1 METODOLOGIA DE DIAGNÓSTICO DE CLIMA ORGANIZACIONAL EM AMBIENTE DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA Autores: Jacqueline Silveira de Sá Leitão, Tomás de Aquino Guimarães e Monica Aun de Azevedo Rosal RESUMO: Este trabalho descreve uma metodologia de diagnóstico de clima organizacional em organização de P&D. Foi realizada pesquisa longitudinal, com três aplicações de um questionário contendo questões com respostas padronizadas em uma escala de seis pontos, acerca de percepção de clima organizacional. A primeira versão do referido instrumento, contendo 95 questões foi aplicada, no primeiro semestre de 1996, junto a uma amostra de 850 empregados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Após realizada análise fatorial foi gerada uma segunda versão do questionário com 74 itens, com respostas padronizadas segundo a mesma escala original, a qual foi validada em mais duas aplicações, realizadas em dezembro de 1996 e agosto de 1997, junto a amostras de 454 e de 487 empregados, respectivamente, da mesma organização. Os dados foram submetidos a nova análise fatorial, permanecendo o agrupamento dos itens em sete fatores, a saber: gerenciamento centrado em pessoas e produção; comprometimento com a empresa; oportunidade de desenvolvimento e ascensão; eqüidade salarial; alcance de resultados organizacionais; condições de trabalho, e autogestão de equipes de trabalho. Nas três análises os sete fatores apresentaram índices de consistência interna satisfatórios, bem como sentido conceitual adequado. 1. INTRODUÇÃO Avaliar a percepção de empregados sobre o clima organizacional tem sido uma preocupação de organizações modernas, com a finalidade de adotar medidas de intervenção para melhorá-lo. O clima é importante para a produtividade da organização, na medida em que interfere diretamente na satisfação, na motivação e na criatividade dos empregados. Os estudos nessa área são particularmente úteis porque fornecem um diagnóstico da organização, bem como indicações de áreas carentes de atenção especial. Embora existam vários estudos sobre clima organizacional, a maioria caracteriza-se como diagnóstico isolado e pontual servindo, portanto, para uma organização, num determinado momento. São poucos os estudos que apresentam metodologia ou instrumento validado que possa ser utilizado para acompanhar a variação do clima organizacional e ser replicado em outras organizações. O acompanhamento do clima permite à organização monitorá-lo e tomar decisões para correção de problemas e fortalecimento de aspectos positivos existentes. Este estudo foi estruturado para atender estes objetivos: caracterizar e acompanhar o clima organizacional da EMBRAPA e validar um instrumento de coleta de dados sobre clima em organizações de P&D. 2. REVISÃO DA LITERATURA Clima organizacional tem sido apontado por alguns estudiosos como um fenômeno de relevância nas organizações, devendo ser conhecido para que se tenha um melhor entendimento das mesmas. Segundo Payne & Mansfield (1977), reconhecer que a organização é um ambiente psicologicamente significativo para seus membros, tem levado ao conceito de 2 clima organizacional. O referido autor afirma que existe interesse, tanto teórico como prático, em se investigar este tema. Em termos teóricos, aponta que através de análise abrangente de variáveis relevantes, aprofunda-se o estudo do funcionamento das organizações. Já no nível prático, a investigação sobre o clima organizacional oferece oportunidade para avaliação de diversos aspectos da organização tais como estilos de liderança e situações de ineficiência e de ineficácia do sistema. Esse autor conclui que o resultado de tudo isso é uma maior e melhor possibilidade de intervenção na organização. Na área do comportamento organizacional existem alguns assuntos que são de difícil compreensão e que se confundem em sua abrangência. Dentre estes, o clima organizacional é um dos mais confusos e mal compreendidos. A própria metáfora de onde se origina o termo clima denota a dificuldade em se precisar sua ocorrência e compreensão, quando se observa que as previsões do clima atmosférico dificilmente são precisas e seguras. A maior fonte dessa confusão é fruto da grande dificuldade que se tem ao tentar definir clima organizacional. Souza (1983), refletindo sobre esta questão, afirma que "embora a palavra clima seja de entendimento comum como sinônimo de atmosfera, sua investigação e análise científica não é tão fácil assim. Não há concordância na definição do termo, nem no desdobramento de seus fatores componentes". Percebe-se este problema ao se detectar a falta de clareza existente quanto à diferença entre o construto clima e o construto cultura. Em revisão