HISTÓRICO DA RÁDIO-TELEMETRIA NO ESTUDO DE FELINOS NO BRASIL Peter G. Crawshaw Jr. Floresta Nacional de São Francisco de Paula, RS IBAMA A Rádio-Telemetria no estudo de felinos no Brasil A rádio-telemetria em felinos foi usada pela primeira vez no Brasil em um estudo da onçapintada (Panthera onca) no Pantanal Matogrossense, por George Schaller, em 1977. A Rádio-Telemetria no estudo de felinos no Brasil O estudo da onça-pintada no Pantanal foi dividido em duas fases: O projeto executado por George Schaller e Peter Crawshaw na fazenda Acurizal (abril/1977 - julho/1978) O projeto executado por Crawshaw e Howard Quigley na Miranda Estância, em Miranda, no sul do Pantanal (julho/1980 – fevereiro/1984). Durante o desenvolvimento destes projetos, foram utilizados três diferentes sistemas de telemetria. A Rádio-Telemetria no estudo de felinos no Brasil A fazenda Acurizal, hoje RPPN da Fundação Ecotrópica, será incorporada ao atual Parque Nacional do Pantanal. A Rádio-Telemetria no estudo de felinos no Brasil Sistema Johnson & Smith O primeiro sistema utilizado para onças pintadas no Pantanal foi produzido por Johnson & Smith, EUA, sendo o mesmo utilizado na época por Maurice Hornocker no puma americano, operando na faixa de 30 MHz. O colar era um conjunto formado por uma cinta de cobre, que servia como antena para transmissão do sinal, acoplada à uma caixa metálica que protegia os componentes eletrônicos do transmissor. A Rádio-Telemetria no estudo de felinos no Brasil Colocação de rádio-colar fabricado por Johnson & Smith em onça-pintada em Acurizal, 24 de junho de 1978. A Rádio-Telemetria no estudo de felinos no Brasil Sistema Johnson & Smith utilizado em onça pintada em Acurizal A Rádio-Telemetria no estudo de felinos no Brasil No projeto na fazenda Acurizal, foram aparelhados um macho de onça-parda e duas fêmeas de onçaspintadas. O primeiro animal aparelhado foi um macho adulto de onça-parda ou puma (Puma concolor), capturado com armadilha em 28 de julho de 1977. Esse animal foi recapturado com cães no dia 21 de junho de 1978, e teve o colar substituído. A Rádio-Telemetria no estudo de felinos no Brasil Freddie – primeiro felino com rádio-colar no Brasil; fazenda Acurizal, 28 de julho de 1977. A Rádio-Telemetria no estudo de felinos no Brasil Primeira onça-pintada (fêmea adulta) aparelhada na Faz. Bela Vista do Norte, vizinha à Acurizal, 5 de abril de 1978. Foto: Animal Kingdom Magazine (1978) A Rádio-Telemetria no estudo de felinos no Brasil Sistema DAVTRON O segundo sistema utilizado para onças-pintadas no Pantanal foi produzido pela DAVTRON Eletronics (150 Mhz), por indicação de John Weaver, que teve uma breve participação no projeto. Foram aparelhadas duas fêmeas de onças-pardas e uma fêmea de onça-pintada, no início do projeto na Miranda Estância. A Rádio-Telemetria no estudo de felinos no Brasil Fêmea de onça-parda com radio-colar DAVTRON, Miranda Estância, 15 de dezembro de 1980. A Rádio-Telemetria no estudo de felinos no Brasil Fêmea de onça-parda com rádio-colar, Miranda Estância, 8 de novembro de 1980. A Rádio-Telemetria no estudo de felinos no Brasil Fêmea adulta de onça-pintada com rádio-colar, Miranda Estância, 13 de novembro de 1980. A Rádio-Telemetria no estudo de felinos no Brasil Sistema TELONICS O terceiro sistema utilizado, produzido pela TELONICS (150 MHz), foi introduzido com a chegada de Howard Quigley no projeto em Miranda. Com esse sistema, foram aparelhadas seis onçaspintadas (2 machos e 4 fêmeas) além de uma fêmea jovem de onça-parda. Das onças-pintadas, 4 animais pertenciam a uma mesma família (1 fêmea adulta com três filhotes de duas ninhadas subseqüentes), e os outros dois eram mãe e filha. A Rádio-Telemetria no estudo de felinos no Brasil Radio-colar TELONICS A Rádio-Telemetria no estudo de felinos no Brasil Aparelhamento de dois irmãos (macho JM04 e fêmea JF01) com sistemas diferentes – DAVTRON e TELONICS – Miranda Estância, 29 de dezembro de 1981. A Rádio-Telemetria no estudo de felinos no Brasil Terceira recaptura