Faculdades Integradas de Itararé – FAFIT-FACIC
Itararé – SP – Brasil
v. 04, n. 02, jul./dez. 2013, p. 13-25.
REVISTA ELETRÔNICA
FAFIT/FACIC
O mercado de trabalho dos treinadores paranaenses de tênis
The job market for Parana State tennis coaches
Caio Correa Cortela
Federação Paranaense de Tênis – FPT – Curitiba – Brasil
[email protected]
Layla Maria Campos Aburachid
Universidade Federal do Mato Grosso – UFMT – Cuiabá – Brasil
[email protected]
Débora Navarro Rocha Cortela
Instituto Federal do Paraná – IFPR – Foz do Iguaçu – Brasil
[email protected]
Luiz Gustavo Nascimento Haas
Federação Paranaense de Tênis – FPT – Curitiba – Brasil
[email protected]
Resumo
O presente estudo objetivou conhecer qual é e como os treinadores paranaenses
de tênis vêm o mercado de trabalho. Para coletar essas informações,
primeiramente foi construído e validado um questionário especificamente
desenhado para essa finalidade. Participaram da amostra 58 treinadores com
idade média de 32,5±9,9 anos, de sete cidades distintas. Para análise dos dados
utilizou-se o software SPSS 20.0. Foram produzidas estatísticas descritivas de
tendência central e dispersão e cálculos de frequências e percentagens para as
variáveis observadas. Para comparação entre os grupos: Capital e Interior
utilizou-se o teste Mann-Whitney, com o nível de significância estabelecido em
p≤0,05. Atentando-se ao mercado de trabalho verifica-se que esses treinadores
trabalham em média 37,5±13,2 horas por semana, recebendo mensalmente R$
3.512,00±2.308,00 por essa atividade. O principal local de trabalho desses
profissionais são as academias e os clubes, verificando-se que o registro em
carteira assinada e os contratos de locação de quadra respectivamente nessa
ordem são as situações mais comuns de trabalho. A atividade mais realizada por
esses profissionais paralelamente as aulas e aos treinos é o acompanhamento
técnico nas competições. Os treinadores do interior relataram trabalhar com
maior frequência na realização de eventos e no comércio de materiais esportivos
ligados a modalidade. A maior expectativa de crescimento para o mercado do
trabalho é a iniciação esportiva para crianças e jovens. Para diversas áreas do
mercado os treinadores do interior mostraram-se mais otimistas para as
perspectivas de crescimento dos que os da capital.
Palavras-chave: Mercado de trabalho. Treinadores paranaenses. Tênis.
Abstract
This studied aimed to know what the job market is for coaches and how they see
it. In order to collect this information, at first a survey was made and validated,
and it was made specifically for this purpose. Took part in this sample 58 coaches
age 32,5±9,9 years old, from seven different cities. For the data analyses was
used the software SPSS 20.0. Descriptive statistics of central tendency and
dispersion and frequencies and percentages calculus have been produced for
the variables observed. For the comparison among groups: Capital and
countryside was used the test Mann-Whitney, with significance level established
in p≤0,05. Taking the job market into account, it’s possible to check that these
coaches work an average of 37,5±13,2 hours per week, making R$
3.512,00±2.308,00 a month for this activity. The main workplaces of these
professionals are the gyms and the clubs, and it can be verified that the record in
the working papers and the leases of the courts respectively are the most
common working situations. The activity most performed by these professionals
in parallel to the classes and the trainings is the technical monitoring during the
competitions. The countryside coaches reported to be working more frequently
making events and in the trade of sports material linked to the sport. The greatest
expectation of job market growth is the sports initiation for children and young
people. For several areas in the market the countryside coaches seems more
optimistic for the growth perspectives than those from the capital.
Keywords: Job market. Parana State Coaches. Tennis.
1. Introdução
A função desempenhada pelos treinadores enquanto agentes responsáveis
pela formação e educação esportiva tem se mostrado determinante ao longo das
etapas da preparação esportiva a longo prazo (MARQUES, 2000; LUGUETTI;
MASSA; BÖHME, 2012; PACHARONI; MASSA, 2012).
