1 Universidade Católica de Goiás Módulo- Elaboração de trabalhos científicos Profa. Dra. Kátia Barbosa Macêdo DIRETRIZES PARA A ELABORAÇÃO DE TRABALHOS CIENTÍFICOS 1-Do Orientador e do Orientando 1.1- O termo Orientador prende-se ao verbo latino oriri(nascer, originar-se, começar, empreender, guiar). O verbo oriri confunde-se com o verbo ordiri, cujo significado primitivo era “puxar os fios, ordenar os fios”, e daí, empreender um trabalho. Segundo Medeiros (1999), a função principal do orientador é, assim, puxar os fios para que o orientando possa iniciar o trabalho de tecer sua própria monografia. A ele cabe abrir o caminho, apontar o roteiro e, havendo desvios, repôs o candidato na via certa. O orientador deve ter conhecimento amplo e profundo da matéria em pauta; ainda deve3 ter responsabilidade no sentido de levar a sério as tarefas de orientação. Na agenda do orientador , há de haver sempre espaço aberto para a análise crítica da monografia e para o atendimento do orientando. Uma outra característica do orientador é a afabilidade, pois é importante haver um clima afável, levando o orientando a sentirse bem e a predispor-se a aceitar as propostas. A atitude dialogística leva a aproximação e desperta iniciativas. Para Nunes (1997), o orientador pode acompanhar o aluno desde o momento da escolha do tema até a redação final, e para tal poderá esclarecer dúvidas de método, forma e conteúdo; poderá determinar a realização de pesquisa, leituras específicas, do desenvolvimento e certas atividades acadêmicas, fixar metas e cobrar resultados, visando o desenvolvimento satisfatório dos trabalhos. 1.2- Ao pé da letra, orientando significa “o que deve ser orientado”; é uma reminiscência do gerundivo latino(particípio futuro passivo), como várias outras 2 palavras. Importa lembrar ao orientando que deve conscientizar-se da necessidade de confiar no orientador, acolhendo-lhe as sugestões e as inevitáveis correções de rumo na elaboração da monografia. Cabe ao orientando obter respostas com autonomia, é dele a responsabilidade de buscar as respostas para suas perguntas. 2-Tipos de trabalho científico 2.1 - Na definição nominal de monografia, o termo é de proveniência grega, e forma-se de monos(um, único) mais graphia(escrita). O sentido literal é “escrito de um só assunto”. Segundo Machado(1964:1601), o termo encontra-se num texto de 1854 de D.Blaz Leon Alvarez: Observações sobre monografia da cólera – morbo pestilencial... Par a ABNT, monografia é um documento que apresenta a descrição exaustiva de determinada matéria, abordando aspectos científicos, históricos, técnicos, econômicos, artísticos etc. Tem como aspectos principais descrição exaustiva, matéria especificada, caráter científico. Para Meireles(1999), Monografia é uma dissertação que trata de um assunto particular, de forma sistemática e completa. O objetivos da monografia, segundo Lakatos e Marconi(1992:153), são: 1-revelar gosto e tendências; 2- exteriorizar espírito de iniciativa e criatividade; 3- demonstrar amplitude de juízos. 4- manifestar capacidade de seleção em função das metas estabelecias; 5- expor a experiência obtida pelas leituras e vivências pessoais; 6- apresentar capacidade analítica e valorativa e 7- revelar capacidade de distinguir fatos de opiniões. 2.2 - Para Medeiros(1999), o termo dissertação forma-se de dis(prefixo indicador de separação, afastamento, dispersão mais sertare(ajuntar, enlaçar, ligar , entrelaçar). O prefixo dis pode causar estranheza; entende-se , porém , que , para enlaçar, ajuntar, necessário é afastar, separar o que não convém. O termo significa raciocinar logicamente sobre. O termo já foi encontrado em 1758 no título de um libro de Joaquim José Moreira de Mendonça: Dissertação phisica sobre as causas geraes dos terremotos..., segundo Machado(1967:824). 