanto, apesar de vivermos num contexto mundial cada vez mais visual, o público consumidor, por falta de contato ou por falta de habilidade/preparação, recebe essas imagens de maneira intuitiva, sem uma percepção criteriosa e reflexiva. Talvez isso se deva ao fato da imagem ainda ocupar um papel secundário no processo de ensino-aprendizagem, sendo, geralmente, utilizada como mera ilustração. É necessário envolver nossos alunos com os gêneros textuais que os circundam no dia-a-dia. A escola precisa preocupar-se em construir alunos leitores autônomoscríticos-analíticos dos textos que os cercam. Já que como afirma BARBERO,2000. p.60. Gente livre significa gente capaz de saber ler a publicidade e entender para que serve, e não gente que deixa massagear o próprio cérebro; gente que seja capaz de distanciar-se da arte que está na moda, dos livros que estão na moda, gente que pense com sua cabeça e não as idéias que circulam ao seu redor. Acredita-se que o trabalho com imagens em sala de aula deva privilegiar o desenvolvimento do olhar crítico do aluno que está em constante contato com as mesmas, na sua capacidade de interpretar e compreender criticamente as imagens. Para Souza e Lima (2007), a leitura dessas imagens que circulam nas mídias, pode tornar-se um ponto de partida para o desenvolvimento de uma consciência crítica trabalhada e exercitada desde a escolarização, para que os alunos, futuros cidadãos, tornem-se dominadores, pela consciência de seus discursos, da reflexão crítica e não meros reprodutores dos discursos alheios. Assim, nas atuais aulas de Língua Portuguesa, é importante o aluno ter contato com textos imagéticos/midíaticos, já que são textos persuasivos os quais desde muito cedo invadem o imaginário infantil. Desta forma, é urgente a alfabetização tecnológica audiovisual. O recebimento da imagem, sobretudo via comunicação de massa, pode levar à alienação causada, por sua vez, pelo embotamento da sensibilidade e da capacidade reflexiva. A fragmentação dos discursos e sua proliferação conduzem à recepção acrítica do texto, que se faz objeto de consumo imediato. Ocorre, nesse sentido, uma forma de controle, pois o cidadão que se pensa livre, acha-se subordinado a uma rede de informações controladas por grupos. Mesmo que a imagem não seja virtualmente fabricada, seu uso indiscriminado é uma forma de manipulação de dados da realidade. (..) Na verdade ele pensa que controla, mas é controlado. ( apud. Walty, 2000). A pergunta que resta a fazer as escolas é se os professores e alunos estão preparados para entender/interpretar, inclusive as ideologias que ficam subjacentes na grande quantidade de imagens recebidas. Segundo BARBERO ,2000, p. 57. Enquanto o ensino transcorre através do mundo do manual, o professor sente-se fortalecido; mas quando aparece o mundo da imagem, o professor perde a estabilidade, porque o aluno maneja muito melhor a língua da imagem que o professor. Como resposta, acredita-se que os ganhos com a inserção da capa de revista nas aulas de Língua Portuguesa são imensos. Há a possibilidade de se deparar com diversas linguagens, com diferentes configurações, qualidade de definição de imagem, a vibração das cores, ou seja, tudo que contribui para a efetivação da venda da revista. “... A articulação dos recursos visuais, verbais, sonoros e técnicos construirá uma rede de significações cujo efeito produzido na recepção poderá ser de caráter consumista ou ideológico.” (NAGAMINI, 2004, p.42) Tudo isso coloca o aluno e o professor diante de uma imensa gama de discursos e modos de produção e circulação desses discursos, o que proporcionará que ambos compreendam que a significação não está no enunciado, na materialidade, mas na enunciação e esta pode ser percebida por meio das pistas discursivas e até mesmo textuais. “Expandir nossa capacidade de ver significa expandir nossa capacidade de entender uma mensagem visual” DONDIS.p.13 O importante é desenvolver nos alunos competências que lhes possibilitem desconstruir as mensagens dos diversos meios. Já que a sociedade exige um cidadão competente na articulação de informações. Mesmo desisntrumentalizados teórica e metodologicamente não se