9 - COMUNICAÇÃO TERRESTRE A LONGAS DISTÂNCIAS Repetidores terrestres Como sabemos a onda eletromagnética se propaga em linha reta. Como a terra é redonda, isto limita a distância máxima que pode atingir uma transmissão. Supondo que as antenas de transmissão e recepção estejam situadas em torres, a distância máxima entre estas estações seria determinada pela linha de visada que tangenciasse a Terra. Ver fig. 9-1 Esta distância limite é da ordem de 80 km. Fig. 9-1 Quando se quer comunicar a distâncias muito maiores que essa, deve-se usar estações repetidoras. Cada estação repetidora recebe o sinal de um transmissor distante e o retransmite para o receptor da estação repetidora seguinte. Ver fig. 9-2. O percurso do sinal transmitido, de um repetidor para o repetidor vizinho, se chama lance. Por exemplo, no percurso total entre as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, cuja comprimento total é da ordem de 410 km, existem 8 lances. f1 f2 f3 f1 f4 C f2 f3 f4 f1 B A Fig. 9-2 Vamos supor, por absurdo, que uma estação A se comunicasse com outra estação B, e vice versa, utilizando uma mesma freqüência. O sinal que chega no receptor de B, vindo da estação A, possui potência da ordem de 10 8 vezes menor do que a potência que B deve transmitir para A. Então o receptor, da estação B receberia o próprio sinal que ela transmite, em vez de receber o sinal distante. Isto seria uma realimentação de sinal. Esta realimentação causaria uma oscilação no sistema transmissor-receptor. Para evitar este problema o transmissor, de uma estação, transmite o sinal em uma freqüência diferente daquela que esta mesma estação está recebendo. Assim, se a estação B recebe, da estação A, o sinal em uma freqüência f 1 , essa estação B transmite para A em uma outra freqüência f 2 . Os filtros de receptor de B rejeitam o sinal de freqüência f 2 . Para minimizar interferências entre sinais retransmitidos, muitas vezes, trabalha-se com mais um par de freqüências: f 3 e f 4 . Um mesmo par é utilizado em lances alternados. Ver fig. 9-2. Isto evita que o sinal retransmitido de B para C interfira na comunicação de A para B. 115 PROPAGAÇÃO NO ESPAÇO LIVRE Vamos partir de uma antena isotrópica, situada em um ponto T. Ela irradia um sinal com potência PT em um meio também isotrópico como, por exemplo, o vácuo. Estamos interessados em determinar a intensidade do sinal que chega em um ponto R situado a uma distância d do ponto T. Ver fig. 9-3. T d R Fig. 9-3 Para determinar a intensidade de sinal que chega no ponto R, utiliza-se um parâmetro definido como fluxo de potência. Este parâmetro é determinado pela equação: Fr = PT W 4πd 2 m 2 Quando a antena não é isotrópica, ela produz um ganho, em relação à antena isotrópica, na direção do segmento T R . Esse ganho é determinado pelo diagrama de irradiação da antena e pode ser maior ou menor do que 1. Chamando esse ganho de GT , tem-se para o fluxo de potência: Fr = PT W GT 2 2 4πd m Se no ponto R existisse uma antena receptora isotrópica, a potência Pr , que ela receberia, seria: PT λ2 G × [W ] onde λ é o comprimento da onda transmitida. Como se sabe, T 4π 4πd 2 esse comprimento de onda é determinado pela equação: Pr = λ= c 3 × 10 8 m / s = f f λ2 vem a ser a área efetiva da antena receptora isotrópica. 4π Se a antena receptora não for isotrópica ela produz um ganho de recepção, em relação à O fator Aei = isotrópica, na direção RT . Esse ganho seria o mesmo ganho que teria esta antena caso fosse utilizada como antena transmissora naquela direção.Chamando esse ganho de G R , a potência recebida por essa antena resulta: Pr = PT λ2 G × G r [W ] T 4π 4πd 2 116 9-1 O parâmetro Ae = λ2 G r [m 2 ] é chamado de área efetiva da antena receptora. 4π A expressão 9-1 pode ser reescrita na forma: 2 λ Pr = PT GT G R 4πd Neste caso, a atenuação isotrópica de espaço livre é definida como sendo o parâmetro: 4πd λ 2 9-2 αi = Propagação em condições reais A propagação em espaço livre, descrita no item anterior, é um acontecimento ideal. Nos casos reais, acontecem discrepâncias que podem ser grandes ou pequenas dependendo da situação. Por exemplo, na comunicação via satélites, a propagação real se aproxima razoavelmente do caso ideal. Nos enlaces entre repetidores de microondas, a diferença já é bastante acentuada. O caso onde a discrepância é extrema acontece na propagação de sinal da telefonia celular em ambiente urbano. Este capítulo é dedicado, basicamente, ao estudo da propagação em um lance entre duas estações situadas ao longo da superfície terrestre. Uma estação transmite e outra recebe. Mais adiante estenderemos, este estudo, para a comunicação via satélites e para a comunicação móvel celular. No caso da propagação do sinal entre duas torres de microondas, os principais fatores causadores das discrepâncias entre a propagação ideal e a real são: • Não homogeneidade da atmosfera. Sabemos que a densidade da atmosfera decresce com a altitude. Isto provoca variação do índice de refração. Os outros fatores de não homogeneidade são, por exemplo, a variação da temperatura e da umidade com a altura. Portanto, a atmosfera não é um meio homogêneo para a propagação. • Obstáculos presentes no trajeto da propagação. Esses obstáculos podem ser morros, edifícios e, no caso de lances muito compridos, a própria elevação do solo que ocorre devida a curvatura da Terra. • Reflexões. Pode haver trajetos múltiplos, entre o transmissor e o receptor, devidos às reflexões na superfície da terra e em outros obstáculos tais como altiplanos. • Difrações. Acontece quando no trajeto existem obstáculos ponteagudos. Eles causam o aparecimento de múltiplas fontes secundárias que retransmitem o sinal. Isto equivale à presença de multipercursos entre o transmissor e o receptor. Entretanto, os sinais provenientes da difração possuem propriedades diferentes dos provenientes de reflexões. • Absorção pela chuva e pela atmosfera. Uma chuva intensa pode absorver uma parcela considerável da energia, especialmente para as freqüências de microondas mais altas. O mesmo acontece quando neva. A neblina e os gases que compõem a atmosfera podem, também, absorver parte da energia transmitida. 