I SEMINÁRIO SOBRE ALIMENTOS E MANIFESTAÇÕES CULTURAIS TRADICIONAIS Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE – 21 a 23 de maio de 2012 TERERÉ, HÁBITO SUL-MATOGROSSENSE Marina Caldas Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Campus de Aquidauana-Turismo [email protected] GT04- O Alimento como Memória e Identidade nos Territórios Resumo Este artigo traz uma proposta, ainda um projeto, com objetivo de abordar aspectos históricos e atuais sobre o Tereré, bebida típica consumida no estado de Mato Grosso do Sul, e como ele se tornou ao longo dos anos uma bebida cotidiana para muitos sul-mato-grossenses, ganhando novos adeptos e visibilidade nacional, enquanto Patrimônio Cultural. Para a abordagem do tema foram coletados dados sobre como foram descobertos os ervais, plantações nativas na época do Império e a primeira companhia ervateira que se instalou no estado de Mato Grosso após a guerra da tríplice Aliança. E como eram feitos os trabalhos de colheita da erva que utilizavam a mão de obra paraguaia e indígena, momento muito importante para a economia da época. Hoje o estado de Mato Grosso do Sul é o maior consumidor de erva mate e uma investigação mais abrangente será feita para saber de onde se origina a erva, já que o estado deixou de ser o grande produtor. Os maiores produtores de erva mate são os estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, segundo dados do IBGE 2010. Palavras-chaves: Mato Grosso do Sul, tereré, patrimônio. Introdução Pesquisar a importância do Tereré no cotidiano do sul-mato-grossense e sua identidade cultural onde o qual envolve três fatores: histórico, econômico e social, sendo estes principais objetivos da pesquisa. Este artigo encontra-se em processo inicial, varias abordagens serão analisadas para obter resultados satisfatórios. Algumas bibliografias já foram consultadas e outras ainda serão. Um questionário será aplicado em uma parcela da população de Campo Grande-MS para coletar dados sobre a importância do Tereré, seu valor histórico e cultural enquanto patrimônio imaterial. Uma entrevista está sendo agendada no Instituto Histórico com o Historiador, Sr Hildebrando Campestrini um dos autores da coletânea “O ciclo da ervamate” o mesmo compõe a Academia sul-mato-grossense de Letras. 1 I SEMINÁRIO SOBRE ALIMENTOS E MANIFESTAÇÕES CULTURAIS TRADICIONAIS Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE – 21 a 23 de maio de 2012 O presente artigo retrata: A Importância do Tereré em Mato Grosso do Sul, onde neste contexto vêm falando-se da importância e do valor cultural que o tereré representa para o Estado. O artigo está dividido em quatro subtítulos, sendo eles: 1.1. Mato Grosso do Sul e Suas Riquezas Econômicas, retratando como o Estado de MS deixou de ser o maior produtor de ervas, porém, o mesmo sendo o maior consumidor de ervas. 1.2 A História Dos Ervais, onde se discorre sobre a descoberta dos ervais e sua importância econômica para a época. Já no subtítulo 1.3. Tereré, Habito Tradicional enfoca o costume do dia-a-dia e o habito adquirido que se vai passando de geração para geração. O subtítulo 1.4. O Tereré, uma das identidades do Sul-Mato-Grossense mostra através da pesquisa o valor cultural quando o mesmo foi tombado como Patrimônio Imaterial e o sentimento de orgulho demonstrado pela população sul-mato-grossense. 