MAYKON TAVARES DE OLIVEIRA Genotipagem de amostras de Trypanosoma cruzi isoladas de pacientes chagásicos de dois municípios da região do Vale do Jequitinhonha, MG, Brasil. OURO PRETO, MG, 2012. UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO - UFOP NÚCLEO DE PESQUISA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS – NUPEB PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS Genotipagem de amostras de Trypanosoma cruzi isoladas de pacientes chagásicos de dois municípios da região do Vale do Jequitinhonha, MG, Brasil. Autor: Maykon Tavares de Oliveira Orientadora: Profa. Dra. Marta de Lana Co-Orientadora: Profª. Drª. Helen Rodrigues Martins Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas do Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas da Universidade Federal de Ouro Preto, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre; área de concentração: Imunobiologia de Protozoários. Ouro Preto, MG. 2012 Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas do Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas da III "O que chamamos de inspiração é a capacidade de reter e ampliar, com um toque próprio e único, um flash ou insight, uma coisinha de nada que atravessa o nosso pensamento e pode fugir. Porém, boa parte dessa inspiração é fruto da nossa capacidade de concentração, de disciplina, de esforço mental e até de teimosia. Precisamos não de um dia bonito de céu azul, mas de uma boa dose de paciência para produzir alguma coisa interessante, para organizar raciocínios, transformar barro em tijolos e tijolos em casas." Freitas, 2002. IV Dedicatória: Dedico essa Dissertação a minha mãe e toda minha família, fonte de inspiração e força, por terem me incentivado a não desistir nos momentos mais difíceis dessa caminhada... V Agradecimentos Agradeço imensamente a Deus, fonte de luz, força e sabedoria. À Professora Marta de Lana pela oportunidade, orientação e por ter me concedido esse projeto, acreditando em minha capacidade. Obrigado pelos ensinamentos transmitidos, só tenho a agradecer pela força e pelas demonstrações de carinho!!! À professora Helen Rodrigues Martins, por ter me ensinado os primeiros passos na trajetória da Ciência. Agradeço muito pelo apoio durante toda a realização desse projeto. Às grandes amigas, Jaquelline e Lílian, a amizade de vocês foi fundamental. Jack obrigado pelo apoio, incentivo e pelas brincadeiras... Tenho certeza que não foi por acaso que o destino fez que nos conhecêssemos, e mesmo que a distância nos separe, nossa amizade vai perdurar pela eternidade!!! Ao Aufy pelo empenho e força de vontade em isolar os parasitos de seus pacientes para analisarmos. Certamente sem seu trabalho, esse projeto não teria existido... A todos os amigos do laboratório de Doença de Chagas, em especial ao Vitor, Arnaldo, Glaucia, Renata, Mari, Feijuada, Rodrigão, Lívia e a todos que convivi e que não estão mais em Ouro Preto, obrigado pela ótima convivência durante todos esses anos! À professora Vanja Veloso pelo apoio incondicional durante a realização da técnica de RAPD e pela carinhosa amizade. Ao professor Evandro pela boa convivência, pelas brincadeiras, idéias, e pelo esclarecimento das inúmeras dúvidas durante esses anos. À professora Maria Terezinha Bahia e ao Professor André Talvani pelos ensinamentos e bons momentos de descontração. À toda turma de mestrado do NUPEB de 2010, em especial a Maíra, Magna, Vívian, Tassiane, Gabi, Kelvinson e Guilherme, vocês tornaram as disciplinas do mestrado muito mais agradáveis!!! À Dani, Lud e Aninha pelo auxílio técnico e pela grande amizade. A todos os professores do NUPEB. Aos pacientes de Berilo e José Gonçalves de Minas, Vale do Jequitinhonha, MG. O maior valor do nosso trabalho não são as publicações, e sim a possibilidade de tentar associações que talvez levem alguma melhoria a vocês. À Cida e Mateus, secretários do NUPEB. Ao CNPQ e FAPEMIG pela concessão de todo financiamento do projeto. À CAPES pelo financiamento da minha bolsa, sem ela seria impossível concluir esse mestrado. VI Agradecimentos Á Prefeitura Municipal de Berilo pela parceria no Projeto de Doença de Chagas no Vale do Jequitinhonha. Aos meus irmãos de república pela descontração, força e principalmente por entenderem o quão estressante e corrido é a jornada de um mestrado. Saibam que aproveitei cada minuto ao lado de vocês, aprendi muito com cada um e confesso que sinto e sentirei muita falta dos moradores que dividiram parte da suas vidas conosco, e que já não se encontram aqui. Quero sempre reencontrar todos para lembrarmos os bons momentos que passamos juntos... Meu sincero agradecimento a todos da REPÚBLICA SETE PRAGAS!!! Finalmente, volto a agradecer a toda minha família, em especial minha Mãe, Tia Filinha, Tia Ada e Tio Tunico (que mesmo lá de cima continua sempre olhando e torcendo por nós), vocês com certeza são as pessoas mais especiais em minha vida. Desculpem pela ausência, mas saibam que cada segundo que estive longe nunca dexei de pensar e me preocupar com vocês. OBRIGADO POR TUDO!!! AMO VOCÊS... VII Resumo A espécie do Trypanosoma cruzi possui uma estrutura genética que permite a subdivisão intraespecífica em seis grupos genéticos distintos, denominados TcI, TcII, TcIII, TcIV, TcV e TcVI (Zingales et al., 2009) que tem apresentado diferenças frente a distribuição geográfica, propriedades biológicas e susceptibilidade a droga. É conhecido o predomínio das DTU’s TcII e TcVI em diversas regiões Brasileiras, associados tanto ao ciclo doméstico como ao silvestre da Doença e Chagas, e estando intimamente relacionados com as manifestações clínicas graves em pacientes chagásicos crônicos. Conhecendo o predomínio dessas DTU’s no estado de Minas Gerais, trabalhos anteriores do grupo realizando a genotipagem de um número limitado de amostras destas mesmas localidades (municípios de Berilo e José Gonçalves de Minas, Vale do Jequitinhonha, MG) mostrou a presença somente de amostras de T. cruzi II, como ocorre em outras regiões do Brasil. Desse modo, o objetivo principal do estudo foi caracterizar molecularmente amostras de T. cruzi isoladas de pacientes chagásicos crônicos dos municípios de Berilo e José Gonçalves de Minas, Vale do Jequitinhonha, MG, a fim de determinar o perfil genético do parasito circulante nesta região e comparar esses dados com o observado no Brasil e em outras regiões do Cone Sul. Para isto, os parasitos foram isolados dos pacientes através de hemocultura e mantidos em crescimento em meio LIT para obtenção das massas úmidas e posterior extração de DNA e caracterização por cinco diferentes marcadores moleculares. A identificação inicial dos grupos genéticos do T. cruzi foi realizada seguindo o tríplice ensaio proposto por Lewis et al.(2009). Essa metodologia explora a análise em conjunto dos perfis de bandas gerados após a amplificação do domínio D7 do 24Sα rDNA, do perfil de corte gerado após a digestão dos produtos amplificados de dois genes com suas respectivas enzimas de restrição (HSP60/ECORV e GPI/HhaI) via RFLP-PCR. Nesta primeira etapa de caracterização foram identificadas 43 amostras, sendo todas pertencentes ao grupo TcII, segundo a nova classificação consensual proposta por Zingales et al. (2009). Entretanto, oito isolados não puderam ter sua identificação definida baseada nessa metodologia e foram submetidas à análise do polimorfismo do gene da citocromo oxidase subunidade II (CoII), 24Sα rDNA e do espaçador intergênico do mini-exon (SL-IR), que permitiram em conjunto, classificá-las como TcVI. A seguir, a técnica de RAPD foi empregada na avaliação da variabilidade intra-específica dos isolados do T. cruzi empregando 10 iniciadores. Os dados obtidos pela análise dos dez iniciadores, foram submetidos à análise de UPGMA para obtenção do fenograma e os resultados obtidos corroboram os dos outros marcadores na identificação da maioria dos isolados (43) como TcII e dos oito restantes como TcVI, revelando ainda pouca variabilidade no interior desses grupos. Os resultados desse trabalho confirmam dados preliminares obtidos na região em estudo, demonstrando a predominância dos isolados de T. cruzi pertencentes ao grupo TcII no município de Berilo, semelhante ao demonstrado por outros estudos que avaliaram isolados obtidos de pacientes em outras regiões no eixo nordeste-sul do Brasil. Adicionalmente, foram VIII Resumo detectados ainda alguns isolados de TcVI cuja ocorrência é mais rara no Brasil, diferentemente de outros países da América do Sul. IX Resumo Currently Trypanosoma cruzi is classified into six discrete taxonomic units (DTUs) TcI, TcII, TcIII, TcIV, TcV and TcVI that present significant differences concerned the geographic distribution and biological properties. This study was conducted to verify the genetic profile of this parasite isolated of patients from Berilo and José Gonçalves de Minas municipalities, Jequitinhonha Valley, MG, an important endemic area of Chagas disease in Brazil. Molecular characterization was performed through of five different markers in fifty T. cruzi stocks isolated by hemoculture from patients in chronic phase of Chagas disease. DNA extraction was performed using the DNA Purification KIT (Promega, USA). The first identification of the six T. cruzi genetic groups followed the methodology of Lewis et al. (2009). This methodology explores the set of profiles of bands originated after the amplified products of dominium D7 of 24Sα rDNA, profile of bands originated after the digestion of products amplified of two genes with their respective restriction enzymes (HSP60/ECORV e GPI/HhaI) via RFLP-PCR. In this first phase of characterization 43 samples were typed as T. cruzi of TcII group according to the new consensual classification of Zingales et al. (2009). However, eight isolates did not have the genetic identity defined based on this methodology, being submitted to polymorphic analysis of the subunit II (CoII) of citochrome oxidase and of the spliced leader intergenic region of mini-exon (SL-IR) which when associated classified these isolates as TcVI. After, the RAPD technique was employed in the evaluation of intra-especific variability of the T. cruzi isolates using ten primers. Data obtained were submitted to the UPGMA analysis and the results corroborate the originated from the other markers identifying the majority of the isolates as TcII and the other eight isolates as TcVI, showing yet some intra-groups variability with two groups defined into them. The results of this work confirm the preliminary data obtained of the studied region, showing a predominance of T. cruzi isolates of TcII in Berilo, similar to the verified in other studies that evaluated isolates of patients in other regions of Brazil. Additionally, although less frequently, some isolates of TcVI were also detected. These data confirmed the distinct profile observed in Brazil compared to other countries of South America. X Lista de Tabelas Lista de Tabelas: Tabela I: Resumo da revisão bibliográfica da variabilidade genética do Trypanosoma cruzi. Tabela II: Informações das amostras de Trypanosoma cruzi e dos pacientes dos quais foram isoladas. Tabela III: Critérios de classificação dos isolados de Trypanosoma cruzi nas DTU(s) TcI ao TcVI, segundo Lewis et al. (2009) e D’ávilla et al. (2009). Tabela IV: Primers utilizados na caracterização dos isolados de Trypanosoma cruzi, por RAPD (Brisse et al., 2000b). Tabela V: Identificação das amostras de Trypanosama cruzi isolados de pacientes dos Municípios de Berilo e José Gonçalves de Minas, Vale do Jequitinhonha MG, segundo o novo consenso táxonômico (Zingales et al., 2009). XI Lista de Figuras Lista de figuras: Figura I: Mapa do estado de Minas Gerais localizando a região do Vale do Jequitinhonha e mostrando algumas informações dos municípios de Berilo e José Gonçalves de Minas. Figura 2: Tripé de classificação dos isolados de Trypanosoma cruzi em seus respectivos DTU(s) proposto por Lewis et al. (2009). Figura 3: Perfis de DNA obtidos pela genotipagem de isolados de Trypanosoma cruzi provenientes de pacientes da região do Vale do Jequitinhonha, MG obtidos pela amplificação da região 3´do gene 24Sα rDNA. PM – Peso molecular de 100pb, Br – controle negativo da reação, TcI – clone representativo de TcI (P209 cl1, com perfil 110pb), TcII – clone representativo do grupo TcII (MAS cl1, 125pb), TcIV clone representante do grupo TcIV (CANIII, XXpb??), TcIIIclone representativo da linhagem TcIII ( CM-17, 110pb), TcVI – clone representativo do grupo híbrido TcVI (Tulahuen, 125 pb) e TcV – clone representativo do grupo TcV (Bug2148, 110pb + 125pb). A1 – isolado 229, A2- isolado 452, A3-isolado 748, A4 – isolado 798, A5- 1205, A6 – 1918, A7- 2535, A8- 2491, A9 264; A10- 376; A11- 646 e A12 amostra 2118. Figura 4: Perfis de DNA obtidos pela genotipagem de isolados de Trypanosoma cruzi provenientes de pacientes chagásicos da região do Vale do Jequitinhonha, MG, por meio da análise do polirmorfismo do gene HSP60 submetidos a RFLP-PCR. PM – Peso molecular de 100pb, A1- amostra 1918, A2- amostra PSF060, A3- amostra 438, A4- amostra 543, A5- amostra 229, A6-amostra 2119. Br – controle negativo da reação de PCR; TcI a TcVI amostras do perfil de corte dos clones de referência dos 6 grupos de T. cruzi ( TcI – P209 cl1, 1 banda de 432 a 462pb; TcII – MAS cl1 1 banda de 432 a 462pb; TcIII CM-17, perfil de bandas duplas; TcIV CAN III cl1, banda única; TcV Bug2148, bandas triplas; TcVI Tulahuen cl2, bandas triplas). Figura 5: Perfis de DNA obtidos pela genotipagem de isolados de Trypanosoma cruzi provenientes de pacientes da região do Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais, por meio da análise do polirmorfismo do gene GPI/HhaI via RFLP-PCR. PM – Peso molecular de 100pb, BR - controle negativo da reação, A1- amostra 2014, A2 – amostra 646, A4 – amostra 229, A5 – 440, A6 – 501, A7 – 523, A8 – 2478, A9 PSF060, A10 – 1100, A11 – 820 e A12 isolado 2535. TcII (clone TU18 cl1 representativo do DTU TcII), TcV (clone SO3 cl5, DTU TcV), TcI (clone 92101601P cl1, DTU TcI), TcIII (Clone X109/2, DTU TcIII), TcIV (clone SO3 cl5, DTU TcIV) e TcVI (clone Tulahuen, DTU TcVI). XII Lista de Figuras Figura 6: Perfis de DNA obtidos pela genotipagem de isolados de Trypanosoma cruzi provenientes de pacientes da região do Vale do Jequitinhonha, MG, por meio da análise do polirmorfismo do gene da subunidade II da Citocromo Oxidase (COII). PM – padrão de peso molecular de 1kb, C1-perfil de bandas o clone Cutia cl1 (haplótipo mitocondrial A - DTU TcI, Freitas et al., 2006), C2- clone Tu18 cl2 (haplótipo C – DTU TcII), C3 - M6241 cl6 e C4 - Tulahuen cl2 (haplótipo mitocondrial B - DTU TcIII e DTU TcVI), A1 - amostra 2119, A2- amostra 1205, A3- amostra 376, A4- amostra 2118, A5- amostra 2408, A6 - amostra Be56, A7- amostra 1337, A8- amostra 1918, A9amostra 229, A10- amostra 748, A11- amostra 501, A12- amostra 2497 e A13- isolado 818, A14 – clone representativo do haplogrupo B (9212210R – TcIV), BR – controle negativo livre de DNA. Entre os isolados nota-se somente a presença dos haplótipos B e C. Figura 7: Perfis de DNA obtidos pela genotipagem de isolados de Trypanosoma cruzi provenientes de pacientes da região do Vale do Jequitinhonha, MG, por meio da análise do polirmorfismo do espaçador intergênico do miniexon. PM – padrão de peso molecular de 1KB; C1 - clone Cutia cl1(DTU TcI), C2 clone Tu18cl1 (DTU TcII), C3 e C4 clones X109/2 (DTU TcIII) e 9212210R2 (DTU TcIV), C5 e C6 clones SO3cl5 e Tula cl2 representantes das DTU(s) TcV e TcVI respectivamente, A1: amostra 229; A2 - 452; A3 - 748; A4 - 798; A5 - 1205; A6 - 1337; A7 - 2118; A8 - 2119; A9 - 376; A10 - 2497, A11 - 493; A12 - 820; A13 - 1107; A14 - 2478; A15 - 1918; A16 - 2014; Br: controle negativo da reação. O espaçador intergênico do Mini-exon (Freitas et al., 2006) é capaz de separar as DTU’s TcIII e TcIV, que apresentam perfis de bandas de 200pb, das demais DTU’s TcI, TcII, TcV e TcVI, esses com fragmentos de 150 a 157pb. Figura 8: Perfis de RAPD em isolados de Trypanosoma cruzi obtidos de pacientes dos municípios de Berilo e José Gonçalvez de Minas, região do Vale do Jequitinhonha, MG, submetidos a amplificação empregando os primers N9 (Gel A) e B15 (Gel B). PM – padrão de peso molecular de 100pb, C1 a C6 perfis de bandas apresentado pelos seis clones de referência dos seis DTU’s do Trypanosoma cruzi, onde nos géis A e B, C1 representa os perfis do clone de referência da DTU TcI, P209 cl1; C2: MAS cl1 (TcII), C3: CM-17 (TcIII), C4: CANIII (TcIV), C5: Bug2148 cl1 (TcV), C6: Tulahen cl2 (TcVI), respectivamente. No gel A, a amostra A1, corresponde ao isolado 953, A2- 820, A3 - 458, A4 - 523, A52014, A6 - 2478, A7 - 467, A8 - 1536, A9 - 818, A10 - 060/05, A11 - 845, A12 - 452, A13- 1315, A14 - 529, A15 - 1918, A16 - 2497 e A17 - 1107 respectivamente. No gel B, A1 - corresponde a amostra 845, A2 - 264, A3 - 501, A4 - 953, A5 - 2478, A6 798, A7 - 2335, A8 - 2491, A9 - 440, A10 - 1442, A11 - 376, A12 - 820, A13- 493, A14 2408, A15 - 748, A16 - 896 e A17 - 1315 respectivamente. XIII Lista de Figuras Figura 9: Fenograma obtido pelo método de UPGMA (Unweighted Pair-Group Method Analysis) de todos os 51 isolados de Trypanosoma cruzi e respectivos clones representativo de cada DTU do parasito, submetidos a analise do polimorfismo genético analisados no programa TREECON, e Bootstrap com repetições de 1000 vezes. P209 cl1, clone representativo do genótipo TcI; MAS cl1 - genótipo TcII; CM-17 – TcIII, CANIII cl1 – TcIV; Bug2148 cl5 – TcV e Tula cl2 TcVI. XIV Lista de Abreviaturas ALAT Alanina aminotransferase Alu I Enzima de restrição Alu I ASAT Aspartato aminotransferase ATP Adenosina Trifosfato COII Gene mitochondrial Citocromo Oxidase subunidade II dNTP’s 2’-desoxinucleotídeos-5’-trifosfato DO Densidade Óptica DTU Discrete Typing Unity DTT Dithiothreitol ECG Eletrocardiograma ECORV Endonuclease de restrição do tipo II EDTA Ácido etilenodietildinitritoteracético FUNASA Fundação Nacional de Saúde GPI Glicose-6-fosfato isomerase gRNAs RNAs guias Hha I Enzima de restrição HIV Vírus da Imunodeficiência adquirida HSP60 Heat shock protein 60 IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística JGM José Gonçalves de Minas kDNA DNA do cinetoplasto LIT Liver Infusion Triptose µg Microgramas µL Microlitros mL mililitros nm nanômetros OPAS Organização Pan -Americana de Saúde pb Pares de base PCR Reação em cadeia da polimerase PITs Postos de Informação de Triatomíneos PCDCh Programa de controle da doença de Chagas XV Lista de Abreviaturas PBS Solução Salina Tamponada RAPD Randomly Amplified polymorphic DNA RFLP Restriction Fragment Length Polymorphism rRNA RNA ribssômico SFM Sistema fagocitário mononuclear SL-IR Espaçador intergênico dos genes mini-exon Tc Trypanosoma cruzi UPGMA Unweighted Pair-Group Method Analysis WHO Word Heath Organization Z Zimodema 24S rDNA Gene ribossômico 24S 18 Sα rDNA Gene ribossômico 18S XVI Sumário 1.0 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 1 1.1 A Doença de Chagas: aspectos históricos, biológicos, clínicos e epidemiológicos. ............ 