Efeitos do arranjo de semeadura e uso de diferentes produtos na cultura da soja Roberta de Vasconcelos Ramires1, Sebastião Ferreira de Lima2, Rita de Cássia Alvarez2, Lucimara Contardi Merquides1 e Igor Erickson Tosta Maia3 (1) Mestre em Agronomia Produção vegetal pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/ CPCS; Ant. Estrada para Faz. Campo Bom, Caixa Postal 112, CEP 79560-000, Chapadão do Sul, MS. E-mail: [email protected] (2)Docente da Universidade Federal de Mato grosso do sul/CPCS; Campus de Chapadão do Sul, Ant. Estrada para Faz. Campo Bom, Caixa Postal 112, CEP 79560-000, Chapadão do Sul, MS. E-mail: [email protected] (3)Acadêmico do curso de Agronomia da UFMS, bolsista de Iniciação Científica UFMS – PIBIT 2013/2014 Resumo - Objetivou-se no presente trabalho foi avaliar os efeitos do uso de arranjos espaciais de semeadura aliados a aplicação de diferentes produtos na cultura da soja. Os tratamentos foram constituídos pela combinação de três arranjos de semeadura e do uso de três produtos, mais a testemunha. Os arranjos foram semeadura da soja em linhas simples, linhas duplas e linhas cruzadas. Os produtos utilizados foram condicionador de solo, condicionador de solo + kip soja e Stimulate. O delineamento experimental foi em blocos casualizados em esquema fatorial 3 x 4, com três repetições. A semeadura em linhas cruzadas resultou em maior produtividade de grãos de soja. Na média geral, a semeadura da soja em linhas cruzadas superou em 22,4 sacas a semeadura em linhas duplas e em 23,8 sacas a semeadura em linhas simples. Mesmo com maior número de ramificações por planta e de maiores valores para os componentes de produção (número de vagens por planta e número de grãos por planta) observados na semeadura em linhas simples, a maior população de plantas foi definidor da maior produtividade verificada na semeadura em linhas cruzadas. O uso dos produtos condicionador de solo, condicionador de solo + Kip soja e Stimulate não resultaram em maior produtividade de grãos de soja. Palavras-chave: Glycine max, arranjo de plantas, sistema de cultivo. Effects of seeding arrangement and use of different products in soybeans Abstract - The objective of this paper was to evaluate the effects of the use of spatial arrangements of sowing allies the application of products different in soybeans crop. The treatments were a combination of three sowing arrangements and the use of three products, more the control treatment. The arrangements were soybean seeding in single lines, double lines and crossed lines. The products used were soil conditioner, soil conditioner + kip soy and Stimulate. The experimental design was a randomized block in factorial 3 x 4 with three replications. Sowing in crossed lines resulted in higher productivity of soybeans. On the average, the soybean seeding in crossed lines surpassed in 22.4 sacks the planting in double rows and in 23.8 sacks the planting in single rows. Even with the largest number of branches per plant and higher values for production components (number of pods per plant and number of grains per plant), observed at sowing in simple lines, the largest population of plants was responsible for higher productivity verified at sowing in crossed lines. The use of the products: soil conditioner, soil conditioner + Kip soy and Stimulate did not result in higher productivity of soybeans. Keywords: Glycine max, arrangement of plants, cultivation system. Introdução A soja (Glycine Max (L.) Merrill) é um dos grãos de maior interesse no mercado nacional, devido ao seu alto valor econômico e grande procura para comercialização. Essa cultura tem destaque no agronegócio mundial por ser a principal oleaginosa utilizada na fabricação de óleos comestíveis para a alimentação humana, com utilização também como fonte de proteína vegetal, alimentação animal e produção de biocombustíveis (Domingues, 2010). No Brasil, a