UNIVERSIDADE POTIGUAR – UNP PRÓ-REITORIA DE PESQUISA DE PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO – PPGA MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO – MPA CÍNTIA GOUVEIA COSTA APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de gestores públicos. NATAL/RN 2014 CÍNTIA GOUVEIA COSTA APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de gestores públicos. Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de PósGraduação em Administração, por meio do Mestrado Profissional em Administração da Universidade Potiguar – UnP, como requisito para obtenção do título de mestre, na área de concentração Gestão Estratégica de Pessoas. ORIENTADOR (A): Profa. Dra. Lydia Maria Pinto Brito NATAL/RN 2014 C837a Costa, Cíntia Gouveia. Aprendizagem no trabalho: uma análise da percepção de gestores públicos / Cíntia Gouveia Costa. – Natal, 2014. 113f. Orientador: Drª Lydia Maria Pinto Brito Dissertação (Mestrado em Administração). – Universidade Potiguar. Pró - Reitoria Acadêmica.– Núcleo de Pós-Graduação. Bibliografia. f. 96-100. 1. Administração – Dissertação. 2. Aprendizagem organizacional. 3.Gestão do conhecimento. I. Título. Dedico este trabalho: A Deus, por toda proteção espiritual e bênçãos que tem proporcionado na minha vida. A Minha Família, pelo apoio e amor incondicional. Ao IFRN, local de trabalho, aprendizados, alegria e realização profissional. A todos os trabalhadores do Brasil; sobretudo, servidores públicos, que valorizam a aprendizagem e crescimento coletivo e compartilham seus ideais, conhecimentos e modo de ser com o intuito de auxiliar no desenvolvimento do seu local de trabalho e do País. Aos gestores do IFRN, que se dedicam diariamente a arte de gerir com o intuito de auxiliar a instituição a cumprir a sua função social. AGRADECIMENTOS Ser grato, saber agradecer, gratidão é um valor e uma atitude que faz bem a alma. É o reconhecimento de que não conseguimos nada sozinhos, mas com a ajuda dos outros. Por isso, tenho muito a agradecer a todas as mãos que teceram junto comigo as páginas dessa dissertação, através do apoio, dos sorrisos, palavras de incentivos, reconhecimento. A DEUS, Agradeço a Deus pela minha vida, por possibilitar que cursasse o Mestrado, a fim de aprimorar os meus conhecimentos e crescer profissionalmente. Sobretudo, sou grata pela linda família que ele permitiu que nascesse e por ter colocado pessoas especiais no meu caminho, que me apoiaram e me incentivaram ao longo dessa caminhada. A MINHA FAMÍLIA, Agradeço a minha família, por embarca comigo em todos os meus sonhos, por me apoiar de forma irrestrita e por ser sempre fonte de compreensão e de amor. À Mainha, meu exemplo de dedicação, amor e determinação, meu agradecimento por todos os momentos que me deu colo, me acalentou para que eu recuperasse minhas energias. Muito obrigada por sempre acreditar em mim. Meu Pai (In Memorian), apesar da sua ausência, o amor sempre está presente. Meu Papito, meu pai do coração, leitor nato, escrevinhador, agradeço pelo incentivo a leitura, por todos os livros e, principalmente, pelo amor e dedicação. Minha Irmã querida, conviver com uma pessoa com o coração tão puro e que tem o sobrenome sinceridade só permite que eu cresça a cada dia. Muito obrigada por permitir que eu seja sua eterna pequena. Meus irmãos, pelo carinho e torcida. Minha avó, que sempre incentivou os meus estudos. A MINHA ORIENTADORA, A Prof(a). Dra. Lydia Brito, por ter aceitado o meu interesse de pesquisa, por ter me acolhido, incentivado e me auxiliado na construção e execução deste sonho. Aprendi muito com o seu conhecimento, mas, sobretudo, com o jeito de ser, de conduzir as situações, com dedicação e respeito aos outros. AOS DOCENTES E EQUIPE DO MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO, Por cada ensinamento, cada olhar, pela paciência, pela compreensão, indicações, elogios e recomendações; meu reconhecimento e gratidão a todos os docentes do mestrado, sobretudo, os que ministraram as aulas na área de Gestão de Pessoas. Agradeço, especialmente, a professora Fernanda Gurgel, que foi um exemplo e incentivo para minha atuação na área da Psicologia Organizacional e do Trabalho ainda na época da graduação e que tive a grata alegria de reencontrar no mestrado e o Professor, Alípio Veiga, que com o seu jeito “contundente” e ao mesmo tempo acolhedor me tirou da zona de conforto, possibilitando que escrevesse os primeiros rascunhos rumo a esta dissertação. Sou grata também a todo apoio e incentivo fornecido por Glicia Xavier, seu sorriso e disponibilidade em ajudar foi importante durante o mestrado. AOS COLEGAS DE TURMA, Obrigada pelo acolhimento, pelo apoio nos momentos mais “tensos” do mestrado. Apesar de todo o esforço, que cada um vivenciou no seu dia a dia para conciliar trabalho, família e estudo, dos vários quilômetros percorridos por muitos de nós todas as semanas; reencontrá-los todas as segundasfeiras era fonte de inspiração e alegria. AOS AMIGOS Aos amigos da escola, da faculdade, do trabalho, da vida, a todos que de alguma forma contribuíram para que conseguisse concluir o mestrado, através de palavras de incentivos, sorrisos e abraços. Em especial agradeço: Amélia, Anaclea, Amilde, Marcia e Antônio, muito obrigada pela convivência durante o tempo que residi em Pau dos Ferros/RN e me deslocava para as aulas do mestrado todas as semanas. Agradeço por terem sempre apoiado e por todos os momentos de alegria que tivemos no Alto Oeste. Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram com meu jeito acelerado, que se acentuou, para conseguir conciliar as demandas do trabalho com as do mestrado, em especial a equipe da Coordenação de Atenção à Saúde do Servidor. Considero a nossa convivência muito especial e fonte de aprendizado no trabalho coletivo e multiprofissional. Sou grata também ao apoio fornecido por Maria das Graças (Gracinha), Mestre em Administração, que também me ajudou a percorrer este caminho. A amiga Lisane Maciel, minha amiga-irmã, incentivadora de todas as minhas conquistas. AO IFRN Agradeço ao Magnífico Reitor da Instituição, Belchior de Oliveira Rocha, por ter permitido que realizasse a coleta do dados da pesquisa. Agradeço a Diretora do Campus Pau dos Ferros do IFRN, Antonia Francimar, por ter autorizado a minha liberação e compensação de carga horária a fim de que pudesse me deslocar para a cidade do Natal, semanalmente, para assistir as aulas do mestrado. A Dionly Damião, Coordenador de Gestão de Pessoas do Campus Pau dos Ferros, por permitir que atuasse na Gestão de Pessoas na referida unidade. A Auridan Dantas, Diretor de Gestão de Pessoas do IFRN, sou imensamente grata por ter possibilitado a minha atuação, de forma sistêmica e em tempo integral, na área de Gestão de Pessoas do IFRN, pelo reconhecimento, incentivo, confiança. A disponibilidade e cooperação de todos os colegas de trabalho que auxiliaram na coleta de dados nas diversas unidades organizacionais da instituição. A colaboração de vocês foi fundamental para que conseguisse realizar esta coleta de forma ampla, em todas as unidades: muito obrigada! AOS GESTORES PARTICIPANTES DA PESQUISA A todos os gestores, de todas as unidades, que dedicaram parte do seu tempo para responder aos instrumentos desta pesquisa, minha gratidão. “A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora do procura, fora da boniteza e da alegria”. (Paulo Freire) RESUMO A capacidade de aprender é fundamental para sustentabilidade de uma instituição, pois é através da aprendizagem que há inovação dos processos e o aumento da efetividade das ações. Nesse contexto, a aprendizagem é identificada como um meio de realizar os objetivos estratégicos da organização para tanto é necessário ir além da execução das tarefas, e fazer perguntas sobre elas. Portanto, é fundamental analisar como organização viabiliza a aprendizagem e como os trabalhadores aprendem, ou seja, que estratégias de aprendizagem eles utilizam no trabalho. Diante desse contexto, o presente estudo procurou analisar a relação existente entre o modo como uma Instituição da Rede Federal de Ensino do nordeste brasileiro viabiliza a aprendizagem do conhecimento e as estratégias utilizadas pelos gestores para aprender no trabalho. Para isso, desenvolveu-se uma pesquisa mista, descritiva, tipo estudo de caso. O universo desta pesquisa foram os gestores da instituição ocupantes de cargo comissionado do tipo Cargo de Direção e Função Gratificada. Por ter sido realizada através de cooperação voluntária dos gestores, a amostragem foi obtida por conveniência e acessibilidade. Obteve-se a participação de 214 gestores. Os instrumentos de pesquisa utilizados foram o Passo Aprenda do Diagnostico de Gestão do Conhecimento de Bukowits e Williams (2002) e o de Estratégias de Aprendizagem no Trabalho de Brandão (2009). Além disso, utilizou-se um instrumento para coleta de dados socioprofissionais e incluíram-se duas questões abertas sobre aprendizagem organizacional, elaboradas pela autora. O tratamento dos dados foi através de estatística descritiva e inferencial, utilizando-se neste os testes de Análise de Variância, o Teste de Tukey e o Teste Qui-quadrado; também foi utilizado a análise de conteúdo. Os resultados demonstraram que os gestores da instituição pesquisa percebem que a organização viabiliza a aprendizagem, sobretudo através da capacidade de interagir das pessoas e a busca de informações, valorizando a cooperação, a cultura de companheirismo e responsabilidade. Além disso, verificou-se que os gestores aprendem, principalmente através da estratégia busca de ajuda interpessoal e da experimentação, através do uso da estratégia de aplicação prática. Quando comparado à percepção sobre como a organização viabiliza a aprendizagem e as estratégias utilizadas no trabalho, dos gestores, a partir do nível de gestão ocupado, encontra-se diferenças em relação à forma como é viabilizada a aprendizagem, mas não em relação às estratégias. Identificouse, existir conceitualmente uma relação entre a forma como a instituição viabiliza a aprendizagem e as estratégias utilizadas para aprender no trabalho, mas não estatisticamente. Verificou-se também que a capacitação e a integração entre as diversas unidades organizacionais e setores afins foram as principais sugestões fornecidas pelos gestores como forma de alavancar a aprendizagem organizacional. Dessa forma, compreender esta relação é relevante para que a instituição possa criar estratégias para fortalecer os modos de viabilizar a aprendizagem organizacional; bem como desenvolver formas de aprendizagem ainda não praticadas pela instituição. Palavras-chave: Aprendizagem organizacional. Gestão do Conhecimento. Estratégias de aprendizagem no trabalho. ABSTRACT The ability to learn is essential for sustainability of an institution, because it is through learning that there is process innovation and the increase of the effectiveness of the actions. In this context, the learning is identified as a means of achieving the organization's strategic objectives for this it is necessary to go besides the execution of tasks, and ask questions about them. Therefore, it is essential to analyze how the organization enables learning and how workers learn, in other words, that learning strategies they use at work. In this context, the present study tried to analyse the relationship between how an institution of the Federal Education Network northeastern Brazilian enables the learning of knowledge and the strategies used by managers to learn on the job. For this, we developed a mixed, descriptive, case study type research. The universe of this research were the managers of the occupants institution commissioned position, like role of the direction and gratified function. To have been accomplished through voluntary cooperation of managers, the sample was obtained by convenience and accessibility. It was obtained the 214 managers’ participation. The research instruments used were the Step Learn of the Diagnostic Management of Knowledge of Bukowits and Williams (2002) and Learning Strategies at Work of Brandão (2009). In addition, an instrument was used for collection of data socio-occupational and two open questions about organizational learning, developed by the author. Data analysis was by descriptive and inferential statistics, using this testing ANOVA, Tukey test and Chi-square test; also the content analysis was used. The results showed that the managers of the institution research notice that the organization enables learning, especially through the ability to interact with people and finding information, enhancing cooperation, culture of fellowship and accountability. Furthermore, it was found that managers learn mainly through inter help search strategy and experimentation, using the practical implementation strategy. When compared to the perception of how the organization enables learning and strategies used in the work of managers, from the level of busy management, is somewhat different from the way it is feasible learning, but not in relation to strategies. It was identified that there is conceptually a relation between the way the institution enables learning and the strategies used to learn on the job, but not statistically. It was also found that training and integration between the various organizational units and related sectors were the main suggestions provided by managers as a way to leverage organizational learning. Thus, understanding this relationship is important for the institution to develop strategies to strengthen ways of enabling organizational learning, and to develop ways of learning not yet practiced by the institution. Keywords: Organizational Learning. Knowledge Management. Learning strategies at work LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Conteúdo do conhecimento criado pelos quadro modos de conversão. ................ 30 Figura 2 - Espiral de criação do conhecimento organizacional. .............................................. 31 Figura 3 – Modelo de cinco fases do processo de criação do conhecimento. .......................... 32 Figura 4 - Estruturação do processo de gestão do conhecimento. ........................................... 35 Figura 5 – Processos e dimensões da aprendizagem................................................................ 49 Figura 6 – Aprendizagem na vida profissional. ....................................................................... 50 Figura 7 – Tipos de estratégias de aprendizagem. ................................................................... 52 Figura 8 – Mapa de distribuição das unidades administrativas. .............................................. 60 LISTA DE FLUXOGRAMA Fluxograma 1 – Procedimentos Metodológicos....................................................................... 58 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Indicadores do Passo Aprenda – Resultado ANOVA ........................................... 75 Gráfico 2 – Estratégias de Aprendizagem – Resultado ANOVA ............................................ 79 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Síntese das contribuições das Práticas na Criação do Conhecimento .................. 33 Quadro 2 - Modelos de Gestão do Conhecimento e seus componentes. ................................. 37 Quadro 3 - Comparação entre teorias cognitivistas, construtivistas e comportamentalistas. .. 40 Quadro 4 - Características dos Estilos de Aprendizagem ........................................................ 42 Quadro 5 - Tipologia de aprendizagem baseada na iniciativa do estímulo ............................. 44 Quadro 6 - Definições de Aprendizagem Organizacional ....................................................... 47 Quadro 7 - Estratégias de Aprendizagem – Taxonomia de Warr e Allan (1998) ................... 53 Quadro 8 - Estratégias de Aprendizagem – Taxonomia de Holman et al. (2001) ................... 54 Quadro 9 - Estratégias de Aprendizagem da Escala de Estratégias de Aprendizagem no Trabalho .................................................................................................................................................. 55 Quadro 10 - Indicadores do passo Aprenda da gestão do conhecimento de Bukowitz e Williams (2002). ...................................................................................................................................... 56 Quadro 11 – Indicadores Passo Aprenda e Estratégias de aprendizagem. ............................... 57 Quadro 12 - Conceituação dos itens avaliativos. ..................................................................... 65 Quadro 13 - Estratégias de Aprendizagem e Itens da Escala de Estratégias de Aprendizagem no Trabalho de Brandão (2009). ................................................................................................... 66 Quadro 14 - Variáveis analíticas. ............................................................................................. 67 Quadro 15 – Resumo das características sócio profissionais ................................................... 72 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Composição do universo da pesquisa. .................................................................... 61 Tabela 2 –Percentual de gestores com os dados coletados. ..................................................... 62 Tabela 3 – Níveis de Desempenho dos indicadores do Passo Aprenda – Gestão do Conhecimento. .................................................................................................................................................. 73 Tabela 4 – Resultado ANOVA – Passo Aprenda. ................................................................... 74 Tabela 5 - Média e Desvio Padrão do Passo Aprenda – Gestão do Conhecimento. ................ 76 Tabela 6 – Resultado ANOVA Estratégias de Aprendizagem. ............................................... 78 Tabela 7 - Média e Desvio Padrão das Estratégias de Aprendizagem ..................................... 80 Tabela 8 - Frequências e Porcentagem Estratégias de Aprendizagem e Função ..................... 82 Tabela 9 - Resultado Qui-quadrado – Passo Aprenda e Estratégias ........................................ 83 Tabela 10 - Frequências e Percentual Passo Aprenda – Gestão do Conhecimento ................. 84 Tabela 11 - Resultado Qui-quadrado Passo Aprenda e Função após correção de Yates. ........ 85 Tabela 12 – Frequências e Porcentagem Estratégias de Aprendizagem e Função .................. 86 Tabela 13 - Resultado Qui-quadrado - Estratégias e Funções ................................................. 86 Tabela 14 – Categorias de avaliações sobre o processo de aprendizagem. ............................ 88 Tabela 15 – Categorias de sugestões de melhoria do processo de aprendizagem. .................. 89 Tabela 16 - Distribuição de sexo por função. ........................................................................ 103 Tabela 17 - Distribuição de idade por função. ....................................................................... 103 Tabela 18 - Distribuição de localização de exercício por função. ......................................... 104 Tabela 19 - Distribuição de escolaridade por função. ............................................................ 105 Tabela 20 - Distribuição de tempo de exercício por função. ................................................. 105 Tabela 21 - Distribuição de tempo de exercício na função de gestor por função. ................. 106 Tabela 22 - Distribuição de experiência anterior por função. ................................................ 106 SIGLAS ANOVA – análise de Variância AO – Aprendizagem Organizacional CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CD – Cargo de Direção CEFET – Centro Federal de Educação Tecnológica ETFERN – Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte FG – Função Gratificada GESPUBLICA – Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização IFRN – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte. MEC – Ministério da Educação OA – Organizações que aprendem PQSP – Programa de Qualidade no Serviço Público QPAP - Programa Qualidade e Participação na Administração Pública SETEC – Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica TD&E – Treinamento, Desenvolvimento e Educação SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 18 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO .................................................................................................. 18 1.2 PROBLEMA ...................................................................................................................... 19 1.3 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 20 1.4 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 21 1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO ....................................................................................... 22 2 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 24 2.1 MUDANÇAS NO MUNDO DO TRABALHO E NO SERVIÇO PÚBLICO .................. 24 2.2 GESTÃO DO CONHECIMENTO ..................................................................................... 27 2.2.1 O Conhecimento e a sua criação. ................................................................................. 29 2.2.2 Gestão do Conhecimento Organizacional ................................................................... 34 2.3 APRENDIZAGEM ............................................................................................................. 39 2.4 APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL ........................................................................ 42 2.5 ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM .......................................................................... 51 2.6 APRENDER E ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM. ................................................ 55 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ..................................................................... 58 3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ............................................................................. 59 3.2 UNIVERSO E AMOSTRA ................................................................................................ 59 3.3 PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS ................................................................. 62 3.4 INSTRUMENTO DE PESQUISA ..................................................................................... 63 3.5 VARIÁVEIS ANALÍTICAS .............................................................................................. 67 3.6 TRATAMENTO DOS DADOS ......................................................................................... 67 3.7 AMBIENTE DE PESQUISA ............................................................................................. 69 4 RESULTADOS .................................................................................................................... 72 4.1 AMBIENTE DE PESQUISA ............................................................................................. 72 4.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS ....................................................................................... 73 4.2.1 Aprendizagem – Gestão do Conhecimento ................................................................. 73 4.2.2 Estratégias de Aprendizagem no Trabalho ................................................................. 78 4.2.3 Como a aprendizagem é viabilizada e as estratégias de aprendizagem uma relação? ....................................................................................................................... 80 4.2.4 Como a aprendizagem é viabilizada e as estratégias de aprendizagem: diferenças entre os níveis de responsabilidades do Cargo de Direção e Função Gratificada? ...... 83 4.2.5 Avaliação e sugestões sobre o processo de aprendizagem organizacional. .............. 87 5 CONSIDERAÇÕES ............................................................................................................ 