INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FUNORTE / SOEBRÁS REGENERAÇÃO ÓSSEA GUIADA: membranas, enxertos e biomateriais MARCELA GABRIELA MORENO E SILVA Ipatinga – 2014 INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FUNORTE / SOEBRÁS REGNERAÇÃO ÓSSEA GUIADA: membranas, enxertos e biomateriais MARCELA GABRIELA MORENO E SILVA Monografia apresentada ao Programa de Especialização em Implantodontia do ICS – FUNORTE/SOEBRÁS NÚCLEO IPATINGA, como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista em Implantodontia. Orientador: Prof. Dr. Michel Campos Ribeiro. Ipatinga-2014 Ao meu esposo Iwao e meu filho Pedro, dedico este estudo. AGRADECIMENTOS A Deus, causa primeira de todas as coisas. A minha família, por ser o meu norte. Aos coordenadores e professores da FUNORTE. De modo especial, ao orientador Prof. Dr. Michel Campos Ribeiro, pela dedicação na elaboração deste trabalho monográfico. Aos colegas de curso, pelo companheirismo e amizade. "Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina". Cora Coralina RESUMO Este estudo foi feito por meio de uma revisão da literatura e, teve como objetivo a manutenção ,ou a recuperação do rebordo alveolar após uma perda do dente. O que tornou-se um dos principais objetivos do cirurgião-dentista quando visa reabilitação do seu paciente através de implantes osseointegráveis. Ao longo dos últimos anos, várias técnicas e materiais foram descritos para a realização da regeneração óssea guiada (ROG), e a maioria tem em comum o de fato de exigir o preenchimento do defeito ósseo, com enxertos ou materiais aloplásticos e, também de ser recoberto por um retalho para que haja cicatrização por primeira intenção. Por outro lado, existem poucos estudos sobre barreiras expostas ao meio bucal ,e que sejam removidas em poucos dias e não exijam enxertos para preenchimentos do alvéolo ou defeito ósseo. Este estudo faz uma rápida revisão da literatura sobre o tema e apresenta o relato de um caso clínico em que houve defeito ósseo pós-extração dentária. O defeito foi protegido por uma barreira regenerativa de polipropileno, deixada intencionalmente exposta ao meio bucal, e que foi removida uma semana após a cirurgia. Este relato mostra uma possibilidade de mudança de paradigma quanto à ROG, particularmente no que se refere à exposição ao meio bucal e à necessidade de enxertos. Palavras-chave: Regeneração óssea guiada; membrana de polipropileno; álveolo dental; extração dentária. ABSTRACT This work approaches the maintenance or recovery of the alveolar bone after tooth loss. The recovery or maintenance of the alveolar bone has become the main objective of dentists seeking to rehabilitate the patient through osseo integrated implants. Over the years many techniques were described/published and materials were used to perform the guided bone regeneration (GBR) and the majority has in common the fact to demand the fill of the bone defect with grafts or alloplastic materials and, also to be covered for retail so there is healing by first intention. On the other hand, there are few studies about membranes exposed to the oral environment to be remove in few days and not requiring grafts to fill the alveolus or bone defect. This study does a quick literature review about the theme and show a report of a clinical case in which there was osseous defect after tooth extraction. The defect was protected by a regenerative polypropylene membrane, intentionally left exposed to the oral environment, and that was removed one week after surgery.This report shows a possible paradigm shift about GBR, particularly with regard to exposure to the oral environment and the need for grafts. Key words: guided bone regeneration, polypropylene membrane, tooth socket, dental extraction LISTA DE ABREVIATURAS ROG – Regeneração Óssea Guiada RTG – Regeneração Tecidual Guiada TCP- Partículas de 3-fosfato de tricálcio DFDBA- Enxerto ósseo mineralizado liofilizado