117 Todos esses efeitos contribuem com atenuações que são chamadas de perdas adicionais do trajeto. Considerações sobre a atenuação de trajeto e atenuação total do lance. As perdas adicionais são dadas em dB. Isto torna conveniente calcular a atenuação de espaço livre também em dB. Neste caso, a atenuação de espaço livre, relacionada com antenas isotrópicas (equação 9-2), adquire a forma: 2 4πd 4πd α i = 10 log = 20 log λ λ A atenuação de trajeto, incluindo os ganhos das antenas transmissora e receptora, fica: α T = 10 log 4πd 2 1 PT 4πd = 10 log = 20 log Pr λ GiT GiR λ GiT GiR onde GiT e GiR são, respectivamente o ganho da antena transmissora e receptora em relação à antena isotrópica. Existem autores que preferem trabalhar com ganhos de antenas em relação ao ganho de um dipolo de meia onda. Neste caso pode-se chegar ao valor da atenuação de trajeto usando a fórmula: α T = 20 log 8πd 1,09 × 3 × λ × G Dt G DR onde GDT e GDR são, respectivamente o ganho da antena transmissora e receptora em relação ao ganho de um dipolo de meia onda. Quando se utiliza dipolos de meia onda tem-se G DT = G DR = 1 Nesta apostila consideraremos, normalmente, os ganhos de antena em relação à antena isotrópica, muito embora não seja difícil adaptar o cálculo para o outro caso. Para sistemas de radiovisibilidade é aplicado, também, um parâmetro designado por atenuação de sistema. Este parâmetro representa a atenuação global do lance: α S = 10 log Potência de saída do amplificador do transmissor Potência de entrada no amplificador do receptor Nesta atenuação incluem-se as perdas no trecho que vai da saída do amplificador de potência até a antena transmissora. Também fazem parte da atenuação de sistema as perdas que ocorrem no trecho que vai da antena receptora até a entrada do primeiro amplificador do receptor. Nestes trechos existe guia de onda, filtro, derivação de sinal, circulador e alimentador da antena. Estes elementos adicionam perdas individuais. Sendo as perdas dadas em dB, quase sempre é conveniente transformar as fórmulas em soma algébrica de parcelas logarítimas. Por exemplo, a atenuação total do trajeto, sem perdas adicionais, poderia ser calculada pela fórmula: 118 α T = 20 log ou 4πd λ GiT GiR = 20 log 4π + 20 log d − 20 log λ − 10 log GiT − 10 log GiR α T = 21,9 dB + 20 log d − 20 log λ − 10 log GiT − 10 log GiR 9-3 Deve-se ter o cuidado de usar as mesmas unidades de comprimento para d e λ Preferencialmente costuma-se utilizar a freqüência de operação em lugar de λ . 3 × 10 8 m / s 9-4 f Substituindo 9-4 em 9-3, chega-se ao resultado Como λ = α T = −147,6 dB + 20 log d + 20 log f − 10 log GiT − 10 log GiR Nesta expressão, d deve ser dado em metros e f em Hz O mais comum é modificar esta expressão de tal modo que d seja dado em km e f em GHz. Após essa adaptação tem-se: α T = 92,4 dB + 20 log d + 20 log f − 10 log GiT − 10 log GiR Se não houvesse nenhuma perda adicional no sistema, teríamos: PT = α T ou PT = PRα T PR ou 10 log PT = 10 log PR + 92,4 dB + 20 log d + 20 log f − 10 log GiT − 10 log GiR Neste caso PT e PR devem estar na mesma unidade de potência. ---------------------------------------------------------------------------------------------------------Exercício 9-1 Um sinal modulado em QPSK é transmitido em uma freqüência de 8,2 GHz em um lance de 50 km. Para que acarrete um BER desejado, é necessário chegar na entrada do receptor com uma potência de –85 dBm. Os ganhos das antenas em relação à fonte isotrópica são: 10 log GiT = 10 log GiR = 32 dB Além das perdas de espaço livre tem-se as seguintes perdas adicionais: - Perdas de trajeto devidas as refrações, difrações, etc. α Tr = 19 dB - Perdas do sinal nos alimentadores, circuladores, etc., incluindo receptor e transmissor: α al = 7 dB. 119 - Atenuação devido a outros efeitos (desvanecimento, absorção atmosférca e por chuva, etc): α oe = 12 dB. Determinar a potência do transmissor. Solução: PT [dBm] = PR [dBm] + 92,4 dB + 20 log d + 20 log f − 10 log GiT − 10 log GiR + α Tr + α al + + α oe PT [dBm] = −85 dBm + 92,4 dB + 20 log 50 + 20 log 8,2 − 32 dB − 32 dB + 19 dB + 7 dB + + 12 dB = 33,7 dBm 10 log PT = 33,7 dBm 10 −3 W PT = 10 3,37 × 10 −3 W = 2,32 W ---------------------------------------------------------------------------------------------------PERDAS ADICIONAIS RELACIONADAS COM O PERFIL DO TERRENO SITUADO ENTRE TRANSMISSOR E RECEPTOR Refração troposférica e raio terrestre equivalente. Apesar das ondas eletromagnéticas se propagarem em linha reta em meio homogêneo, isto não acontece quando a propagação se dá em um meio heterogêneo. Um desses meios é a própria atmosfera terrestre. Sua densidade varia com a altitude, temperatura, umidade, etc. Isto faz com que seu índice de refração se torne, também, inconstante. Como sabemos pela óptica, mudanças do índice de refração, ao longo de um percurso de uma onda eletromagnética, provoca desvio em sua trajetória. Nas camadas inferiores da troposfera, os feixes de microondas