UTILIZAÇÃO DA REFRIGERAÇÃO ARTIFICIAL NA CONSERVAÇÃO DE SOJA ANGÉLICA DEMITO1; ADRIANO DIVINO LIMA AFONSO2; MARCUS BOCHI DA SILVA VOLK3; SILMARA B. SANTOS4; JYANN MARIAN ANTONELLI5 Escrito para apresentação no XXXIII Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola 02 a 06 de Agosto de 2004 - São Pedro - SP RESUMO: O processo de resfriamento da massa de grãos é o principal e o mais vantajoso benefício da aeração com sistema de refrigeração, pois diminui a atividade da água no grão, retarda o desenvolvimento dos insetos e reduz a taxa respiratória dos grãos e da microflora presente, independentemente das condições climáticas da região. O presente trabalho tem o objetivo avaliar a manutenção da temperatura interna da massa de grãos de soja em função do período de conservação. Para tanto, grãos de soja armazenados em silo metálico foram resfriados artificialmente utilizando-se de um equipamento refrigerador de grãos. Após o resfriamento, foram monitoradas as temperaturas internas da soja em diferentes alturas. Dos resultados obtidos no experimento podemos concluir que: 1) a temperatura da massa de grãos manteve-se praticamente constante, com pequeno aumento da temperatura em função do período de conservação, 2) a camada superficial de grãos, próxima ao teto do silo, apresentou elevação da temperatura superior às camadas internas da soja, 3) a temperatura medida da massa de grãos variou de acordo com a temperatura ambiente. PALAVRAS-CHAVE: soja, armazenamento, insetos USE OF THE ARTIFICIAL COOLING IN THE CONSERVATION OF SOY ABSTRACT: The process of cooling of the mass of grains is the main and the most advantageous benefit of the aeration with system of refrigeration, because it decreases the activity of the water in the grain, it delays the development of the insects and it reduces the breathing rate of the grains and of the present microflora, independently of the climatic conditions of the area. The present work has the objective to evaluate the maintenance of the internal temperature of the mass of soy grains in function of the conservation period. For so much, soy grains stored at metallic silo were caught a cold being used of an equipment refrigerator of grains artificially. After the cooling, the internal temperatures of the soy were monitored in different heights. Of the results obtained in the experiment we can end that: 1) the temperature of the mass of grains stayed practically constant, with small increase of the temperature in function of the conservation period, 2) the superficial layer of grains, close to the roof of the silo, it presented elevation of the superior temperature to the internal layers of the soy, 3) the measured temperature of the mass of grains varied in agreement with the temperature ambient. KEYWORDS: soy, stored, insects INTRODUÇÃO: A importância da armazenagem reside no fato de que um armazenamento adequado dos produtos agrícolas evita perdas e preserva a qualidade. A busca constante pela manutenção das qualidades dos grãos é prioridade para produtores, processadores, beneficiadores, distribuidores e finalmente, para os consumidores desses produtos. Segundo FARONI (1992), a massa de grãos está constantemente submetida a fatores externos que compõe o ambiente de armazenamento. Estes fatores são divididos em físicos (temperatura e umidade), químicos (fornecimento de oxigênio), e biológicos (bactérias, fungos, água, insetos e roedores). Os insetos em condições tropicais são de maior importância, como pragas de grãos armazenados, pois a massa de grãos se constitui um ambiente ideal para o seu desenvolvimento. As infestações de insetos podem provocar um aumento sensível de temperatura da massa de grãos. Para manter os grãos à temperatura baixa, utiliza-se o sistema de aeração. O processo de resfriamento é importante, pois a maioria dos insetos não se reproduz, em temperaturas inferiores a 20°C ou superiores a 35°C, se forem mantidas por períodos prolongados 1- Mestranda, Engenheira Agrícola, , , CASCAVEL-PR, 0xx453221524/0xx4599654624, [email protected] 2- Doutor, Professor Adjunto, PR, Unioeste, cascavel-PR 3- Mestrando, Engenheiro Agrícola, , , Cascavel-PR 4- Graduanda, , , , Cascavel-PR 5- Graduando, , , , Cascaevel-PR (MAIER et al., 1997, MASON et al., 1997). O processo de resfriamento envolve a passagem do ar ambiente através de um sistema refrigerador que abaixa a temperatura do ar ambiente antes de atravessar a massa de grãos. O resfriamento tem o objetivo de prevenir a migração de umidade e a deterioração biológica por fungos e insetos. Em regiões de climas tropicais ou nos períodos em que a temperatura ambiente é mais elevada nas áreas temperadas, a aeração com ar refrigerado é uma solução técnica visando à diminuição da temperatura. MATERIAL E MÉTODOS: O trabalho foi realizado na Cooperativa Agroindustrial LTDA – COAMO, localizada