1 A importância do Tereré em Mato Grosso do Sul 1.1. Mato Grosso do Sul e suas Riquezas Econômicas O estado de Mato Grosso do Sul está localizado no planalto central tendo como vizinhos os estados de Mato Grosso, Goiás, São Paulo, Minas Gerais e Paraná, fazendo fronteiras com Paraguai e Bolívia. Em 11 de Outubro de 1977 por motivos políticos, foi assinada a Lei que dividiu o estado de Mato Grosso em dois Estados, tornando-se Mato Grosso e Mato Grosso do Sul pelo presidente em exercício na época o General Ernesto Geisel. A economia de Mato Grosso do Sul se baseia na pecuária e na agroindústria. Segundo maior produtor de carne bovina do país e na agroindústria atinge 80% nas exportações dos produtos. Hoje dois setores também contribuem para o aceleramento e o desenvolvimento no estado: indústria e comércio, que atendem 60% da demanda de açúcar e álcool. No estado está localizada a maior planície alagada do mundo, o Pantanal com sua biodiversidade, tombado pela UNESCO como patrimônio natural da humanidade. Destaque 2 I SEMINÁRIO SOBRE ALIMENTOS E MANIFESTAÇÕES CULTURAIS TRADICIONAIS Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE – 21 a 23 de maio de 2012 também para o ecoturismo, principalmente em Bonito e Serra da Bodoquena, além de Corumbá. Um dos produtos que tem grande importância na economia do estado é a erva mate, matéria prima do Tereré, porém grande parte desse produto que abastece o estado vem de outros estados como: Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. Por seu valor histórico e cultural o Tereré tem despertado interesse de estudos por varias áreas do conhecimento. Foi na região sul do estado que teve inicio a exploração da erva mate em Mato Grosso, hoje Mato Grosso do Sul que compreende os limites de fronteiras entre Paraguai e Brasil. Para Ribeiro: Os ervais do atual Mato Grosso do Sul se estendiam desde a foz do rio Pardo no rio Paraná, por este até Sete Quedas, percorrendo a linha de fronteira com o Paraguai ate Ponta Porá, e pela Serra de Maracaju, até os limites atuais do Município de Sidrolândia, daí pelo rio Pardo até sua foz no rio Paraná. (RIBEIRO, 1993, p.138). 1.2 A história dos Ervais Com o fim da guerra entre Brasil e Paraguai em 1870, logo de imediato o governo imperial resolveu fazer a demarcação dos limites de fronteira com a república vizinha que foi chefiada em 1872 pelo coronel Rufino Enéias Gustavo Galvão. Termina em 1974 a demarcação dos limites de fronteira, o gaúcho Tomás Laranjeira que trabalhava junto à comissão de demarcação, observava os campos nativos de todos os lados por onde passava. Naquele momento Tomás Laranjeira percebendo a grande vastidão dos ervais nativos, resolveu explorá-los. Segundo Campestrini e Guimarães: Um arguto auxiliar da comissão de limites, o gaúcho Tomás Laranjeira, palmilhava a mataria da Serra De Maracaju, desde os saltos das Sete Quedas, atento. De um lado e de outro do espigão, as arvores de erva-mate apareciam exuberantes até as cabeceiras do Apa. E, adentrando a mataria, não era encontrado lugar onde não existissem os caatins (maciços daquela região). (CAMPESTRINI e GUIMARÃES, 1995, p.39). 3 I SEMINÁRIO SOBRE ALIMENTOS E MANIFESTAÇÕES CULTURAIS TRADICIONAIS Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE – 21 a 23 de maio de 2012 Para trabalhar nas terras devolutas, fez o pedido de permissão à corte imperial para poder explorar os ervais. Assim que recebeu a permissão da corte imperial que foi decretada em 1882, provido de pequeno recurso financeiro a mão resolveu investir nos ervais. Trouxe do Rio Grande do Sul mão de obra especializada no preparo da erva. Para tanto precisava de mão de obra bruta para a colheita e o transporte e empregou o braço paraguaio especializado e barato, segundo relato dos autores acima citados: Os galhos da erva-mate, depois de cortados, eram amarrados em feixes (raído, entre os trabalhadores), com peso variável de 150 a 250 kg cada, que eram transportados nas costas, por longas distancias pelos ervateiros. A secagem da erva-mate era feita no barbaquá, rancho rústico, com um jirau de madeira, que recebia o calor da fornalha. [...] Sua produção saia de carreta a bois, adentrando o Paraguai, rumo de Concepción, onde era embarcada em navios para Buenos Aires. Passava pelo lugar, sem