DBBM- Osso bovino desproteinizado e-PFTE- Membrana de polietra-fluoroetileno LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Perda óssea na porção vestibular..................................................12 Figura 2 - Perda óssea na porção vestibular com implante em posição........12 Figura 3 – Defeito ósseo.................................................................................13 Figura 4 - Membrana de polipropileno contendo coágulo sanguíneo no alvéolo..............................................................................................................14 Figura 5 - Instalação do implante com altura óssea satisfatória......................14 Figura 6 -Enxerto osso homólogo...................................................................16 Figura 7: Enxerto de osso bovino....................................................................16 Figuras 8- Membrana de polipropileno...........................................................16 Figura 9 - Rebordo alveolar pós extração........................................................17 Figura 10-Barreira de polipropileno................................................................17 Figura 11 – Barreira de propileno no rebordo ................................................17 Figura 12 – Barreira de propileno exposta ao meio bucal...............................17 Figura 13- Data:24/08/2012 Presença lesão periapical...................................18 Figura. 14- Data: 20/09/2012 Exodontia #46..................................................18 Figura 15- Curetagem (presença tecido granuloso) ................................... ..19 Figura 16- Rebordo ósseo alveolar residual....................................................19 Figura 17-Data: 27/11/12 Recuperação do rebordo ósseo alveolar após uso da barreira polipropileno.............................................................................. ...19 Figura 18-Data:13/02/2012 Recuperação rebordo alveolar............................19 Figura 19-Rebordo alveolar após 5 meses da exodontia................................19 Figura 20- Implante osseointegrado no rebordo alveolar......................... .....20 Figura 21- Data: 16/07/2013 Radiografia após 5 meses da instalação do implante...........................................................................................................20 SUMARIO 1 INTRODUÇÃO...............................................................................................10 2 REVISÃO DA LITERATURA......................................................................12 2.1 Exodontia precoce........................................................................................12 2.1.1 Alterações do rebordo alveolar pós- exodontia......................................12 2.1.2 Coágulo sanguíneo....................................................................................13 2.1.3 Tratamento para preservação do rebordo alveolar pós extração........14 2.1.4 ROG: Enxertos versus Biomateriais...................................................... 15 2.1.5 Caso clínico 01......................................................................................... 17 2.1.6 Caso clínico 02 ........................................................................................ 18 3 CONCLUSÃO.............................................................................................. 21 REFERÊNCIAS.............................................................................................. 