• Os Primeiros Passos do Homem • A Terra existe há 4,5 bilhões de anos, uma idade difícil de imaginar. As primeiras formas de vida conhecidas na Terra foram as bactérias que apareceram há 3,5 bilhões de anos. As plantas e animais só começaram a se desenvolver há 570 milhões de anos. A partir daí , milhares de espécies de plantas e animais proliferaram, evoluíram e alguns até se extinguiram como os dinossauros. • Comparando toda a história da Terra com uma fita de gravação de uma hora e meia, o homem só apareceria quando faltassem apenas cinco segundos para o fim e os últimos dois mil anos não seriam sequer um estalo. • Não só os animais e as plantas estão mudando com o passar do tempo, também o clima está sujeito a mudanças. A Terra passou por períodos glaciais, intercalados com períodos mais quentes. A mais recente glaciação ocorreu há cerca de 20 mil anos. • Há 70 milhões de anos, começou a idade dos mamíferos. Pequenos animais foram, depois de milhares de anos, abandonando o chão e se adaptando às árvores. Da evolução desses seres, surgiram os primatas. Quando parte desses primitivos seres começou a fazer o lento caminho de volta para o chão, o "homem" dava seu primeiro sinal de formação. • Os cientistas concluíram que o ancestral dos mamíferos tinha pêlos no corpo e sangue quente, mas não se sabe se punham ovos, se davam à luz os filhotes e se amamentavam os recém-nascidos. • Acredita-se que esses primitivos mamíferos viviam sobre as árvores e tinham hábitos noturnos, saindo á procura de alimento à noite, quando os répteis carnívoros estavam inativos. • Os mamíferos começaram a se expandir há cerca de 70 milhões de anos, após a extinção dos grandes répteis. Desde então, o grupo teve grande diversificação, passando a habitar todos os ambientes do planeta. • Possivelmente, os primeiros mamíferos puderam competir com os répteis graças a algumas "vantagens" adaptativas: • Sistema circulatório mais eficiente, que garantia velocidade nas fugas; • Homeotermia, que permitia hábitos noturnos, quando um desastroso encontro com os temíveis répteis era menos provável, uma vez que eles tinham hábitos diurnos; • Hábitats arborícolas, relativamente protegidos dos ataques dos predadores carnívoros; etc. • Os seres humanos atuais distinguem-se dos antropóides, basicamente, pelo tamanho do seu encéfalo e maxilar, pelo seu bipedismo e pela sua capacidade em constituir relações sociais complexas. Estudos moleculares indicam que a divergência dos antepassados da espécie humana, em relação aos antropóides africanos, deve ter ocorrido há cerca de 5 a 10 milhões de anos. Deste período, restam apenas fragmentos ósseos fossilizados de primatas e hominídeos (do grupo humano). Em 1994, na Etiópia, foram descobertos ossos do que passou a considerar-se o primeiro antepassado da espécie humana, um hominídeo a que se atribuiu a designação de Australopithecus ramidus. Estes achados foram datados de há cerca de 4,4 milhões de anos. • Outros hominídeos descobertos na Etiópia e na Tanzânia, aos quais se deu a designação de Australopithecus afarensis, terão cerca de 3,5 a 4 milhões de anos. Estes seres caminhavam direito e são antepassados diretos ou pertencentes a um ramo colateral da linha que conduziu ao Homem atual. Poderão ter sido os antepassados do Homo habilis(considerado por alguns como uma espécie de Australopithecus), que apareceram cerca de um milhão de anos mais tarde e que tinham o esqueleto e o encéfalo maiores, tendo sido, provavelmente, os primeiros a usar ferramentas de pedra. • Há mais de 1,5 milhões de anos, o Homo erectus, que muitos pensam ser descendente do H. habilis, surgiu em África. Estes seres possuíam encéfalos muito maiores, tendo sido provavelmente os primeiros a usar o fogo e, a iniciar uma migração do continente africano para diversas regiões. Os seus vestígios foram já encontrados, aliás, em zonas tão diversas como a China, a Ásia ocidental, a Espanha e o sul da Grã-Bretanha. • Os humanos modernos, H. sapiens e o Homem de Neanderthal, são, provavelmente, descendentes do H. erectus. O Homem de Neanderthal tinha um encéfalo bem desenvolvido e