cultura da soja possui altos níveis tecnológicos de manejo, atingindo altas produtividades, entretanto, ainda se encontra muito aquém do potencial de produção da espécie. Como as margens de lucro cada vez mais vão se encolhendo em função, principalmente, do uso intensivo de insumos, decorrente de seu patamar tecnológico, torna-se imprescindível à busca incessante do produtor, pesquisador e órgãos de pesquisa por melhores manejos e produtos, capazes de incrementar a produtividade da cultura. O arranjo de plantas na área e o uso de novas tecnologias e produtos capazes de maximizar o retorno da cultura passam a ser uma busca de interesse por todos os setores envolvidos. Normalmente, utiliza-se o espaçamento de 0,45 m entre linhas da cultura, no entanto, Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.9, n.4, p.25-31, set. 2015 25 devido sua alta plasticidade, é possível variar o arranjo das plantas na área (Komatsu et al., 2010). O arranjo espacial de plantas interfere diretamente na competição intraespecífica por recursos ambientais como água, luz e nutrientes disponíveis para cada planta, podendo ser alterado conforme se modifica a densidade de plantas e o espaçamento entre as fileiras (Rambo et al., 2004). Variando apenas o espaçamento entre fileiras, Heiffig et al. (2006) não verificaram efeito desse fator sobre a produtividade de grãos. No entanto, Oliveira (2010) ressalta que a avaliação do comportamento da soja com diferentes arranjos de plantio são importantes para a obtenção de dados que propiciem a melhor distribuição e densidade populacional de plantas na área, minimizando a competição intraespecífica pelos recursos ambientais e os efeitos sobre a planta. Tourino et al. (2002) estudaram espaçamento, densidade e uniformidade de semeadura na produtividade e características agronômicas da soja e verificaram que a produtividade da soja aumenta com a redução do espaçamento entre linhas aliado à redução da densidade de plantas nas linhas; o espaçamento de 45 cm com a densidade de 10 plantas m-1 proporciona melhor distribuição das plantas na área. Nas menores densidades, as plantas são mais baixas, acamam menos, e apresentam maior porcentagem de sobrevivência. Nos últimos anos, alguns agricultores testaram uma nova técnica de semeadura denominada semeadura cruzada, onde são realizadas duas operações de semeadura, a primeira posicionando metade da densidade de sementes, seguida de outra operação similar no sentido perpendicular à primeira (Procopio, 2013). Os mesmos cuidados que são realizados nas semeaduras convencionais de soja também devem ser empregados na semeadura cruzada, além de toda essa atenção especial que já é regra para o sistema convencional, deverá ser feito um manejo diferenciado para o sistema cruzado (Gazotto & Zanardo, 2012). Houve um aumento expressivo na agricultura com o uso de produtos com potencial de aumentar a produtividade da cultura. Entre esses, tem se destacado o uso de biorreguladores, que segundo Albrecht et al. (2012), são capazes de auxiliar a planta no seu desenvolvimento ou minimizar suas limitações de produção. Vários autores têm conseguido resultados positivos para a cultura da soja com o uso de biorreguladores (Campos et al., 2008; Ávila et al., 2008; Moterle et al., 2008), ou de outras culturas, como o milho (Ferreira et al., 2007). O objetivo do presente trabalho foi avaliar os efeitos do uso de arranjos espaciais na semeadura aliados a aplicação de diferentes produtos na cultura da soja. 26 Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.9, n.4, p.25-31, set. 2015 Material e Métodos O trabalho foi desenvolvido no município de Chapadão do Sul - MS, em área experimental da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Campus de Chapadão do Sul. O clima é, segundo Köppen, do tipo tropical úmido (Aw), com estação chuvosa no verão e seca no inverno e precipitação média anual