da fêmea Felicia (JF01) para troca de colar, em 11 de julho de 1982. A Rádio-Telemetria no estudo de felinos no Brasil Captura da onça-pintada Eva (JF09) na Miranda Estância, em setembro de 1982. A Rádio-Telemetria no estudo de felinos no Brasil Monitoramento O monitoramento no solo era feito à pé ou à cavalo ... A Rádio-Telemetria no estudo de felinos no Brasil ... em veículos tracionados, ou, dependendo da época do ano e das condições do terreno... A Rádio-Telemetria no estudo de felinos no Brasil ... em barcos ou canoas. A Rádio-Telemetria no estudo de felinos no Brasil Triangulação Uma vez encontrado um animal, a sua posição era determinada por triangulação, com o auxilio de uma bússola. 3 azimutes de diferentes pontos determinavam o cruzamento de três retas, marcando a sua localização. A localização era plotada em um mosaico de fotos aéreas (escala 1:20.000) A Rádio-Telemetria no estudo de felinos no Brasil Monitoramento aéreo Dadas as grandes distâncias percorridas pelos animais aparelhados, era necessário o uso de um avião monomotor para o monitoramento aéreo, à intervalos de aproximadamente 10-15 dias. A Rádio-Telemetria no estudo de felinos no Brasil O uso de ultraleve Para otimizar o monitoramento aéreo, foi comprado um aparelho ultraleve Quicksilver MX, em maio de 1983. 64,2% das 472 localizações utilizadas para definir os movimentos dos seis animais de estudo foram aéreas. Desse total, 13.8% foram obtidas com o ultraleve. A Rádio-Telemetria no estudo de felinos no Brasil Aparelho ultraleve Quicksilver MX adquirido pelo IBDF em maio de 1983, para otimizar o monitoramento aéreo dos animais aparelhados. A Rádio-Telemetria no estudo de felinos no Brasil Ultraleve Quicksilver MX A Rádio-Telemetria no estudo de felinos no Brasil Posteriormente, a rádiotelemetria também foi utilizada no estudo de outros animais, no Parque Nacional do Iguaçu, já na década de 90. Cachorro-do-mato, Cerdocyon thous Quati, Nasua sp. A Rádio-Telemetria no estudo de felinos no Brasil Ecologia comparativa da onça-pintada e da jaguatirica no Parque Nacional do Iguaçu, de abril de 1990 a dezembro de 1995. A Rádio-Telemetria no estudo de felinos no Brasil Dificuldades Problemas na manutenção dos equipamentos importados (transmissores, receptores e antenas) Demora no recebimento das peças de reposição (a simples troca de baterias de rádio-colar podia demorar até 6 meses!) Falta de confiabilidade do equipamento A Rádio-Telemetria no estudo de felinos no Brasil Comparativo entre transmissores utilizados em jaguatiricas no Parque Nacional de Iguaçu N Média de vida operacional (%) Extremos Duração (dias) Extremos Wildlife Materials 10 23.2% ± 21.9% 0.8 - 70.4% 165 ± 160 6-507 Telonics 3 144.0% ± 15.0% 127% - 155% 1036 914-1116 Esperado para os transmissores Wildlife Mat.: 720 dias 8 transmissores utilizados em 6 jaguatiricas falharam em < 3 meses A Rádio-Telemetria no estudo de felinos no Brasil Transmissor da Wildlife Materials Transmissor da TELONICS A Rádio-Telemetria no estudo de felinos no Brasil PERSPECTIVAS • A técnica veio para ficar (uso em aves, animais marinhos, etc.) • produção de equipamentos no Brasil • diversificação das aplicações, com novas tecnologias, facilitando o uso e diminuindo o custo A Rádio-Telemetria no estudo de felinos no Brasil BIBLIOGRAFIA RELEVANTE: Crawshaw Jr., P.G. 1979. A Biotelemetria. Bol. FBCN (14): 17 25. Crawshaw Jr., P.G. 1981. O Universo de uma Onça. Rev. Troféu Abril/Maio: 31-34. Crawshaw Jr., P.G. and H.B. Quigley. 1983. Os felinos do Pantanal. Brasil Florestal, 53 (Jan./Março): 51-53. Quigley, H.B. and P.G. Crawshaw Jr. 1989. Use of Ultralight Aircraft in Wildlife Radio-Telemetry. Wildl. Soc. Bull. 17: 330334. Crawshaw Jr., P.G. and H.B. Quigley. 1991. Jaguar spacing, activity, and habitat use in a seasonally flooded environment in Brazil. J. Zool. (London), 223: 357-370. Schaller, G.B. and P.G. Crawshaw Jr. 1980. Movement patterns of jaguar. Biotropica 12 (3): 161-168. A Rádio-Telemetria no estudo de felinos no Brasil