Pense no Impensável Vernon L. Grose (*) Atualmente, os executivos se defrontam com uma incerteza sem precedentes, e muitos dos aspectos dessa incerteza seriam impensáveis: colocar preço na vida humana, aceitar uma perda imediata em troca da promessa de um ganho maior, ser superado pela tecnologia ou ver revelada a fraude praticada por altos funcionários. Ninguém está preparado para lidar com o impensável, porque somos mestres na arte de abafar o negativo. Quando está emaranhado na trama da vida diária, o impensável facilmente perde sua identidade, e, no entanto, decisões devem ser tomadas em um contexto em que ele está incluído. Como pode um executivo manobrar com sucesso em meio a tantos riscos? O que fazer quando esses riscos ameaçam impedir oportunidades óbvias? Por que levantamos uma “Barreira do Impensável”? Vejo pelo menos três razões: 1. Acreditamos não ter recursos psíquicos ou financeiros para encarar o impensável. Temos medo de atender ao potencial de desastre, e deixar de ter uma boa atuação no trabalho que já fazemos. 2. Pensamos que, maximizando a oportunidade ou nos concentrando nela, podemos superar ou compensar a perda impensável. Pensamos assim: “Andando depressa, podemos passar à frente da curva da responsabilidade! As conseqüências de termos ignorado o impensável vão levar anos para nos atingir.” 3. Acreditamos que reconhecer o impensável faz com que ele se materialize. Então, é melhor deixar acontecer, ainda que isso nos prejudique. Rompendo a Barreira Existem cinco maneiras de penetrar na Barreira do Impensável: 1. Sofrendo uma perda importante. Embora tenhamos afastado da mente a possibilidade, o fato explode com toda a realidade. Exemplo: a morte de marido ou mulher, de um filho, de pai ou mãe, de um amigo. 2. Aceitando a realidade do impensável porque outra pessoa foi atingida por ela. Exemplo: fazer um seguro depois de um concorrente sofrer uma grande perda. 3. Experimentando um desgaste gradual. Se ocorrerem vários eventos improváveis seguidos, isso vai abalar o que vínhamos considerando impensável. 4. Entrando em estado de contemplação. Talvez isso aconteça durante um retiro em um local afastado. No entanto, a Barreira do Impensável só será atravessada se a ação se seguir ao exercício mental. 5. Adotando um estado de espírito que encare regularmente as conseqüências do impensável. Isso não rompe, mas destrói a Barreira do Impensável. Foi o emprego desta abordagem durante o Projeto Apolo que contribuiu para o sucesso das seis missões à Lua. Pensando no Impensável Executivos experientes examinam os fatores que influenciam o sucesso. O “resultado final” de todos é o resultado de benefícios da oportunidade menos perdas do risco. Ignorar ainda que uma pequena parte destes últimos, porque são impensáveis, é contribuir para a incerteza. Os alarmistas não raro utilizam o risco para intimidar, assustar e instigar. Apesar de lamentar esse mau uso, não devemos subestimar a realidade do risco – o que os executivos fazem, para seu próprio prejuízo. A prudência sugere atenção a três indícios: - Delegar toda a avaliação do risco corporativo a subordinados, equipes ou agências contratadas. - Ocupar- se tanto com as oportunidades, que não sobre tempo para cuidar dos riscos associados. - Adiar qualquer consideração sobre os riscos para quando todos os recursos estiverem alocados. Em princípio, devemos identificar todos os riscos concebíveis com antecedência, usando um método sistemático que seja global em perspectiva. Ao aplicar a metodologia de sistemas ao limite de riscos, você consegue remover a Barreira do Impensável e assumir o controle! Em vez de deixar que o desastre se instale, você pode “pensar no impensável”. Um risco examinado não é nem de perto tão perigoso quanto um risco reprimido. Examinar os fatos é uma liberação! AÇÃO: Ouse pensar no impensável para, assim, identificar todos os riscos imagináveis. (*) Vernon L. Gros e é autor de Managing Risk e presidente do Omega Systems Group Incorporated. (703) 892-1905 ou [email protected] Fonte: Revista Executive Excellenc e - Disponibilizado em 13/10/2004