pode abandonar a existência insistente das linguagens polissêmicas presentes no cotidiano de todos. Assim, BÁRBERO,2000,p 60 afirma: Em primeiro lugar, a educação não pode dar as costas às transformações do mundo do trabalho, dos novos saberes que a produção mobiliza, das novas figuras que recompõem aceleradamente o campo e o mercado das profissões. Não se trata de subordinar a formação à adequação de recursos humanos para a produção, mas sim que a escola assuma os desafios que as inovações tecno- produtivas e relativas ao trabalho apresentam ao cidadão em termos de novas linguagens e saberes. Pois seria suicida para uma sociedade alfabetizar-se sem levar em conta o novo país que está aparecendo no campo da produção. Em segundo lugar, a construção de cidadãos significa que a educação tem de ensinar as pessoas a ler o mundo de maneira cidadã. (...)E, em terceiro lugar, a educação é moderna na medida em que seja capaz de desenvolver sujeitos autônomos. O fato da escola ainda se restringir a pura leitura de textos escritos pode se dar pelo fato de leitura ser um processo de atribuir significação à palavra. Logo, “ler imagem tornaria uma leitura “ilegível”, como afirma MARTINS, 1993 e ainda acrescenta” os professores de Português, talvez estão imbuídos de que os textos são “para ler, enquanto cinema e quadros são “para ver”. 2.3 Proposta Pedagógica A proposta a seguir tem como objetivo principal demonstrar uma análise reflexiva que desvele os sentidos imanentes das capas de revista. Esta é apenas uma dentre as várias possibilidades de trabalhar com a leitura na escola, por meio do texto imagético. Decorre dividido em momentos, não em aulas. Cabe ao professor decidir quanto tempo ou hora/aula levará para discutir o tópico sugerido em cada momento. Acredita-se que possa ser aplicado em turmas com alunos do ensino-médio, mas não dispensa a idéia de uma reformulação, adaptação para aplicação com estudantes de outros níveis. Como por exemplo, é possível uma modificação de veículo, adaptando a mesma didática que foi utilizada para as capas de revistas, direcionadas ao estudo de capas de gibis, corpus mais propício às crianças do ensino fundamental. 1º Momento : avaliação diagnóstica A avaliação diagnóstica é um instrumento de investigação do professor que contribui para perceber o estágio de aprendizagem em que o aluno encontra-se (o que consegue fazer sozinho e em que momentos precisam de ajuda). Assim, a partir do que foi detectado, é que o educador buscará intervir no processo de aprendizagem do aluno através de uma reflexão e renovação constante de suas ações pedagógicas. Estas precisam sempre ser voltadas para a participação ativa dos alunos, pois isto os levará a um aprendizado crítico e autônomo. Sugere-se que, neste momento, o trabalho seja em grupo, que o professor entregue uma imagem aos alunos para que façam uma análise, em torno de alguns questionamentos, tais como: a) Qual o elemento central dessa imagem? b) Há elementos nesta imagem que a humanizam? Quais são? Que idéia transmite cada um deles? c) Qual o sentido produzido por esta imagem? O que vocês entenderam desta imagem? 2º Momento: discussão “O que é imagem?” Os alunos, normalmente, não têm o hábito de realmente “ler” os sentidos projetados pelas imagens. O que acontece, com freqüência, é um contato com as imagens do livro didático, que aparecem na tentativa de ilustração de um texto escrito. Entretanto, neste contato, raramente são feita análises significativas dos gêneros imagéticos. Assim, o professor de Língua Portuguesa, deve estar preparado para realizar com os alunos um estudo das imagens, o qual vá além dos estereótipos e das formas padronizadas de um conhecimento sustentado por um paradigma técnico. Logo, o professor poderá iniciar uma discussão com os alunos do que é a linguagem imagética. Como contribuição, poderá apresentar imagens midiáticas ( Ex: capa de revista, outdoors, propagandas) e não midiáticas ( pintura, desenhos em quadrinhos, expressão corporal), pois os alunos precisam compreender e conhecer a grande diversidade de imagens, suas especificidades, seus diferentes veículos e suas diversas funções o sociais. 