Jornal Valor --- Página 12 da edição "04/07/2013 2a CAD B" ---- Impressa por ivsilva às 03/07/2013@21:32:27 Jornal Valor Econômico - CAD B - EMPRESAS - 4/7/2013 (21:32) - Página 12- Cor: BLACKCYANMAGENTAYELLOW Enxerto B12 | Valor | Quinta-feira, 4 de julho de 2013 Empresas | Infraestrutura LEO PINHEIRO/VALOR Energia Clima fica tenso e consórcio CPFl-Equatorial ameaça tirar oferta Credores do Rede adiam assembleia para amanhã Claudia Facchini De São Paulo A segunda assembleia de credores do Grupo Rede, realizada ontem em São Paulo, terminou sem que as partes chegassem a um acordo sobre o futuro da companhia. Uma nova reunião será realizada amanhã. Mas o clima ficou mais tenso entre o consórcio CPFL e Equatorial, os representantes do grupo Rede e a Energisa, que mais uma vez apresentou uma proposta em cima hora, na terça-feira à noite. Os termos propostos pela companhia mineira só foram conhecidos ontem de manhã pelos credores. Durante a assembleia, o representante da Energisa prometeu mudar novamente a oferta, acatando “sugestões” dos credores, o que contribuiu para irritar ainda mais a CPFL e Equatorial. O advogado que representa o consórcio, Eduardo Munhoz, afirmou que as duas empresas consideram estar sendo usadas e que ameaçam não manter a oferta. “Tudo tem limite”, disse Munhoz, acrescentando que a proposta será retirada da mesa de negociação se não for votada amanhã. Segundo ele, a CPFL e Equatorial se recusam a entrar em um leilão. As empresas consideram ter o direito de que o plano de recuperação proposto por elas, e que já é conhecido há meses, seja votado isoladamente amanhã. Elas exigem que a proposta da Energisa só seja votada depois, caso os credores recusem a oferta do consórcio. O advogado da Energisa, Flavio Galdino, afirmou que a empresa apresentará hoje, às 10 horas, para a Justiça, o plano de recuperação do grupo Rede com as mudanças que foram prometidas durante a assembleia. A medida atende às reclamações feitas pelo advogado do grupo Rede, Thomas Felsberg, que disse que as recuperandas não haviam recebido nenhum documento formal com as alterações anunciadas verbalmente. Em sua proposta inicial, a Energisa considerava a concessão de um novo empréstimo, no valor de R$ 630 milhões, que viria do FI FGTS ou do BNDES, que são credores com garantias reais contra o grupo Rede. O aporte, bombardeado pelos concorrentes, virou o calcanhar de Aquiles na proposta da Energisa, que se viu forçada a desistir do empréstimo. A empresa alega ter meios de bancar o plano sem os recursos. Nem mesmo o representante do FI FGTS disse concordar com o novo financiamento. O fundo já acumula perdas severas com o grupo Rede. Galdino disse que a Energisa tem todas as condições de produzir um documento com os compromissos assumidos na assembleia, conforme solicitado, mas deixou claro que considerava as exigências um “ formalismo” para desviar a atenção dos credores em relação à proposta. Um dos credores ouvidos pelo Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor, afirmou que considera a proposta da Energisa mais vantajosa do que a da CPFL-Equatorial. Enquanto a primeira oferece um desconto nas dívidas de 75%, a segunda propõe um deságio de 85%. O advogado representa uma comercializadora de energia, para a qual o grupo Rede deve R$ 30 milhões. Os dez pontos percentuais a mais que a Energisa oferece pagar fazem muita diferença, afirmou. “Para as comercializadoras, o calote será doloroso”, disse Ruy de Mello Junqueira, que representa quatro empresas. Matteo Codazzi, presidente global da italiana CESI: “O futuro do desenvolvimento da infraestrutura vai acontecer nesta parte do mundo” Elétrica italiana cria base no Brasil Rodrigo Polito Do Rio O CESI, empresa italiana de consultoria e testes de sistemas de energia, espera alcançar um faturamento anual de € 10 milhões no Brasil dentro de três anos. A companhia, que anuncia hoje a abertura de seu primeiro escritório na América Latina, no Rio de Janeiro, está negociando contratos para prestar serviços para projetos de smart grid (redes inteligentes), linhas de transmissão de longas distâncias e energias renováveis. “Sei que há a impressão de que a economia [brasileira] está crescendo devagar. Mas o país terá um crescimento expressivo. Um crescimento [anual] de 4% a 5% será muito promissor e interessante. O futuro do desenvolvimento da infraestrutura vai acontecer nesta parte do mundo”, afirmou o presidente global do CESI, Matteo Codazzi, que veio ao Brasil para a inauguração do escritório. O CESI tem faturamento global da ordem de € 120 milhões e atua em cerca de 40 países, totalizando aproximadamente 1 mil funcionários. A companhia, que tem entre