22 1 INTRODUÇÃO A extração de múltiplos elementos dentais, ou até mesmo de um único dente, é marcada por alterações inerentes ao processo cicatricial, como perda óssea acentuada na porção vestibular e em menor proporção na região lingual/palatal do rebordo alveolar(COVANI,2004;ARAÚJO,2009).Este processo de reabsorção da superfície óssea é mais acelerado nos primeiros 6 meses e seguido por uma remodelação gradual que inclui mudanças em tamanho e forma do rebordo, com perda de 40% em sua altura e 60% em sua espessura. A redução de altura e espessura do rebordo é progressiva e irreversível e pode tornar difícil a futura reabilitação com implantes, especialmente na região anterior da maxila, onde o volume ósseo é importante para estética e função (ARAÚJO,2005). Outros fatores como a doença periodontal, fraturas dentárias, infecções periapicais crônicas, traumatismo alveolar ou complicação cirúrgica trans e pósoperatórias são exemplos de situações que também podem causar defeitos ósseos alveolares em diferentes níveis de extensão e complexidade (COVANI,2004; BARROS,2009). Diversos materiais e técnicas de enxerto ósseo têm sido usadas e experimentadas, mostrando resultados positivos em muitas situações clínicas (Amler 1969, Cranin et al. 1995, Ashman 1995, Bartee 1995). Procedimentos para manutenção da crista óssea com uso de biomateriais e técnicas regenerativas, no momento da extração do dente, tendem a preservar sua anatomia, aumentando a possibilidade de instalação imediata ou tardia dos implantes (Araújo,2011; Vansteenberghe 2000).Os materiais osteogênicos fornecem osteoblastos viáveis que formam osso novo, enquanto os materiais osteoindutodores estimulam as células mesenquimais pluripotentes a se diferenciarem em osteoblastos, que podem formar novo osso. Os enxertos osteocondutivos, entretanto, agem meramente como uma matriz para o crescimento celular, permitindo que os osteoblastos, das margens da ferida infiltrem o defeito e migrem sobre o enxerto (Feinberg e Fonseca 1986). 10 Os enxertos autólogos são considerados materiais ideais para os enxertos ósseos porque possuem propriedades osteogênicas, osteoindutoras e osteocondutoras (Schallhorn 1968). Já os aloenxertos, xenoenxertos e aloplásticos existem em muitas formas, e os dados sustentam sua segurança, aplicabilidade clínica e baixa antigenicidade (Buck e Malinin 1994).Os xenoenxertos e aloplásticos têm sido usados para corrigir defeitos ósseos adjacentes aos implantes dentários e preservar o rebordo alveolar antes da colocação do implante, mostrando resultados promissores (Smiller 2001). Apesar da falta de osteoindutividade, estes materiais têm mostrado resultados comparáveis com os obtidos nos aloenxertos (Froum e Orlowski 2000). Muitos tipos de barreiras têm sido descritos para uso na cavidade oral, como de ouro, mamona e politetrafluoretileno (Aydos et al.,1999; Buser et al. 1996.). Vários materiais aloplásticos são considerados biocompatíveis e utilizados em diferentes tipos de cirurgias para contenção de tecidos, como telas de polipropileno ( Uvo et al. 1996; Ramos, 2002; Grecca et al. 2004; Klinge et al. 2007). Através da técnica da Regeneração óssea guiada ( ROG), é possível manter as dimensões ósseas, ou reduzir as gravidades de defeitos após exodontias, graças ao uso de membrana de polipropileno exposta ao meio bucal, que atuam como verdadeiras barreiras, podem ser utilizada para ROG pós-exodontias quando ocorrem defeitos ósseo(Salomão,2009).O objetivo neste caso é manter o coágulo dentro do alvéolo durante a primeira semana da cicatrização, quando ele será substituído por tecido de granulação e reduzir infiltração do tecido epitelial. Portanto, este estudo faz uma revisão sobre RGO, também um caso clínico de paciente que teve extenso defeito ósseo pós- extração devido a lesão periapical ( #23), o qual, após extração , foi recoberto por uma barreira de polipropileno exposta ao meio bucal com finalidade de conter o coágulo sanguíneo, e deixá-lo, pelo menos parcialmente exposto meio bucal. 