2 1.2 O Trypanosoma cruzi........................................................................................................... 6 1.2.1 Organização Genômica do T. cruzi ................................................................................... 7 1.2.2 Variabilidade Biológica do T. cruzi ................................................................................... 8 1.2.3 Variabilidade Genética do Trypanosoma cruzi ................................................................ 9 1.2.4 Estrutura Populacional do Trypanosoma cruzi .............................................................. 15 1.2.5 Correlações com propriedades biológicas do parasito, clínicas e eco epidemiológicas da Doença de Chagas ................................................................................................................... 17 1.3 A Doença de Chagas em Berilo, Vale do Jequitinhonha, MG. ........................................... 20 3.0 OBJETIVOS ............................................................................................................................. 25 3.1 Objetivo geral: .................................................................................................................. 26 3.2 Objetivos específicos: ........................................................................................................ 26 4. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................................... 27 4.1 Caracterização da Área em Estudo ................................................................................... 29 4.2 Pacientes e Amostras de T.cruzi ....................................................................................... 30 4.2.1 Obtenção das amostras.................................................................................................. 30 4.3 Obtenção do sedimento celular de T. cruzi...................................................................... 32 4.4 Extração de DNA............................................................................................................... 32 4.5 Classificação Genética das amostras isoladas dos pacientes ........................................... 33 4.5.1 Amplificação da região 3’ do gene 24sα rDNA - LSU rDNA ............................................ 33 4.5.2 RFLP–PCR (Restriction fragment length polymorphism) dos genes HSP60 (Proteína do choque térmico) e GPI (Glicose 6-Fosfato Isomerase) ............................................................ 34 4.5.3 Caracterização pela PCR do gene Mitocondrial Citocromo Oxidase subunidade II (COX II) ............................................................................................................................................. 35 4.5.4 Espaçador intergênico dos genes mini-exon de T. cruzi (SL-IR) ..................................... 36 4.6 Análise para Classificação dos isolados nas respectivas DTU(s)....................................... 37 5.0 RAPD (Random Amplified Polymorfic DNA) ...................................................................... 39 5.1 Análise dos resultados de RAPD ....................................................................................... 40 XVII Sumário 6.0 RESULTADOS ......................................................................................................................... 41 6.1 Análises do polimorfismo do domínio divergente do gene D7 do 24Sα rDNA (LSUrDNA)42 6.2 Análise de polimorfismo do gene da Proteína do choque térmico (HSP60) ..................... 43 6.3 Análise de polimorfismo do gene da Glicose-6-fosfato isomerase (GPI) ......................... 44 6.4 Análise de polimorfismo do gene Citocromo Oxidase II .................................................. 44 6.5 Análise do polimorfismo do Espaçador Intergênico dos Genes Mini-exon de T. cruzi (SLIR) ............................................................................................................................................ 45 6.6 Identificação das DTU(s) do Trypanosoma cruzi segundo o novo consenso taxonômico (Zingales et al., 2009) .............................................................................................................. 46 6.7 RAPD (Random Amplified Polymorfic DNA) ...................................................................... 49 7.0 DISCUSSÃO ............................................................................................................................ 53 8.0 CONCLUSÕES ......................................................................................................................... 67 9.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................. 70 10.0 ANEXO ................................................................................................................................. 93 XVIII 1.0 INTRODUÇÃO Introdução 1.1 A Doença de Chagas: aspectos históricos, biológicos, clínicos e epidemiológicos. A Doença de Chagas ou Tripanossomíase Americana, causada pelo protozoário flagelado Trypanosoma cruzi, foi descrita em 1909 pelo pesquisador brasileiro Carlos Ribeiro Justiniano das Chagas, enquanto trabalhava na campanha anti-malárica no município de de Lassance - MG durante a construção da estrada de ferro Central do Brasil. Esse brilhante pesquisador não só decifrou o ciclo biológico do parasito revelando seus hospedeiros vertebrados e invertebrados, mas também a epidemiologia e parte da patologia da doença. A área de abragência da doença de Chagas é ampla e se estende desde o México até a Argentina, representando uma das doenças parasitárias com maior impacto social e econômico na América Latina. Segundo a Organização Mundial de Saúde (WHO, 2010), cerca de 10 a 15 milhões de pessoas ainda encontram-se infectadas pelo T. cruzi nesse continente e, 100 milhões de indivíduos estão em risco de infecção. Embora o número de casos da doença tenha caído consideravelmente em toda América Latina, nas últimas décadas, estima-se a ocorrência de 200 mil novos casos agudos da doença por ano em toda América latina (WHO 2010). O número de países endêmicos para a doença reduziu drasticamente de 1986 a 2006 e um dos grandes responsáveis por tal redução foi a eliminação do principal vetor doméstico do parasito, o Triatoma infestans (WHO, 2007). A transmissão do T. cruzi está amplamente relacionada com a presença do inseto vetor, um hemíptero hematófago pertencente à subfamília Triatominae. Esse protozoário era exclusivo e restrito ao ambiente silvestre, circulando entre mamíferos reservatórios naturais e insetos vetores, mas com o processo de invasão e modificação ambiental promovida pelo homem, ele se aproximou das habitações humanas estabelecendo um novo ciclo de transmissão, com a colonização de ecótopos artificiais (Chagas, 1909; Dias, 1992; Dias, 2000). A principal via de transmissão do T. cruzi ao hospedeiro vertebrado é a vetorial. No intestino médio do triatomíneo, as formas epimastigotas do parasito mutiplicam-se por divisão binária e, na região posterior, diferenciam-se em formas infectantes denominadas tripomastigotas metacíclicas (Chagas, 1909). A transmissão do T. cruzi ao 2 Introdução homem ocorre durante o repasto sanguíneo pela deposição das fezes e ou urina do inseto vetor contendo a forma infectante sobre a pele com ferimentos ou sobre a mucosa (Dias, 1934; Brener, 1972; Brener, 1976). Nestes locais, o parasito irá penetrar em células do sistema mononuclear fagocitário (SMF) e, nestas células, transformam-se nas formas amastigotas, que se dividem intracelularmente por divisão binária e se diferenciam em formas tripomastigotas sanguíneas que infectam o vetor durante o repasto sanguíneo, fechando assim o ciclo evolutivo deste parasito. Estas, após vários ciclos de multiplicação promovem o rompimento celular e, uma vez livres, podem penetrar nas células adjacentes ou cair na circulação sanguínea e linfática, infectando novas células de outros órgãos e tecidos (Tanowitz et al., 1992). Além da via vetorial, o parasito pode ser também transmitido por transfusão sanguínea (Dias e Brener, 1984) e pela via congênita (Chagas, 1911), consideradas a segunda e terceira vias em importância epidemiológica. Em muitos países onde a doença é endêmica, ainda não há controle em larga escala dos bancos de sangue (Dias, 2007). Além disso, com as migrações humanas, a doença de Chagas também se tornou um problema em localidades onde ela não é endêmica como os EUA, o Japão a Europa e Austrália, devido ao risco de transfusão com sangue de indivíduos infectados, que migraram das áreas endêmicas para essas regiões (Garraud et al., 2007; Schmunis, 2007). O risco de transmissão vertical parece variar de 0,5 a 10% entre as diferentes regiões geográficas, o que poderia estar relacionado à falha no controle pré-natal e diferenças biológicas entre as cepas circulantes nestas áreas (Bittencourt, 2000). Atualmente, a transmissão oral tem se tornado uma grande preocupação para os programas de controle da Doença de Chagas no Brasil, uma vez que vários casos foram relatados nos estados de Santa Catarina, SC (Ministério da Saúde, 2005) Amazônia, AM (Marcili et al., 2009) e Bahia, Ba (Dias et al., 2008). Após a infecção por qualquer uma dessas vias, o indivíduo desenvolverá a fase aguda da doença de Chagas. A fase aguda geralmente é assintomática na maioria dos 3 Introdução casos (98%) e, ocasionalmente, pode ser caracterizada pela presença de sinais de porta de entrada como o Chagoma de inoculação e o Sinal de Romanhã, edemas, linfoadenopatias e febre (Dias et al., 1984). Nos casos mais graves, podem ocorrer miocardite intensa e envolvimento neurológico, principalmente, em crianças menores de dois anos de idade (Brener, 1992), grupo em que pode atingir cerca de 10-15% de mortalidade. Essa fase dura em média de um a quatro meses durante a qual são observadas altas taxas de parasito no sangue detectado pelo exame de sangue a fresco e por exames histopatológicos que detectam as formas amastigotas nos tecidos. Após a fase aguda, a maioria dos indivíduos evolui naturalmente para a fase crônica da infecção, que pode durar por toda a sua vida (Rassi et al., 2000; Prata, 2001; Rassi et al., 2010). Esta fase é marcada pela escassez de parasitos no sangue, devido ao desenvolvimento de uma resposta imune específica capaz de controlar a multiplicação do parasito. Essa fase é caracterizada por um curso clínico bastante variável. A maioria dos indivíduos (60-75%) apresenta a forma indeterminada da fase crônica da doença de Chagas, caracterizada pela ausência de sinais e sintomas clínicos, alterações radiográficas e eletrocardiográficas. Entretanto, cerca de 10 a 30 anos após a infecção, 30-35% dos infectados desenvolvem as formas clínicas sintomáticas, caracterizando as formas cardíacas, digestivas e ou mista (Rassi et al., 1992) da doença de Chagas, com graus variáveis de severidade clínica. Na forma cardíaca são observadas complicações relacionadas com alterações no ritmo cardíaco e na condução do impulso nervoso (Amorim et al., 1979); enquanto na forma digestiva os órgãos mais acometidos são o esôfago e o cólon . Esses problemas podem estar associados à intensa destruição neuronal presente nesses órgãos e aos aspectos imunológicos que geram inflamação no tecido parasitado seguida de fibrose (Rezende, 1979). Para tentar explicar o pleomorfismo do quadro clínico observado na doença de Chagas, vários estudos foram realizados com intuito de averiguar as possíveis correlações entre as formas clínicas com a variabilidade genética do parasito. Contudo, até o momento os resultados são bastante incipientes e controversos (Brenière et al., 4 Introdução 1985; Apt et al, 1987; Brenière et al., 1989; Vago et al., 2000; Lages-Silva, 2001; LagesSilva et al., 2006; D’Avila et al., 2006; D´avila et al., 2009). Algumas hipóteses foram propostas para explicar o insucesso em estabelecer essa correlação, a primeira delas está relacionada ao fato de que os pacientes poderiam ser infectados por várias subpopulações do parasito e, que a população recuperada no sangue não refletiria exatamente aquela que estaria gerando as lesões nos tecidos do indivíduo infectado, reforçando a teoria do Modelo Histiotrópico Clonal levantada por Macedo e Pena, (1998). No ciclo de transmissão natural do T. cruzi, os triatomíneos provavelmente estão em contato com diferentes hospedeiros vertebrados e, conseqüentemente, um mesmo triatomíneo pode realizar seu repasto sanguíneo em diferentes animais. Além disto, um mesmo animal pode ser infectado por vários triatomíneos. Esses diferentes eventos favorecem a circulação de populações multiclonais entre hospedeiros e vetores, as quais poderiam predominar no ambiente silvestre em conseqüência da existência de um número maior de vetores e reservatórios em relação ao ciclo doméstico no qual os mamíferos ainda atuariam como um filtro biológico, selecionando parte ou subclones das subpopulações existentes (Macedo e Pena, 1998; Macedo et al., 2002, 2004; Veloso et al., 2005; Lages-Silva et al., 2006). Outras hipóteses que poderiam estar relacionadas a esse insucesso são, provavelmente, o fato de a doença ser um processo multifatorial, em que tanto aspectos do parasito como do hospedeiro estão inter-relacionados ou ainda a escolha inadequada de alvos no genoma do parasito utilizados como marcadores de patogenicidade na tentativa de estabelecer a tão desejada correlação entre as formas clínicas com a variabilidade genética do parasito. Portanto, ainda são necessário mais estudos nessa área para elucidação dessas lacunas. Nesse panorama, o parasito, certamente, tem um papel importante nesse processo, e diferenças na sua distribuição poderiam refletir na prevalência das diferentes formas clínicas. Já está bem estabelecido que propriedades biológicas específicas estão mais associadas a certos grupos genéticos do T. cruzi (Toledo et al., 2004; Toledo et al., 2002; Buscaglia et al., 2006), o que poderia influenciar a resposta 5 Introdução ao tratamento etiológico, o curso da infecção e, conseqüentemente as manifestações clínicas (Macedo et al., 2004). Andrade, (1997) descreveu que as formas clínicas da doença apresentam diferenças quanto à distribuição geográfica, sendo a forma cardíaca mais associada a cepas dos Biodemas Tipo I e II (Z2), muito presentes no Brasil e países do Cone Sul; já o Biodema III foi mais correlacionado com o parasitismo da musculatura esquelética, com poucas ou nenhuma associação com as formas cardíacas e digestivas. A predominância da infecção por esse grupo ocorreu mais em países ao norte do Brasil, países da América Central, incluindo parte do estado da Amazônia. Em países como a Venezuela e países da América Central, a prevalência de megaesôfago é extremamente baixa ou praticamente ausente (Brener, 1987). No Brasil, cerca de 50 a 60% dos pacientes chagásicos crônicos apresentam a forma indeterminada da doença, 20 a 30% apresentam a forma cardíaca, 8 a 10% apresentam a forma digestiva. Menos de 2% apresentam as formas clínicas combinadas ou forma mista da doença. Entretanto, a ocorrência da forma digestiva (megaesôfago e/ou megacólon) parece ser predominante na região central (Luquetti et al., 1986; Dias, 1992). Desse modo, a epidemiologia molecular é uma ferramenta importante no intuito de evidenciar a variabilidade de T. cruzi em uma área endêmica, e vem sendo utilizada no intuito de permitir um estudo integrado do parasito com aspectos clínicos e epidemiológicos da doença observados na região em estudo na tentativa de detectar correlações e estabelecer perfis cepa específicos, que possam orientar o prognóstico, diagnóstico ou mesmo tratamento da doença de Chagas. 1.2 O Trypanosoma cruzi O Trypanosoma cruzi (Chagas, 1909) é um protozoário hemoflagelado, digenético, pertencente à ordem Kinetoplastida e a família Tripanosomatidae, amplamente disperso no continente americano, do sul dos Estados Unidos ao norte da Argentina. Diversos trabalhos demonstraram que o T. cruzi apresenta-se como uma espécie heterogênea, constituída por várias sub-populações do parasito que circulam, 6 Introdução tanto no ambiente doméstico como no silvestre, além de manter um íntimo contato com os seres humanos, animais reservatórios e vetores (Zingales et al., 1998; Macedo e Pena, 1998; Macedo et al., 2000; Miles et al., 2009; Yeo et al., 2011). Concernente a organização estrutural e populacional em T. cruzi, essas são complexas e seu conhecimento tem sido importante para compreender a intensa variabilidade intra-específica observada nessa espécie tanto ao nível biológico como genético. 