3 Dissertação é a exposição e o desenvolvimento oral ou escrito de um assunto determinado, por meio de palavras ou expressões que se encadeiam. É o discurso em que se discute um assunto. Há dois tipos de dissertação: a expositiva e a argumentativa. No primeiro caso, o autor apenas reúne material de variadas fontes e faz uma apresentação compreensiva de um assunto. Nesse caso, é necessário habilidade para coletar e organizar material. No segundo caso, é preciso expor interpretação das idéias e posição do autor diante delas. Para Leite (1997), a dissertação , de caráter eminentemente didático, representa treino de iniciação à investigação, de forma que sua elaboração não levará em conta que a investigação científica se concretize na comunicação de uma teoria nova, ou nova explicação e interpretação de fatos dentro da originalidade que norteia a tese doutoral. É estudo recapitulativo, analítico, interpretativo a respeito de um tema bem específico e delimitado. O caráter pessoal da pesquisa, bem como a reflexão e o rigor científicos, deverão acompanhar, necessariamente, a investigação, para não se transformar em um mero relatório de procedimento de pesquisa ou compilação de obras alheias. 2.3 - Etimologicamente, o termo tese remonta ao grego tésis (ação de pôr, de colocar). Assim, tema e tese assintam-se ambos no verbo grego títemi. Tese é ponto de vista doutrinário que se sustenta contra possíveis objeções. Para Leite(1997), a tese vai além da pura análise dos dados e redunda inexoravelmente na apresentação de uma nova teoria, desconhecida e inteiramente nova do que se produziu até então. A tese vai além dos dados citados e se caracteriza fundamentalmente por dois aspectos bem precisos: a contribuição pessoal do autor e a proposição que se expõe e se defende. A tese ultrapassa o processo dissertativo propriamente dito, examinando criticamente as teorias, avaliando objetivamente os resultados e conclusões apresentadas, posicionandose finalmente através de sólida argumentação, na enunciação da tese final. Dissertação Tese É um estudo recapitulativo em Embora forma de exposição esgota-se recapitulativa na e analítica, originalidade da 4 proposição Objetiva a organização sistemática Vai além da mera sistematização e se de um assunto propõe a demonstrar e provar proposições Interpreta dados ou fatos alheios, Analisa os fatos ou idéias através de com insenção, permitindo ao leitor sólida argumentação, conduzindo o que forme suas próprias opiniões a leitor a concluir com o autor respeito do tema trabalhado De caráter eminentemente didático, De caráter eminentemente científico, como todo o esforço é canalizado na tomada treino e iniciação, não implica na comunicação de uma de posição de um tema que se teoria nova concretizará na tese, ou na teoria. Quadro Comparativo entre dissertação e tese, de Leite(1997), p.25. 3- As partes de um Trabalho Científico “... as partes do trabalho e seus capítulos e, no interior deles, os parágrafos devem ter uma seqüência lógica rigorosa determinada pela estrutura do discurso. Não basta que as proposições tenham sentido em si mesmas: é necessário que o sentido esteja logicamente inserido no contexto do discurso e da redação”. SEVERINO, 2000, p.82 Segundo Severino(2000), o trabalho possui três partes fundamentais, sendo que a primeira é a introdução, a segunda o desenvolvimento ou os capítulos teóricos e metodológico e a terceira, a conclusão. 3.1 - A INTRODUÇÃO apresenta o resultado do levantamento bibliográfico, contendo uma justificativa e o interesse objetivos do trabalho, enunciando pela escolha do tema. Deve apresentar os o tema, o problema, os procedimentos metodológicos que foram utilizados , e encerra-se com uma justificação do plano de 5 trabalho. Quando o leitor ler a introdução, deverá ter uma idéia clara do que trata o trabalho. È a última parte a ser escrita em uma monografia. Nesta parte deve -se apresentar o objeto da dissertação, o enfoque dado au assunto, o objetivo e a delimitação do assunto, Faz-se referência a textos anteriores , apresentando o levantamento bibliográfico e indica-se a metodologia utilizada. Para Leite(1997), a introdução esclarece o leitor sobre o teor da problematização do tema do trabalho assim como a respeito da natureza do raciocínio a ser desenvolvido. Geralmente é curta Ela possui alguns elementos componentes básicos: determinação do assunto; delimitação do tema; levantamento da problemática. Além desses componentes básicos, alguns autores incluem na introdução uma descrição resumida dos aspectos metodológicos, a situação do tema no tempo e no espaço ou o “estado da arte” e do desenvolvimento das pesquisas na área; e ainda podem incluir a importância do tema. Para Nunes(1997), deve-se evitar qualquer citação de autores e textos em rodapé nesta parte do trabalho. É a última parte do trabalho a ser escrita. 