3º Momento: apresentação da teoria semiótica greimasiana: Figura X Tema Ao pensar em um texto, é preciso pensar que texto é tudo aquilo que possui significação. Normalmente, as atuais aulas de Língua Portuguesa têm centrado seus objetivos a análise e estudo de textos no âmbito do enunciado. O texto tem sido visto somente como meio de comunicação, informação que privilegiam as idéias explicitas, abandonando as demais dimensões que são importantes e necessárias para a construção de um cidadão leitor-competente. Faz-se necessário que se privilegiem momentos para que os alunos possam ter contato com uma grande diversidade de textos, percebendo o texto como algo vivo dinâmico que ocupa uma função na sociedade. Assim, é possível desenvolver nos alunos a criticidade, a conscientização de que nenhum texto é neutro. Se ele foi produzido é com um determinado objetivo e é importante ao leitor compreender qual é esta intenção e o que o autor fez para criar a sua intenção, quais foram as estratégias utilizadas. Desta forma, o professor estará trabalhando com a língua viva, com a língua em seu funcionamento. Entende-se que a capa da revista é um texto imagético de bastante influencia na compra do exemplar, pois é ela o objeto de primeiro contato com o leitor/comprador. Logo, ela precisa e faz uso de diversos recursos de manipulação. Para tanto, sugere-se que os demais momentos de análise se dêem em torno da capa de revista. Também, reconhece-se a importância da abordagem da teoria da semiótica greimasiana, que tem como objeto de estudo a significação do texto e define texto como uma relação entre um plano de expressão e um plano de conteúdo. Para tanto, reserva os momentos que seguem para uma reflexão em torno de alguns tópicos essências para análise da imagem. Primeiramente propõe-se que o professor inicie a exposição abordando o assunto sobre Figura X Tema (definição, explicação e exercícios de análise). 4º momento: apresentação da teoria semiótica greimasiana: elementos de ancoragem A ancoragem, que definida por Greimas & Courtes( apud) “ compreende-se a disposição, no momento da instância da figurativização do discurso, de um conjunto de índices espaços temporais [...] que visam a constituir o simulacro de um referente externo e produzir o efeito de sentido da realidade” deve ser apresentado ao aluno, para que ele possa perceber que a imagem constrói a sua verdade por meio de efeitos de sentido produzido no próprio texto. Desse modo, sugere-se um momento para o estudo dos elementos de ancoragem (figuras) por meio das capas de revistas ( definição, explicação e exercícios de análise). 5º Momento: apresentação da teoria semiótica greimasiana: função do texto Na continuação da apresentação da teoria da semiótica greimasiana, é necessário mostrar aos alunos que todo texto defende uma verdade chamada de veridicção e é por meio dos temas, figuras e recursos de ancoragem que explicitam esta verdade. Na capa da revista, normalmente estes recursos são apresentados pelas cores, texturas, foco, luz etc. Importa, portanto, priorizar um momento para identificar: o que esta imagem informa; qual é a verdade que ela quer transmitir; como os elementos das figuras (cor, espaço, pose, gestos, expressão facial, olhar, foco, luz) constroem esta verdade; que atitude o texto quer provocar no enunciatário, etc. 6º Momento: apresentação da teoria da semiótica greimasiana: análise do plano verbal As capas de revista normalmente apresentam manchetes que corroboram para a compreensão do sentido da imagem. “O verbal interfere e, muitas vezes, determina a imagem que você vê. A imagem pode ser muitas coisas, mas se tiver algo escrito aquela imagem passa a ser o que está escrito” (1informação verbal). Assim, entende-se como relevante um momento para reflexão do plano verbal na capa da revista a partir da identificação do que são as manchetes de revistas; que lugar elas ocupam na capa; como estas manchetes estão grafadas (qual o tamanho, há grifos); elas são mais ou menos importantes que as figuras; qual sua finalidade (ajudar a vender ou não); quais as características lingüísticas (verbos, tempos, pronomes, quais classes gramaticais) que predominam; quem faz a imagem é o mesmo que faz o texto por que; caso a capa não tivesse a imagem, só o verbal como seria; e vice e vice-versa. 