93 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 96 APÊNDICES .........................................................................................................................101 18 1 INTRODUÇÃO 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO O processo de aprender está inserido na Gestão do Conhecimento de uma organização, sendo uma etapa que investiga como os trabalhadores aprendem a aprender. A aprendizagem no trabalho sempre existiu informalmente nas organizações, mesmo no modelo artesanal ou no início das unidades fabris. No entanto, o atual modelo de gestão ressalta a importância deste construto devido à diversidade cultural e constantes mudanças de cenário do mundo organizacional. As principais transformações são a dissolução das unidades, mudanças no conceito de tarefa e carreira, aumento da complexidade no trabalho e necessidade de iniciativa pessoal em comparação à adaptação no novo local de atuação, competição global, mais trabalho em equipe e através de projetos e menos supervisão. Diante destas transformações, pesquisadores têm investigado a área da Aprendizagem Organizacional e seus diversos níveis, como o individual, grupal e o organizacional. Assim como também os Estilos de Aprendizagem e as Estratégias utilizadas por profissionais para aprender sobre o seu trabalho e atuar de forma mais eficaz nas organizações. A aprendizagem deve viabilizar o sucesso organizacional, gerando a sua permanência no mercado. Para tanto, ela deve ter foco na missão ou função social, estratégias e valores empresariais, institucionais. Afinal, a capacidade de aprender, desaprender e reaprender para inovar pode ser uma questão de sobrevivência no mundo atual dos negócios e para garantia de serviços efetivos nas diversas instituições, independente da gestão ser pública ou privada e do porte da organização. Verificar como os profissionais aprendem no ambiente de trabalho, que estratégias utilizam, auxilia na formatação dos programas formais de aprendizagem; mas, principalmente, na compreensão de como eles interagem de maneira informal no referido ambiente. De posse deste conhecimento e da identificação de como o processo de aprendizagem é percebido pelos trabalhadores, as organizações podem aprimorar o apoio fornecido aos profissionais, ampliando a capacidade de aprendizagem dos mesmos e, incentivar a aprendizagem nos níveis grupal e organizacional. Diante deste contexto, questiona-se sobre como a organização viabiliza a aprendizagem e as estratégias de aprendizagem relacionada ao trabalho, utilizadas por gestores. 19 1.2 PROBLEMA A Rede Federal de Ensino é composta por unidades centenárias que tem o objetivo de proporcionar aos cidadãos uma formação técnica e tecnológica. Este tipo de formação tem sido importante para a o crescimento do Brasil e este reconhecimento tem se expressado através da grande expansão da referida Rede. De acordo com Secchi (2009), desde os anos 1980, as administrações públicas em todo o mundo realizaram mudanças substanciais nas políticas de gestão pública e no desenho de organizações. Essas reformas administrativas consolidam novos discursos e práticas derivadas do setor privado e os usam como benchmarks para organizações públicas em todas as esferas de governo. Considerando que o modelo burocrático de administração pública se tornou inadequado para o contexto institucional contemporâneo por sua presumida ineficiência, morosidade, estilo autorreferencial e não atendimento das necessidades dos cidadãos; buscou-se implantar a visão gerencialista da administração, que prima pela eficácia e eficiência, pelo papel do gestor público e sua relevância na consolidação das estratégias e suporte na expansão das instituições. Diante da valorização do gestor público torna-se necessário investigar a percepção deles em relação à aprendizagem organizacional. Apesar do esforço do Governo Federal em oferecer capacitação através das Escolas de Administração, devido à rápida expansão da Rede Federal de Ensino, muitos servidores assumem uma função de gestão sem capacitação prévia. Na instituição de ensino pesquisada, por exemplo, através de consulta ao Sistema Unificado de Administração Pública - SUAP (2013), verifica-se que o numero de gestores cresceu com a expansão das unidades. Em 2006, no início deste processo de expansão, a instituição tinha 264 gestores, sendo 62 de Cargo de Direção e 202 no nível de Função Gratificada e em 2013 esse número era de 92 de Cargo de Direção e 240 no nível de Função Gratificada, totalizando 332 gestores. Com relação às oportunidades formais de aprendizagem ainda não existe planejamento das capacitações, através de um Programa ou Plano Anual, por exemplo, as mesmas são realizadas de acordo com as demandas que surgem a partir da análise de necessidades na atuação dos servidores. No entanto, desde 2005 foi regulamentado, através de resolução da instituição, a destinação de 5% do orçamento de custeio para a implementação de ações de qualificação e capacitação. Com este orçamento a organização tem estabelecido convênios com universidades no sentido de promover a ampliação da qualificação de seus servidores e incentivado a participação de servidores em congressos e seminários. Além disso, cada 20 unidade organizacional tem desenvolvido capacitações relacionadas à administração no serviço público promovendo a disseminação do conhecimento na área de legislação pública, licitação, compras, processo administrativo, entre outros, que são importante para o desenvolvimento das áreas administrativas, de ensino, pesquisa e extensão. Ressalta-se que essas capacitações na sua grande maioria são realizadas através da modalidade de ensino presencial. Contudo, é necessário também pensar o aprendizado além das estratégias formais de ensino e de suas diversas modalidades (presencial, virtual, em serviço); deve ser considerado o ambiente informal e a aprendizagem organizacional nos seus diversos níveis. Diante disto, faz-se relevante investigar: existe relação entre o modo como uma Instituição da Rede Federal de Ensino viabiliza a aprendizagem e as estratégias de aprendizagem utilizadas no trabalho na percepção de gestores? 1.3 OBJETIVOS Geral Analisar a relação existente entre o modo como uma Instituição da Rede Federal de Ensino do nordeste brasileiro viabiliza a aprendizagem e as estratégias utilizadas por gestores para aprender no trabalho. Objetivos Específicos Descrever o modo como a instituição viabiliza a aprendizagem. Identificar as estratégias de aprendizagem utilizadas pelos gestores no trabalho. Comparar a forma como a instituição viabiliza a aprendizagem com as estratégias de aprendizagem no trabalho. Comparar o modo como a instituição viabiliza a aprendizagem e as estratégias utilizadas no trabalho por gestores nos níveis de responsabilidade de Cargo de Direção (CD) e Função Gratificada (FG). Identificar a avaliação e sugestão dos gestores sobre o processo de aprendizagem organizacional. 21 1.4 JUSTIFICATIVA A aprendizagem no trabalho pode contribuir para o estabelecimento de novas e mais eficazes formas de relacionamento e estratégias de ação. Sendo assim, este é um tema de relevância social e para o mundo organizacional competitivo e complexo, no qual para sobreviver às organizações devem construir e desenvolver um ambiente de aprendizagem. Este ambiente deve contemplar eventos formais de ensino, cada vez mais estruturados, como as universidades corporativas. Além disso, deve fornecer o suporte necessário à ocorrência de processos informais de aprendizagem nos quais os indivíduos possam aprender trocando informações, consultando material, entre outros meios (PANTOJA; BORGES- ANDRADE, 2009). Moraes (2010) realizou um levantamento de pesquisas na área de estratégias de aprendizagem que apontam o crescente interesse por essa área de estudo. Do ano de 2000 a 2009 foram registrados onze estudos enfocando construção e validação de medidas de estratégias de aprendizagem. E em relação às pesquisas nacionais sobre estratégias de aprendizagem e contexto de trabalho foram realizadas oito pesquisas entre o ano de 2003 e 2009. Destas houve apenas dois estudos com gestores, mas que não privilegiaram dirigentes em postos elevados das organizações. Além disso, ao analisar a importância desta pesquisa para a academia/ciência, deve-se a relativa escassez de investigações empíricas sobre estratégias de aprendizagem no trabalho, em especial no Brasil (BRANDÃO; BORGESANDRADE, 2011). Pantoja e Borges-Andrade (2009) sugerem que pesquisas contemplem diferentes variáveis como grau de complexidade da tarefa, valores e crenças do indivíduo a cerca da melhor forma de aprender a executar o trabalho, percepção de suporte da aprendizagem, inovação e mudança organizacional. Além disso, Bertolin, Zwick e Brito (2013) afirmam que o desenvolvimento do campo da aprendizagem organizacional tem sinalizado para diversas oportunidades de pesquisa ainda não exploradas, indicando a necessidade de se deslocar o foco de análise para outras esferas, tais como: o terceiro setor, o agronegócio e o setor público. O ambiente da pesquisa foi uma instituição da Rede Federal de Ensino de um estado do nordeste brasileiro. Cobrindo todo o território nacional, a Rede Federal presta um serviço à nação ao dar continuidade à sua missão de qualificar profissionais para os diversos setores da economia brasileira, realizar pesquisa e desenvolver novos processos, produtos e serviços em colaboração com o setor produtivo. A referida Rede está vivenciando a maior expansão de sua 22 história. De 1909 a 2002, foram construídas 140 escolas técnicas no país. Entre 2003 e 2010, o Ministério da Educação entregou à população as 214 previstas no plano de expansão da rede federal de educação profissional. Além disso, outras escolas foram federalizadas. O MEC está investindo mais de R$ 1,1 bilhão na expansão da educação profissional. Atualmente, são 354 unidades e mais de 400 mil vagas em todo o país. Com outras 208 novas escolas previstas para serem entregues até o final de 2014, serão 562 unidades que, em pleno funcionamento, gerarão 600 mil vagas (MEC, 2013). Diante deste contexto a Rede Federal de Ensino têm um relevante papel social no Brasil e é composta pelos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia; Centros Federais de Educação Tecnológica, Escolas Técnicas Vinculadas às Universidades Federais e Universidade Tecnológica Federal. No estado do nordeste brasileiro, que será alvo desta pesquisa a referida Rede é composta por uma Instituição de Ensino com 19 Campus e 01 Reitoria, que será foco deste estudo, e três Escolas Técnicas Vinculadas às Universidades. Devido à grande área de abrangência e expansão da rede neste estado, analisar as estratégias de aprendizagem no trabalho e verificar como a organização viabiliza a aprendizagem a partir da percepção de seus gestores, justifica-se pela relevância da atuação destes no processo de expansão e consolidação da Rede Federal de Ensino. Sendo assim, esta pesquisa poderá auxiliar a instituição a compreender como os seus gestores aprendem no local de trabalho. Para o pesquisador a importância desta pesquisa reside na curiosidade científica de compreender como gestores de diferentes níveis de responsabilidade de atuação, formações e tempo de experiência na função gerencial aprendem. 1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO Esta dissertação está estruturada em cinco capítulos. O primeiro, já descrito, refere-se à introdução, que contempla a contextualização, o problema, os objetivos e a justificativa. O segundo capítulo é composto pelo referencial teórico, que perpassa as Mudanças no mundo do trabalho e no serviço público, a Gestão do Conhecimento – o conhecimento e a sua criação e a Gestão do conhecimento organizacional -, a Aprendizagem, a Aprendizagem Organizacional e as Estratégias de aprendizagem. O terceiro capítulo discorre sobre os procedimentos metodológicos empregados neste estudo, enfatizando a caracterização da pesquisa, o universo e a amostra, o procedimento de 23 coleta de dados, os instrumentos utilizados, as variáveis do estudo, a forma de tratamento dos dados e a caracterização dos pesquisados. O quarto capítulo descreve a caracterização do ambiente de pesquisa e a análise e discussão dos resultados encontrados, apresentados a partir da proposição dos objetivos e interpretados à luz do referencial teórico explorado nesse estudo. Por fim, o quinto capítulo trata das considerações finais, destacando as limitações encontradas na execução desta pesquisa, bem como sugestões para estudos futuros envolvendo a temática aqui proposta. 24 2 REFERENCIAL TEÓRICO Com a intenção de realizar uma análise sobre como a organização viabiliza a aprendizagem e as estratégias de aprendizagem utilizadas no trabalho, este capítulo expõe o estado da arte contemplado neste estudo, 2.1 MUDANÇAS NO MUNDO DO TRABALHO E NO SERVIÇO PÚBLICO De acordo com Borges e Yamamoto (2004), o trabalho é objeto de múltiplas e ambíguas atribuições de significados e/ou sentidos. Na sua condição originária, o trabalho deriva de necessidades naturais (fome, sede, etc.), mas se realiza na interação entre os homens ou entre os homens e a natureza, seguindo as condições sócio históricas em que cada pessoa vive. Verifica-se assim, que o sujeito busca uma identificação, através da ressignificação da atividade laboral que desenvolve; o trabalho é vivenciado como um lócus para a realização de suas necessidades. Ao trabalhar ele se sente pertencente a um grupo e procura alinhar o seu “fazer” ao seu projeto de vida; gerando neste espaço uma identidade e uma busca pela realização profissional. Ao longo da história, de acordo com as características socioeconômicas de cada época, o trabalho foi compreendido sob diferentes pontos de vista. Na Antiguidade, a Filosofia Clássica, por exemplo, caracterizava o trabalho como degradante, inferior e desgastante e, exaltava a ociosidade. Essa ideologia partia do conceito mais restrito de trabalho, relacionado às atividades braçais e/ou manuais e executados pelos escravos (BORGES;YAMAMOTO, 2004). Na época do taylorismo, por exemplo, de acordo com Rego (2011), o trabalhador desejado era o “trabalhador boi”, ou seja, um ser que não reflete sobre o seu trabalho, que se submete passivamente às ordens da hierarquia superior e ao controle de seus tempos e movimentos na execução de seu trabalho; que respeita os rígidos códigos de disciplina das empresas e que realiza repetidamente o trabalho característico de seu posto sem se revoltar contra isso. De acordo com Antunes (2006), pode-se indicar que o binômio taylorismo/fordismo, se estruturava a partir de uma produção mais homogeneizada e enormemente verticalizada, com o trabalho sendo parcelado, fragmentado. O processo produtivo se caracterizou pela 25 mescla da produção em série fordista com o cronômetro taylorista. Esta forma de trabalho suprimia a dimensão intelectual do trabalho operário, que era transferida para a esfera da gerência científica. A atividade de trabalho se reduzia, assim, a uma ação mecânica e repetitiva. Para Cruz e Neto (2011) é no âmbito de profundas mudanças tecnológicas e organizacionais do trabalho, a partir dos anos de 1980, marcadas pela flexibilização da produção e reestruturação das ocupações, que verificamos uma valorização dos saberes dos trabalhadores não ligados ao trabalho prescrito ou ao conhecimento formalizado. Assim, o desenvolvimento tecnológico, aliado a internacionalização do capital exige um novo perfil de trabalhador, cuja qualificação profissional vem sendo tencionada para o desenvolvimento de competências, cuja finalidade seria adquirir novas habilidades que lhes garanta condições de empregabilidade num contexto de precarização e flexibilização do trabalho. Desde o final da década de 80 o Brasil buscou, com a abertura de mercado, mecanismos e métodos que preparassem e atualizassem as empresas e o serviço público com relação à qualidade e produtividade. Para tanto, no referido serviço, realizou-se o seguinte trajeto: 1990 – criação do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade com foco na gestão dos processos; 1995 – criação do Programa Qualidade e Participação na Administração Pública - QPAP, ainda com foco nas ferramentas e o início de um discurso voltado para a qualidade como instrumento de modernização do aparelho do Estado; 1999 – criação, pelo Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão, do Programa da Qualidade no Serviço Público - PQSP, agregando toda a experiência dos programas anteriores e o foco no atendimento ao cidadão e em 2005 o Governo Federal lançou, através do Decreto n° 5378, de 23 de fevereiro de 2005, o Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização GESPUBLICA, unificando o Programa da Qualidade com o Programa Nacional de Desburocratização. (FERREIRA, 2009). Vale ressaltar que foi a partir da Reforma Constitucional de 1998 (Emenda Constitucional - EC 19/98) que o princípio da eficiência foi incorporado aos princípios da administração pública, juntando-se a moralidade, impessoalidade, legalidade e publicidade. Assim, a referida emenda introduziu práticas gerenciais no âmbito da administração pública através da eficiência, presteza e agilidade nos serviços, revertendo o foco para o usuário do serviço, o chamado usuário cidadão. Sendo assim, o GESPUBLICA insere-se em um contexto mais amplo de mudança de paradigma administrativo: da administração burocrática para a administração gerencial. 26 As diretrizes principais da administração gerencial podem ser resumidas da seguinte forma: (1) descentralização política, transferindo recursos e atribuições para os níveis regionais e locais; (2) descentralização administrativa, por meio da delegação de autoridade aos administradores públicos; (3) adoção de formatos organizacionais com poucos níveis hierárquicos, ao invés das estruturas piramidais; (4) flexibilidade organizacional, em lugar de estruturas unitárias e monolíticas, compatível com a multiplicidade, à competição administrada e o conflito; (5) adoção do pressuposto da confiança limitada em substituição à desconfiança total em relação aos funcionários e dirigentes; (6) controle por resultados, a posteriori, ao invés do controle rígido, passo a passo, dos processos administrativos; e (7) administração voltada para o atendimento do cidadão e aberta ao controle social. (FERREIRA, 2009) Neste contexto, existe uma valorização do conhecimento tácito do trabalhador, ou seja, do conhecimento que advém da sua experiência e do seu modo de ser. Dessa forma, as transformações no processo produtivo afetou diretamente a esfera educacional; principalmente a direcionada à formação profissional. O termo qualificação adquire, hoje, uma nova configuração, uma vez que o mercado exige uma força de trabalho detentora de saberes mais holísticos. Além disso, o deslocamento do conceito de qualificação para competências foi possível uma vez que acontece uma nova configuração nas formas de trabalho, redução ou fechamento de postos de trabalho e valorização da subjetividade do trabalhador (REGO, 2011). O referido deslocamento de conceito no serviço público pode ser percebido de forma mais marcante a partir de 2006 por meio dos Decretos n°s 5.707, de 23 de fevereiro de 2006, que institui a Politica e as Diretrizes para o Desenvolvimento de Pessoal da Administração Pública Federal Direta, Autárquica e Fundacional, e o 5.825, de 29 de Junho de 2006, que estabelece as diretrizes para elaboração do Plano de Desenvolvimento dos Integrantes do Plano de Carreira dos Cargos Técnico-Administrativo em Educação. Estes documentos expressam os conceitos de qualificação e gestão por competência; sendo aquele o documento que tornou a referida gestão um referencial para gestão de pessoas do serviço público. Diante do exposto, pode-se afirmar que assim, como a concepção de trabalho sofreu alterações ao longo da história; a forma de conceber o desenvolvimento do trabalhador atende a uma determinada forma de processo produtivo. A necessidade de valorização do conhecimento tácito, a importância da socialização do conhecimento e do desenvolvimento através de competências vêm fornecer suporte a lógica produtiva da atualidade, que é marcada pela flexibilidade e rapidez. 27 2.2 GESTÃO DO CONHECIMENTO Para manter sua hegemonia o modelo de gestão do capital sofre transformações de forma a garantir sua acumulação. As pesquisas financiadas pelo capital e realizadas pelos centros de excelência na produção de conhecimento e universidades americanas da área de Administração, no final dos anos oitenta, do século passado, mostraram que as organizações de sucesso, ou seja, as que apresentavam lucro, se expandiam no mercado e se projetavam para o futuro, tinham “aprendido a aprender”, a se adaptarem com rapidez às demandas do mercado; e apresentavam como características marcantes a gestão de sua competência essencial e a gestão do conhecimento necessário para projetar a empresa para o futuro (BRITO, 2008). Desde a década de 90 do século XX os trabalhadores são analisados não pelas tarefas que realizam, mas pelos resultados que alcançam (STEWART, 1998). A Gestão por Competências, a Gestão do Conhecimento e a Aprendizagem Organizacional são modelos administrativos que auxiliam na transição para este novo trabalhador, focado em resultados. Mas, como ressalta Brito (2008), esses modelos não são iniciativas isoladas e emergem da necessidade do capital em manter seus padrões de lucro. De acordo com Davenport (2001), o contrato de trabalho vigente nas organizações exige que o indivíduo olhe para o valor de seu capital humano como única fonte de segurança no emprego. Assim, O antigo contrato social implícito – você trabalha bastante e terá emprego durante o tempo que quiser – não existe mais. A segurança do emprego não é mais uma decorrência do trabalho em uma única empresa, mas da manutenção de uma carteira de qualificações relacionadas ao emprego. Essa transformação sinaliza um “novo contrato psicológico” entre empregador e empregado. Sob os termos desse novo contrato, os empregadores oferecem aprendizagem em lugar de segurança no emprego. As qualificações e conhecimento adquiridos promovem a capacidade contínua de emprego do funcionário – a capacidade de encontrar um trabalho significativo dentro ou fora da empresa (MEISTER, 1999). Para Stewart (1998) o capital humano é a fonte de inovação e ele cresce de duas formas: quando as empresas utilizam mais o que as pessoas sabem e quando um número maior de pessoas sabe mais coisas úteis para a organização. Para esse autor, pode-se classificar a força de trabalho de uma organização da seguinte forma: (1) Fácil de substituir, pouco valor agregado; (2) Difícil de substituir, pouco valor agregado; (3) Fácil de substituir, muito valor agregado e (4) Difícil de substituir, muito valor agregado. O Capital humano esta 28 incorporado em pessoas cujo talento e a experiência criam os produtos e os serviços que são o motivo pelo qual os clientes procuram a empresa e não os concorrentes, portanto, é um profissional difícil de substituir e de muito valor agregado. Para criar o referido capital à empresa precisa estimular o trabalho em equipe, comunidades de prática e outras formas sociais de aprendizado. De acordo com Davenport (2001), está na hora de pensar nos empregados não como capital humano, mas como proprietários e investidores de capital humano. Um trabalhador que agir como investidor deste capital o aplicará onde obter maior retorno. O investimento de capital humano feito por envolvimento, preservado por comprometimento e apoiado por um ambiente de trabalho e um contexto de atividade produtiva renderá desempenho. Este é o cenário de uma organização do conhecimento, que é aquela em que o repertório de saberes individuais e dos socialmente compartilhados pelo grupo é tratado como um ativo valioso, capaz de entender e vencer as contingências ambientais (ANGELONI, 2002). Deve ser criada uma cultura da transferência do conhecimento, pois a falta de confiança mútua, a falta de tempo e de locais de encontro, a falta de capacidade de absorção, a crença de que o conhecimento é prerrogativa de determinados grupos e a intolerância com os erros ou necessidade de ajuda são alguns dos inibidores que retardam ou impedem a referida transferência (DAVENPORT; PRUSAK, 1998). Para a criação desta cultura tem-se que superar as percepções de que o aprendizado e trabalho são diferentes, de que o aprendizado ocorre apenas em sala de aula e de que o aprendizado e treinamento são um e o mesmo (ROSENBERG, 2002). Assim, segundo Meister (1999), o foco saiu da sala de aula e dirigiuse para um processo de aprendizagem, onde a prioridade é entrar em contato com o conhecimento da organização como um todo. Ou seja, há a necessidade de transferir o foco de seus esforços de treinamento e educação corporativa de eventos únicos em uma sala de aula, cujo objetivo é desenvolver qualificações isoladas, para a criação de uma cultura de aprendizagem contínua, em que os funcionários aprendem uns com os outros e compartilham inovações e melhores práticas com o objetivo de solucionar problemas empresariais reais. Para compreender o processo de gestão do conhecimento nas organizações é fundamental, inicialmente, analisar a criação do conhecimento. Para tanto é preciso distinguir dados, informação e conhecimento. 