habitantes, chamado Ponta Porã, onde as carretas, que desciam a serra à margem da lagoa ali existente. (CAMPESTRINI e GUIMARÃES, 1995, p.94). Tomás Laranjeira já tendo experiência na fabricação de ervas no Rio Grande do Sul, que exportava para o Uruguai e Argentina, 1883 fundou a Companhia Erva Mate Laranjeira em sociedade com os irmãos Murtinho, que ficava a margem direita do rio Verde, afluente do rio Amambaí. Assim surge a primeira companhia ervateira de Mato Grosso. Os irmãos Murtinho perceberam a necessidade de construir um porto que pudesse encurtar o caminho para o transporte das ervas extraídas, por este motivo providenciaram a construção do mesmo. É o relato dos autores: Renovando sempre as concessões, já no período republicano, os irmãos Murtinho (donos do Banco Rio – Mato Grosso), deram curso à empresa e passaram, a partir de 1892, a embarcar a erva não mais em Concepción, mas num porto que eles construíram – Porto Murtinho, onde hoje se levanta a cidade desse nome. A exportação se fazia para a firma Francisco Mendes e Companhia, de Buenos Aires, distribuidora do produto. (CAMPESTRINI e GUIMARÃES, 1995, p.95). Com a extração da erva nativa em abundancia, um grande contingente de trabalhadores se concentravam ao longo dos caminhos percorridos, carretas puxadas a boi e várias paradas para troca dos animais e descanso dos carreteiros, gerava emprego e renda nos. 4 I SEMINÁRIO SOBRE ALIMENTOS E MANIFESTAÇÕES CULTURAIS TRADICIONAIS Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE – 21 a 23 de maio de 2012 Toda a erva produzida era transportada por grandes caravanas de carretas puxadas a boi, fazendo descanso (onde se trocavam os animais cansados por outros) em Limeira, no descer da serra (caminho que ligava a antiga Colônia do Miranda à do Dourados); em Margarida, já no baixio, e finalmente em São Roque. Eram percorridos trezentos e sessenta quilômetros de caminhos. Um grande número de bois, de carretas, de carreteiros, de auxiliares à margem dos caminhos e nos pontos de descanso gerava emprego e era ânimo para quem vinha para esses sertões. (CAMPESTRINI e GUIMARÃES, 1995, p. 95). Limite dos ervais (Região dos Ervais do Brasil Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso) Fonte: 200.129.241.94/index.php /coletâneas / article /view /406/315. As terras por onde se notavam grandes plantações dos ervais foram motivos de disputa por grandes personalidades da época, em especial por madame Lynch amante de Solano Lopez. Para a autora: “Esta região onde se localizavam os ervais nativos são mais de 300 km das melhores terras agricultáveis de Mato Grosso do Sul, e que na época, em sua maioria, era constituída de terras devolutas, alem de desocupadas, que pertenciam ao domínio fiscal do Estado, se destinando a concessões aos particulares. Foram estas terras que, pós Guerra da Tríplice Aliança, foram 5 I SEMINÁRIO SOBRE ALIMENTOS E MANIFESTAÇÕES CULTURAIS TRADICIONAIS Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE – 21 a 23 de maio de 2012 cobiçadas por Madame Lynch, a austríaca e amante de Solano Lopez, a qual reivindicava para si os cerca de 2.000.000 hectares de terras ubérrimas, que vieram a pertencer à Companhia Mate Laranjeira, através de concessão do Estado de Mato Grosso”. (RIBEIRO, 1993, p.138). Companhia Mate Laranjeira Fonte: aula-de-artes.blogspot.com, 2011. 