11 2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 Exodontia precoce As exodontias precoces contribuem com a reabsorção óssea dos rebordos alveolares, principalmente quando há perda óssea prévia devido as doenças periodontais ou outras lesões ósseas ( Bartee BK,2001; Schmidlin PR et al,2004; Irinakis T, 2007). Nos últimos anos aumentou a preocupação pela manutenção dos rebordos alveolares, principalmente considerando a importância de preservação óssea para a reabilitação de implantes osseointegrados (Buser et al, 1996; Sandor et al, 2003; Irinakis, 2006; Irinakis e Tabesh,2007). Figura-1: Perda óssea na porção vestibular Figura-2: Perda óssea na porção vestibular com implante em posição Fonte: Marco Aurélio Bianchini, 2011 2.1.1 Alteração do rebordo alveolar pós-exodontia No período de 48 a 72 horas após a remoção do elemento dental, um tecido de granulação é formado e começa a infiltrar-se no coágulo gerado no momento da extração, especialmente na base e na periferia da ferida (Atieh et al,2009 e Del Fabbro M et al, 2009) .No quarto dia, ocorre a proliferação do epitélio, a partir da periferia do alvéolo e simultaneamente há formação de tecido conjuntivo imaturo . A partir do sétimo dia, o coágulo e substituído por um infiltrado de tecido de granulação. Nesse estágio, osteóides são evidentes na base do alvéolo como espículas não calcificadas (Huynh-Ba G et al,2010 e Atieh MA et al,2009). 12 Em duas ou três semanas inicia-se a mineralização do alvéolo a partir de sua base em direção coronal e, concomitantemente, dá-se início a uma epitalização continua, que acaba preenchendo por completo o alvéolo depois de transcorridas seis semanas da extração . A mineralização completa do alvéolo, cuja radiopacidade pode ser constatada radiograficamente, ocorre por volta do centésimo dia após a remoção do elemento dental (Fickl S et al, 2008; Araújo MG, 2005). O efeito desta reabsorção e o deslocamento desta crista para uma posição mais palatal/lingual, pois a perda óssea vestibular e maior devido sua parede vestibular ser mais fina e delicada e por possuir em sua porção marginal grande quantidade de osso fasciculado . Esse osso fasciculado e dente/dependente, ou seja, após a extração do dente, ele irá desaparecer, levando a esta grande perda óssea ( Huynh-BA G et al, 2010). Figura 3 :Defeito ósseo Fonte: Abd El Salam El Askary 2010, p.30 2.1.2 Coágulo sanguíneo O coágulo sanguíneo é fundamental para a cicatrização do rebordo alveolar, pois contém os elementos indispensáveis ao processo de regeneração óssea. Ainda assim diversos estudos comprovam que em curto e longo prazo há reabsorção alveolar, principalmente vestibular( Araújo MG,2005). Através da técnica de regeneração óssea guiada com o uso de barreiras, é possível manter a espessura e altura do rebordo, pois evitam o infiltrado de células epiteliais. Entretanto, sua exposição ao meio bucal inviabiliza seu uso, sendo uma contraindicação da maioria das barreiras regenerativas. 13 Estudos com barreiras expostas ao meio bucal ainda são escassos (Salomão M,2009; Barber HD 2007 e Ferreira VF et al, 2010), . A barreira de polipropileno é impermeável, e se mantém em posição sem sofrer modificação na forma, permitindo a retenção do coágulo para a formação do tecido ósseo, contribuindo para manter a forma e as dimensões do rebordo alveolar. Esse material é considerado biocompatível (Aydos RD et al,1999). Seu uso na cavidade oral contribui para reter o coágulo sanguíneo, isolá-lo do meio bucal e contribui para a regeneração do rebordo alveolar (Salomão, 2009). Figura 4: Membrana de polipropileno contendo coágulo sanguíneo no alvéolo Fonte :Paciente FUNORTE IPATINGA 2.1.3 Tratamento para preservação do rebordo alveolar pós-extração Através da técnica da Regeneração Óssea Guiada (ROG), é possível manter as dimensões ósseas, ou reduzir a gravidade dos defeitos após exodontias. A barreira de polipropileno ou politetrafluoretileno são utilizadas para ROG pós-exodontias quando ocorrem defeitos ósseos extensos(Salomão,2009). Há várias técnicas utilizadas para preservação do rebordo alveolar como uso de enxertos autógenos, homólogos e xenógenos. E ainda, usando apenas a membrana de polipropileno como barreira exposta ao meio bucal. Figura 5: Instalação do implante