Reportagens
Manaus, 23/06/2006
Na capital do AM, uma Noruega e um Vietnã
Manaus tem bairros com desenvolvimento humano tão elevado quanto o norueguês, e
outros com padrão vietnamita, aponta Atlas
da PrimaPagina
A capital amazonense, onde há cerca de 40 anos teve início a
construção daquele que viria a ser um dos principais pólos industriais
brasileiros, é hoje um retrato típico do perfil socioeconômico do
Brasil. Numa área que é duas vezes o Distrito Federal ou sete vezes o
município de São Paulo (11,4 mil quilômetros quadrados), Manaus
abriga 1,7 milhões de habitantes que vivem em realidades tão
diversas como a Noruega e a Bolívia. Enquanto 24 das 81 regiões da
cidade apresentam condições semelhantes às da Europa, 13 delas
estão em situação similar a de países como Vietnã.
As desigualdades são evidenciadas pelo Atlas de Desenvolvimento
Humano de Manaus, lançado nesta sexta-feira. O banco de dados
digital traz 121 indicadores, desagregados por bairros ou regiões
ainda menores, relativos a áreas como educação, renda, saúde,
habitação, população e saneamento, além do IDH-M (Índice de
Desenvolvimento Humano Municipal, uma adaptação do IDH aos
indicadores regionais brasileiros). O software, que será de fato
implementado em julho, é semelhante ao já desenvolvido no Recife.
A ferramenta mostra que a região com maior IDH-M da capital amazonense, Nossa Senhora das Graças –
Vieirópolis / Adrianópolis, tinha em 2000 um índice de 0,943, semelhante ao Noruega (0,942, o maior do
mundo na época). Já a região com o pior indicador, São José – Grande Vitória, apresentava um IDH-M de
0,658, menor que o do Vietnã (0,688) e pouco maior que o da Bolívia (0,653). Esse padrão de desigualdade —
uma diferença de 0,285 entre o maior e menor índice — é semelhante ao verificado entre os municípios
brasileiros, de acordo com o os organizadores do Atlas.
Das três dimensões do IDH-M (longevidade, renda e educação),a que mais contribui para elevar o índice nas
regiões de Manaus é a educação. Em todas as UDHs (Unidades de Desenvolvimento Humano, áreas definidas
pelo Atlas de acordo com as condições socioeconômicas), esse subíndice é o mais alto, seguido pela
longevidade e pela renda. O resultado é reflexo da taxa de analfabetismo, que é de 6% na capital
amazonense. Apesar disso, a diferença entre os indicadores das UDHs é grande. Enquanto em Planalto da Paz
–Santos Dumont/ Redeneção – Hiléia o percentual de pessoas analfabetas com mais de 15 anos é de 1,3%, na
região de Colônia Antônio Aleixo / Puraquequara, a taxa é de 16,6%.
Em saúde, os dados do Atlas de Manaus revelam que oito das 81 UDHs da cidade já cumpriram o Objetivo de
Desenvolvimento do Milênio de reduzir a mortalidade infantil a dois terços até 2015. A meta da capital
amazonense é reduzir o indicador a, no máximo, 17 mortes a cada mil nascidos vivos. Em 2000, as UDHs que
estavam mais atrasadas na meta tinham uma taxa média de 39 mortes a cada mil nascidos. Na outra ponta,
as que estavam mais avançadas tinham uma taxa de 10 por mil.
A desigualdade segue o mesmo padrão quando se analisa a renda das diferentes regiões. A renda per capita
média de Manaus era R$ 262,40 em 2000. A análise do dado por UDH, no entanto, mostra que em Nossa
Senhora das Graças – Vieiralves / Adrianópolis e em Flores – Parque das Laranjeiras, a renda é de R$
1.356,87, o que corresponde a 16 vezes os R$ 86,00 ganhos em média pelos habitantes de Jorge Teixeira –
Val Paraíso / Chico Mendes.
Essa diferença nos indicadores tem impacto direto no principal indicador de desigualdade usado pela ONU, o
índice de Gini (que varia de 0 a 1, sendo 0 quando todas as pessoas da sociedade têm a mesma renda e 1
quando uma única pessoa detém toda a riqueza). Em 2000, o índice de Gini do Brasil era de 0,65, o segundo
maior do mundo. Em Manaus, o dado era praticamente o mesmo (0,64), o que significa que os 20% mais ricos
ganham em média 21 vezes mais que os 40% mais pobres.
Fonte: http://www.pnud.org.br/pobreza_desigualdade/reportagens/index.php?id01=2083&lay=pde
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