DFis/ICEx/UFMG –Prof. Maurílio Nunes Vieira - Experimentos em Acústica – Projeto PEG 2008/69 Exp 4. Vibração em barras e chapas 1. Objetivos • Estudar modos transversais de vibração em barras e chapas; • Visualizar os modos com figuras de Chladni e estroboscopia. 2. Introdução 2.1 Vibrações transversais em uma barra Na estudo de cordas, a rigidez é ignorada e consideram-se apenas as vibrações transversais, embora outros tipos de vibração possam ocorrer. No caso de uma barra, a rigidez a deformações longitudinais, transversais ou torsionais não é desprezível, resultando num tratamento matemático relativamente elaborado. Outro aspecto complicador são as diferentes condições de contorno de cada extremidade da barra, isto é, presa, livre ou apoiada (Fig. 1). A A P P P L Fig. 1- Condições de contorno em barras. P = presa, L = livre, A = apoiada. Neste roteiro, limitaremos ao estudo das vibrações transversais numa barra fixa em uma extremidade e livre na outra (Fig. 2). Detalhes dos desenvolvimentos são dados em Kinsler et al. (1982) ou Fletcher e Rossing (1991). y x Fig. 2- Vibração transversal em uma barra presa em uma extremidade e livre na outra O estudo do deslocamento transversal y da barra da figura 2 resulta em: 4 ∂2 y 2 2 ∂ y = − c κ , ∂t 2 ∂x 4 (1) DFis/ICEx/UFMG –Prof. Maurílio Nunes Vieira - Experimentos em Acústica – Projeto PEG 2008/69 onde c = Y ρ é a velocidade de fase (sendo Y o módulo de Young do material1 e ρ é a densidade volumétrica de massa) e κ = d / 12 é o raio de giração2 de uma barra de seção retangular e espessura d . A solução desta equação 1 é elaborada e pode ser expressa como: ω x/v y = e jωt ( Ae + Be − (ω x / v) + Ce jω x / v + De −( jω x / v ) ), (2) onde v = ω κ é a velocidade de propagação de uma onda de freqüência angular ω . Note que ondas transversais de freqüências diferentes propagamse com velocidades diferentes, ou seja, a barra é um meio dispersivo para essas ondas e deformará a forma dos pulsos à medida que eles propagam. Se a barra da figura 2 tiver comprimento L , a parte real da equação 2 pode ser desenvolvida em: ωx ωx ωx ωx y = cos(ωt + φ ) A cosh − cos + B sinh − sin , v v v v (3) onde as constantes A e B são calculadas a partir das condições iniciais. As condições de contorno impõem modos de vibração nas seguintes freqüências apenas: f = πcκ 2 8L (1.194 2 , 2.9882 , 52 , 7 2 ,...) . (4a) Estas freqüências são anarmônicas, isto é, o espaçamento entre os termos da série não é uniforme. Para o caso de barras livres nas duas extremidades, que é um modelo para o diapasão, as freqüências permitidas são: f = πcκ 2 8L (3.0112 2 , 52 , 7 2 , 9 2...) . (4b) 1 O módulo de Young caracteriza a elasticidade do material na seguinte forma da lei de Hooke: f / S = −Y ⋅ ∂ξ / ∂x , onde f é a força aplicada perpendicularmente à seção transversal S e ∂ξ / ∂x representa o respectivo alongamento. 2 Se J é o momento de inércia de uma superfície em relação a um eixo, respectivo o raio de giração é J / S . Exp 4 - Vibração em barras e chapas 2/7 DFis/ICEx/UFMG –Prof. Maurílio Nunes Vieira - Experimentos em Acústica – Projeto PEG 2008/69 2.2 Vibrações em chapas Membranas e chapas podem ser vistas como casos bidimensionais de cordas e barras, respectivamente. Uma superfície pode ser tratada como uma membrana se ela apresentar rigidez desprezível às deformações. No seu movimento, a membrana tensa retorna à posição de equilíbrio somente com a força da tensão superficial à qual ela é submetida. No caso de uma chapa submetida a alguma deformação, torna-se relevante os valores de rigidez exercidos pelo material a esforços transversais, longitudinais e de torsão. As condições de contorno de membranas e chapas são similares às de cordas e barras. Neste experimento, estudaremos apenas as vibrações em uma chapa circular com as bordas livres. O tratamento matemático é complexo e nos limitaremos a apresentar alguns resultados. Veja detalhes em Fletcher e Rossing (1991). A equação que descreve a vibração de uma chapa circular fina, em coordenadas polares (r = raio, θ = ângulo), é: y mn (r ,θ , t ) = {[ AJ m (k mn r ) + BI m (k mn r ) ] cos(mθ + γ mn )}cos(ω mn t + φ mn ) , (5) onde o termo à direta, fora das chaves, representa a variação temporal do movimento. Na parte interna das chaves, que representa a “estrutura espacial” desta vibração, as constantes A e B dependem das condições iniciais e de contorno, J e I são funções de Bessel ordinárias e hiperbólicas, respectivamente, k é o número de onda e os índices (m,n) indicam o modo de vibração da chapa. Cada condição de contorno impõe possíveis modos de vibração. Estes modos são designados por kmn, onde m é