1.3 Tereré, Hábito Tradicional O habito de tomar o Tereré representa um dos costumes dos sul-mato-grossenses, é a maneira alegre e descontraída de tomar esta bebida, aonde vai se formando à famosa roda de tereré sinônimo de amizade, gesto simples, uma maneira saudável de fazer amizades. É costume tomá-lo nos intervalos de trabalho seja da construção civil, dos escritórios, por universitários dentro da faculdade, no recreio escolar da garotada ou no campo entre os peões de fazenda. Inversa ao chimarrão que utiliza água quente, a versão sul-mato-grossense é preparada e servida em guampas, copos feitos de chifres de boi e bombas, toma-se o mesmo com água bem gelada, de preferência com muito gelo. Para diferentes paladares, podem-se acrescentar gotas de limão ou as rodelas da fruta na água com o gelo. 6 I SEMINÁRIO SOBRE ALIMENTOS E MANIFESTAÇÕES CULTURAIS TRADICIONAIS Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE – 21 a 23 de maio de 2012 No Pantanal de Mato Grosso do Sul, ainda hoje, os peões costumam levar os apetrechos para o trabalho no campo, utilizam a água disponível na natureza, sem gelo. Cada um, de diversas maneiras concretiza esse hábito no cotidiano. “No Pantanal é possível deparar-se com certos avanços tecnológicos proporcionados a partir da implantação de antenas parabólicas que permitem, via satélite, a captação de imagens, sons, telefonia, internet. Assim, coexistem em espaços pontuais do Pantanal, formas arcaicas, tradicionais, com formas avançadas de tecnologias”.(VARGAS, 2009, p.79). Peão no Pantanal tomando tereré com água natural Fonte: www.flickr.com Percebemos que alguns costumes persistem ao longo do tempo e em paralelo à tecnologia e novidades apresentadas diariamente pela mídia. Ainda segundo Vargas, “por interferência das migrações gaúchas e paraguaio-guarani, são cultivados os hábitos do chimarrão, mate quente, e do tereré, mate frio, tão arraigado aos costumes pantaneiros”. (VARGAS, 2009, p. 242). Para abrandar o calor no Pantanal, o tereré é um recurso dos mais apreciados pelos pantaneiros, que desde criança já aprendem a ter gosto pela bebida. “Nos pantanais, tomar tereré, no intervalo entre uma atividade e outra, mais do que um vício é uma necessidade. Devido ao calor e ao sol abrasador, o 7 I SEMINÁRIO SOBRE ALIMENTOS E MANIFESTAÇÕES CULTURAIS TRADICIONAIS Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE – 21 a 23 de maio de 2012 campeiro usa-o como refrescante e, digestão”.(NOGUEIRA, 2002, p. 134). também, como auxiliar na Para a autora citada acima, além de hábito, a bebida torna-se vício, pelo tanto que é consumida, não somente pelo homem pantaneiro, mas por boa parte da população sul-matogrossense. A bacia do Alto Paraguai, onde se localiza o pantanal de Mato Grosso do Sul possui uma área de 8.183 km2, ocupando 65% de todo o território, sendo que o pantanal de Mato Grosso ocupa apenas 35%. A região é uma planície aluvial influenciada por rios que drenam as águas das enchentes, desenvolve uma fauna e flora de rara beleza e abundância, influenciada por quatro grandes biomas: Amazônia, Cerrado, Chaco e Mata Atlântica. 1.4 O Tereré, uma das Identidades do Sul-matogrossense Em 2011, o tereré foi tombado patrimônio imaterial a pedido da prefeitura de Ponta Porá, cidade que é considerada a “Princesinha dos Ervais” onde começou a exploração dos mesmos. "Mas será o reconhecimento do tereré em todo o Estado", foi o que afirmou Adriana Gardin Barbosa, arquiteta da Fundação de Cultura ao jornal Campo Grande News na ocasião. Para Camargo e Cruz (2009, p.253) diz que: O patrimônio imaterial está fortemente associado à identidade e, de acordo com Pedersen (2004), um dos objetivos da gestão do patrimônio imaterial é brindar a população local com um sentimento de identidade e continuidade. Orgulho e identidade cultural são elementos importantes na hora de valorizar um local e constituem um ingrediente essencial para sua permanência no tempo. Entretanto, segundo Aikawa (2007), é muito importante levar em consideração que, diferentemente do que acontece com a cultura monumental, o patrimônio imaterial costuma ser dinâmico e modifica-se constantemente, em função de sua estreita relação com as praticas próprias de cada comunidade. Desde a época da guerra entre Brasil e Paraguai