1.2.1 Organização Genômica do T. cruzi O Trypanosoma cruzi apresenta seu genoma organizado em uma região de DNA nuclear e outra extranuclear caracterizada, no caso dos membros da ordem Kinetoplastida, por uma mitocôndria única e alongada, constituindo o cinetoplasto (Myler et al., 1993). Essa organela é composta de duas classes de moléculas de DNA circulares denominadas maxicírculos e minicírculos, correspondentes a cerca de 23% a 30% de todo o DNA celular denominado DNA do cinetoplasto ou kDNA do T. cruzi (Stuart et al., 1983; Degrave et al., 1988). Os minicírculos estão presentes em torno de 10.000 a 20.000 cópias por célula, que encontram-se concatenadas entre si, sendo constituídos de quatro regiões conservadas intercaladas por quatro regiões variáveis. As regiões conservadas contêm a região de replicação do DNA, enquanto as regiões variáveis estão envolvidas com a produção de pequenos RNAs guias (gRNAs) que participam da editoração dos mRNAS das enzimas mitocondriais. Os maxicírculos estão presentes em cerca de 20 a 50 cópias por célula e contém os genes de proteínas relacionadas com a respiração celular, bem como de RNAs ribossomais (Sanches 1984; Westemberg et al., 2006). Como todos eucariotos, o T. cruzi possui além do DNA mitocondrial, o DNA nuclear, que em conjunto, mantém a homeostase celular. Seu conteúdo total pode variar de 125 a 330 fentogramas por célula (McDaniel e Dvorak, 1993; Henriksson et al., 1996). Em relação ao DNA nuclear, os tripanossomátideos apresentam diferenças na cromatina em comparação com os mamíferos e outros grupos de organismos, sendo as mesmas pouco compactadas e frágeis, tanto em nível físico como enzimático (Toro et al., 1988; Galanti et al., 1998). Outra característica do DNA nuclear desse 7 Introdução grupo é a organização das cromatinas em relação aos eucariotos superiores e a outros protistas. Seus cromossomos, em número aproximado de 41 pares (Teixeira et al., 2011), não condensam durante a divisão celular, e por vários anos, os pesquisadores acreditavam que a falta da condensação dos cromossomos era devido a ausência histonas aderidas às fitas de DNA. Estudos mais recentes confirmaram a presença dessas proteínas nesses organismos, mas revelaram diferenças fundamentais na estrutura da Histona H1, o que poderia explicar a baixa estabilidade estrutural das cromatinas do T. cruzi (Toro et al., 1988). Recentemente, o genoma nuclear completo da cepa CL Brener foi publicado na literatura (El-Sayed et al., 2005) estimando-se que o tamanho do genoma diplóide gire em torno de 106,4 e 110,7 megabases, contendo cerca de 22570 genes. Cerca de 50% destes é composto por seqüências repetitivas (DNA satélite), apresentando cerca de 100.000 cópias; os minissatélites com aproximadamente 1000 cópias, e os microssatélites que diferem no tamanho dos motivos de repetição (Hancock, 1999), além de genes que codificam proteínas de superfície, retrotransposons e repetições subteloméricas. 1.2.2 Variabilidade Biológica do T. cruzi O T. cruzi é uma espécie que possui uma extensa variabilidade biológica, que já foi observada em relação a sua morfologia (Andrade & Andrade, 1966; Andrade, 1985); a taxa de crescimento e a virulência (Brener & Chiari, 1963; Brener, 1977) ao tropismo tecidual (Vago et al., 2000), a suscetibilidade a drogas (Brener et al., 1976; Toledo et al., 2003; Toledo et al., 2004b) e à composição antigênica (Krettli & Brener, 1982). Carlos Chagas, em 1909, já descrevia algumas diferenças na biologia do parasito. Este autor, observando a morfologia das formas tripomastigotas, sanguíneas verificou a existência de formas largas e delgadas do parasito, achado que foi posteriormente muito estudado por outros pesquisadores (Brener, 1965; Silva, 1959). Foi então verificado que as formas delgadas predominam em cepas de alta virulência com macrofagotropismo, desenvolvem parasitemia precoce e são mais suscetíveis aos anticorpos circulantes. As formas largas por sua vez são miotrópicas, apresentam baixa 8 Introdução virulência e maior resistência aos anticorpos do hospedeiro (Andrade, 1974; Brener, 1965; Brener, 1969). Devido a variabilidade biológica da espécie, foi proposta por Andrade em 1974, o primeiro critério de subdivisão das populações do T. cruzi em agrupamentos que apresentavam padrões de comportamento biológicos semelhantes em camundongos, baseado em parâmetros tais como: predomínio das formas largas ou delgadas, curva de parasitemia, morfologia dos tripomastigotas sanguíneos, tropismo tecidual, taxa de mortalidade, e lesões histopatológicas. Foram inicialmente definidos três grupos denominados de Tipos I, II e III. Posteriormente, Andrade e Magalhães (1997), avançando nesses estudos propuseram o termo biodema para esses grupos, que foram assim caracterizados: a) tipo I ou biodema I: seu protótipo é a cepa Y, sendo constituído por cepas com predomínio das formas delgadas que se multiplicam rapidamente, originando uma elevada parasitemia e, como conseqüência, a morte dos camundongos após o 7º e 12º dia da infecção e macrofagotropismo na fase inicial da infecção. b) tipo II ou biodema II: Possui como referência a cepa São Felipe, que se revela com predomínio de formas largas e miocardiotropismo. Apresenta multiplicação relativamente lenta, com picos de parasitemia irregulares entre o 12º e 20º dia de infecção, podendo, nesse período, ocorrer elevado índice de mortalidade. c) O tipo III ou biodema III: representado pela cepa Colombiana. Possui predomínio das formas largas com lenta multiplicação, picos de parasitemia tardios após o 20º e 30º dia de infecção; tropismo principalmente para a musculatura esquelética e com baixo índice de mortalidade (Devera et al., 2003). Essa heterogeneidade poderia contribuir para explicar diferenças regionais quanto à variabilidade das manifestações clínicas, resposta ao tratamento, e até mesmo à transmissibilidade do parasito. 1.2.3 Variabilidade Genética do Trypanosoma cruzi A variabilidade dos isolados do T. cruzi pode ser observada tanto em nível biológico (Andrade et al., 1985; Andrade et al., 1997) quanto em nível genético com 9 Introdução base na análise do DNA e a expressão de proteínas (Miles et al., 2009; Zingales et al., 2012). Estudos pioneiros realizados por Toyé (1974), avaliando o perfil de isoenzimas gerados por dois sistemas enzimático (ASAT - aspartato aminotransferase e ALAT alanina aminotransferase) demonstraram perfis de bandas diferenciados para os grupos analisados, confirmando assim a existência da diversidade genética nesta espécie. Posteriormente, diversos estudos foram realizados na tentativa de demonstrar e comprovar esse pleomorfismo genético, utilizando esse mesmo marcador, mas com número cada vez maior de loci avaliados. Estes estudos permitiram evidenciar maior número de grupos genéticos distintos nessa espécie (Miles et al., 1977 e 1978; Romanha et al., 1979 e 1982; Barnabé et al., 2000) - Tabela I. Com o advento da biologia molecular, diversos trabalhos foram realizados com a utilização da técnica da reação em cadeia da Polimerarese (PCR) amplificando diferentes alvos no genoma do T. cruzi, tanto em nível do genoma nuclear como do mitocondrial a fim de classificar as subpopulações dessa espécie de acordo com sua identidade genética. Um breve histórico sobre o desenvolvimento desses marcadores é apresentando na Tabela I, iniciando com os estudos de RFLP-PCR realizados por Morel et al. (1980), seguidos pelos clássicos trabalhos de genética de populações, utilizando o RAPD e análises de isoenzimas, propostos por Tibayrenc et al. (1993) até o estabelecimento do primeiro consenso taxonômico do T. cruzi (Anonymous, 1999). Essa proposta foi uma tentativa de padronização da classificação da espécie, a fim de facilitar a comunicação entre a comunidade científica e a correlação de resultados (Anonymous, 1999). Desse modo, foram definidas três linhagens: TcI: que incluia as cepas classificadas como Zimodema 1 (Miles et al., 1978), Tipo III (Andrade, 1974) Ribodemas II/ III (Clark & Pung, 1994), Grupo 1(Tibayrenc, 1995) e linhagem 2 (Souto et al., 1996). TcII: que incluia as cepas classificadas como Zimodema 2 (Miles et al., 1978), Zimodema A (Romanha et al., 1979), Tipo II (Andrade, 1974) e Ribodema I (Clark & Pung, 1994); 10 Introdução T. cruzi: que incluia as cepas caracterizadas como híbridas ou cuja caracterização fosse inconclusiva devido a incongruência entre os marcadores, tais como o Zimodema 3 (Miles et al., 1978), Zimodema B (Romanha et al., 1979) Tipo 1 (Andrade, 1974) o grupo 1/2 (Souto et al., 1996), genótipo 39 (Tibayrenc, 1995). Entretanto, com o avanço das metodologias de análise multiloci para avaliação da diversidade genética do parasito, outras subdivisões foram posteriormente observadas no interior dessa espécie (Brisse et al., 2000; Freitas et al., 2006) . Nesse contexto, Brisse et al. (2000) propuseram a subdivisão da espécie de T. cruzi em seis sublinhagens incluindo a DTU I correspondente a linhagem I definida por Anonymous et al.(1999); DTU IIb correspondente a linhagem II e às DTU(s) IIa, IIc, IId e IIe que representariam aqueles isolados com classificação ainda inconclusiva quando estabelecido o consenso de 1999. Por exemplo, a DTU IId e IIe seriam isolados que apresentaram perfil híbridos e, as DTU(s) IIa e IIc equivalentes ao Zimodema 3 descrito por Miles et al. (1977). Com avanços nos estudos tentando correlacionar a genética do parasito com suas propriedades biológicas fundamentais e aspectos epidemiológicos e clínicos da doença, ficou evidenciado uma grande variação de propriedades entre membros de das grandes linhagem do T. cruzi (Toledo et al., 2002; Toledo et al., 2003; Miles et al., 2009), o que fez com que alguns autores sugerissem que provavelmente as subdivisões menores apresentariam maior especificidade (Tibayrenc et al., 2003). Desse modo, outro consenso taxonômico para o T. cruzi foi realizado em Buzios, RJ, durante um encontro de Protozoologia, e uma nova classificação da espécie foi publicada (Zingales et al. , 2009), conforme descrito na Tabela I. Tabela I: Resumo da revisão bibliográfica da variabilidade genética do Trypanosoma cruzi 11 Introdução Autores Metodologias Resultados e Classificação Miles et al,. 1977 e 1978 Análises de isoenzimas empregando oito locos enzimático na avaliação de isolados da Am e Ba, Brasil. Os autores concluíram que, os isolados que apresentassem os mesmos perfis para cada sistema enzimático seriam classificados em Zimodemas (Z1, Z2 e Z3). Os perfis Z1 e Z3 foram mais relacionados aos parasitos obtidos do ciclo silvestre e o grupo Z2 mais relacionados com o ciclo doméstico. Os mesmos descreveram a predominância do grupo Z2 no Brasil e Z3 em outros países do Cone Sul. Romanha et 1979, 1982 al,. Análises de isoenzimas empregando oito locus isoenzimáticos na avaliação de amostras provenientes de hospedeiros silvestres e pacientes humanos isolados de diversas áreas endêmicas do Brasil. Os autores propuseram a classificação dos isolados de acordo com os perfis apresentados em quatro Zimodemas: ZA, ZB, ZC e ZD. O zimodema Z2 proposto por Miles em (1978) apresentava forte correlação com o Zimodema ZA de Romanha (1979 e 1982). Tibayrenc e Ayala 1986; Tibayrenc e Brenière, 1988 Análises de isoenzimas empregando 15 locus enzimáticos na avaliação de isolados provenientes de vetores, de reservatórios e de pacientes, de diversos países da America Latina e Estados Unidos. Identificação de 43 grupos genéticos distintos denominados de clonets naturais do T. cruzi, dos quais quatro genótipos ocorrem em maior freqüência e dispersão geográfica, perfazendo cerca de 53,7% das amostras e, por isso, representariam os genótipos principais do parasito: 19, 20, 39 e 32. Morel et al., 1980 Análise Fragmentos de restrição do KDNA – RFLP dos minicírculos, de cepas provenientes de vetores e pacientes humanos da América Latina. Encontraram padrões de bandas específico para grupos distintos do parasito, que foram denominados como Esquizodemas. A metodologia demonstrou um grande número de subdivisões que dificultou a interpretação dos resultados. Sturm et al., 1989 RFLP – PCR de cepas provenientes de diferentes regiões da America Latina, e representantes de todos os zimodemas. Estudaram RFLP–PCR nos minicírculo e observaram que a metodologia poderia ser realizada diretamente em amostras biológicas sem a necessidade de sua manipulação em cultura. Análises de 10 primers de RAPD (Random Amplified Polymorfic DNA) e Isoenzimas em 24 isolados provenientes do Brasil, Chile, Bolivia e Venezuela. Os autores mostraram correlação entre os resultados obtidos por isoenzimas e RAPD. Essa paridade entre os dois conjuntos de resultados confirma que os Tibayrenc al.,1993; et marcadores de RAPD são confiáveis marcadores genéticos. O RAPD também é adequados para reconstruir filogenias de diferentes espécies e organismos, bem como investigar as sublinhagens intraespecíficas. 12 Introdução Steindel et al., 1993 Análises com 4 primers de RAPD em 32 isolados provenientes de diversos países da América do Sul. Os perfis de RAPD de 18 cepas pertencentes ao zimodema 1 (Z1), recolhidos de várias regiões da América do Sul, exibiu um padrão consistente e 59% das bandas produzidas estavam presentes em todas as cepas Z1. Um nível semelhante de consistência foi verificado no número de bandas compartilhadas entre 5 cepas Z2, 4 cepas ZB e ZC, pertencentes a 2 linhagens. A análise fenética das 5 diferentes linhagens Z1, com base no compartilhamento de banda mostrou que suas inter-relações espelhou a sua origem geográfica. A comparação dos perfis de RAPD de estirpes de zimodemas diferentes mostrou que menos de 7% de bandas das cepas em um zimodema estão presentes nas cepas de outro zimodema. Souto e Zingales., 1993 Análise do polimorfimo da região divergente do Domínio D7 da subunidade 24Sα rDNA, Os autores estudaram o gene que codifica o rRNA 24Sa em diversos isolados de T. cruzi de diversos hospedeiros da América Latina, demonstrando se tratar de um alvo específico nessa espécie. Por meio da técnica de PCR amplificaram e seqüenciaram dois produtos distintos: um fragmento de 125pb e outro de 110pb, permitindo classificar o parasito em dois grupos linhagens I e II, respectivamente . Posteriormente, o aumento do número de amostras permitiu demonstrar a existência de um terceiro grupo de cepas que apresentavam os dois fragmentos (110 e 125 pb), correspondentes à perfis híbridos, atualmente DTU V, que foi então denominados grupo ½ (Souto et al., 1996). Clark & Pung, 1994 Análise do polimorfismo da subunidade 18S do rRNA por RFLP-PCR. Ao estudar cepas provenientes de diversas áreas endêmicas, classificaram-nas em três grupos denominados Ribodemas I, II e III. As cepas identificadas como Ribodema I correspondentes ao grupo TcI e as cepas identificadas como Ribodema II e III correspondentes ao grupo TcII proposto por Souto et al., (1996). 13 Introdução Souto et al., 1996 Análise do polimorfismo da região inter-gênica. do gene do mine-exon em isolados provenientes de diversos hospedeiros naturalmente infectados da América Latina. Os isolados apresentaram m produtos amplificados de com 300pb e 350pb. Associados aos resultados para o polimorfismo do gene 24Sα rDNA os autores propuseram a classificação do T. cruzi em três grupos: Grupo I que apresenta um fragmento de 125 pb para o rRNA e 330pb para o mini-exon, Grupo II que apresenta um fragmento de 110 pb para o rRNA e 350pb para o mini-exon e grupo 1/2 que apresenta ambos os produtos de amplificação do rRNA e do produto do grupo I do mini-exon. Anonymous, 1999 1ª Reunião para unificar a classificação da espécie, sendo definidos duas linhagens genéticas, a fim de facilitar as correlações entre os diferentes estudos. TcI: cepas classificadas como Zimodema 1 (Miles et al., 1978), Tipo III (Andrade, 1974) Ribodemas II/ III (Clark & Pung, 1994), Grupo 1(Tibayrenc, 1995) e linhagem 2 (Souto et al., 1996). TcII: cepas classificadas como Zimodema 2 (Miles et al., 1978), Zimodema A (Romanha et al., 1979), Tipo II (Andrade, 1974), Ribodema I (Clark & Pung, 1994);. Cepas com classificação inconclusiva foram denominadas somente T. cruzi incluindo aquelas com perfil hibrido (Zimodema B de Romanha et al; Tipo 1 de Andrade, 1974; o grupo 1/2 de Souto et al., 1996; , genótipo 39 de Tibayrenc et al. 1993) ou com incongruência entre marcadores como o Zimodema 3 (Miles et al., 1978) Brisse et al.,2000ª Análises de RAPD empregando 20 iniciadores RAPD e 22 loci de isoenzimas. Em isolados provenientes de diversos países da América Latina e Estados Unidos da América. Propuseram a existência de seis grupos de T. cruzi ou DTU(s), que foi definida como uma coleção de cepas geneticamente relacionadas e idênticas quando careacterizadas por marcadores moleculares comuns: DTU I, correspondente a linhagem proposta por Anonymous (1999); DTU II, correspondente a linhagem II; DTU III e IV correspondentes ao Zimodema III; DTU V e VI correspondentes ao grupos híbridos. Brisse et al.,2000b Clonaram regiões amplificadas (SCAR), provenientes da amplificação de 3 primers de RAPD. Utilizaram 87 cepas do T. cruzi, representantes de todos os seis DTU(s) provenientes de diversas regiões da América latina. A combinação dos três marcadores SCAR resultou em padrões característicos que eram distintos nas seis linhagens. Além disso, as linhagens do T. cruzi foram distintas do Trypanosoma rangeli e T. cruzi marinkellei. A excelente correspondência desses novos marcadores de PCR com as linhagens filogenéticas, aliada à sua sensibilidade, torna-os ferramentas confiáveis para a identificação dos seis DTU(s) e caracterização de isolados do T. cruzi. 