Histórico Realização Comissões Objetivos Temas Conceitos Programa Títulos Autores Buscar Home Sair Desenvolvimento Rural Monferrer ? Ajuda 313 - ESTRATÉGIA DA EMBRAPA FLORESTAS PARA TRABALHOS EM PESQUISA PARTICIPATIVA Luciano Javier Montoya Vielcahuaman1; Derli Dossa; Moacir M.J. Medrado RESUMO A Embrapa Florestas a partir de 1992 definiu que aos seus trabalhos em agrofloresta deveria ser incorporada a participação efetiva dos produtores. Em função disto, treinou alguns de seus pesquisadores em uma metodologia de diagnóstico para intervenção desenvolvida pelo International Centre for Research in Agroforestry - ICRAF e denominada de Diagnóstico e Planejamento de Sistemas Agroflorestais (Diagnostic & Design - D&D). Este trabalho além de apresentar comentários sobre vantagens e desvantagens do método D&D, em relação a outras metodologias, observados durante uma década de trabalho define uma nova estratégia de ação para os trabalhos de pesquisa participativa da Embrapa Florestas. PALAVRAS - CHAVE: Sistemas agroflorestais; agroflorestas; diagnóstico de intervenção. INTRODUÇÃO Até o final da década de 80 a Embrapa Florestas desenvolvia seus trabalhos em sistemas agroflorestais utilizando metodologias tradicionais de pesquisa. Apesar de inúmeros experimentos, esses não estavam incorporados dentro de um plano de desenvolvimento regional, municipal ou comunitário. Ao contrário, já nos anos 80, o ICRAF preocupava-se com metodologias participativas aplicadas ao estudo da agrofloresta (Nair, 1993). Assim, estabeleceu uma metodologia própria que denominou Diagnostic & Design (D&D) e que consiste, basicamente, dos seguintes estágios: pré-diagnóstico das comunidades, diagnóstico, definição dos principais sistemas de uso da terra - SUT, estabelecimento de tecnologias para melhoria dos SUTs, planejamento de ações em propriedades e em estações experimentais, realização das mesmas, avaliação do processo e correção de rumos. A partir de 1992 por decisão da equipe de agroflorestas da Embrapa Florestas, o método D&D passou a servir como base metodológica para os seus trabalhos de diagnóstico de sistemas florestais e agroflorestais. 1 Embrapa Florestas; [email protected] Engenheiro-Agrônomo; [email protected]; 1 [email protected]; Histórico Realização Comissões Objetivos Temas Conceitos Programa Títulos Autores Buscar Home Sair ? Ajuda DESENVOLVIMENTO A escolha da metodologia D&D para trabalhos de pesquisa participativa. A opção pelo uso da metodologia D&D, em relação a outras metodologias de diagnóstico teve como base as vantagens deste método em relação aos demais, citadas por Raintree (1987) e Nair (1993): a) flexibilidade; b) velocidade; c) precisão; d) repetição rápida podendo ser aplicada várias vezes ao longo de um projeto de desenvolvimento com a finalidade de retro-alimentar a pesquisa ; e) maior taxa de incorporação de inovações; f) multidisciplinaridade nas etapas de pré-diagnóstico e diagnóstico. Falhas observadas na metodologia e dificuldades para a formação de equipes. O uso continuado da metodologia, por uma década, mostrou aos pesquisadores da Embrapa Florestas alguns pontos falhos. Entre eles, destacaram-se a desconsideração do uso de questionários estruturados e a falta do estabelecimento estatístico de amostra. O não uso de questionários estruturados levava à falta de informações ordenadas e quantitativas de algumas variáveis estruturais classificatórias e dificultava a elaboração de tipologias. Outro aspecto importante foi a difícil interpretação do termo sistema de uso da terra – SUT pelos técnicos da região sul do Brasil. Eles estavam acostumados com uma divisão teórica do tipo: sistema agrário, sistema de produção e sistema de cultivo o que levava a interpretações equivocadas por parte de algumas equipes. Por ultimo, era grande a dificuldade para formação de equipes multidisciplinares e interinstitucionais pois não raramente faltavam afinidades teóricas e pragmáticas, no corpo técnico científico e entre as instituições além de, por vezes, sobrarem na equipe profissionais generalistas e faltarem especialistas do tipo: silvicultores, cartógrafos, sociólogos, etc. Dificuldades para implementação dos trabalhos participativos Das inúmeras solicitações feitas à Embrapa Florestas para o desenvolvimento de trabalhos de pesquisa participativa, apenas os trabalhos em conjunto com a Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e Missões - URI, na região de Áurea, RS (Medrado et al., 1997) e com a Associação dos Produtores de Mate - APROMATE, em Machadinho, podem ser considerados exitosos. Exercícios muito tímidos foram feitos em Mato Leitão (Embrapa 1996a), RS, Wenceslau Brás e São Mateus, PR (Embrapa 1996b) onde as atividades de pesquisa planejadas, na grande maioria, não foram implementadas ou quando foram sofreram descontinuidade. Em vários outros locais não se foi além do diagnóstico participativo. 