geralmente seguem uma trajetória que, devida a refração, na maioria das vezes, é encurvada para baixo. Isto faz com que o feixe acompanhe, ligeiramente a curvatura da terra. Com isto, o sinal chega a uma maior distância do que chegaria caso a propagação fosse no vácuo ou em meio homogêneo.Ver fig. 9-4.a. 120 4 rT 3 rT (a) (b) Fig. 9-4 Para simplificar os projetos, relacionados com a propagação, usa-se o artifício de corrigir o raio terrestre de um fator k, de tal maneira que o trajeto do sinal entre transmissor e receptor possa ser representado por um segmento de reta. Para condições 4 normais de propagação, opera-se com k = k 0 = . Ver fig. 9-4.b. 3 4 O fator k 0 = caracteriza, em regiões temperadas, as condições de propagação nas 3 camadas atmosféricas que ficam nas altitudes percorridas por feixes de microondas entre estações terrenas fixas. Entretanto, a refração atmosférica está sujeita a flutuações dependentes da hora do dia, da época do ano e, especialmente, das condições meteorológicas. Além disto, observase uma refração mais acentuada nas regiões litorâneas do que no interior dos continentes. Também em regiões equatoriais prevalecem situações diferentes. A UIT-R coleciona, em âmbito mundial, dados estatísticos sobre as condições de refração nas camadas inferiores da atmosfera. Esses dados estatísticos se referem a um parâmetro chamado ∆N . Ele é definido como sendo a diferença entre o índice de refração entre a uma altura de 1000 metros e aquele junto à superfície terrestre. O valor de ∆N é, geralmente negativo. A partir desse valor pode-se chegar ao valor de k por meio da expressão: 1 k= 1 + ∆N × 6,37 × 10 −3 Para ∆N = −39,2 chega-se ao resultado: 4 k = k0 = 3 Portanto, o fator k 0 corresponde a ∆N ≈ −40 . Nas publicações da UIT-R, excetuandose suas regiões litorâneas, nota-se que a Europa, a Asia e os Estados Unidos possuem, aproximadamente, esse valor como media anual para ∆N . Já, no hemisfério sul, 121 principalmente no Brasil e no continente africano, tem-se esse parâmetro valendo, normalmente entre - 50 e – 60. Para ∆N = - 60 resulta k ≈ 1,2 k 0 . Elevação da superfície terrestre. Em lances maiores do que 10 km, não pode mais ser desprezada a curvatura da Terra junto com a influência da refração atmosférica. Ver Fig. 9-5 hT d1 d2 k × rT Fig. 9-5 O valor de hT pode ser determinado, em metros, por meio da expressão: hT = d1 .d 2 2k .rT onde rT = 6,37 × 10 6 m (raio da Terra), d 1 e d 2 devem serem dados em metros. Sendo d a distância entre o transmissor e o receptor, a altura máxima acontece no meio d do caminho, onde d 1 = d 2 = . Neste caso, para a distância d dada em metros esta 2 altura máxima, em metros, fica: (hT )MAX = d2 k × 5,1 × 10 7 Radiovisibilidade Define-se radiohorizonte, a linha de horizonte entre um transmissor e um receptor, levando-se em conta a curvatura terrestre e a difração atmosférica. Existe radiovisibilidade entre um transmissor e um receptor até uma distância máxima, em km, dada por ( ) d r = 3,57 k h1 + h2 Nesta expressão, h1 e h2 representam as alturas das antenas, em metros, sobre um terreno plano. Nesta situação, o feixe de microondas tangencia a superfície terrestre. Fala-se, portanto, de visibilidade tangencial. 122 Reflexão no solo A visibilidade tangencial é insuficiente para que a presença do solo não influencie a propagação. Isto acontece devido a reflexão do sinal no solo. Desta maneira, o sinal chega ao receptor via dois caminhos: um direto e outro via reflexão no solo.Ver fig. 9-6. Fig. 9-6 Se o solo tiver propriedades condutoras de eletricidade, a onda refletida sofre uma defasagem da ordem de 180 graus no ponto de reflexão. Se houver uma diferença de comprimento de trajeto da ordem de um múltiplo inteiro do comprimento de onda, os dois sinais atingem a antena receptora quase em oposição de fase. Desta maneira, eles se compõem subtrativamente. Isto pode acarretar uma diminuição profunda da intensidade do sinal recebido. Caso o solo tenha propriedades isolantes, este mesmo efeito acontece quando a diferença de comprimento entre os trajetos é da ordem de um múltiplo inteiro ímpar do comprimento de meia onda, Em situações mais críticas a diminuição da potencia do sinal recebido pode ficar 100 vezes menor do que a que seria recebida via um único trajeto. Para minimizar este efeito é necessário que o feixe direto passe a uma distância mínima do solo relacionada com as zonas de Fresnell. Zonas de Fresnel Estas zonas tem o formato de elipsóides em cujos focos estão as duas antenas. Sabemos que, na elipse, a soma das distâncias dos focos, até um mesmo ponto dessa elipse, é constante, qualquer que seja a posição desse ponto. Chamando-se essa distância constante de S1 , define-se como primeira zona de Fresnel o elipsóide em que: S1 = d + λ 2 onde d é a distância entre as antenas.. Para as zonas de Fresnel, de maior ordem, deveremos ter: Sn = d + n λ 2 onde n é um número inteiro positivo. Por exemplo, a segunda zona de Fresnel acontece para n = 2 , acarretando S2 = d + λ Ver fig. 9-7 123 A d1 S11 d2 h1 S12 h2 B S22 n =1 S21 n=2 Fig. 9-7 Para a primeira zona de Fresnel: S1 = S11 + S12 = d + λ 2 Para a segunda zona de Fresnel: S 2 = S 21 + S 22 = d + 2 λ 2 Para situações normais, onde a distância entre as antenas é muito maior que as alturas delas, a altura h , entre um ponto do elipsóide e a linha de visada AB , pode ser n calculada por meio da aproximação: nλd1 (d − d 1 ) d Onde d 1 é a distância, na linha de visada, do transmissor até o ponto que se verifica hn . Ver fig. 5-7. Para se obter a altura hn em