Após uma ampla revisão de literatura sobre o papel exercido por esses
profissionais no desenvolvimento de talentos esportivos, Luguetti, Massa e
Böhme (2012) constataram que os mesmos foram fundamentais para o sucesso
da carreira dos atletas nacionais, sendo citados como um elemento de motivação
extrínseca durante a iniciação esportiva e corresponsáveis pela educação e
formação ética (educação) desses indivíduos.
Gibbons et al. em seu estudo com 816 atletas americanos que participaram
dos jogos olímpicos entre os anos de 1984 e 1998 destacou a importância dos
treinadores nas distintas fases de do treinamento esportivo a longo prazo,
realçando as habilidades de ensinar e de motivar como as capacidades mais
apreciadas pelos atletas.
O trabalho desenvolvido por Pacharoni e Massa (2012) especificamente
com tenistas brasileiros considerados talentosos demonstrou a importância dos
treinadores tanto na iniciação esportiva como nos treinamentos. De acordo com
os atletas nas primeiras etapas da preparação esportiva a longo prazo os
reforços positivos e afetivos propiciado pelos treinadores foram essenciais para
despertar e manter o gosto pela prática da modalidade. Em um segundo
momento, após os atletas iniciarem o treinamento sistematizado, a capacidade
dos treinadores de promover melhorias técnicas, táticas e físicas e de facilitar a
transição do circuito juvenil para o profissional foram considerados
determinantes para a o sucesso da carreira desses atletas.
14
Sabe-se, no entanto, que a função do treinador não se limita ao
desenvolvimento de atletas de alto rendimento. De acordo com Tubino (2010)
para se contemplar todas as possibilidades de práticas esportivas o Esporte deve
abranger três grandes dimensões: esporte educação, esporte lazer, e o esporte
de desempenho. Nessa mesma direção, Gaya e Torres (2004) e Gaya (2006)
destacam quatro vertentes onde os praticantes se enquadram: o esporte de alto
rendimento ou excelência, esporte escolar ou como meio para educação,
esporte de lazer ou de participação, e esporte e saúde ou de reabilitação e
reeducação.
Nesse cenário, o ofício que anteriormente era desempenhado por
voluntários ou, restrito como profissão ao esporte de alto rendimento, teve de se
adequar para atender ao mercado e a crescente demanda pela prática esportiva
(MARQUES, 2000)
Considerando a escassez de trabalhos nesta área documentada por
Gomes et al. (2011), Ramos et al. (2011) e Rufino e Dario (2011), pretendeu-se
com este estudo conhecer qual é o mercado de trabalho dos treinadores
paranaenses de tênis e quais são as perspectivas de crescimento segundo
esses profissionais. Os dados em apreciação poderão fundamentar as futuras
decisões da Federação Paranaense de Tênis (FPT), contribuindo para o
desenvolvimento do esporte, para a melhoria das ações de formação e de
oportunidades trabalho para os treinadores paranaenses.
2. Metodologia
Amostra
A seleção da amostra ocorreu por conveniência. Dessa forma, de uma
população inicial de 180 treinadores estimada junto aos 40 clubes filiados a FPT,
65 participaram do presente estudo. Os 65 treinadores em questão foram
escolhidos por terem participado das reuniões técnicas realizadas pela FPT no
primeiro semestre de 2012. Em virtude de falhas no preenchimento, sete
questionários foram retirados da amostra totalizando para a análise dos dados
58 professores.
Para efeito de análise, o grupo de treinadores denominado de Capital
(n=37) foi composto exclusivamente pelos treinadores de Curitiba, enquanto o
grupo Interior (n=21) constitui-se de treinadores de Arapongas, Londrina,
Imbituva, Marechal Candido Rondon, Maringá e Ponta Grossa.
Os participantes apresentaram idade média de 32,5±9,9 anos, tendo o
treinador mais jovem da amostra 19 anos e o mais velho 63 anos de idade.