o tereré atravessou a fronteira permanecendo esse costume entre os dois paises. Aos poucos ele está ganhando novos adeptos e vencendo barreiras. CAMARGO E CRUZ apud UNESCO (1997) define “patrimônio imaterial” como sendo: Conjunto de formas de cultura tradicional e popular ou folclórica, ou seja, as obras coletivas que emanam de uma cultura e baseiam-se na tradição. Sendo que estas tradições se transmitem oralmente ou mediante gestos e se 8 I SEMINÁRIO SOBRE ALIMENTOS E MANIFESTAÇÕES CULTURAIS TRADICIONAIS Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE – 21 a 23 de maio de 2012 modificam com o transcurso do tempo através de um processo de recriação coletiva. Incluem-se as tradições orais, os costumes, os idiomas, a musica, os bailes, os rituais, as festas, a medicina tradicional e a farmacopéia, as artes culinárias e todas as habilidades especiais relacionadas com os aspectos materiais da cultura, tais como as ferramentas e o habitat (unesco.org/culture/heritage/intangible). O habito de tomar tereré está entre boa parte da população sul-mato-grossense, com este comportamento é que os diferencia culturalmente de outros grupos. No dia 5 de fevereiro deste ano em Campo Grande foi promovida a maior roda de tereré do mundo, com aproximadamente 50.000 mil pessoas. A radio Blink 102 foi quem organizou o evento momento muito significativo para os tomadores de tereré, segundo Alex Bachega diretor da radio o evento superou as expectativas, os apreciadores do tereré compareceram em peso. Neste evento foram distribuídos 1.102 camisetas da roda de tereré aos primeiros que chegaram e 600 kits de tereré. “Não esperávamos tudo isso, é sensacional. Podemos notar o apelo cultural que o tereré tem, aliado a vontade que as pessoas têm de valorizar a cultura de Mato Grosso do Sul e de mostrar para o Brasil todo”, afirmou Bachega na ocasião. O Sistema Brasileiro do Agronegócio –SBA – transmitiu o evento ao vivo para todo o Brasil. Hoje com a tecnologia, seja ela via Internet, televisão, jornais ou revistas, é concedida a outros grupos tomar conhecimento de diferentes culturas, como no caso do tereré. Roda de Tereré ’ Fonte: www.aquidauananews.com 9 I SEMINÁRIO SOBRE ALIMENTOS E MANIFESTAÇÕES CULTURAIS TRADICIONAIS Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE – 21 a 23 de maio de 2012 Esse sentimento de orgulho e manifestação foi um momento de mostrar um pouco da cultura do sul mato-grossense através da mídia, atraindo novos olhares para esta que talvez seja a marca mais expressiva da identidade cultural desse povo. Esse comportamento coletivo vem mostrar o quão é importante preservar valores. Esse hábito herdado dos paraguaios tende a permanecer por muitas gerações, pois é a realidade de muitos que aqui vivem. E passa fazer parte daqueles que chegam dos mais distintos lugares e vão se habituando em tomar o tereré ou aceitando esse tipo de convivência. Pode-se dizer que esta seja talvez a maneira que os identifica neste lugar, neste espaço, neste habitat. Este lugar é um espaço construído com resultado da vida das pessoas, dos grupos que nele vivem, das formas como trabalham, como produzem, como se alimentam e como fazem / usufruem do lazer.É portanto cheio de história, de marcas que trazem em si um pouco de cada um. É a vida de determinados grupos sociais, ocupando um certo espaço num tempo singularizado. Considerando que é no cotidiano da própria convivência que as coisas vão acontecendo, vai se configurando o espaço, e dando feição ao lugar. Um lugar que é um espaço vivido, de experiências sempre renovadas o que permite que se considere o passado e se vislumbre o futuro. A compreensão disto necessariamente resgata os sentimentos de identidade e de pertencimento. (CALLAI, Helena C. O Estudo do Lugar como Possibilidade de Construção da Identidade