sobre comportamento organizacional, Schneider (1985) aborda esse assunto afirmando que "enquanto que a pesquisa de clima tem se preocupado com as dimensões ou facetas das políticas que caracterizam um fenômeno organizacional particular (serviços, inovação), estudiosos de cultura desejam compreender: a) as normas e os sistemas de valores que ocasionam as políticas e atividades e b) os modelos com que as normas e valores são comunicados e transmitidos. Buscando aclarar esta questão, Denison (1996) defende que a cultura refere-se a essência da estrutura da organização, que é enraizada nos valores, crenças e suposições sustentadas pelos membros da organização. Já o clima está sujeito aos aspectos do ambiente social que são conscientemente percebidos pelos membros da organização, sendo considerado relativamente temporário. É possível observar que estas tentativas de diferenciação defendem, basicamente, a idéia segundo a qual clima estaria inserido dentro de um âmbito maior que diz respeito à cultura. Em outras palavras, pode-se associar a cultura com a filosofia que permeia a organização, com os valores responsáveis pela sua institucionalização, enquanto que o clima seria associado às políticas empregadas para a consecução da filosofia existente e que são conseqüentes desta. Na revisão da literatura sobre clima organizacional, percebe-se também uma constante confusão entre clima e satisfação no trabalho. Freqüentemente essa dificuldade diz respeito aos instrumentos de medida utilizados em estudos referentes a esses dois elementos, bem como à relação de causalidade entre eles. Sims & La Fallette (1975) ressaltam que, embora os estudos efetuados apontem para a existência de relação entre clima organizacional e satisfação, aceitar a afirmação de redundância ou de causalidade traz um elevado grau de subjetividade de julgamentos e que a questão da redundância só será resolvida por intermédio de pesquisas longitudinais com análises de causas. Assim, é possível discordar daqueles que afirmam que a pesquisa de clima pode ser nada mais do que a reinvenção do ciclo de satisfação. As descrições levam para uma classificação de clima como orientado para descrição/orientação e satisfação orientada para avaliação/indivíduo. Moran e Volkwein (1992) apresentam uma definição abrangente e esclarecedora, segundo a qual "clima organizacional é uma característica relativamente duradoura de uma organização que a distingue das demais e: a) inclui percepções coletivas dos membros sobre sua organização com relação a dimensões como autonomia, confiança, coesão, apoio, 3 reconhecimento, inovação, honestidade etc.; b) é produzido pela interação dos membros; c) serve como uma base para interpretar as situações; d) reflete as atitudes, normas e os valores prevalecentes da cultura da organização; e e) atua como uma fonte de influência para comportamentos apresentados". É possível constatar a existência de alguns elementos fundamentais para a definição do construto clima. Primeiramente, está presente a referência à percepção como instrumento de sua detecção. Mas perceber o quê? É onde entram os atributos. Ao empregado é solicitado que explicite a percepção que ele tem sobre a organização e este realiza julgamentos sobre algumas de suas características, que resultam em atributos. A partir deste elemento, aparece a indicação da multidimensionalidade dos aspectos que influenciam a percepção do clima. Esta pode abarcar variáveis individuais (história de vida, estrutura familiar, experiência profissional, valores etc.) e variáveis da organização (tamanho da empresa, estrutura de comunicação, estilos de liderança etc.) que, juntas, compõem a definição dos atributos organizacionais. A percepção do empregado é influenciada por estes elementos, e resulta no conceito que ela faz da organização. Como sugestão de resposta à questão “como o clima organizacional se forma?”, Moran & Volkwein (1992) ofereceram um modelo teórico contendo quatro categorias: a) estrutural – o clima é uma manifestação da estrutura organizacional; b) perceptual – a base para a formação do clima estaria dentro do indivíduo, ou seja, este seria resultado de uma descrição psicológica das condições organizacionais; c) interativa – o clima seria resultado da interação do indivíduo, que conduz à concordância compartilhada; e d) cultural – o clima é criado por um grupo de indivíduos interagindo, que compartilham uma estrutura de referência abstrata, isto é, a cultura da organização. Levantadas algumas questões quanto à delimitação do clima organizacional, encaminha-se à problemática que sempre resulta quando acontece a má compreensão deste construto, que é a sua coleta de dados. 