3.2 - A segunda parte do trabalho é denominada de DESENVOLVIMENTO,que compreende explicação, discussão e demonstração e deverá ser estruturado como se fosse feito um esqueleto, um mapa de argumentação que guiará a construção do texto. A redação do texto deverá construir um conjunto concatenado de argumentos capazes de montar um raciocínio que deixe claro os caminhos perseguidos e os objetivos alcançados. É a parte onde são apresentados e expostos os fundamentos do trabalho, analisados os dados e apresentadas as provas e a argumentação. Conforme as necessidades do plano definitivo da obra , é esta parte que contém os capítulos teóricos e o metodológico da monografia. Nesta parte apresentamse fatos, argumentos, provas, exemplos, ilustrações. A finalidade do desenvolvimento é demonstrar o que foi proposto na introdução. Para Leite(1997), o desenvolvimento retoma o problema inicial da introdução, especificado agora sob a forma de enunciado interrogativo que estabelece as relações entre as variáveis, apresenta resultados e faz a avaliação das hipóteses ou problemas colocando as principais conclusões. Da mesma forma eu a introdução , o desenvolvimento também deve conter alguns elementos básicos: a divisão do assunto 6 de modo a garantir a harmonia, o equilíbrio e a logicidade da idéia principal; o outro elemento é a argumentação; outro elemento ainda é a exposição metodológica. Nunes propõe um modelo para a estruturação de um texto de investigação científica. tema Já problematizado problema Hipóteses para solução Argumentos e provas Desenvolvidos em concatenação lógica Teste de hipóteses conclusão Figura demonstrativa das etapas de desenvolvimento do trabalho científico, segundo Nunes (1997), p. 80 Argumentação Dissertações, monografias e teses são textos argumentativos, o que significa dizer que visam convencer ou persuadir por meio de um conjunto de recursos oferecidos pela língua. Para convencer, utilizam-se argumentos e provas que validam a idéia que se quer defender. Todo texto argumentativo, segundo Medeiro(1999: 144),defende um ponto de vista, que ´pe formado por experiências acumuladas, leituras, 7 informações obtidas, desenvolvimento da capacidade de compreender e elaborar uma mensagem de modo que a outra pessoa entenda o que se deseja transmitir. O ponto de vista serva para manter a unidade do texto. O tema do trabalho monográfico deve ser provado e, para isso, deve-se utilizar argumentos. O termo argumento remonta ao verbo latino arguere, cujo sentido primitio é tornar branco, dar brilho. Assumiu, depois o sentido de denunciar, acusar e, também , declarar, explicar, provar. Em lógica, argumento é a expressão verbal do raciocínio, cujo objetivo é demonstrar ou refutar uma proposição. Segundo Medeiros(1999: p. 146-148), o autor da monografia poderá socorrer-se de alguns dos argumentos seguintes - Por exclusão, consiste na apresnetação de vários arg hipóteses que vão sendo excluídas uma por uma até se chegar a uma só, tida como certa ou verdadeira. - Pelo absurdo , busca mostra r que uma firmação contraria a evidência de um fato e contra fatos não há argumentos. - De autoridade argumento cujo supedâneo é o valor moral ou intelectual de quem propõe ou esposa determinada doutrina. - Contra o homem, trata-se de argumento válido apenas contra a pessoa à qual se dirige - Por analogia – tal raciocínio baseia-se na semelhança de duas realidade ou conceitos. Como se fundamenta na c comparação , tem força de persuasão e não de prova propriamente dita. - A fortiori, com maior razão – consiste em se estabelecer uma escala de valores entre termos ou conceitos que vincula a cada um deles uma escala de valores já admitida. A argumentação se utiliza de figuras de linguagem como metáfora, ironia ou antítese. 3 3 - A terceira parte do trabalho é denominada de CONCLUSÃO, que deve conter uma recapitulação sintética dos resultados da pesquisa elaborada , e é nessa parte também que o autor manifesta seu ponto de vista sobre os resultados obtidos e sobre o alcance dos mesmos. A conclusão sintetiza as idéias apresentadas em todo o texto. Apontando a postur a do autor diante do problema apresentado na introdução. 