Profª Marlene Xavier dos Santos 1º Ano de Geografia Subsídios para entendimento do tema: “Senso comum e visão crítica” - Quem foi Platão? Um filósofo que viveu entre 347 a 428 a.C - O Mito da caverna, narrado por ele, em seu livro VII do República, tem sido uma das mais poderosas metáforas usadas pela filosofia de qualquer tempo, para discutir a questão de que todos nós estamos condenados a ver sombras à nossa frente e pior, tomá-las como verdadeiras. → Essa poderosa crítica à condição humana escrita há quase 2500 anos atrás inspira até hoje reflexões a esse respeito, sendo a mais recente, a obra premiadíssima de José Saramago “A caverna”, que por sua vez inspirou o filme “Ensaios sobre a cegueira” → Sobre a condição humana, na obra de Platão . Ele imaginou os homens (a humanidade), todos presos desde a infância, no fundo de uma caverna, imobilizados, obrigados pelas correntes que os atavam a olharem sempre a parede em frente. O que veriam então?? → Supondo a seguir que existissem algumas pessoas, uns prisioneiros, carregando para lá e para cá, sobre suas cabeças, estatuetas de homens, de animais, vasos, bacias e outros vasilhames, por detrás do muro onde os demais estavam encadeados, ... havendo uma escassa iluminação vindo do fundo do subterrâneo, disse que os habitantes daquele triste lugar só poderiam enxergar o lusco-fusco das sombras daqueles objetos, surgindo e se desfazendo diante deles. Era assim que viviam os homens, concluiu ele. (...) ...Acreditando que as imagens fantasmagóricas que apareciam aos seus olhos (que Platão chama de ídolos), eram verdadeiras, tomando o espectro (fantasma/ilusório) pela realidade. Assim, concluía ele: a existência desses homens era inteiramente dominada pela ignorância (agnóia). → Qual a saída para se libertar desses grilhões? - ainda segundo ele, alguém resolvesse se libertar daquela condições, o que lhe sucederia? Ao sair da caverna, chegando do lado de fora, num primeiro momento, ele nada enxergaria...ofuscado pela extrema luminosidade do exuberante Hélio, o Sol, que tudo pode, que tudo provê e vê. Mas, depois... ..mas depois, aclimatado, ele desvendaria aos poucos, como se fosse alguém que lentamente recuperasse a visão, as manchas, as imagens, e, finalmente, uma infinidade outras de objetos maravilhosos que o cercavam. Assim... → ainda estupefato, ele se depararia com a existência de um outro mundo, totalmente oposto ao do subterrâneo em que fora criado. Então.. O universo da ciência (gnose) e o do conhecimento (episteme), por inteiro, se escancarava perante ele, podendo então vislumbrar e embever-se com o mundo das formas perfeitas (tal qual como ele é, e não uma fantasia). As etapas do saber . Com essa metáfora, ele quis mostrar muitas coisas, uma delas é que é sempre doloroso chegar-se ao conhecimento, tendo-se que percorrer caminhos bem definidos para alcançá-lo, pois romper com inércia da ignorância (agnosis), requer sacrifícios. A primeira etapa a ser atingida é a da opinião (doxa), quando o indivíduo que ergueu-se das profundezas da caverna tem o seu primeiro contato com as novas e imprecisas imagens exteriores. - Neste primeiro instante, ele não as consegue captar na totalidade, vendo apenas algo impressionista flutuar à sua frente. Persistindo porém, com seu olhar inquisidor, ele finalmente poderá ver o objeto na sua integralidade, com os seus perfis bem definidos. Aí então ele atingirá o conhecimento (episteme) - Essa busca não se limita a descobrir a verdade dos objetos, mas algo bem mais superior e profundo: chegar a contemplação das idéias morais que regem a sociedade – o bem (agathón), o belo (to kalón) e a justiça (dikaiosyne) Conhecimento (episteme) Representação das etapas do saber, segundo “O mito da caverna” de Platão Opinião (doxa) Ignorância (agnosis) . - segundo ele, há pois dois mundos: O VISÍVEL: é aquele em que a maioria da humanidade está presa, condicionada pelo lusco-fusco da caverna, crendo, iludida que as sombras são realidade → O INTELIGÍVEL: É para bem poucos. Os que conseguem superar a ignorância em que nasceram, rompendo com os ferros/grilhões que os prendiam ao subterrâneo, ergueramse para a esfera da luz (topo da pirâmide) em busca das essências maiores do bem e do belo. O visível seria ainda, o império dos sentidos, captado pelo olhar e dominado pela subjetividade, já o inteligível é o reino da inteligência, percebido pela razão. O primeiro é o território do homem comum (a maioria – base da pirâmide o outro é a do homem sábio (filósofo), que volta-se para a objetividade, descortinando um universo diante de si. O desconforto do sábio... Platão então pergunta, pela (boca de Sócrates, personagem central do diálogo de A República sobre o que aconteceria se este ser que saiu e descobriu as maravilhas do mundo, dominado por Hélio, o fabuloso universo inteligível, descesse de volta à caverna? Como seria recebido pelos demais? Certamente que os que se encontram encadeados faria deboche dele, pondo em dúvida a existência desse tal outro mundo que ele disse ter visitado. Seria hostilizado. Isso significa um desconforto do homem sábio quando é obrigado a conviver com os demais homens comuns. Não acreditam nele, chamam-no de excêntrico, quando não de doido (a maioria dos cientistas, artistas, inventores,e tc...) → Quais as alternativas então, segundo Platão? - O sábio deveria desistir, por conta deste desconforto? Do riso, do deboche, se afastando do convívio social? Não, dizia ele: o conhecimento do sábio deve ser compartilhado com seus semelhantes - a liberdade que os sábios parecem gozar não é para eles “se voltarem para o lado que lhes aprouver, mas para fazê-los concorrem ao fortalecimento do laço do Estado”, dizia Platão. O governo dos sábios... → Platão não ficou apenas na recomendação de que os sábios devem socializar o conhecimento. Ousou ir além, dizendo que, exatamente pelo fato dos filósofos saberem distinguir a imagem da realidade, o falso do verdadeiro, é que deveriam ser chamados para a regência da sociedade...Visto que, para ele, a presença deles, impediria as tentações/sedições dos rivais em busca de atender interesses pessoais e não coletivos; → Para ele então, o governo da cidade, caberia aos mais instruídos e aos que manifestam mais indiferença ao poder, ainda que seja a característica do sábio “o desprezo pelos cargos públicos”, justamente porque já tiveram contato com o bem, o belo e justo. O mundo visível -A sua geografia limita-se ao espaço sombrio da caverna - Caracteriza-se pela escuridão, é um mundo de sombras, de lusco-fusco, de imagens imprecisas (ídolos) - Nele o homem se encontra encadeado/preso, constrangido a olhar só para a parede na sua frente, ficando com a mente embotada, preocupando-se apenas com as coisas mesquinhas do seu dia-a-dia - Homem aqui é o dominado pelas sensações e pelos sentidos primários - em situação de desconhecimento e ignorância (agnosis) - condição em que se encontra o homem comum O mundo invisível -É todo universo fora da caverna, o espaço composto pelo ar e pela terra inteira - Dominado pela claridade exuberante de Hélio, o Sol que tudo ilumina com seus raios esplendorosos, permitindo a rápida identificação de tudo, alcançando-se assim a ciência (gnose) e o conhecimento (episteme) - Plenitude do homem liberto da opressiva caverna, podendo investigar e inquirir tudo ao seu redor conhecendo enfim as formas perfeitas - Homem orientado pela inteligência e pela razão - Em condições de cultivar a sabedoria e a busca pela verdade e pelo ideal da junção do bem com o belo - condição do filósofo