Recolha dos dados e instrumento de coleta
Para a recolha dos dados foi desenhado e aplicado um questionário. As
coletas de dados foram realizadas presencialmente nas reuniões da FPT
ocorridas no primeiro semestre de 2012.
A escolha por esta forma de coleta de dados (questionário com questões
semiestruturadas, sem identificação) resultou da ponderação entre as vantagens
e desvantagens dessa técnica de coleta em detrimento de outras técnicas de
pesquisa descritiva como a entrevista, por exemplo. De acordo com Thomas,
15
Nelson e Silverman (2012) a utilização do questionário se justifica quando se tem
como necessidade obter respostas, com frequência, em uma ampla área
geografia. Tendo em vista o teor pessoal de algumas questões presentes no
instrumento, o anonimato favorece a sinceridade nas respostas.
Inicialmente, para elaboração do instrumento de coleta criou-se uma equipe
de investigação composta por cinco colaboradores de distintas áreas, na qual se
inclui os investigadores. Os membros desta equipe apresentaram formação
inicial e percursos profissionais distintos no intuito de atender às particularidades
apresentadas pelos treinadores. Fizeram parte dela:
- Professor Doutor e com formação federativa, responsável pela disciplina Tênis
de Campo em uma universidade espanhola, docente dos cursos de capacitação
de professores da Real Federação Espanhola de Tênis (RFET) e com grande
experiência em pesquisas voltadas a formação de treinadores;
- Professor Mestre e com formação federativa, proprietário de uma empresa
prestadora de serviços na área do tênis e diretor da FPT;
- Professor Mestre, com formação acadêmica direcionada à gestão esportiva e
proprietário de uma empresa especializada em assessoria esportiva;
- Professor Especialista e com formação federativa, responsável pela
regulamentação e torneios da FPT;
- Professor com formação acadêmica superior em outra área de concentração
com mais de 20 anos de experiência, proprietário de uma das mais tradicionais
escolas de tênis e promotora de eventos do Estado do Paraná.
Após quatro reuniões estabeleceu-se um questionário base a ser
submetido à análise piloto para validação. Para o processo de validação,
utilizaram-se as recomendações propostas por Arias e Fernández (1998, p. 4647, adaptado de Robson, 1993), por Hoinville e Jowell (1978; citados por Cohen
e Manion, 1990, p.146-151) e por Manzano e González (1998, p.100-101). Nesse
sentido, os treinadores que participaram da coleta piloto utilizaram uma tabela
de verificação e validação do conteúdo de 15 itens, onde se avaliou: estrutura,
terminologia e tempo médio de preenchimento do instrumento. Esses mesmos
critérios foram utilizados por Fuentes e Villar (2004) em um estudo que é
referência nessa linha de investigação.
Participaram do projeto piloto de validação do questionário base 10
treinadores com no mínimo cinco anos de experiência profissional. Após
preencherem a tabela de verificação e validação do conteúdo, obteve-se uma
média 4,32 ±0,68 em uma escala de likert que variava de 1 (completamente em
desacordo) e 5 ( totalmente de acordo), o que demonstra uma avaliação positiva
dos treinadores com relação ao instrumento. Nenhum dos itens avaliados
apresentou valor inferior a três nesta escala. O tempo médio despendido para
preenchimento do questionário foi de 16,1 ± 4,3 minutos. Conhecidos os
resultados e acatando as sugestões relevantes apresentadas pelos treinadores,
procedeu-se em comum acordo com os membros da equipe de investigação, a
versão três do instrumento que foi aplicada aos treinadores paranaenses.
Análise de dados
Para análise estatística dos dados, utilizou-se o software SPSS 20.0.
Foram realizadas estatísticas descritivas de tendência central e dispersão e
16
cálculos de frequências e percentagens para as variáveis observadas. Após a
aplicação do teste Kolmogorov-Smirnov com p≤0,05 verificou-se que a amostra
não apresentou uma distribuição normal. Dessa forma, optou-se pela utilização
do teste não paramétrico Mann-Whitney, com o nível de significância
estabelecido em p≤0,05 para a comparação entre os dados apresentados pelos
treinadores dos grupos: Capital e Interior.