2.1- Medidas de clima organizacional A importância de tratar a questão de medidas de clima organizacional é nítida quando se observa o quanto os estudos que estão sendo realizados sobre este tema abordam as dificuldades de se encontrar um instrumento eficaz para sua medição. Considera-se, portanto, importante que sejam conhecidas algumas pesquisas que buscaram encontrar instrumentos mais eficientes na pesquisa de clima. Waters, Roach e Batlis (1974) realizaram pesquisa com o objetivo de elaborar um instrumento de clima organizacional. Após a análise dos resultados, afirmaram que usar o indivíduo como unidade de análise parecia apropriado. Jabri (1986) construiu e usou um instrumento de clima organizacional, desenvolvido como um elemento de diagnóstico das características do clima de equipe de P&D. Desenvolveu uma medida de clima, onde o foco estava no nível de grupo mais do que da organização como um todo. Foi investigada a percepção dos empregados sobre as dimensões: suporte do líder da equipe, flexibilidade e autonomia concedida aos indivíduos na equipe, conflito e cooperação dentro da equipe, perspectiva de promoção para membros da equipe, suporte da alta gerência, distribuição de tarefas entre os membros da equipe e clima de realização dentro da equipe. O questionário foi aplicado a 300 cientistas, todos trabalhando em equipes de P&D na indústria farmacêutica. Em seu estudo Jabri (1986) desenvolveu um sistema de “feedback” composto de dois elementos: o CLIMAP (Climate Mapping) representado por uma tabela que oferece um quadro visual do perfil de cada respondente, em contraste com as respostas agregadas dos 4 demais membros da equipe, em relação a cada dimensão de clima. O outro elemento é o LOCMAT (Lacation Matriz) que apresenta, em forma de matriz, a localização de cada membro em relação aos demais membros, no que diz respeito à sua percepção de clima da equipe e à extensão de sua concordância/discordância. Assim, o LOCMAT permite ver como membros da equipe diferem em suas percepções em relação a cada dimensão do clima, e o CLIMAP como estão os indivíduos, comparados de forma agregada, em equipe, com relação a todas as dimensões. Em outro estudo visando validar um instrumento de clima em relações industriais, Dastmalchian, Blyton e Adamson (1989) realizaram pesquisa em duas organizações. O instrumento de clima consistia de 26 itens ou afirmações que mediam seis dimensões de clima: cooperação gerente/sindicato, recompensa mútua, apatia, participação no trabalho, hostilidade e confiança/justiça. Foi realizada análise de componentes principais com rotação varimax, que resultou em cinco fatores: harmonia, abertura, hostilidade, apatia e prontidão, que obtiveram consistência interna adequada, indicando confiabilidade das dimensões. Moos (1986) oferece uma estrutura de análise social-ecológica, que considera os aspectos físicos e sociais do trabalho e seus determinantes e efeitos do clima social. Dentro do que este autor chama de "arcabouço conceitual holístico", defende a idéia de que o significado do trabalho deve ser considerado em termos do contexto social. O referido modelo sugere que sejam consideradas tanto as variáveis organizacionais quanto as individuais na compreensão do indivíduo, sobre as relações que são estabelecidas no processo de determinação do clima organizacional. Moos (1986) propõe um instrumento de medição de clima, organizado sob a forma de 90 sentenças que compõem 10 fatores: envolvimento, coesão de pares, suporte do supervisor, autonomia, orientação para a tarefa , pressão no trabalho, clareza, controle, inovação e conforto físico. Estas sentenças são elaboradas em forma de situações, as quais devem ter sua ocorrência avaliada pelos sujeitos em uma escala de dois pontos do tipo “sim” e “não”. Schuster, Morden, Baker, McKay, Dunning & Hogan (1997) em um estudo longitudinal (por 5 anos), objetivando estabelecer a relação entre administração centrada nas pessoas e o aumento dos resultados do trabalho, utilizaram um instrumento de clima (HRIHuman Resources Index) que investiga 15 fatores: sistema de recompensa, comunicação, efetividade da organização, preocupação com as pessoas, satisfação intrínseca, estrutura, relacionamento, clima, participação, grupo de trabalho, competência intergrupo, qualidade da administração, todos com índices de consistência interna satisfatórios. Kivimäki, Kuk, Elovainio, Thomson, Kalliomäki-Levanto & Heikkilä (1997) estudaram a relação entre o nível de complexidade do trabalho e o clima de equipes de trabalho por meio de instrumento, elaborado por Anderson & West (1994), que consiste de cinco fatores, composto de 38 itens. Os fatores são: visão, orientação para a tarefa, suporte à inovação, participação e freqüência de interação. Apesar de haver uma linha de conteúdo semelhante nas pesquisa apresentadas, observa-se que existe certa variação no que se refere aos fatores tratados. Este fato parece indicar a necessidade de as pesquisas de clima abordarem conteúdos que têm relação com a organização em estudo, isto é, deve-se investigar a percepção dos empregados sobre aquilo que é pertinente ao seu ambiente de trabalho. Verifica-se, também, com esta amostra de estudos citados, que não são muitas as pesquisas que utilizam de investigações longitudinais, embora este formato seja indicado como necessário para uma melhor verificação das questões estudadas. 