Ciência Animal 1998,8(2):63-68 LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO DA LEISHMANIOSE VISCERAL EM CÃES VADIOS DA CIDADE DE FORTALEZA,CEARÁ (Epidemiological survey of visceral Leishmaniasis in errant dogs of Fortaleza city, Ceará) Antonio Lima ALVES1 , Claudia Maria Leal BEVILAQUA1*, Nélio Batista de MORAES2 & Sérgio de Oliveira FRANCO3 1 Universidade Estadual do Ceará/Faculdade de Veterinária, 2 Secretaria de Saúde do Estado do Ceará, 3 Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social. RESUMO A Leishmaniose visceral (LV) é uma zoonose cuja ocorrência de casos no Brasil, concentra-se na região nordeste. Tendo em vista que o cão doméstico é tido como o principal reservatório da doença, foi realizado um inquérito sorológico para estimar a prevalência da LV em cães vadios capturados pelo Centro de Controle de Zoonoses da cidade de Fortaleza. Em 881 cães apreendidos em setembro de 1998 e examinados através do teste de imunofluorescência indireta, 14 (1,59%) apresentaram sorologia positiva. As localidades examinadas na cidade de Fortaleza foram escolhidas aleatoriamente enquanto que os dados da Fundação Nacional de Saúde (FNS) referem-se tanto aos cães provenientes de áreas de prevalência superior a 1% quanto aos casos de ocorrência de LV humana. O monitoramento da LV canina a partir da investigação sorológica em cães vadios apresentase como alternativa complementar aos inquéritos realizados pela FNS na população de cães domiciliados. PALAVRAS-CHAVE: epidemiologia, Leishmaniose visceral, cães vadios, Fortaleza, Ceará ABSTRACT Visceral Leishmaniasis (LV) is a zoonosis which occurs in the North-east Brazil. Since domestic dogs are the principal reservoir of the disease the prevalence of LV was assessed in stray dogs captured during a routine work of Zoonosis Control Center of Fortaleza city. Of 881 dogs captured in September 1998 the seropositive rate was 14 (1,59%) assessed by indirect immunofluorescent assay. In this work dogs examined were choosen from random localitions while data obtained by Fundação Nacional da Saúde (FNS) refers to animals from areas of known LV prevalence superior to 1% or from districts with human cases of LV. The assessement of canine LV by means of sorological investigation in stray dogs may be a complementary alternative to the activity already detected by FNS in domestic dogs. KEY WORDS: epidemiology, visceral Leishmaniasis, stray dogs, Fortaleza, Ceará. INTRODUÇÃO A Leishmaniose visceral é uma zoonose emergente e reemergente nas regiões tropicais e subtropicais do mundo. Acomete além do homem, canídeos, felídeos, roedores e marsupiais, sendo transmitida por flebótomos (ALENCAR et al., l99l). O agente etiológico da LV é um *Autor para correspondência: Av. Paranjana, 1700 60740-000 Fortaleza, Ceará e-mail [email protected] protozoário da família Trypanosomatidae, gênero Leishmania. A espécie de ocorrência mais comum no Brasil é Leishmania (leishmania) chagasi, classificada anteriormente como Leishmania donovani (FNS, 1996). A Leishmaniose visceral (LV) se apresenta como um preocupante problema de saúde pública, ocorrendo de forma endêmica em diversas regiões do mundo (BADARÓ & DUARTE, 1977). Nas Américas, o Brasil 63 apresenta 90% dos casos, distribuídos em quatro das cinco regiões, sendo que 94% dos casos de LV humana no Brasil, são registrados na região Nordeste, principalmente nos Estados: Piauí, Bahia, Maranhão e Ceará (MONTEIRO et al., 1994). A LV é endêmica no Ceará desde 1930, apresentando ocasionalmente surtos epidêmicos (VASCONCELOS et al., 1988). No período de l994 a l995, ocorreu um surto de LV, quando foram registrados 484 casos em 1994 e 490 casos em 1995, passando a apresentar uma nítida redução nos índices de prevalência a partir de l996. Segundo ALENCAR & LANDIN (1978), no nordeste brasileiro a doença ocorre sobretudo após períodos de estiagem quando homens e cães encontram-se debilitados e com defesas orgânicas diminuídas. Após as primeiras chuvas, cresce a população de flebótomos e consequentemente a transmissão da doença. MORAIS et al. (1996), relataram que o surto registrado em 1994, ocorreu após um período de estiagem, e que a grande maioria dos casos (98,4%) foi detectado no segundo semestre. Este fato ressalta a marcante influência climática no processo de transmissão de Leishmania na região. Os mais importantes