com altura óssea satisfatória Fonte: Bianchini,2011, p.46 14 2.1.4 ROG: Enxertos versus Biomateriais Os materiais que tem sido sugeridos para a preservação da crista óssea são os utilizados para regeneração óssea guiada (ROG) ou regeneração tecidual guiada (RTG), havendo variedade de enxertos ósseos, como: osso autógeno, osso desmineralizado congelado e seco, vidros bioativos, enxerto ósseo mineralizado liofilizado, osso desproteinizado bovino, blocos ou partículas de 3-fosfato de tricálcio (TCP), sulfato de cálcio, hidroxiapatita, polímeros aloplásticos, entre outros (Fernandes PG et al,2011 e Araújo MG et al,2010). Embora alguns desses substitutos ósseos sejam capazes de preservar as dimensões do alvéolo após exodontias, a quantidade e a qualidade do tecido ósseo formado tem sido variadas, o que pode interferir muitas vezes no processo de cicatrização normal (Araújo MG,2009; Buser D et al,2004 e Botticelli D, 2004). Enxertos ósseos mineralizado liofilizado (DFDBA) e osso bovino desproteinizado (DBBM) tem sido amplamente utilizados. 0 osso bovino mineral desproteinizado pode ser utilizado para preencher o alvéolo mantendo o volume ósseo, bem como para preencher defeitos ósseos ao redor dos implantes, o que favorece a migração de osteoblastos para a superfície dos implantes. As partículas do biomaterial xenógeno podem ser distinguidas do osso adjacente ainda com seis meses após sua enxertia (Hãmmerle CH et al, 1998) . O uso de membranas em regeneração óssea guiada (ROG), utilizadas isoladamente ou em combinação com um substituto ósseo, como os xenoenxertos bovinos, foi avaliado para a preservação do rebordo alveolar com resultados positivos, evitando a migração de células epiteliais para o interior do alvéolo e orientando a proliferação de célula osteogênica (Barone A, 2008). Algumas membranas utilizadas são as de politetra-fluoroetileno (e-PFTE) ou membranas de colágeno. Outras membranas que vem sendo investigadas são as membranas polipropileno de material aloplástico (Fernandes PG et al,2011). ADM é um biomaterial obtido a partir de pele humana em bancos de tecidos. Ele é processado para a remoção da epiderme e todas as células da derme, no entanto, há preservação do complexo da membrana basal e a estrutura do colágeno e elastina. Neste contexto, há uma biocompatibilidade estrutural para incorporação e migração de células epiteliais, queratinócitos e fibroblastos, que serão incorporados a este material. 15 Além disso, esponjas feitas de ácido polilático/poliglicólico (PL/PG) ou colágeno são colocadas em alvéolos frescos, também, com intuito de preservar a crista óssea alveolar. A esponja de colágeno age como um carregador para qualquer proteína óssea humana morfogênica recombinante (rhBMP-2) ou peptídeo de ligação sintética celular P-15 (Darby I et al,2009). Em um estudo onde analisou-se a utilização de biomateriais observar-se que o volume total de tecido ósseo mineralizado recém-formado foi de 39,3% relativo aos sítios não enxertados, 61,4% nos sítios que foram enxertados com uma esponja de colágeno e 46,7% nos sítios que utilizaram o Bio-Oss colágeno enxertados (Fickl S et al, 2008). Figura 6:Enxerto osso homólogo Fonte:Bianchini,2011 p.25 Figura 7: Enxerto de osso bovino Fonte: Bianchini,2011, p.27 Figura 8: Membrana de polipropileno Fonte: Paciente FUNORTE IPATINGA 16 2.1.5 Caso clínico 01- Paciente FUNORTE IPATINGA Mulher branca, 35 anos, apresentou uma lesão periapical no dente #13,e a exodontia foi indicada, onde apresentou uma perda óssea significativa na porção vestibular do rebordo alveolar (Figura 9). A exodontia foi realizada e seguida de Regeneração Óssea Guiada com barreira de polipropileno (Figura 10), a fim de manter a arquitetura do rebordo alveolar. As margens dos retalhos foram deixadas intencionalmente distantes entre si, de tal modo que a barreira permaneceu imediata e propositadamente exposta ao meio bucal ( Figura 10,11 e 12 ), e foi