Disposição Final de Resíduos Sólidos Urbanos: Projeto, Operação e Descomissionamento de Aterros Sanitários Barreiras Capilares Fernando A. M. Marinho Escola Politécnica da Universidade de São Paulo Julho de 2006 Capacidade de retenção de água dos solos Máximo teor de umidade gravimétrico (MTUG) e MTUG = G Índice de vazios Máximo teor de umidade volumétrico (MTUV) MTUV = n Porosidade Densidade relativa dos graõs Capacidade de “campo” (CC) MTU Evaporação Condensação Presença de nível d’água Perda de água por gravidade CC Capacidade de retenção de água dos solos http://www.uwsp.edu/geo/faculty/ritter/glossary/e_g/field_capacity.html Ciência do Solo Agronomia Vw Ahw hw θ= = = Vt Ab b hw = θ CC b = CR Capacidade de retenção de água dos solos CC Solo com capacidade de campo CC b espessura b CR = ∫ θdz = (CC )b 0 θ Capacidade de retenção de água dos solos Camada de retenção Clima: ÁRIDO ou SEMI-ÁRIDO Evaporação Qual o objetivo de uma barreira? Isolar o resíduo. Controlando a infiltração de água. Minimizando a geração de chorume O que é uma barreira capilar? Pulmão Alveolo Barreira existente entre o sangue capilar e o ar alveolar. As trocas gasosas ocorrem através desta membrana. alveolo-capillary barrier O que é uma barreira capilar (geotécnica)? Infiltração (e.g. chuva) Duas situações horizontal Inclinada Água “suspensa” Água “desviada” SOLO “FINO” SOLO “GROSSO” Camada Bloqueadora RESÍDUO Trecho horizontal A Camada bloqueadora não pode atingir o ponto de entrada de água. O perfil de teor de umidade ideal é: Teor de umidade residual Elevação Solo “fino” Solo “grosso” Teor de umidade (%) Capacidade de Retenção em Barreiras Capilares O contraste de permeabilidade entre solo “fino” e “grosso”, forma uma impedância hidráulica que limita o movimento de água para baixo. A água entra no solo “grosso” quando a sucção na superfície do solo “grosso” é reduzida ao valor próximo da sucção residual. A sucção é ΨB e o teor de umidade volumétrico é ΘBC. Para existir continuidade hidráulica a sucção nas duas camadas deve ser igual na interface. A sucção na camada “fina” deve ser ΨB.. A partir daí a água entrará na camada “grossa”. A água entra lentamente a partir deste ponto, pois a condutividade hidráulica no solo “grosso” ainda é baixa. A impedância hidráulica induzida pela interface capilar faz com que o solo “fino” atue como um reservatório que guarda a água infiltrada (CR) até ΘBF ser atingido. Tendo sido retida ao máximo a água é então evapotranspirada ou drenada lateralmente. Khire et al. (2000) Perfis de sucção na camada superior da barreira capilar Infiltração baixa e constante K (hq ) = q z ≅ 45o A C h* w D h= z+ Solo “fino” B Solo “grosso” Potencial matricial (h) h*w Sucção de entrada de água do solo “grosso” dq ≅1 dz hq Sucção Baseado em Stormont & Morris (1998) Perfis de sucção na camada superior da barreira capilar Resposta aos efeitos de ET e infiltração z F E C D A B q > qc q < qc Solo “fino” Solo “grosso” Potencial matricial (h) h* w Caso a infiltração combinada com o perfil anterior for menor que CR da camada “fina” a barreira não será rompida Baseado em Stormont & Morris (1998) Curva de retenção e Capacidade de retenção da camada de solos “fino” θ (%) Sucção (kPa ou m) b CR = ∫ θ ( z + h )dz 0 * w h*w ψB Estimativa de projeto de uma barreira capilar Se a barreira capilar for projetada considerando-se apenas as duas camadas de solo: a espessura e as características hidráulicas devem ser manipuladas para se obter um projeto que seja adequado para a retenção de água e garanta uma percolação aceitável. 