5 3. METODOLOGIA 3.1 – Modelo e Instrumento A metodologia para investigação da qualidade do clima organizacional da EMBRAPA foi estruturada com base na abordagem fenomenológica, que trata o clima como resultante de uma estrutura perceptivo/cognitiva. O modelo idealizado parte do pressuposto que clima organizacional é o somatório das percepções que os empregados têm de todo um contexto organizacional, que influencia diretamente a convivência de cada indivíduo no ambiente de trabalho, trazendo conseqüências para os desempenhos individuais e, portanto, para o desempenho da organização. Com base nessas premissas, o referido modelo conceitual envolveu quatro dimensões do clima, a saber: ocupacional, organizacional, psicossocial e extra-organizacional, descritas a seguir. As dimensões comportavam quinze fatores, cada um composto de quatro a treze itens, que retratam aspectos do ambiente organizacional ou extra-organizacional considerados relevantes e que interferem na qualidade do clima, na motivação e na satisfação dos empregados. As dimensões estão conceituadas a seguir e orientaram a elaboração das questões do questionário. Dimensão ocupacional - refere-se ao exercício de papéis ocupacionais, ao desempenho do empregado no cargo e à perspectiva de crescimento na carreira. É formada pelos fatores responsabilidade, padrão de desempenho e desenvolvimento profissional. Dimensão organizacional - compreende as condições propiciadas pela organização para que o empregado desempenhe o seu papel ocupacional. Esta dimensão envolve os fatores estrutura, clareza organizacional, apoio logístico, saúde e segurança no trabalho, e recompensa. Dimensão psicossocial - conjunto de comportamentos individuais ou grupais presentes na organização, isto é, a manifestação de sentimentos e atitudes dos empregados em relação às pessoas, ao trabalho e à própria organização. Inclui fatores como estilo de gerência, reconhecimento, participação, cooperação e comprometimento. Dimensão extra-organizacional - refere-se a condições ambientais que extrapolam as fronteiras da organização e que podem interferir no comportamento do empregado no trabalho. Envolve o ambiente familiar e outras situações da vida do empregado, incluindo as relações entre situações externas e internas à Empresa. A metodologia foi operacionalizada por meio da aplicação de questionário, composto de duas partes. A primeira visava coletar dados pessoais e profissionais do respondente, compreendendo: unidade de lotação; sexo; idade; ocupação ou não do cargo de pesquisador; área de trabalho do empregado não-pesquisador; escolaridade; tempo de serviço no cargo atual; tempo total de serviço; ocupação ou não de cargos e/ou funções de gerência (incluindo liderança de projeto). A segunda parte, da primeira versão do questionário, continha 95 questões relativas ao clima organizacional conforme proposto no modelo. Na última página havia um espaço para o respondente expressar suas críticas e sugestões acerca do questionário. O instrumento apresentava orientações para seu preenchimento no início de cada parte. A escala utilizada foi de seis pontos, cujos extremos caracterizam situações opostas em relação a cada situação avaliada. Coube ao respondente atribuir um grau de concordância o qual, quanto mais perto do número 1, significa maior a concordância com a afirmativa da esquerda, e quanto mais perto do número 6, maior a concordância com a afirmativa da direita. A idéia de um continuum existente nessa escala visava facilitar ao respondente assinalar a posição que melhor representasse a sua opinião, sem se prender a conceitos que qualificam cada ponto da escala, mas que podem inibir as respostas. 