seus acionistas nomes de peso como as italianas Enel e Terna, a suíça ABB, a alemã Siemens e a francesa Alstom, está negociando parcerias com empresas brasileiras cujos projetos foram habilitados no programa Inova Energia, linha de financiamento de R$ 3 bilhões do governo para pesquisa e desenvolvimento no setor elétrico. Os projetos são voltados para smart grid, fontes renováveis e veículos elétricos. O CESI já presta serviços para uma das duas linhas de transmissão que interligarão o complexo hidrelétrico do Rio Madeira, em Rondônia, a São Paulo, com mais de 2,3 mil quilômetros de extensão. O contrato, firmado com o consórcio IE Madeira (formado Cteep, Furnas e Chesf), inclui comissionamento, controle de qualidade, revisão do projeto e certificação. A companhia também espera arrematar novos contratos para consultoria e testes de tecnologias de transmissão em corrente contínua, como a do linhão do Rio Madeira. É o caso, por exemplo, do tronco de transmissão que transportará energia da mega-usina de Belo Monte, no Pará, para a região Sudeste. Segundo Codazzi, a tecnologia de corrente contínua em alta tensão (HVDC, na sigla em inglês) é considerada a “banda larga da transmissão de energia”. Ele explica que a linha de transmissão em corrente contínua não é algo novo no setor elétrico, mas a tecnologia atual é mais eficiente e com grandes avanços em termos de redução de custos. Além da abertura de um escritório no centro do Rio de Janeiro, que deverá ter entre 30 e 40 pessoas, o CESI contratou o engenheiro Paulo Cesar Vaz Esmeraldo para conduzir as operações no Brasil e na América Latina. Experiente técnico do setor elétrico, Esmeraldo tem passagens por Furnas, Eletrosul e Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Criado em 1956, como um centro de excelência em tecnologias do setor elétrico, o CESI atua no Brasil desde a década de 1970, quando participou da consultoria que auxiliou na criação do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel), a principal referência em estudos e pesquisas no sistema elétrico brasileiro, coordenado pela Eletrobras. A companhia também presta serviço de consultoria para o sistema de monitoramento da hidrelétrica de Itaipu, na fronteira com o Paraguai, de 14.000 megawatts. Além do serviço de consultoria, o CESI também atua na fabricação de células solares fotovoltaicas. Inicialmente os equipamentos eram produzidos para satélites espaciais, mas estão sendo desenvolvidos para a produção de energia elétrica em terra. Eletropaulo prevê melhora de avaliação pelo mercado Do Rio O diretor-presidente da AES Eletropaulo, Britaldo Soares, afirmou ontem que o reajuste tarifário nulo para a companhia, aprovado terça-feira pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) não afetará os resultados nem o fluxo de caixa da empresa. Para ele, o mercado enxergará de forma mais positiva o reajuste, conforme a empresa for esclarecen- do os detalhes do processo e ficar perceptível a evolução da qualidade do serviço da distribuidora. “É difícil prever o comportamento do mercado”, disse o executivo ao Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor. Ele, porém, aposta que os investidores terão uma avaliação melhor da empresa “à medida que esclarecemos e deixamos claro os detalhes do reajuste tarifário e a sustentabilidade do flu- xo de caixa da companhia”. Ontem, as ações da Eletropaulo fecharam o pregão da BM&FBovespa com nova queda, de 2,24%, a R$ 5,67. Na terça, os papéis da empresa já haviam recuado 6,9%. O presidente da Eletropaulo ressaltou que a companhia vai receber até 18 de julho o aporte, no valor de R$ 506 milhões, proveniente da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). O montante é relativo à diferença entre os custos de compra de energia e de geração termelétrica homologados no último reajuste tarifário e os efetivamente incorridos entre junho de 2012 e maio de 2013. Segundo Soares, essa quantia vai gerar um impacto positivo no fluxo de caixa em curto prazo e “minar” o efeito da devolução para consumidores de R$ 773 milhões relativos a dois terços do passivo regulatório formado em Dificuldades nas estradas continuam Logística Marcos de Moura e Souza, Letícia Casado, Olívia Alonso e Sérgio Ruck Bueno De Belo Horizonte, São Paulo e Porto Alegre Apesar de decisões judiciais terem liberado a circulação de veículos nas estradas de alguns Estados ontem, empresas continuaram a dar relatos de prejuízos e dificuldades na operação logística decorrente das manifestações. “Temos reclamações de clientes que não recebem nossos produtos”, disse ontem Sérgio Macedo, vice-presidente industrial da Vilma Alimentos, tradicional fabricante de