1. Escolha dos solos 2. Espessura do solo “grosso” • A espessura mínima a ser adotada deve ser tal que mantenha uma sucção no topo da camada de solo “grosso” que esteja associada a uma condutividade hidráulica baixa. (e.g. manter a sucção perto da sucção do teor de umidade residual). 3. Espessura do solo “fino” • A espessura do solo “fino” depende das propriedades hidráulicas do solo não saturado das duas camadas e das condições meteorológicas do local. Os quatro passos para o projeto Passo 1: Determinação do período meteorológico crítico • Em geral o período crítico a ser usado é o mais chuvoso. • Deve-se determinar a capacidade de retenção requerida (CRR) com base em todas as formas de infiltração de água possíveis. • Pode-se assumir que a evapotranspiração e o escoamento superficial são nulos. Baseado em Khire et al. (2000) Os quatro passos para o projeto Passo 2: Estimativa da espessura da camada de solo “fino” • A espessura é escolhida de forma que a capacidade de retenção (CR) da camada seja maior que a capacidade de retenção requerida (CRR). • A capacidade de retenção de água no solo “fino” vale: b CRFo = ∫ θ ( z + ψ B )dz 0 Ou, incluindo a limitação da evapotranspiração b CRFo = ∫ θ ( z +ψ B )dz − θWP b 0 • A determinação da espessura da camada é feita igualando-se CRF à capacidade de retenção requerida (CRR), obtida com base nos aspectos meteorológicos Khire et al. (2000) Baseado em Khire et al. (2000) Os quatro passos para o projeto Passo 3: Ajuste da espessura • Com base na espessura obtida no passo 2 deve ser feita uma análise utilizando-se algum modelo de fluxo em meio não saturado que considere evapotranspiração e escoamento superficial. Faz-se assim um balanço de água do sistema. • Deve-se alimentar o modelo com os seguintes dados: • Dados meteorológicos • Dados da vegetação • Propriedade dos solos não saturados Baseado em Khire et al. (2000) Passo 4: Outros fatores • Após o ajuste da espessura pode-se ainda majorar este valor com base em aspectos tais como: • Erosão (água e vento) • Trincas de ressecamento • Ou aumento do fator de segurança Baseado em Khire et al. (2000) Barreira Capilar - Trecho horizontal Baixa (ou nenhuma) eficiência se não estiver associado com evaporação Barreira evapotranspirativas Evapo-transpiração Precipitação Evaporação Run-off Barreira evapo-transpirativa Resíduo A barreira capilar inclinada Objetivo: A inclinação cria uma drenagem lateral que reduz a quantidade de água no solo “fino” para manter a capacidade de retenção. Trecho inclinado • Efeitos da evapotranspiração • A água é “desviada” para as laterais k (m/s) Log Sucção (kPa) Modelo físico de uma barreira capilar inclinada Parent & Cabral (2005) O projeto de uma barreira capilar inclinada deve observar os seguintes aspectos: • A máxima infiltração aceitável • A inclinação e comprimento do talude • As funções de permeabilidade dos materiais envolvidos Parent & Cabral (2005) distância de desvio ≈ ∫ ΨcMRL ΨcCBL k ( Ψ ) dΨ ψcCB e ψcCR são as máximas sucções que existem nos materiais quando submetidos a uma dada infiltração. Pode-se utilizar o método de Bews et al. (1997) ou o modelo de Kish (1959) para determinar estes valores. Parent & Cabral (2005) Aspectos Importantes: • • • • • • Clima adequado (dados e estudos brasileiros) Evapotranspiração (dados e estudos brasileiros) Capacidade de retenção apropriada (ensaios) Funções de permeabilidade (ensaios vs modelos) Geometria ajustada (papel da inclinação) Execusão controlada (importância da compactação)