3. Resultados
A Tabela 1 apresenta o perfil técnico dos alunos que praticam a modalidade
com os profissionais inquiridos. De um modo geral verifica-se que os treinadores
paranaenses de tênis trabalham com alunos considerados iniciantes ou de nível
técnico intermediário, não havendo diferenças significativas no perfil técnico dos
alunos dos treinadores da capital e do interior.
Tabela1 – Perfil técnico dos alunos relatado pelos treinadores.
Número regular de
Nenhum aluno
Poucos alunos
alunos
1
2
3
Amostra
Capital
total
ᵪ
σ
ᵪ
Md
Iniciação esportiva crianças e
2,7
1,2
2
2,7
jovens
Iniciação esportiva adultos
2,8
1,1
3
2,6
Aperfeiçoamento crianças e
3,2
1,2
3
3,1
jovens
Aperfeiçoamento adultos
3,6
1,1
4
3,7
Competição infanto-juvenil
2,9
1,5
3
3,1
Competição adultos
2,5
1,2
3
2,7
Competição sênior
1,6
1
1
1,8
Alta competição juniores
1,2
0,6
1
1,2
Alta competição profissional
1,1
0,3
1
1,1
Tênis escolar
1,8
1,2
1
1,9
Projetos sociais
1,7
1,2
1
1,8
*
( p≤0,05); **(p≤0,01)
A maior parte dos
alunos
5
Muitos alunos
4
Interior
σ
Md
p
ᵪ
σ
1,3
3
2,8
1,1
0,511
1,1
3
3
1,1
0,216
1,3
3
3,3
1,2
0,695
0,9
1,6
1,3
1,1
0,6
0,5
1,1
1,3
3
3
2
1
1
1
1
1
3,5
2,7
2,1
1,4
1,2
1,1
1,7
1,7
1,3
1,4
1,1
0,8
0,5
0,2
1,2
1
0,553
0,302
0,100
0,277
0,815
0,619
0,354
0,831
Verifica-se na Tabela 2 que os treinadores do estado trabalham em média
37,5±13,2 horas por semana, obtendo como remuneração o valor de R$
3512,00±2308,00. Apesar das diferenças observadas na renda média recebida
pelos treinadores da capital e do interior, constata-se no presente estudo que as
mesmas não são estatisticamente significativas.
Tabela 2 – Estatística descritiva e comparação entre os grupos de treinadores relativamente a
carga horária de trabalho semanal e a renda mensal expressa em reais (R$).
Amostra
Capital
Interior
total
ᵪ
σ
ᵪ
σ
ᵪ
σ
Md
Md
Carga horária de trabalho
37,5
13,2
40
36,6
11,8
40
39,4
15,5
Renda mensal (R$)
3512
2308
3000
3674
2410
2500
3247
2169
*
( p≤0,05); **(p≤0,01)
As academias e os clubes, respectivamente nessa ordem, continuam
sendo os principais locais de trabalho para os profissionais que atuam com o
17
p
0,528
0,400
tênis. Apesar do grande aumento no número de condomínios e empresas com
quadras particulares observa-se que esses locais ainda apresentam pouca
representatividade no mercado de trabalho dos treinadores do Estado.
Gráfico 1– Principal local de trabalho dos treinadores paranaenses de tênis.
2%3%
Clube
43%
Academia
Condomínios ou quadras
particulares
Empresas privadas
52%
No Gráfico 2 é possível verificar que o trabalho com registro em carteira
assinada e o contrato de locação de quadras, respectivamente com 38% e 27%
das frequências de respostas, apresentam-se como as situações de trabalho
mais comuns entre os treinadores paranaenses de tênis. O contrato de prestação
de serviço também aparece como uma alternativa viável, sendo a condição de
trabalho relatada por 21% da amostra.
Gráfico 2 – Situação de trabalho dos treinadores paranaenses de tênis.