metros, deve-se usar os parâmetros d , d1 e λ na unidade metro. -----------------------------------------------------------------------------------------------------Exercício 9-2 Determinar as alturas h1 e h2 na metade de um lance de 50 km, sabendo-se que a freqüência de transmissão é f = 6 GHz. Solução: hn ≈ d = 50 × 10 3 m λ= h1 ≈ d1 = 25 × 10 3 m 3 × 10 8 = 5 × 10 − 2 m 9 6 × 10 λd1 (d − d1 ) d ( 5 × 10 − 2 × 25 × 10 3 = 50 × 10 3 ) 2 = 25 m (altura de um edifício de 8 andares) ( ) 2 2λd1 (d − d1 ) 1 × 10 −1 × 25 × 10 3 = = 35,4 m (altura de um edifício de 12 d 50 × 10 3 andares ou seja, 50 % maior) ---------------------------------------------------------------------------------------------------------h2 ≈ 124 As comunicações terrestres, via repetidores, utilizam antenas muito diretivas. Neste caso, a prática tem demonstrado que se alcança condições de propagação aproximadamente iguais às da propagação no espaço livre, se apenas o volume contido na primeira zona de Fresnel estiver livre de obstruções. Influência do relevo terrestre As fórmulas matemáticas para a determinação geométrica dos trajetos de propagação, que foram apresentadas até aqui, supõem um terreno plano entre o transmissor e o receptor. A situação mais comum é a presença de relevos, inclusive na posição das antenas. Neste caso é necessário determinar o perfil do terreno representando-o em gráficos específicos. A fig. 9-8 mostra um exemplo de um gráfico, normalmente utilizado pelos projetistas. Observa-se que, por conveniência gráfica, a escala horizontal é em quilômetros e a vertical é em metros. Altura [m] 700 600 500 400 300 200 100 4 3 20 − 40 − 30 − 20 − 10 0 10 Distância [km] k= 30 40 Fig. 9-8 Um outro efeito que pode acontecer, quase sempre em regiões montanhosas, é o fenômeno da difração. Diferenças entre o fenômeno de reflexão e o de difração em elementos do trajeto 1. Reflexão – Acontece quando o obstáculo é plano ao longo do percurso. A reflexão da onda eletromagnética, nesse plano, produz um segundo percurso do sinal transmitido. Ver fig. 9-9.a. Se o ponto de reflexão se comportar como uma superfície isolante, a fase do sinal refletido é a mesma do sinal incidente. Neste caso uma diferença de distância de λ faz com que o sinal refletido chegue em 2 oposição de fase no receptor. Se o ponto de reflexão se comportar como uma superfície condutora, o sinal refletido fica defasado de 180 graus em relação ao sinal incidente. Neste caso uma diferença de distância de λ faz com que o sinal refletido chegue em oposição de fase no receptor. No primeiro caso, o ponto de reflexão indesejado fica na superfície do elipsóide da primeira zona de Fresnell. No segundo caso o ponto de reflexão indesejável pertenceria ao elipsóde da 125 segunda zona de Fresnell. Nos lances normais a altura da antena é muito menor do que o comprimento do trajeto. Isto faz com que o ângulo θ da refexão seja muito pequeno. Neste caso a soma vetorial dos sinais que chegam ao receptor podem, quase, se anular. Na prática tem-se observado atenuações de até 20 dB (uma diminuição de 100 vezes da potência recebida). 2. Difração- Acontece quando o obstáculo é ponteagudo. Este efeito é conhecido como difração por efeito de gume de faca e acontece quando a onda eletromagnética incide em objetos ponteagudos. Neste caso, cada ponto onde a onda incidiu se transforma em uma nova fonte do sinal, que transmite em todas as direções. Uma das direções atinge a antena receptora. Ver fig 9-9.b. As amplitudes e fases dos sinais destas fontes secundárias são as mesmas do sinal incidente. Quando esse novo caminho difere, de um número ímpar de meia onda, do caminho direto, os sinais chegam em oposição de fase. Neste caso poderia acontecer um quase cancelamento do sinal recebido. Entretanto, devido a presença de muitas fontes secundárias que estão em posições diferentes no obstáculo, os diversos sinais secundários chegam defasados, entre si, na antena do receptor. Esta composição, de muitos sinais com fases diferentes, acaba acarretando na prática, que o efeito da difração é menos danoso que o da reflexão A B θ A B (a) (b) Fig. 9-9 Efeitos práticos da obstrução e liberação das zonas de Fresnel A fig. 9-10 mostra o projeto de um lance de transmissão onde se desobstruiu a primeira zona de Fresnel. A prática tem mostrado que a propagação, nesta situação, se aproxima razoavelmente da propagação de espaço livre. Existem várias razões para isto. Uma delas é que os ângulos de incidência das reflexões em elipsóides de ordem superior cresce com a ordem deles. Isto torna o cancelamento do sinal menos efetivo na antena receptora. Outra razão básica é que a diretividade das antenas faz com que elas transmitam e recebam menos energia para ângulos maiores, em relação ao caminho direto. 126 lóbulos principais das antenas elipsóide de Fresnel ∆h r1 difração ∆h reflexão krT B A Fig. 9-10 Quando não for possível desobstruir totalmente a primeira zona de Fresnel observa-se as seguintes situações: ∆h • A prática tem mostrado que o efeito degenerativo é pouco sentido se ≥ 0,6 . r1 Ver fig. 9-9. • Na situação extrema em que ∆h = 0 (linha de visada tangencial), a atenuação adicional atinge valores entre 6 dB (gume de faca) e 20 dB (superfície plana). Propagação sobre a água ou terrenos muito planos. Em lances que tenham a primeira zona de Fresnel desobstruída, os sinais refletidos no solo são geralmente pequenos em relação ao sinal direto. Porém, se a reflexão ocorrer em superfícies de água ou terrenos muito planos, por exemplo, desertos de areia, pode haver uma equivalência entre o sinal direto e o refletido. Neste caso, a desobstrução da primeira zona de Fresnel é insuficiente para aproximar essa propagação daquela de espaço livre. 