6 3.2 - Amostras A população da qual foram sorteadas as amostras era composta por empregados da EMBRAPA com, pelo menos, segundo grau de escolaridade1, totalizando cerca de 4900 empregados. Os respondentes foram escolhidos pelo método de amostragem aleatória estratificada, por unidade de lotação e natureza da categoria funcional (apoio técnico, apoio administrativo, técnico-científico e gerencial). Fixou-se um mínimo de quatro empregados por centro de pesquisa, de forma a manter a representatividade por centro, no caso daqueles com menos de 40 (quarenta) empregados em seus quadros. Foram coletadas as percepções sobre o clima da EMBRAPA com três amostras de empregados, no primeiro e no segundo semestre de 1997 e em agosto de 1997, sendo que a primeira amostra contou com 856 respondentes2, a segunda com 454 e a terceira com 487 empregados. Para a segunda e terceira amostras fixou-se um critério adicional para escolha das mesmas, que consistia em incluir uma proporção em torno de 50% dos respondentes da amostra anterior. Este procedimento teve a finalidade de testar em que medida a percepção sobre o clima da Empresa variava em razão de mudanças no próprio clima ou de mudanças de respondentes. Os questionários foram encaminhados aos empregados sorteados, acompanhados de uma carta, a qual solicitava a participação dos respondentes na pesquisa, e fornecia instruções para devolução do questionário respondido Cada respondente recebeu, além do questionário e da carta de apresentação, um envelope para a devolução, endereçado ao responsável pela pesquisa. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os dados foram analisados de forma agregada, mediante a utilização do programa estatístico “SPSS for Windows”. Foi realizada análise fatorial para validação do instrumento, composto por 95 itens referentes à percepção de clima. Antes de proceder à análise fatorial, realizou-se uma análise preliminar dos dados referentes aos 850 questionários da primeira amostra. Observou-se os casos de ausência de respostas (missings), o ajustamento entre as distribuições e as mudanças necessárias antes de se realizar a análise multivariada. Os missings foram substituídos pela média. Verificou-se que, dentre os 95 itens da primeira versão do questionário, que medem a percepção de clima, três deles apresentaram assimetria ou curtose que, mesmo após transformados, não alcançaram normalidade em suas distribuições. Optou-se, então, por excluí-los. A análise fatorial incluiu alguns procedimentos que antecedem o agrupamento dos fatores propriamente dito. Inicialmente, foi feito um estudo exploratório dos dados, por meio da análise dos componentes principais, com o objetivo de verificar a indicação ou não da solução fatorial, bem como o número de fatores a serem extraídos. Observando-se a matriz de correlações, verificou-se que a maior parte dos índices correlacionais, mais de 10%, era maior que .30, indicando a possibilidade do uso da análise 1 Considerando o formato do questionário e a metodologia de coleta de dados à distância, os autores verificaram, na validação semântica do questionário que indivíduos com grau de escolaridade menor que segundo grau não tinham a compreensão necessária para responder adequadamente à pesquisa. 2 Uma parte da primeira amostra desta pesquisa também respondeu a outro questionário, destinado a medir a percepção de pesquisadores e gerentes de pesquisa da Embrapa sobre a presença de fatores que caracterizam a obsolescência técnica e gerencial e como eles se manifestam na Empresa. A idéia foi não só facilitar a aplicação dos dois questionários mas, principalmente, possibilitar a análise das relações entre a percepção dos respondentes sobre clima e sobre obsolescência, que será feita em outro momento. 7 fatorial. Além da matriz correlacional foram calculados os seguintes índices: medida de adequação da amostra (Kaiser-Meyer-Olkin), igual a .95, a qual, segundo classificação proposta por Kaiser (em Norusis, 1993), é um bom índice de adequabilidade; o teste de esfericidade de Bartlett (Bartlett Test of Sfhericity), apresentando p<.000001, indicou significância dos dados amostrais. Por meio da matriz de correlação anti-imagem, verificou-se outro índice de adequação amostral, o MSA - Measures of Sampling Adequacy - onde predominaram valores iguais ou superiores a .80. Concluindo, todos os indicadores estudados revelaram que os dados amostrais são fatoráveis. Foi realizada a estimativa do número de fatores que provavelmente entrariam na análise, por meio da inclinação da reta do gráfico Scree Plot. O número de fatores sugerido pela estimativa foi de aproximadamente nove. Optou-se, com base nos dados da pesquisa, pela extração com sete fatores, que apresentou melhor solução fatorial. A análise fatorial foi realizada com o objetivo de identificar os fatores subjacentes aos itens que compõem o instrumento de medida do clima organizacional. Assim, foi possível fazer uma recomendação sobre os itens que deveriam permanecer na próxima versão do questionário, bem como as dimensões e fatores efetivamente verificados após esses testes. Alguns itens foram excluídos por não se enquadrarem em nenhum dos fatores extraídos. Para realizar a extração fatorial, utilizou-se os processos de “Análise dos Eixos Principais” (PAF) e de rotação oblíqua, obtendo-se sete fatores através da análise dos componentes principais. Os critérios de retenção dos fatores foram: Eigenvalue igual ou maior que 1; cargas fatoriais maiores que .30 e itens com conteúdo semântico semelhante. Foram extraídos sete fatores, do total dos 92 itens restantes, mostrados a seguir3. 