29 2.2.1 O Conhecimento e a sua criação. De acordo com Davenport e Prusak (1998), dados são um conjunto de fatos distintos e objetivos, relativos a eventos. Informação é uma mensagem que tem por finalidade mudar o modo como o destinatário vê algo, exercer algum impacto sobre o seu julgamento e comportamento. E conhecimento é uma mistura fluida de experiências condensadas, valores, informação contextual, insight experimentado, a qual proporciona uma estrutura para avaliação e incorporação de novas experiências e informações. Para os referidos autores a transformação da informação para conhecimento acontece através dos processos de comparação, consequência, conexões e conversação. O conhecimento é mais do que aquilo que uma pessoa sabe ou que várias pessoas sabem. É também o que a empresa sabe, reunidos de fontes internas ou externas durante anos, até mesmo, décadas (ROSENBERG, 2002). Assim, conhecimento é um ativo fluido, mas importante ativo corporativo que necessita de gerenciamento (FLEURY, 2001). Nonaka e Takeuchi (1997) consideram que o conhecimento, ao contrário da informação, se refere a crenças e compromissos, ou seja, o conhecimento é uma função de uma atitude, perspectiva ou intenção específica. Esses autores fazem a distinção entre conhecimento explícito e tácito. Para eles, o conhecimento explícito pode ser expresso em palavras e números, e facilmente comunicado e compartilhado sob a forma de dados brutos, fórmulas científicas, procedimentos codificados ou princípios universais. Já o conhecimento tácito, que possui uma dimensão técnica e uma cognitiva, é altamente pessoal e difícil de formalizar, o que dificulta sua transmissão e compartilhamento com outros. Para Davenport (2001), Conhecimento tácito abrange o que as pessoas sabem, mas não conseguem expressar prontamente. E o Conhecimento explícito ou codificado é aquele que as pessoas criam e transmitem mediante a linguagem formal, sistemática. Além disso, o conhecimento está relacionado à ação, o que difere da informação propriamente dita. Para Angeloni (2002), o conhecimento é um agrupamento articulado de informações por meio da legitimação empírica, cognitiva e emocional. Ele é mais valioso e poderoso do que os recursos naturais, grandes indústrias ou polpudas contas bancárias (STEWART, 1998). Percebe-se que o conceito de conhecimento está relacionado com movimento – fluidez, ação, intenção – sendo, portanto, tão valorizado num mundo organizacional de constante mudança. A criação do conhecimento organizacional é a capacidade de uma empresa de criar novo conhecimento, difundi-lo na organização como um todo e incorporá-lo a produtos, 30 serviços e sistemas. Esta criação é uma interação contínua entre o conhecimento tácito e o conhecimento explicito e ocorre a partir de quatro modos de conversão, como exposto na Figura 1: do conhecimento tácito em conhecimento tácito, denominada socialização; do conhecimento tácito em conhecimento explícito chamado de externalização; do conhecimento explícito em conhecimento explícito, combinação e do conhecimento explícito em conhecimento tácito, internalização. O processo de criação do conhecimento é iniciado através do indivíduo, e ampliado para o grupo até atingir a organização, se concretizando, assim, o conhecimento organizacional (NONAKA; TAKEUCHI, 1997). Figura 1 – Conteúdo do conhecimento criado pelos quadro modos de conversão. Conhecimento tácito Conhecimento tácito em (Socialização) Conhecimento Compartilhado Conhecimento explícito (Externalização) Conhecimento Conceitual do Conhecimento explícito (Internalização) Conhecimento Operacional (Combinação) Conhecimento Sistêmico Fonte: Nonaka e Takeuchi (1997). A referida criação, representada na Figura 2, apresenta-se em duas perspectivas: epistemológica (a teoria do conhecimento) que tem como sua pedra fundamental a distinção entre o conhecimento tácito e o conhecimento explícito, e a ontológica que se preocupa principalmente com os níveis de entidades criadoras do conhecimento (indivíduo, grupo, organização e entre organizações). A criação do conhecimento organizacional ocorre em forma de espiral e começa no indivíduo e vai subindo, ampliando comunidades de interação que cruzam fronteiras entre seções, departamentos, divisões, até atingir toda a organização e mesmo entre organizações. Fornecer contexto apropriado para facilitação das atividades em grupo e para criação e acúmulo do conhecimento em nível individual é função da organização no processo de criação do conhecimento organizacional. Existem cinco condições em nível organizacional que promovem a espiral do conhecimento: intenção, autonomia, flutuação e 31 caos criativo, redundância e variedade de requisitos. Assim, a organização deve ter uma visão sobre o tipo de conhecimento que deve ser desenvolvido, promover a autonomia como possibilidade de automotivação para que os indivíduos criem conhecimento, estimular a interação entre a organização e o ambiente externo, incentivar o compartilhamento de informações que transcendam as exigências operacionais imediatas dos membros das organizações e promover a combinação de informações de forma rápida e flexível em todos os níveis da organização (NONAKA; TAKEUCHI, 1997). Figura 2 - Espiral de criação do conhecimento organizacional. Fonte: Nonaka e Takeuchi (1997) Compartilhamento do conhecimento tácito, criação de conceitos, justificação dos conceitos, construção de um arquétipo e difusão interativa do conhecimento são as cinco fases para o processo de criação do conhecimento apresentada no modelo de Nonaka e Takeuchi (1997), de acordo com o exposto na Figura 3. Vale ressaltar que, de acordo com os referidos autores, para criação do conhecimento nas organizações os processos gerenciais Top-down e Bottom-up são ineficazes, tendo em vista que não estimulam a interação dinâmica necessária à criação do conhecimento organizacional. Para este tipo de criação propõe-se um novo modelo, denominado middle-up-down (do-meio-para-cima-e-para-baixo). Este novo modelo põe o gerente de nível médio no centro da gestão do conhecimento e redefine o papel da alta gerência, bem como dos funcionários da linha de frente. Sendo assim a equipe de criação do 32 conhecimento seria composta por Profissionais do Conhecimento – funcionários da linha de frente e gerentes de linha; Engenheiros do Conhecimento – gerentes de nível médio e Gerentes do Conhecimento – altos gerentes. Figura 3 – Modelo de cinco fases do processo de criação do conhecimento. Fonte: Nonaka e Takeuchi (1997) Existem diversas formas, iniciativas organizacionais, que podem facilitar o compartilhamento e a criação de conhecimentos. Schlesinger (2008) cita alguma dessas iniciativas: educação corporativa, portais corporativos de conhecimento, mapa do conhecimento, E-business, benchmarking, comunidades de prática, gestão de conversas, que são expostas e analisadas quanto a fase da criação do conhecimento, no Quadro 1. 33 Quadro 1 – Síntese das contribuições das Práticas na Criação do Conhecimento Práticas Socialização Externalização Combinação Educação Corporativa X X Portais corporativos do X X X conhecimento Memória organizacional X X Mapa do conhecimento X X X E-business X X X Benchmarking X Comunidades de prática X X Gestão de pessoas X X Gerenciar conversas X X Sistemas de Informação Intranet X Workflow X X Groupware X Inteligencia artificial X Business Inteligence X Inovation suport tools Fonte: Elaborado por Ferreira (2004) apud Schlesinger (2008) Internalização X X Destaca-se a importância das conversas para a criação de novos conhecimentos, multiplicando-os e aplicando-os em toda a organização. As mesmas ligam-se intimamente à socialização e à externalização de conhecimentos. Assim, os aspectos cruciais para a criação do conhecimento são compatíveis com as atividades humanas, entre elas, as conversas. Evidentemente, para muitos gestores, preocupados prioritariamente com aspectos racionais, essa vertente humana é relegada a um segundo plano e enfatizam-se aspectos mais lógicos. Essa postura gera prejuízos imensuráveis para a organização. Dentro desse contexto, a questão que se coloca é inovar profundamente os seus valores. No contexto da nova economia, “gerenciar conversas” é uma prática que conduz as organizações a resultados desejáveis (SCHLESINGER, 2008). Para Davenport e Prusak (1998), conversar é a maneira pela qual os trabalhadores descobrem aquilo que sabem, compartilham com os seus colegas e criam conhecimento novo para organização. Nonaka e Takeuchi (1997) corroboram com este pensamento ao relatar que para transmitir conhecimento, o conhecimento pessoal de um indivíduo deve ser compartilhado com outros, e esta é a forma de transformar conhecimento tácito em explícito. Afinal, o aprendizado mais poderoso é expresso através da experiência direta. Já Davenport (2001), sugere a criação de grupos prático, que são grupos de trabalho informais, que surgem no local de trabalho, pois a aprendizagem é social (e não individual) e obtida da interação entre iguais (e não apenas dos instrutores). 34 Ressalta-se que reconhecer o conhecimento como um ativo corporativo é entender a necessidade de geri-lo e cercá-lo do mesmo cuidado dedicado à obtenção de valor de outros ativos mais tangíveis (DAVENPORT; PRUSAK, 1998). A gestão do conhecimento criado nas organizações envolve principalmente o trabalho com o relacionamento humano e seus vários elementos intangíveis. Tal dinâmica tem como principal elemento fomentador a cultura organizacional. (ANGELONI, 2002). 2.2.2 Gestão do Conhecimento Organizacional A gestão do conhecimento é a capacidade desenvolvida pelas organizações de mapear na sociedade, trazer para a organização, distribuir, criar, recompensar e reter conhecimento relacionado à sua competência essencial (BRITO, 2008). Para Davenport e Prusak (1998), a Gestão do Conhecimento é dividida em quatro etapas contínuas: acesso (mercados de conhecimento), geração (aquisição, aluguel, recursos dirigidos, fusões, adaptação e redes de conhecimento), incorporação (através da codificação, que converte o conhecimento para formatos acessíveis e aplicáveis) e transferência (contratar pessoas perspicazes e deixar que elas conversem entre si). Já para Rosenberg (2002), o gerenciamento do conhecimento pode ser dividido em três níveis: gerenciamento de documentos (nível 1), criação, compartilhamento e gerenciamento da informação (nível 2) e inteligência empresarial (nível 3). De acordo com Bukowitz e Williams (2002), a estruturação do processo de gestão do conhecimento segue dois cursos de atividades que ocorrem simultaneamente nas organizações, como representado na Figura 4: (1) O Tático – que é a utilização de conhecimento no dia-a-dia para responder às demandas ou às oportunidades do mercado e o (2) Estratégico – que a meta é o alinhamento da estratégia de conhecimento da organização com a estratégia geral dos negócios. 35 Figura 4 - Estruturação do processo de gestão do conhecimento. Fonte: Bukowitz e Williams (2002) De acordo com as referidas autoras, o lado tático do processo de gestão do conhecimento abarca quatro passos básicos: obtenha, utilize, aprenda e contribua. O obter e utilizar são os dois processos mais comuns para as organizações, uma vez que a obtenção configura-se pela busca, por parte dos trabalhadores, das informações necessárias para depois utilizá-las na resolução de problemas, tomadas de decisão ou criação de novos produtos e serviços. O aprender e contribuir são um desafio na medida em que as organizações precisam integrar a aprendizagem ao modo como às pessoas trabalham e convencê-las de que a contribuição dá retorno tanto para organização como para elas próprias. Já o nível estratégico, apresenta os seguintes passos: avalie, construa e sustente, despoje. A avaliação exige que a organização defina o conhecimento necessário para a sua missão e mapeie o capital intelectual atual, em contraste com as necessidades futuras de conhecimento. O passo construa e sustente assegura que o capital intelectual futuro manterá a organização viável e competitiva. Por ultimo, é fundamental descartar o conhecimento que não cria mais valor. Assim, a organização poderá alinhar a estratégia de conhecimento com a estratégia geral de negócios. De acordo com Brito, Oliveira e Castro (2012), existem várias formas de abordagens teóricas para a Gestão do Conhecimento, pois vários autores ao longo do tempo tiveram diferentes contribuições na construção desse processo. O Quadro 2 resume alguns dos principais modelos, suas contribuições e características. Ressalta-se que a gestão do conhecimento está associada à própria evolução da teoria organizacional e depende de uma análise profunda da relação entre as seguintes variáveis: 36 ambiente econômico e social, evolução tecnológica, lógica organizacional e concepções sobre a natureza humana (TERRA, 2000). Além disso, as gestões do conhecimento e de uma empresa estão interligadas. Sendo assim, o conhecimento e sua gestão perpassam a estratégia, informações, processos, projetos, capital humano e cliente nas organizações. Assim a gestão do conhecimento é o processo pelo qual a organização gera riqueza, a partir do seu conhecimento ou capital Intelectual. Ela representa um esforço para reparar prejuízos anteriores e uma política de segurança contra a perda de memória organizacional no futuro (BUKOWITZ; WILLIAMS, 2002). 37 Quadro 2 - Modelos de Gestão do Conhecimento e seus componentes. MODELO Criação do conhecimento (espiral) Ativos intangíveis AUTOR Nonaka e takeuchi Sveiby ANO 1997 FOCO O processo de criação do conhecimento organizacional voltado para o desenvolvimento de produtos e serviços. 1998 Aprendizagem organizacional a partir da transferência de conhecimento, competência do funcionário, melhoria das estruturas internas e externas. COMPONENTES DO MODELO Criação do conhecimento organizacional a partir de quatro processos: socialização, externalização, combinação e internalização. Fonte: Brito, Oliveira e Castro (2012). GC como um ativo para os negócios e organização. Geração do conhecimento Davenport e Prusak 1998 Geração do conhecimento por aquisição ou por desenvolviment o Conjunto de quatro etapas: geração de conhecimento de forma consciente e intencional; codificação e coordenação de conhecimento; transferência de conhecimento e utilização para provocar mudanças. Capital intelectual como fator de sucesso Stewart 1998 Como descobrir, gerenciar e desenvolver o capital intelectual por meio da simulação Aquisição, desenvolviment o, remodelação de capital intelectual. Facilitação da criação do conhecimento Von Krogh, Ichijo e Nonaka 2001 Proporcionar uma atmosfera para o aprendizado e a disseminação de informações através de condições capacitadoras. Recursos humanos, motivação de funcionários, treinamentos, qualidade, trabalho em equipe, brainstorming, entre outras estratégias. Sete dimensões da GC Terra 2005 Diagnóstico da GC Bukowitz e Williams 2002 Criação do significado na organização do conhecimento Choo 2003 Avaliação da GC considerando-se as dimensões da prática gerencial. Estruturação dos processos de GC com base no diagnóstico. Como as organizações usam a informação para criar significado, construir conhecimento e tomar decisões. Elementos construtivos: metas de conhecimento, identificação, desenvolvimento, compartilhamento e distribuição, utilização, preservação e avaliação do conhecimento. DGC em dois processos: Tático (seções: obtenha, utilize, aprenda, contribua), e processo Estratégico (seções: avalie, construa/manten ha e descarte). Mudança ecológica, interpretação, seleção e retenção. 38 Fleury (2001) entende por gestão estratégica do conhecimento a tarefa de identificar, desenvolver, disseminar e atualizar o conhecimento estrategicamente relevante para a empresa, seja por meio de processos internos, seja por meio de processos externos às empresas. Assim, a gestão do conhecimento deve servir como uma linha-mestra norteadora das ações estratégicas das empresas que se pretendem manter competitivas na economia do conhecimento. Na gestão estratégica, as competências essenciais são entendidas como a aprendizagem coletiva na organização ou, em outras palavras, são o conjunto de habilidades e tecnologias que habilitam uma companhia a proporcionar um benefício particular para os clientes. A conversão da aprendizagem em recursos e habilidades específicos da empresa, principalmente as competências essenciais, representa um comprometimento dos ativos que ajudam a moldar sua estratégia. Angeloni (2002) propõe um modelo de três dimensões para explicar a organização do conhecimento e sua gestão: a Infra-estrutura organizacional - favorece a readaptação e participação dos colaboradores com a visão do todo, criando meios para a utilização do conhecimento; as Pessoas - como criadoras do conhecimento e objetivos comuns e as Tecnologias - funcionam primordialmente como canais de comunicação do conhecimento. Na dimensão infra-estrutura é fundamental o estudo da cultura da organização, consideração do modelo holístico, o estilo gerencial da era do conhecimento e o desenho da estrutura organizacional. A dimensão das Pessoas compreende a aprendizagem organizacional, os modelos mentais, a criatividade, inovação e intuição. Na dimensão Tecnológica destacam-se as redes como apoio a gestão do conhecimento. A tecnologia desempenha papel essencial na Era do Conhecimento, consistindo na adoção de técnicas e métodos que irão facilitar a captação, a estruturação e a disseminação do conhecimento, anteriormente desestruturado e disperso na organização ou restrito a poucas pessoas, por meio de manuais e normas complexas. Nesse contexto, o ser humano desempenha um papel fundamental na diferenciação entre tecnologias da informação e tecnologias do conhecimento. Aquelas podem ser processadas em grandes volumes e por computadores, sem a necessidade da intervenção humana. Já as últimas tendem a ser utilizadas de forma interativa e iterativa por seus usuários (ANGELONI, 2002). A gestão do conhecimento é muito mais do que tecnologia, mas a tecnologia certamente faz parte da gestão do conhecimento (DAVENPORT; PRUSAK, 1998). Para Johnson (2011), as redes de comunicação são, cada vez mais, os meios pelos quais o conhecimento é difundido, disseminado e criado. Elas revelam o modo como as pessoas de fato saem em busca de informações, sua forma de distribuição, e a maneira pela 39 qual elas colaboram para criar novos conhecimentos. O referido autor afirma que a análise de redes é um meio extremamente sistemático de examinar a maneira como as relações se configuram dentro de uma organização. E que o bom desempenho está intimamente ligado à capacidade de o indivíduo fazer as conexões necessárias para obter as informações corretas em tempo hábil. Está claro, portanto, que as estruturas informais e fluídas caracterizadas pela autonomia individual são a chave para a construção do conhecimento. Dessa forma, segundo Davenport e Prusak (1998), a gestão do conhecimento nas organizações deve atender os seguintes objetivos, mantendo o foco no conhecimento e não no dado ou na informação: (1) criar um repositório de conhecimento constituído de conhecimento externo, utilizando, por exemplo, os conceitos e ferramentas de Inteligência Competitiva; conhecimento interno estruturado; conhecimento interno informal; (2) melhorar o acesso ao conhecimento através de identificação dos “páginas amarelas”; estabelecimento de rede de contato com especialistas; elementos de ligação entre grupos na organização; (3) desenvolver um ambiente e uma cultura organizacional que estimulem a criação, a transferência e o uso do conhecimento; (4) gerenciar o conhecimento como um recurso mensurável por meio de auditorias internas, buscando o conhecimento - capital intelectual disperso pela organização. Assim, a Gestão do Conhecimento requer a criação de novos modelos organizacionais (estruturas, processos, sistemas gerenciais), novas posições quanto ao papel da capacidade intelectual de cada funcionário e uma efetiva liderança, disposta a enfrentar, ativamente, as barreiras existentes ao processo de transformação (FLEURY, 2001). Contudo, a gestão do conhecimento não alcançara sucesso numa organização se ela for responsabilidade unicamente de um grupo; portanto, deve ser responsabilidade de todos (DAVENPORT; PRUSAK, 1998). 2.3 APRENDIZAGEM A aprendizagem é um processo psicológico essencial para a sobrevivência dos seres humanos no decorrer de todo o seu desenvolvimento e faz referência a mudanças que ocorrem no corpo do indivíduo, não resultantes unicamente da maturação, mas também da interação com o contexto. É um conceito que envolve, além da aquisição e retenção, a generalização e transferência de conhecimento (ABBAD; BORGES-ANDRADE, 2004). 40 A aprendizagem humana tem uma condição fundamental que é a interação entre dois processos: um de interação externa, do sujeito com sua condição social, cultural e meio ambiente material e outra interna, de elaboração e aquisição em que novos impulsos são conectados com os resultados de aprendizagens anteriores. Ressalta-se que aprender, pensar, lembrar, entender e funções similares não são apenas cognitivas ou de conteúdos. Essas funções são inseparavelmente ligadas com as emoções e motivações (ILLERIS, 2004). O estudo da aprendizagem está presente nas diversas teorias psicológicas. As definições de aprendizagem se dividem nas abordagens comportamentalistas, cognitivistas e construtivistas. Cada uma dessas define o fenômeno de acordo com suas bases conceituais e filosóficas, como exposto no Quadro 3. Ressalta-se que em psicologia organizacional e do trabalho o conceito de aprendizagem não é unidimensional e não se refere apenas à aquisição e retenção do conhecimento; mas também a processos de generalização, à demonstração ou aplicação no trabalho, de habilidades, conhecimentos ou atitudes adquiridas - cognitivismo e comportamentalismo - ou desenvolvidas - construtivismo (ABBAD; BORGES-FERREIRA; NOGUEIRA, 2006). Quadro 3 - Comparação entre teorias cognitivistas, construtivistas e comportamentalistas. Teorias Cognitivistas Teorias construtivistas Abordagem S-O-R (EstímuloOrganismo-Resposta) Abordagem considera a interação do ambiente com o indivíduo, contextualizado em seu ambiente social. Pressupõe processos internos e estruturas responsáveis por esses processos. Pressupõem que os processos internos se estruturam a partir das relações com os outros indivíduos, e se modificam para fazer sentido. O ambiente propicia estímulos que servem de insumos aos processos internos. Os estímulos sensoriais, transformados em informações neurais, impressionam receptores sensoriais. Esses estímulos são temporariamente retidos e dão início ao processamento cognitivo de informações O ambiente social fornece o contexto para a aprendizagem, este se insere num momento histórico e é influenciado pela cultura. O aprendiz não é uma máquina que recebe ou processa estímulos, a eles atribui significados, a partir de seus conhecimentos pré-existentes, com os quais reorganizará seu processo de desenvolvimento cognitivo. Fonte: adaptado de Abbad, Nogueira e Walter (2006). Teorias comportamentalistas Abordagens de estímulo e resposta: S-R (condicionamento clássico) e contingência tríplice: estímulo (antecedente), resposta e conseqüência: S-R-C (condicionamento operante). Fenômenos encobertos são oriundos dos mesmos processos que os abertos, não atribuem estruturas internas para explicar esses processos. Os estímulos externos antecedentes são discriminativos – SD (na presença dos quais uma resposta, se emitida, será reforçada) ou S deltas (na presença dos quais, o comportamento se emitido não será reforçado). A experiência passada do indivíduo com esses SD/S deltas influencia o estabelecimento de novos estímulos discriminativos e S deltas (história comportamental) 41 A abordagem cognitivista define a aprendizagem como uma mudança de comportamento, resultante da interação do individuo com o meio, e de seus processos mentais de aquisição de conhecimentos, habilidades e atitudes. O modelo de processamento de informação, desta abordagem, pressupõe, no processo de aprendizagem, um sistema composto por estruturas cognitivas e processos internos em constante interação com o meio ambiente. O fluxo de informação, do referido modelo, pode ser influenciado pelo controle executivo e pelas expectativas. Através do primeiro, a partir de experiências anteriores, o indivíduo pode regular as etapas da aprendizagem. Já as expectativas referem-se àquilo que o aprendiz acredita que se espera dele; afetando, portanto, o modo como percebe os estímulos do início do fluxo, a interpretação da retroalimentação que segue suas ações e também determina o que vai ser esquecido (ABBAD; NOGUEIRA; WALTER, 2006). Para Pozo (2002), qualquer atividade ou tarefa, embora se realize de modo automático, conserva certo grau de regulagem ou controle cognitivo. Numa tarefa de aprendizagem esse controle pode ser exercido em três momentos: no planejamento da tarefa, na regulagem de sua execução ou no desdobramento de uma estratégia de aprendizagem. Ressalta-se que uma reflexão consciente sobre a aprendizagem ajudará não apenas a exercer mais controle sobre nossos modos de aprender como também a compreender melhor as lacunas e possibilidades. Para Kolb (1997), há duas dimensões básicas no processo de aprendizagem. A primeira dimensão corresponde à experiência concretas (EC) de eventos, de um lado, e a conceituação abstrata (CA) de outro. Já a segunda dimensão é formada pela experiência ativa (EA) e a observação reflexiva (OR). Assim, para este autor a aprendizagem é concebida num ciclo quadrifásico em que a experiência concreta imediata é à base da observação e da reflexão. Este modelo denominado de Aprendizagem Vivencial exige os aprendizes às seguintes habilidades: (1) capacidade de se envolver completa, aberta e imparcialmente a novas experiências; (2) refletir sobre essas experiências e observá-las a partir de diversas perspectivas, (3) criar conceitos que integrem suas observações em teorias sólidas em termo de lógica e (4) usar estas teorias para tomar decisões e resolver problemas. Os Estilos Individuais de Aprendizagem a partir da perspectiva do Modelo de Aprendizagem Vivencial são: convergente, divergente, assimilador e acomodador. As principais características de cada estilo podem ser observadas no Quadro 4. 