reservatórios do agente da LV no Brasil são o cão, Canis familiares, e a raposa, Lycalopex ventulus, (FNS,1994). BADARÓ & DUARTE (1977), citam ainda como reservatórios a raposa (Cerdocyon thous) e o gambá (Didelphis albeventris) os quais foram encontrados naturalmente infectados. O controle da LV envolve a adoção de três medidas básicas: o tratamento dos casos humanos, o sacrifício de cães soropositivos e infectados e redução da população dos vetores, através da aplicação de inseticida nos domicílios situados em área endêmica (ALENCAR, 1983). O objetivo do presente trabalho foi avaliar a prevalência da Leishmaniose visceral em cães vadios, capturados em trabalho de rotina pelo Centro de Controle de Zoonoses de Fortaleza (CCZ). 64 MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi desenvolvido no mês de Setembro de 1998, em cães capturados pelas carrocinhas do CCZ, como parte das medidas de controle da raiva urbana em Fortaleza, Ceará. Os animais foram apreendidos em 40 localidades representando 36,7% do total de bairros deste município, inclusive em áreas não consideradas de importância para o Calazar. Procedeu-se a investigação sorológica de 881 cães, representando 53,4% do total capturado no mês de Setembro. O teste utilizado foi a reação de imunofluorescência indireta para pesquisa de anticorpos anti-leishmania em soro de cães. Os procedimentos de coleta das amostras sangüíneas foram realizados após a contenção dos animais, a partir de pequena incisão realizada na borda do pavilhão auricular dos cães, obtendo-se em seguida uma gota espessa de sangue, a qual foi coletada em papel filtro. Estas amostras foram enviadas ao laboratório, processadas e analisadas pelos técnicos do Laboratório de Leishmaniose do Distrito Sanitário de Baturité, da FNS. RESULTADOS E DISCUSSÃO Das 881 amostras analisadas, 14 apresentaram sorologia positiva na prova de imunofluorescência indireta, determinando uma prevalência de 1,59%. A Fig.1 mostra a distribuição espacial, por região, dos bairros envolvidos na pesquisa e aqueles onde foram encontrados animais soropositivos. A Tab.1 apresenta o total de amostras examinadas e os índices de positividade por região administrativa. Das 40 localidades examinadas, 10 (25%) apresentaram amostras positivas, tendo sido observada uma significativa concentração em bairros de periferia. Esta tendência está de acordo com ALENCAR, (1983) o qual afirma a ocorrência da LV preferencialmente nos bairros periféricos, em áreas referidas como de transição. Um exemplo patente de tal condição foi observado em Fortaleza, no surto de LV ocorrido no período de l994 a l995, quando o maior número de casos foram registradas em bairros com características semi-urbanas, que mantém divisa com municípios da região de Tabela 1. Resultado do inquérito sorológico em cães vadios da cidade de Fortaleza em Setembro de l998, apresentando distribuição por região administrativa e amostras examinadas com os respectivos índices de positividade Região I II III IV V VI TOTAL N° de bairros trabalhados 6 6 7 5 8 8 40 N° de amostras examinadas 128 126 150 62 226 189 881 Fortaleza A LV tem apresentado mudanças em sua epidemiologia ao longo dos anos. Inicialmente era transmitida em ambientes silvestres e pequenas localidades rurais, passando a ocorrer em áreas urbanas de médio e grande porte (FNS, 1994). Estas alterações ecológicas tem estabelecido um processo gradual e constante de urbanização da doença em diversas localidades do país. O crescimento da população brasileira e a migração maciça das áreas rurais resultaram num aumento rápido e descontrolado das cidades do nordeste brasileiro, as quais expandiram seu perímetro urbano sobre áreas naturais circunvizinhas expondo, desta forma, um grande número de pessoas ao contato potencial com L. chagasi. (JERONIMO et al., 1994). Este trabalho representa o primeiro inquérito sorológico em cães vadios realizado no Estado do Ceará. Os dados disponíveis de prevalência para a cidade de Fortaleza foram obtidos em levantamentos executados pela FNS e referem-se exclusivamente a cães domiciliados. Os levantamentos epidemiológicos realizados na cidade de Fortaleza restringem-se às áreas de prevalência superior a 1% encontradas em trabalhos anteriores e em caso de ocorrência de Leishmaniose visceral humana. O estudo mais recente conduzido pela FNS em Fortaleza, data de 1996, onde