14 Introdução Freitas et al., 2006 Análise do polimorfimso da subunidade II do gene Citocromo oxidase por RFLP analisando amostras representativas das seis DTU(s) estabalecidas por Brisse et al. (2000). Sugeriram a existência do TcIII. Haplogrupos mitocondrial A, B e C, sendo que o haplótipo A tem correspondência com o Z2 e rDNA tipo 2, o haplótipo B comparados com os híbridos e Z3, e o haplótipo C relacionado com Z2 e rDNA tipo 1. A DTU 2b corresponde ao Zimodema 2 (Miles et al., 1977), as DTU 2c ao Zimodema 3 (Miles et al., 1977). Rozas et al., 2007 RFLP-PCR de 12 genes constitutivos do protozoário e análise dos resultados para genotipagem via MLP, em 50 amostras isoladas de humanos, hospedeiros vertebrados e invertebrados de uma importante área endêmica do Chile. Os produtos de digestão dos 12 genes foram avaliados utilizando o método de análise proposto pelos autores MLP. A metodologia foi considerada eficiente na identificação dos seis DTU(s) do protozoário, além de ser capaz de fazer a genotipagem dos isolados diretamente nos tecidos do hospedeiro. A identificação dos DTU(s) segue um algoritmo (MLP), avaliando as sucessivas reações de RFLP-PCR. Zingales et al., 2009 Segundo Consenso Taxonômico em T. cruzi Foi definido que a espécie T. cruzi é subdividida em seis grupos denominados TcI, TcII, TcIII, TcIV, TcV e TcVI de acordo com as análises moleculares e biológicas avaliadas e citadas anteriormente. Desse modo, TcI corresponderia ao linhagem TcI definido por Anoymous et al (1999) e a DTU I de Brisse et al. ( 2000); TcII a linhagem TcII de Anonymous et al (1999) e a DTU Iib de Brisse et al., 2000; TcIII ao Z3/Z1 de Miles et al. (1981) DTU IIc de Brisse et al. (2000) e TcIII de Freitas et al. (2006); TcIV ao Z3 e DTU IIa; TcV aos grupos Z2, rDNA ½ e DTU IId; TcVI ao zimodema B e DTU IIe 1.2.4 Estrutura Populacional do Trypanosoma cruzi Em um importante estudo sobre a variabilidade genética do T. cruzi, Tibayrenc et al. (1986) pela análise dos perfis isoenzimáticos de amostras provenientes do ciclo silvestre e do doméstico da Doença de Chagas, de diferentes regiões da América Latina, demonstraram que o T. cruzi possui estrutura e evolução predominantemente clonal. Os autores observaram que o número detectado de genótipos foi extremamente inferior às combinações esperadas para os loci analisados, evidenciando um grande desvio do equilíbrio da Lei de Hardy-Weinberg. Esses estudos demonstraram a existência de 43 zimodemas na espécie e, que 16 deles possuíam diferença em apenas um alelo. Posteriormente, foi demonstrado que alguns zimodemas ou clonets (19, 20, 39 e 32) foram encontrados em diferentes espécies de 15 Introdução vetores, reservatórios animais e em humanos repetidas vezes, em diferentes áreas geográficas e em momentos distintos, sendo por estas razões, denominados genótipos principais do T. cruzi (Tibayrenc e Brenière, 1988). O modelo de evolução clonal pressupõe que as subpopulações do T. cruzi podem ser consideradas como unidades genéticas estáveis ao longo do tempo e do espaço e, que as trocas genéticas entre os mesmos são eventos raros (Bogliolo et al., 1996; Machado & Ayala, 2001; Brisse et al., 2003; Sturm et al., 2003; Gaunt et al., 2003; Westenberger et al., 2006). Por essa razão, a estrutura populacional da espécie tem que ser avaliada pelas mínimas taxas de recombinação acumulativas ocorridas ao longo do tempo, o que gera variabilidade genética intra-específica e influencia a estrutura populacional da espécie. Nesse contexto, atualmente está bem estabelecido que existe seis subdivisões genéticas (DTU) no interior dessa espécie, que foram denominadas de TcI, TcII, TcIII, TcIV, TcV e TcVI (Zingales et al., 2009), com provavelmente dois eventos de hibridização envolvidos na formação dessas linhagens. As DTU TcI e TcII consistem em linhagens filogenéticas ancestrais, únicas e relativamente homogêneas. No entanto, estudos recentes têm demonstrado significativa variabilidade no interior de TcI (Ramirez et al., 2011). O seqüenciamento gênico suporta a idéia de que as DTU(s) TcIII e IV apresentam afinidade tanto com Tc I quanto TcII, indicando que eles apresentaram características híbridas derivadas dessas duas DTU(s) geradas provavelmente, devido de eventos de hibridização entre essas linhagens (Westenberger et al., 2006); enquanto as DTU(s) V e VI apresentam haplótipos provenientes de TcII e TcIII (Westenberger et al., 2005; Subileau et al., 2009; Yeo et al., 2011). Entretanto, análises de genes mitocondriais (Freitas et al., 2006) sugeriram a divisão desta espécie em três grupos ancestrais e não em dois como nos estudos anteriores. Essas linhagens foram denominadas de a) T. cruzi I e (b) T. cruzi II ( correspondentes a TcI e TcII, respectivamente); (c) T. cruzi III (que corresponderia a cepas da DTU TcIII). Os autores ainda propuseram que a origem dos representantes híbridos atualmente observados seria decorrente de eventos de hibridização entre TcII e TcIII, corroborando os dados de Westerbeng et al. (2005). Análises filogenéticas 16 Introdução baseadas nos perfis de microssatélites também suportam a existência de dois eventos de hibridização na origem dos subgrupos híbridos do T. cruzi (Venegas et al., 2009). 1.2.5 Correlações com propriedades biológicas do parasito, clínicas e eco epidemiológicas da Doença de Chagas O modelo clonal proposto por Tibayrenc e Ayala (1988) para T. cruzi pressupõe que na espécie a reprodução sexuada ou recombinação genética são nulas ou praticamente ausentes. Como o parasito se reproduz predominantemente por divisão binária, seu genótipo seria transmitido em bloco a sua progênie, o que resultaria provavelmente em implicações biológicas importantes. Desse modo, os genótipos filogeneticamente próximos apresentariam propriedades biológicas e especificidades eco epidemiológicas muito semelhantes entre si, enquanto os genótipos mais distantes filogeneticamente apresentariam tais propriedades mais distintas. Essa hipótese tem sido comprovada por diferentes autores que avaliaram diferentes propriedades do parasito em cultura celular (Laurent et al., 1997; Revollo et al., 1998), no hospedeiros invertebrados (Lana et al., 1998) e em hospedeiros vertebrados (Laurent et al., 1997; Toledo et al., 2002; Toledo et al., 2003; Martins et al., 2006). Os isolados pertencentes a DTU TcI apresentaram maior capacidade de multiplicação e sobrevivência em cultura celular e acelular (Andrade, 1985; Andrade e Magalhães, 1997; Toledo et al., 2002; Andrade et al., 2010), vetores (Dvorak, 1980; Lana, et al., 1998), grande capacidade de infectar animais de experimentação (Andrade, 1985; Andrade e Magalhães, 1997; Toledo et al., 2002; Martins et al., 2006), e maior resistência a drogas tanto in vivo (Brener et al., 1976; Filardi e Brener, 1987; Toledo et al., 2002) como in vitro (Revollo et al., 1998). Em contraste, os isolados pertencentes a DTU TcII apresentaram-se valores menores em relaçaõ a essas variáveis, enquanto os isolados da DTU TcV apresentaram características intermediárias (Laurent et al., 1997; Revollo et al., 1998; Toledo et al., 2002). Por outro lado, estoques pertencentes a DTU TcII foram mais patogênicos quando comparados a DTU TcII (Toledo et al., 2003). Variações geográficas quanto à distribuição genética das DTU(s) já foram publicadas por diferentes autores. No cone Sul, a DTU I parece ser predominante na 17 Introdução região da Bacia Amazônica e casos humanos crônicos envolvendo essa linhagem são extremamente raros, principalmente relacionados a manifestações clínicas graves dos pacientes (Miles et al, 1981a; Zingales et al, 1999; Coura et al, 2002; Buscaglia e Di Noia, 2003). Países como Equador, Guatemala, Honduras, Costa Rica e Nicarágua, já registraram grande ocorrência dessa DTU em diversos hospedeiros em seus território. Este tem sido o principal genótipo relacionado a infecção humana nessa região geográfica ( Miles et al., 2009; Ramos et al., 2011). Recentemente, essa DTU tem sido frequentemente associada a casos agudos graves resultantes de surtos de infecção oral (Coura, 2006; Dias et al, 2008; Steindel et al., 2008) e a entrada de roedores silvestres no ambiente domiciliar (Luquetti et al., 1986). Ocorrência interessante dessa linhagem é a associação com a reativação da doença em pacientes imunossuprimidos, com a co-infecção Chagas/HIV (Añez et al., 2004; Burgos et al., 2008). Outra característica importante da DTU TcI é sua resistência aos fármacos disponíveis para tratamento etiológico da Doença de Chagas experimental demonstrada em modelo murino (Toledo et al., 2002). É importante ressaltar que o DTU TcI apresenta substancial heterogeneidade genética intragrupo (Herrera et al, 2007). Estudos em isolados provenientes do México (Bosseno et al, 2002), Colômbia (Herrera et al., 2007), Venezuela e da Bolívia (Llewellyn et al., 2009b) sugerem quatro subdivisõe dentro dessa DTU (Herrera et al, 2007; Falla et al, 2009), embora estes não tenham sido mencionados no consenso taxonômico de 2009. Por outro lado a DTU TcII é o principal agente da Doença de Chagas na região do Cone Sul da América Latina, e estudos epidemiológicos tem indicado a associação dessa DTU com mamíferos sinantrópicos e humanos (Zingales et al., 1998; Zingales et al., 1999; Brèniere et al., 1998). Uma outra observação importante relacionada a essa linhagem é sua associação a casos graves de doença de Chagas no Sul da América Latina, especialmente na região central, sul e sudeste do Brasil, onde as manifestações cardíacas, megacólon, e megaesôfago são quase exclusivamente ligados a ela (Freitas et al., 2005; Yeo et al., 2005; Lages-Silva et al., 2006). Diversos estudos tem associado também a DTU TcII a infecção em hospedeiros invertebrados e veterbrados nos ciclos doméstico e silvestre em todo Brasil (Fernandes et al., 1998; Zingales et al., 1998; Fernandes et al., 1999ª; Zingales et al., 1999; Brenière et al., 1998; Marcili et al., 2006; 18 Introdução D’ávila et al., 2006; Steindel et al., 2008; Brito et al., 2008; D’ávila et al., 2009 e Abollis et al., 2011), indicando a importância epidemiológica dessa linhagem. Outra característica importante dessa DTU é a resistência ao tratamento etiológico. A DTU TcII é considerada mais sensível ao tratamento experimental (Revollo et al., 1998; Toledo et al., 2002) e em pacientes humanos (Coronado et al., 2006). As DTU TcV e possivelmente TcVI estão envolvidas em infecções humanas na região do Chaco e países vizinhos, como Bolívia, Chile, norte da Argentina, e sul Brasil (Virreira et al, 2006b; Cardinal et al, 2008). Trabalhos indicam que o megacólon na Bolívia está associada predominantemente com TcV e em menor grau, com T. cruzi II (Virreira et al., 2006b). Notavelmente, o TcV está associado com a transmissão congênita da Doença de Chagas na Argentina, Bolívia, e na região sul do Brasil (Virreira et al., 2006a, 2007; Valadares, 2007). Além das DTU(s) TcII e TcV, diferentes autores têm indicado TcVI como uma importante linhagem associada com a doença de Chagas no sul da América do Sul (Miles et al., 2009). No entanto, devido à sua genética, dependendo do método escolhido para a genotipagem dos isolados, o TcVI não pode sempre ser distinguido de TcII ou TcV (Campbell et al, 2004; Burgos et al, 2008; Lewis et al, 2009; Macedo e Segatto, 2010). Assim, a específica contribuição da associação da DTU TcVI em infecções humanas e hospedeiros vertebrados e invertebrados torna-se difícil de ser avaliada de forma adequada. Devido aos problemas relacionados com a genotipagem do T. cruzi alguns trabalhos foram propostos com a finalidade de se chegar a caracterização rápida e segura dos isolados nas seis DTU(s) desse parasito. Devido a natureza híbrida de alguns desses grupos, os protocolos combinam diferentes metodologias. O primeiro deles foi publicado por Brisse et al. (2001) e que propôs a identificação das seis DTU(s) pela analise integrada do polimorfismo dos genes 24Sα rDNA (Souto et al., 1996), juntamente com 18Sα rDNA (Clark e Pung 1994); o segundo foi proposto por Lewis et al. (2009), que representa segundo os autores, uma metodologia simples e acurada, capaz de identificar todos os genótipos do parasito, avaliando os resultados do RFLPPCR de dois genes - HSP60 e GPI (Sturm et al., 2003; Gaunt et al., 2003) juntamente 19 Introdução com os padrões do 24Sα rDNA; o terceiro esquema propõe a classificação pela análise em conjunto do 24Sα rDNA (Souto et al., 1996), SL-IR (Burgos et al., 2007) juntamente com o RFLP do gene Citocromo Oxidase subunidade II (CoII) (Freitas et al., 2006) e publicado primeiramente por D’ávilla et al. (2009). Atualmente, grandes esforços têm se concentrados no intuito de investigar a correlação entre a variabilidade genética do parasito e suas características biológicas, epidemiológicas e clínicas fundamentais, incluindo ainda a resistência/susceptibilidade ao tratamento etiológico, a fim de delinear perfis cepa-específicos, que poderão orientar as medidas de controle, o manejo do paciente e/ou seu tratamento. Desse modo, é fundamental conhecer a variabilidade genética e a estrutura populacional de qualquer agente patogênico em uma determinada região, sobretudo em estudos epidemiológicos, de evolução do parasito, de diagnóstico da doença e seu prognóstico, ou mesmo na pesquisa básica. 1.3 A Doença de Chagas em Berilo, Vale do Jequitinhonha, MG. Em um inquérito sorológico realizado no Brasil sobre a prevalência da Doença de Chagas em meados de 1975 a 1980 foi constatado que 4,22% da população rural encontrava-se com sorologia positiva para o T. cruzi (Camargo et al., 1984). O estado de Minas Gerais exibiu umas das maiores prevalência no país, sendo o Norte de Minas, e especificamente o Vale do Jequitinhonha, uma das regiões mais afetadas pela Doença, apresentando o município de Berilo uma prevalência de 35,5% de positividade. Posteriormente, Dias et al. (1985) realizaram um inquérito sorológico em Berilo para averiguar a real situação da doença na população e, encontraram 35,1% de positividade na sorologia para Doença de Chagasna população residente no município naquele momento. Após a realização desse inquérito várias intervenções foram realizadas no município objetivando o controle da transmissão vetorial por meio de ações conjuntas entre a prefeitura e o Programa de Controle da Doença de Chagas no Brasil (PCDCh). 20 Introdução Em um novo inquérito realizado em 1988, Aguilar et al. avaliaram um grupo de 1150 pessoas, entre jovens e adultos, encontrando uma positividade de 12,69% nessa amostra. A prevalência foi consideravelmente menor que a encontrada por Dias et al. em 1985, o que indicava declínio da prevalência, mas que o controle ainda não fora completamente efetivo. Neste mesmo estudo, os autores investigaram ainda alguns aspectos da doença de Chagas em indivíduos infectados, observaram que a mortalidade entre os pacientes soropositivos era de 1,9% ao ano, que a cardiopatia afetava cerca de 2,6% dos pacientes e que existia uma progressiva evolução clínica nos pacientes infectados pelo T. cruzi circulantes naquela região demonstrados posteriormente por Montoya (1998). Uma nova avaliação vetorial realizada por Silveira e Rezende (1994) e Fernandes et al. (1992) verificaram que o P. megistus foi sempre a espécie mais frequentemente encontrada como vetor da doença de Chagas em Berilo, nativa na região e muito presente no peridomicílio determinando a manutenção do ciclo doméstico de T. cruzi e servindo como enlace com o ciclo silvestre. Contudo, mesmo após o início das ações de controle vetorial na região e implantação do PDCH e em Berilo houve várias interrupções em suas ações decorrentes de problemas político e ou financeiros, especialmente na década de 80 e início da década de 90. Somente no final da década de 90, a FUNASA intensificou o combate aos triatomíneos vetores que culminou com a implantação da vigilância epidemiológica e a criação dos PITs (postos de informação de Triatomíneos). Ficando a região sob a supervisão da Gerência Regional de Saúde de Diamantina. Com o intuito de avaliar o impacto do programa de controle, Montoya et al. (2003) realizaram um novo inquérito sorológico no município. Os autores observaram uma prevalência de positividade em 18% dos avaliados, e de apenas 0,17% entre os menores de 10 anos, indicativa da efetividade da vigilância epidemiológica. Em 2002, foi criado o Grupo de Pesquisa em Epidemiologia e Clínica da Doença de Chagas no Vale do Jequitinhonha, que vem desenvolvendo um amplo trabalho em dois municípios da região do Vale do Jequitinhonha, MG, que atualmente correspondem ao município de Berilo liderado pela Universidade Federal de Ouro Preto-MG em colaboração com pesquisadores de outras instituições brasileiras (UFMG, Instituto René-Rachou – Fiocruz, MG e, Fiocruz - RJ). Esse grupo vem sistematicamente avaliando vários aspectos relacionados à doença de Chagas na 21 Introdução região, principalmente, nos municípios de Berilo e José Gonçalves de Minas, que constituía até 1997 um distrito de Berilo. Nesse contexto, Borges et al. (2006) realizaram um inquérito sorológico em 1412 escolares de 7 a 14 anos na região e encontram uma prevalência de 0,4% de positividade de doença de Chagas no município, menor que a observada nos anos anteriores e fortemente indicativa da eficácia da vigilância epidemiológica. Em 2009, Machado-de-Assis et al. (2009) (em preparação) realizaram um levantamento integral sobre a positividade de triatomíneos vetores nos domicílios e peridomicílios na região de Berilo, visitando cerca de 5242 unidades domiciliares e 7807 anexos, capturando 391 triatomíneos. Após análise microscópica do conteúdo intestinal dos insetos nenhum exemplar apresentou infecção pelo T. cruzi, confirmando que a transmissão vetorial estava controlada na região, e que a vigilância epidemiológica também estava funcionando efetivamente. Entretanto, a constatação de ausência de transmissão vetorial não representa que a região esteja isenta dos problemas relacionados à infecção chagásica pelo fato da espécie citada ser nativa no município. Aguilar et al. (1988) já haviam demonstrado que 52% dos pacientes analisados já apresentavam ECG alterados. No município vizinho de Virgem da Lapa, Borges-pereira (1997) encontrou prevalências de alterações eletrocardiográficas de 48,5% entre os chagásicos contra 17,2% dos não chagásicos. Montoya et. al. (1998) ao avaliar a evolução da doença cardíaca nos pacientes do município de Berilo verificaram que em dez anos foi detectada evolução progressiva em cerca de 28% dos indivíduos soropositivos. Nossa equipe detectou cerca de mais de 1000 pacientes infectados pelo T. cruzi na faixa etária de 16 a 85 anos, que necessitam de avaliação e assistência clínica. A avaliação clínica dos pacientes também tem revelado uma elevada taxa e diversidade de formas clínicas, indicando um alto grau de morbidade associado à doença de Chagas (dados não publicados), corroborando dados de outros autores obtidos na região. Esses resultados indicam que além de existir um grande contingente de indivíduos chagásicos, a evolução da doença é progressiva e grave na região, o que leva a considerar o tratamento desse pacientes na fase crônica da infecção como recomendado pela OPAS a partir de 1998, visando melhor prognóstico da doença. Lana et al. (2009) ao avaliar clinica e laboratorialmente 28 pacientes dos municípios de Berilo e José Gonçalves de Minas, tratados com 22 Introdução Benzonidazol há nove anos, constataram que os indivíduos não curados quando tratados na forma indeterminada da doença apresentaram uma evolução clínica mais lenta em comparação com os pacientes não tratados, corroborando trabalhos prévios de outras regiões, onde o tratamento na fase crônica da doença é importante e pode trazer benefícios para o paciente. Embora importantes resultados envolvendo os pacientes integrados ao Programa já tenham sido alcançados, ainda faltam algumas questões a serem investigadas junto aos pacientes do município de Berilo e José Gonçalves de Minas, incluindo a diversidade genética do T. cruzi, a fim de conhecer quais as linhagens do parasito estão circulando na região e, provavelmente, influenciando os aspectos clínicos e epidemiológicos da doença de Chagas. Oliveira-Silva (2009) na tentativa de conhecer o perfil genético e biológico das amostras de T. cruzi isolados de seus pacientes, residentes na região, caracterizou biológica e geneticamente parasitos isolados de seis crianças, resultantes do inquérito sorológico em escolares de Borges et al. (2006), e suas respectivas mães, demonstrando que a maioria foi classificada como pertencentes ao grupo TcII e, apenas um isolado caracterizado como pertencente ao grupo TcVI. Martins et al. (2011 em preparação) ao caracterizar molecularmente alguns isolados de T. cruzi provenientes de pacientes de Berilo e José Gonçalves de Minas também detectaram somente amostras com perfil semelhante ao grupo de TcII. Entretanto, é necessário considerar que a amostragem foi ainda limitada e deve ser aumentada a fim de realmente determinar o perfil genético real do parasito circulante na região. O aumento do número de isolados analisados empregando a nova classificação para o T. cruzi nas seis subunidades genéticas (Zingales et al, 2009) permitirá que os resultados sejam comparados com dados obtidos em outros países do Cone Sul, de modo a contribuir na elucidação do perfil epidemiológico-molecular do T. cruzi no Brasil e, verificar se esse é realmente distinto dos outros países do Cone Sul da América Latina, onde tem se verificado predominantemente a presença dos grupos híbridos no ciclo doméstico de transmissão do parasito. 