42 Quadro 4 - Características dos Estilos de Aprendizagem. Estilo Convergente Divergentes Assimilador Acomodador Habilidades Conceituação Abstrata (CA) e Experiência Ativa (EA) Experiência Concreta (EC) e Observação Reflexiva (OR) Conceituação Abstrata (CA) e Observação Reflexiva (OR) Experiência Concreta (EC) e Experiência Ativa (EA) Característica Aplicação prática de idéias Capacidade de imaginação Raciocínio indutivo Realizar, executar planos. Fonte: Kolb (1997). O estilo Convergente através do raciocínio hipotético-dedutivo consegue se concentrar em problemas específicos. De forma oposta, o estilo Divergente tem a capacidade de ver situações concretas a partir de várias perspectivas, tendo um excelente desempenho em situações que exijam gerações de idéias. Já o Assimilador tem capacidade de integrar observações desencontradas numa explicação e o Acomodador é um estilo em que as pessoas tendem a se arriscar mais do que as possuidoras dos outros três estilos de aprendizagem, pois sua formação esta na execução e na capacidade de se sobressair em situações nas quais se precisa adaptar-se a circunstâncias imediatas e específicas (KOLB, 1997). Para o mundo organizacional, a aprendizagem tem se tornado um tema de grande relevância devido à capacidade que os profissionais precisam aprender constantemente a aprender a fim de lidar com as transformações do referido mundo. A análise deste tipo de aprendizagem se dá através de estudos sobre a aprendizagem formal e informal e, sobretudo, da relação entre aprendizagem e local de trabalho. 2.4 APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL Algumas organizações chegaram à conclusão de que ter capacidade para aprender é, afinal, a única maneira de crescerem e renovarem. No nível organizacional, a aprendizagem é identificada como um meio de realizar objetivos estratégicos. Para tanto, a liderança da organização deve comunicar obstinadamente como a estratégia da organização é alcançada pela aprendizagem, a qual deriva das decisões e ações cotidianas. Ligar os pontos entre a estratégia e as ações cotidianas é um estado estratégico chamado “alinhamento”. Quando as ligações são visíveis, elas tornam-se as regras de como exercitar a aprendizagem e uma 43 maneira que beneficie a organização. Além disso, ligar as ações e as decisões cotidianas aos objetivos estratégicos ajuda as pessoas a verem como as tarefas que desempenham estritamente nas horas de trabalho, têm impacto no sistema organizacional mais amplo. Assim, a aprendizagem é importante para a organização porque ela é o passo de transição entre a aplicação de ideias e a geração de ideias novas. Para a maioria das organizações, o processo de gestão do conhecimento termina quando as pessoas utilizam o conhecimento que adquiriram para satisfazer as suas necessidades imediatas. No entanto, as organizações que utilizam a aprendizagem como um meio de alavancar a experiência individual em benefício do empreendedorismo não solicitam aos indivíduos que reservem tempo para aprender. Nessas organizações, a aprendizagem está firmemente integrada aos hábitos e rotinas de trabalho e é indistinguível e inseparável do próprio processo de trabalho. Ela não é ajustada ao verdadeiro trabalho da organização – ela é o verdadeiro trabalho da organização. (BUKOWITZ; WILLIAMS, 2002). A aprendizagem organizacional refere-se à maneira como as organizações constroem, suplementam e organizam conhecimentos e rotinas em torno de sua competência essencial e em sintonia com a construção de culturas adaptativas que permitam a eficácia organizacional através da melhoria da utilização do conhecimento e das habilidades de sua força de trabalho. Ela é equacionada com o desenvolvimento de novas atitudes provocadas pelos insights ou mudanças de estados de conhecimento que não são facilmente perceptíveis, mas que influem de forma determinante nos resultados econômicos da empresa (BRITO, 2008). Este tipo de aprendizagem não é um tema recente de estudos científicos, tendo seu início da década de setenta do século passado; no entanto, o relacionamento entre as dimensões individual, grupal e organizacional se constitui em assunto que ainda está para ser esclarecido (BIDO et al., 2011). Além disso, aprendizagem organizacional usualmente vem sendo relacionado a ações formais como as de Treinamento, Desenvolvimento e Educação (TD&E). No entanto, as possibilidades de aprendizagem nas organizações vão além das referidas ações orientadas para atender a necessidades específicas de trabalho. A aprendizagem dos indivíduos nas organizações pode advir, por exemplo, por meio das consequências organizacionais resultante dos seus comportamentos, da observação das consequências dos comportamentos dos membros de sua equipe, ouvindo histórias e recebendo instruções de supervisores (PANTOJA; BORGES-ANDRADE, 2009). De acordo com Abbad e Borges-Andrade (2004), a aprendizagem pode ser natural ou induzida. Ela é daquele tipo quando ocorre através da observação, imitação, tentativa e erro, busca de materiais escritos, contatos informais com outras pessoas; acontece no dia-a-dia do 44 trabalhador é pouco sistemática e segue um ritmo baseado em preferências, estilos e motivações pessoais. Já a aprendizagem induzida acontece em situações planejadas e estruturadas para facilitar a aprendizagem, a retenção e transferências como acontece nas situações de treinamento e desenvolvimento. De acordo com Brito (2008), a diferença entre a forma de compartilhamento natural do conhecimento e as novas formas de compartilhamento do conhecimento, promovidas pelas organizações, é o gerenciamento, manipulação e controle rigoroso do processo de aprendizagem a partir unicamente dos interesses do capital. Esta nova forma de controle sobre o aprendizado organizacional constitui-se na forma mais sofisticada de apropriação e alienação do trabalho iniciada pelo Taylorismo/Fordismo, que se apropriou dos movimentos, tempo e ritmos do trabalhador, e que agora exige a apropriação por parte do capital também da teleologia, do conhecimento tácito, do desejo, do abstrato, das formas de interação e da criatividade coletiva. Moraes (2010) apresenta uma tipologia de aprendizagem baseada na iniciativa do estímulo, como pode ser observada no Quadro 5. No caso da indução pela organização há um estímulo para a ocorrência da aprendizagem individual através de treinamentos, oficinas, mentoria, coaching e job rotation. Na aprendizagem induzida pelo indivíduo ele é o protagonista do seu estímulo. Quando não há indução para aprendizagem, consideram-se as aquisições de conhecimento tácito, nas quais o indivíduo está pouco ciente. Quadro 5 - Tipologia de aprendizagem baseada na iniciativa do estímulo Tipologia da aprendizagem relacionada ao trabalho Induzida pela organização Induzida pelo aprendiz Não induzida Característica Ocorre a partir do estímulo gerado deliberadamente pela organização. Ocorre a partir do estímulo gerado deliberadamente pelo próprio indivíduo. Ocorre sem que tenha havido alguma deliberação para a geração do estímulo. Fonte: Moraes (2010). As organizações comprometidas com a aprendizagem têm de ajudar indivíduos e equipes de funcionários a desenvolver a capacidade de aprender. Isso significa fazer experiências com ferramentas e técnicas que não pertencem ao kit do instrutor tradicional. Neste mundo conectado, as corporações estão desenvolvendo cursos para treinar funcionários em realidade virtual, intranet e internet, para que a colaboração global em equipe se torne 45 realidade. Essas tecnologias mudarão a forma do conhecimento, ampliando o alcance das práticas empresariais em qualquer lugar, a qualquer momento. As Universidades Corporativas, por exemplo, em essência, personifica a filosofia de aprendizagem da organização, um modo de pensar que tem como meta oferecer a todos os níveis de funcionários o conhecimento, as qualificações e as competências necessárias para atingir os objetivos estratégicos da organização. As empresas que estão aplicando os princípios inerentes a este tipo de universidade estão criando um sistema de aprendizagem contínua em que toda a organização aprende e trabalha com novos processos e novas soluções. Assim, ao mesmo tempo em que as universidades corporativas desafiam antigas suposições sobre treinamento e trabalham para encontrar novas ideias e soluções, elas assumem um novo papel na organização: o de laboratório de aprendizagem (MEISTER, 1999). De acordo com Meister (1999), o principal objetivo do lançamento de uma universidade corporativa é institucionalizar uma cultura de aprendizagem contínua, vinculada às mais importantes estratégias empresariais. Para compreender a importância dessas universidades é necessário entender as forças que sustentam esse fenômeno. Em essência, são cinco: a emergência da organização não hierárquica, enxuta e flexível; o advento e a consolidação da “economia do conhecimento”; a redução do prazo de validade do conhecimento; o novo foco na capacidade de empregabilidade/ocupacionalidade para a vida toda em lugar do emprego para a vida toda e uma mudança fundamental no mercado da educação global. Atualmente, espera-se que os trabalhadores construam sua base de conhecimento ao longo da vida. Assim, a meta é fazer com que a atitude de aprender a aprender se torne parte natural do modo como os funcionários pensam e comportam-se no trabalho. Para tanto, o currículo básico das universidades corporativas é incrivelmente semelhantes na sua atenção aos três Cs – desenvolver a Cidadania Corporativa, proporcionar uma Estrutura Contextual para a empresa e criar Competências Básicas entre os funcionários no ambiente de negócios. A partir dos conceitos existentes na literatura sobre aprendizagem informal pode-se afirmar que este tipo de aprendizagem ocorre por ações específicas, pontuais e condicionadas aos interesses dos indivíduos; não constituem ações sistematicamente programadas e não há controle da organização sobre o que está sendo aprendido. Além disso, sua ocorrência pode estar ou não relacionada aos objetivos organizacionais e do trabalho, não estando, portanto, direcionadas ao alcance de resultados específicos (PANTOJA; BORGES-ANDRADE, 2009). Aprendizagem Organizacional (AO) e Organizações que Aprendem (OA) são duas vertentes de estudos e pesquisas do domínio de processos de aprendizagem. A primeira é 46 representada por pesquisadores e acadêmicos e propõe-se a descrever como as organizações estão aprendendo e os fatores ligados a este processo, através da investigação empírica e do rigor metodológico. A segunda vertente é desenvolvida por consultores e pesquisadores orientados para transformação organizacional e normalizam e prescrevem o que as organizações devem fazer para aprender. Verifica-se que as duas vertentes tratam do mesmo fenômeno a partir de interesses distintos. Existe uma diversidade quando se trata de conceituar Aprendizagem Organizacional (AO), que está apresentada no Quadro 6. Parte desta decorre da ênfase que cada autor em um dos níveis de análise do fenômeno – individual, grupal ou organizacional. Os autores que restringem a aprendizagem no nível individual, afirmam que o indivíduo é fonte primária de aprendizagem e que ele age e aprende na organização, criando, inclusive, as formas ou estruturas organizacionais que permitem a aprendizagem. Já os que enfatizam a organização afirmam que a aprendizagem organizacional é um fenômeno maior do que a soma das aprendizagens individuais. Pode-se afirmar, contudo, que a aprendizagem passa a ser organizacional, transcendendo do plano individual, quando os conhecimentos, as atitudes e as visões e as práticas tornam-se compartilhadas pelo coletivo. O processo de aprendizagem permite o desenvolvimento de esquemas interpretativos da realidade a partir de premissas que orientam as prescrições e rotinas e que estão integrados ao conhecimento produzido no contexto de uma dada organização. Esses esquemas ou mapas podem ser compartilhados criando mapas coletivos ou organizacionais. Ressalta-se que há uma carência de abordagens que integrem os dois níveis em que a aprendizagem se realiza – individual e organizacional, abrindo espaço para perspectivas unidirecionais, que entende ser o nível organizacional um somatório dos processos individuais. Na vertente da aprendizagem organizacional, fica evidente que o processo de aprendizagem organizacional é complexo, plurideterminado e que requer esforço interdisciplinar para equacionar as suas múltiplas questões teóricas e empíricas (BASTOS; GONDIM; LOIOLA, 2004). 47 Quadro 6 - Definições de Aprendizagem Organizacional Nível de análise Natureza do processo/produto Autores representativos Individual Estrutural e de Desempenho Simon (1970, p. 125) Grupal Cultural Cook e Yanow (1996, p. 384) Organizacional Cognitivo “... codificação de interferências oriundas da história da organização que se manifestam por meio de rotinas que guiam o comportamento.” Organizacional Cognitivo / Comportamental “... a capacidade, conjunto de processos internos que melhoram ou mantêm o desempenho baseado na experiência, cuja a operacionalização envolve a aquisição,a disseminação e a utilização do conhecimento.” Organizacional Cognitivo / Comportamental Dibella, Neves e Gould (1996, p.365) Comportamental SwieringWierdsm an (1992, p.33 apud TSANG, 1997, p.76) Definição “... crescimento de insights e de reestruturações bem-sucedidas de problemas organizacionais, provenientes de indivíduos que exercem papéis decisivos na estrutura e nos resultados da organização.” “... aquisição, sustentação e mudanças de significados intersubjetivos através da expressão e transmissão de ações coletivas de grupo.” “...processo pelo qual a base do conhecimento organizacional é construída e desenvolvida(...)” “... mudança no comportamento organizacional.” Organizacional Shrivastava (1983, p.15) Levitt e March (1988, p.320 apud TSANG, 1997, p.76) Fonte: Bastos, Gondim e Loiola (2004). No Brasil, um estudo de revisão conduzido por Antonello e Godoy (2009), a partir de 94 artigos que reuniu trabalhos publicados em um período de cinco anos (2001 a 2005) também mostram resultados interessantes. Os artigos analisados nesta revisão foram captados em quatro periódicos da área de administração e em anais de dois congressos nacionais que, na ocasião da formulação da pesquisa, possuíam conceito A, de acordo com o critério Qualis da CAPES. Identificou-se que os estudos analisados dirigem-se, predominantemente, aos níveis de análise organizacional (58) e individual (43), em detrimento de um maior investimento na compreensão do nível grupal e do nível inter-organizacional. Apenas 14 estudos analisam, simultaneamente, os níveis individual e organizacional. Ao abordar o estado da arte sobre Aprendizagem Organizacional (AO), Antonello e Godoy (2010), analisam este fenômeno sobre as perspectivas Psicológica, Sociológica, Antropológica, da Ciência Política, Histórica, Econômica e da Ciência da Administração. Sob a ótica desta última, os referidos autores definem seis perspectivas para abordar a aprendizagem organizacional: a Perspectiva Cognitiva e do Conhecimento - considera que os membros das organizações não são somente uma caixa de armazenamento de experiências racionais passadas, mas intérpretes da realidade de acordo com as especificidades do seu 48 sistema cognitivo; a Perspectiva da Tomada de Decisão Organizacional e da Adaptação – usa os indivíduos da organização como instrumentos, porém afirma que é possível lidar com adaptação em nível agregado da organização; a Perspectiva da Teoria de Sistemas - define a organização como sistemas de atividades conscientemente coordenadas. Nesta a AO é concebida como um incremento na solução de problemas potenciais de sistemas sociais, incremento derivado da aprendizagem institucional. Na Perspectiva Cultural considera-se este tipo de aprendizagem como mudanças nas rotinas defensivas no interior das organizações e se pode capturar a aprendizagem em nível de aprendizagem coletivo; contrapondo-se a perspectiva cognitiva, que focaliza o nível individual. Na Perspectiva da Aprendizagem Ação a aprendizagem organizacional é definida como a capacidade de uma organização para manter ou melhorar seu desempenho baseado na experiência. A aprendizagem ocorre a partir da experiência, e a experiência dos aprendizes é refletida enquanto ocorre a ação. E a Perspectiva da Estratégia/Gerencial aponta que a aprendizagem não somente significa que uma organização aprende, mas deve aprender mais rapidamente que outras. Os autores que seguem esta abordagem acreditam que os gerentes têm papel ativo e importante no processo de AO, criando ambiente de aprendizagem dentro da organização, identificando problemas e tomando decisões estratégicas. A partir desta análise os autores supracitados apontam quatro questões principais – e relacionadas - para discussão desta área de pesquisa: nível interpessoal da aprendizagem, neutralidade da meta (a aprendizagem pode ser vista como algo bom ou ruim), noção de mudança (nem toda a aprendizagem se manifesta como mudança no comportamento) e natureza processual da aprendizagem. Bertolin, Zwick e Brito (2013) corroboram com a análise dos autores acima citados afirmando que nos últimos 30 anos o campo de pesquisa da aprendizagem nas organizações tem apresentado uma multiplicidade de conceitos e perspectivas de estudo, institucionalizando diversas abordagens de análise. Entre essas abordagens, a sociológica se destaca como contraponto da visão tradicional cognitivista por considerar o processo de aprendizagem como fenômeno incorporado ao cotidiano, sendo, portanto, fruto das interações sociais. Um dos modelos de aprendizagem relacionada ao trabalho existente é o proposto por Illeris (2003; 2004). O mesmo é embasado numa visão cognitivista da aprendizagem e pressupõe dois processos codeterminantes na aprendizagem (aquisição psicológica e interação social) e três dimensões integradas, que se relacionam de maneira dinâmica: conteúdo da aprendizagem (cognitivo), dinâmica da aprendizagem (emocional) e Ambiente (social), de acordo com o exposto na Figura 5. O aspecto individual faz a ligação entre o conteúdo e a dinâmica da aprendizagem. 49 Figura 5 – Processos e dimensões da aprendizagem. Fonte: Illeris (2004). De acordo com Illeris (2003), a aprendizagem implica a integração de dois processos diferentes: um de interação externa do indivíduo com o seu ambiente social, cultural ou material e um processo psicológico interno, de aquisição e elaboração. No modelo de aprendizagem do referido autor, o processo de interação externa é descrito por uma seta vertical dupla entre o ambiente, na parte inferior, e o aprendiz (indivíduo), no topo. O processo interno é também representado por uma seta dupla e integra duas funções psicológicas: a função de cognição, lidar com o conteúdo da aprendizagem, e o emocional ou psicodinâmica da função, que fornece energia mental necessária para o processo. A dimensão cognitiva é a dimensão do conteúdo da aprendizagem, que pode ser descrito como conhecimentos ou habilidades. O esforço do aprendiz é construir significado e capacidade de lidar com os desafios da vida prática. A dimensão emocional ou psicodinâmica é a dimensão que engloba energia mental, sentimentos e motivações. Sua função principal é proteger o equilíbrio mental do aprendiz. Aprendizagem cognitiva e emocional influencia-se mutuamente. Já a dimensão social é a parte externa da interação tal como participação, comunicação e cooperação. Ela constrói a sociabilidade do aprendiz. O triângulo representa o que o autor identifica como campo de tensão de aprendizagem em geral e de qualquer evento específico ou processo de aprendizagem traduzido em funcionalidade, sensibilidade e sociabilidade. 50 Quando se trata da aprendizagem na vida profissional deve-se caracterizar o local de trabalho e o trabalho-vida como espaços de aprendizagem. O ambiente de vida e de trabalho pode ser dividido em ambiente de aprendizagem técnico-organizacional que se relaciona com questões como conteúdo do trabalho, divisão do trabalho, oportunidades de autonomia, possibilidades de interação social e em ambiente de aprendizagem sócio-cultural. Este diz respeito a grupo e processos sociais, tradições, normas e valores (ILLERIS, 2004). Para explicar a aprendizagem no trabalho esta autora faz uso do modelo de aprendizagem no local de trabalho proposto por Jorgënsen e Warring. Para Moraes e BorgesAndrade (2010), este tipo de aprendizagem acontece no encontro dos ambientes de aprendizagem e os processos de aprendizagem dos indivíduos, no espaço da prática profissional. Assim, é neste espaço que os indivíduos interagem com as oportunidades de aprendizagem disponíveis no ambiente de trabalho, conforme exposto na Figura 6. Figura 6 – Aprendizagem na vida profissional. Fonte: Illeris (2004). De acordo com o modelo exposto, verifica-se que o conceito de aprendizagem é basicamente de natureza construtiva. Tem-se que considerar que as mudanças da modernidade está alterando as condições de aprendizagem, por isso os políticos, administradores e 51 educadores devem ser capazes de desenvolver teorias adequadas que correspondam aos problemas vividos pelos indivíduos em todos os níveis. A teoria da aprendizagem com ênfase na dimensão cognitiva tradicional e de assimilação da aprendizagem não auxilia na compreensão da educação de adultos e ao longo da vida, por exemplo, em que estes assumem a responsabilidade de si mesmo e decidem o que quer aprender. Esta compreensão só é possível quando se considera a dimensão emocional e social da aprendizagem e se considera os processos de acomodação e transformação (ILERRIS, 2003). Orientação pedagógica, coaching, redes internas ou externas, grupos de experiências, rotação de trabalho e outras iniciativas que estreitem a relação entre atividades de ensino e ligação com o trabalho são importantes na combinação aprendizagem organizacional e aprendizagem no local de trabalho (ILLERIS, 2004). 2.5 ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM As estratégias de aprendizado no trabalho vêm sendo contemplada em estudos científicos na área da Psicologia da Educação; mas vem despertando crescente interesse em teóricos e pesquisadores na área da Psicologia Organizacional. Esses estudos têm sido conduzidos em contextos educacionais ou em ambientes organizacionais e com o foco nos processos de aprendizagem formal. Há uma escassez de pesquisas empíricas que contemplem as relações existentes entre estas estratégias e características das organizações de trabalho. Estratégias de aprendizagem são as atividades adotadas pelo indivíduo para facilitar o processamento de informações nas etapas de aquisição, retenção, recuperação e transferência de novas habilidades e conhecimentos no contexto profissional (PANTOJA; BORGES-ANDRADE, 2009). De acordo com Pozo (2002), as estratégias são procedimentos que se aplicam de modo controlado, dentro de um plano projetado deliberadamente com fim de conseguir uma meta fixada. O uso estratégico de procedimentos se diferencia da execução de uma técnica, pois requer planejamento e controle de execução, implica no uso seletivo dos próprios recursos e capacidades disponíveis e do domínio das técnicas que o compõe. Assim, as fases de execução de uma estratégia são: (1) fixar a meta ou objetivo da estratégia, (2) selecionar uma estratégia ou curso da ação para alcançar esse objetivo a partir dos recursos disponíveis, (3) aplicar as estratégias, executando as técnicas que a compõe e (4) avaliar a realização dos objetivos fixados após a aplicação das estratégias . 52 O referido autor define três tipos de estratégias de aprendizagem como pode ser observado na Figura 7. A estratégia de repetição, que se apoia numa aprendizagem associativa, é a mais simples e serve para reproduzir de forma mais eficaz um material, normalmente informação verbal ou técnica rotineira. Já as estratégias de elaboração e organização tem como base a aprendizagem por reestruturação. A primeira se divide em elaboração simples, que consiste em proporcionar uma estrutura ou organização para o material sem afetar o seu significado e elaboração complexa, utilizada quando se quer compreende um material, construir significados sobre ele. Já a estratégia por organização cria estruturas conceituais a partir das quais se constroem relações de significado. Relacionando essas estratégias com os tipos de procedimento de tratamentos das informações, o referido autor afirma que as estratégias de repetição e elaboração simples estão relacionadas ao procedimento de aquisição de informação. As estratégias de elaboração complexa ao procedimento de interpretação da informação e os procedimentos de análise da informação, compreensão e organização conceitual com a estratégia de organização. Figura 7 – Tipos de estratégias de aprendizagem. Fonte: Pozo (2002). Os estudos de Warr e Allan (1998) de categorização das estratégias de aprendizagem serviram de base para o desenvolvimento e validação de outras escalas de estratégia. Os referidos 53 pesquisadores elaboraram uma taxonomia composta por nove estratégias de aprendizagem apresentada no Quadro 7. Quadro 7 - Estratégias de Aprendizagem – Taxonomia de Warr e Allan (1998) Categoria Estratégias Reprodução: repetição mental do material a ser aprendido. Organização: identificação de questões-chave e criação de estruturas mentais Cognitiva que agrupem e inter-relacionem os elementos a serem aprendidos. Elaboração: uso de procedimentos para examinar implicações e criar conexões com material a ser aprendido e o conhecimento que ela já dispõe. Procura de Ajuda Interpessoal: procedimento de busca ativa, do auxílio de outras pessoas para aumentar o entendimento do material a ser aprendido. Procura de ajuda em material escrito: pesquisa e localização de informações em Comportamental documentos, manuais, programas de computador e outras fontes não-sociais. Aplicação Prática: tentativa de colocar em prática os novos conhecimentos enquanto aprende. Controle emocional: procedimentos utilizados para livrar-se da ansiedade e prevenir-se de falas na concentração. Auto-regulação Controle da motivação: estratégias para manter a atenção e motivação. Monitoramento da compreensão: estratégias usadas para verificar o quanto está aprendendo, como para modificar o próprio comportamento. Fonte: Elaborado a partir de Warr e Allan (1998). Warr e Downing (2000) com o intuito de examinar a correlação entre as estratégias e o relacionamento delas com o sucesso da aprendizagem, utilizou as nove estratégias sugeridas por Warr e Allan (1998), através de um instrumento de 45 itens que foi aplicado em estudantes universitários (amostra 1) e participantes de um treinamento profissionalizante (amostra 2). Neste estudo, as estratégias de organização e elaboração juntaram-se num único fator, denominado reflexão ativa. Já Holman et al. (2001) desenvolveram e validaram uma escala para mensurar estratégias de aprendizagem, junto a funcionários de call center de uma empresa britânica e encontraram as categorias relacionadas na Quadro 8. Ressalta-se que nesta escala não foram incluídas as variáveis de estratégias de auto-regulação sugerida originalmente por Warr e Allan (1998). 