na cidade de Juranda-PR. O produto utilizado no experimento foi soja armazenada em silo metálico vertical. A massa de grãos foi dividida em 6 camadas de 1,50 m de altura, sendo que os sensores dos cabos de termometria estavam localizados no meio das camadas, nas alturas de 0,75, 2,25, 3,75, 5,25, 6,75 e 8,25 m em relação ao piso do silo. O silo apresentava sete cabos de termometria, sendo que, cada cabo apresentava um sensor de temperatura em cada nível de altura. O produto foi resfriado utilizando o equipamento refrigerador artificial do ar ambiente desenvolvido pela empresa COODSEED. Após o resfriamento artificial de toda a massa de grãos, as temperaturas internas e a ambiente foram monitoradas diariamente, sendo a leitura no sistema de termometria realizada às 8:00 hs. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Na Figura 1 observa-se que imediatamente após o término do processo de resfriamento os sensores de temperatura apresentavam valores praticamente iguais, com diferença máxima de 1ºC, independentemente da altura no silo. Portanto, ao final do processo de resfriamento artificial as condições de conservação do produto eram adequadas, pois, a massa de grãos apresentava temperatura uniforme e abaixo de 20ºC. Ao longo do período de armazenamento, podemos observar que a diferença de temperaturas entre os sensores 1, 2, 3, 4, e 5 permanecem pequenas, porém, o sensor 6, localizado próximo da superfície da massa de grãos, apresenta uma diferença com relação aos demais sensores, o qual aumenta constantemente com o decorrer do tempo de armazenamento. A Figura 2 apresenta as temperaturas médias nos diferentes níveis de altura do silo em função do tempo de conservação. Podemos observar que as temperaturas da massa de grão mantiveram-se praticamente constante ao longo do período de conservação, com exceção do sensor localizado na última camada, próxima do teto do silo, a qual aumentou a temperatura linearmente em com ao aumento do tempo de conservação. Observa-se também que, a partir de 2 meses de conservação as temperatura tendem a aumentar em todos os níveis de altura. A Figura 3 mostra a variação da temperatura ambiente no local do experimento durante o período de conservação. Comparando as Figuras 1 e 2 com a Figura 3 podemos notar que há consonância entre os valores lidos de temperatura da massa de grãos e de temperatura ambiente, porém, essa variação de temperatura interna no silo não é verificada na prática. O que se verifica na realidade é o efeito da temperatura ambiente sob o sistema de termometria do silo, haja vista que a massa de grãos é um excelente isolante térmico, não ocorrendo, portanto, variações bruscas de temperaturas da massa de grãos. A Figura 4 mostra a variação da umidade relativa do ar ambiente no local do experimento. 27 26 25 Temperatura (°C) 24 23 22 21 20 19 18 17 16 15 17/out 27/out 6/nov 16/nov 26/nov 6/dez 16/dez 26/dez Tempo de conservação (Dias) Sensor 1 Sensor 2 Sensor 3 Sensor 4 Sensor 5 Sensor 6 Figura 1. Variações das temperaturas no centro do silo durante o armazenamento. 27,00 26,00 25,00 Temperatura (°C) 24,00 23,00 22,00 21,00 20,00 19,00 18,00 17,00 16,00 17/out 27/out 6/nov 16/nov 26/nov 6/dez 16/dez 26/dez Tempo de conservação (Dias) Camada 1 Camada 2 Camada 3 Camada 4 Camada 5 Camada 6 Figura 2. Temperaturas médias das camadas de soja em função do período de armazenamento. o Temperatura ( C) 24,00 22,00 20,00 18,00 16,00 17/out 27/out 6/nov 16/nov 26/nov 6/dez 16/dez 26/dez Tempo de conservação (h) Figura 3. Temperatura ambiente no local do experimento durante o período de conservação. Umidade Relativa (%) 120 100 80 60 40 20 0 17/out 27/out 6/nov 16/nov 26/nov 6/dez 16/dez 26/dez Tempo de conservação (h) Figura 4. Umidade relativa no local do experimento e durante o período de conservação. CONCLUSÕES: Dos resultados obtidos no experimento podemos concluir que: 1) a temperatura da massa de grãos manteve-se praticamente constante, com pequeno aumento da temperatura em função do período de conservação, 2) a camada superficial de grãos, próxima ao teto do silo, apresentou elevação da temperatura superior às camadas internas da soja, 3) a temperatura medida da massa de grãos variou de acordo com a temperatura ambiente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: FARONI, L.R.D. Principais pragas de grãos armazenados. In.: Armazenagem de grãos e sementes nas propriedades rurais. XXVI Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola. Campina Grande, PB. 189291, 1997. MAIER, D.E., RULON, R.A., MASON, L.J. Chilled versus ambient aeration and fumigation of stored popcorn. Part 1: temperature management. J. Stored Prod. Res. 33:29-49. 1997. MASON, L.J., RULON, R.A., MAIER, D.E. Chilled versus ambient aeration and fumigation of stored popcorn. Part 2: pest management. J. Stored Prod. Res. 33:51-58. 1997.