3 Alguns itens fizeram parte de mais de um fator. 8 Fator 1 - Gerenciamento centrado em pessoas e produção Este fator apresenta 23 itens. As cargas fatoriais são positivas, indicando que o fator é unipolar. Todos os seus itens evidenciam aspectos relacionados ao gerenciamento de pessoas, no que diz respeito à preocupação com indivíduos e aqueles relativos ao resultado do trabalho (Tabela 1). O α = .95 denota elevada consistência interna do fator. Tabela 1 - Fator 1 – Gerenciamento centrado de pessoas e produção Item Carga h2 Descrição dos itens 62 .86 .69 19 61 .80 .79 .66 .60 50 20 .79 .78 .72 .65 31 37 9 .78 .77 .75 .70 .69 .60 41 58 .75 .73 .61 .57 56 .71 .52 60 .67 .51 63 .54 .43 39 64 .50 .49 .52 .40 71 43 10 21 .44 .44 .42 .38 .52 .41 .53 .52 40 .38 .40 1 30 46 .38 .36 .34 .34 .41 .39 Sensibilidade e compreensão, por parte da chefia imediata, com relação aos problemas dos empregados Receptividade da chefia imediata a críticas relativas ao trabalho Igualdade de tratamento, pela chefia imediata, em relação aos empregados sob sua supervisão Entusiasmo e motivação para o trabalho, transmitidos pela chefia imediata Reconhecimento, pela chefia imediata, do esforço e competência demonstrados pelos empregados Clareza das atitudes da chefia imediata Estímulo dado pela chefia imediata ao sentimento de cooperação Compartilhamento, entre a chefia imediata e a equipe, das decisões importantes Clareza das solicitações feitas pela chefia imediata Postura demonstrada pela chefia imediata no que se refere à solução de problemas x punição de culpados Compartilhamento, entre a chefia imediata e a equipe, a respeito de como o trabalho deve ser feito Comunicação feita aos empregados, pela chefia imediata, sobre o que ocorre na unidade de lotação Importância atribuída pela chefia imediata ao atingimento de objetivos x cumprimento de horário Importância atribuída pela unidade à satisfação da clientela Nível em que a responsabilidade pelas decisões tomadas no setor de trabalho é assumida pelos respectivos responsáveis Clareza das atribuições definidas para os empregados Freqüência com que o empregado é elogiado pelo trabalho realizado Valorização atribuída ao trabalho individual Existência, na unidade de lotação, de liberdade de expressão de sentimentos e pensamentos Distribuição de tarefas com base na formação e capacitação dos empregados Estímulo a assumir responsabilidades no trabalho Adequação da distribuição de tarefas no setor de trabalho Freqüência com que os empregados são solicitados a apresentar realizações ou resultados Eigenvalue = 22.24; variância total = 29.3%; variância comum = 29.3%; Alpha de Cronbach (α) =.95 Fonte: Dados básicos dos questionários. 9 Fator 2 - Comprometimento com a empresa O fator 2 é composto por oito itens, três dos quais apresentaram cargas negativas, o que atesta a polaridade existente no fator. Os itens com carga negativa sofreram transformações por logaritmo e foram mudados seus sinais para refletir a idéia da escala original. A consistência interna mostrou-se boa (α = .79). Cinco itens dizem respeito ao comprometimento com a empresa, e três à falta de interesse, de orgulho e de importância dada à empresa (Tabela 2). Tabela 2 - Fator 2 - Comprometimento com a empresa Item Carga h2 Descrição dos itens 59 74 .73 .50 .50 .43 73 57 45 .50 .50 .39 .49 .42 .56 A decisão de trabalhar na Embrapa foi correta Concordância de que os rumos traçados pela Embrapa levam ao seu sucesso Sentimento sobre a recompensa do tempo e esforço dedicados à Embrapa Sentimento de que trabalha para a melhor organização Sentimento de que a Embrapa inspira o progresso do empregado no desempenho do seu cargo Orgulho sentido pelo empregado por trabalhar na Embrapa Maneira de referir-se sobre a Embrapa com amigos Importância das atividades do empregado para o alcance dos objetivos da sua unidade de lotação 38log -.76 11log -.60 36log -.42 .78 .39 .34 Eigenvalue = 3,49; variância total = 33,9%; variância comum = 4,6%; Alpha de Cronbach (α) =.79 Fonte: Dados básicos dos questionários. Fator 3 – Oportunidade de desenvolvimento e ascensão De acordo com a Tabela 3, adiante, este fator contém 13 itens. O escore fatorial representa a existência de boas oportunidades de desenvolvimento e ascensão, uma vez que os itens foram direcionados para esse polo. O fator demonstrou, também, boa consistência interna (α = .83). 