54 Quadro 8 - Estratégias de Aprendizagem – Taxonomia de Holman et al. (2001) Categoria Cognitivas Comportamental Estratégias Reprodução Reflexão intrínseca Reflexão Extrínseca Procura de Ajuda Interpessoal Procura de ajuda em material escrito Aplicação prática Fonte: Holman et al. (2001). No Brasil, Pantoja (2004) e Brandão (2009) procuraram validar escalas de estratégias de aprendizagem no trabalho. Aquela autora realizou um mapeamento exploratório das estratégias, que teve como objetivo classificar dezesseis ocupações profissionais, em quatro categorias de postos de trabalho e descrever e comparar estratégias utilizadas pelos indivíduos para aprenderem em seu dia-a-dia de trabalho. Em seu estudo foi encontrado cinco categorias de estratégias, tendo os itens relativos às estratégias de aplicação prática e reflexão intrínseca se aglutinado em um único fator. Os demais fatores se mantiveram semelhantes aos encontrados originalmente em Holman et al. (2001). Os resultados evidenciaram que existem diferenças em termos das configurações das estratégias de aprendizagem, em cada uma das categorias profissionais do estudo. E também indicou a estratégia aplicação prática tendo um papel central nos processos de aprendizagem informal, em ambientes organizacionais. Brandão (2009) levando em consideração que a escala desenvolvida por Pantoja (2004), que apesar de apresentar bons indicadores psicométricos, não apresentou uma medida que permitisse discriminar empiricamente as estratégias de aplicação prática e reflexão intrínseca, que são consideradas como distintas na literatura; e a necessidade de aprimorar alguns itens da escala da referida autora e de Holman et al. (2001), que representassem melhor a idéias de esforço empreendido pelo indivíduo para aprender algo em seu trabalho propôs a validação de uma nova escala; bem como investigar a freqüência com que funcionários de um banco público brasileiro utilizavam tais estratégias. A descrição dos tipos de estratégias utilizadas na Escala validada por Brandão são apresentados no Quadro 9. Ressalta-se que a reflexão intrínseca e extrínseca denominada por Holman et al. (2001) agruparam-se num unido fator denominado reflexão ativa. Brandão e Borges-Andrade (2011) afirmam que, apesar dessas estratégicas serem conceitualmente distintas, o estudo não demonstrou diferenças empíricas entre elas. Como essas estratégias têm o mesmo viés cógnito, os respondentes parecem ter entendido tais itens como representativos de uma mesma prática. Isso pode ter decorrido do papel ocupacional dos respondestes, que eram gestores, e compreenderam, pela sua prática profissional, não ser possível dissociar os dois tipos de reflexão. 55 Quadro 9 - Estratégias de Aprendizagem da Escala de Estratégias de Aprendizagem no Trabalho. Estratégia Descrição Reflexão ativa Reflexão do indivíduo sobre partes componentes do seu trabalho, bem como a reflexão de estruturas mentais que relacionam o trabalho da pessoa a diferentes aspectos da organização. Busca de ajuda interpessoal. Busca de ajuda em material escrito. Reprodução Aplicação prática Fonte: Brandão (2009). Procura ativa do indivíduo pelo auxílio de outras pessoas Pesquisa e a localização de informações em documentos, manuais, normativos, livros e outras fontes não-sociais. Memorização e repetição mental de informações, sem reflexão sobre o seu significado Tentativa do indivíduo de aprender por meio da experimentação. No trabalho em que relata a adaptação e validação, com uma amostra de prefeitos (as) e secretários (as) municipais, da escala de estratégias de aprendizagem no trabalho utilizada por Brandão (2009), Moraes (2010), apresenta um resgate das produções enfocando a construção e validação de medidas de estratégias de aprendizagem entre o ano 2000 e 2009. A partir da análise de 11 estudos, com amostras diversificadas (estudantes, profissionais, ambientes de trabalho) e tratamento de dados através de análise fatorial exploratória e confirmatória, percebe-se uma busca por medidas confiáveis que permitam estudar com maior precisão as estratégias de aprendizagem utilizadas por indivíduos para aprender no contexto de atuação profissional. 2.6 APRENDER E ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM. O passo aprenda do processo tático da gestão do conhecimento definido por Bukowitz e Williams (2002), é relativamente novo para as organizações e ao mesmo tempo se constitui um desafio na busca de integrar a aprendizagem com o modo como às pessoas trabalham. Nas organizações onde a liderança adotou a aprendizagem como decisiva para a realização de uma vantagem competitiva é possível destinar-se tempo para refletir sobre as experiências e considerar seu valor. Este passo apresenta os seguintes imperativos: visibilidade e familiarização. A aprendizagem é identificada como um meio de realizar os objetivos estratégicos da organização para tanto é necessário ir além da execução das tarefas, e fazer perguntas sobre elas. Assim, tornar a aprendizagem visível é não permitir que Know-how se perca quando as 56 pessoas descartam o que obtiveram e utilizaram para solucionar um conjunto de questões. Para tanto, é importante a comunicação da liderança da organização de como a estratégia da organização é alcançada pela aprendizagem, a qual deriva das decisões e ações cotidianas. Já para desenvolver o hábito de aprender, ou seja, torna-lo familiar, as organizações devem descobrir maneiras de enfrentar os seguintes desafios: promover o princípio do prazer no trabalho, integrar mecanismos de reflexão no hábito do trabalho; captar os benefícios dos erros, fracassos e discordâncias e cultivar a arte de aprender fazendo. Assim, os erros e discordâncias devem ser vistas como berço de inovação e idéias, deve-se investir em treinamento no trabalho, em que o risco real demanda mais atenção do que o simulado (BUKOWITS; WILLIAMS, 2002). O quadro 10 expõe os indicadores do passo Aprenda da Gestão do Conhecimento. Quadro 10 - Indicadores do passo Aprenda da gestão do conhecimento de Bukowitz e Williams (2002). Indicador de Gestão do Conhecimento Avaliação do Conhecimento Processos de gestão do conhecimento/Contextualização/ Política de Gestão do conhecimento Simulação / Jogos / Inovação / Resolução de Problemas Parceria Processo Decisório Compartilhamento do conhecimento / Comunicação / Relacionamento Conceituação Refletir sobre as experiências de trabalho e sobre o conhecimento aprendido como uma indispensável maneira de ajustar o sistema organizacional, tornando-o mais efetivo e eficiente (BUKOWITZ E WILLIAMS, 2002) Considerar os erros, fracassos, problemas e discordâncias nas experiências pode revelar a oportunidade de aprender como forma de reconstruir os processos de gestão do conhecimento no ambiente organizacional (BUKOWITZ E WILLIAMS, 2002; CHOO, 2003) Utilização de jogos e simulações para entender melhor como os fatos acontecem no contexto organizacional e utilizar uma experiência do passado sobre a impressão coletiva para prever ações futuras e para favorecer a aprendizagem mútua (BUKOWITZ E WILLIAMS, 2002) Transpor os limites organizacionais através da colaboração com os clientes, fornecedores e concorrentes como pré-condição para produzir aprendizagem mútua (BUKOWITZ E WILLIAMS, 2002) Utilização de modelos mentais e de tomada de decisão em redundância para entender melhor como os fatos acontecem de determinada forma e aprender como resolver as situações diferentes (BUKOWITZ E WILLIAMS, 2002) Capacidade de interagir com outras pessoas na busca de informação favorecendo a cultura de companheirismo, responsabilidade, igualitarismo, cooperação e complementariedade, independente do nível hierárquico que ocuparem (BUKOWITZ E WILLIAMS, 2002) Fonte: Castro (2011). Verifica-se que o passo aprenda do diagnóstico da gestão do conhecimento dos autores acima citados tem como objetivo identificar como a organização viabiliza a aprendizagem do 57 conhecimento. Fazendo uma aproximação com os tipos de estratégias de aprendizagem utilizadas no trabalho, definidas por Brandão (2009), obtêm-se a seguinte relação: Quadro 11 – Indicadores Passo Aprenda e Estratégias de aprendizagem. Indicador de Gestão do Conhecimento do Passo Aprender Avaliação do conhecimento Processo Decisório Parceria Compartilhamento do Conhecimento / Comunicação / Relacionamento Processos de gestão do conhecimento/Contextualização/ Política de Gestão do conhecimento Simulação/ Jogos/ Inovação / Resolução de Problemas Estratégia de Aprendizagem no Trabalho Reflexão Ativa Busca de ajuda interpessoal. Aplicação prática Reprodução Busca de Ajuda em Material Escrito. Fonte: Pesquisa (2013). Infere-se que quando uma organização viabiliza o aprendizado a partir de um determinado indicador, ela possibilita o uso de determinadas estratégias. Por exemplo, uma organização que considera importante e incentiva a parceria e compartilhamento do conhecimento, a comunicação e o relacionamento, poderá apresentar a estratégia de busca de ajuda interpessoal como uma das mais utilizadas pelos seus colaboradores. Dessa forma, parece existir uma relação conceitual entre a forma como a organização viabiliza a aprendizagem e as estratégias utilizadas, pelos colaboradores, no trabalho para aprender. 58 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Nesta seção estão descritos a caracterização da pesquisa, o universo e a amostra, o procedimento de coleta de dados, os instrumentos de pesquisa, as variáveis do estudo, o tratamento utilizado nos dados coletados e o ambiente de pesquisa. As etapas que foram seguidas para a realização deste estudo serão: Fluxograma 1 – Procedimentos Metodológicos. Fundamentação teórica do estudo Adaptação do questionário de pesquisa e Pré-teste Definição do universo Coleta de dados Tratamento dos dados Análise dos resultados Desenvolvimento da conclusão do estudo. Fonte: pesquisa (2013) 59 3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA A pesquisa em questão analisou, a partir da percepção de gestores, como a instituição pesquisada viabiliza a aprendizagem e sobre a utilização de estratégias de aprendizagem no trabalho. Trata-se, de uma pesquisa de abordagem quantitativa por focalizar em termos de grandeza ou quantidade do fator presente em uma situação e ter os caracteres expressos em valores numéricos (MARCONI; LAKATOS, 2002). Mas também possui elementos qualitativos, de acordo com Creswell (2010), uma vez que pretende explorar e entender, através da avaliação e sugestão, o significado que os indivíduos ou os grupos atribuem ao constructo pesquisado. Dessa forma para este autor, pode ser considerada como uma pesquisa de métodos mistos, que reside no meio deste contínuo porque incorpora elementos das duas abordagens, qualitativa e quantitativa. Em relação ao objetivo da pesquisa, é considerada como descritiva por ter o objetivo de descrever as características de uma determinada população, fenômeno ou estabelecer relação entre variáveis (GIL, 2008). Além disso, de acordo com Vergara (2009) é descritiva por não ter o compromisso de explicar o fenômeno que descreve, apesar de servir de base para tal explicação. Quanto aos procedimentos técnicos utilizados, de acordo com esta autora, pode ser definida como um estudo de caso; uma vez que se trata de uma pesquisa numa única instituição e tem caráter de aprofundamento em relação ao fenômeno pesquisado, a aprendizagem. Além disso, se configura como pesquisa de campo, pois a investigação é realizada no local onde ocorre o fenômeno. 3.2 UNIVERSO E AMOSTRA O universo estudado foram os gestores de uma Instituição da Rede Federal de Ensino de um estado do nordeste brasileiro. Os mesmos pertencem a duas categorias de função: a de Cargo de Direção (CD) e Função Gratificada (FG). Os gestores do nível CD são o Reitor, os Pró-reitores, os Diretores Sistêmicos, os Diretores Gerais de Campus, os Diretores Acadêmicos, os Diretores de Centro de Ensino e os Diretores Administrativos. Já os gestores do nível FG são os Coordenadores, Chefes de setor. 60 O universo é composto por 332 sujeitos, somando-se as duas categorias. A investigação aconteceu em vinte unidades organizacionais da instituição pesquisada. A distribuição delas pode ser observada na Figura 8. Figura 8 – Mapa de distribuição das unidades administrativas. Fonte: Pesquisa (2013) A pesquisa foi censitária, englobando todos os gestores da instituição, de acordo com a Tabela 1. 61 Tabela 1 - Composição do universo da pesquisa. N° de Gestores Unidade Campus Apodi Campus Caicó Campus Cidade Alta Campus Canguaretama Campus Ceará Mirim Campus Currais Novos Campus Natal Central Campus Educação a Distância Campus Ipanguaçu Campus João Câmara Campus Macau Campus Mossoró Campus Nova Cruz Campus Parnamirim Campus Pau dos Ferros Campus Santa Cruz Campus São Gonçalo do Amarante Campus São Paulo do Potengi Campus Natal Zona Norte Reitoria Total Fonte: Pesquisa (2013). Total Cargo de Direção Função Gratificada 04 03 03 01 02 04 14 03 04 03 04 04 03 03 03 03 03 02 03 23 92 15 15 13 00 01 13 29 07 14 13 12 15 15 10 14 14 12 02 13 13 240 19 18 16 01 03 17 43 10 18 16 16 19 18 13 17 17 15 04 16 36 332 Entende-se por universo ou população o conjunto de elementos que possuem as características que são objeto de estudo. Assim não foi escolhida uma parte do universo segundo algum critério de representatividade (VERGARA, 2009). No entanto, apesar da intenção da coleta ser censitária, por se tratar de uma cooperação voluntária, não foi possível obter a devolução de todos os gestores. A não obtenção do censo se deu por não interesse de participação na pesquisa, ou por afastamento do ambiente de trabalho (licença para tratamento de saúde, férias, etc.), por parte de alguns gestores. A Tabela 2 demonstra o percentual de devolução dos instrumentos de pesquisa em cada unidade organizacional da instituição pesquisada. Dessa forma, pode-se afirmar que se teve uma amostragem por acessibilidade e conveniência. 62 Tabela 2 –Percentual de gestores com os dados coletados. N° de Gestores Unidade Campus Apodi Campus Caicó Campus Cidade Alta Campus Canguaretama Campus Ceará Mirim Campus Currais Novos Campus Natal Central Campus Educação a Distância Campus Ipanguaçu Campus João Câmara Campus Macau Campus Mossoró Campus Nova Cruz Campus Parnamirim Campus Pau dos Ferros Campus Santa Cruz Campus São Gonçalo do Amarante Campus São Paulo do Potengi Campus Natal Zona Norte Reitoria Total Fonte: Pesquisa (2013). Cargo de Direção Total Função Gratificada N % N % N % 04 02 02 00 02 01 04 03 02 01 03 01 02 01 02 01 02 00 02 15 50 100,0% 66,66% 66,66% 0% 100% 25% 28,57% 100.0% 50% 33,33% 75% 25% 66,66% 33,33% 66,66% 33,33% 66,66% 0% 66,66% 65,21% 54,35% 14 14 11 00 00 05 13 07 12 06 09 09 11 05 10 10 08 01 08 11 164 93,33% 93,33% 84,61% 0% 0% 38,46% 44,82% 100,0% 85,71% 46,15% 75% 60% 73,33 50% 71,42% 71,42% 66,66% 50% 61,53% 84,61% 68,33% 18 16 13 00 02 06 17 10 14 07 12 10 13 06 12 11 10 01 10 26 214 94,74% 88,88% 81,25% 0% 66,66% 35,29% 39,53% 100,0% 77,77% 43,75% 75% 52,63% 72,22% 46,15% 70,58% 64,70% 66,66% 25% 62,50% 72,22% 64,46% Sendo assim, obteve-se a devolução de 64,46% dos gestores da instituição pesquisada, ou seja, 214 gestores. Tendo um retorno significativo, de mais de 80% de gestores participantes, em quatro unidades: Apodi, Caicó, Cidade Alta e Educação à Distância. 3.3 PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS Antes de iniciar a coleta de dados foi realizado, dos dias 16 a 19 de Agosto, um préteste dos instrumentos de pesquisa. O mesmo foi aplicado com cinco gestores de uma mesma unidade organizacional, mas com funções distintas. Sendo três ocupantes de Função Gratificada e dois de Cargo de Direção. Após a aplicação do referido teste foi necessário realizar ajustes nos instrumentos: inclusão da sigla da função na questão que investigava o tempo de exercício na função de gestor (“Tempo de exercício na função de gestor” para “Tempo de exercício na função de gestor (CD ou FG) no IFRN”), no questionário socioprofissional, especificando, assim, também, que o tempo de experiência era na 63 instituição pesquisada. E, foi acrescentado, no instrumento do Passo Aprenda, o termo “o que acontece na sua organização” na explicação dos níveis de análise para enfatizar que a descrição que os respondentes iam analisar se referia a uma análise da organização. A coleta de dados se iniciou a partir da aprovação da pesquisa pela gestão da instituição de ensino. Esta aprovação foi fornecida pelo dirigente máximo da organização no dia 23 de Agosto de 2013, através de uma declaração de autorização (Apêndice A). Como a coleta foi realizada em todas as unidades do estado pesquisado, foi necessário utilizar o apoio de servidores para auxiliar na coleta. Os mesmos foram escolhidos para fornecer o apoio pelo envolvimento e experiência com pesquisas acadêmicas e/ou por atuar na área de Gestão de Pessoas da instituição. Vale ressaltar, que estes foram previamente treinados para compreender os objetivos da pesquisa e o método de aplicação dos instrumentos. Dessa forma, a coleta seguiu as seguintes estratégias: 1) Divulgação da pesquisa através do e-mail institucional dos servidores que compõe o universo de pesquisa a fim de explicar os objetivos da mesma e informar qual servidor do Campus estava fornecendo apoio na coleta dos dados. 2) Participação na reunião de Comitê gestor nos Campus a fim de explicar pessoalmente, o objetivo da pesquisa e a importância da mesma para a instituição e para a academia e/ou 3) Entrega individual do instrumento de pesquisa aos gestores de cada Campus. Em cada unidade organizacional, foi fornecido um prazo para devolução do instrumento. Este variou de sete a quinze dias. A coleta teve duração de aproximadamente dois meses, compreendendo o seguinte período: do dia 21 de Agosto a 18 de Outubro de 2013. Os dados foram coletados por meio de cooperação voluntária dos respondentes, sem qualquer desvantagem para eles, respeitando-se o seu direito de privacidade e garantindo-lhes que as informações prestadas não seriam utilizadas para outra finalidade. 3.4 INSTRUMENTO DE PESQUISA Com o intuito de atender ao objetivo da pesquisa, foram utilizados dois instrumentos: o questionário do Passo Aprenda do Diagnóstico da Gestão do Conhecimento de Bukowitz e Williams (2002) e a Escala de Estratégias de Aprendizagem de Brandão (2009). Esses 64 instrumentos foram precedidos de uma apresentação com informações sobre a pesquisa e o caráter confidencial das respostas, agradecimentos à colaboração do respondente e orientações para a resposta. Houve um espaço destinado à coleta de dados socioprofissionais. O instrumento utilizado para identificar a percepção dos gestores sobre como a organização viabiliza a aprendizagem a partir da perspectiva da Gestão do Conhecimento na organização pesquisada foi o desenvolvido pelas autoras Bukowitz e Williams (2002), de acordo com o exposto no Quadro 12. Ele corresponde a uma seção, a aprenda, de um diagnóstico mais amplo, composto por 140 (cento e quarenta) questões fechadas, divididas em 7 (sete) seções - obtenha, utilize, aprenda, contribua, avalie, construa/mantenha e descarte -, cada uma com uma lista de 20 (vinte) afirmações, que busca identificar como a instituição gerencia o conhecimento. 65 Quadro 12 - Conceituação dos itens avaliativos. Indicador de Gestão Perguntas do Conhecimento 5 – Refletir sobre as lições aprendidas com as experiências de trabalho é uma prática estabelecida na nossa organização. 7 – Geralmente, quando as pessoas terminam projetos, elas tomam o tempo Avaliação do necessário para reunir-se com a sua equipe e analisar o que deu errado e o que Conhecimento poderia ter sido melhor. 9 - Com frequência, o nosso processo de aprendizagem inclui obter o retorno dos beneficiários. 14 - Quando temos um grande sucesso, conversamos sobre o que fizemos de certo. 1 - Antes que as pessoas tratem dos problemas, elas consideram o contexto geral no Processos de gestão do qual o problema ocorreu. conhecimento/Contextu 10 - Quando ocorre uma falha, a nossa primeira resposta é não determinar a culpa. alização/ Política de 12 - As pessoas admitem quando falham. Gestão do 15 - Na nossa organização, o fracasso é considerado uma oportunidade para conhecimento aprender. 4 - Utilizamos jogos e simulações relacionados com o trabalho para pensar mais Simulação / Jogos / claramente sobre as nossas situações de negócios. Inovação / Resolução 11 - Na nossa organização, as pessoas exibem uma curiosidade natural. de Problemas 13 - As pessoas aplicam as ideias que desenvolveram em trabalhos anteriores às situações novas. 3 - As equipes engajam-se em experiências de aprendizagem fora do local de Parceria trabalho para encontrarem maneiras melhores de trabalharem juntas. 2 - Construímos modelos, para os nossos sistemas de tomada de decisões, para entender melhor por que os fatos acontecem daquela maneira. 6 - As pessoas aplicam o que aprenderam fora da organização ao seu trabalho. 8 - O nosso processo de planejamento inclui olhar para uma série de cenários, de modo que possamos pensar em como responder em situações diferentes. Processo Decisório 17 - Em uma ocasião ou em outra, todos na nossa organização “põem as mãos na massa” para ter a experiência em primeira mão das consequências das suas decisões. 18 - Aprender com as falhas está incorporado a como conduzimos o trabalho subsequente. 19 – Tentamos assegurar que as pessoas tenham algumas responsabilidades em Compartilhamento do comum, de modo que seja mais fácil aprender uns com os outros. conhecimento / 16 – A nossa organização apoia atividades de grupo que promovem a aprendizagem Comunicação / mútua. Relacionamento 20 - Tratamos as discordâncias como oportunidades para aprender com os outros. Fonte: adaptado de Castro (2011). Com base nos estudos de Brandão (2009), o instrumento relativo às Estratégias de Aprendizagem no Trabalho, conforme exposto no Quadro 13, engloba as seguintes variáveis: Reflexão Ativa, Busca de ajuda interpessoal, Busca de ajuda em material escrito, Reprodução e Aplicação prática. A Escala descreve 28 estratégias de aprendizagem, em relação às quais os respondentes deverão assinalar a frequência com que utilizam cada uma no trabalho, variando de 1 (nunca faço) a 10 (sempre faço). 66 Quadro 13 - Estratégias de Aprendizagem e Itens da Escala de Estratégias de Aprendizagem no Trabalho de Brandão (2009). Estratégia Itens 20- Busco entender como os diferentes aspectos do mau trabalho estão relacionados entre si. 24 – Procuro compreender como meu trabalho está relacionado aos resultados obtidos nas diferentes áreas da organização. 28 – Tento conhecer como as diferentes áreas da organização estão relacionadas entre si. 27 – Busco compreender as relações entre as demandas feitas por outras áreas da organização e a finalidade do meu trabalho. Fator 1: 11 – Busco compreender como a atuação das diferentes áreas da organização influencia a Reflexão execução do meu trabalho. ativa 23 – Para melhor execução do meu trabalho, reflito como ele contribui para atender as expectativas dos clientes. 10 – Quando faço meu trabalho, penso como ele está relacionado ao negócio e às estratégias da organização. 19 – Para aprimorar a execução das minhas atividades, procuro compreender melhor cada procedimento e tarefa do meu trabalho. 07 – Analisando criticamente a execução do meu trabalho, tento compreendê-lo melhor. 22 – Consulto colegas de trabalho mais experientes, quando tenho dúvida sobre algum assunto relacionado ao meu trabalho. 