e Pertencimento, p.2.) Para que a identidade permaneça viva no tempo, em cada memória, lugar ou comunidade é preciso preservá-la. Considerações Finais Por ser um estado rico com tantas belezas naturais Mato Grosso do Sul vem se destacando no cenário nacional e internacional, graças ao trabalho que se tem feito pelos órgãos governamentais dando importância à cultura e as raízes do povo sul-mato-grossense. E uma dessas culturas é o Tereré que se tornou patrimônio imaterial, muitas pesquisas foram feitas e varias fontes ligadas ao patrimônio cultural foram consultadas para poder resguardar esse habito que representa a identidade do sul-mato-grossense. Espera-se que esta pesquisa possa contribuir para os estudos acadêmicos e que seja fonte de consulta para outras áreas do conhecimento. 10 I SEMINÁRIO SOBRE ALIMENTOS E MANIFESTAÇÕES CULTURAIS TRADICIONAIS Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE – 21 a 23 de maio de 2012 Para poder refletir sobre as culturas, costumes e tradições são impreteríveis que se tenha um conhecimento formado pela vivencia e observações do cotidiano de determinado grupo. Neste contexto espera-se adquirir um conhecimento empírico, para poder estar partilhando com a sociedade em geral. Pois a essência de cada grupo é preservar seus hábitos e costumes, sabendo o que os diferencia dos demais grupos. Parcialmente alguns arquivos bibliográficos, artigos e obras referentes ao assunto já foram consultados, entretanto, muitas outras fontes ainda serão consultadas e algumas entrevistas com proprietários das pequenas indústrias que processam, embalam e fazem a distribuição para o comércio em geral na capital do estado, Campo Grande servirão para embasamento da pesquisa. Referências Bibliográficas BITTAR, M. Artigo: Uma Reflexão sobre a Divisão de Mato Grosso (Diário de Cuiabá,Edição nº11580, 01/08/2006). Disponível em: < http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=261858 > Acesso em 12 de fevereiro de 2012 CALLAI, H C. O Estudo do Lugar como Possibilidade de Construção da Identidade e Pertencimento, p.2.( VIII Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais, Setembro de 2004). CAMARGO. P.; CRUZ. G. Turismo Cultural Estratégia: Sustentabilidade e Tendências. Ilhéus: Editus, 2009. CAMPESTRINI. H.; GUIMARÃES. A. V. História de Mato Grosso do Sul. Quarta Edição. Gráfica e Papelaria Brasília Ltda. Campo Grande-MS. NOGUEIRA, A. X. Pantanal: homem e cultura. Campo Grande MS: UFMS, 2002. RIBEIRO, L. R. E. F. O Homem e a Terra, 1993. SILVA, J. V. A Multiface da Empresa Mate Laranjeira. Disponível em: <200.129.241.94/index.php/coletaneas/article/view/406/315> Acesso: em 14 de ab. 2012. VARGAS, I. A. Porteiras assombradas do paraíso: embate da sustentabilidade socioambiental no Pantanal. Campo Grande MS: UFMS, 2009. <www.brasilrepublica.com/matogrossodosul> Acesso em 2 de mar. 2012 11 I SEMINÁRIO SOBRE ALIMENTOS E MANIFESTAÇÕES CULTURAIS TRADICIONAIS Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE – 21 a 23 de maio de 2012 <pantanalbrasil.blogspot.com/2009-opantanalsul-matogrossense> Acesso em 3 de març. 2012 <http://www.revistaporanduba.com.br/> Acesso em 29 de mar. 2012. <http://planeta-brasil-turismo.blogspot.com.br/2010/06/mato-grosso-do-sul-economia.html> Acesso em 29 de mar. 2012. <http://g1.globo.com/videos/mato-grosso-do-sul/bom-dia-ms/t/edicoes/v/forca-economicaserie-especial-sobre-a-economia-de-mato-grosso-do-sul/1890720/ > Acesso em 29 de mar. <http://www.campograndenews.com.br/lado-b/diversao/participantes-da-maior-roda-deterere-tomam-conta-da-afonso-pena> Acesso em 23 de mar. 2012. <http://blink102.com.br/radio/especial-roda-de-terere/345-maior-roda-de-terere-do-mundotarde.html> Acesso em 23 de mar. 2012. <www.ibge.gov.br/home/.../PAM2010_Publicacao_completa.pdf> Acesso em 21 de mar. 2012 12