2 Histórico Realização Comissões Objetivos Temas Conceitos Programa Títulos Autores Buscar Home Sair ? Ajuda Os insucessos obtidos deveram-se, em uma análise do grupo de agrofloresta da Embrapa Florestas, às seguintes causas: a) Cultura da geração de trabalhos para melhoria de “curriculum vitae”; b) falta de um maior rigor na priorização das ações; c) inexistência das figuras de pesquisadores júnior e sênior; d) estrutura de administrativa em ciência e tecnologia deficiente; e) interesse superficial dos municípios; f) cultura de pesquisa disciplinar; g) modelo de desenvolvimento dependente do Estado; h) egocentrismo institucional; i) recursos oficiais escassos; j) o caráter nacional da Embrapa Florestas. Nova estratégia para o desenvolvimento de pesquisa participativa Melhoria da metodologia de Diagnóstico e Planejamento de Sistemas Agroflorestais. O D&D modificado pela Embrapa Florestas melhorou sensivelmente a qualidade dos resultados e o seu potencial de extrapolação. Grande parte disto pode ser atribuído ao uso de um questionário básico que permite a tipificação dos produtores por diferentes indicadores sócio – econômicos, ao uso de amostragem mínima e à criação de bancos de dados que facilitam o acesso e o agrupamento dos mesmos e softwares que facilitam a modelagem de sistemas. Estabelecimento de territórios para o desenvolvimento do trabalho Além das modificações propostas para o método o grupo estabeleceu a nível macro, a seguinte estratégia: a) utilizar como ponto inicial as regiões homogêneas dos estados; b) dentro destas regiões homogêneas, selecionar municípios com características especiais para o desenvolvimento de um trabalho de pesquisa ação; c) dentro de cada um destes municípios selecionar comunidades onde existam organizações, principalmente não governamentais, fortes; d) treinar, em serviço, os técnicos da organização comunitária juntamente com outros agentes de desenvolvimento local públicos ou não; e) realizar o diagnóstico de intervenção; f) priorizar as ações de maior impacto; g) estabelecer um cronograma de ações interinstitucionais para o desenvolvimento de pesquisa ação e para a avaliação e reprogramação. Em cada caso, estabelece-se um Conselho Consultivo, com funções técnicas e burocráticas e um Comitê Executivo para que tanto os pesquisadores da Embrapa Florestas como a equipe total do projeto tenha neles os respaldos técnico e financeiro. CONCLUSÕES Em função de inúmeras tentativas infrutíferas de trabalhos participativos e com base na experiência acumulada na última década, estabeleceu-se a seguinte estratégia: 3 Histórico Realização Comissões Objetivos Temas Conceitos Programa Títulos Autores Buscar Home Sair ? Ajuda a) Definir dentro das regiões homogêneas dos estados, municípios definidos pelo estado como polos de desenvolvimento ou conjuntos de municípios organizados em consórcio; b) Utilizar como base para os trabalhos de pesquisa participativa a metodologia D&D modificada; c) A seleção do locais a serem trabalhados na forma de pesquisa participativa considerará a existência de estruturas locais comunitárias consolidadas ou em processo avançado de consolidação; LITERATURA CITADA EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Florestas (Colombo, PR). Caracterização de sistemas de uso da terra e planejamento de ações para melhoria do sistema agroflorestal de erva-mate (Ilex paraguariensis St. Hil.) no município de Mato Leitão, RS. Colombo: EMBRAPA-CNPF, 1996a. 31p. EMBRAPA-CNPF. Documentos, 30). EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Florestas (Colombo, PR). Diagnóstico e planejamento de sistemas agroflorestais na microbacia Rio Claro no município de São Mateus do Sul, PR. Colombo: EMBRAPA-CNPF, 1996b. 48p. (EMBRAPACNPF. Documentos, 31). MEDRADO, M.; LOURENÇO, R.; DEDECEK, R.A.; MOSELE, S.H; RODIGHERI, H. R.; PHILIPOVSKY, J.F.; VALENTINI, A.; MACIEL, A.A.; WACZUK, A.. Pesquisa participativa sobre erva-mate no município de Áurea, RS. In: CONGRESSO SULAMERICANO DE ERVA-MATE, 1; REUNIÃO TÉCNICA DO CONE SUL SOBRE A CULTURA DA ERVA-MATE, 2., 1997, Curitiba. Anais. Colombo: EMBRAPA-CNPF, 1997. p.460. (EMBRAPA-CNPF. Documentos, 33). NAIR, P.K.R. The diagnosis and design (D&D) methodology. In: NAIR, P.K.R. An introduction to Agroforestry. Dordrecht: Kluwer Academic Pub., 1993.. p.347-356. RAINTREE, J.B., ed. D&D user´s manual: an introduction to agroforestry diagnosis and design. Nairobi: ICRAF, 1987. 110p. 4