127 CARACTERÍSTICAS DE DESVANECIMENTO EM LANCES DESOBSTRUÍDOS Desvanecimento por interferências devido à propagação múltipla em camadas troposféricas. Desvanecimento (fading) vem a ser uma atenuação de sinal que dura algum tempo e se repete freqüentemente. O desvanecimento por interferências é originado por propagação através de caminhos múltiplos. A profundidade do desvanecimento depende da relação de amplitude e fase existente entre os vários componentes que contribuem para o sinal recebido. Além da propagação múltipla causada por reflexões na superfície terrestre, podem surgir caminhos adicionais de propagação através de camadas troposféricas que apresentem uma descontinuidade do índice de refração em relação ás camadas vizinhas. Tais camadas podem se formar tanto acima quanto abaixo da linha de visada direta entre as duas antenas. Ver fig. 9-11. A B A B Fig. 9-11 Os índices de refração dependem de vários fatores que podem mudar ao longo do ano e, até mesmo, ao longo do dia. Entre outros fatores podemos citar a temperatura, a pressão e a umidade por absorção de vapor d’água. Raios que incidem em uma segunda camada, de índice de refração diferente da primeira podem sofrer uma reflexão desde que o ângulo de incidência seja menor do que 0,5 graus. Este efeito quase não acontece quando existe um desnível muito grande entre as posições das antenas. Entretanto, em lances sobre terrenos horizontais, como vales percorridos por um rio, podem acontecer desvanecimentos bastante acentuados, desta natureza (apesar da desobstrução da zona de Fresnel). Portanto, a presença de desvanecimentos é um acontecimento probabilístico que tem que ser considerado no planejamento de um lance de transmissão. Características de desvanecimento; tipos de lances. Devida a grande variedade de mecanismos que podem causar desvanecimentos, é muito difícil prognosticar, para lances individuais, a probabilidade com a qual será superada uma determinada profundidade de desvanecimento. Com base em coleções de medidas, feitas durante alguns anos, em sistemas instalados publicou-se algumas diretivas para a previsão grosseira dessas probabilidades. Para isto os europeus classificaram os lances em três tipos: Tipo A – Para lances com características favoráveis para desvanecimento Onde raramente se formam camadas troposféricas Em regiões montanhosas, mas não sobre vales largos contendo rios ou lagos. Em serras de grande altura, com lances cruzando vales em grandes altitudes. 128 Em lance situado entre uma montanha e uma planície ou vale. Tipo B – Para lances com características normais Sobre terrenos planos ou levemente ondulado, onde camadas troposféricas se formam de vez em quando. Em regiões com colinas mas não sobre vales largos com rios ou lagos Em regiões litorâneas com temperaturas moderadas, mas não sobre o mar. Tipo C – Para lances com características de desvanecimento desfavoráveis. Em regiões úmidas onde facilmente se formam neblinas superficiais, especialmente para lances, com pequeno ângulo de elevação entre as estações, sobre terreno plano tais como vales de rio, pântanos, etc. No litoral de regiões quentes e, em geral, para lances, que tenham um ângulo pequeno de elevação, situados em regiões tropicais. A probabilidade P de que uma profundidade de desvanecimento α [dB] seja ultrapassada, no mês mais desfavorável (normalmente um mês de verão), pode ser estimada pelas seguintes fórmulas empíricas: α − 10 Tipo A - P = 16 × 10 −7 × f × d 2 × 10 Tipo B - P = 8 × 10 −7 × f × d 2,5 × 10 Tipo C - P = 2 × 10 −7 × f × d 3 × 10 α − 10 α − 12 Nestas expressões, d representa o comprimento do lance em km e f representa a freqüência em GHz . A validade das aproximações é restrita aos limites: P ≤ 10 −2 ; 2 GHz ≤ f ≤ 15 GHz ; 20 km ≤ d ≤ 80 km ; α ≥ 15 dB Os americanos costumam usar uma única fórmula, que segundo eles, é válida para diversos tipos de terreno em território americano: p = k × 10 − 6 × s −1,3 × f × d 3 × 10 α − 10 Nesta fórmula k é o fator de curvatura e s é a rugosidade do terreno. 1 ≤ k ≤ 4,1 6 m ≤ s ≤ 47 m As medidas, em lances sobre água, não são conclusivas para assegurar uma aceitável previsão probabilística, embora indiquem que esses desvanecimentos são os mais desfavoráveis. ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 129 Exercício 9-3 Um lance de 60 km transmite na freqüência de 2 GHz. Determinar a probabilidade de acontecer um desvanecimento de 25 dB, para os três tipos de lances, no mês mais desfavorável. Compare com o resultado obtido pela fórmula americana para k = 1,5 e s = 15 m. Solução: Método europeu Tipo A P = 16 × 10 −7 × 2 × 60 2 × 10 − 25 10 − 25 10 = 3,6 × 10 −5 Tipo B P = 8 × 10 −7 × 2 × 60 2,5 × 10 = 1,4 × 10 − 4 Tipo C −7 3 P = 2 × 10 × 2 × 60 × 10 − 25 12 = 7,1 × 10 −4 Método americano −6 p = 1,5 × 10 × 15 −1, 3 3 × 2 × 60 × 10 − 25 10 = 6,1 × 10 −5 Conclusão: - o terreno calculado pelo método americano teria uma classificação entre os tipos A e B no método europeu. ----------------------------------------------------------------------------------------------------Quantidade de minutos, durante um mês de 31 dias, em que o sinal ultrapassa o desvanecimento especificado T = (probabilidade de ultrapassagem) x (quantidade de minutos de um mês) Exemplo: Seja P = 2 × 10 −4 Neste caso T = 2 × 10 −4 × 31 × 24 × 60 = 8,9 minutos Diversidade É um arranjo de transmissão e recepção que diminui a probabilidade de que uma determinada profundidade de desvanecimento seja ultrapassada. A diversidade pode ser de dois tipos: 1. Diversidade de espaço 2. Diversidade de freqüência. 