o número de diâmetros nodais (isto é, diâmetros que não se movimentam no padrão de onda estacionária) e n é o número de círculos nodais. A figura 3 ilustra os padrões nodais para uma chapa circular com extremidade livre (a) ou presa (b). O cálculo das freqüências de vibração da chapa circular leva aos valores das tabelas 1, 2 e 3. Nas tabelas, há expressões para os respectivos modos fundamentais onde c L é a velocidade das ondas longitudinais numa chapa infinita (detalhes em Fletcher e Rossing, 1991, p. 71), h é a espessura da Exp 4 - Vibração em barras e chapas 3/7 DFis/ICEx/UFMG –Prof. Maurílio Nunes Vieira - Experimentos em Acústica – Projeto PEG 2008/69 chapa e a o seu raio. Note que, em nenhum caso, as freqüências são múltiplas inteiras da fundamental. Fig. 3 - Modos Vibracionais das placas circulares: (a) extremidade livre e (b) extremidade presa. O número de modo (m,n) representado nas figuras fornece o número de linhas diametrais e o número de círculos nodais, respectivamente. Fonte: Fletcher e Rossing (1991, p. 74). Extremidade livre Extremidade apoiada Extremidade fixa Tab. 1 - Modos vibracionais de chapas circulares. fmn é o modo com m diâmetros nodais e n círculos nodais. O modo fundamental é f20.(extremidade livre) ou f01.(extremidade apoiada ou fixa). Veja texto principal para a definição das constantes das expressões dos modos fundamentais. Fonte: Fletcher e Rossing (1991, p. 73). Exp 4 - Vibração em barras e chapas 4/7 DFis/ICEx/UFMG –Prof. Maurílio Nunes Vieira - Experimentos em Acústica – Projeto PEG 2008/69 3. Exercícios 1. Verifique que a equação 2 é solução da equação de ondas transversais em barras. 2. Faça uma tabela relacionando, para uma barra semi-presa, a freqüência, a velocidade de fase ( v ) e o comprimento de onda λ = v / f . Expresse os valores em função do valor do 1º. modo normal. 3. Ao contrário do que ocorre na vibração de cordas tensas, os modos normais de uma barra ou de uma chapa não são uma série harmônica. Investigue sobre a relevância disto na construção de instrumentos musicais. 4. Bibliografia 1. LE Kinsler, AF Frey, AB Coppens, JV Sanders, Fundamentals of Acoustics (3rd. Ed.) - Wiley, New York (1982) – Cap 2 2. NH Fletcher, TD Rossing, The Physics of Musical Instruments – SpringerVerlag, New York (1991) – Cap 2 e 3 3. Relatórios dos estudantes Mainda Silva Araújo (bolsista PEG), Saulo Araújo do Nascimento (bolsista ProNoturno) e José Eduardo Silva (Estágio Docente). 4. Transparências usadas no seminário 2. 5. AA Campos, ES Alves e NL Speziali (2007), Física Experimental na Universidade – Editora UFMG. Exp 4 - Vibração em barras e chapas 5/7 DFis/ICEx/UFMG –Prof. Maurílio Nunes Vieira - Experimentos em Acústica – Projeto PEG 2008/69 5. Parte Prática 5.1 Material • • • • • Barras Cruzadas Kit das figuras de Chladni Gerador de áudio Vibrador mecânico Pasco Estroboscópio 5.2 Procedimentos Figura 4: Montagem para vibração transversal em barras Fig. 5 - Montagem para vibração em placas Observações: Roteiro sobre barras adaptado de AA Campos (2007, p. 156-157). Inserir unidades e incertezas das medidas. Fazer relatório e anexar exercícios. Exp 4 - Vibração em barras e chapas 6/7 DFis/ICEx/UFMG –Prof. Maurílio Nunes Vieira - Experimentos em Acústica – Projeto PEG 2008/69 1. Barras. Trave o eixo do vibrador, remova o fio e encaixe o conjunto de lâminas metálicas como mostrado na figura 4. Destrave o eixo do vibrador. 2. Varie, no gerador de áudio, a freqüência de vibração, enquanto observa as lâminas metálicas. Determine as freqüências de ressonância até o 4° modo (≈ 255 Hz). Meça também a posição dos nós de vibração da barra. Tente visualizar o movimento com o auxílio do estroboscópio. 3. Faça uma tabela e um esboço das formas das ondas estacionárias que são observadas para cada uma das freqüências de ressonância de cada lâmina. Determine, para a lâmina de maior comprimento, as razões fn/f1 entre as freqüências de ressonância de cada modo e a do modo fundamental f1 . Indique também a posição dos nós. Compare com os valores teóricos abaixo (L = comprimento da barra). Freqüência f1 nós 0 6,267 f1 0 0,783L 17,55 f1 0 0,504 L 0,868 L 34,39 f1 0 0,358 L 0,654 L 0,906 L 4. Chapas. Use o kit das figuras de Chladni para montar o experimento da figura 5. 5. Faça uma tabela com um esboço das formas das ondas estacionárias que são observadas na placa e as freqüências. Tente visualizar o movimento com o auxílio do estroboscópio. 6. Determine as razões fn/f1 entre as freqüências de cada modo (até o 4° ou 5° modo) e a do modo fundamental f1 . Compare com os valores apresentados na tabela 1 da introdução. Exp 4 - Vibração em barras e chapas 7/7