POSTERS 17.00 | 18.00 RETINA MÉDICA SALA NEPTUNO Presidente: Lucília Lopes Moderadores: Cristina Seabra, António Campos 17:15 PO168 - RETINOPATIA DA MALÁRIA NO ADULTO: UM CASO CLÍNICO João Nobre Cardoso, Ana Melo Cardoso, Inês Machado, Paula Telles, Belmira Beltran, Nuno Campos (Hospital Garcia de Orta) Introdução: A retinopatia da malária é uma entidade rara e mal definida que tem sido frequentemente descrita em crianças com malária grave, nomeadamente malária cerebral. A sua fisiopatologia é pouco conhecida, mas estudos mostram que se deve à hipoperfusão retiniana tal como acontece no sistema nervoso central na malária cerebral. Nos adultos, esta patologia tem sido pouco documentada. No entanto, da mesma forma que a malária grave é frequente nesta faixa etária, sobretudo em populações não residentes em áreas endémicas, também se pode supor que as mesmas alterações que ocorrem na vasculatura cerebral podem ocorrer na retina de adultos com malária grave. No entanto, apenas 1% dos adultos com malária cerebral apresenta sequelas. A nível retiniano a hipoperfusão e os seus efeitos agudos ou crónicos não estão devidamente estudados. Caso clínico: doente do sexo feminino, portuguesa de raça branca com 55 anos, residente em Luanda/Angola desde há 5 anos com deslocações frequentes a zona não urbana, internada em Janeiro de 2011 com quadro de malária grave e necessidade de ventilação invasiva. Teve alta três semanas depois, mas por manter queixas de diminuição marcada da acuidade visual, foi observada por Oftalmologia. Apresentava à entrada AVOD = 0,2 e OE = 0,2 em ODE (com correcção ) e sensação de visão escurecida. O exame oftalmológico do segmento anterior não revelou alterações e à fundoscopia era visível palidez retiniana generalizada com estreitamento arteriolar marcado em ODE e sem edema dos discos ópticos. Realizou exames electrofisiológicos (PEV) sem alterações, PEC com diminuição generalizada e acentuada da sensibilidade retiniana em todos os quadrantes e com ilhéu de visão central. OCT sem alterações significativas. O estudo imagiológico do SNC revelou apenas hipodensidade circunscrita lenticular direita. Conclusão: Doentes com malária grave devem ser submetidos a avaliação oftalmológica, uma vez que as alterações retinianas são sinais de gravidade nesta doença. Ao nosso melhor conhecimento, este é primeiro caso documentado de retinopatia da malária num adulto em Portugal. Referência bibliográficas: - Maude RJ et al. The eye in cerebral malaria: what can it teach us? Trans R Soc Trop Med Hyg. 2009 Jul;103(7):661-4 - Maude RJ et al. The spectrum of retinopathy in adults with Plasmodium falciparum malaria. Trans R Soc Trop Med Hyg. 2009 Jul;103(7):665-71 - Beare NA et al. Malarial retinopathy: a newly established diagnostic sign in severe malaria. Am J Trop Med Hyg. 2006 Nov;75(5):790-7.