01 – Busco ajuda dos meus colegas quando necessito de informações mais detalhadas sobre o Fator 2: trabalho. Busca de 14 – Peço ajuda aos meus colegas de equipe quando necessito aprender algo sobre meu ajuda trabalho. interpessoal. 21 – Procuro obter novos conhecimentos e informações consultando colegas de outras equipes. 02 – quando tenho dúvidas sobre algo no trabalho, consulto colegas de outras áreas da empresa. 13 – consultando informações disponíveis na intranet, busco compreender melhor as atividades que executo no trabalho. Fator 3: 17 – para obter as informações de que necessito no trabalho, leio informativos e matérias Busca de publicadas na agência de notícias. ajuda em 12 - Quando tenho dúvida sobre algo no trabalho, procuro ajuda em publicações, informativos, material fascículos e relatórios da empresa. escrito. 18 – Visando obter informações importantes à execução do meu trabalho, consulto a Internet. 16 – Quando estou em dúvida sobre algo no trabalho, consulto normativos e instruções editados pela organização. 08 – Visando executar melhor minhas atividades no trabalho, busco repetir automaticamente ações e procedimentos memorizados. 06 – Para melhor execução do meu trabalho, procuro seguir sempre os mesmo procedimentos. Fator 4: 09 - Para executar melhor meu trabalho, procuro repetir mentalmente informações e Reprodução conhecimentos recém-adquiridos. 05 – Para aprimorar a execução do meu trabalho, busco memorizar dados (n° de rubricas, contas, transações em sistemas, etc.). 03 – Experimento na prática novas formas de executar meu trabalho. Fator 5: 25 – Procuro aprimorar algum procedimento de trabalho, experimentado na prática novas Aplicação maneiras de executá-lo. prática 26 – Testo novos conhecimentos aplicando na prática do meu trabalho. Fonte: Brandão (2009) Além do questionário socioprofissional e dos instrumentos acima descritos, a pesquisa contemplou duas questões abertas com a finalidade de se obter a opinião dos participantes em relação à avaliação da aprendizagem organizacional na instituição pesquisada, bem como sugestões de melhorias para a referida aprendizagem. 67 3.5 VARIÁVEIS ANALÍTICAS Para atender ao objetivo desse estudo sobre aprendizagem organizacional através da percepção de gestores públicos sobre como a instituição pesquisada aprende e as estratégias de aprendizagem utilizadas no trabalho, foram utilizadas as variáveis analíticas expostas no Quadro 14. Quadro 14 - Variáveis analíticas. Categorias Socioprofissional Passo Aprender Estratégias de Aprendizagem Avaliação do processo de aprendizagem Sugestões para o processo de aprendizagem Fonte: Pesquisa (2013) Variáveis Analíticas Sexo, função, idade, escolaridade, local de exercício, tempo de exercício, tempo na função de gestor, experiência anterior na função de gestor e oportunidades de aprendizagem formal. Avaliação do Conhecimento; Processos de gestão do conhecimento/Contextualização/ Política de Gestão do conhecimento; Simulação / Jogos / Inovação / Resolução de Problemas; parceria; processo decisório; Compartilhamento do conhecimento / Comunicação / Relacionamento. Reflexão ativa, busca de ajuda interpessoal, busca de ajuda em material escrito, reprodução e aplicação prática. Expressão positiva, necessidade de melhoria, expressão negativa, processo e ausência. Capacitação, integração e socialização, gestão organizacional, padronização de procedimentos e outros. As variáveis analíticas auxiliam na interpretação dos dados e compreensão dos resultados da pesquisa, ou seja, auxiliam no entendimento da temática estudada. 3.6 TRATAMENTO DOS DADOS A análise estatística dos dados tem uma importante contribuição na caracterização e resumo dos dados, como também no estudo das relações que existem entre as variáveis e também para verificar em que medida as conclusões podem ser estendidas para além da amostra considerada (GIL, 2008). 68 Na pesquisa em questão, incialmente, fez-se uso da estatística descritiva, ou análise univariada, com o intuito de caracterizar os respondentes, o que era típico no grupo e verificar a distribuição e variabilidade dos pesquisados em relação a determinadas variáveis. A fim de caracterizar os participantes da pesquisa, através das informações do instrumento de caracterização socioprofissional, foi realizada a comparação de frequências, a fim de compreender as caraterísticas e efetuar comparações. Esta comparação foi realizada através de percentagem, analisando os dados através da variável função (Cargo de direção e Função Gratificada). Posteriormente, fez-se uma investigação das respostas do instrumento do Passo Aprenda e das Estratégias de Aprendizagem no Trabalho a fim de se fazer uma análise comparativa das médias oriundas de grupos diferentes e verificar se as médias eram diferentes ou similares, ou seja, se uma ou mais dessas médias diferem das demais, através Análise de Variância (ANOVA). Detectou-se que nas variáveis do instrumento de Estratégias de Aprendizagem apresentava 32 sujeitos com médias (índices) similares para mais de duas variáveis. Esses sujeitos foram excluídos da análise dos dois instrumentos, permanecendo 182 sujeitos, afim de não alterar a distribuição dos indivíduos quanto á essa variável. Para saber quais dessas médias diferem (comparando-se duas a duas) e em que sentido essa média difere das outras se realizou o Teste de Tukey, que é um teste de comparação de média e serve como um complemento para o estudo da Análise de Variância. O referido teste é uma alternativa ao teste T de Student quando se deseja testar mais de duas médias simultaneamente. Ressalta-se que a ANOVA utiliza a estatística de teste “F” para verificar o tipo de tratamento. Assim, a fim de se investigar o primeiro objetivo específico da pesquisa, como a instituição viabiliza a aprendizagem, inicialmente utilizou-se a estatística descritiva, analisando-se a frequência das respostas e a percentagem para cada indicador do passo Aprenda da Gestão do Conhecimento, com o intuito de verificar qual indicador tinha o melhor desempenho. Para tanto, utilizou-se as respostas dos 214 gestores participantes da pesquisa. Posteriormente, como já explicitado, utilizou-se a estatística inferencial através da Análise de Variância e de teste de comparação de média (Tukey) com o intuito de analisar as diferenças significativas entre a média de cada indicador. Para Identificar as estratégias de aprendizagem utilizadas no trabalho, segundo objetivo específico desta pesquisa, foi utilizado a mesma estatística inferencial utilizada no instrumento do Passo Aprenda da gestão do Conhecimento, envolvendo a análise dos 182 sujeitos. 69 Com a finalidade de verificar o terceiro objetivo específico da pesquisa, o modo como a instituição viabiliza a aprendizagem e as estratégias utilizadas no trabalho por gestores nos níveis de responsabilidade de Cargo de Direção (CD) e Função Gratificada (FG), foi utilizado o teste Qui-quadrado, método estatístico para testar a hipótese de independência de dois fatores. Esse teste também foi utilizado para comparar a forma como a instituição viabiliza a aprendizagem com as estratégias de aprendizagem no trabalho, que é o quarto objetivo específico. E, por fim, para identificar a avaliação e sugestão dos gestores sobre o processo de aprendizagem organizacional, utilizou-se a Análise de Conteúdo, através de codificação. De acordo com Marconi e Lakatos (2002) o processo de codificação de perguntas abertas são de natureza qualitativa e o primeiro passo é a organização em categorias não sobrepostas, as quais as respostas não podem incidir. Para tanto, seguiu-se a orientação fornecida por Gil (2008), cumprindo-se as seguintes etapas: (1) redução dos dados – análise e seleção das respostas por temas, início da criação de categorias; (2) apresentação – organização dos dados de forma a possibilitar a análise sistemática das semelhanças e diferenças e seu interrelacionamento e (3) conclusão/verificação – revisão para considerar o significado dos dados, suas regularidades, padrões e explicações de forma a elaborar uma conclusão. 3.7 AMBIENTE DE PESQUISA O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) é uma instituição com mais de 100 anos de existência. Atualmente, a sua Função Social é Oferecer formação humana integral por meio da educação profissional e tecnológica, de qualidade, socialmente referenciado, comprometido com a produção e difusão de conhecimento, com a transformação da realidade e a emancipação dos sujeitos em sua totalidade. A história desta instituição começou em 23 de setembro de 1909 quando o então Presidente Nilo Peçanha assinou o decreto de criação de 19 Escolas de Aprendizes Artífices, entre as quais a de Natal. Instalada em janeiro de 1910 no antigo Hospital da Caridade, onde atualmente funciona a Casa do Estudante de Natal, a Escola de Aprendizes Artífices oferecia curso primário, de desenho e oficinas de trabalhos manuais. Durante um século de existência esta instituição recebeu outras denominações: Liceu Industrial de Natal (1937); Escola Industrial de Natal (1942) – início da oferta de cursos técnicos de nível médio; Escola 70 Industrial Federal (1965); Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte (1968). Com o passar dos anos, a ETFRN extinguiu os cursos industriais básicos e passou a concentrar-se no ensino profissionalizante de 2º grau. Em 1994, inicia-se o processo de "cefetização" da ETFRN, culminando, em 1999, com sua transformação em Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET), cujos desafios incluiriam a oferta de educação profissional nos níveis básico, técnico e tecnológico, além do ensino médio. Sua atuação no ensino de 3º grau começou com a oferta de cursos de graduação tecnológica, ampliando-se, posteriormente, para os cursos de formação de professores, as licenciaturas. A expansão da Rede Federal de Educação Tecnológica no Rio Grande do Norte teve início em 1994 com a inauguração da Unidade de Ensino Descentralizada de Mossoró. Doze anos depois, o Ministério da Educação, por meio da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC), amplia a atuação da rede federal no estado, implantando, em 2006, as Unidades de Ensino da Zona Norte de Natal, de Ipanguaçu e de Currais Novos. Em 2007, entra em ação a segunda etapa do Plano de Expansão da Rede, no qual o Rio Grande do Norte passa a contar com outras seis unidades que foram inauguradas em 2009 nos municípios de: Apodi, Pau dos Ferros, Macau, João Câmara, Santa Cruz e Caicó. E em 23 de setembro de 2009, a instituição adquire a atual configuração com a transformação em Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, decorrente da lei n.º 11.892, de 29/12/2008. As instituições que compõe a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica possuem natureza jurídica de autarquia, detentoras de autonomia administrativa, patrimonial, financeira, didático-pedagógica e disciplinar (BRASIL, 2008, parágrafo único, Art. 1°). Cada Instituto Federal é organizado em estrutura multicampi, com proposta orçamentária anual identificada para cada Campus e a reitoria, exceto no que diz respeito a pessoal, encargos sociais e benefícios aos servidores. Além disso, a administração tem como órgãos superiores o Colégio de Dirigentes e o Conselho Superior (BRASIL, 2008, Art. 9° e 10°). De Acordo com Brasil (2008), os Institutos Federais tem como órgão executivo a Reitoria, composta por um Reitor e cinco Pró-Reitores e os Campi que são dirigidos por Diretores-Gerais. Com a nova expansão de 2013 e a inclusão dos Campi Canguaretama, São Paulo do Potengi e Ceará-Mirim, atualmente, o IFRN tem 19 Campus e a Reitoria, distribuídos em diversas cidades do estado do Rio Grande do Norte. Nesta unidade encontram-se as seguintes 71 funções de gestão: Reitor (CD1), Pró-reitores (CD2), Diretores Sistêmicos (CD4) e Coordenadores (FG). Naquelas, a estrutura administrativa de gestão é composta por Diretor Geral (CD2), Diretor Acadêmico (CD3), Diretor Administrativo (CD4), Diretor (centro de ensino ou área administrativa – CD4) e Coordenadores (FG). A Instituição conta hoje com aproximadamente 2.000 servidores, 20 mil alunos matriculados em cursos de longa duração, oferecendo: cursos técnicos, tecnológicos, licenciaturas, formação inicial e continuada de trabalhadores, cursos de especialização e mestrado. Há, ainda, outros alunos em cursos de curta duração. Além da oferta regular de cursos, o IFRN desenvolve programas de qualificação vinculados à recuperação de escolaridade de adultos e, também, de treinamento e capacitação, por meio de convênios com diversas instituições públicas e privadas (IFRN, 2013). Como explicitado em cada cargo/função descrita acima, os gestores são denominados em Cargos de Direção (CD) nos níveis 1, 2, 3 ou 4 e em Funções Gratificadas (FG) 1, 2 e 4. Os cargos de Pró-reitor e Diretores-Gerais são nomeados pelo Reitor. Estes são nomeados para mandato de quatro anos, permitida uma recondução, após processo de consulta a comunidade do respectivo Campus atribuindo-se o peso de um terço para manifestação do corpo docente, de um terço para manifestação dos servidores técnicos administrativos e de um terço para a manifestação do corpo discente, como estabelecido no Art. 13° da Lei 11.892/2008. O Diretor-Geral de cada campus escolhe os servidores que devem ocupar os cargos de Direção Acadêmica e Administrativa; bem como as Funções Gratificadas (FGs). Assim, o Reitor disponibiliza um determinado número de FGs para cada campus e o Diretor- Geral determina, através de critérios locais, quais funções serão gratificadas e o nível de cada uma. Sendo assim, não existe um registro das competências gerenciais que o servidor deve ter ou desenvolver para assumir uma função gratificada. Além disso, não existe, de forma sistematizada, uma preparação para que o servidor assuma a referida função de liderança, nem acompanhamento que proporcione o desenvolvimento do mesmo. Ressalta-se que as funções gratificadas no IFRN têm uma grande importância na coordenação da operacionalização das estratégias da instituição e para a efetivação da Função Social deste instituto. 72 4 RESULTADOS 4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS PESQUISADOS Em relação à caracterização dos pesquisados foi investigado sobre o sexo, função, local de exercício, idade, escolaridade, tempo de exercício na instituição, tempo de exercício na função, experiência anterior como gestor e as últimas oportunidades de aprendizagem formal oferecida pela instituição. Foi analisado o número total de casos processados, 214 gestores participantes da pesquisa. Dos gestores participantes da pesquisa, 23,36% assumem a função de Cargo de Direção (50 sujeitos) e 76,64% Função Gratificada (164 sujeitos). Percebe-se também que os gestores que ocupam Cargo de Direção tiveram um bom percentual de participação quando comparado ao total existente na instituição, 54,34%. E que 68,33% dos gestores de Função Gratificada da instituição também se submeteram à pesquisa. O quadro 15 resume as características dos pesquisados. Quadro 15 – Resumo das características sócio profissionais. Variável Função Sexo Local de exercício Idade Escolaridade Tempo de exercício na Instituição Tempo de exercício na Função Experiência anterior Oportunidades formais de aprendizagem. Descrição 76,64% ocupam o nível gerencial de Função Gratificada (FG) 73,36% são do sexo masculino 12,15% atuam na Reitoria. 45,79% têm entre 26 e 35 anos. 36,92% são especialistas 32,71% atuam de 2 a 3 anos na instituição. 44,39% têm até 01 ano de atuação em função gerencial 64,02% nunca atuaram como gestor. 57% dos gestores expressaram já ter tido alguma oportunidade formal de aprendizagem. Fonte: Dados da pesquisa (2013). Percebe-se que a diferença entre os sexos é bastante significativa, uma vez que as mulheres ocupam apenas 26,64% das funções de gestão. Em relação aos dados apresentados sobre o tempo de exercício na instituição e na função, percebe-se que os mesmos refletem a grande e recente expansão da instituição: servidores “recém-chegados”, sem ter concluído o estágio probatório, ocupando função de gestor. Verifica-se também, que a instituição oferece oportunidades de aprendizagem para os seus gestores, apesar destas não serem 73 especificamente relacionadas à educação gerencial. A apresentação por variável da caracterização dos pesquisados está descrita no Apêndice B. 4.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS 4.2.1 Aprendizagem – Gestão do Conhecimento Aprendizagem é a transição entre a aplicação de ideias e a geração de ideias novas, estando, portanto, firmemente integrada aos hábitos e rotinas de trabalho e é indistinguível e inseparável do próprio processo de trabalho. Sendo, portanto, importante promover o prazer no trabalho, refletir e verificar os benefícios dos erros e discordâncias (BUKOWITZ; WILLIAMS, 2002). A fim de verificar como a instituição viabiliza a aprendizagem, que é o primeiro objetivo desta pesquisa, inicialmente, foi analisado através de estatística descritiva a frequência de resposta e a percentagem para cada indicador do passo Aprenda da Gestão do Conhecimento, do total de respostas, dos 214 sujeitos, como exposto na Tabela 3. Tabela 3 – Níveis de Desempenho dos indicadores do Passo Aprenda – Gestão do Conhecimento. Níveis de Desempenho Indicador Forte Moderado Fraco Total N° N° N° N° % % % % 16 7,5% 133 62,1% 65 30,4% 214 100% Avaliação do Conhecimento Processos de gestão do 107 50% 95 44% 214 100% conhecimento/Contextualização/ Política 12 5,6% de Gestão do conhecimento Simulação / Jogos / Inovação / Resolução 11 5,1% 124 57,9% 79 36,9% 214 100% de Problemas Parceria 35 16,4% 133 62,1% 65 30,4% 214 100% 28 13,1% 91 42,5% 95 44,4% 214 100% Processo Decisório Compartilhamento do Conhecimento / 81 37,9% 61 28,5% 72 33,6% 214 100% Comunicação / Relacionamento Fonte: Dados da pesquisa (2013). Analisando o desempenho de cada indicador do Passo Aprenda, observa-se que quase todos apresentam um nível de desempenho predominantemente moderado. Como exceção, tem-se 74 o indicador Compartilhamento do Conhecimento / Comunicação / Relacionamento, com indicação de 37,9% dos respondentes, indicando-o como fortemente descritivo da forma como a instituição viabiliza a aprendizagem e o indicador Processo Decisório, que se expressa de forma fraca, a partir da percepção 44.4% dos gestores. De uma forma geral, pode-se considerar que a instituição pesquisada apoia a aprendizagem mútua, a cooperação e a responsabilidade. No entanto, é uma instituição, na percepção dos gestores, que não utiliza modelos mentais e de tomada de decisão para compreender como os fatos acontecem e resolver situações diferentes. No entanto, com o intuito de verificar se essas diferenças entre os indicadores são realmente significativas estatisticamente realizou-se uma ANOVA (Análise de variância), para testar se as médias de respostas dos indicadores diferem entre si. Para tanto, construiu-se duas hipóteses: as médias dos indicadores do Passo Aprenda não diferem entre si (Hipótese 0) ou diferem (Hipótese 1). Para este tipo de análise, desejou-se um nível de confiança de 95%, tendo, portanto, um alfa de 5% (0,05). Obtiveram-se os graus de liberdade, onde sendo k o número de indicadores, define-se o número de tratamentos (G.L=k(k-1)). Assim com k=6, temos (6 x 6-1 = 30) GL=30. Logo com um alfa de 0,05 e G.L=30, obtemos na Tabela 4 uma estatística um F = 1,746. Tabela 4 – Resultado ANOVA – Passo Aprenda. ANOVA – Análise de Variância. Fator de Efeito Lambda Wilks Estatística F Efeitos Estimados Resíduos Valorp 0,069 21,65 30 686 0,00* Passo Aprenda - Gestão do Conhecimento Fonte: Dados da pesquisa (2013). Obtendo-se o resultado da ANOVA, comparou-se o F tabelado com F calculado e o alfa com o valor-p da ANOVA. Observa-se então que o valor-p < alfa (0,00<0,05) e que F tabelado < F calculado (1,746<21,65). Logo com 95% de confiança rejeita-se a hipótese nula, ou seja, pelo menos uma das médias diferem das demais. Para saber a diferença entre as médias foi utilizado o Teste de Tukey. Para realização do teste proposto, seguiu-se o mesmo procedimento do teste anterior, ou seja, definiram-se as hipóteses e o valor de significância (alfa). Este valor permaneceu 0,05 ou 95% de confiança. O resultado deste teste é visual, em que são apresentados os intervalos 75 de confiança para as médias das seis variáveis. A análise deste gráfico deve ser realizada através da observação de cada variável (eixo x). Deve-se verificar se o escore de uma variável não se intercepta com as demais. Cada barra chama-se intervalo de confiança para a média, se eles se interceptam as médias não diferem estatisticamente, conforme pode ser observado no Gráfico 1, a seguir. Gráfico 1 - Indicadores do Passo Aprenda – Resultado ANOVA Fonte: pesquisa (2013). Através do Gráfico acima nota-se que os indicadores Processo Decisório e Processos de Gestão do Conhecimento/Contextualização/ Política de Gestão do Conhecimento do Passo Aprenda da Gestão do Conhecimento não apresentam um perfil bem definido, uma vez que ela se intercepta com as demais variáveis. De acordo com Bukowitz e Williams (2002), aquela variável é composta por seis itens que, investigam se a organização, para melhor compreender como os fatos acontecem e aprender como resolver as situações diferentes, utiliza modelos mentais e de tomada de decisão e este indicador, composto por quatro itens, verifica se os erros, fracassos, problemas e discordâncias nas experiências são considerados 76 como oportunidades de aprender. Diante dessa análise pode-se inferir que a organização pesquisada não possui modelo e estratégias organizacionais formais para tomar decisões e os erros, problemas não são considerados como oportunidades de melhoria do processo no ambiente organizacional. Os demais indicadores, não se interceptam com outros, o que indica que suas médias se diferem, tendo relevância estatística. Essas informações podem ser corroboradas, através da Tabela 5, que expressa a tradução das informações do gráfico 1. Tabela 5 - Média e Desvio Padrão do Passo Aprenda – Gestão do Conhecimento. N° de gestores Média Desvio Padrão Indicador 35 2,31 0,38 Avaliação do Conhecimento Processos de gestão do 23 2,25 0,36 conhecimento/Contextualização/ Política de Gestão do conhecimento Simulação / Jogos / Inovação / Resolução 29 2,33 0,24 de Problemas Parceria 37 2,71 0,46 19 2,02 0,42 Processo Decisório Compartilhamento do Conhecimento / 39 2,48 0,34 Comunicação / Relacionamento Fonte: Dados da pesquisa (2013). Destaque-se o indicador Compartilhamento do Conhecimento/Comunicação/ Relacionamento, pois além de ser bem definido, sem interceptar outras variáveis, ainda foi o perfil com mais servidores classificados. Este dado revela que na percepção dos gestores pesquisados, a instituição viabiliza a aprendizagem através do compartilhamento das informações, que se promove a interação, de forma que os servidores aprendam uns com os outros. Sendo assim, este indicador expressa que a instituição promove a interação com outras pessoas na busca de informação favorecendo a cultura de companheirismo, responsabilidade, igualitarismo, cooperação e complementariedade, independente do nível hierárquico que ocupam (BUKOWITZ; WILLIAMS, 2002). A relevância dessa forma de viabilizar a aprendizagem é compartilhada por Nonaka e Takeuchi (1997), ao afirmar que o conhecimento pessoal de um indivíduo deve ser compartilhado com os outros, pois é através desta interação que o conhecimento tácito pode ser transformado em explicito. Ou seja, os conhecimentos que as pessoas sabem, mas não conseguem expressar prontamente podem ser revelados através de sua externalização por meio da interação, das conversas. 77 O indicador Parceria também teve um elevado número de gestores (37) e uma média mais alta (2,71), indicando que a instituição pesquisada procura, de acordo com o conceito deste indicador estabelecido por Bukowitz e Williams (2002), transpor os limites organizacionais através da colaboração com os clientes, fornecedores e concorrentes como pré-condição para produzir aprendizagem mútua. A Avaliação do Conhecimento e a Simulação/Jogos/Inovação/Resolução de Problemas são indicadores que também demonstraram uma boa definição de perfil, sendo considerados com relevantes no modo como a organização viabiliza a aprendizagem por 35 e 29 gestores, respectivamente. Isso indica que aqueles gestores percebem que existe uma reflexão sobre as experiências de trabalho como forma de auxiliar na eficácia dos processos e estes que as simulações e experiências do passado são importantes para o aprendizado mútuo e para prever ações no futuro (BUKOWITS; WILLIAMS, 2002). O Processo Decisório de acordo com as referidas autoras refere-se à utilização de modelos mentais e de tomada de decisão em redundância para entender melhor como os fatos acontecem de determinada forma e aprender como resolver as situações diferentes. Como se pode observar este indicador apenas 19 gestores, nesta avaliação, contribuíram com as avaliações mais altas para este desempenho, o que gerou uma baixa média (2,02). O mesmo acontece com o indicador Processos de Gestão do conhecimento/Contextualização/ Política de Gestão do conhecimento com uma média de 2,25, apontando uma dificuldade institucional em considerar os erros, fracassos, problemas e discordâncias nas experiências como forma de reconstruir os processos de gestão do conhecimento no ambiente organizacional. Ressalta-se que como já expresso acima pelas autoras do instrumento de pesquisa Passo Aprenda um dos desafios para promover o hábito de aprender, cultivar a arte do aprender fazendo é captar os benefícios dos erros, fracassos e discordâncias. Esse aspecto é descrito no registro dos gestores abaixo, da questão aberta que investiga sugestões de melhoria da aprendizagem organizacional. Maior interação entre ocupantes de um mesmo cargo para que possam trocar experiências de maneira sistemática contribuindo para conhecer erros e acertos nas diversas áreas (N° 44 – gestor do nível FG). Penso que devemos refletir mais nas falhas e nas conquistas e buscar nelas aspectos práticos para melhorar nossa atuação futura (N° 74 – gestor do nível FG). 