23 Justificativa Considerando que em países do Cone Sul, principalmente o Brasil, a Doença de Chagas humana está intimamente relacionada com a infecção por parasitos da linhagem TcII, e que a genética pode ser relacionada tanto ao prognóstico da infecção chagásica como a epidemiologia molecular do parasito, o presente trabalho propõe caracterizar molecularmente amostras de T. cruzi isoladas de pacientes chagásicos crônicos, residentes no Vale do Jequitinhonha, uma importante área endêmica da Doença de Chagas na década de 80, a fim de identificar qual ou quais os genótipos do protozoário estão influenciando o perfil clínico, biológico e eco epidemiológico da Doença de Chagas na região em estudo. 24 3.0 OBJETIVOS Objetivos 3.1 Objetivo geral: Avaliar a diversidade genética de cepas de T. cruzi isoladas de indivíduos chagásicos dos municípios de Berilo e José Gonçalves de Minas, por meio de diferentes marcadores moleculares, a fim de caracterizar o perfil genético do parasito circulante na região. 3.2 Objetivos específicos: Identificar as linhagens de T. cruzi circulantes entre pacientes nos municípios do Vale do Jequitinhonha; Avaliar a existência de variabilidade genética intra-grupo de T. cruzi por meio da técnica de RAPD; Verificar se há correlações entre os diferentes marcadores genéticos utilizados. 26 4. MATERIAL E MÉTODOS Material e Métodos 28 Material e Métodos 4.1 Caracterização da Área em Estudo Os municípios de Berilo e José Gonçalves de Minas estão localizados no estado de Minas Gerais, Vale do Jequitinhonha, a uma distância média de 760 quilômetros de Ouro Preto. Os mesmos estão alocados no domínio do cerrado com coordenadas geográficas aproximadas de 16° 57’06’’S e 42°27’56’’W, com uma altitude de 401m. Os dois municípios apresentam uma população de 18.798 habitantes, onde cerca de 24% residem nas áreas urbanas e 76% são residentes nas zonas rurais, (IBGE, 2007). Esses municípios apresentam clima tipicamente tropical, com as estações do ano com poucas variações climáticas, onde os períodos de chuva são curtos e predomina o clima seco com temperatura média anual de 24°C. A principal atividade econômica dos municípios é a agricultura familiar de subsistência, não existe nas localidades indústrias que produzem matéria prima, sendo dependentes do abastecimento de produtos industrializados provenientes de outras regiões. Devido à falta de emprego e o clima não ser favorável para agricultura e pecuária, os municípios sofrem com a migração sazonal em algumas épocas do ano, principalmente durante a colheita da cana-de-açúcar no estado de São Paulo. Berilo e José Gonçalves de Minas Altitude - 401m Área - 1042 Km² 760Km de Ouro Preto População – 18.789 habitantes Nordeste do Estado de Minas Gerais Vale do Jequitinhonha Figura 1: Mapa do estado de Minas Gerais localizando a região do Vale do Jequitinhonha e mostrando algumas informações dos municípios de Berilo e José Gonçalves de Minas. . 29 Material e Métodos 4.2 Pacientes e Amostras de T.cruzi As amostras de T. cruzi avaliadas neste trabalho foram isoladas de pacientes na fase crônica da doença de Chagas, todos nascidos e residentes nos municípios de Berilo e José Gonçalves de Minas, Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais, Brasil. A inclusão dos pacientes no Programa de Doença de Chagas ocorreu após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e a confirmação do diagnóstico sorológico para infecção pelo T. cruzi, segundo as diretrizes da Organização Mundial de Saúde, que recomenda o emprego de dois testes com princípios diferentes. Esse projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos do Centro de Pesquisas René Rachou e registrado sob o número de Processo 007/2002 (Anexo I). 4.2.1 Obtenção das amostras Para o isolamento dos parasitos foi empregada a técnica de hemocultura descrita por Chiari et al. (1989). Dependendo do paciente, foram realizadas até seis coletas de sangue em ocasiões distintas de avaliação clínica. O volume de sangue em cada coleta foi de 30 mL. O sangue coletado foi mantido em isopor resfriado com gelo e processado o mais rapidamente possível sendo então centrifugado a 1.000g durante 10 minutos e o plasma descartado. Posteriormente, o sedimento foi lavado uma vez com meio LIT [Liver infusion Tryptose (Camargo et al., 1964)] e, novamente centrifugado nas mesmas condições anteriores. Após descartar o sobrenadante, a camada de leucócitos e o sedimento de hemácias foram retirados e semeados separadamente em tubos plásticos com tampa de rosca contendo 5mL de meio LIT. Todos os tubos foram incubados a 28ºC, sendo agitados levemente duas vezes por semana. Alíquotas de 10 µL da suspensão de cada tubo foram examinadas ao microscópio, entre lâmina e lamínula, em aumento de 40X, no 30°, 60°, 90° e 120° dias após a coleta para verificar positividade para formas flageladas do T. cruzi . A Tabela II mostra a relação das amostras de T. cruzi avaliadas neste trabalho, bem como algumas informações dos pacientes dos quais elas foram isoladas. 30 Material e Métodos Além das amostras isoladas dos pacientes foram utilizados clones de referência das seis DTU(s) do T. cruzi, gentilmente cedidos pelo Dr. Michel Tibayrenc (IRD, França), os quais foram avaliados comparativamente aos isolados obtidos dos pacientes em todo o processo de caracterização molecular: TcI (P209 cl1, 92101601P cl1 e Cutia cl1), TcII (MAS cl1 e Tu18 cl2), TcIII (CM-17 e X-109/2), TcIV (CANIII cl1 e 92122102R), TcV (BUG2148 cl1 e SO3 cl5) e TcVI (P63 cl1 e Tula cl2). Tabela II: Informações das amostras de Trypanosoma cruzi e dos pacientes dos quais foram isoladas. Número da amostra 229 264 376 438 440 452 501 523 525 529 543 595 646 728 748 791 798 817 818 820 839 845 860 896 914 953 1100 1107 1205 1315 1337 1442 1635 1918 2014 2118 2119 Sexo Feminino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Feminino Masculino Feminino Feminino Masculino Feminino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Feminino Masculino Feminino Feminino Feminino Feminino Masculino Masculino Masculino Feminino Feminino Feminino Feminino Masculino Feminino Feminino Idade em anos 64 59 55 39 61 53 20 54 46 62 49 51 60 73 56 54 45 17 60 49 65 61 62 60 55 18 50 32 72 56 49 62 57 72 60 65 73 31 Municípios BER BER BER BER BER JGM BER BER BER BER BER BER BER BER BER BER BER BER BER BER BER BER BER BER BER BER BER BER BER BER BER BER BER BER BER BER BER Material e Métodos 2408 2478 2491 2495 2497 2535 1536 1113 467 479 493 653 BER PSF060 Masculino Feminino Masculino Feminino Feminino Feminino Feminino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Feminino 66 54 61 63 57 51 57 30 60 50 47 67 59 BER BER BER BER BER BER BER BER BER BER BER BER BER BER = Berilo e JGM = José Gonçalves de Minas 4.3 Obtenção do sedimento celular de T. cruzi Após positivação da hemocultura, os parasitos foram mantidos em crescimento por adição sucessiva de meio LIT até a obtenção de aproximadamente 35,0 mL de cultura. A cultura foi transferida para tubos cônicos e centrifugada a 3.500 rpm, a 4°C, por 30 minutos. Após a centrifugação o sobrenadante foi desprezado cuidadosamente por inversão e, ao sedimento foi adicionado 10 mL de solução salina tamponada estéril (PBS) e a mistura submetida a nova centrifugação, nas mesmas condições descritas anteriormente, por 15min. Após repetição desse procedimento, o sedimento foi transferido para um tubo de microcentifugação de 1,5 mL previamente pesado. Nova lavagem deste sedimento com PBS estéril foi feita, seguida de centrifugação a 10.000 rpm por 10 minutos. O sobrenadante foi eliminado cuidadosamente, o tubo foi novamente pesado, sendo a massa úmida armazenada a -70°C para posteriores análises moleculares. 4.4 Extração de DNA A extração do DNA foi processada após descongelamento e homogeneização de cada massa úmida dos isolados. Para obtenção do DNA das amostras foi utilizado o kit de extração WizardTM Genomic DNA Purification Kit (Promega, Madison, WI, USA) seguindo as recomendações do fabricante. A concentração de DNA foi determinada por espectrofotometria, sendo as leituras realizadas a 260nm. A concentração foi calculada a partir da densidade óptica 32 Material e Métodos (DO) considerando que uma unidade de DO é correspondente a 50g DNA/l. A pureza da amostra foi avaliada pela razão entre as densidades das absorbâncias observadas a 260 e 280nm. Para sua utilização nas análises moleculares, as amostras de DNA foram diluídas na concentração de 3ng/µL. Durante a realização dessa etapa, um controle dos reagentes e uma amostras livre de DNA, foram processados em paralelo. 4.5 Classificação Genética das amostras isoladas dos pacientes Pelo fato de atualmente, existir diversos marcadores moleculares disponíveis para a caracterização das populações do T. cruzi da escolha de tais marcadores ou alvos ainda não ser um consenso e de que, geralmente, a resolução segura dos isolados do parasito em seus seis subgrupos requer a combinação de diferentes metodologias, devido a existência dos grupos híbridos em T. cruzi (Zingales et al., 2012) foi feita neste trabalho, a opção de trabalhar com a metodologia de Lewis et al. (2009) que descreveram um ensaio tríplice que mostrou ser eficiente, rápido e de baixo custo para esse objetivo, tendo como base o polimorfismo dos do domínio divergente D7 do gene 24αrDNA - LSU rDNA (Souto et al., 1996) e do perfil de restrição enzimática dos genes HSP60/ECORV e GPI/HhaI. Outro esquema empregado fundamentou-se na combinação da análise do polimorfismo do gene Mitocondrial Citocromo Oxidase subunidade II (Freitas et al., 2006), do espaçador intergênico SL-IL do mini-exon do T. cruzi (Burgos et al., 2007) e LSUrDNA. Essas metodologias de genotipagem estão descritas abaixo. Todas as reações foram carreadas empregando controles positivos e negativos em todas as etapas para seu controle interno e de contaminação cruzada. 4.5.1 Amplificação da região 3’ do gene 24sα rDNA - LSU rDNA Todos as amostras de DNA foram submetidas a três amplificações consecutivas através do realização da PCR do domínio divergente do gene D7 da subunidade 24Sα do rDNA (LSU rDNA), empregando a metodologia descrita por Souto et al. (1996). A reação foi processada em um volume final de 15µL contendo: 10mM Tris-HCl pH 9,0; 33 Material e Métodos 50mM KCl; 0,1 % Triton X-100 (Buffer B, Promega, USA); 3,5mM MgCl2 (Promega); 0,625U Taq DNA Polimerase (Promega), 0,2mM de cada dNTP; 0,25µM dos iniciadores D71 (3'-AAGGTGCGTCGACAGTGTGG-5’) e D72 (5’-TTTTCAGAATGGCCGAACAGT-3’) e 3ng de DNA de cada amostra. A PCR foi realizada em um termociclador Biocycler MJ96G. Foi utilizado o seguinte protocolo de amplificação: uma etapa de desnaturação inicial a 94°C por 1 min, seguida de outra etapa com 30 ciclos contendo um passo de desnaturação por 30 s, um de anelamento a 60°C por 30 s e um de extensão a 72°C por 30 s. Os produtos amplificados foram submetidos à eletroforese em gel de poliacrilamida a 6% corado pela prata (Santos et al., 1993) utilizando a cuba marca MUPID/USA. Os resultados foram visualizados no transiluminador Vilbert Lourmat TFPM/WL e fotografados com o auxílio do analisador de imagens Vilbert Lourmat SS20. 4.5.2 RFLP–PCR (Restriction fragment length polymorphism) dos genes HSP60 (Proteína do choque térmico) e GPI (Glicose 6-Fosfato Isomerase) O polimorfismo dos genes HSP60 (Proteína do choque térmico) e GPI (Glicose 6-fosfato isomerase) para as populações do T. cruzi foi avaliado segundo o protocolo de Lewis et al. (2009). A amplificação desses genes foi realizada em um volume final de 20 µL contendo: 2 mM MgCl2; 0,625 unidades de Taq DNA polimerase (Invitrogen, USA); 0,1% Tampão Buffer PCR 10X (Invitrogen, 20 mM Tris-HCl (pH 8.0); 40 mM NaCl; 2 mM Fosfato de Sódio; 0.1 mM EDTA 1 mM DTT, estabilizadores, 50% (v/v) glicerol); 0,2 mM de cada dNTP; 0,25 µM de cada iniciador e 6 ng de DNA. A seqüência dos iniciadores empregado nas amplificações foram: a) HSP60 - HSP60-1 50(f) 5’GTGGTATGGGTGACATGTAC3’ e HSP60-2 50(r) 5’CGAGCAGCAG AGCGAAACAT3’ descritos por Sturm et al., (2003); b) GPI - SO1(f) 5’GGCATGTGAAGCTTTGAGGCCTTTTTCAG3’ e SO2(r) 5’TGT AAGGGCCCAGTGAGAGCGTTCGTTGAATAGC3’, descritos por Gaunt et al., (2003). 34 Material e Métodos A PCR foi realizada de acordo com o seguinte protocolo: uma etapa inicial de desnaturação a 94°C por 3min; sucedida por 4 ciclos contendo um passo a 94°C por 30s, um a 64°C por 30s e um final a 72°C por 1min. Em seguida foram realizados 28 ciclos de amplificação contendo um passo a 4°C por 30s, um a 60°C por 30s e um a 72°C por 1min. Para finalizar foi realizada uma etapa de alongamento a 72°C por 10min. Após a amplificação, 8 µL dos produtos amplificados foi submetido a eletroforese em gel de agarose 1,5% para confirmação do sucesso da amplificação. A reação de digestão com as enzimas de restrição foram realizadas em um volume final de 20 µL empregando: 10 µL dos produtos amplificados de cada gene, 0,25U/µL de cada enzima específica (HSP60 com ECORV e GPI com HhaI), 100ng/µL de BSA 1X e , 1,5 µL de Tampão específico de cada enzima, ECORV (Uniscience, USA) tampão 1X NeBuffer (50mMTris-HCl 100 mM NaCl, 10 mM MgCl2, 1 mM Dithiothreitol, pH 7.9) e HhaI (Uniscience, USA), tampão 1X NEBuffer 4 (20 mM Tris-acetato, 50 mM de acetato de potássio, 10 mM de acetato de Magnésio e 1 mM Dithiothreitol pH 7.9). Os produtos amplificados de cada gene foram adicionados ao mix contendo todos os reagentes de corte juntamente com as específicas enzimas de restrição em uma capela de fluxo laminar, devidamente descontaminada de DNA e irradiada com luz ultravioleta por 20min. As amostras foram incubadas a 37°C por 4 horas e os produtos de corte submetidos à eletroforese em gel de agarose 1,5%, corados com brometo de etídeo. Os produtos da PCR foram visualizados no transiluminador Vilbert Lourmat TFP-M/WL e fotografados com o auxílio do analisador de imagens Vilbert Lourmat SS20. 4.5.3 Caracterização pela PCR do gene Mitocondrial Citocromo Oxidase subunidade II (COX II) Para a amplificação da região gênica que compreende um fragmento da subunidade II da enzima mitoncondrial Citocromo Oxidase (COII), foi empregado o protocolo descrito por D’ávilla et al. (2009). Os DNA’s das amostras de T. cruzi foram submetidos a uma PCR composta de 10mM Tris-HCl pH 8,4, 50mM KCl, 0,1% Triton X100, 1,5mM MgCl2, (Tampão 10x, Invitrogen, Brasil ); 1U Taq DNA Polimerase Platinum (Invitrogen, USA); 250M de cada dNTP; 0,3 M de cada um dos iniciadores TcMit10 35 Material e Métodos (5’-CCATATATTGTTGCATTATT-3’) e TcMit21 (5’-TTGTAATAGGAGTCATGTTT-3’); 3ng de DNA e quantidade de H2O Milli-Q estéril suficiente para 15L. Os ciclos de amplificação da PCR consistiram de uma desnaturação inicial a 94C por 5 min, seguido de 40 ciclos contendo um passo de desnaturação a 94C por 45s, um anelamento a 45C por 45s e uma extensão dos iniciadores a 72C por 1 min. Os produtos amplificados foram revelados em gel de agarose 1,5% corados pelo brometo de etídeo. Os produtos da amplificação foram visualizados no transiluminador Vilbert Lourmat TFP-M/WL para confirmação da amplificação de cada amostra, e os produtos fotografados. Posteriormente, 10L dos produtos amplificados foram submetidos à digestão empregando-se a enzima de restrição AluI (Invitrogen, USA, 4 a 12U/µ), durante 16 horas a 37°C. O mix do corte com a enzima ALUI foi realizado utilizando 3µL de H 2O, 1,5 µl do tampão específico da enzima ALUI (Invitrogem, USA) contendo 100 mM TrisHCl, pH 7.5, 100 mM MgCl2, 10 mM Dithiothreitol (DTT), 0,5 µl da enzima de restrição ALUI (Invitrogen, USA, 4 a 12 U/ µL), juntamente com 10 µL dos produtos amplificados do gene da Citocromo oxidase, subunidade II. Os fragmentos gerados foram visualizados em gel de poliacrilamida a 6% corado pela prata (Santos et al., 1993) e analisados no Transiluminador Vilbert Lourmat TFP-M/WL, fotografados com o auxílio do analisador de imagens Vilbert Lourmat SS20 . 4.5.4 Espaçador intergênico dos genes mini-exon de T. cruzi (SL-IR) Para a amplificação da região intergênica dos genes de mini-exon foi utilizado o protocolo descrito por Burgos et al. (2007). O DNA das amostras de T. cruzi foi submetido a uma PCR contendo 20 mM Tris-HCl pH 8,4, 50 mM KCl, (Tampão PCR, 10x, Invitrogem); 3 mM MgCl2; 250 mM de cada dNTP; 3μM de cada iniciador TcIII (5’CTCCCCAGTGTGGCCTGGG-3’) e UTCC (5’-CGTACCAATATAGTACAGAAACTG-3’); 1U Taq DNA polimerase Platinum (Invitrogen, USA); 3ng de DNA total e quantidade de H2O Milli-Q estéril suficiente para completar 15μL. Os ciclos de amplificação da PCR consistiram de uma etapa inicial de desnaturação a 94ºC por 3min, anelamento a 68° C por 1 min, extensão dos iniciadores 36 Material e Métodos e extensão a 72ºC por 1 min. Nos ciclos subseqüentes o tempo de desnaturação foi reduzido a 1 min e a cada três ciclos, a temperatura de anelamento foi diminuída para 66, 64, 62 e 60°C seqüencialmente. Na última temperatura, o número de ciclos foi aumentado para 35, seguido de uma extensão final a 72°C por 10 min. A análise dos produtos amplificados foi realizada em gel de agarose 1,5% corados pelo brometo de etídeo. Os mesmos foram visualizados no transiluminador Vilbert Lourmat TFP-M/WL e fotografados com o auxílio do analisador Vilbert Lourmat SS20. 