130 Diversidade de espaço É muito comum o uso de diversidade de espaço em lances de desvanecimentos desfavoráveis. Este procedimento consiste em se colocar, na torre repetidora, duas antenas receptoras distantes uma da outra. Como os percursos do transmissor até estas antenas são diferentes, é pouco provável que aconteça o cancelamento simultâneo do sinal nas duas antenas. Ver fig. 9-12 B A Fig. 9-12 O receptor fica escolhendo o sinal mais forte, ou simplesmente combina esses dois sinais recebidos de tal maneira que predomina, no resultado, o sinal mais forte. Define-se o fator de melhoria Tempo com desvanecimento excessivo sem uso de diversidade D= Tempo com desvanecimento excessivo com uso de diversidade A UIT-R, no Report 338, recomendou a seguinte fórmula para o cálculo do fator D: α ∆h 2 × f × 10 10 d onde ∆h é o espaçamento das antenas em metro α é a profundidade do desvanecimento em dB f é a freqüência em GHz d é o comprimento do lance em km -------------------------------------------------------------------------------------------------Exercício 9-4 Para uma profundidade de desvanecimento de 25 dB, determinar o fator de melhoria devido à diversidade de espaço, em um lance de 60 km, freqüência de 2 GHz, supondo um espaçamento vertical de 10 m entre as antenas receptoras Solução: D = 1 + 12 × 10 − 4 × 131 25 D = 1 + 12 × 10 − 4 × 10 2 × 2 × 10 10 ≈ 2,3 60 ---------------------------------------------------------------------------------------------------Diversidade de freqüência Neste caso, o transmissor transmite a mesma informação em duas freqüências diferentes. Uma única antena receptora leva esses dois sinais para os dois respectivos receptores. A mudança de fase de uma onda que se propaga, é proporcional a sua freqüência. Portanto é pouco provável que, um mesmo multipercurso, consiga provocar o cancelamento dos dois sinais recebidos, cujas freqüências são diferentes. A diversidade consiste em selecionar o melhor sinal recebido. Tem-se também uma expressão utilizada para o cálculo da melhoria: α D = 1 + 0,08 × ∆f × 10 10 d× f 2 onde ∆f é a diferença entre as freqüências transmitidas, em MHz d é dado em km f é dado em GHz Embora este tipo de diversidade costuma ser mais eficiente do que a diversidade espacial, ele só é usado em casos esporádicos devida a necessidade de se ter freqüências de transmissão adicionais. Atenuação pela chuva As medidas do efeito da chuva sobre a o desvanecimento de sinal estão publicadas nos Reports da UIT-R de números 563, 338 e 721. Nota-se que quanto maior for a freqüência de transmissão, maior é seu efeito. Exemplo: Para uma intensidade de chuva de 20 mm por hora, um sinal em 4 GHz sofre uma atenuação adicional de 0,08 dB por km. Entretanto, para uma freqüência de 15 GHz essa atenuação aumenta para 1 dB por km. É importante frisar que os quilômetros usados para o cálculo da atenuação total, não se referem ao comprimento do lance mas sim ao segmento do lance em que a chuva está presente. Quando acontece, por exemplo, uma chuva de 20 mm por hora, sua região de presença raramente excede um comprimento de 10 km. Pode-se dizer que, quanto mais intensa for uma chuva, menor é a região onde ela está acontecendo. Efeito da propagação multipercurso na informação digital transmitida Vamos supor que uma estação transmite uma portadora modulada com uma informação digital. Quando se tem dois percursos, com comprimentos diferentes, por exemplo, o receptor demodula duas informações digitais, onde uma está atrasada em relação à outra. O sinal digital que chega atrasado, ao se compor com o sinal adiantado, pode 132 provocar interferência entre símbolos. Ver fig. 9-13. Isto tende a provocar erros, no sinal regenerado. Estes erros independem da potência recebida. Este efeito é tanto pior quanto maior for a taxa digital. A razão para isto é a seguinte: Vamos supor um atraso fixo entre o primeiro e o segundo sinal. Quando a taxa digital for muito pequena, o intervalo entre dois bits consecutivos é muito maior que o atraso mencionado. Portanto, não deverá haver interferência entre símbolos. Se a taxa digital for muito alta pode acontecer que o intervalo entre dois bits consecutuvos seja menor que o referido atraso. Neste caso haverá uma forte interferência entre símbolos, tornando a comunicação inviável. τ Fig. 9-13 Felizmente, existe solução para esse problema. É o equalizador de atrasos (Delay Equalizer). Ver fig. 9-14. Este dispositivo é um filtro digital adaptativo que consegue atenuar adequadamente o efeito do atraso na informação digital. O sistema transmite, periodicamente, uma palavra digital conhecida. Esta informação, cujo nome é “palavra de treinamento e de sincronismo”, serve de base para a adaptação do filtro digital. Esta adaptação converge para uma situação onde se tem a interferência entre símbolos minimizada. τ FILTRO DIGITAL ADAPTATIVO ADAPTADOR DE COEFICIENTES Fig. 9-14 NECESSIDADE DE USO DE CÓDIGOS CORRETORES DE ERROS. Um código corretor de erros deve ser usado, pelo menos, pelas razões a seguir: 133 • • • • Quando desejássemos uma especificação rigorosa, para a taxa de erros, a existência de desvanecimentos obrigaria a aumentar a potência de transmissão muito mais do que seria necessário se não houvesse aquelas atenuações esporádicas do sinal. A correção de erros permite que, na presença do desvanecimento, a taxa de erros, provocada pelo