COMISSÃO DE REPRESENTAÇÃO EXTERNA DOS DIFERENTES MODAIS DE TRANSPORTES Coordenador: Deputado Paulo Azeredo RELATÓRIO FINAL O desenvolvimento econômico e social do Estado do Rio Grande do Sul tem sido objeto de políticas públicas orientadas para o incremento de suas forças produtivas nos mais diversos setores e regiões. É um pressuposto do desenvolvimento saudável e equilibrado a existência de fatores que possam influir e atuar positivamente no âmbito macro-econômico dos entes federados. O Estado do Rio Grande do Sul, precisamente por sua configuração geográfica e localização estratégica, apresenta-se com potencial para dispor de uma matriz industrial diversificada, eficiente e produtiva. Soma-se a isto, o empreendedorismo típico da gente gaúcha, que conjugado com recursos naturais e culturais, constrói as bases para um Estado forte, independente e altamente produtivo. Esse processo de desenvolvimento e geração de riquezas é composto por ciclos e segmentos de produção onde a movimentação de cargas e pessoas impõem-se como fundamentais para o alcance de índices satisfatórios de produtividade. A questão dos transportes e seus diferentes modais inserem-se com importância absoluta na atividade econômica. A integração entre desenvolvimento econômico e expansão da função “transportes” oferecem a dinâmica sem a qual o progresso não existe. O Estado do rio Grande do Sul, por sua vocação histórica, teve sua matriz industrial voltada para a produção primária de pequena, média e largas escalas até meados do século passado. A partir de então, seguindo uma tendência irreversível, alcançou um grau relativo de industrialização, sedimentado em setores bem definidos como o agro-negócio, coureirocalçadista, metal-mecânico, petroquímico e tecnológico. É nesse contexto reflexivo que surge a iniciativa de instalarmos, nesta Casa Legislativa, a Comissão de Representação Externa dos Diferentes Modais de Transportes de Passageiros e Cargas do Estado do Rio Grande do Sul. Esse trabalho visou constituir um foro de debate autorizado e competente para discutir e apreciar com isenção institucional, as diversas visões e soluções para a função transportes nas diversas modalidades de utilização, envolvendo cargas e pessoas. Foram realizadas três sessões públicas, com debates e esclarecimentos prestados por autoridades e pessoas com alto grau de envolvimento e experiência no binômio transporte e logística. Destacamos a presença do representante do Governo do Estado, Engº Ricardo José Brönstrup, que relatou os esforços do Poder Executivo que, frente à carência de recursos orçamentários, ainda assim conseguiu destinar R$ 70 milhões de reais para investimentos na navegabilidade da Lagoa dos Patos, Guaíba e Delta do Jacuí. A Engenheira Marieta Aita Santos, do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes, com larga experiência, internacional inclusive, destacou que “multi-modalidade é a mais indicada para o escoamento da produção gaúcha” não obstante a competição predatória entre os modais. Ainda em seu depoimento, a mesma sustenta que a integração hidroferroviária impõe-se como uma necessidade estratégica e lamentou a regressão do Estado em termos de multi-modalidade. A integração com o Mercosul e outras regiões também determina a avaliação de projetos como a integração das bacias Jacuí-Ibicuí. O Sr. Roberto Guedes da Luz, responsável pela unidade regional no Estado da Agência Nacional de Transportes Terrestres, ANTT, lamentou a ausência do representante da América Latina Logística, a saber a operadora da malha ferroviária da região sul e sudeste. O mesmo revelou que aquela empresa tem sido objeto de penalidades por descumprimento de cláusulas contratuais. No transcurso dos trabalhos, ficou evidenciado que a ALL não integra-se de forma efetiva, aos demais modais de transportes, hidroviário e rodoviário, constituindo-se um pernicioso gargalo no escoamento da produção de alguns setores. Ocorre que a ALL orienta-se explicitamente por resultados mercantís de curto prazo, inscrevendo-se assim, como mais uma trapalhada do Plano Nacional de Desestatização, que outorgou-lhe o monopólio do transporte ferroviário para esta região, inexistindo contra-partida da empresa com o desenvolvimento econômico, regional ou setorial. Instada a manifestarse, a empresa relutantemente designou o Sr. Rui Borges Grande, Técnico de Operações da empresa, para participar da última reunião. O mesmo resumiu sua participação em anotar os questionamentos levantados comprometendo-se a encaminhar a Diretoria da ALL. Perguntado sobre o plano de investimentos da empresa para a região, o mesmo não soube detalha-los ou quantificá-los. Resta evidente que as penalidades impostas por descumprimento de metas contratuais estão calculadas nos resultados objetivados pela ALL. O representante da empresa também não respondeu sobre os motivos que levaram a empresa a desativar 32% da malha ferroviária gaúcha, ou seja, 1.025 Km de ferrovia. Também foi questionado o por quê da drástica diminuição do número de vagões e locomotivas a partir da concessão outorgada. CONCLUSÃO No transcurso do trabalhos desta Comissão, tivemos também a participação e colaboração de inúmeros profissionais da área de transportes e logística, além dos já mencionados. Destacamos a participação do Sr. Mauro Roberto Schlüter do Instituto de Pesquisa e Ensino em Logística que destacou a importância do tema e a necessidade de ampliar e aprofundar o debate em torno da multi-modalidade e o conceito de logística. O mesmo também refere o desserviço prestado pela ALL à região, mencionado o grande número de reclamações sobre aquela empresa. O Sr. Tito Celso Viero, consultor em logística hidroviária destaca que o “transporte faz circular a riqueza” referindo a harmonia necessária para a dinâmica multi-modal resultar em fator de progresso. Os profícuos debates e esclarecimentos ocorridos durante os trabalhos desta Comissão nos ensejam um grave diagnóstico: O desenvolvimento do Estado está comprometido pela falta de integração do modal ferroviário aos projetos regionais de desenvolvimento. Outros fóruns pertinentes haverão de esgotar essa matéria, visto que a expansão econômica do Estado é a condição única para a resolução dos graves problemas estruturais que afligem e comprometem os investimentos públicos. É o relatório. DEPUTADO PAULO AZEREDO Coordenador