14%
21%
Informal
Carteira de Trabalho
Locatário de quadra
27%
Prestador de serviços
38%
Quando comparados aos treinadores da capital, os profissionais que
trabalham com o tênis no interior do Paraná relataram organizar eventos e
comercializar materiais esportivos ligados a modalidade com frequência
estatisticamente superior. Para ambos os grupos (capital e interior), o
acompanhamento técnico as competições é considerado a principal atividade
realizada paralelamente as aulas de tênis.
Tabela 3 – Frequência com que os treinadores relataram realizar outras atividades profissionais
ligadas ao tênis.
Nunca realizo
Poucas vezes
Regularmente
Muitas vezes
Sempre realizo
1
2
3
4
5
Amostra
Capital
Interior
total
p
ᵪ
σ
ᵪ
σ
ᵪ
σ
Md
Md
Arbitragem
2,1
1,3
2
2,1
1,2
2
2,1
1,4
0,384
0,021*
Organização de eventos
2,6
1,4
2
2,3
1,3
3
3,2
1,5
Preparação física
2,7
1,1
2
2
1
2
2,2
1,3
0,754
Clínicas de Tênis
2,4
1,1
2
2
1
2
2,1
1,2
0,708
18
Acompanhamento técnico
Docência em cursos de
capacitação
Comercio de materiais
esportivos
Aulas de Educação Física
Docência no ensino superior
Outras atividades
*
( p≤0,05); **(p≤0,01)
3,2
1,5
3
3
1,5
3
3,4
1,5
0,316
1,7
1,2
1
1,7
1,1
1
1,9
1,3
0,457
1,9
1,2
1
1,6
0,9
2
2,4
1,5
0,042*
1,5
1,4
1,4
0,9
0,9
1,2
1
1
1
1,5
1,4
1,5
1
1
1,3
1
1
1
1,4
1,4
1,3
0,8
0,9
1,1
0,837
0,843
0,622
Quanto às perspectivas de crescimento do mercado, os treinadores do
interior apresentaram-se mais otimistas. Foram encontradas diferenças
estatisticamente significativas relativas às seguintes opções de trabalho:
aperfeiçoamento técnico de crianças e jovens; terceirizações de condomínios e
clubes; proprietário de academia de tênis; arbitragem; organização de eventos;
clínicas de tênis; docência em cursos de capacitação; docência em tênis no
ensino superior; comércio de artigos esportivos.
A iniciação esportiva foi considerada por ambos os grupos com o campo
com maior probabilidade de crescimento. Apesar do grande número de clubes a
academias os treinadores da capital relataram que ser proprietário de academia
e terceirizar clubes são as atividades com menor expectativa de crescimento.
Por sua vez, os treinadores do interior demonstraram poucas perspectivas de
desenvolvimento do mercado de trabalho relativamente ao treinamento de
tenistas de alta competição profissional e de competição sênior.
Tabela 4 – Perspectivas de crescimento do mercado de trabalho segundo os treinadores
paranaenses de tênis.
Pouquíssima
Muitíssima
Pouca perspectiva Perspectiva regular
Muita perspectiva
perspectiva
perspectiva
2
3
4
1
5
Amostra
Capital
Interior
total
p
ᵪ
σ
ᵪ
σ
ᵪ
σ
Md
Md
Iniciação esportiva crianças e
4
1,1
4
3,8
1,2
4,5
4,3
1
0,105
jovens
Iniciação esportiva adultos
3,5
1,2
3
3,4
1,1
4
3,7
1,3
0,329
Aperfeiçoamento crianças e
0,037*
3,9
0,8
4
3,8
0,8
4
4,2
0,7
jovens
Aperfeiçoamento adultos
3,7
0,9
4
3,8
0,8
3,5
3,7
1
0,614
Competição infanto-juvenil
3,7
1,2
4
3,6
1,1
4
3,8
1,3
0,498
Competição adultos
3,3
1,2
3
3,4
1,2
3
3,2
1,2
0,341
Competição sênior
2,6
1,2
3
2,7
1,3
2
2,4
1
0,486
Alta competição juniores
2,7
1,4
3
2,8
1,4
2
2,5
1,4
0,321
Alta competição profissional
2,5
1,3
3
2,7
1,3
2
2,2
1,2
0,159
Tênis escolar
3,2
1,3
3
3,2
1,2
3
3,2
1,6
0,925
0,049*
Terceirizações de condomínios
3,1
1,5
3
2,8
1,3
4,5
3,6
1,7
0,022*