uma sólida constituição física, provavelmente por adaptação às rigorosas condições climatéricas da era glacial. As populações do Homem de Neanderthal viveram na Europa e no Médio Oriente e extinguiram-se há aproximadamente 40 000 anos, deixando apenas o H. sapiens como o único representante do grupo dos hominídeos. • Em 2000, uma equipe da Universidade Nacional da Austrália extraiu DNA mitocondrial de dez esqueletos fossilizados, dos quais o mais antigo é o do Lago Mungo. A análise centrou-se no DNA dos mitocôndrios, porque este é herdado apenas da mãe e tem uma taxa de mutação regular, o que permite usá-lo como uma espécie de relógio molecular para estudar a evolução de uma espécie. O esqueleto do Homem de Mungo tem cerca de 60 mil anos e terá chegado ao continente australiano a partir da Ásia. • As revelações dadas pelo DNA do Homem de Mungo levam a teoria multirregional: a de que a humanidade moderna se desenvolveu simultaneamente na África, Europa e Ásia, a partir de uma sucessiva vaga de predecessores - Homo erectus - que saíram da África há mais de 1,5 milhões de anos. • A PRÉ-HISTÓRIA E SUA DIVISÃO EM PERÍODOS • Para a historiografia tradicional, há uma divisão entre Pré-História e História. A PréHistória inicia-se com o surgimento do homem, estendendo-se até o aparecimento da escrita, por volta de 4000 a.C., quando se iniciaria a História propriamente dita. • A própria Pré-História é subdividida nos seguintes períodos: - período da pedra lascada ou Paleolítico (paleo = antiga + lítico = pedra), que vai de 600.000 anos atrás até aproximadamente 10000 a.C. Nesse período, o homem primitivo utilizava-se de lascas de osso ou de pedra para matar animais ou desenterrar raízes; - período da pedra polida ou Neolítico, que se estende desde os fins do Paleolítico até 4000 a.C. aproximadamente. Nesse período, o homem já elaborava mais seus instrumentos, polindo as pedras e paus para transformá-los em armas e utensílios. • PALEOLÍTICO: ANTIGA IDADE DA PEDRA OU IDADE DA PEDRA LASCADA • No período Paleolítico, o homem era principalmente caçador e coletor: caçava animais para se alimentar e produzir vestimentas com suas peles para se proteger das intempéries; coletava frutos e raízes para complementar sua alimentação. Nesse período, há cerca de 200.000 anos, vários grupos de seres humanos, ou seja, portadores de cultura, já ocupavam grande parte do Velho Mundo. • Eram grupos do homem de Neandertal. Considerado o primeiro Homo sapiens (homem com inteligência): tinha a abóbada craniana do mesmo tamanho da de um homem atual, posição do corpo ereta, braços levemente maiores que os do homem moderno, fronte pouco desenvolvida e uma saliência óssea entre a testa e as órbitas oculares. Já conhecia o fogo e demonstrava os primeiros sinais de uma linguagem articulada. • No período entre 40.000 e 18.000 anos atrás, o homem atingiu grande desenvolvimento cultural. Nessa época, o homem de Cro-Magnon, que difere do homem de Neandertal por ser mais alto e possuir a testa mais desenvolvida, já havia surgido e acumulado uma imensa experiência cultural. • O homem de Cro-Magnon produzia seus instrumentos com o sílex, uma pedra duríssima cujas lâminas ele utilizava como facas. Ele já pertencia a nossa espécie, isto é, era um Homo sapiens. • NEOLÍTICO: NOVA IDADE DA PEDRA OU IDADE DA PEDRA POLIDA • Entre o final do Paleolítico e o início do Neolítico, houve um período que grosseiramente poderíamos chamar de transição:o período Mesolítico. A passagem do Mesolítico para o Neolítico deu-se entre 15000 e 10000 a.C. Nessa fase, a Terra começava a adquirir suas características atuais, com o fim da última era glacial. As regiões temperadas foram ficando mais quentes e as regiões mediterrâneas, mais secas. • Surgiram florestas nas regiões temperadas da Europa, enquanto ao sul formaram-se áreas secas e desérticas. No norte da África, o processo de ressecamento foi mais intenso, mas permitiu a formação do vale do rio Nilo, que, com seu regime de cheias e vazantes, tornou-se local favorável à sobrevivência. Fenômeno semelhante ocorreu na Mesopotâmia (Tigre e Eufrates), Índia (Indo) e