de 1.850 mm. A temperatura média anual varia de 13 a 28 ºC. A semeadura da soja ocorreu na safra 2013/2014. Os tratamentos foram constituídos pela combinação de três arranjos de semeadura e o uso de três produtos, mais a testemunha. Os arranjos foram a) semeadura da soja em linhas simples e espaçamento de 0,45 m entre si; b) semeadura da soja em linhas cruzadas, com espaçamento de 0,45 m entre linhas e c) semeadura da soja em linhas duplas com espaçamento de 0,45 m entre as linhas duplas e 0,25 m dentro das linhas duplas. Os produtos utilizados foram: a) condicionador de solo; b) condicionador de solo + kip soja e c) Stimulate. O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados em esquema fatorial 3 x 4, com três repetições, totalizando 36 parcelas. As parcelas das linhas simples foram compostas por cinco linhas de 5 m de comprimento, sendo consideradas como área útil da parcela as três linhas centrais. As parcelas das linhas cruzadas foram compostas por cinco linhas no sentido de linhas simples e oito linhas cruzando-as. A área útil da parcela foi de 4 m2 no centro da parcela. As parcelas das linhas duplas foram constituídas por cinco conjuntos de linhas duplas e a área útil da parcela foi considerada como os três conjuntos de linhas duplas no centro da parcela. A semeadura do experimento foi feita manualmente utilizando-se a cultivar CD 2630 RR, inoculada com Biomax soja, contendo a bactéria inoculadora Bradyrhyzobium japonicum. Foram colocadas 12 sementes por metro, buscando uma população final de aproximadamente 240 mil plantas por hectare em semeadura convencional, considerando as perdas. O condicionador de solo foi aplicado dois dias antes da semeadura, na dose de 20 L ha-1. A aplicação do Kip soja foi feita com a dose de 3 L ha-1 na fase V3 e 3 L ha-1 na fase V6. O Stimulate foi aplicado na fase V6 na dose de 0,5 L ha-1. Todas as aplicações foram realizadas com pulverizador de 600 L acoplado ao trator, com vazão de 200 L ha-1. A adubação da cultura foi feita com 100 kg ha de P2O5 e 50 kg ha de K2O. Toda a adubação foi aplicada na semeadura. Os demais tratos culturais foram realizados conforme surgiu a necessidade na lavoura. A colheita da soja foi feita manualmente e as características avaliadas foram: a) estande final, obtido pela contagem de todas as plantas na área útil da parcela; b) número de vagens por planta, obtido pela contagem de todas as vagens de 10 plantas obtidas da parcela útil; c) número de grãos por vagem, obtido pela contagem dos grãos de 10 vagens obtidas nas 10 plantas colhidas na parcela; d) estatura da planta e altura de inserção da primeira vagem, realizado com o auxílio de uma régua nas 10 plantas obtidas na área útil da parcela; e) diâmetro do caule, obtido com paquímetro digital; f) número de ramos, pela contagem de todas as ramificações verificadas nas 10 plantas; g) massa de 100 grãos; h) produtividade, obtida pela trilhagem de todas as plantas colhidas na área útil da parcela. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Resultados e Discussão O número de grãos por vagem e a massa de cem grãos não apresentaram diferença estatística para os tratamentos aplicados e sua interação. A estatura de planta apresentou diferença estatística apenas para o uso de diferentes produtos, enquanto as demais características apresentaram significância estatística para os tratamentos aplicados e sua interação. A população final de plantas constitui um dos principais parâmetros para se determinar a produtividade de grãos de qualquer cultura quando se trabalha com o mesmo arranjo de semeadura. No entanto, em arranjos diferenciados, espera-se uma população variada, que pode não refletir necessariamente em produtividade devido as variações que podem ocorrer na espessura do caule, na altura das plantas, no número de vagens por planta, número de grãos por vagem e massa de cem grãos. O arranjo de plantas