um total de 47.758 cães domiciliados foram examinados em 31 bairros, apresentando uma prevalência da Leishmaniose de 0,28% de cães soropositivos N° de cães soropositivos 1 2 1 5 5 14 Positividade (%) 0,78 1,33 1,61 2,21 2,64 1,59 (FNS, l997). Comparando-se o índice de positividade em cães vadios de 1,59% encontrado no presente trabalho, com aquele obtido pela FNS em 1996, observa-se um incremento de 467,8%. O monitoramento da prevalência da LV canina a partir da investigação sorológica em cães vadios, apresenta-se como uma alternativa complementar às atividades desenvolvidas pela FNS em cães domiciliados pela FNS. SOUZA et al. (l998) realizaram levantamento sorológico semelhante, encontrando prevalência de LV canina de 12% em cães capturados pelo CCZ em Mossoró, Rio Grande de Norte. Em Fortaleza, o CCZ mantém um serviço de apreensão de cães através do qual foram capturados 15.481 animais em 1998, provenientes de diversos bairros. A investigação sorológica desses animais, permitirá manter um acompanhamento constante da prevalência da LV neste município. Tal procedimento pouco contribuirá para a retirada das fontes de infecção do ambiente, uma vez que o sacrifício dos cães já está indicado para o controle da raiva. Todavia, pode servir como importante recurso na vigilância epidemiológica da LV, utilizando-se os cães vadios capturados como sentinelas. Nos bairros, Antonio Bezerra, Conjunto Palmeiras, Jardim das Oliveiras, Parque Santa Cecília e Parque Santa Rosa, onde foram examinados cães domiciliados, pela FNS e cães vadios, os resultados variaram de 5,5 a 9,l% em cães vadios e de zero a 0,78% em cães domiciliados, sugerindo maior prevalência em cães 65 vadios do que em animais domiciliados. O diagnóstico utilizado, imunofluorescência indireta, apesar de ser reconhecido como adequado para levantamentos sorológicos da LV canina (FNS, l996), não é tão sensível quanto o teste ELISA (PARANHOSSILVA et al., 1996). A sorologia com amostras de sangue em papel de filtro é menos sensível do que com soro (VEXENAT et al.,1993). Logo pode-se prever que a real prevalência da Leishmaniose canina entre os cães examinados seja ligeiramente superior. VEXENAT et al. (1996) sugerem a existência de determinantes antigênicos e de proteínas de Trypanosoma cruzi, L. chagasi e Leishmania (Viannia) brasiliensis, comuns aos três protozoários, o que poderia proporcionar reações cruzadas em testes sorológicos. A cidade de Fortaleza é considerada exceção quanto a ocorrência de casos autóctones de doença de Chagas no estado do Ceará. Porém, exibe um quadro epidemiológico de Leishmaniose tegumentar americana considerável, tendo registrado no ano de 1997, 89 casos (comunicação pessoal). Baseado nesta condição e devido a baixa especificidade da reação da imunofluorêscencia indireta, é impossível afirmar com certeza, que os resultados positivos encontrados no presente estudo, sejam em decorrência exclusiva de infecção por L. chagasi. A disseminação e manutenção da Leishmaniose humana têm sido atribuída ao reservatório canino. A despeito de medidas visando a eliminação de cães infectados em algumas áreas do Brasil, a incidência da Leishmaniose humana continua a crescer (DIETZE et al., 1997). O cão é a mais importante fonte de infecção doméstica para o vetor, contudo não é o reservatório primário (SHERLOCK,1996). No estado do Ceará, VASCONCELOS et al., (1993) evidenciaram o parasitismo na pele de 40% dos pacientes infectados, provando que o dermatotropismo ocorre em L.chagasi e pode ser frequente na LV humana tropical, pois os parasitas na pele podem agir como fonte de infecção, permitindo a transmissão de homem para homem. EVANS 66 et al., (l997) em estudo realizado no estado do Ceará, observaram que apesar da alta percentagem de cães soropositivos, não houve risco crescente da infecção em crianças convivendo na mesma habitação. O risco foi três vezes maior para crianças onde havia casos anteriores de LV humana. PARANHOS-SILVA et al., (l996) relataram que em áreas endêmicas do estado da Bahia, casos humanos de LV nunca foram observados em locais com alta soroprevalência canina. Por outro lado foi observado modelo intra-familiar da infecção humana, indicando uma agregação familiar com forte sugestão de pelo menos um envolvimento genético parcial (CABELLO et al., 1995). Estes resultados sugerem a possibilidade de que o