8 Para Leite(1997), a conclusão é o ponto para o qual convergem os passos da análise, da discussão, da demonstração à busca da incorporação em um todo maior. A conclusão constitui uma divisão á parte, cuja estrutura reflete o encadeamento dos capítulos precedentes. Não comporta títulos nem subtítulos , salvo a palavra conclusão. Não deve ultrapassar dez páginas. Nesta etapa derradeira da exposição, a conclusão é o momento em que o autor se posiciona integralmente resumindo sua posição pessoal. Cada autor cria sua própria conclusão, e a personalidade do autor lhe imprime sua particularidade. 4 - Como fazer, então, para escrever um capítulo? Todo trabalho científico tem seu início no levantamento bibliográfico, onde o autor irá levantar as pesquisas, trabalhos publicados sobre o tema a ser pesquisado. Deve buscar fazer esse levantamento em várias fontes , visando obter uma visão global acerca do assunto. 4.1 - O exame das fontes Para alargar o campo bibliográfico e começar a se aprofundar no tema escolhido, é preciso explorar certas fontes de informação que atuam na pesquisa. O importante é examinar com cuidado as fontes mais importantes, a partir das quais o avanço para novas informações é possível graças à compreensão e apreciação de aspectos inéditos que elas trarão. Levantar bibliografia nas seguintes fontes: 4.1.1-Legislação – compreender leis, regulamentos, decretos, decretos- leis, provimentos... é importante o pesquisador conhecer e inventaria s os e encadeamentos e as relações dos textos atualizados. 4.1.2-Teses e dissertações 4.1.3-Revistas 4.1.6-Fontes jornalísticas 4.2- Preparando o material e estruturando o capítulo 4.2.1- Antes de começar a escrever um capítulo, você deve fazer um esquema do mesmo, montar um “mapa” de raciocínio ou de argumentação . 9 Para facilitar a elaboração do esquema, você pode montar uma tabela, com os principais aspectos do material de seu levantamento bibliográfico, contendo os seguintes dados: Fonte Problema/Objetivo Procedimento Representaçõ Tese de es sociais e o doutorado meio ambiente. Tema - Analisar falas e ações apartir de um com. De técnicas do entorno onde vivem os moradores da lagoa da conceição - Apresentar um modelo de implementação de SGA e avaliação de D.A. - Buscar a integração das estratégias, objetivos e metas ambientais com a estratégia, obj. e metas ambientais - Levantamento doc. - Conversa informal com a população. - Entrevista. Observações e revistas fotográficas - Trazer o público para visitação. - Análise de objetivos e metas ambientais e org. Indicadores de desempenho ambiental. - Material coletado. - Programa Alceste.. Indicam nível satisfa tório de consciencia a cerca dos problemas ambientais. - Análise de relatório de desempenho ambiental. Há política Artigo ambiental para inústria brasileira? - Estaria surgindo de fato uma postura mais receptiva para o trat. Integrado da questão ambiental nas ind. Entrevista com 48 ind. Em empresas acima de 1000 func. Análise da entrevista Manutenção do proces so de aprendizagem. Correlação causa e efeito. Visão Top. Down, o BSC, prevê estratégias definidas. BSC, com o sistema a empresa tem metas defi integrado à visão or. Faz com que os profissionais tenham maior conhecimento a respeito de questões ambientais. a maioria das empresas iniciam o controle de resíduo e efluentes líquidos, a partir da pressão legislativa. Ausência de envolvi mento sócio técnico dos e uma educação e sim maior integração de setores. O caminho é a integra ção do setor ocupacio nal, com o setor de polu ição. Responsabili Tese de dade social, doutorado efeitos da atuçaõ social na dinâmica empresarial Verificar efeitos da - Pesquisa descritiva e incorporação da R.S. na exploratória. -Estudo dinâmica empresarial. de multi caso - Entrevista e análise de documentos Aplicação de Artigo um modelo de SGA que utiliza o Balanced Scorecard (BSC) Análise Análise do material : entrevista e documentos. Resultados 10 4.2.2- Deve-se lembrar de utilizar uma linguagem impessoal, não se deve escrever nem na primeira pessoa do singular- EU , nem no plural NÓS. A linguagem é técnica e isso é uma característica fundamental do texto. A comunicação científica deve ter um caráter formal e impessoal. 