10 Tabela 3 - Fator 3 - Oportunidade de desenvolvimento e ascensão Item Carga h2 Descrição dos itens 53 .63 .34 29 3 15 54 45 .56 .53 .52 .52 .47 .23 .35 .33 .18 .56 47 44 .46 .42 .20 .38 49 .38 .52 69 33 55 10 .37 .34 .31 .31 .35 .42 .40 .53 Freqüência com que o empregado mantém contatos com profissionais de outras organizações Participação em treinamento de longa duração Oportunidade de ocupar cargos mais elevados na Embrapa Possibilidade de aprender coisas novas por meio das atividades que realiza Participação em treinamento de curta duração Percepção de que a Embrapa inspira o empregado a progredir no desempenho do seu cargo Ascensão na carreira, com ocupação de cargos mais complexos Iniciativa, por parte do empregado, de participar dos trabalhos desenvolvidos na unidade de lotação Freqüência com que o empregado se sente recompensado pelo trabalho que realiza Conhecimento da programação de trabalho da unidade Existência, na unidade de lotação, de critérios para promoções salariais Relação percebida entre bom desempenho e promoção salarial Valorização atribuída, na unidade, aos trabalhos executados pelos empregados Eigenvalue = 2,57; variância total = 37,3%; variância comum = 3,4%; Alpha de Cronbach (α) =.83 Fonte: Dados básicos dos questionários. Fator 4 - Eqüidade salarial Este fator é formado de cinco itens com cargas, como pode ser visto na Tabela 4. Os itens referem-se a justiça tanto na definição do salário, como das recompensas existentes na organização. A consistência interna do fator mostrou-se regular (α = .70). Tabela 4 - Fator 4 - Eqüidade salarial Item Carga h2 Descrição dos itens 7 65 .77 .70 .46 .40 67 55 49 .43 .35 .30 .23 .40 .52 Relação entre salário recebido e desempenho Relação entre o salário pago pela Embrapa e o salário pago por outras organizações públicas Valor dos benefícios oferecidos pela Embrapa Relação entre bom desempenho e promoção salarial Freqüência com que o empregado se sente recompensado pelo trabalho que realiza Eigenvalue = 2,12; variância total = 40,1%; variância comum = 2,8%; Alpha de Cronbach (α) =.70 Fonte: Dados básicos dos questionários. 11 Fator 5 - Alcance de resultados organizacionais Como pode-se observar na Tabela 5, adiante, este fator contém 18 itens, todos com cargas positivas. O índice Alpha (α= .92), mostra uma alta consistência interna entre os itens que formam o fator. Tabela 5 - Fator 5 - Alcance de resultados organizacionais Item Carga h2 Descrição dos itens 17 14 42 5 34 25 39 2 26 28 .76 .73 .71 .71 .71 .65 .63 .56 .50 .50 .55 .51 .49 .47 .48 .59 .52 .57 .38 .60 35 70 .49 .47 .61 .48 16 .46 .34 33 21 .41 .36 .42 .52 4 68 .35 .33 .30 .40 69 .30 .35 Existência de definição de prioridades na unidade de lotação Nível de obtenção de resultados da unidade de lotação Percepção de que o chefe da unidade é uma pessoa ativa Existência de objetivos claramente definidos na unidade de lotação Confiança dos empregados em relação à chefia da unidade Preocupação constante com a qualidade, na unidade de lotação Importância atribuída pela unidade à satisfação da clientela Estímulo oferecido pela unidade para o empregado ter sucesso no trabalho Divulgação, entre os setores da unidade, das atividades que executam Estímulo, proporcionado pela unidade de lotação, à utilização, pelo empregado, do seu potencial de trabalho Relação entre competência profissional e progresso na carreira Clareza quanto ao padrão de desempenho esperado do empregado, pela unidade de lotação Coerência na distribuição de funções entre os setores/áreas de trabalho, na unidade de lotação Existência, na unidade de lotação, de critérios para promoções salariais Existência, na unidade de lotação, de liberdade para expressão de sentimentos e pensamentos Existência de colaboração entre diferentes setores de trabalho Clareza das normas e regras da Embrapa a serem seguidas pelo empregado Nível de conhecimento, por parte do empregado, a respeito da programação de trabalho da sua unidade Eigenvalue = 1,82; variância total = 42,5%; variância comum = 2,4%; Alpha de Cronbach (α) =.92 Fonte: Dados básicos dos questionários. Fator 6 - Condições de trabalho Este fator é composto de oito itens, como mostra a Tabela 6, a seguir. Os itens apresentam cargas positivas, o que significa que os mesmos organizam-se na mesma direção. No entanto, o índice de consistência interna Alpha (α= .70), mostra que os itens integrantes deste fator têm consistência interna regular. 