4.6 Análise para Classificação dos isolados nas respectivas DTU(s) A classificação dos isolados em suas respectivas DTU(s) foi inicialmente realizada seguindo o tripé de análise proposto por Lewis et al. (2009), que combina os resultados encontrados na avaliação do polimorfismo dos genes gene 24Sα rDNA juntamente com os produtos de corte do RFLP-PCR dos genes da HSP60 e da GPI, conforme indicado no esquema abaixo: 24Sα rDNA 110pb sempre 125pb 110pb sempre sempre 2bandas HSP60-ECORV 1banda 1banda GPI-HhaI 2bandas 3bandas Classificação TcI TcII 2bandas TcIII 120pb 110pb ou 125pb 110pb + 125pb 1banda 3bandas TcIV 3bandas 4bandas TcV 3bandas 4bandas TcVI Figura 2: Tripé de classificação dos isolados de Trypanosoma cruzi em seus respectivos DTU(s) proposto por Lewis et al. (2009). Posteriormente as amostras foram submetidas a análise do polimorfismo do do 24Sα rDNA (Souto et al., 1996) juntamente como polimorfismo do gene da região intergênica do mini-exon (Burgos et al., 2007) e da subunidade II da enzima 37 Material e Métodos mitoncondrial Citocromo oxidase - COII (Freitas et al., 2006). Nesse caso, para o perfil de RFLP de amostras pertencentes a linhagens de TcI é esperado um padrão de bandas triplo com bandas de 30, 81 e 264bp (Haplótipo A); TcII, com bandas de 81 e 212bp (Haplótipo C) , e isolados pertencentes as linhagens T. cruzi III, TcIV, TV e TcVI com bandas de 81 e 294 pb (Haplótipo B). Na análise do polimorfismo da região intergênica do mine-exon (Burgos et al., 2007) é possível distinguir as linhagens de TcIII e IV com um amplicon de aproximadamente 200pb, das linhagens TcI, II, V e VI que apresentam um amplicon de cerca de 150-157pb. A Tabela III abaixo traz o perfil de bandas em pares de bases e ou números de bandas, esperados para as seis DTU(s) do T. cruzi considerando todos os marcadores empregados nesse estudo. Tabela III: Critérios de classificação dos isolados de Trypanosoma cruzi nos DTU(s) TcI ao TcVI, segundo Lewis et al. (2009) e D’ávilla et al. (2009). identificação dos DTU’s os isolados necessitam apresentar necessariamente os perfis idênticos RFLP-COXII SL-IR 24sα rDNA emRFLP -HSP60 RFLP-GPI aos clones de referência cada uma das três metodologias. DTU(s) (Souto et al., 1996) (Sturm et al., (2003) (Westerberger et al., 2005) (Freitas et al., 2006) (Burgos et al., 2007) Fragmentos em pares de bases ou número de bandas apresentado TcI 110pb 1banda 2bandas Haplotipo A ~150/157pb (262pb + 81pb + 30pb) TcII 125pb 1banda 3 bandas Haplótipo C ~150/157pb (212pb + 81pb) TcIII 110pb 2 bandas 2 bandas Haplótipo B 200pb (294pb + 81pb) TcIV ~120pb 1banda 3 bandas Haplótipo B 200pb (294pb + 81pb) TcV TcVI 110pb + 125pb 3 bandas 125pb 3 bandas 4 bandas Haplótipo B ~150/157pb (294pb + 81pb) 4 bandas Haplótipo B (294pb + 81pb) 38 ~150/157pb Material e Métodos 5.0 RAPD (Random Amplified Polymorfic DNA) A técnica de RAPD foi realizada segundo a segundo o protocolo descrito a seguir: Cada reação foi realizada em um volume final de 20µl contendo: 10 mM de Tris-HCl (pH 9,0), 20 mM Tris-HCl pH 8,4, 50 mM KCl, (10X PCR Buffer, Invitrogen, USA); 1,5 mM MgCl2; 125 µM de cada dNTP, 1,0 unidade de Taq DNA polimerase (Invitrogen, USA); 6,4 pmoles de cada iniciador; 3ng de DNA. A amplificação foi realizada nas seguintes condições: uma etapa inicial de desnaturação a 95°C por 5 minutos; seguida de dois ciclos térmicos compostos por uma etapa de desnaturação a e 95°C por 30 seg, anelamento a 30°C por 2 minutos e de alongamento 72°C por 1 minuto. Na sequência foram realizados 33 ciclos com um de desnaturação a 95°C por 30seg, um de anelamento a 40°C por 1min e um de extensão a 72°C por 1 minuto. Para finalizar foi realizado uma etapa de extensão a 72°C por 5 minutos. Para a realização desta reação foram utilizados dez oligonucleotídeos iniciadores propostos por Brisse et al. (2000b) cujas seqüências estão descritas na Tabela IV . Tabela IV - Primers utilizados na caracterização dos isolados de Trypanosoma cruzi, por RAPD (Brisse et al., 2000b) Primers utilizados Nome Sequência N° de nucleotídeos A10 5’ GTGATCGCAT 3’ 10 A7 5’GAAACGGGTG 3’ 10 A15 5’ TTCCGAACCC 3’ 10 B15 5’GGAGGGTGTT 3’ 10 B19 5’ACCCCCGAAG 3’ 10 F13 5’ GGCTGCAGAA 3’ 10 F15 5’ CCAGTACTCC 3’ 10 N9 5’ TGCCGGCTTG 3’ 10 N19 5’ GTCCGTACTG 3’ 10 U7 5’ CCTGCTCATC 3’ 10 Após a amplificação os produtos da PCR foram submetidos à eletroforese em gel de agarose a 1,5%, a 100 Volts (30mA) por aproximadamente 40 minutos. A 39 Material e Métodos visualização das bandas foi realizada empregando brometo de etídeo e analisadas com auxílio do visualizador de imagens Vilbert Lourmat TFP-M/WL. 5.1 Análise dos resultados de RAPD A análise dos perfis de bandas obtidas pela técnica de RAPD foi feita visualmente pela análise individual de cada banda amplificada em número de 8 a 11 bandas por amostra. Os padrões observados foram inseridos manualmente no computador e submetidos à análise de proporção de bandas compartilhadas entre as populações do T. cruzi utilizando o programa Treecon (Van de Peer & De Wachter, 1994). O programa analisa os dados em comparações de pares em n(n-1)/2 fornecendo o número total de bandas e a proporção de bandas compartilhadas por cada par e, no final, para todos os pares. Para construção do fenograma foi utilizada como medida de distância genética o método da Média Aritmética não Ponderada – UPGMA (Unweighted Pair-Group Method Analysis, Sneath & Sokal, (1973). Os dados obtidos foram submetidos ao teste de Bootstrap com 1000 reamostragens (Felsenstein, 1985). 40 6.0 RESULTADOS Resultados As linhagens genéticas do T. cruzi presentes em pacientes infectados provenientes dos municípios de Berilo e José Gonçalves de Minas, região do Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais, foram determinadas por meio da análise combinada do polimorfismo de diferentes alvos moleculares conforme descrita no item 4.6. Na seqüência serão descritos os resultados obtidos para cada um desses marcadores. 6.1 Análises do polimorfismo do domínio divergente do gene D7 do 24Sα rDNA (LSUrDNA) Na avaliação do polimorfismo do gene D7 do 24Sα rDNA (LSUrDNA) os isolados de T. cruzi dos pacientes apresentaram somente perfil de bandas de 125pb (rDNA tipo I) para todos os 51 isolados avaliados neste trabalho, característicos das linhagens genéticas de TcII ou TcVI (Figura 3). Figura 3: Perfis de DNA obtidos pela genotipagem de isolados de Trypanosoma cruzi provenientes de pacientes da região do Vale do Jequitinhonha, MG obtidos pela amplificação da região 3´do gene 24Sα rDNA. PM – Peso molecular de 100pb, Br – controle negativo da reação, TcI – clone representativo de TcI (P209 cl1, apresentando o perfil 110pb) , TcII – clone representativo do grupo TcII (MAS cl1, 125pb), TcIV clone representante do grupo TcIV (CANIII, ~120pb), TcIII- clone representativo da linhagem TcIII ( CM-17, 110pb), TcVI – clone representativo do grupo híbrido TcVI (Tulahuen cl2, 125pb) e TcV – clone representativo do grupo TcV (Bug2148, de 110pb + 125pb); A1 – isolado 229, A2- isolado 452, A3 - isolado 748, A4 – isolado 798, A5- 1205, A6 – 1918, A7- 2535, A8- 2491, A9 264; A10 - 376; A11 - 646 e A12 amostra 2118. 42 Resultados 6.2 Análise de polimorfismo do gene da Proteína do choque térmico (HSP60) Após a amplificação utilizando primers específicos para o gene HSP60 foi verificado que todos clones de referência e isolados apresentaram produtos apresentando perfis de bandas de 432pb – 462pb, que foram a seguir submetidos a digestão específica. A análise do perfis de bandas apresentados pelos produtos de amplificação após o corte com ECORV revelou variação no tamanho dos fragmentos entre as amostras isoladas dos pacientes. Quarenta e seis isolados apresentaram perfil de banda único (432 a 462pb) característico das linhagens de TcI, TcII e TcIV. Por outro lado, seis amostras das 51 analisadas (452, 748, 1205, 1337, 2118 e 2119) apresentaram perfis de bandas triplas para RFLP-PCR do gene HSP60 (fragmentos triplos que estão entre 100 e 432pb) característico das linhagens de TcV ou TcVI (Figura 4). Figura 4: Perfis de DNA obtidos pela genotipagem de isolados de Trypanosoma cruzi provenientes de pacientes chagásicos da região do Vale do Jequitinhonha, MG, por meio da análise do polirmorfismo do gene HSP60 submetidos a RFLP-PCR. PM – Peso molecular de 100pb, A1- amostra 1918, A2- amostra PSF060, A3- amostra 438, A4amostra 543, A5- amostra 229, A6-amostra 2119. Br – controle negativo da reação de PCR; TcI a TcVI amostras do perfil de corte dos clones de referência dos 6 grupos de T. cruzi ( TcI – P209 cl1, 1 banda de 432 a 462pb; TcII – MAS cl1 1 banda de 432 a 462pb; TcIII CM-17, perfil de bandas duplas; TcIV CAN III cl1, banda única; TcV Bug2148, bandas triplas; TcVI Tulahuen cl2, bandas triplas). 43 Resultados 6.3 Análise de polimorfismo do gene da Glicose-6-fosfato isomerase (GPI) Após amplificação específica do fragmento do gene da glicose-6-fosfato isomerase (GPI), foi encontrado um fragmento de 1264pb, conforme obtido por Lewis et al. (2009). Após a confirmação da amplificação de cada produto, os mesmos foram submetidos ao corte com a enzima de restrição HhaI e revelaram diferenças no perfis de bandas observadas entre os isolados dos pacientes. PM BR A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 A9 A10 A11 A12 TcII TcV TcI TcIII TcVI TCIV Figura 5: Perfis de DNA obtidos pela genotipagem de isolados de Trypanosoma cruzi provenientes de pacientes da região do Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais, por meio da análise do polirmorfismo do gene GPI/HhaI via RFLP-PCR. PM – Peso molecular de 100pb, BR - controle negativo da reação, A1- amostra 2014, A2 – amostra 646, A4 – amostra 229, A5 – 440, A6 – 501, A7 – 523, A8 – 2478, A9 - PSF060, A10 – 1100, A11 – 820 e A12 isolado 2535. TcII (clone TU18 cl1 representativo do DTU TcII), TcV (clone SO3 cl5, DTU TcV), TcI (clone 92101601P cl1, DTU TcI), TcIII (Clone X109/2, DTU TcIII), TcIV (clone SO3 cl5, DTU TcIV) e TcVI (clone Tulahuen, DTU TcVI). Quarenta e três isolados apresentaram perfis de bandas triplas semelhantes ao encontrado pelos clones representantes das linhagens TcII e TcIV, enquanto as oito amostras restantes (229, 452, 748, 798, 1205, 1337, 2118 e 2119) apresentaram perfil de bandas duplas característicos das linhagens de TcI e TcIII. 6.4 Análise de polimorfismo do gene Citocromo Oxidase II Conforme descrito anteriormente, oito amostras analisadas previamente neste estudo não fecharam a classificação da sua identidade genética baseado no ensaio tríplice proposto por Lewis et al. (2009) e, portanto, tiveram que ser submetidas a outros marcadores moleculares para permitir a identificação das linhagens do T. cruzi às quais pertenciam as amostras isoladas dos pacientes. As amostras 229, 452, 748, 44 Resultados 798, 1205, 1337, 2118 e 2119 apresentaram o perfil de bandas duplas de 294pb, 81pb (Figura 6), semelhante aos clones representativos do Haplótipo B (CM-17 e Tulahuen cl2), pertencentes as linhagens de TcIII, IV e TcVI, respectivamente. O restante dos isolados apresentaram perfis de 212pb + 81pb, característicos do haplogrupo Mitocondrial C, típicos da linhagem TcII. PM C1 C2 C3 C4 A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 A9 A10 A11 A12 A13 A14 BR 294 pb 264 pb 212 pb 81pb Figura 6: Perfis de DNA obtidos pela genotipagem de isolados de Trypanosoma cruzi provenientes de pacientes da região do Vale do Jequitinhonha, MG, por meio da análise do polirmorfismo do gene da subunidade II da Citocromo Oxidase (COII). PM – padrão de peso molecular de 1kb, C1-perfil de bandas o clone Cutia cl1 (haplótipo mitocondrial A - DTU TcI, Freitas et al., 2006), C2- clone Tu18 cl2 (haplótipo C – DTU TcII), C3 M6241 cl6 e C4 - Tulahuen cl2 (haplótipo mitocondrial B - DTU TcIII e DTU TcVI), A1 - amostra 2119, A2- amostra 1205, A3- amostra 376, A4- amostra 2118, A5- amostra 2408, A6 - amostra Be56, A7- amostra 1337, A8- amostra 1918, A9- amostra 229, A10- amostra 748, A11- amostra 501, A12- amostra 2497 e A13- isolado 818, A14 – clone representativo do haplogrupo B (9212210R – TcIV), BR – controle negativo livre de DNA. Entre os isolados nota-se somente a presença dos haplótipos B e C. 6.5 Análise do polimorfismo do Espaçador Intergênico dos Genes Mini-exon de T. cruzi (SL-IR) Todas as amostras isoladas dos pacientes submetidas à amplificação do fragmento de DNA do espaçador intergênico do Miniexon (SL-IR) do T. cruzi, apresentaram perfil de bandas de aproximadamente 150 a 157pb que podem ser característicos da linhagens TcI, II, V e VI (Burgos et al., 2007). 45 Resultados PM C1 C2 C3 C4 C5 C6 A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 A9 A10 A11 A12 A13 A14 A15 A16 Br Figura 7: Perfis de DNA obtidos pela genotipagem de isolados de Trypanosoma cruzi provenientes de pacientes da região do Vale do Jequitinhonha, MG, por meio da análise do polirmorfismo do espaçador intergênico do miniexon. PM – padrão de peso molecular de 1KB; C1 - clone Cutia cl1(DTU TcI), C2 clone Tu18cl1 (DTU TcII), C3 e C4 clones X109/2 (DTU TcIII) e 9212210R2 (DTU TcIV), C5 e C6 clones SO3cl5 e Tula cl2 representantes das DTU(s) TcV e TcVI respectivamente, A1: amostra 229; A2 - 452; A3 - 748; A4 798; A5 - 1205; A6 - 1337; A7 - 2118; A8 - 2119; A9 - 376; A10 - 2497, A11 - 493; A12 - 820; A13 1107; A14 - 2478; A15 - 1918; A16 - 2014; Br: controle negativo da reação. O espaçador intergênico do Mini-exon (Freitas et al., 2006) é capaz de separar as DTU’s TcIII e TcIV, que apresentam perfis de bandas de 200pb, das demais DTU’s TcI, TcII, TcV e TcVI, esses com fragmentos de 150 a 157pb. 6.6 Identificação das DTU(s) do Trypanosoma cruzi taxonômico (Zingales et al., 2009) segundo o novo consenso A Tabela V relaciona os resultados obtidos na análise do polimorfismo de diferentes alvos gênicos para a caracterização molecular das amostras de T. cruzi isoladas dos pacientes e dos clones de referência das seis DTU(s) dessa espécie, segundo o critério proposto por Lewis et al. (2009). Esses resultados mostram que foi possível identificar 84,31% (43) das amostras avaliadas nesse estudo como pertencentes a linhagem TcII que apresentaram em conjunto: um fragmento de 125pb para rDNA, 1 banda de 432 a 462pb no RFLP-HSP60/ECORV e 3 bandas com tamanhos entre 200pb e 500pb no RFLP- GPI/HhaI. Entretanto, em oito amostras (15,68%), isoladas dos pacientes de Berilo e José Gonçalves não foi possível determinar a classificação final seguindo o tripé de análise proposto por esses autores. As amostras 229, 452, 748, 798, 1205, 1337, 2118 e 2119 apresentaram diferentes combinações de resultados daqueles previamente determinados para as seis DTU(S) do T. cruzi por Lewis et al. (2009). Todas essas amostras apresentaram um fragmento de 125pb na análise do polimorfismo da região 3’ do rDNA que seria característico das linhagens TcII, TcIV e TcVI. Entretanto, as amostras 229 e 798 apresentaram um perfil de banda único no RFLP-PCR HSP60 e um perfil de banda dupla no RFLP-PCR GPI/HhaI as quais somente poderiam ser identificadas como 46 Resultados característicos a linhagem do TcI baseada no perfil desses dois marcadores. Por outro lado, os isolados 452, 748, 1205, 1337, 2118 e 2119 apresentaram perfil de bandas triplo para o gene HSP60/ECORV e bandas duplas para a GPI/HhaI respectivamente, sem a possibilidade de classificação segundo a metodologia adotada. Desse modo, nesse sistema de classificação não existe essas possibilidades de combinação de resultados entre os marcadores, necessitando da investigação de novos alvos gênicos para identificação final dessas amostras. Atualmente muitos autores tem empregado a análise combinada do polimorfismo da região do 24Sα rDNA, da subunidade II do gene da Citocromo Oxidase (CoII) e do espaçador intergêncio do mini-exon (SL-IR) para acessar a variabilidade genética em populações do T. cruzi (D’ávila et al,. 2009; Câmara et al., 2010; Andrade et al., 2011, Zafra et al., 2011; Zingales et al., 2012). Os resultados esperados para as seis diferentes DTU(s) estão descritos na Tabela V e fundamentados na mesma. As oito amostras com resultados incongruentes no sistema proposto por Lewis et al. (2009) foram todas classificadas como pertencentes a linhagem TcVI, seguindo a metodologia de classificação proposta por D’ávilla et al., (2009). Estas apresentaram perfil de 125pb no rDNA, aproximadamente 150pb no espaçador intergênico dos mini-exon e, após digestão dos produtos amplificados do gene CoII com a enzima ALUI, apresentaram perfil de bandas duplas (294pb, 81pb) podendo assim serem enquadradas como pertencentes ao haplogrupo Mitocondrial B, e em uma análise conjunta das três técnicas, ao isolados classificados como TcVI. Vale ressaltar que todos os outros isolados foram classificados como TcII pelas duas metodologias de classificação adotadas neste estudo (Lewis et al., 2009 e D’ávilla et al., 2009). Na identificação dos DTU(s) segundo Lewis et al., (2009) as amostras apresentaram perfis de 125pb para o LSU-rDNA + 1banda para o RFLP-PCR HSP60/ECORV + 3 bandas para o RFLP-PCR GPI/HhaI, compatível com os clones de referência pertencente ao DTU TcII (MAScl1). Para a genotipagem segundo D’ávilla et al., (2009) os mesmos isolados apresentaram perfis de: 125pb para LSU-rDNA + perfis característico do haplogrupo mitocondrial C (212pb + 81pb) + 150/157pb no SL-IR, podendo assim afirmar a genotipagem dos 43 isolados como TcII. 47 Resultados Tabela V - Identificação das amostras de Trypanosama cruzi isolados de pacientes dos Municípios de Berilo e José Gonçalves de Minas, Vale do Jequitinhonha MG, segundo o novo consenso táxonômico (Zingales et al., 2009). Classificação segundo D’ávilla et al., 2009 Classificação segundo Lewis et al., 2009 Amostra 24Sα rDNA (pb) HSP60/ECOR GPI/HhaI (N° de bandas) (N° de bandas) Classificação 24Sα rDNA (pb) COII SL-IR Classificação (haplogrupo) (pb) Final P209 cl1 110 1banda 2bandas TcI 110 A 150/157 TcI MAS cl1 125 1banda 3bandas TcII 125 C 150/157 TcII CM-17 110 2bandas 2bandas TcIII 110 B 200 TcIII CANIII cl1 ~120 1banda 3bandas TcIV 125 B 200 TcIV Bug2148 cl1 110+125 3bandas 4bandas TcV 110+125 B 150/157 TcV Tulahuencl2 125 3 bandas 4bandas TcVI 125pb B 150/157 TcVI 229 125pb 1banda 2bandas ?? 125pb B 150/157 TcVI 264 125pb 1banda 3bandas TcII 125pb C 150/157 TcII 376 125pb 1banda 3bandas TcII 125pb C 150/157 TcII 438 125pb 1banda 3bandas TcII 125pb C 150/157 TcII 440 125pb 1banda 3bandas TcII 125pb C 150/157 TcII 452 125pb 3bandas 2bandas ?? 125pb B 150/157 TcVI 501 125pb 1banda 3bandas TcII 125pb C 150/157 TcII 523 125pb 1banda 3bandas TcII 125pb C 150/157 TcII 525 125pb 1banda 3bandas TcII 125pb C 150/157 TcII 529 125pb 1banda 3bandas TcII 125pb C 150/157 TcII 543 125pb 1banda 3bandas TcII 125pb C 150/157 TcII 595 125pb 1banda 3bandas TcII 125pb C 150/157 TcII 646 125pb 1banda 3bandas TcII 125pb C 150/157 TcII 728 125pb 1banda 3bandas TcII 125pb C 150/157 TcII 748 125pb 3bandas 2bandas ?? 125pb B 150/157 TcVI 791 125pb 1banda 3bandas TcII 125pb C 150/157 TcII 798 125pb 1banda 2bandas ?? 