Terceirizações de clubes
2,8
1,5
2
2,4
1,5
4
3,4
1,4
0,011**
Proprietário de academia
2,6
1,3
2
2,3
1,2
3
3,2
1,3
0,001**
Arbitragem
3
1,3
3
2,5
1,2
4
3,7
1,3
0,000**
Organização de eventos
3,4
1,4
3
2,9
1,3
4,5
4,3
1
Preparação física específica
3,3
1,4
3
3,1
1,4
3
3,6
1,1
0,170
para o Tênis
0,001**
Clínicas de Tênis
3,6
1,2
3
3,2
1,2
4,5
4,3
1
Projetos através de leis de
3,4
1,3
3
3,3
1,3
4
3,7
1,3
0,253
incentivo ao esporte
Docência em cursos de
0,013**
3,4
1,2
3
3,1
1,2
4
4
1,1
capacitação
19
Docência em Tênis no ensino
superior
Comércio de artigos esportivos
*
( p≤0,05); **(p≤0,01)
3
1,4
2
2,7
1,4
4
3,6
1,3
0,015*
2,9
1,4
3
2,5
1,3
4
3,7
1,3
0,001**
4. Análise e discussão dos dados
A análise do perfil técnico dos alunos orientados pelos treinadores
paranaenses de tênis (Tabela 1) permite afirmar que esses profissionais
trabalham principalmente com tenistas iniciantes ou intermediários, atuando na
maior parte das vezes nas vertentes do esporte lazer, como meio para a
obtenção de níveis satisfatórios de saúde ou de cunho educacional, descritas
por Gaya e Torres (2004) e Gaya (2006).
Esses resultados encontram-se em concordância com os dados publicados
pela ITF sobre o tênis brasileiro, no estudo intitulado de Tennis Beyond 2000
publicado pela entidade em 2007. Segundo ele, o Brasil ainda se encontra como
um mercado em desenvolvimento, observando-se uma taxa de penetração da
modalidade de apenas 0,8% da população, contrastando com valores de 9,5%,
6,4% e 4,9% para países onde o tênis é consolidado, tais como Austrália,
Estados Unidos e França respectivamente (ITF, 2007).
Como característica marcante, os mercados em desenvolvimento possuem
a maior parte dos seus praticantes com nível técnico iniciante ou intermediário
(ITF 2007). Do ponto de vista comercial esse atributo é visto com bons olhos,
pois movimenta a venda de materiais esportivos e aumenta a procura por aulas
e informações especializadas.
Atentando-se para a Tabela 2 é possível verificar que os treinadores
paranaenses trabalham, em média, aproximadamente 38 horas por semana, não
havendo diferenças estatisticamente significativas entre os treinadores da capital
e interior para essa variável. Esses valores encontram-se abaixo das 44 horas
de trabalho considerada como uma jornada normal pelo Ministério do Trabalho
e Emprego.
Apesar de os treinadores da capital apresentarem renda mensal superior
as dos profissionais que trabalham no interior, as diferenças encontradas não
foram estatisticamente significativas. De um modo geral, verifica-se que a
remuneração recebida pelos profissionais que trabalham com o ensino do tênis
no Estado é mais elevada que os valores médios relatados pelos sites Guia do
Estudante (2012) e da Secretaria de Emprego e Relação do Trabalho do Estado
de São Paulo (2012) para profissionais que atuam com Educação Física e
Esporte no país.
Essa remuneração associada ao vasto campo de atuação do profissional
que trabalha com o tênis poderia ser apresentada pela FPT aos estudantes e às
diversas instituições de ensino superior do Estado que possuam os cursos de
Educação Física ou Esporte, no intuito de atrair um número maior de pessoas
para atuarem com a modalidade e assim fortalecer a demanda de profissionais
capacitados no mercado paranaense.
