TEXTO I O capitalismo é o sistema económico que tem como base a propriedade privada dos meios de produção. No entanto, a definição de capitalismo pode ser muito diversa consoante a perspectiva de análise. Para Karl Marx, as sociedades capitalistas caracterizavam-se pela existência de um antagonismo fundamental entre os proprietários dos meios de produção, ou seja, os capitalistas, e os assalariados, sujeitos a exploração. Ainda de acordo com este autor, todos os bens são convertíveis num valor comum, que é o dinheiro, e, assim, o trabalho também é um bem que o trabalhador troca por um salário. Para outro autor, o sociólogo alemão Max Weber, o capitalismo pode definir-se pela existência de empresas cujo fim é alcançar o máximo lucro, e cujo método é a organização racional do trabalho e da produção. Para alguns autores (Albert, 1992: 282 ss), o sistema capitalista, ao longo de mais de dois séculos de existência, terá passado por três fases com características distintas. A primeira fase, inicia-se em 1791, em França, no período da Revolução Francesa e baseia-se na liberdade do comércio e da indústria em contraposição à tutela do Estado, ou seja, neste período vigoram as leis do mercado, ficando para o Estado o papel residual de protecção da ordem pública (liberalismo clássico). A segunda fase do capitalismo é a do capitalismo enquadrado pelo Estado, ou seja, o que se pretende é que o Estado tenha um papel regulador, relativamente aos excessos das leis de mercado, e desta forma o Estado deixa de ter um papel meramente residual, passando a ter uma intervenção mais forte. Esta será a semente do futuro Estado-Providência, em que o Estado desempenha um papel de protecção dos mais desfavorecidos e procura corrigir os excessos da aplicação das leis de mercado. A terceira fase (designada por neo-liberalismo) caracteriza-se por um retrocesso do papel do Estado na economia, uma vez que, de acordo com esta corrente, se considera que a excessiva intervenção do Estado na economia 1 tem um efeito paralisante, deixando este de ser visto como um protector ou um organizador, mas como um travão e, portanto, verificou-se a necessidade de reduzir o seu papel. As teorias neo-liberais designam-se “neo”, porque são novas, e liberais porque se inspiram nas teorias clássicas, nomeadamente na teoria do liberalismo económico de Adam Smith. Assim, de acordo com esta perspectiva é necessário fazer recuar o Estado e baixar as contribuições para a Segurança Social e os impostos, para que as leis do mercado possam funcionar em toda a sua plenitude. As correntes neo-liberais surgem como uma reacção ao excessivo intervencionismo estatal e encaram o mercado como único regulador da actividade económica. 2