78 Dessa forma, pode-se afirmar que apesar da dificuldade de gerar aprendizado através dos erros, a instituição pesquisada viabiliza a aprendizagem através do compartilhamento de informações, tenta assegurar responsabilidades em comum para os servidores e valoriza o trabalho em grupo. 4.2.2 Estratégias de Aprendizagem no Trabalho Estratégias de aprendizagem são as atividades adotadas pelo indivíduo para facilitar o processamento de informações nas etapas de aquisição, retenção, recuperação e transferência de novas habilidades e conhecimentos no contexto profissional (PATOJA; BORGESANDRADE, 2009). Com o intuito de cumprir o segundo objetivo específico desta dissertação - identificar as estratégias de aprendizagem utilizadas pelos gestores no trabalho – utilizou-se a estatística inferencial, com o intuito de verificar se as diferenças entre as médias das respostas de cada estratégia são estatisticamente significativas. Foram aplicados os mesmos testes utilizados para análise dos indicadores do Passo Aprenda – Gestão do Conhecimento. Os valores da ANOVA estão expressões na Tabela 6. Tabela 6 – Resultado ANOVA Estratégias de Aprendizagem. ANOVA – Análise de Variância. Fator de Efeito Lambda Wilks Estratégia de Aprendizagem 0,30979 Fonte: Dados da pesquisa (2013). Estatística F 12,179 Efeitos Estimados 20 Resíduos 574,7 Valor-p 0,00* Após a confirmação de que as médias das estratégias diferem estre si, uma vez que o valor-p < alfa (0,00 < 0,05), aplicou-se o teste de Tukey, a fim de se conhecer essas diferenças; obtendo-se o Gráfico 2. 79 Gráfico 2 – Estratégias de Aprendizagem – Resultado ANOVA Classificação Estratégia de Aprendizagem (Sem Empates); LS Means Wilks lambda=,30979, F(20, 574,73)=12,179, p=0,0000 Decomposição dos Efeitos As barras Verticais denotam Intervalos de Confianção de 95% 10,0 9,5 9,0 8,5 8,0 7,5 7,0 6,5 6,0 5,5 Reflexão Ativa Reprodução Aplicação Prática Ajuda Interpessoal Ajuda Material Indice Ajuda Interp. Indice Reflexão Ativa Indice Ajuda Mat Indice Reprodução Indice Apl. Prát. Fonte: Dados da pesquisa (2013). Analisando o gráfico verifica-se que a barra da estratégia Ajuda Interpessoal não se intercepta com as barras das outras estratégias, o que demonstra, com 95% de confiança, que a média do Índice Estratégia Ajuda Interpessoal difere das médias dos demais escores, sendo um perfil bem definido. O mesmo pode-se constatar com a estratégia Aplicação Prática. As demais estratégias não apresentam um perfil bem definido, uma vez que se interceptam com outras variáveis. Essas informações podem ser corroboradas, através da Tabela 7, que expressa a tradução das informações do Gráfico 2. 80 Tabela 7 - Média e Desvio Padrão das Estratégias de Aprendizagem Estratégias Ajuda Interpessoal Reflexão Ativa Reprodução Aplicação Prática Ajuda Material Fonte: Dados da pesquisa (2013). N° 102 18 17 23 22 Média 8,78 8,86 8,85 9,07 8,91 Desvio Padrão 1,01 0,83 1,10 0,70 1,62 Observando a tabela acima, percebe-se que a estratégia Ajuda Interpessoal é a mais utilizada pelos gestores pesquisados (102). E em seguida, a Aplicação Prática com melhor média (9,07) e menor desvio padrão (0,70); demonstrando que os gestores que utilizam esta estratégia o fazem com maior frequência e menor variabilidade. Aquela estratégia, de acordo com Brandão (2009) consiste na procura ativa do indivíduo pelo auxílio de outras pessoas; enquanto essa é a tentativa do indivíduo de aprender por meio da experimentação. Dessa forma, pode-se afirmar que os gestores participantes da pesquisa procuram aprender no trabalho testando, na prática, novas maneiras de executar o trabalho e englobando novos conhecimentos; bem como para aprender busca a ajuda de colegas mais experientes, da mesma equipe e até mesmo de outras áreas de trabalho dentro da instituição. As estratégias Reflexão Ativa, Reprodução e Ajuda Material são utilizadas, de forma predominante, por um menor número de gestores. Mas estes buscam aprender, respectivamente, a partir da reflexão sobre partes componentes do seu trabalho; memorizando e repetindo mentalmente as informações, sem reflexão sobre o seu significado e através de pesquisa em documentos, manuais, normativos, livros e outras fontes não-sociais (Brandão, 2009). 4.2.3 Como a aprendizagem é viabilizada e as estratégias de aprendizagem: uma relação? Comparar a forma como a instituição viabiliza a aprendizagem com as estratégias de aprendizagem no trabalho é o quarto objetivo específico desta pesquisa. No referencial teórico deste estudo foi realizada uma aproximação conceitual entre os níveis de análise organizacional e individual, ou seja, na forma como a instituição viabiliza 81 que a aprendizagem aconteça e as estratégias utilizadas pelos gestores para aprender no trabalho. Os resultados estatísticos apresentados sobre a forma coma a intuição viabiliza a aprendizagem e as estratégias de aprendizagem utilizadas no ambiente de trabalho demonstraram que, na percepção dos gestores participantes, a organização viabiliza a aprendizagem através do incentivo a interação, cooperação e parcerias além dos limites da organização para buscar de uma melhor atuação e que os gestores, prioritariamente, portanto, utilizam como estratégia a busca ativa por outras pessoas a fim de auxiliar na aprendizagem. A partir dos resultados estatísticos, analisando cada nível individualmente, é possível afirmar que existe uma relação teórica entre os dois níveis de análise da aprendizagem; uma vez que a referida relação apontou a aproximação entre a forma de viabilizar a aprendizagem através dos indicadores Parceria e Compartilhamento do Conhecimento/Comunicação/ Relacionamento e as estratégia de Aprendizagem Busca de Ajuda Interpessoal. Essa percepção de cooperação e ajuda mútua pode ter relação com, no caso dos gestores de Função Gratificada, com a proximidade desses gestores no mesmo campus e em relação aos de nível de Cargo de Direção pelas reuniões de colegiado, onde é compartilhada as experiências e tomadas as decisões em conjunto. Os registros abaixo, realizados no questionamento sobre a avaliação de como ocorre o processo de aprendizagem na instituição pesquisada, exemplificam e reforçam a relação acima. A aprendizagem ocorre principalmente da troca de experiências práticas entre os servidores. Há o estimulo para o desenvolvimento de trabalho em conjunto e intercâmbio de idéias (N° 07 – gestor do nível FG). No dia a dia a disponibilidade geral dos setores no auxílio mutuo (quando surge alguma duvida nos procedimentos administrativos, por exemplo) é muito boa. É natural acontecer de um servidor de um setor ir a outro procurar ajuda, orientação e essa ajuda é quase sempre dada (sempre que possível). Mas a falta de treinamentos específicos por setor ainda é um problema a ser resolvido na instituição (N° 181 – gestor do nível FG). A importância da interação entre as pessoas, da busca de ajuda interpessoal, da cooperação é reforçado por Nonaka e Takeuchi (1997) ao relatar sobre a importância da transmissão do conhecimento, através da externalização e Davenport e Prusak (1998), ao afirma que conversar é a maneira pela qual os trabalhadores descobrem aquilo que sabem, 82 compartilham com os seus colegas e criam conhecimento novo para organização. As conversas são importância, pois elas estão ligadas intimamente à socialização e à externalização de conhecimentos; “gerenciar conversas” é uma prática que conduz as organizações a resultados desejáveis (SCHLESINGER, 2008). Contudo, a fim de verificar se esta relação conceitual se comprova através de uma relação estatística, ou seja, se existe associação entre os indicadores do Passo Aprenda da Gestão do Conhecimento e as Estratégias de Aprendizagem no Trabalho foi utilizado teste Qui-Quadrado ( 2 ). Para tanto, inicialmente, definiu-se as hipóteses: não existe associação, ou seja, as variáveis são independentes (Hipótese 0) ou existe associação, as variáveis entre os dois instrumentos são dependentes (Hipótese 1). O teste em interesse teve um nível de confiança de 95% (alfa=5%) e com 5 graus de liberdade, logo se obteve uma Estatística Qui-Quadrado 2 Tabelada de ( tab = 31,4). A tabela 8 demonstra as frequências observadas para todos os grupos formados pelas variáveis em estudo: Tabela 8 - Frequências e Porcentagem Estratégias de Aprendizagem e Função Indicadores do Passo Aprenda - Gestão do Conhecimento Estratégia de Aval. do Comp. do Processo Processo Aprendizagem Parceria Conheci Simulação Conhecime Decisório de Gestão mento nto 3 3 2 4 5 1 N Reflexão Ativa 1,65% 1,65% 1,10% 2,20% 2,75% 0,55% % 24 20 10 12 15 21 N Ajuda Interpessoal 13,19% 10,99% 5,49% 6,59% 8,24% 11,54% % 0 4 2 4 1 6 N Reprodução 0,00% 2,20% 1,10% 2,20% 0,55% 3,30% % 2 4 3 3 3 7 N Ajuda Material 1,10% 2,20% 1,65% 1,65% 1,65% 3,85% % 8 4 2 0 5 4 N Aplicação Prática 4,40% 2,20% 1,10% 0,00% 2,75% 2,20% % 37 35 19 23 29 39 N Total 20,33% 19,23% 10,44% 12,64% 15,93% 21,43% % Fonte: Dados da pesquisa (2013). Total 18 9,89% 102 56,04% 17 9,34% 22 12,09% 23 12,64% 182 100% Observa-se que em algumas células a frequência observada é menor que 5, o que sugere a realização do teste Qui-Quadrado com correção de Yates. Segue as frequências esperadas em cada célula. 83 Tabela 9 - Resultado Qui-quadrado – Passo Aprenda e Estratégias Summary Table: Expected Frequencies Marked cells have counts > 10 Person Chi-square: 22,6291, df = 20, p= ,3017371 Indicadores Passo Aprenda Estratégias Avaliação do Processo Processo de Parceria Conhecimento Decisório Gestão Reflexão 3,65934 3,46154 1,87912 2,27473 Ativa Ajuda 20,73626 19,61538 10,64835 12,89011 Interpessoal Reprodução 3,45604 3,26923 1,77473 2,14835 Ajuda 4,47253 4,23077 2,29670 2,78022 Material Aplicação 4,67582 4,42308 2,40110 2,90659 Prática All Grps 37,00000 35,00000 19,00000 23,00000 Fonte: Dados da pesquisa (2013). Simulação Compartilhamento do Conhecimento 2,86813 3,85714 16,25275 21,85714 2,70879 3,64286 3,50549 4,71429 3,66484 4,92857 20,00000 39,00000 Comparando os valores alfa e do valor-p, vê-se que valor-p > alfa (0,301 > 0,05) assim aceita-se a Hipótese Nula com 95% de confiança, ou seja, não existe associação entre os Indicadores do Passo Aprenda e as estratégias de Aprendizagem. O mesmo acontece se a 2 2 cal comparação for entre os valores de Qui-Quadrado, vê-se que tab (31,4>22,62). Sendo assim, apesar de existir uma relação conceitual, não existe uma relação estatística entre os Indicadores do Passo Aprenda e as estratégias de Aprendizagem. 4.2.4 Como a aprendizagem é viabilizada e as estratégias de aprendizagem: diferenças entre os níveis de responsabilidades do Cargo de Direção e Função Gratificada? O terceiro objetivo específico desta pesquisa é comparar o modo como a instituição viabiliza a aprendizagem e as estratégias utilizadas no trabalho por gestores nos níveis de responsabilidade de Cargo de Direção (CD) e Função Gratificada (FG). A importância deste objetivo é corroborada por Pantoja e Borges-Andrade (2009) ao sugerirem pesquisas que contemplem diferentes variáveis como grau de complexidade da tarefa, nível de responsabilidade. Com o intuito de se obter a referida comparação, utilizou-se o teste Qui-Quadrado. Verificou-se, assim, através dele, se existia associação entre os níveis de gestão e a forma 84 como a instituição viabiliza aprendizagem e, posteriormente, se existe associação com as estratégias de aprendizagem no trabalho. Para verificar a associação entre as variáveis do instrumento Passo Aprenda e a variável Função (CD e FG), estabeleceu-se as seguintes hipóteses: não existe associação entre a Função do indivíduo e a o Perfil do Passo Aprenda da Gestão do Conhecimento, ou seja, as variáveis são independentes (H0) e existe associação, ou seja, as variáveis são dependentes (H1). O teste em interesse teve um nível de confiança de 95% (alfa=5%) e com 5 graus de 2 liberdade, logo se obteve uma Estatística Qui-Quadrado Tabelada de ( tab = 11,1). A tabela 10 demonstra as frequências observadas para todos os grupos formados pelas variáveis em estudo: Tabela 10 - Frequências e Percentual Passo Aprenda – Gestão do Conhecimento Função Indicador CD FG N° % N° Avaliação do Conhecimento 5 12,20% 30 Processos de gestão do conhecimento/Contextualização/ 5 12,20% 18 Política de Gestão do conhecimento Simulação / Jogos / Inovação / 12 29,27% 17 Resolução de Problemas Parceria 11 26,83% 26 Processo Decisório 2 4,88% 17 Compartilhamento do Conhecimento / Comunicação / 6 14,63% 33 Relacionamento Total 41 141 Fonte: Dados da pesquisa (2013). Total % 21,28 35 12,77% 23 12,06% 29 18,44% 12,06% 37 19 23,40% 39 182 Observa-se que em algumas células a frequência observada é menor que 5, o que sugere a realização do teste Qui-Quadrado com correção de Yates. Observam-se na tabela 11 os resultados do teste, considerando o Valor Qui-Quadrado com correção de Yates Calculada 2 ( cal =11,0836) e o valor-p do teste (0,4975). 85 Tabela 11 - Resultado Qui-quadrado Passo Aprenda e Função após correção de Yates. Summary Table: Expected Frequencies Person Chi-square: 11,0836, df = 5, p= ,049748 8,33516 28,66484 7,88462 27,11538 4,28022 14,71978 Processo de Gestão 5,18132 17,81868 37,00000 35,00000 19,00000 23,00000 Função Parceria CD FG All Grps Avaliação do Processo Conhecimento Decisório Simulação Compart. do Row Conhecimento Totais 6,53297 22,46703 8,78571 30,21429 41,0000 141,0000 29,00000 39,00000 182,0000 Fonte: Dados da pesquisa (2013). Comparando os valores alfa ( 0, 05 ) com o valor-p do teste, verifica-se que o valor-p é menor do que o alfa (0,04975< 0,05). Portanto, recusa-se a Hipótese Nula com 95% de confiança, ou seja, existe associação entre a Função do indivíduo e a o Perfil de Gestão do Conhecimento, ou seja, as variáveis são dependentes. Através da análise da Tabela 8, percebe-se que enquanto a maior parte dos gestores de Cargo de Direção percebe que a aprendizagem se dá através dos indicadores Simulação / Jogos / Inovação / Resolução de Problemas (29,27%) e Parceria (26,83%); os gestores do nível de função gratificada percebem que a aprendizagem acontece através do compartilhamento do conhecimento/comunicação/relacionamento (23,40%) e da Avaliação do Conhecimento (21,28%). Assim, além de considerarem importante a aprendizagem mútua através da parceria com todos os envolvidos nas atividades organizacionais, os gestores do nível de Cargo de Direção, considera que a instituição viabiliza a aprendizagem através de simulação sobre os fatos e utilizando uma experiência do passado sobre a impressão coletiva para prever ações futuras e para favorecer a aprendizagem mútua. Já os gestores do nível de Função Gratificada, além de considerarem que a instituição viabiliza a aprendizagem através da interação e do compartilhamento de informações, consideram como relevante o indicador Avaliação do Conhecimento que demonstra que a instituição reflete sobre as experiências de trabalho e sobre o conhecimento aprendido como uma indispensável maneira de ajustar o sistema organizacional, tornando-o mais efetivo e eficiente (BUKOWITZ ; WILLIAMS, 2002). Verifica-se assim, que além do Compartilhamento do Conhecimento e da Parceria, a Simulação e Avaliação do Conhecimento também estão presentes e são relevantes, na percepção dos gestores, na forma como a instituição pesquisada viabiliza a aprendizagem. 86 Já para verificar a associação entre as estratégias de aprendizagem no trabalho e a variável Função (CD e FG), estabeleceram-se as seguintes hipóteses: não existe associação entre a função e a estratégia de aprendizagem (Hipótese 0) ou existe associação (Hipótese 1). O teste em interesse terá um nível de confiança de 95% ( 0, 05 ) e com 4 graus de 2 liberdade, logo temos uma Estatística Qui-Quadrado Tabelada de ( tab = 9,49). A tabela 12 demonstra as frequências observadas. Tabela 12 – Frequências e Porcentagem Estratégias de Aprendizagem e Função Função Idade Ajuda Interpessoal Ajuda Material Aplicação Prática Reflexão Ativa Reprodução Total N % N % N % N % N % Total CD FG 27 14,84% 6 3,30% 3 1,65% 4 2,20% 1 0,55% 41 22,53% 75 41,21% 16 8,79% 20 10,99% 14 7,69% 16 8,79% 141 77,47% 102 56,04% 22 12,09% 23 12,64% 18 9,89% 17 9,34% 182 100% Fonte: Dados da pesquisa (2013). Observa-se que em algumas células a frequência observada é menor que 5, o que sugere a realização do teste Qui-Quadrado com correção de Yates. Tabela 13 - Resultado Qui-quadrado - Estratégias e Funções Summary Table: Expected Frequencies Marked cells have counts > 10 Person Chi-square: 5,07761, df = 4, p= ,279426 Classificação estratégia de aprendizagem (sem empates) Função Reflexão Ajuda Ajuda Reprodução Ativa Interpessoal Material CD 4, 05495 22,9780 3,82967 4,95604 FG 13,94505 79,0220 13,17033 17,04396 All 18,00000 102,0000 17,00000 22,00000 Grps Fonte: Dados da pesquisa (2013). Aplicação Prática 5,18132 17,81868 23,00000 Row Totais 41,0000 141,0000 182,0000 87 Comparando os valores alfa e do valor-p, vê-se que valor p > alfa (0,279 > 0,05) assim aceita-se a Hipótese Nula com 95% de confiança, ou seja, não existe associação entre a Função do indivíduo e a o Perfil de Estratégia de Aprendizagem, ou seja, as variáveis são independentes. O mesmo acontece se a comparação for entre os valores de Qui-Quadrado, vê2 2 cal se que tab (9,49>5,078). Sendo assim, apesar de na análise da frequência observar-se diferença entre as funções em relação às estratégias; estas não podem ser consideradas significativas estatisticamente. 4.2.5 Avaliação e sugestões sobre o processo de aprendizagem organizacional. Além dos instrumentos utilizados com o intuito de descrever o fenômeno da aprendizagem organizacional na instituição pesquisada; foi solicitado aos participantes que registrassem sua opinião através de duas perguntas abertas: (1) Como você avalia o processo de aprendizagem organizacional nesta Instituição? (2) E O que você sugere como melhoria do processo de aprendizagem nesta instituição? Assim, com o intuito de verificar o quinto objetivo específico desta pesquisa Identificar a avaliação e sugestão dos gestores sobre o processo de aprendizagem organizacional – analisou-se os registros dos gestores nas perguntas acima citada. A primeira pergunta foi respondida por 71,03% dos 214 participantes, ou seja, por 152 gestores. A partir da análise dos registros das avaliações sobre o processo de aprendizagem organizacional, foi possível agrupá-las de acordo com a tabela 14. 88 Tabela 14 – Categorias de avaliações sobre o processo de aprendizagem. Categoria Expressão positiva Necessidade de melhoria Expressão Negativa Processo Ausência Descrição Percentual de respostas Registros que avaliam de forma positiva a aprendizagem organizacional através de termos como "ótimo", "excelente", "bom", positivo", "satisfatório". Registros que apontam necessidade de melhoria a aprendizagem organizacional através de expressões como "regular", "razoável", "precisa ser melhorado". Registros que avaliam de forma negativa a aprendizagem organizacional através de termos como "fraco", "ruim", insatisfatório", "deficiente" e “lento”. Registros que expressaram a avaliação da aprendizagem organizacional através da descrição de como ela ocorre, sem denotar caráter positivo, negativo ou de necessidade de melhoria. Registros no qual o gestor expressou a incapacidade de fazer avaliação sobre o processo de aprendizagem organizacional. 26,32% 23,68% 19,08% 28,95% 1.97% Fonte: pesquisa (2013) A maioria dos gestores (28,95%) que responderam esta questão aberta expressou a sua avaliação sobre a aprendizagem organizacional descrevendo como ela acontece na instituição pesquisada. E aqueles que se expressaram emitindo um juízo de valor, o fizeram registrando uma percepção positiva sobre a referida aprendizagem (26,32%). Ressalta-se, no entanto, que um numero significativo de gestores (23,68%) apontou que a aprendizagem organizacional necessita de melhorias, aprimoramento. Esses resultados podem ser verificados, respectivamente, através dos seguintes registros de gestores participantes da pesquisa. Analisando toda a instituição, falta interação entre os campi. Já levando em consideração o campus que atuo há uma grande interação entre os servidores, o que nos leva a aprendizado mutuo (N° 130 – gestor do nível FG). O processo é muito bom devido à interação com os colegas tanto no quesito experiência como do conhecimento (N° 40 – gestor do nível CD). Necessita de aprimoramentos. É totalmente informal, você sê vê num processo, aprendendo, com situações dinâmicas e não com algo oferecido a servidor (N° 102 – gestor do nível FG). A segunda pergunta foi respondida por 147 gestores, ou seja, 68,69% dos pesquisados. A partir da análise das sugestões foi possível agrupá-las em cinco categorias de acordo com a tabela 15. 89 Tabela 15 – Categorias de sugestões de melhoria do processo de aprendizagem. Categoria Capacitação Integração e Socialização Gestão Organizacional Padronização de procedimentos Outros Descrição Sugestões que expressaram a necessidade de aumento do número de capacitações, planejamento através de programas de capacitação e que as mesmas sejam específicas de cada área como para os ocupantes de função gerenciais. Sugestões que expressaram a necessidade de integração entre as diversas unidades organizacionais e áreas administrativas. Sugestões que expressam opinião sobre a comunicação organizacional, planejamento e estrutura organizacional. Sugestões que expressaram a necessidade de padronizar os processos da instituição. Outras sugestões ou registros no qual o gestor expressou a incapacidade de fornecer sugestões sobre o processo de aprendizagem organizacional. N° de unidades Percentual de respostas 74 50,34% 33 22,45% 22 14,97% 20 13,61% 15 10,20% Fonte: pesquisa (2013) Ressalta-se, que o registro de alguns gestores apresentavam sugestões distintas, que se encaixavam em mais de uma categoria. Dessa forma, as sugestões foram divididas em unidades de modo que se garantisse a exclusividade das categorias e se contabilizasse todas as sugestões. Assim, o somatório do percentual de respostas por categoria é superior a 100% e o número de unidades superior ao número de gestores que responderam a esta questão. Verifica-se que 50,34% das sugestões relaciona a melhoria no processo de aprendizagem organizacional à disponibilidade de capacitações, seja através de cursos de curta duração, formações específicas para o cargo e educação gerencial, necessidade de planejamento e elaboração de programa de capacitação. Esta informação pode ser exemplificada através do registro dos seguintes gestores: Capacitações de forma mais específica e permanente, pois vivemos num processo muito dinâmico de mudanças administrativas e operacionais” (N° 75 – gestor do nível CD). Criação ou aperfeiçoamento de programa permanente de capacitação com foco nas diversas áreas de trabalho e para elas direcionando de forma mais específica” (N° 30 – gestor do nível FG) 90 Faz-se necessário capacitar os novos servidores com a cultura organizacional; considerando que a Instituição está com um percentual bastante elevado com servidores nesta condição” (N° 20 – gestor do nível CD). Em relação à educação gerencial ou cursos específicos para gestores, percebe-se que esta necessidade já havia sido apontada na investigação de últimas oportunidades formais de aprendizagem oferecida pela instituição, no questionário socioprofissional, na qual se verificou que a instituição oferece oportunidades de aprendizagem para os seus gestores, apesar destas não serem especificamente relacionadas à Educação Gerencial. Percebe-se, através dessas sugestões que a aprendizagem induzida, ou seja, aquela que ocorre a partir do estímulo gerado deliberadamente pela organização, foi apresentada em maior número para melhoria da aprendizagem organizacional. De acordo com Abbad e Borges-Andrade (2004) a aprendizagem induzida acontece em situações planejadas e estruturadas para facilitar a aprendizagem, a retenção e transferências como acontece nas situações de treinamento e desenvolvimento. Ressalta-se que o processo de aprendizagem organizacional é realizado no decorrer da geração do conhecimento (NONAKA; TAKEUCHI, 1997). No entanto, é de importância fundamental para uma empresa, ao adotar uma prática voltada à educação de seus funcionários, disseminar o conhecimento como um valor em todo o contexto organizacional (SCHLESINGER, 2008). Para Meister (1999), as organizações comprometidas com a aprendizagem têm de ajudar indivíduos e equipes de funcionários a desenvolver a capacidade de aprender. Um percentual bastante significativo dos gestores, 22,45% (33 registros), expressou como relevante, para a melhoria do processo de aprendizagem organizacional, a integração entras diversas unidades organizacionais e entre os servidores que atuam em setores afins, seja presencial ou através de recursos tecnológicos que permitam a integração à distância. Esta opinião pode ser exemplificada através dos registros abaixo: A implantação de um banco de talentos via SUAP. Implantação via SUAP de Banco de Ideias, de boas práticas no serviço público para conhecermos ideias que estejam sendo implantadas nos demais campus da rede. E um fórum via SUAP para discussão entre gestores por setor de atuação, pois atualmente fazemos isso por email (N° 125 – gestor do nível FG). 