na semeadura e o uso de diferentes produtos promotores do crescimento das plantas influenciaram a população final de plantas (Tabela 1). A manutenção da maior população de plantas foi conseguida com a testemunha em todas as comparações. Como era esperado, no arranjo de semeadura cruzada, seguida de linhas duplas foi encontrada maior população final de plantas quando se compara com a semeadura em linhas simples. Vários trabalhos têm demonstrado a baixa resposta da cultura da soja às variações de densidade (Heiffig et al., 2006), no entanto, a redução do espaçamento melhora o aproveitamento da radiação solar nas fases iniciais do desenvolvimento da cultura, refletindo-se em maior produção de fitomassa (Wells, 1991) e maior produtividade de grãos (Hanna et al., 2008). Tabela 1. Média para população de plantas (POP), inserção da primeira vagem (IPV), diâmetro de caule de plantas (DC) e número de ramificações (NR)de soja submetida a diferentes arranjos de semeadura e uso de produtos. Produtos Condicionador de Condicionador de Stimulate Testemunha solo solo + Kip soja População de Simples 198.765 c A 162.963 cB 168.519 cB 201.852 Ca plantas (POP) Dupla 237.302 b BC 250.000 bB 228.175 bC 265.873 bA Cruzada 360.000 aB 350.000 aB 263.333 aC 385.833 aA Inserção da Simples 0,13 aA 0,11 cB 0,13 aA 0,13 bA primeira vagem Dupla 0,10 cD 0,14 aB 0,12 bC 0,19 aA (IPV) Cruzada 0,12 bA 0,13 bA 0,13 aA 0,12 bA Diâmetro de caule Simples 5,3 aB 6,1 aA 5,7 aAB 6,0 aA de plantas (DC) Dupla 4,8 aB 5,4 bAB 5,7 aA 5,2 bAB Cruzada 4,0 bC 5,7 abA 4,9 bB 5,7 abA Número de Simples 2,8 aB 3,2 aA 2,7 aB 3,0 aAB ramificações Dupla 2,7 aA 2,5 bA 2,5 aA 2,0 bB (NR) Cruzada 1,5 bC 2,5 bB 2,6 aAB 2,9 aA Para a mesma variável, médias seguidas pela mesma letra minúscula, nas colunas, e maiúscula, nas linhas não diferem significativamente entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Variáveis Arranjo de semeadura A altura de inserção da primeira vagem é importante devido à colheita mecanizada da soja, reduzindo as perdas quando a mesma encontra-se dentro da altura indicada. Observa-se na Tabela 1 que a altura de inserção da primeira vagem variou de 0,10 a 0,19 m. Ambos os valores foram verificados para a semeadura em linhas duplas, sendo o menor valor obtido com o uso de condicionador de solo e o maior valor obtido com a testemunha. Mauad et al. (2009) verificaram que a altura de inserção da primeira vagem aumenta com a maior densidade de plantas na linha. A maior variação na altura de inserção da primeira vagem foi obtida com a Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.9, n.4, p.25-31, set. 2015 27 testemunha (58,3%), enquanto a menor variação foi verificada com o uso de Stimulate (8,3%). Em relação aos arranjos de semeadura, a menor variação foi obtida com a semeadura cruzada (8,3%) e a maior variação foi verificada na semeadura em linhas duplas (90,0%). Para estatura de plantas houve efeito significativo apenas para o uso de produtos, sendo que a testemunha propiciou plantas mais altas, ficando 11% acima da média dos tratamentos com produtos (Tabela 2). Tabela 2. Média para estatura de plantas (EP) de soja submetida a diferentes arranjos de semeadura e uso de produtos. Produtos Médias de EP Condicionador de solo 0,64 b Condicionador de solo + Kip soja 0,64 b Stimulate 0,67 b Testemunha 0,72 a Médias seguidas pela mesma letra não diferem significativamente entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Conforme aumenta a densidade de plantas na área, espera-se plantas mais finas e mais suscetíveis ao acamamento, fator que pode ser prejudicial a produtividade da cultura. Observa-se (Tabela 1) que em relação aos arranjos de semeadura, os maiores valores para diâmetro do caule, exceto para o uso de Stimulate, foram sempre observados na semeadura em linhas simples, que possui menor população final de plantas. Em média, o diâmetro do caule