7º Momento: avaliação final 1 (Fala proferida pela professora Drª. Loredana Limoli, no dia 06/03/2008) Até então, muito se propôs para o trabalho de análise no coletivo. Agora, sugere-se que o aluno, individualmente, análise a capa de uma revista, pois a avaliação final se constitui parte do processo avaliativo diagnóstico e formativo contínuo das práticas educativas, constitui-se em um novo momento de possibilidade de novas aprendizagens Para tanto, é importante que a análise/reflexiva aconteça em torno de tais questionamentos: 1) Qual é o elemento central desta imagem? O que ela representa? 2) Quais figuras presentes na imagem a humanizam? Qual é o tema de cada figura destas? 3) Comente sobre as cores utilizadas, o foco dado a imagem, o plano, a textura. Que sentido eles produzem? 4) Análise o plano verbal. Que figuras X temas existem? 5) Qual é a informação que se quer transmitir com esta capa? 6) Esta capa de revista quer convencer o leitor de que? 7) Qual é atitude que o enunciador pretende provocar no enunciatário com esta imagem? 8) Qual a mensagem principal desta capa de revista? 8º momento: apresentação da análise feita Prioriza-se um momento para que o aluno possa apresentar a sua análise. É importante para o aluno a discussão em torno da leitura pensando se ele concorda ou não com o que leu na imagem e pensar no porque concorda ou não, apresentando argumentos para defender sua postura crítica diante da imagem lida. Neste momento, o professor precisa perceber se o aluno consegue comprovar a leitura que fez por meio dos elementos presentes na imagem. CONSIDERAÇÕES FINAIS Pretendeu-se com este trabalho a reflexão em torno do papel da imagem na sociedade, em como tem sido o estudo das imagens, o professor tem ou não levado para as aulas de Língua Portuguesa o texto imagético, é importante ou não este trabalho, como deve ser a leitura destas imagens. Também, pretendeu-se demonstrar que a capa de revista é um grande objeto de estudo do texto imagético e que a sua inserção aulas de Língua Portuguesa são imensos, pois há a possibilidade de se deparar com diversas linguagens, com diferentes configurações, qualidade de definição de imagem, a vibração das cores, ou seja, tudo que contribui para a efetivação da venda da revista. Nesse sentido, defendeu-se que a capa da revista deve ser trabalhada na sala de aula não apenas como um suporte legitimado, mas como um material construído que dá vistas aos modos como a manipulação é representada a partir do texto imagético. Espera-se que a proposta de trabalho seja um caminho que leve o aluno a ser um leitor que sai da situação de um mero receptor e passa a ser interlocutor. Não apenas decodifique e busque sentidos já propostos no texto, como também interaja com os discursos presentes nele. Isso significa, baseando-se na teoria da semiótica greimasiana, uma leitura na qual o leitor consegue desvendar os sentidos produzidos pelo objeto lido. Consegue não só explicar o que o texto disse, mas explicar como o texto fez para construir o que disse. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS DONDIS, Donis A. Sintaxe da Linguagem Visual. São Paulo: Martins Fontes, 2003. FIORIN, José Luiz. Elementos de Análise do Discurso. São Paulo: Contexto, 2008. KLEIMAN, Ângela. O estatuto disciplinar da Lingüística Aplicada: o traçado de um percurso rumo ao debate. In: Lingüística Aplicada e transdiciplinariedade. SIGNORI, T e CAVALCANTI, M.C (orgs). Campinas: Mercado de Letras, 1998. MARTÍN–BARBERO, Jésus. Desafios culturais da Comunicação à Educação. Comunicação & Educação, São Paulo, n 18, p -51-56, maio/ago.2000. MARTINS, Maria Helena (org) Questões de Linguagem. 3ª ed. São Paulo: Contexto, 1993. NAGAMINI, Eliana. O discurso da publicidade no contexto escolar. In CITELLI, A.O (coord.) Outras linguagens na escola: publicidade, cinema e TV, rádio, jogos, informática. Coleção Aprender e ensinar com textos, v6, São Paulo: Cortez, 2004, p 3980. PRETTO, Nelson De Luca. Uma escola sem/com futuro: educação e multimídia. Campinas: Papirus, 1996.