homem tenha um papel importante na transmissão da LV, necessitando maiores investigações neste sentido. No entanto, o cão permanece como importante reservatório de L.chagasi, e os resultados deste levantamento sugerem que a prevalência da leishmaniose canina possa ser mais elevada em cães vadios do que em cães domiciliados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ALENCAR, J. E. l983. Expansão do Calazar no Brasil. Ceará Méd., 5:86-102. ALENCAR, J. E., NEVES, J. & DIETZE, R. l991. Leishmaniose visceral (Calazar). In: VERONESI, R. Doenças infecciosas e Parasitárias, São Paulo, Guanabara Koogan, p. 706- 717. BADARÓ, R. & DUARTE, M. I. S. l977. Leishmaniose visceral (calazar) In: VERONESI, R FOCACCI,R. Tratado de infectolologia, São Paulo, Atheneu, p. 1234-1256. CABELLO, P. H. , LIMA, A. M. , AZEVEDO, E. S. & KRIEGER, H. l995. Familial aggregation of Leishmania chagasi in northeastern Brazil. Am. J. Trop. Med. Hyg., 52:364-365. DIETZE, R., BARROS, G. B., TEIXEIRA, L., HARRIS, J., MICHELSON, K. FALQUETO, A. & COREY, R. l997. Effec of eliminating seropositive canines on the transmission of visceral leishmaniasis in Brasil. Clin. Infect. Dis., 25: 1240-1242. 67 Região V Região IV Região II Figura 1. Distribuição Espacial de Inquérito Sorológico Canino da LV em Fortaleza Região III Região I Região VI • Amostras positivas Bairros examinados EVANS, T. G., TEIXEIRA, M. J., McAULIFFE, I. T., VASCONCELOS, I., VASCONCELOS, A. W., SOUSA A. de A., LIMA, J. W. & PEARSON, R. D. l992. Epidemiology of visceral leishmaniasis in northeast Brazil. J. Infect. Dis., 166:l224-32. JERONIMO, S. M. V., OLIVEIRA, R. M., MACKAY, S., COSTA, R. M., SWEET, J., NASCIMENTO, E. T., LUZ, R. G., FERNANDES, M. Z., JERNIGEN, J. & PEARSON, R. 1994. An urban outbreak of visceral leishmaniasis in Natal, Brazil. Trans. R. Soc. Trop. Med. Hyg., 88:386-388. FUNDAÇÃO NACINAL DE SAÚDE/MINISTERIO DA SAÚDE/CENTRO NACIONAL DE EPIDEMIOLOGIA. l994. Guia de vigilância epidemiológica, Brasília. 373p. FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE/MINISTÉRIO DA SAÚDE. l996. Controle, diagnóstico, e tratamento da leishmaniose visceral (Calazar). Brasília. 85p. FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE/MINISTÉRIO DA SAÚDE. 1997. Relatório das atividades do Programa de Controle da Leishmanioses, l997. Ceará. MONTEIRO, P. S., LACERDA, M. M. & ARIAS, J. R. 1994. Controle da Leishmaniose no Brasil. Rev. Soc. Bras. Med. Trop., 27:67-72 MORAIS, N., B., SATIRO, F. H. C., BRILHANTE, F. L. & ROLIM, B. M. 1996. O recrudescimento e a urbanização do Calazar no Ceará. In: XXIV Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária. PARANHOS-SILVA, M., FREITAS, L. A., SANTOS, W. C., GRIMALDI, G. Jr., PONTES-deCARVALHO, L. C. & OLIVEIRA dos SANTOS, A. J. l996. A cross sectional serodiagnostic survey of canine leishmaniasis due to Leishmania chagasi. Am .J. Trop. Med. Hyg., 55:39-44. SHERLOCK, I. A . l996. Ecological interactions of visceral leishmaniasis in the state of Bahia, Brasil. Mem. Inst. Osvaldo Cruz, 91:671-83. SOUZA, J. T., ARAUJO, M. M., BATISTA, J. S., AMARO, K. M. M. & MORAES, E. D. 1998. La ocurrencia de leishmaniose em perros (Canis familiares) en el município de Mossoró-RNBrasil. In: XVI PANVET, Santa Cruz de la Sierra, Bolivia. p.110 VASCONCELOS, I. A. B., VASCONCELOS, A. W., MOMEM, H. & GRIMALDI, J. R. G. 1988. Epidemiological studies on American Leishmaniosis in Ceará State, Brazil: molecular characterization of the Leishmania isolates. Ann. Trop. Med. Parasitol., 82:547-554. 68 VASCONCELOS, I. de A., SOUSA, A. de Q., VASCONCELOS A. W., DIOGENES, M. J., MOMEN, H., GRIMALDI, Jr., G., MENEZES, D. B. & SLEIGH, A. C. l993. Cutaneous parasitism by Leishmania (leishmania) chagasi during South American visceral leishmaniasis. Bull. Soc. Pathol. Exot., 86:101-105 VEXENAT, J. A., FONSECA, de CASTRO, J. A., CAVALCANTE, R., da SILVA, M. R., BAITSTA, W. H., CAMPOS, J. H., PEREIRA, F. C. TAVARES, J. O. & MILES, M. A. l993. Preliminary observations on the diagnosis and transmissibility of canine visceral leishmaniasis in Teresina, NE Brazil. Arch. Inst. Pasteur, 70: 467-72. VEXENAT, A. de C., SANTANA, J. M. & TEIXEIRA, A. R. 1996. Cross-reactivity of antibodies in human infections by the kinetoplastid protozoa Trypanosoma cruzi, Leishmania chagasi and Leishmania (viannia) braziliensis. Rev. Inst. Trop. São Paulo, 38:177185.