observado nas plantas em semeadura em linhas simples foi 11,7% superior ao observado na média dos dois outros arranjos de semeadura. O uso de condicionador de solo resultou nos menores valores para diâmetro de caule da soja nos três arranjos de semeadura, no entanto, o uso dos demais produtos não diferiu estatisticamente da testemunha. Assim, os arranjos de semeadura em linhas duplas e cruzadas, que resultam em maior população de plantas, confirma a observação de Watanabe (2004) que relata que o diâmetro de caule possui variação inversamente proporcional ao número de plantas ha-1. O número de ramificações, de modo geral, foi maior para a semeadura simples e menor com o uso do condicionador de solo (Tabela 3). A semeadura simples proporcionou 11,7% mais de ramificações quando comparado aos demais arranjos e o condicionador de solo teve uma redução de 19% no número de ramificações quando comparado ao uso de outros produtos e a testemunha. Verifica-se assim, que nos arranjos de semeadura em linhas duplas e cruzadas ocorre menor ramificação das plantas, confirmando a observação de 28 Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.9, n.4, p.25-31, set. 2015 Watanabe (2004) que verificou que o número de ramos por planta é inversamente proporcional ao numero de plantas ha-1. O arranjo simples de semeadura resultou em 29% a mais de vagem na média geral quando comparado aos demais arranjos de semeadura. Somente para o uso do arranjo em linhas duplas a testemunha resultou em menor número de vagens que o uso de produtos. Nesse caso, os melhores valores foram obtidos com a aplicação de Stimulate seguido de condicionador de solo + Kip soja. Nos demais arranjos, a testemunha foi tão produtiva em vagens quanto os melhores resultados obtidos com outros produtos (Tabela 3). O componente do rendimento, número de vagens por planta, é diretamente relacionado com o rendimento final e um dos que mais se molda à variação da população de plantas, contribuindo para a pouca resposta da soja à essa variação (Carvalho et al., 2013). Na média geral, o número de grãos por planta foi 32,5% superior no arranjo em linhas simples quando comparado aos demais arranjos. Da mesma forma que foi observada para o número de vagens por planta, o número de grãos por planta somente foi superior a testemunha quando se utilizou o arranjo de plantas em linhas duplas. Nesse caso, os tratamentos com Stimulate e condicionador de solo + Kip soja foram os melhores para a produção de grãos por planta. O uso de Stimulate propiciou rendimento de grãos por planta 69% superior ao observado com a testemunha e 35% superior ao tratamento apenas com condicionador de solo. A produtividade de grãos de soja foi 44% superior no arranjo em linhas cruzadas quando comparado na média geral dos demais arranjos. Quando a soja foi semeada em linhas simples, o uso de produtos não resultou em ganhos de produtividade quando comparado a testemunha. Já na semeadura em linhas duplas o uso dos produtos propiciou maior ganho de produtividade quando comparado a testemunha. Para a soja semeada em linhas cruzadas não houve diferença estatística entre a testemunha e o uso de condicionador de solo + kip soja. Ainda não existe consenso em relação aos ganhos proporcionados pelo arranjo de plantas de soja, principalmente em linhas cruzadas quando comparado ao arranjo em linhas simples, utilizado tradicionalmente. Mesmo quando se verifica ganhos na produtividade, é necessário verificar o retorno econômico, em função dos aumentos de custos para se proporcionar uma lavoura nesses moldes. Assim, enquanto Lima et al. (2012) e Camara et al. (2012) verificaram que a semeadura da soja em linhas cruzadas aumentou a produtividade da cultura, Balbinot Júnior et al. (2012), Kappes et al. (2012) e Procópio et al. (2012, 2013) não verificaram o mesmo efeito desse tipo de semeadura quando comparado ao arranjo em linhas simples. Tabela 