4.2.3- Deve-se cuidar para que o tempo do verbo esteja de acordo, se você está relatando fatos do passado, deve usar o verbo no pretérito, se no presente, presente, se no futuro, futuro. 4.2.4- Para Medeiros(1999), a monografia jurídica deve pautar-se pela linguagem jurídica, cujas principais características são conservadorismo,correção ,ritualismo, denotação , procurar utilizar definições dos termos utilizados e elaborar parágrafos bem estruturados. Parágrafo- etimologicamente, o termo prende-se ao grego pára(ao lado de) mais grapho(escrevo). Parágrafo era a marca para distinguir as diversas partes de uma exposição. Em sentido real, parágrafo é um conjunto de frases que forma um bloco , um todo constituído de uma idéia básica, fundamental, em torno da qual gravitam idéias secundárias em determinado número de linhas. É bom se utilizar parágrafos curtos ou de média extensão, geralmente parágrafos longos geram confusão no leitor. Cada parágrafo deve ter uma unidade e coerência. A unidade é uma questão de ordem sem a qual se perde a visão do todo, daí aconselha-se usar partículas de encadeamento para evitar cortar o bloco. 4.3 - Geralmente , para um capítulo teórico, a estrutura é: 4.3.1- Conceitos e definições sobre o tema, suas principais correntes teóricas ou abordagens e os autores, e já deixar claro com qual definição e autor você estará embasando toda sua monografia. Muitas vezes se coloca os motivos ou as razões que levaram você a optar por uma delas. 4.3.2- Pequeno histórico ou “estado da arte”, onde você apresenta a evolução das pesquisas sobre o tema. Aqui entra o resultado do levantamento bibliográfico, se foi bem feito, você terá muito conteúdo para apresentar, caso contrário, ficará pobre e sem consistência. Uma coisa que sempre se observa é se as referências utilizadas no texto 11 são de autores conhecidos, de pesquisas de centros importantes ou ainda de referências atuais, até 5 anos atrás, excetuando os autores considerados clássicos, que, independente da época de suas obras, necessariamente devem ser citados. Também é bom que o você apresente dados sobre como outros pesquisadores estão pesquisando o tema, a que conclusões eles tem chegado, e você deve fazer com que os outros autores “dialoguem” entre si, de forma que todas as afirmações que você fizer sejam FUNDAMENTADAS em afirmações de outros autores. Em um capítulo teórico, você só pode afirmar baseado em afirmações, teorias, pesquisas de outros autores. 4.3.3- Uma vez apresentados os conceitos , definições, correntes , um pequeno histórico e ainda um mapeamento de como estão as pesquisas sobre o tema, chegou a hora de você discutir o tema relacionado ao problema que você colocou no início do trabalho. Após esta discussão, ai sim se colocando como autor, você deverá fazer uma ligação com o próximo capítulo da monografia. 4.4- O esquema para um capítulo de Método , geralmente contém: 4.4.1- Um capítulo de método tem como objetivo relatar qual foi o caminho percorrido por você para obter as respostas para o seu problema inicial. Deve conter uma descrição do local onde foi realizada a pesquisa, descrevendo a população. 4.4..2- A população total nem sempre é pesquisada, geralmente os pesquisadores montam amostras com sujeitos da população. Neste item, você deverá descrever quais os critérios e técnicas utilizadas para montar uma amostra, de quantos sujeitos você dispunha no início, e com quantos você realmente chegou a coletar dados. Nesta parte, alguns autores apresentam tabelas com os dados sócio-demográficos , como idade, sexo, escolaridade, estado civil, etc. dependendo dos critérios adotados para a composição da amostra. 