91 Buscar melhor articulação entre os vários setores; bem como autonomia para desfazer entraves, inclusive de ordem burocrática, que impedem o bom funcionamento da instituição (N° 166 – gestor do nível FG). Ressalta-se que as sugestões fornecidas nestas categorias apontam a necessidade de integração, não apenas entre os servidores da mesma unidade, mas, sobretudo, entre as unidades organizacionais, os setores afins e da reitoria (unidade sistêmica) com as demais unidades. Dessa forma, apesar dos gestores perceberem que a instituição viabiliza a aprendizagem através do Compartilhamento do Conhecimento/Comunicação/ Relacionamento (primeiro objetivo específico); existe a necessidade que esta interação entre as unidades seja sistematizada pela organização, como pode ser observado no registro abaixo. Haver mais troca de experiências entre os campi, bem como entre os setores ou quem sabe entre outras instituições (N° 18 – gestor do nível FG). Pode-se dizer assim, que os gestores percebem a viabilidade da aprendizagem pela busca de informação, cooperação entre os servidores. No entanto, que pode haver um aprimoramento nesta forma de viabilizar: é necessário melhorar a integração entre as unidades e áreas afins. O Benchmarking, as Comunidades de Práticas e a Gestão de Conversas são práticas organizacionais, que a partir da interação proporcionam a socialização e externalização do conhecimento. Sobre o Benchmarking, Schlesinger (2008) afirma que ao adotar essa estratégia, as organizações se voltam à forma de atuação de outras organizações, visando identificar novas práticas e formas de atuação que podem ser úteis para o desenvolvimento de suas atividades. Nesse sentido, o benchmarking fornece um canal de transferência do conhecimento entre quem observa e quem possui a prática. Essa prática pode ser desenvolvida entre as diversas unidades administrativas da instituição pesquisada. A categoria Gestão Organizacional e a Padronização de processos também foram apontadas como relevante por 14,97% e 13,61% dos gestores, respectivamente, como sugestão para melhoria da aprendizagem organizacional como pode ser observado nos relatos abaixo: 92 Fomentar a gestão do conhecimento entre diversos setores, assim como estimular, promover a comunicação entre esses setores de uma maneira que deixe bem claro que todos fazem parte de uma mesma instituição ( N° 43 – gestor do nível FG). Confecção de cartilha padronizada para cada setor com o intuito de diminuir os erros, facilitar o aprendizado e uniformizar o processo de trabalho ( N° 203 – gestor do nível FG). Ressalta-se assim, a importância do desenvolvimento de práticas organizacionais que auxiliem na criação do conhecimento, em todas as suas fases – socialização, externalização, combinação e internalização -, como relatado por Schlesinger (2008): educação corporativa, mapa do conhecimento, gerenciar conversas, comunidades de práticas, inteligência artificial, entre outras práticas. 93 5 CONSIDERAÇÕES Aprender é essencial durante toda a vida do indivíduo. É através da capacidade de aprender que conseguimos nos transformar e modificar a realidade ao nosso redor, que podemos fazer diferente, gerar melhores resultados, criar e inovar. O mesmo acontece com as organizações. No mundo do trabalho a capacidade organizacional de aprender é fundamental para a sustentabilidade das instituições e a prestação de serviços efetivos para os cidadãos. Essa aprendizagem pode ser analisada pelo viés organizacional, das equipes de trabalho e dos indivíduos e através da relação entre esses diferentes níveis. Neste trabalho buscou-se analisar a relação existente entre o modo como uma Instituição da Rede Federal de Ensino do nordeste brasileiro viabiliza a aprendizagem e as estratégias utilizadas por gestores para aprender no trabalho. Dessa forma, essa pesquisa busca fazer uma análise do fenômeno no nível organizacional e no nível individual. Descrever este fenômeno é relevante, uma vez que se pode analisar as formas de aprendizagem mais utilizadas e reforçada pela cultura organizacional, proporcionando a criação de estratégias para fortalecer os modos de viabilizar a aprendizagem organizacional; bem como desenvolver formas de aprendizagem ainda não praticadas pela instituição. Além disso, ao compreender como os trabalhadores aprendem que estratégias utilizam é possível refletir sobre a importância da aprendizagem informal para as organizações; compreendendo os seus benefícios e criando estratégias que vão além das estratégias formais. O primeiro objetivo específico da pesquisa, descrever o modo como a instituição viabiliza a aprendizagem, proporcionou reconhecer que a instituição pesquisada apresenta um desempenho moderado na maior parte dos indicadores explorados no Passo Aprenda do diagnóstico da gestão do conhecimento de Bukowitz e Williams (2002). Este instrumento investiga a aprendizagem na gestão do conhecimento a partir de seis indicadores, que demonstram a forma como a organização possibilita que a aprendizagem aconteça. Destacouse principalmente, o indicador Compartilhamento do Conhecimento/ Comunicação/ Relacionamento demonstrando que a instituição viabiliza que a aprendizagem aconteça, sobretudo, através da interação entre as pessoas, da cooperação e divisão de responsabilidades. Outro indicador que também teve destaque foi o de Parceria. Ele apresenta uma relação próxima com o anteriormente citado, uma vez que implica engajamento entre as pessoas além do ambiente de trabalho. Contudo, no modo como viabiliza a aprendizagem, a 94 instituição pesquisada, pode ser aprimorada, ampliada, por exemplo, ao valorizar os erros e fracassos como processo de aprendizagem e implantar modelos de tomada de decisão. Em relação ao segundo objetivo da pesquisa, que buscava investigar no nível individual, a aprendizagem, identificou-se o uso de estratégias de aprendizagem no trabalho, utilizando a escala de Brandão (2009) e verificou-se que os gestores prioritariamente, utilizam as estratégias de busca de ajuda interpessoal e aplicação prática. O uso dessas estratégias denotam que a aprendizagem é obtida através das relações e da busca por aprimorar o trabalho, testando novas práticas. Ou seja, que a aprendizagem acontece de forma natural, ou seja, não sistemática, no dia a dia do trabalhador. Ao responder ao terceiro objetivo específico da pesquisa - comparar o modo como a instituição viabiliza a aprendizagem e as estratégias utilizadas no trabalho por gestores nos níveis de responsabilidade de Cargo de Direção (CD) e Função Gratificada (FG) – verificouse que os gestores de nível FG percebem que a aprendizagem é viabilizada através dos indicadores Compartilhamento do conhecimento / Comunicação / Relacionamento e Avaliação do conhecimento e os gestores do nível CD apontam que a aprendizagem se dá através dos indicadores Simulação / Jogos / Inovação / Resolução de Problema e Parceria. No entanto, não se verificou nenhuma associação significativa estatisticamente entre as estratégias utilizadas pelos gestores do nível de cargo de direção e os de função gratificada, apesar do nível de complexidade das tarefas serem distintas. Comparar a forma como a instituição viabiliza a aprendizagem com as estratégias de aprendizagem no trabalho era o quarto objetivo específico. Ao responder o mesmo, verificouse que apesar da relação conceitual entre os indicadores do Passo Aprenda e as Estratégias de aprendizagem no trabalho, não se obteve uma relação comprovada estatisticamente. Por meio das questões abertas, foi possível identificar a avaliação e sugestão dos gestores sobre o processo de aprendizagem organizacional, que era o quinto objetivo específico desta pesquisa. Essa investigação demonstrou que a maioria dos gestores ao fazerem um julgamento sobre a avaliação do processo de aprendizagem organizacional o consideram de forma positiva; apesar do número expressivo de gestores que apontam necessidade de melhoria. Além disso, verificou-se que os gestores identificam a capacitação como meio de alavancar a aprendizagem organizacional e que a integração entre as unidades organizacionais, os setores afins e da reitoria (unidade sistêmica) com as demais unidades deve ser aprimorada. De posse destas informações a instituição pode desenvolver estratégias para estimular novos modos de viabilizar a aprendizagem, por exemplo, considerar os erros, problemas e 95 discordâncias como forma de melhorar os processos organizacionais, como já citado. Assim como, adotar práticas de possibilitem a aprendizagem na organização. Uma limitação desta pesquisa: não ter utilizado outras estratégias de coletas complementares, da abordagem qualitativa, e que proporcionasse maiores subsídios para descrição e compreensão do fenômeno como os grupos focais (discussão em grupo) ou entrevistas. Assim, ela pode ser ampliada investigando diferentes instituições, de diferentes regiões do Brasil a fim de verificar as relações existentes entre o modo como a organização viabiliza a aprendizagem e a estratégias utilizadas pelos gestores. É indicado também utilizar pesquisa do tipo qualitativa a fim de aprofundar a compreensão sobre este fenômeno. Outra possibilidade é investigar as estratégias de aprendizagens utilizadas pelos gestores, procurando comparar a estratégias a partir da formação, cargo dos gestores. Na pesquisa em questão, por exemplo, também poderia ter sido investigado se existia diferenças no uso de estratégias de aprendizagem no trabalho entre os gestores que são docentes e os que ocupam cargo de técnico administrativo em educação. Dessa forma, a pesquisa em questão tem sua relevância para a academia e para a instituição pesquisada ao possibilitar um olhar descritivo sobre um fenômeno, possibilitando novas formas de compreensão e atuação. 96 REFERÊNCIAS ABBAD, G.; BORGES-ANDRADE, J. E. Aprendizagem Humana em Organizações e Trabalho. In: ZANELLI, J. C.; BORGES-ANDRADE, J. E.; BASTOS, A. V. B. (Org.). Psicologia, Organizações e Trabalho no Brasil. Porto Alegre: Artmed, 2004. p. 237-275. ABBAD, G.; BORGES-FERREIRA, M. F.; NOGUEIRA, R. Medidas de Aprendizagem em avaliação de TD&E. In: BORGES-ANDRADE, J. 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Learning strategies, learning anxiety and knowledge acquisition. British Journal of Psychology. v. 91, n. 3, p. 311-333, 2000. 101 APÊNDICES 102 Apêndice A - CARTA DE APRESENTAÇÃO E AUTORIZAÇÃO DA PESQUISA. 103 Apêndice B – CARACTERIZAÇÃO DOS PESQUISADOS Sexo Tabela 16 - Distribuição de sexo por função. Função Sexo Masculino Feminino Total N % N % Total FG CD 117 54.67% 47 21,96% 164 76,64% 40 18,69% 10 4,67% 50 23,36% 157 73,36% 57 26,64% 214 100% Fonte: Dados da pesquisa (2013). Idade Tabela 17 - Distribuição de idade por função. Função Idade 18 a 25 anos 26 a 35 anos 36 a 45 anos 46 a 55 anos Maior ou igual a 56 anos Total N % N % N % N % N % Total Fonte: Dados da pesquisa (2013). FG CD 24 11,21% 84 30,25% 40 18,69% 10 4,67% 6 2,80% 164 76,64% 2 0,93% 14 6,54% 11 5,14% 18 8,41% 5 2,34% 50 23,36% 26 12,15% 98 45,79% 51 23,83% 28 13,08% 11 5,14% 214 100,0% 104 Local de Exercício Tabela 18 - Distribuição de localização de exercício por função. Função Local de Exercício Reitoria Campus Natal Central Campus de Educação à Distância Campus Cidade Alta Campus Zona Norte Campus Parnamirim Campus São Gonçalo do Amarante Campus João Câmara Campus Nova Cruz Campus Santa Cruz Campus Currais Novos Campus Caicó Campus Pau dos Ferros Campus Apodi Campus Mossoró Campus Ipanguaçu Campus Macau Campus Ceará-Mirim Campus São Paulo do Potengi Total N % N % N % N % N % N % N % N % N % N % N % N % N % N % N % N % N % N % N % Total Fonte: Dados da pesquisa (2013). FG CD 11 5,14% 13 6,07% 7 3,27% 11 5,14% 8 3,74% 5 2,34% 8 3,74% 6 2,80% 11 5,14% 10 4,67% 5 2,34% 14 6,54% 10 4,67% 14 6,54% 9 4,21% 12 5,61% 9 4,21% 0 0% 1 0,47% 164 76,64% 15 7,01% 4 1,87% 3 1,40% 2 0,93% 2 0,93% 1 0,47% 2 0,93% 1 0,47% 2 0,93% 1 0,47% 1 0,47% 2 0,93% 2 0,93% 4 1,87% 1 0,47% 2 0,93% 3 1,40% 2 0,93% 0 0% 50 23,36% 26 12,15% 17 7,94% 10 4,67% 13 6,07% 10 4,67% 6 2,80% 10 4,67% 7 3,27% 13 6,07% 11 5,14% 6 2,80% 16 7,48% 12 5,61% 18 8,41% 10 4,67% 14 6,54% 12 5,61% 2 0,93% 1 0,47% 214 100,0% 105 Escolaridade Tabela 19 - Distribuição de escolaridade por função. Função Escolaridade Ensino Médio Ensino Superior Incompleto Ensino Superior Completo Especialização Mestrado Doutorado Total N % N % N % N % N % N % Total FG CD 4 1,87% 34 15,89% 36 16,82% 59 27,57% 25 11,68% 6 2,80% 164 76,64% 0 0% 2 0,90% 1 0,50% 20 9,30% 16 7,50% 11 5,10% 50 23,40% 4 1,87% 36 16,82% 37 17,29% 79 36,92% 41 19,16% 17 7,94% 214 100,0% Fonte: Dados da pesquisa (2013). Tempo de Exercício na Instituição Tabela 20 - Distribuição de tempo de exercício por função. Função Tempo de Exercício Menor ou igual a 1 ano De 2 a 3 anos De 4 a 5 anos De 6 a 7 anos De 7 a 8 anos De 9 a 10 anos Maior ou igual a 11 anos N % N % N % N % N % N % N % Total Fonte: Dados da pesquisa (2013). Total FG CD 28 13,08% 59 27,57% 51 23,83% 9 4,21% 3 1,40% 0 0% 14 6,54% 164 76,64% 1 0,47% 11 5,14% 4 1,87% 5 2,34% 1 0,47% 4 1,87% 24 11,21% 50 23,36% 29 13,55% 70 32,71% 55 25,70% 14 6,54% 4 1,87% 4 1,87% 38 17,76% 214 100,0% 106 Tempo de Exercício na Função Tabela 21 - Distribuição de tempo de exercício na função de gestor por função. Tempo de Exercício Função Menor ou igual a 1 ano De 2 a 3 anos De 4 a 5 anos De 6 a 7 anos De 7 a 8 anos De 9 a 10 anos Maior ou igual a 11 anos N % N % N % N % N % N % N % Total Função Total FG CD 82 38,32% 53 24,77% 15 7,01% 7 3,27% 1 0,47% 0 0% 6 2,80% 156 76,64% 13 6,07% 15 7,01% 7 3,27% 5 2,34% 0 0% 2 0,93% 8 3,74% 55 23,36% 95 44,39% 68 31,78% 22 10,28% 12 5,61% 1 0,47% 2 0,93% 14 6,54% 211 100,0% Fonte: Dados da pesquisa (2013). Experiência anterior em função de gestão Tabela 22 - Distribuição de experiência anterior por função. Função Sexo Sim Não Total N % N % Total FG CD 55 25,70% 109 50,93% 164 76,64% 22 10,28% 28 13,08% 50 23,36% 77 35,98% 137 64,02% 214 100,0% Fonte: Dados da pesquisa (2013). Oportunidades de aprendizagem formal oferecida pela Instituição e modalidades Foi solicitado aos participantes que descrevessem as três últimas oportunidades de aprendizagem formal oferecida pela instituição pesquisada. Essa descrição deveria constar o ano, o nome e a modalidade de ensino (presencial / à distância ou mista) do curso. 107 Dos 214 participantes apenas 122 informaram já ter tido alguma oportunidade formal de aprendizagem na organização, ou seja, 57%. Destes a maioria das oportunidades aconteceu de forma presencial (100). Dos gestores que tiveram uma oportunidade formal de aprendizagem, 40,16% (49 gestores) expressaram que tiveram uma segunda oportunidade e destes 51,02% (25 gestores) descreveram uma terceira oportunidade. No total foram 196 oportunidades descritas pelos gestores participantes. Destas 166 ocorreram de forma presencial, 29 através da educação à distância e 01 de forma mista. Ressalta-se que estas oportunidades englobam cursos de curta duração capacitações, educação formal e que 92 gestores não expressaram nenhuma oportunidade formal de aprendizagem. Percebe-se assim, que a instituição oferece oportunidades de aprendizagem para os seus gestores, apesar destas não serem especificamente relacionadas à Educação Gerencial. 108 Apêndice C – INSTRUMENTOS DE PESQUISA. Universidade Potiguar – UnP Programa de Pós-Graduação em Administração – PPGA Mestrado em Administração Este instrumento de pesquisa faz parte do trabalho acadêmico de conclusão do curso de Mestrado em Administração na área de Gestão de Pessoas da Universidade Potiguar. O tema da dissertação é Aprendizagem Organizacional e objetivo geral da pesquisa é analisar se existe relação entre o modo como uma Instituição da Rede Federal de Ensino no nordeste brasileiro viabiliza a aprendizagem do conhecimento e as estratégias utilizadas pelos gestores para aprender no trabalho. Portanto, solicitamos sua colaboração no sentido de responder aos questionários a seguir, colaborando para o cumprimento do objetivo proposto na realização da pesquisa. Questionário Sócio profissional Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino Função: ( ) FG ( ) CD Local de Exercício (Campus): ( ) RE ( ) CNAT ( ) EAD ( ) CAL ( ) ZN ( ) PAR ( ) SGA ( ) JC ( ) NC ( ) SC ( ) CN ( ) CA ( ) PF ( ) AP ( ) MO ( ) IP ( ) MC ( ) CANG ( ) CM ( ) SPO Idade: ( ) 18 a 25 anos ( ) 26 a 35 anos ( ) 36 a 45 anos ( ) 46 a 55 anos ( ) Maior ou igual a 56 anos Escolaridade: ( ) Ensino médio completo ( ) Ensino superior incompleto ( ) Ensino superior completo ( ) Especialização ( ) Mestrado ( ) Doutorado Tempo de exercício no IFRN: ( ) Menor ou igual a 1 ano ( ) De 7 a 8 anos ( ) De 2 a 3 anos ( ) De 4 a 5 anos ( ) De 9 a 10 anos ( ) De 6 a 7 anos ( ) Maior ou igual a 11 anos Tempo de exercício na função de gestor (CD ou FG) no IFRN: ( ) Menor ou igual a 1 ano ( ) De 7 a 8 anos ( ) De 2 a 3 anos ( ) De 4 a 5 anos ( ) De 9 a 10 anos ( ) De 6 a 7 anos ( ) Maior ou igual a 11 anos Experiência anterior ao IFRN em função de gestão: ( ) Sim ( ) Não Últimas oportunidades de aprendizagem formal oferecida pela Instituição: Ano Nome Modalidade (Presencial/EaD) 109 Questionário sobre o Passo Aprenda da Gestão do Conhecimento (BUKOWITZ;WILLIAMS, 2002) Esse instrumento tem como objetivo identificar a sua percepção sobre como o IFRN viabiliza a aprendizagem. Leia cada uma das afirmações. Considere a organização que você está avaliando e decida em que grau a afirmação descreve a sua organização. Por favor, não deixe questões sem resposta. o Se a afirmação descreve fortemente o que acontece na sua organização, marque um “X” na opção F, correspondente ao nº 3. o Se a afirmação descreve moderadamente o que acontece na sua organização, marque um “X” na opção M, correspondente ao nº 2. o Se a afirmação descreve fracamente o que acontece na sua organização, marque um “X” na opção Fr, correspondente ao nº 1. P 3 2 1 1 Antes que as pessoas tratem dos problemas, elas consideram o contexto geral no qual o problema F ocorreu. M Fr 2 Construímos modelos, para os nossos sistemas de tomada de decisões, para entender melhor por que F os fatos acontecem daquela maneira. M Fr 3 As equipes engajam-se em experiências de aprendizagem fora do local de trabalho para encontrarem F maneiras melhores de trabalharem juntas. M Fr 4 Utilizamos jogos e simulações relacionados com o trabalho para pensar mais claramente sobre as F nossas situações de negócios. M Fr 5 Refletir sobre as lições aprendidas com as experiências de trabalho é uma prática estabelecida na nossa F organização. M Fr 6 As pessoas aplicam o que aprenderam fora da organização ao seu trabalho. F M Fr 7 Geralmente, quando as pessoas terminam projetos, elas tomam o tempo necessário para reunir-se com F a sua equipe e analisar o que deu errado e o que poderia ter sido melhor. M Fr 8 O nosso processo de planejamento inclui olhar para uma série de cenários, de modo que possamos F pensar em como responder em situações diferentes. M Fr 9 Com frequência, o nosso processo de aprendizagem inclui obter o retorno dos beneficiários. F M Fr 10 Quando ocorre uma falha, a nossa primeira resposta é não determinar a culpa. F M Fr 11 Na nossa organização, as pessoas exibem uma curiosidade natural. F M Fr 12 As pessoas admitem quando falham. F M Fr 13 As pessoas aplicam as ideias que desenvolveram em trabalhos anteriores às situações novas. F M Fr 14 Quando temos um grande sucesso, conversamos sobre o que fizemos de certo. F M Fr 15 Na nossa organização, o fracasso é considerado uma oportunidade para aprender. F M Fr 16 A nossa organização apoia atividades de grupo que promovem a aprendizagem mútua. F M Fr Em uma ocasião ou em outra, todos na nossa organização “põem as mãos na massa” para ter a F experiência em primeira mão das consequências das suas decisões. M Fr F M Fr Tentamos assegurar que as pessoas tenham algumas responsabilidades em comum, de modo que seja F mais fácil aprender uns com os outros. M Fr M Fr 17 APRENDA 18 Aprender com as falhas está incorporado a como conduzimos o trabalho subsequente. 19 20 Tratamos as discordâncias como oportunidades para aprender com os outros. F 110 Escala de Estratégias de Aprendizado no Trabalho (Brandão, 2009) São apresentadas a seguir, afirmativas que descrevem estratégias de aprendizagem que podem ser utilizadas pelo gestor para aprender algo no seu trabalho. Por favor, leia atentamente essas afirmativas e avalie em que medida você utiliza essas estratégias no seu local de trabalho. Tais itens expressam sobre o que você faz para adquirir novos conhecimentos e habilidades, e não sobre o seu desempenho profissional. Para responder cada questão, utilize a seguinte escala: NUNCA FAÇO 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 SEMPRE FAÇO Quanto mais próximo do número UM você se posicionar, MENOR a frequência com que você utiliza a estratégia. Quanto mais próximo do número DEZ você se posicionar, MAIOR a frequência com que você utiliza a estratégia. Assinale com um “X”, à direita de cada afirmativa, o número que melhor representa a sua opinião sobre as estratégias de aprendizagem que você utiliza no trabalho. Por favor, não deixe questões sem resposta. Estratégias de Aprendizagem no Trabalho 1. Busco ajuda dos meus colegas quando necessito de informações mais detalhadas sobre o trabalho. 2. Quando tenho dúvidas sobre algo no trabalho, consulto colegas de outras áreas da instituição. 3. Experimento na prática novas formas de executar o trabalho. 4. Aprendo na prática, por tentativas sucessivas, a utilizar novos sistemas e aplicativos de informática. 5. Para aprimorar a execução do meu trabalho, busco memorizar dados (número de rubricas, contas, transações em sistema, etc.). 6. Para melhor execução do meu trabalho, procuro seguir sempre os mesmo procedimentos. 7. Analisando criticamente a execução do meu trabalho, tento compreendê-lo melhor. 8. Visando executar melhor minhas atividades de trabalho, busco repetir automaticamente ações e procedimento memorizados. 9. Para executar melhor o meu trabalho, procuro repetir mentalmente informações e conhecimentos recém-adquiridos. 10. Quando faço meu trabalho penso como ele está relacionado à razão social e metas da instituição. 11. Tento compreender como as estratégias das diferentes áreas da organização influenciam a execução do meu trabalho. 12. Quando tenho dúvidas sobre algo no trabalho, procuro ajuda em publicações, informativos, fascículos e relatórios editados pela organização. 13. Consultando informações disponíveis no portal (site) da organização, busco compreender melhor as atividades que executo no trabalho. 14. Peço ajuda aos meus colegas de equipe quando necessito aprender algo sobre meu trabalho. 15. Busco aprender no trabalho colocando em prática novos conhecimentos e habilidades. 16. Quando estou em dúvida sobre algo no trabalho, consulto normativos e instruções editados pela organização. 1 Frequência com que utilizo a estratégia 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 1 2 2 3 3 4 4 5 5 6 6 7 7 8 8 9 9 10 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 111 17. Para obter informações que necessito para o meu trabalho, leio informativos e matérias publicadas nas diversas mídias. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 18. Visando obter informações importantes à execução do meu trabalho, consulto a internet. 19. Para aprimorar a execução das minhas atividades, procuro compreender melhor cada procedimento e tarefa que faz parte do meu trabalho. 20. Busco entender como diferentes aspectos do meu trabalho estão relacionados entre si. 21. Procuro obter novos conhecimentos e informações consultando colegas de outras equipes. 22. Consulto colegas de trabalho mais experientes, quando tenho dúvidas sobre algum assunto relacionado ao meu trabalho. 23. Para melhor execução do meu trabalho, reflito como ele contribui para atender as expectativas dos clientes. 24. Procuro compreender como meu trabalho está relacionado aos resultados obtidos nas diferentes áreas da organização. 25. Procuro aprimorar algum procedimento de trabalho, experimentando na prática novas maneiras de executá-lo. 26. Testo novos conhecimentos aplicando-os na prática do meu trabalho. 27. Busco compreender as relações entre as demandas feitas por outras áreas da instituição e a finalidade do meu trabalho. 28. Tento conhecer como as diferentes áreas da organização estão relacionadas entre si. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 1 2 2 3 3 4 4 5 5 6 6 7 7 8 8 9 9 10 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Como você avalia o processo de aprendizagem organizacional nesta Instituição? O que você sugere como melhoria do processo de aprendizagem nesta instituição?