removida 7 dias depois. Noventa dias após a cirurgia o paciente recebeu o implante osteointegrável. Essa técnica de ROG é simples e com baixo custo para o profissional e paciente. Figura 9- Rebordo alveolar pós extração Figura11- Barreira de polipropileno no rebordo Figura 10-Barreira de polipropileno Figura 12- Barreira exposta ao meio bucal 17 2.1.6 Caso Clínico 02 – Paciente FUNORTE IPATINGA Homem caucasiano, 47 anos, realizou uma radiografia dentária do dente #46 para avaliação periapical que apresentava mobilidade III. Apresentou área radiolúcida circunscrita ao periápice das raízes e presença de reabsorção óssea horizontal com envolvimento de furca grau IV. Em face desses achados clínicos e radiográficos, foi indicada a exodontia desse dente e curetagem da lesão óssea. Fig.13,14 e 15. É possível verificar na Fig. 16, ausência da tábua óssea vestibular em ambas as raízes, ocasionada pela presença da doença periodontal grave. Se nenhum procedimento for realizado objetivando a manutenção da altura e espessura do rebordo ósseo, um defeito ósseo do rebordo de considerável amplitude irá se estabelecer após o período de cicatrização. Uma barreira de polipropileno foi utilizada para regeneração óssea guiada. A barreira foi inserida entre os retalhos vestibular e palatino, e sobre o rebordo ósseo alveolar residual, sendo mantida em posição através de uma sutura apenas nos retalhos. A barreira permanece exposta intencionalmente ao meio bucal. Após 07 dias, a sutura é removida e a barreira também, sem necessidade de anestesia. Pode-se observar radiográfico e clinicamente na Fig.17,18 e19 a manutenção, recuperação e preservação da espessura e altura óssea através da regenereação óssea guiada pelo uso da barreira de polipropileno. Nota-se clinicamente na Fig. 20, o rebordo alveolar satisfatório após implante osseointegrado instalado Após 5 meses da exodontia e uso da barreira de polipropileno ao meio bucal intencionalmente exposta, obeserva-se um excelente resultado, com rebordo alveolar apresentando radiográficamente com espessura e altura satisfatória e o implante ósseo integrado. Fig. 21. Fig. 13- Data:24/08/2012 Presença lesão periapical Fig. 14- Data: 20/09/2012 Exodontia #46 18 Fig.15- Curetagem(presença tecido granuloso) Fig 16- Rebordo ósseo alveolar residual Fig. 17-Data: 27/11/12 Recuperação do rebordo ósseo alveolar após uso da barreira polipropileno Fig 18-Data:13/02/2012 Recuperação rebordo alveolar Fig 19-Rebordo alveolar após 5 meses da exodontia 19 Fig.20- Implante osseointegrado no rebordo alveolar Fig.21 Data: 16/07/2013 Radiografia após 5 meses da instalação do impante 20 3 Conclusão Conclui-se que o coágulo sanguíneo é fundamental para a cicatrização do rebordo alveolar residual e deve ser mantido na área da exodontia. O uso da barreira de polipropileno exposta ao meio bucal é um tipo de membrana altamente promissora para ROG e contribui para manutenção do rebordo alveolar acompanhado longitudinalmente. Atualmente, as metodologias de aumento ósseo (enxertos ósseos) são as mais diversas, desde o enxerto ósseo autógeno (retirados do próprio paciente); enxerto homólogo (banco de osso), enxertos xenógenos de origem animal; biomaterias (substitutos ósseos laboratoriais, vidros bioativos); e proteínas morfogenéticas, são promissoras para ROG, porém requerem técnicas mais especializadas para serem executadas e são de alto custo para o paciente. Já o uso de barreiras de polipropileno pós exodontia é altamente promissor em ROG, porque além de serem de baixo custo para o paciente, sua técnica é simples para o profissional. A exposição da barreira ao meio bucal e a sua remoção após 7 dias, mostra que é uma técnica viável e reduz a morbidade de cirurgias maiores e traumáticas, como as que requerem remoção de enxertos autógenos da própria mandíbula ou de outras áreas do corpo. 21 REFERÊNCIAS ALBREKTSSON, T. et al. 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