12 Tabela 6 - Fator 6 - Condições de trabalho Item Carga h2 Descrição 8 18 12 6 48 23 4 32 .69 .69 .45 .39 .62 .32 .30 .30 .56 .53 .19 .30 .44 .18 .30 .11 Qualidade das condições físicas do local de trabalho Nível das condições de segurança do local de trabalho Influência de problemas familiares na vida funcional na Embrapa Disponibilidade de equipamentos adequados ao trabalho realizado Adequação do local de trabalho Influência do trabalho na vida familiar Existência de colaboração entre diferentes setores de trabalho Suficiência do número de empregados de apoio, na Unidade, para desenvolver suas atividades Eigenvalue = 1,58; variância total = 44,6%; variância comum = 2,1%; Alpha de Cronbach (α) =.70 Fonte: Dados básicos dos questionários. Fator 7 – Autogestão de equipes de trabalho De acordo com a Tabela 7, adiante, este fator é composto de nove itens. Quase todos os itens têm cargas positivas, exceto um, o qual sofreu transformação por raiz quadrada, e teve seu sinal mudado para refletir a idéia da escala original. A consistência interna do fator mostrou-se boa (α = .84) Tabela 7 - Fator 7 - Autogestão de equipes de trabalho Item Carga h2 Descrição 22 .60 .51 66 .60 .44 27 .54 .42 13 46 .52 .38 .42 .39 71 52 .38 .37 .52 .46 30 cli51rq .37 -.30 .41 .49 Existência de cooperação, na equipe de trabalho, para realização de atividades Iniciativa, por parte dos colegas do setor de trabalho, de realizar a sua parte nos objetivos da Embrapa Disposição de assumir compromisso com o trabalho, independentemente de cobrança por parte da chefia Preocupação com a obtenção de resultados, no setor de trabalho Freqüência com que os empregados são solicitados a apresentar resultados Clareza das atribuições definidas para os empregados Esforço demonstrado pelos colegas do setor de trabalho para divulgar o trabalho e o nome da equipe Adequação da distribuição de tarefas, no setor de trabalho Qualidade do tratamento entre colegas de trabalho Eigenvalue = 1,16; variância total = 46,1%; variância comum = 1,5%; Alpha de Cronbach (α) =.84 Fonte: Dados básicos dos questionários. As análises realizadas com os dados da primeira amostra demonstraram que 74 de 95 questões contidas no questionário permaneceram nos fatores anteriormente descritos com índices de confiabilidade e consistência interna satisfatórios. Com base nestes resultados foi elaborada uma nova versão do instrumento com as 74 questões e feita a replicação em duas outras amostras. Foram observados resultados estatísticos semelhantes na segunda e na 13 terceira amostras, que indicaram a validade do instrumento para o estudo do clima organizacional em ambientes de inovação tecnológica. No que diz respeito ao modelo teórico que serviu de base ao estudo verifica-se que a dimensão “extra-organizacional” teve a grande maioria de seus itens eliminada. Os itens desta dimensão que permaneceram no modelo foram agrupados a fatores cujo significado principal não enfatiza a conotação da importância de variáveis externas à organização na determinação do clima organizacional. 5 - CONCLUSÕES Os resultados encontrados neste estudo apontam que o instrumento construído possui consistência suficiente para possibilitar diagnósticos de clima organizacional em ambientes de inovação tecnológica. Sua utilização em realidades diferentes desta deve ser analisada uma vez que, apesar de haver uma estrutura básica de conteúdos a ser estudada nas pesquisas de clima, existem características peculiares a cada organização que devem ser observadas. De qualquer sorte, é possível afirmar que este questionário pode ser utilizado em outros tipos de ambiente organizacional, desde que sejam feitas adaptações semânticas no enunciado de algumas questões. O questionário foi utilizado no Banco do Brasil e na Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuário (INFRAERO), sendo que a análise fatorial indicou os mesmos fatores descritos neste trabalho. Ressalta-se também, que o presente instrumento é destinado a empregados com nível de escolaridade a partir de segundo grau. Este fato indica sua inadequação em pesquisas junto a indivíduos com nível de escolaridade abaixo do mencionado. Para estes, deve-se utilizar outra metodologia adequada a esta clientela. Parece importante ainda reforçar a validade de serem realizados estudos longitudinais, por permitirem o acompanhamento do impacto dos processos de trabalho e das mudanças organizacionais na percepção do empregado quanto a seu ambiente de trabalho. 14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Dastmalchian, A.; Blyton, P. & Adamson, R. (1989). Industrial relations climate: testing a construct. Journal of Occupational Psychology, v. 62, pp. 21-32. Denison, D. R. (1996). 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