125pb B 150/157 TcVI 817 125pb 1banda 3bandas TcII 125pb C 150/157 TcII 818 125pb 1banda 3bandas TcII 125pb C 150/157 TcII 820 125pb 1banda 3bandas TcII 125pb C 150/157 TcII 839 125pb 1banda 3bandas TcII 125pb C 150/157 TcII 845 125pb 1banda 3bandas TcII 125pb C 150/157 TcII 860 125pb 1banda 3bandas TcII 125pb C 150/157 TcII 896 125pb 1banda 3bandas TcII 125pb C 150/157 TcII 914 125pb 1banda 3bandas TcII 125pb C 150/157 TcII 953 125pb 1banda 3bandas TcII 125pb C 150/157 TcII 1100 125pb 1banda 3bandas TcII 125pb C 150/157 TcII 1107 125pb 1banda 3bandas TcII 125pb C 150/157 TcII 1205 125pb 3bandas 2bandas ?? 125pb B 150/157 TcVI 48 Resultados 1315 125pb 1banda 3bandas TcII 125pb C 150/157 TcII 1337 125pb 3bandas 1442 125pb 1banda 2bandas ?? 125pb B 150/157 TcVI 3bandas TcII 125pb C 150/157 TcII 1635 125pb 1banda 3bandas TcII 125pb C 150/157 TcII 1918 125pb 1banda 3bandas TcII 125pb C 150/157 TcII 2014 2118 125pb 1banda 3bandas TcII 125pb C 150/157 TcII 125pb 3bandas 2bandas ?? 125pb B 150/157 TcVI 2119 125pb 3bandas 2bandas ?? 125pb B 150/157 TcVI 2408 125pb 1banda 3bandas TcII 125pb C 150/157 TcII 2478 125pb 1banda 3bandas TcII 125pb C 150/157 TcII 2491 125pb 1banda 3bandas TcII 125pb C 150/157 TcII 2495 125pb 1banda 3bandas TcII 125pb C 150/157 TcII 2497 125pb 1banda 3bandas TcII 125pb C 150/157 TcII 2535 125pb 1banda 3bandas TcII 125pb C 150/157 TcII 1536 125pb 1banda 3bandas TcII 125pb C 150/157 TcII 1113 125pb 1banda 3bandas TcII 125pb C 150/157 TcII 467 125pb 1banda 3bandas TcII 125pb C 150/157 TcII 479 125pb 1banda 3bandas TcII 125pb C 150/157 TcII 493 125pb 1banda 3bandas TcII 125pb C 150/157 TcII 653 125pb 1banda 3bandas TcII 125pb C 150/157 TcII PSF 060 125pb 1banda 3bandas TcII 125pb C 150/157 TcII 6.7 RAPD (Random Amplified Polymorfic DNA) Os dados de RAPD foram usados para estimar a relação filogenética entre os estoques de T. cruzi, uma matriz foi construída manualmente considerando a presença e ausência de bandas obtidas após observação dos produtos da PCR provenientes da amplificação, empregando 10 diferentes primers. Somente fragmentos demonstrando nitidez foram selecionados. Após amplificação com esses primers, 4731 fragmentos foram observados sendo detectados 2 diferentes genótipos. O tamanho de bandas detectadas variou entre 100pb e 1400pb. A Figura 8 abaixo representa os perfis de bandas encontrados obtidos para a amplificação com dois primers N9 e B15 (Brisse et al., 2000b). 49 Resultados Gel A PM C1 C2 C3 C4 C5 C6 A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 A9 A10 A11 A12 A13 A14 A15 A16 A17 Gel B PM C1 C2 C3 C4 C5 C6 A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 A9 A10 A11 A12 A13 A14 A15 A16 A17 Figura 8: Perfis de RAPD em isolados de Trypanosoma cruzi obtidos de pacientes dos municípios de Berilo e José Gonçalvez de Minas, região do Vale do Jequitinhonha, MG, submetidos a amplificação empregando os primers N9 (Gel A) e B15 (Gel B). PM – padrão de peso molecular de 100pb, C1 a C6 perfis de bandas apresentado pelos seis clones de referência dos seis DTU’s do Trypanosoma cruzi, onde nos géis A e B, C1 representa os perfis do clone de referência da DTU TcI, P209 cl1; C2: MAS cl1 (TcII), C3: CM-17 (TcIII), C4: CANIII (TcIV), C5: Bug2148 cl1 (TcV), C6: Tulahen cl2 (TcVI), respectivamente. No gel A, a amostra A1, corresponde ao isolado 953, A2- 820, A3 - 458, A4 - 523, A5- 2014, A6 - 2478, A7 - 467, A8 - 1536, A9 - 818, A10 - 060/05, A11 - 845, A12 - 452, A13- 1315, A14 - 529, A15 - 1918, A16 2497 e A17 - 1107 respectivamente. No gel B, A1 - corresponde a amostra 845, A2 - 264, A3 - 501, A4 - 953, A5 - 2478, A6 - 798, A7 - 2335, A8 - 2491, A9 - 440, A10 - 1442, A11 - 376, A12 - 820, A13- 493, A14 - 2408, A15 - 748, A16 - 896 e A17 - 1315 respectivamente. 50 Resultados O fenograma foi obtido usando o método de UPGMA (Média aritmética não ponderada). Os estoques de T. cruzi se dividiram em dois ramos distintos, um contendo o T. cruzi I e, o outro, as demais que apresentaram subdivisões claramente definidas em T. cruzi II (Zingales et al., 2009) – Figura 9. A inclusão dos clones de referência permitiu verificar que a grande maioria das cepas apresentou similaridade com aqueles representantes da DTU II, mas esse grupo apresentou a estruturação em dois ramos evidentes um contendo o clone de referência MAS cl1, 728 e 1100 e, no outro, os demais isolados que apresentaram certa variabilidade no interior do grupo. Oito isolados (229, 452, 748, 798, 1205, 1337, 2118 e 2119) se agruparam com o clone de referência pertencente a DTU VI. 51 Resultados Figura 9: Fenograma obtido pelo método de UPGMA (Unweighted Pair-Group Method Analysis) de todos os 51 isolados de Trypanosoma cruzi e respectivos clones representativo de cada DTU do parasito, submetidos a analise do polimorfismo genético analisados no programa TREECON, e Bootstrap com repetições de 1000 vezes. P209 cl1, clone representativo do genótipo TcI; MAS cl1 - genótipo TcII; CM-17 – TcIII, CANIII cl1 – TcIV; Bug2148 cl5 – TcV e Tula cl2 TcVI. 52 7.0 DISCUSSÃO Discussão A espécie T. cruzi, agente etiológico da doença de Chagas, é constituída de subpopulações heterogêneas que circulam tanto em ambiente silvestre como no doméstico (Chagas, 1909; Brener, 1965; Silva, 1959; Andrade, 1974; Brener, 1969; Devera et al., 2003, Macedo et al., 1992) e essa diversidade pode ser detectada tanto em nível morfológico (Chagas, 1909; Brener & Chiari, 1963; Chiari e Brener, 1965) como biológico (Andrade & Andrade, 1966; Andrade, 1985; Brener, 1965; Silva, 1959; Andrade, 1974; Brener & Chiari, 1963; Brener, 1965; Brener, 1969; Andrade et al., 1997) e genético (Macedo et al., 1992; Morel et al., 1980; Steindel et al., 1993; Tibayrenc & Ayala, 1988), Em decorrência da intensa variabilidade observada nesta espécie, vários trabalhos que avaliaram suas características genéticas foram realizados na tentativa de agrupar as populações do parasito que apresentavam similaridade. Em 1999, com a realização do primeiro Consenso Taxonômico para o T. cruzi a espécie ficou dividida em duas linhagens principais, T. cruzi I e T. cruzi II (Anonymous, 1999), mas existiam ainda isolados que não se enquadravam em nenhum dos dois grupos por apresentarem perfil híbrido ou incongruência entre marcadores. Desse modo, a fim de melhor entender a variabilidade no interior dessa espécie e as relações filogenéticas entre as subpopulações, novas abordagens fundamentadas no estudo de outros alvos gênicos foram desenvolvidas e outras subdivisões significativas desta espécie foram propostas (Brisse et al., 2000ª,b; Freitas et al., 2006, Westenberger et al., 2006; Subileau et al., 2009). Com objetivo de unificar as abordagens referentes à classificação dos isolados do T. cruzi, em 2009 foi reconhecida oficialmente a divisão da espécie em seis DTU’s (Discrete Typing units) como proposto por Zingales et al. (2009). Entretanto, para acessar a identificação genética dos isolados de T. cruzi nas suas respectivas DTU(s) é necessário o emprego de diferentes marcadores moleculares para realizar com confiabilidade a genotipagem, empregando alvos no DNA nuclear e mitocondrial do parasito. Nesse contexto, Lewis et al. (2009) propuseram um tripé de análise fundamentado na associação do perfil de bandas apresentado após a amplificação do gene 24Sα rDNA juntamente com os perfis de fragmentos amplificados dos genes HSP60 e GPI submetidos a RFLP-PCR com enzimas de restrição 54 Discussão específica. A combinação dos resultados obtidos por esses três marcadores permitiram segundo os autores, a identificação das seis linhagens de modo eficaz e acurado. Nesse contexto, o presente estudo foi desenvolvido com intuito de identificar as linhagens genéticas do T. cruzi isoladas de pacientes chagásicos crônicos residentes no Vale do Jequitinhonha, MG, considerada uma região de intensa transmissão da doença de Chagas na década de 80 (Dias et al., 1985) e, avaliar a variabilidade genética no interior dessa população. Entretanto, a identidade dos isolados do T. cruzi obtidos dos pacientes não pode ser completamente definida empregando o esquema de identificação proposto por Lewis et al. (2009), uma vez que ocorreram divergências nos resultados obtidos por esses marcadores em oito amostras avaliadas, apresentando combinações distintas daquelas propostas pelos mesmos. É importante enfatizar que nesses casos, as amostras dos clones de referências das seis linhagens do parasito produziram os padrões esperados para os três marcadores. Assim todas as 51 amostras avaliadas neste estudo apresentaram perfil de bandas de 125pb pelo rDNA, que permitiria classificá-las como TcII ou TcVI (Zingales et al., 2012); mas para os isolados 452, 748, 1205, 1337, 2118, 2119, 229 e 798 foi encontrado padrões duplos de bandas para o fragmento do gene da GPI digerido com a enzima HhaI, padrão típico das DTU(s) TcI e TcIII. Quando avaliados pelo perfil de RFLP-PCR do gene da HSP60 foi observado que os isolados 452, 748, 1205, 1337, 2118 e 2119 apresentaram padrões triplo de bandas, característico das linhagens híbridas (TcV e TcVI), enquanto as amostras 229 e 798 apresentaram padrão de banda único (típicos de TcI, TcII e TcIV). As demais amostras (84,3%) foram classificadas como TcII apresentando fragmento de 125pb para o rDNA, padrão de banda triplo para a GPI/HhaI e simples para HSP60/ECORV. Os resultados obtidos por Lewis et al. (2009) já apontavam variações em alguns perfis dos clones avaliados em seu trabalho. O clone Saimiri3 cl1, por exemplo, apresenta perfil de TcIV na metodologia de RAPD, entretanto, pelo tríplice ensaio apresentou identificação inconclusiva, obtendo perfis mais próximos do grupo TcII que qualquer outro genótipo. Outra questão que pode dificultar a identificação dos isolados é a ocorrência de infecções mistas já documentadas em vetores, reservatórios e casos humanos (Bosseno et al., 1996; Yeo et al., 2007). Quando ocorre a mistura de 55 Discussão TcII com TcIII os autores detectaram perfis semelhantes a TcV e TcVI, o que poderia resultar em identificação errônea dos isolados uma vez que as amostras aqui estudadas não foram clonadas para esclarecer esta questão. Os resultados obtidos para essas oito amostras sugerem que pode estar ocorrendo algum processo de deleção ou inserção na seqüência de bases nitrogenadas do gene GPI, o que estaria impedindo que a enzima cortar a seqüência do DNA no seu ponto específico. A análise isoenzimática desses isolados por quatro sistemas enzimáticos (GPI, IDH, G6PD e GDH) evidenciou que somente na GPI foi observado um perfil de bandas distintos do esperado para estoques pertecentes a DTU TcVI (dados não mostrados), correspondente aquele esperado para as DTU (s) TcIII e TCIV, o que poderia sugerir uma variação mais extensa nesse gene. Westenberg et al. (2005) avaliando diversos genes deste protozoário não observaram variação no gene da GPI entre estoques pertencentes a diferentes linhagens, mesmo utilizando várias enzimas para digerir o produto amplificado. O mesmo ocorreu no trabalho de Gaunt et al. (2003) quando avaliaram possíveis processos de hibridização ocorridos entre os grupos do T. cruzi. Em relação ao emprego do gene HSP60 como marcador não há muitas publicações que o abordam, exceto a de Sturm et al. (2003), que assim como os autores (Westenberg et al., 2005 e Sturm et al., 2003) também não detectaram variações entre os representantes de uma mesma linhagem, quando avaliaram esse gene empregando a metodologia de RFLP-PCR. Contudo, é importante ressaltar que os autores (Sturm et al. 2003), utilizaram clones de referências previamente genotipados e enzimas de restrição diferentes, o que poderia justificar a ausência de divergências em suas análises como foi observado no presente estudo que trabalhou com amostras provenientes de um importante área endêmica para doença de Chagas no Brasil. Rimoldi et al. (2012) foram os primeiros autores que utilizaram o mesmo critério de genotipagem proposto por Lewis et al. (2009). Eles identificaram 18 isolados provenientes de gatos domésticos e vetores de uma região endêmica de doença de Chagas da Bahia, todos pertencentes ao grupo de TcII. Esses resultados corroboram aqueles obtidos nesse estudo, indicando que essa metodologia é eficiente na identificação da DTU II, mostrando que 43 isolados dos pacientes da região 56 Discussão geográfica em estudo foram pertencentes a essa linhagem. Contudo, oito amostras permaneceram com sua identificação inconclusiva, o que demonstra que pode haver variações entre amostras provenientes de diferentes regiões geográficas e, que a identificação deve ser feita com cautela fundamentada em um maior número de marcadores. Outro problema relacionado ao esquema proposto por Lewis et al. (2009) é concernente a metodologia que visa amplificar a região 3’ da subunidade 24Sα do rDNA (Souto et al., 1996), devido a possibilidade de divergências que pode influenciar profundamente a identificação das amostras. Segundo os autores, os produtos amplificados do rDNA podem apresentar perfis de bandas de 110pb, associados com a linhagem TcI; 125pb relacionados com isolados pertencentes a linhagem TcII e perfil duplo 110pb +125pb associados com os isolados que sofreram processos de hibridização. Entretanto, Brisse et al. (2001) e Lewis et al. (2009) observaram a possibilidade de alguns isolados híbridos (TcV) não apresentarem perfil de bandas duplas, apresentando apenas o perfil de 125pb. Kawashita et al. (2001) também averiguaram a ocorrência de amplicons de 117pb em isolados híbridos, banda esta correspondente ao perfil intermediário (110pb e 125pb) em isolados pertencentes ao grupo híbrido TcV. Em alguns casos (Kawashita et al., 2001) já foram também registrados isolados pertecentes a DTU TcV, que apresentam um perfil duplo de 125pb + 140pb, ao invés de 110pb + 125pb. O perfil de 140pb já havia sido anteriormente encontrado em algumas amostras isoladas e caracterizadas como pertencente ao DTU II (IIb descrita por Brisse et al., 2000) e VI (IIe), mas até então nunca associado com a DTU V. Atualmente, para identificação dos isolados de T. cruzi tem sido adotado o seguinte protocolo (Zingales et al., 2012): produtos amplificados do rDNA de 110pb são associados a linhagem TcI e TcIII; de 125pb a TcII e TcVI; de 120pb associados as linhagens de TcIV com variação para os isolados obtidos na América do Norte de 130pb e de 110pb +125pb para os isolados pertencentes a DTU TcV. No presente estudo, é importante mencionar que não ocorreram problemas relativos a amplificação do rDNA nas amostras analisadas. Segundo Burgos et al. (2007) quando ocorre incongruência na identificação de isolados com provável perfil híbrido é importante fazer a caracterização do isolado por 57 Discussão RFLP-PCR do gene da COII (Freitas et al. 2006) para se ter certeza do perfil da amostra. Após corte dos produtos amplificados com a enzima ALUI a amostra apresentando perfil relacionado com o haplogrupo mitocondrial B pode ser considerada como pertencente às DTU(s) TCIII, TCIV, TcV ou TcVI. D´avilla et al. (2009) empregando essa metodologia combinada à avaliação do polimorfimos do gene da região 3´do rDNA e da região intergênica do gene do mini-exon do T. cruzi (SL-IR) também sugeriram um esquema rápido, barato e eficaz para identificação das linhagens desse parasito. No presente trabalho, as oito amostras isoladas dos pacientes chagásicos crônicos (229, 452, 748, 798, 1205, 1337, 2118 e 2119) após RFLP da COII/ALU I apresentaram perfil de bandas idêntico aos clones representativos do haplótipo mitocondrial B (294pb + 81pb), que pode corresponder as DTU(s) híbridas V e VI e as DTU(s) III e IV. A SL-IR identifica o grupo TcIII e TcIV que apresenta uma banda de 200pb. Todas as amostras analisadas neste trabalho amplificaram por essa metodologia um fragmento de aproximadamente 150 a 157pb, excluindo a possibilidade dos isolados serem identificados como TcIII ou TcIV, permitindo afirmar que essas amostras são realmente híbridos pertencentes a DTU TcVI, devido também aos resultados obtidos na análise do rDNA. O restante dos isolados teve confirmada a genotipagem com TcII, corroborando a classificação segundo a metodologia de Lewis et al. (2009). Os resultados obtidos nesse estudo estão em acordo com vários trabalhos publicados na literatura, que afirmam que a DTU TcII está mais associada com a infecção humana e reservatórios naturais com distribuição geográfica entre os eixos Norte e Sul do Brasil (Fernades et al., 1998; Zingales et al., 1998; Zingales et al., 1999; Brenière et al., 1998; Barnabé et al., 2000; Barnabé et al., 2001, Di Noia et al., 2002; Buscaglia & Di Noia, 2003; Zalloum et al., 2005,D’ávilla et al., 2006; Lages Silva et al., 2006; Steindel et al., 2008; Brito et al., 2008; D’ávilla et al., 2009; Abollis et al., 2011). Em uma recente revisão englobando a ecoepidemiologia das diferentes DTU(s) do T. cruzi, Zingales et al. (2012) reafirmam que a DTU TcII é encontrada predominantemente nas regiões sul e central da América do Sul. Essa DTU foi encontrada tanto ao ciclo silvestre como ao doméstico da Doença de Chagas (Fernandes et al, 1999; Zingales et al, 1999; ) e parece estar intimamente relacionada 58 Discussão com as manifestações clínicas cardíacas e digestivas (megacólon e megaesôfago) nos casos de infecção humana (Freitas et al, 2005; Yeo et al, 2005; Lages-Silva et al, 2006). Câmara et al. (2010) confirmam a distribuição geográfica e o predomínio da DTU II associada com a infecção humana e reservatórios domésticos no Brasil. Os autores analisaram isolados provenientes de casos humanos crônicos e vetores no estado do Rio Grande do Norte e mostraram que 91,7% dos casos humanos foram pertencentes a DTU TcII , semelhante ao observado na região do Vale do Jequitinhonha-MG. Mantilla et al. (2010) encontraram em amostras de tecidos de um mesmo caso humano da Colômbia uma mistura das DTU(s) TcI e TcII. Semelhantemente Zafra et al. (2011) que também analisaram tecidos de pacientes com a forma cardíaca grave da doença de Chagas na Colômbia detectaram a presença da linhagem TcII. Em geral, na região da Colômbia, assim como em vários países da bacia Amazônica, ocorre o predomínio da infecção humana pelo DTU TcI e, essa linhagem, está mais relacionada com a infecção aguda assintomática e/ou com raríssimas manifestações clínicas crônicas (Miles et al, 1981a; Zingales et al, 1999; Coura et al, 2002). No entanto, a infecção por essa linhagem tem causado mortes em algumas regiões da Venezuela, Colômbia, México e parte do Brasil, onde a linhagem TcII é rara ou ausente (Miles et al, 1981a; Añez et al, 2004; Zafra et al, 2008; Llewellyn et al, 2009b). Miles et al. (1981) já haviam demonstrado a clara endemicidade dessa linhagem