De acordo com os dados do presente estudo, os clubes e as academias
apresentam-se como os principais locais de trabalho dos treinadores
paranaenses (Gráfico1). Se, por um lado, nas grandes cidades o crescimento no
número de empreendimentos imobiliários tem alterado a rotina das academias
de tênis, por outro, o alto custo para se associar a um bom clube garantem as
academias no mercado.
20
A constatação de que 41% dos profissionais inquiridos trabalham como
locatários de quadra ou prestador de serviços demonstra uma nova organização
na forma de gerenciar a modalidade no Estado (Gráfico 2). Até meados da
década de 90, era comum os treinadores de tênis trabalharem com registro em
carteira assinada recebendo muitas vezes, além do salário fixo, as
remunerações referentes às aulas ministradas.
Na tentativa de reduzir os custos inerentes ao registro e de se adequar a
nova realidade do mercado nacional, muitas academias e clubes têm optado
pelos contratos de locação de quadra ou pela contratação de empresas
especializadas, terceirizando assim, a prestação de serviços nesse setor.
A firmação do contrato de locação de quadra tem se mostrado uma
alternativa viável para essas instituições, pois além de receberem um valor préestabelecido pela locação do espaço, os clubes e academias ainda se eximem
dos encargos e de ações trabalhistas. Por outro lado, essa condição de trabalho
permite aos treinadores maior autonomia e flexibilidade de horários para
desenvolverem suas atividades, o que pode gerar alguns inconvenientes para
os estabelecimentos onde a prestação de serviço ocorre, uma vez que nessas
condições são os treinadores os responsáveis por estabelecer o regime de
trabalho, bem como a sua participação nas atividades internas ocorridas ao
longo do ano.
Nesse sentido, algumas instituições têm optado pela contratação de
empresas especializadas para o gerenciamento das atividades relacionadas à
modalidade. Apesar do custo de contratação, essa opção também isenta os
estabelecimentos dos encargos e ações trabalhistas garantindo ainda, maior
participação no planejamento e na execução do cronograma de atividades
ligados ao tênis.
Particularmente na capital, verifica-se que os clubes e academias têm
priorizado o registro em carteira assinada (43% contra 29% do interior). Embora
nessa situação de trabalho possa aumentar os custos fixos com as despesas
dos funcionários, o pagamento de valores pré-fixados permite que essas
instituições retenham toda a renda extra obtida através do tênis, possibilitando
um aumento direto na receita. Apesar do valor relativamente menor da hora aula,
os treinadores registrados nessa situação de trabalho possuem outros benefícios
como férias remuneradas, 13º salário, entre outros.
Os treinadores paranaenses relataram não realizar com grande frequência
outras atividades profissionais relacionadas ao tênis. Como observado na Tabela
3, verifica-se que a ocupação paralela desempenhada com maior frequência por
esses profissionais é o acompanhamento técnico em torneios. O crescimento
vivenciado pelo tênis paranaense nos últimos anos traduzido no aumento
contínuo do número de tenistas filiados, de torneios realizados no Estado e do
número de inscritos nos mesmo têm contribuído positivamente para que os
treinadores possam exercer continuamente esse tipo de atividade nos finais de
semana. Só em 2012 foram realizados mais de 100 eventos no Estado
superando a casa dos 12.000 atletas inscritos nessas competições. Esses
valores colocam o Paraná como a segunda principal federação do país, ficando
atrás apenas de São Paulo nesses quesitos.
Os treinadores do interior relataram organizar significativamente mais
eventos e comercializar com maior frequência artigos esportivos destinados à
prática do tênis. Com relação à organização de eventos no interior, os
treinadores são os maiores responsáveis pela realização dessa atividade, ao
21
passo que na capital, os grandes clubes e as promotoras de eventos exercem
essa função.