4.4.3- Após apresentados quem foram os sujeitos com os quais você coletou os dados, é importante descrever como coletou e quais dados coletou. Você deve descrever que instrumentos e técnicas que utilizou para coletar os dados, e ainda descrever ou citar quais dados te interessava coletar. Essa descrição pode ser, por exemplo, dizer que você 12 escolheu como instrumento de coleta de dados uma entrevista semi-estruturada, realizada individualmente, e que seu roteiro foi montado com a seguinte estrutura, ou temas, ou categorias. Geralmente os autores descrevem detalhadamente como construíram o instrumento, como validaram-no, se fizeram uma testagem - piloto, e outros dados que julguem importantes , nesse tópico. É ainda praxe que apresentam em anexo o instrumento de coleta, para facilitar ao leitor a compreensão , ou ainda para facilitar reutilizações do referido instrumento de coleta de dados. Ainda pode ser apresentada nesta parte uma discussão teórica sobre a legitimidade de se utilizar tal ou qual instrumento escolhido por você. 4.4..4- O item intitulado Procedimentos é onde você relatará quais foram as etapas que você fez , desde o contato com o campo, montagem da amostra, testagem-piloto, aplicação de técnicas para coleta , tratamento dos dados, e técnica escolhida para análise dos dados. Pode apresentar também uma discussão teórica acerca das técnicas que utilizará para analisar e tratar os dados, geralmente com autores que embasam a mesma, auxiliando você a justificar porque a escolha desta e não de outra técnica. 4.5- Após a apresentação deste capítulo, se segue um capítulo de caráter metodológico, com o objetivo de apresentar resultados. Geralmente se estrutura da seguinte forma: 4.5.1- Você fará uma breve exposição de como apresentará os dados, geralmente de acordo com a técnica que utilizou para a coleta e análise dos mesmos. Alguns autores apresentam todos os dados neste capítulo, outros apresentam dados sócio-demográficos no capítulo anterior, e neste capítulo apenas os dados relacionados ao problema de pesquisa. 4.5.2- Você poderá escolher fazer , após a apresentação de seus dados , a análise , aproveitando o “aquecimento” do leitor, ou poderá optar por fazer um capítulo só de análise e discussão dos resultados, dependerá dos dados que você tem em mãos. Se você optar por analisar e discutir, lembre-se de trazer para a discussão se não todos, pelo menos os principais autores que você utilizou na parte teórica. Ao fazer referências a outros autores, você deve citar as fontes . Pode também recorrer à paráfrase ou a condensação, sempre cuidando para não fazer plágio. 13 Para Leite(1997), paráfrase, vem do grego paraphrasis, é o desenvolvimento do texto de um livro ou de um documento conservando-se as idéias originais. A definição nos revela dois elementos básicos da paráfrase, que são o desenvolvimento com palavras próprias e de idéias originais alheias. A paráfrase é quase sempre utilizada quando se pretende indicar, de modo resumido ou abreviado, idéias alheias, sem recorrer à citação extensa do autor da mensagem. A falsa paráfrase é o plágio , quando se copia idéias de outro autor sem citar de quem elas são, e isso pode gerar demand as judiciais por direitos autorais e até penas. Existe ainda a condensação, que é uma paráfrase das idéias de outro autor, citado no texto, mas de forma resumida. Enquanto a paráfrase é mais abrangente, a condensação se realiza na própria síntese. Textos de referênciaABNT-Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR 14724/jul2001 , site www.abnt.org.br BITTAR,Eduardo Carlos Bianca- Metodologia da Pesquisa Jurídica. – São Paulo: Saraiva, 2001.(240p.) HECK, José Nicolau - Direito Racional e Direito psositivo: um estudo sobre a ciência Kantiana e Kelseniana do Direito in: Revista da Faculdade de Direito da UFG, vol. 21/22 n.1, jan/dez. 1997/1998, p. 73-93 HENRIQUES, Antônio e MEDEIROS, João Bosco – Monografia no curso de direito: trabalho de conclusão de curso: metodologia e técnicas de pesquisa, da escolha do assunto à apresentação gráfica. – São Paulo: Atlas, 1999.(222p.) LEITE, Eduardo de Oliveira- A monografia Jurídica. 3ª Edição Revista e Atualizada. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais Ltda, 1997 (381p.) 14 MENDONÇA, Alziro furtado de, ROCHA, Cláudia Regina Ribeiro, NUNES, Heliane Prudente, REGINO, Sueli Maria . Metodologia científica: guia para elaboração e apresentação de trabalhos acadêmicos. Goiânia: Faculdades Alves Faria, 2003.(136 p.) NUNES, Luis Antônio Rizzatto . manual da Monografia Jurídica. – São Paulo: Saraiva, 1997. SANTOS, Nivaldo dos – Monografia Jurídica. – Goiânia: AB Editora, 2000. (Coleção Curso de Direito). ( 136 p.) SEVERINO, A . J. Diretrizes para a elaboração de uma monografia científica, in: SEVERINO, Antônio Joaquim- Metodologia do Trabalho Científico,. 21a. edição revista e ampliada.São Paulo: Cortez, 2000.