China (Amarelo). Estavam criadas as condições que geraram a grande revolução da Pré-História: a Revolução Agrícola ou Neolítica. • O homem foi abandonando a vida de caçador e coletor e começou a cultivar cereais e a domesticar animais. As primeiras formas de agricultura se deram pelo cultivo de tubérculos, frutas e hortaliças. A domesticação de animais parece ser resultado do hábito de os caçadores trazerem filhotes de animais selvagens para seus filhos. O pastoreio talvez tenha surgido da domesticação de animais por lavradores, que deles se valiam para alimentação (leite e carne), vestuário (peles) e como força de tração (para puxar objetos pesados ou arar a terra). O desenvolvimento das forças produtivas no Neolítico libertou o homem da absoluta dependência da natureza. Com a expansão da agricultura, saiu em busca de terras férteis, disseminando a Revolução Neolítica (Agrícola). • A CULTURA DO NEOLÍTICO: VIDA E SOCIEDADE • Segundo pesquisas arqueológicas, as primeiras manifestações de transformação do Paleolítico para o Neolítico deram-se no Oriente Médio, onde atualmente se situam Israel (Palestina), Síria, Líbano, Iraque (antiga Mesopotâmia) e Irã. Costuma-se dizer que durante a maior parte do período Paleolítico o homem viveu na selvageria. Mas, durante o Neolítico, o homem deu mais um passo em direção à civilização. • No período Neolítico, a terra, os rebanhos e os instrumentos de trabalho eram de propriedade de toda a comunidade. Não havia distinção social entre os membros do grupo: todos trabalhavam e o produto era consumido igualmente por todos. Havia somente uma divisão sexual do trabalho: as mulheres teciam, cuidavam das plantações e faziam cestos, enquanto os homens cuidavam dos animais e construíam casas e paliçadas. A necessidade de se defender levou à formação de grupos sociais mais complexos: as tribos. • Uma das grandes invenções do período Neolítico foi a cerâmica, que melhorou a qualidade da alimentação do homem primitivo: com os potes de cerâmica, era possível armazenar alimentos, ou cozinhá-los misturados, aproveitando melhor suas qualidades. Também teve início a construção de casas de barro, junco ou madeira. Os instrumentos eram ainda feitos de pedra ou osso, mas recebiam um acabamento: eram polidos na areia, até adquirir formas mais úteis e harmoniosas. • O homem do Neolítico cultuava deusas da fecundidade, relacionando-as à semeadura e à colheita. Também cultuava os mortos, como indicam descobertas arqueológicas de vasilhas e vestimentas encontradas em tumbas (cerimonial de enterro). No final do Neolítico (5000-4000 a.C.). o homem abandonou os instrumentos de osso e pedra e passou a utilizar metais moles, como o cobre, que podiam ser trabalhados a frio. Começou a Idade dos Metais. Quase simultaneamente, no Egito e na Mesopotâmia surgiram os primeiros registros escritos. Estava nascendo a civilização. • Idade dos Metais Abrange os dois últimos milênios que antecedem o aparecimento da escrita, por volta de 3.500 a.C. • Duração • É o período da Pré-História compreendido entre 5.000 a 4.000 anos antes de Cristo. • Características: • Com a descoberta do minérios, como o cobre, o bronze e o ferro, o homem do neolítico dá um grande passo para o progresso, abrindo nova era chamada de Idade dos Metais. • As aldeias agrícolas crescem e dão lugar aos centros urbanos, com vários melhoramentos. Vão surgindo cidades-estados e pequenos reinos com poder centralizado. • Surgem novas armas, mais poderosas, o que permitiu a alguns reinos dominarem outros pela guerra, formando-se assim os primeiros impérios com a presença de escravos. • As novas civilizações da Idade dos Metais procuram-se desenvolver-se perto dos grandes rios e vales. • A agricultura tomou impulso com novas técnicas (drenagem e irrigação) e novos instrumentos. Aparece o comércio (à base de trocas), a navegação progride com barcos a vela. • Ao final da Idade dos Metais, por volta de 4.000 a.C., aparecimento da escrita, dá-se a passagem da Pré-História para a História propriamente dita. Os historiadores aceitam como certo o aparecimento da escrita na Mesopotâmia e no Egito.