ruído, fique pior do que a especificada. Corrigindo-se a maioria desses erros, o sistema voltará a obedecer a especificação de erros desejada. Portanto a reserva de potência anti-desvanecimento pode ser menor. O filtro, que limita o espectro do sinal digital, deveria possuir uma especificação rigorosa e ser ajustado com perfeição para que a interferência intersimbólica não aumentasse a taxa de erros acarretando valores maiores que o desejado. A correção de erros permite relaxar a qualidade e ajuste desse filtro. Da mesma forma, a especificação da taxa de erros poderia exigir uma linearidade de amplificação perfeita. Isto poderia tornar o amplificador de potência, de saída do transmissor, extremamente complexo e com baixo rendimento energético ( por exemplo: amplificador de potência classe A). A correção de erros permite, também, relaxar a especificação de linearidade desse amplificador. Semelhantemente, o efeito multipercurso, no sinal digital recebido, poderia exigir equalizadores altamente complexos e que necessitassem de longas palavras de treinamento para que se conseguisse atingir a especificação de taxa de erros desejada. Mais uma vez, a correção de erros torna esse problema de mais fácil solução. Exemplo de eficiência de correção de erros Vamos supor que utilizássemos um código de bloco cíclico, do tipo BCH (15,5). Este código que transmite, em cada palavra, 5 bits de informação e 10 de redundância, possui a capacidade de corrigir até 3 erros quando essa palavra for recebida. Isto significa que se essa palavra for recebida com 4 ou mais bits errados, ela continuará errada. Vamos calcular a probabilidade de uma palavra possuir 4 ou mais erros, pois essas palavras permanecerão erradas. Chamando de r a quantidade de erros na palavra de código, teremos que calcular a probabilidade de acontecer r ≥ 4. P(r ≥ 4) = P(r = 4 ) + P(r = 5) + .................. + P(r = 15) A probabilidade de errar quaisquer r bits em palavras de comprimento de N bits, é calculada pela fórmula da distribuição binomial: N N! N −r N −r P(r ) = p r (1 − p ) = p r (1 − p ) r r ! ( N − r )! Nessa fórmula, p é a probabilidade de erros binários, ou seja, taxa de erros (BER). Para o nosso exemplo, vamos supor, que o sinal digital, sem correção de erros, fosse recebido com 1 bit errado a cada mil, ou seja 134 BER = p = 10 −3 Neste caso teremos: P(r ≥ 4 ) = ...... + 15! × 10 −3 4!×11! ( 15! × 10 −3 15!×0! ( ) (1 − 10 ) 4 − 3 11 ) (1 − 10 ) 15 −3 0 ≈ + 15! × 10 −3 5!×10! ( 15! × 10 −3 4!×11! ( ) (1 − 10 ) 5 − 3 10 ) (1 − 10 ) 4 − 3 11 + .......... = 1,4 × 10 −9 Conclusão Para BER = 10 −3 , resulta P(r ≥ 4 ) ≈ 1,4 × 10 −9 . O sistema deixa de receber um sinal digital com 1 erro a cada 1000 bits e passa a receber o mesmo sinal onde, 1,4 palavras de código em 1 bilhão delas, será recebida errada. Podemos concluir que a melhoria da taxa de erros foi extremamente efetiva. A codificação convolucional é, ainda, mais eficiente que os códigos cíclicos BCH. Nos equipamentos modernos, essa codificação convolucional tem tido preferência de uso. No atual estado da arte, o sistema de correção de erros mais eficiente é o turbo code. Este código se baseia no convolucional. Ver fig. 9-15. Todos os sistemas celulares de terceira geração adotaram este tipo de correção de erros. entrada informação D D Entrelaçador paridade D D paridade Fig. 9-15 135 saída 10 - COMUNICAÇÃO VIA SATÉLITES Outro processo de comunicação a longa distância é a utilização de um satélite artificial como repetidor. Como este dispositivo se situa a, pelo menos, 200 km de altitude a região coberta por seu sinal transmitido é relativamente muito grande. Ver fig. 10-1. f1 f2 Fig. 10-1 Satélites artificiais em órbita circular A órbita circular é necessária quando se quer que o satélite gire com velocidade constante a uma altura também constante. Para que um satélite permaneça em órbita circular é necessário que seu peso seja neutralizado pela força centrífuga proporcionada pelo seu movimento de translação. Ver fig. 10-2. mω 2 R mg g R R0 Fig. 10-2 Resulta a equação: 136 g0 mg = mω 2 R g = ω 2R ou ou ω= 2π = T g R Portanto, a duração do período da translação fica T = 2π R g 10-1 A aceleração da gravidade é inversamente proporcional ao quadrado da distância ao centro da Terra. Sendo R0 e g 0 , respectivamente, o raio da Terra e a gravidade em sua superfície, tem-se R2 R2 g g = g 0 02 10-2 = 02 ou g0 R R Substituindo 10-2 em 10-1 resulta T= 2π R0 R3 g0 10-3 Sabemos que m s2 Podemos notar, pela fórmula 10-3, que quanto maior for o valor de R, maior será a duração do período de translação do satélite. R0 = 6,37 × 10 6 m e g 0 = 9,81 Satélite de órbita baixa Um satélite é considerado de órbita baixa quando a distância até a superfície terrestre está compreendida entre 200 km e 1500 km. Seja, por exemplo, a altura: Neste caso, H = 1500 km = 1,5 × 10 6 m R = R0 + H = 6,37 × 10 6 + 1,5 × 10 6 = 7,87 × 10 6 m Portanto 2π T= 6,37 × 10 6 (7,87 × 10 ) 6 3 9,81 = 6,95 × 10 3 s ≈ 116 min Um único satélite deste tipo não é muito adequado como repetidor, pois sua visibilidade de horizonte a horizonte dura, aproximadamente, 20 minutos ( ≈ 12 % do tempo). Somente uma constelação desses satélites tem possibilidade de fornecer satélites repetidores o tempo todo. Essa constelação de satélites é implementada de tal forma que, o tempo todo se tem visibilidade de um ou mais satélites. Existe, pelo menos, um sistema deste tipo com sucesso técnico e comercial. É o Globalstar . Este sistema é 137 utilizado para comunicação telefônica pessoal. Ver fig. 10-3.a Ele possui 48 