farinha e massas de macarrão de Minas Gerais. A companhia, segundo ele, enfrenta dois problemas: motoristas que não conseguiram voltar das estradas para recarregar e os que partiram para fazer as entregas e que estão parados. “Não tem solução, temos só que esperar”. Macedo disse também que os bloqueios já causaram um impacto de mais de R$ 1 milhão à Vilma Alimentos em dois dias. O faturamento diário que em geral é de R$ 2,2 milhões ficou em R$ 1,4 milhão na segunda-feira e R$ 1,7 milhão na terça. A fabricante de pão de queijo Forno de Minas estuda readequar as rotas de entrega caso os protestos nas rodovias continuem, diz José Gorgulho, gerente de logística da companhia. A sede fica em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte, e a massa, fresca e congelada, sai de lá para os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro — trechos que estão entre os que mais enfrentam paralisações de caminhoneiros. A Usiminas também foi atingida pelos protestos. Por meio de nota, informou que "o escoamento de produtos sofreu impactos em função das paralisações de caminhoneiros ocorridas nos últimos dias, com atrasos nas entregas finais”. “A empresa busca soluções para atender às necessidades dos clientes”, diz o texto. A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) não havia calculado até ontem os impactos dos protestos na produção e distribuição de produtos e insumos pelas estradas no Estado. Mas apontou que os principais afetados têm sido a indústria alimentícia, a distribuição de combustível, siderúrgicas e a revenda de eletroeletrônicos, que em geral tem estoques reduzidos nas lojas. A Paranapanema, fabricante de produtos de cobre, também não passou imune. Segundo o presidente da companhia, Edson Monteiro, como a Paranapanema sempre tem cargas para entregar em diversos locais, está sujeita, assim como outras empresas, a ter parte de suas entregas afetadas por bloqueios de estradas. A companhia tem unidades de produção industrial em Dias D'Ávila (BA) e em Santo André (SP) e clientes em diversas regiões do país. A Receita Federal chegou a ampliar em duas horas o período de atendimento no porto seco de Uruguaiana (RS), na fronteira entre o Brasil e a Argentina, para normalizar o fluxo de caminhões entre os dois países. Quase 300 caminhões estavam parados no fim da tarde de ontem no pátio e nas vias de acesso ao porto seco, que recebe em média 500 veículos por dia. Ver mais na página A2 função da postergação da data da terceira revisão tarifária da empresa, em junho de 2012. “A devolução será feita pelo fluxo de caixa e sem necessidade de contratação de dívida e sem quebra dos ‘covenants’ [limites] financeiros nos próximos 18 meses”, disse o executivo, em teleconferência com investidores sobre o reajuste tarifário. “Não vemos qualquer risco de quebra desses ‘covenants’ olhan- do para frente. E diria que a partir de setembro devemos estar num nível de ‘covenants’ abaixo de 2,80 [dívida líquida sobre Ebitda], lembrando que o limite estabelecido para o terceiro trimestre é de 3,50. Não estamos vendo nenhuma ameaça em relação aos ‘covenants’ e à sustentabilidade do fluxo financeiro, mantendo os nossos investimentos programados para o ano no ritmo normal”, completou. (RP) Embraport inicia operação de terminal em Santos Porto De São Paulo A Empresa Brasileira de Terminais Portuários (Embraport) deu início, ontem, às operações comerciais de seu terminal no Porto de Santos. Segundo a empresa, controlada pela Odebrecht TransPort e pela DP World, o começo das atividades, previsto para o primeiro semestre, dependia de licenças de operação marítima, ambientais e da Receita Federal, que foram obtidas nas últimas semanas. O empreendimento teve investimento de R$ 2,3 bilhões, sendo R$ 1,4 bilhão para obras e R$ 900 milhões em equipamentos. Em sua primeira fase, tem capacidade de movimentação anual de 1,2 milhão de Teus (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés), 653 metros de cais e 207 mil m2 de pátio. Segundo a Embraport, a continuidade das obras do terminal, para elevar a capacidade, dependerá da demanda do mercado. Localizado ao lado do terminal de granéis líquidos da Ilha Barnabé, o terminal possui acesso pela Rodovia Cônego Domênico Rangoni e seu terreno é cortado por uma linha férrea. As operações foram oficialmente inauguradas com a escala do navio Mercosul Manaus, que faz transporte marítimo de cargas de cabotagem (navegação entre portos). Operado pela Mercosul Line em parceria com a Login, o navio tem 210 metros de comprimento e capacidade para 2.500 Teus. Foram embarcados 271 contêineres, em trabalho que envolveu 60 integrantes da Embraport e durou nove horas. (OA)