nos países que compreendem essa região geográfica, principalmente, relacionado com o ciclo silvestre da doença de Chagas. Isolados silvetres identificados como TcI tem sido encontrado desde o Alabama nos Estados Unidos (Roellig et al., 2009) até o sul do Chile (Apt et al., 1987) em várias situações, ocorrendo concomitantemente com outras DTU(s) do parasito. Atualmente, dados recentes tem demonstrado também a presença da DTU TcI associada ao ciclo doméstico mais ao norte da América do Sul e na América Central. Já as linhagens TcIII e TcIV estão mais associadas ao ciclo silvestre no Brasil, Venezuela e Argentina, e infecções humanas por essas linhagens são raras nessas regiões (Llewellyn et al, 2009; Marcili et al, 2009; Cardinal et al, 2008). A presença dos grupos híbridos representados pelas DTU(s) TcV e TcVI são geralmente associadas a vetores e humanos no ciclo doméstico da infecção, sendo rara o seu registro no ciclo natural do parasito em diversas regiões geográficas da 59 Discussão América Latina (Solari et al., 1992; Brenière et al., 1998, Brenière et al., 2002). Segundo alguns autores, nas regiões da Argentina e Chile a prevalência de TcVI é maior no hospedeiro invertebrado do que em casos humanos (Coronado et al., 2006;Rozas et al., 2007). Rozas et al. (2007) ao analisar isolados provenientes de diversos hospedeiros no Chile observaram que o grupo TcVI estava mais relacionado com infecção em vetores que em qualquer outro hospedeiro avaliado. Coronado et al. (2006) também corroboraram esses resultados ao caracterizar isolados de pacientes humanos e vetores do Chile, verificando também o predomínio do grupo TcVI em amostras provenientes dos triatomíneos. Vasques-Prokopec et al. (2006) estudando a dinâmica de distribuição de vetores infectados pelo T. cruzi na Argentina afirmaram que a DTU Tc IIe (TcVI) é predominante em hospedeiros domésticos e silvestres e não relacionados com casos humanos. Cardinal et al. (2006), estudando reservatórios domiciliares, cães e gatos no noroeste da Argentina, comprovaram a existência de cães domésticos infectados pelo TcVI nesta região. Entretanto, contradizendo o predomínio quase que exclusivo da infecção do DTU TcVI em triatomíneos e alguns mamíferos em certas regiões geográficas da América Latina, dados crescentes tem envolvido a DTU TcVI como uma importante linhagem envolvida em infecções humanas na região do Chaco e países vizinhos, como Bolívia, Chile, norte da Argentina e sul do Brasil (Diosque et al, 2003; Virreira et al, 2006b; Valadares et al., 2007; Cardinal et al, 2008). Valadares et al. (2007) e Burgos et al. (2007) demonstraram a presença dessa linhagem em casos de transmissão congênita na Argentina e no Brasil (no Rio Grande do Sul). Burgos et al. (2010) avaliando amostras de biopsia do miocárdio e pele de pacientes com forma clínicas graves da Doença de Chagas identificaram a DTU TcVI nesses tecidos. Schijman et al. (2009) avaliaram pacientes humanos com co-infecção Chagas/HIV e encontraram também populações do parasito pertencentes tanto ao grupo TcV como TcVI no sangue periférico dos pacientes. Solari et al. (1992) avaliaram a dinâmica de distribuição dos isolados de T. cruzi em diversos hospedeiros, vertebrados, invertebrados e casos humanos, em algumas regiões do Chile, demonstrando a presença dos genótipos híbridos nas regiões estudadas, principalmente do genótipo 39 (TcV) dentre as amostras isoladas e analisadas. Semelhantemente, Brenière et al. 60 Discussão (1998) e Brenière et al. (2002), estudando a importância epidemiológica do Triatoma sordida como potencial vetor ativo da Doença de Chagas na Bolívia e a distribuição das linhagens do T. cruzi em pacientes chagásicos crônicos, provenientes de uma mesma região Boliviana observaram o predomínio da infecção nos invertebrados e dos pacientes humanos também pelos genótipos híbridos na região, bem como a existência de infecção mista entre as linhagens híbridas e a linhagem TcII. Confirmando a existência do DTU TcVI em humanos no Brasil, Andrade et al. (2011) caracterizaram 11 cepas isoladas de pacientes envolvidos com a transmissão oral no estado de Santa Catarina e demonstraram a ocorrência de infecção mista de TcII com TcVI em um dos pacientes. Em outras três amostras foram observadas uma mistura de populações caracterizadas como TcI e TcII. Os autores empregaram a metodologia descrita por D´Ávila et al. (2009), que além de se mostrar um ótimo critério de identificação dos diferentes grupos genéticos, foi também capaz de identificar as misturas, enfatizando a necessidade de abordagens metodológicas que permitam a detecção de infecções mistas em amostras do parasito isoladas de humanos, reservatórios e vetores. No presente estudo, não foram detectadas misturas em nenhum dos 51 estoques de T. cruzi isolados de pacientes crônicos. Uma das possíveis explicações para estes achados podem estar relacionada ao longo tempo de infecção dos pacientes da região do Vale do Jequitinhonha, que podem ter servido como filtro biológico para algumas subpopulações de outros grupos genéticos. No trabalho de Andrade et al. (2011) a genotipagem foi feita de casos humanos obtidos por infecção oral recente, provavelmente por altas cargas parasitárias provenientes dos triatomíneos triturados, o que pode ter favorecido o encontro de infecções mistas nos isolados avaliados. Como já demonstrado, no Brasil, o panorama da distribuição da diversidade genética do T. cruzi, principalmente nas regiões centro, sul e suldeste, ocorre pelo predomínio da DTU TcII, relacionada tanto com a infecção em hospedeiros invertebrados, vertebrados e humanos associados principalmente com o ciclo doméstico da Doença de Chagas, e relacionado com graves manifestações clínicas em pacientes humanos. Por outro lado, outros dados mais recentes, demonstram o 61 Discussão encontro de populações híbridas do parasito (TcVI) associado a infecção humana e diversos hospedeiros no ciclo doméstico da doença de Chagas no Brasil (Macedo et al., 2002; Steindel et al., 2003; Macedo et al., 2004, Zalloum et al., 2005; Lages Silva et al., 2006, D’ávilla et al., 2006; Valadares et al., 2007; Burgos et al., 2007; D’ávilla et al., 2009; Oliveira e Silva., 2009; Andrade et al., 2011. Desse modo, nossos resultados estão de acordo com os dados documentados na literatura que mostram que as linhagens TcII e TcVI são extremamente associadas a infecção em humanos e vetores domiciliados em países como o Brasil e outros vizinhos da América do Sul (Barnabé et al., 2000; Di Nóia et al., 2002; Lages Silva et al., 2002; Freitas et al., 2005; Lages Silva et al., 2006; Rozas et al., 2007). Para estudar a variabilidade no interior desses grupos foi empregada neste trabalho a metodologia de RAPD, que tem sido muito utilizada no estudo das relações filogenéticas entre isolados de diferentes hospedeiros e provenientes de diversas regiões (Steindel et al., 1993; Tibayrenc et al., 1993; Gomes et al., 1998; Brisse et al., 2000b). A avaliação do perfil genético dos 51 isolados e clones de referência do T. cruzi pelo RAPD demonstrou claramente a subdivisão dessa espécie em suas seis linhagens genéticas e corroborou os resultados obtidos através da genotipagem para todos os isolados, agrupando-os em conjunto com os clones de referência das DTU(s) II e VI. Além disso, foi observada alguma estruturação entre os isolados dessas linhagens, indicativa da existência de discreta variabilidade genética dentre os grupos. Macedo et al. (2002) e Macedo et al. (2004) demonstraram uma tendência de diminuição da variabilidade genética dos isolados quando comparadas parasitos isolados de pacientes nas fases aguda e crônica da infecção avaliados pelas metodologias de RAPD e de microssatélites. Esses resultados são compatíveis com a idéia de que os clones de T. cruzi são capazes de estabelecer a infecção em diversos hospedeiros, que podem manter uma relação com esse protozoário e servir de filtros para algumas subpopulações do parasito (Macedo e Pena, 1998; Macedo et al., 2002, 2004). No presente trabalho foi observada grande semelhança entre os perfis de bandas apresentados pelos isolados, empregando diferentes iniciadores. Talvez o longo tempo de infecção desses pacientes possa ter propiciado a seleção de populações mais 62 Discussão adaptadas aos mesmos ou as condições ecoepidemiológicas da região em estudo. Essa hipótese justificaria a semelhança entre os isolados agrupados em um determinado ramo do fenograma. Contudo, para comprová-la seria necessário o estudo em reservatórios e vetores da região para melhor entendimento da ecoepidemiologia desse parasito na região. Steindel et al. (1993) avaliaram 32 amostras de T. cruzi isoladas de diversos hospedeiros de algumas regiões do Brasil por RAPD e mostraram que 18 cepas eram pertencentes ao zimodema I (ZI). Essas apresentavam um percentual significativo de bandas compartilhadas (59% de similaridade) mesmo quando provenientes de diferentes regiões. Apesar desse alto índice de similaridade, eles conseguiram observar a estruturação desses isolados em grupos de acordo com a origem geográfica de cada amostra. Na comparação entre os isolados pertencentes a grupos genéticos distintos, os autores observaram a existência de uma baixíssima similaridade entre os perfis de bandas, aproximadamente 7%. No presente estudo, os isolados de T. cruzi identificados como TcII, obtidos de pacientes na fase crônica da infecção, demonstraram também um elevado grau de similaridade nos perfis de banda, porém não foi possível detectar uma variabilidade genética intra-grupo significativa. É importante esclarecer que Berilo e José Gonçalves de Minas são dois municípios que até 1997 consituiam apenas um município, a distância entre eles é muito pequena (8km), sem diferenças ecológicas importantes que pudesse justificar o isolamento de subgrupos. A ausência de TcII em JGM é resultante de termos trabalhado com poucos pacientes deste município dos quais apenas um isolado foi caracterizado como TcVI. Outro trabalho de nossa equipe na região detectou em outros 14 isolados, sendo 8 de Berilo e 6 de JGM, 12 como TcII e duas como TcVI, ambas de pacientes de Berilo (Oliveira e Silva, 2009). Zalloum et al. (2005) estudando cepas isoladas de pacientes chagásicos e de reservatórios naturais no estado do Paraná com o uso do RAPD e SSR-PCR verificaram correlação existente entre a DTU TcI com o ciclo silvestre da doença e a linhagem DTU TcII com os casos humanos provenientes de diferentes regiões, com pouca variabilidade detectada entre os isolados de um mesmo grupo genético. Fernandes et al. (1997) estudaram a diversidade genética de isolados provenientes do estado do Rio Grande do Sul 63 e observaram uma leve Discussão heterogeneidade entre as amostras avaliadas. Os autores observaram que a linhagem T. cruzi II foi a que demonstrou perfis mais polimórficos entre os isolados (20% de bandas compartilhadas). Cepas de T. cruzi isoladas de vetores e um caso humano agudo da doença de Chagas obtidas no México foram caracterizadas por Hernadez et al. (2011) e todas as 18 amostras foram caracterizadas como TcI. A predominância desse genótipo nas Américas Central e do Norte, bem como na região norte do Brasil, principalmente, na Amazônia, é um achado já bastante conhecido (Miles et al., 1981; Zingales et al, 1999; Coura et al, 2002; Buscaglia e Di Noia, 2003; Añez et al, 2004; Zafra et al, 2008; Lewellyn et al, 2009b). Contudo, um achado interessante desses autores foi a capacidade do RAPD diferenciar as cepas em grupos específicos por área endêmica, assim como correlacionar as cepas com os hospedeiros dos quais elas foram isoladas. Essa capacidade de diferenciação geográfica pela análise de perfis de RAPD já havia sido observada anteriormente por Zalloum et al. (2005); Marin et al. (2009); Marcili et al. (2009). Esses autores avaliaram isolados de TcI provenientes de diferentes regiões geográficas da Colômbia e demonstraram uma clara divisão dos isolados pertencentes a hospedeiros invertebrados em comparação com os isolados de casos humanos provenientes de regiões diferenciadas. Além disso, os autores observaram nítida diferença genética entre os isolados provenientes de hospedeiros primatas e triatomíneos arbóreos do ciclo silvestre, caracterizados como TcIV em comparação com a mesma linhagem isoladas de casos humanos envolvidos com a transmissão oral da doença de Chagas na Amazônia. Esses resultados são importantes no entendimento da ecoepidemiologia do T. cruzi nas áreas endêmicas e demonstram a necessidade de se conhecer as variações genéticas intra-grupo que possam revelar associações mais estreitas referentes aos aspectos biológicos das cepas em relação aos seus hospedeiros, a dinâmica de transmissão, forma clínica, etc. D’ávilla et al. (2006) tentaram estabelecer correlação entre variabilidade genética do T. cruzi e as formas clínicas da doença de Chagas. Foram avaliados 61 isolados provenientes de pacientes chagásicos crônicos de diferentes áreas endêmicas de Minas Gerais, inclusive empregando a metodologia de RAPD, com utilização de três iniciadores. Assim como outros trabalhos na literatura os autores não obtiveram sucesso (Bosseno et al., 2002; Ãnez et al., 2004; Del Puerto et al., 2010; Burgos et al., 64 Discussão 2010). Uma das hipóteses para justificar esse insucesso seria o baixo número de iniciadores adotados. Semelhantemente ao nosso estudo, as amostras desse trabalho demonstraram considerável homogeneidade genética intra-grupo, o que indica a necessidade de investigação de outros alvos para acessar a variabilidade intra-grupo. Contudo, os autores empregaram também a metodologia de microssatélites que tem sido bastante promissora em demonstrar diferenças individuais entre a maioria dos isolados de T.cruzi, empregando pelo menos seis locos. Ainda assim, essa correlação não pode ser estabelecida, o que sugere a necessidade de novos marcadores que possivelmente estejam mais relacionados à patogenicidade. Em nosso estudo não foi possível associar forma clínica versus genética do parasito, devido ao pequeno número de pacientes avaliados clinicamente até o momento. Os resultados dessa associação poderiam ajudar a responder qual ou quais os genótipos existentes na região poderiam estar influenciando a manifestação clínica nos pacientes chagásicos crônicos, mas essa questão ficará como perspectivas futuras do projeto. Contudo, dados preliminares já demonstram que diferentes formas clínicas são observadas entre pacientes infectados com a mesma linhagem genética. Esses dados sugerem que será necessário o emprego de metodologias que abordam além do genoma do T. cruzi, alvos diferencialmente expressos (perfil metaproteômico) que possam servir como marcadores de prognóstico da infecção chagásica. Finalmente os resultados obtidos neste estudo estão concernente com dados da literatura, que demonstram a predominância da infecção chagásica humana em diversas regiões brasileiras pelo genótipo TcII e o crescente aparecimento da associação entre o genótipo TcVI com a infecção humana no Brasil, que pode ter sido mascarado em estudos anteriores devido a dificuldade dos marcadores empregados no genoma do parasito em identificar essas amostras possivelmente genotipadas como TcII erroneamente (Fernades et al., 1998; Zingales et al., 1998; Zingales et al., 1999; Brenière et al., 1998; Barnabé et al., 2000; Barnabé et al., 2001; Lages Silva et al., 2002, Di Noia et al., 2002; Buscaglia & Di Noia, 2003; Zalloum et al., 2005, Marcili et al., 2006; D’ávilla et al., 2006; Lages Silva et al., 2006; Valadares et al., 2007; Burgos et al., 65 Discussão 2007; Steindel et al., 2008; Britto et al., 2008; D’ávilla et al., 2009 e Corrales et al., 2009, Abollis et al., 2011; Andrade et al., 2011 e Zingales et al., 2012). 66 8.0 CONCLUSÕES Conclusões A genotipagem pelo critério de identificação segundo Lewis et al. (2009) se mostrou insuficiente na detecção de todas as sublinhagens do Trypanosoma cruzi dos isolados de pacientes chagásicos da região do Vale do Jequitinhonha e apresentou divergências na caracterização molecular das oito amostras de caráter híbrido da região. A tríplice metodologia de identificação genética de Lewis et al. (2009), se mostrou de muito eficiente na classificação genética dos isolados pertencentes a DTU TcII, conseguindo identificar 84,3% dos isolados avaliados no presente estudo. Foi necessário o emprego de outro critério de genotipagem a fim de chegar a identificação genética dos isolados de caráter híbrido pertecente a DTU TcVI. A metodologia proposta por D’ávilla et al. (2009) demonstrou simplicidade de execução e confiabilidade nos resultados obtidos nesta identificação. Foi observada predominância de isolados pertencentes a DTU TCII (84,3%) em pacientes da região do Vale do Jequitinhonha, municípios de Berilo e José Gonçalves de Minas. Entretanto, oito isolados do parasito procedentes dessa mesma região foram pertecentes a DTU TcVI, confirmando a presença dessa linhagem no Brasil como já registrado por outros trabalhos na literatura. A metodologia de RAPD não apresentou boa eficiência na demonstração de variabilidade genética intra-grupo, tanto nos isolados pertencentes ao DTU TcII como nos isolados genotipados como TcVI. Para acessar a variabilidade genética intra-grupo torna-se necessário o emprego de marcadores mais eficientes, como os microssatélites. A técnica de RAPD utilizado nesse trabalho demonstrou boa correlação entre os esquemas de genotipagem propostos por Lewis et al. (2009) e por D’ávilla et 68 Conclusões al. (2009) uma vez que a metodologia foi capaz de diferenciar os isolados de acordo com a proximidade genética entre eles, evidenciando a separação dos isolados em agrupamentos relacionados com os clones de referência das DTU (s) TcII e TcVI. 69 9.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Referências Bibliográficas ABOLIS NG., MARQUES DE ARAÚJO S., TOLEDO M., FERNANDEZ M.A., GOMES M.L. (2011). Trypanosoma cruzi I-III in southern Brazil causing individual and mixed infections in humans, sylvatic reservoirs and triatomines. Acta Trop. 120(3):167-72. Aguilar E, de Arranz CK, de Toranzo EG, Castro JA. Liver microsomal benznidazole and nifurtimox nitroreductase activity in male rats of different age. Arch Int Pharmacodyn Ther. 1987 Sep;289(1):11-7. ANDRADE S.G, CARVALHO M. L & FIGUEIRA R. M. (1970). Caracterização morfobiológica e histopatológica de diferentes cepas do Trypanosoma cruzi. Gaz.Méd.Bahia 32-42. ANDRADE S.G. & ANDRADE Z. A. (1966). 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