3. Média para número de vagens por planta (NVP), número de grãos por plantas (NGP), produtividade de grãos (PROD) e produtividade de grãos de soja em sacas (PROD) de soja submetida a diferentes arranjos de plantio e uso de produtos. Variáveis Produtos Condicionador Condicionador de Stimulate Testemunha de solo solo + Kip soja População de Simples 44 aB 54 aA 48 aB 54 aA plantas (POP) Dupla 36 bB 42 bB 47 aA 30 cD Cruzada 31 cB 42 bA 39 bA 43 bA Número de grãos Simples 116,5 aB 152,8 aA 131,0 aB 150,7 aA por plantas (NGP) Dupla 96,8 bB 112,4 bAB 130,8 aA 76,8 cC Cruzada 77,6 cB 116,1 bA 105,4 bA 116,2 bA Produtividade de Simples 2.958,0 aA 3.171,3 bA 2.789,3 bA 3.516,7 bA grãos (PROD) Dupla 2.932,7 aAB 3.741,0 bA 3.604,2 aA 2.491,7 cB Cruzada 3.532,7 aB 5.295,3 aA 3.520,7 abB 5.786,5 aA Produtividade de Simples 49,3 aA 52,8 bA 46,5 bA 58,6 bA grãos de soja em Dupla 48,9 aAB 62,3 bA 60,0 aA 41,5 cB sacas (PROD) Cruzada 58,9 aB 88,2 aA 58,7 abB 96,4 aA Para a mesma variável, médias seguidas pela mesma letra minúscula, nas colunas, e maiúscula, nas linhas não diferem significativamente entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Arranjo de semeadura A apresentação da produtividade em sacas facilita a visualização dos resultados e a comparação com valores imediatos de mercado. Na média geral, a semeadura da soja em linhas cruzadas resultou em 22,4 sacas a mais do que a semeadura em linhas duplas e 23,8 sacas a mais do que a semeadura em linhas simples. O uso apenas do condicionador de solo não resultou em diferença estatística entre os três arranjos de cultivo, mas culminou com a menor média entre os produtos utilizados (52,3 sacas), resultando em 15,5 sacas a menos quando comparado a testemunha. Quando se utilizou o condicionador de solo + kip soja, obteve-se maior produtividade de grãos com a semeadura cruzada, ficando 25,9 sacas acima das linhas duplas e 35,4 sacas acima das linhas simples. Com o uso de Stimulate, a produtividade de grãos foi maior nas linhas duplas e cruzadas, ficando em média 12,8 sacas acima das linhas simples. Na testemunha, obteve-se a maior média de produtividade de grãos (67,8 sacas), conseguindo-se melhor resultado com linhas cruzadas (96,4 sacas) (Tabela 9). É importante ressaltar que em linhas cruzadas dobra-se a quantidade de sementes, de adubo e do uso de máquinas na semeadura. A expectativa de maior produtividade de grãos de soja em função do uso de produtos promotores do crescimento da planta não se concretizou nesse caso. Mesmo o uso do Stimulate não apresentou resultado superior a testemunha, contrastando ao resultado obtido por Bertolin et al. (2010), que verificaram aumento no número de vagens e na produção final de grãos de soja em aplicação via foliar. Conclusões 1. A semeadura em linhas cruzadas resultou em maior produtividade de grãos de soja. 2. Mesmo com maior número de ramificações por planta e de maiores valores para os componentes de produção, número de vagens por planta e número de grãos por planta, observados na semeadura em linhas simples, a maior população de plantas foi definidor da maior produtividade verificado na semeadura em linhas cruzadas. 3. O uso dos produtos condicionador de solo, condicionador de solo + Kip soja e Stimulate não resultaram em maior produtividade de grãos de soja. Referências ALBRECHT, L.P.; BRACCINI, A.L.; SCAPIM, C.; AVILA, C.; ALBRECHT, A.J.P. Biorregulador na composição química e na produtividade de grãos de soja. Revista Ciência Agronômica, v. 43, n. 4, p. 774782, 2012. ÁVILA, M.R.; BRACCINI, A.L.; SCAPIM, C.A.; ALBRECHT, L.P.; TONIN, T.A.; STÜLP, M. Bioregulator application, agronomic efficiency, and quality of soybean seeds. Scientia Agricola, Piracicaba, v. 65, n. 6, p. 567-691, 2008. BALBINOT JUNIOR, A.A.; PROCÓPIO, S.O.; FRANCHINI, J.C.; DEBIASI, H.; NEUMAIER, N.; Tecnol. & Ciên. 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