Por sua vez, a maior atividade comercial dos treinadores do interior pode
estar associada à menor oferta de produtos nas cidades de menor porte. Em
muitos desses locais, não existem lojas especificas que trabalhem com produtos
da modalidade. Dessa forma, os treinadores muitas vezes para além das aulas
acabam utilizando o comércio de raquetes, encordoamentos, bolas, entre outros,
como uma alternativa para complementar a renda e oportunizar aos seus alunos
os acessórios necessários à prática cotidiana do tênis.
No que diz repeito a perspectiva de crescimento do mercado de trabalho,
os treinadores do interior apresentam-se mais otimistas do que os da capital,
acreditando haver significativamente maiores possibilidades de crescimento no
sentido de: o aperfeiçoamento de crianças e jovens, terceirização de
condomínios e clubes, proprietário de academia, arbitragem, organização de
eventos, clínicas de tênis, docências em cursos de capacitação de professores
e no ensino superior, e comércio de artigos esportivos (Tabela 4).
Considerando que a renda apresentada pelos treinadores da capital e do
interior não apresentaram diferenças estatisticamente significativas e que as
perspectivas de crescimento no interior apontam para um leque maior de
possibilidades, a opção de trabalhar nessas cidades aparece como uma
alternativa extremamente interessante para os treinadores paranaenses.
A iniciação esportiva para crianças e jovens foi a variável que apresentou
o maior valor médio de perspectiva de crescimento. Essa convicção por parte
dos treinadores parece estar associada ao novo panorama da iniciação esportiva
ao tênis de campo. Com as modificações na metodologia de ensino, jogar tênis
ficou mais fácil e divertido (FUENTES; GUSI, 1996; UNIERZYSKI; CRESPO,
2007; MILLEY, 2010). As alterações propostas para o desenvolvimento da aula
possibilitam a presença simultânea de um maior número de alunos em uma
mesma sessão de treino o que, em tese, poderá reduzir o valor individual pago
pela aula e contribuirá para o aumento no número de praticantes (CORTELA et
al., 2012).
5. Considerações finais
O presente estudo encontrou uma série de informações relevantes para as
futuras decisões da FPT.
Com relação ao objetivo proposto por esse estudo, conhecer como os
treinadores vêem e qual é o mercado de trabalho dos treinadores paranaenses,
verifica-se que as academias e os clubes continuam sendo o principal local de
trabalho desses indivíduos. Em média os treinadores trabalham 37,5±13,2 horas
por semana recebendo uma remuneração superior aos valores médios
apresentados pelos profissionais da área de Educação Física de Esporte R$
3.512,00±2.308,00. O registro em carteira assinada e os contratos de locação de
quadra são as situações mais comuns de trabalho.
O perfil técnico dos alunos é composto, em sua maioria, por tenistas
iniciantes ou intermediários, demonstrando que os treinadores atuam
prioritariamente nas vertentes de esporte lazer como meio para a obtenção de
níveis satisfatórios de saúde ou de cunho educacional.
22
Paralelamente as aulas, os treinadores declararam realizar com pouca
frequência outras atividades relacionadas à modalidade, destacando-se o
acompanhamento técnico em torneios como a principal. Foram encontradas
diferenças estatisticamente significativas na frequência com que os treinadores
do interior relataram organizar eventos e comercializar materiais esportivos
ligados à modalidade. Na opinião dos profissionais que atuam com tênis no
Estado a maior perspectiva de crescimento para o mercado de trabalho é a
iniciação esportiva para crianças e jovens.
De um modo geral os treinadores do interior mostraram-se mais otimistas
quanto às perspectivas de crescimento do mercado, observando-se diferenças
significativas relativamente as seguintes opções de trabalho: aperfeiçoamento
técnico de crianças e jovens; terceirizações de condomínios e clubes;
proprietário de academia de tênis; arbitragem; organização de eventos; clínicas
de tênis; docência em cursos de capacitação; docência em tênis no ensino
superior; comércio de artigos esportivos.
Tendo em vista que não foram encontradas diferenças significativas entre
a renda obtida por esses treinadores comparativamente aos da capital, o interior
do Estado demonstra ser uma melhor opção para os treinadores que quiserem
fazer carreira nessa profissão.
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O mercado de trabalho dos treinadores paranaenses de tênis