satélites distribuídos em oito órbitas com diversas inclinações em relação às coordenadas terrestres. Ver fig. 10-3.b. Todas as órbitas são circulares e se situam à altura de 1400 km. SATÉLITE GATEWAY TERMINAL DO ASSINANTE (a) (b) Fig. 10-3 Entretanto, não há dúvida que para a comunicação mundial de telefonia, dados e televisão, o sistema mais importante é aquele onde se utiliza um satélite geoestacionário como repetidor. Ele gira no plano do equador no mesmo sentido da rotação da Terra. Seu período de translação é o mesmo período de rotação da Terra, ou seja, 24 horas. Portanto, em relação à Terra, tudo se passa como se ele estivesse parado. Determinação da altitude do satélite geo-estacionário Partindo da expressão 10-3, podemos determinar o valor de R. 1 3 g R2 R = 0 02 2π T Para T = 24 h = 86.400 s, tem-se 1 9,81 × 6,37 × 10 6 R= 2 2 π 8,64 × 10 4 ( 3 2 = 42,2 × 10 6 m ) A altura, em relação ao solo, fica 138 H = R − R0 = (42,22 − 6,37 ) × 10 6 m ≈ 36.000 km Isto significa que o satélite geo-estacionário fica em uma altura quase seis vezes maior que o raio da Terra. Com isto ele pode ser visível em, pelo menos, um terço de um hemisfério terrestre. Na realidade o satélite só seria estacionário se: 1. Estivesse na altura exata para acarretar o período exato. 2. Sua órbita fosse perfeitamente circular para que sua velocidade fosse constante. 3. Se o plano que contém sua órbita fosse exatamente o plano que contém, também, o equador terrestre. È praticamente impossível conseguir-se essas três exatidões simultaneamente. Além disto sempre há derivas do satélite em razão de alguns fenômenos espaciais tais como o vento solar. Por isto, é necessário a utilização de sistemas de controle de alta precisão, realizados via rádio, para tentar manter o satélite sempre na posição correta. Isto exige que o satélite possua, internamente, combustível e dispositivos de propulsão. Comparação do satélite de órbita geoestacionária com a constelação de órbita baixa. Vantagens do geoestacionário: 1. O satélite fica praticamente parado em relação à estação terrena. Conseqüentemente, os dispendiosos equipamentos de rastreio são desnecessários nas estações terrenas. 2. Não há necessidade de chaveamento de um satélite para outro quando o sinal do primeiro começa a enfraquecer. Conseqüentemente não há interrupções na comunicação devidas ao tempo de duração desses chaveamentos. 3. Um único satélite pode cobrir até, aproximadamente, um terço de um hemisfério terrestre. 4. Praticamente não há alteração das freqüências durante a operação, uma vez que o efeito Doppler é desprezível. Desvantagens do geoestacionário: 1. A alta altitude do satélite geoestacionário acarreta tempo de propagação muito maior que os satélites de baixa altitude. O atraso total de ida e volta, durante a comunicação entre duas estações terrenas varia de 250 ms a 300 ms dependendo da posição da estação terrena no globo terrestre. 2. São necessárias altas potências de transmissão e receptores muito sensíveis devida à grande distância entre transmissor e receptor. Essa grande distância acarreta altíssima perda de espaço livre. 3. É necessária a utilização do controle de alta precisão para manter o satélite na posição correta. 4. Não pode ser utilizado para comunicação nas regiões polares. Ângulo de elevação: Para apontar uma antena terrena para o satélite é necessário ajustar duas coordenadas angulares: o azimute e o ângulo de elevação. O azimute é o ângulo, do feixe transmitido 139 pela antena, em relação ao meridiano terrestre. Elevação é o ângulo que esse feixe faz com o plano horizontal. Como o satélite estacionário se encontra sobre o equador, quanto mais ao norte se situa uma estação terrena, menor será o ângulo de elevação.Ver fig. 10-4. Norte β Equador Sul Fig. 10-4 Mesmo para um país tropical, como o Brasil, dependendo do ponto sobre o equador em que o satélite se localiza, se houver uma grande diferença de longitudes, entre as posições do satélite e da estação terrena, o ângulo de elevação, desta antena terrena, será pequeno. Um ângulo de elevação pequeno faz com que haja um grande percurso, do sinal, através da atmosfera terrestre. Além do sinal sofrer absorção ele pode, também, ser altamente contaminado pelo ruído atmosférico (movimento aleatório das moléculas do ar). Geralmente o ângulo de elevação de 5 graus é considerado o mínimo aceitável. Quando se tem β = 5 0 o feixe,transmitido pela estação terrena, caminha 600 km dentro da atmosfera até uma altura de 80 km. Faixas de freqüências de operação e correspondentes subdivisões. Os satélites geoestacionários, de comunicação, operam em faixas de freqüências destinadas à transmissão no lance de subida ( up link), e faixas destinadas ao lance de descida (down link). A tabela 10-1 fornece os dados das principais faixas utilizadas. Banda ⇓ C X Ku Up-link (GHz) 5,9 a 6,4 7,9 a 8,4 14 a 14,5 Tabela 10-1 Down-link (GHz) 3,7 a 4,2 7,24 a 7,75 11,7 a 12,2 Largura (MHz) 500 500 500 Utilização comercial militar comercial Para a operação comercial a faixa preferencial é a banda C, pois a banda Ku sofre mais intensamente os efeitos nocivos da atmosfera, neblina e chuva forte. Pode-se ver, pelo ábaco da fig. 10-5 que as perdas em dB, para a banda Ku, são de ordens dez vezes maiores do que para a banda C. De qualquer forma o crescimento explosivo das comunicações internacionais, nas últimas três décadas, obrigou a maximizar o número de canais telefônicos na 140 comunicação via satélites. Isto fez com que quase todos os satélites geoestacionários do mundo trabalhem com aquelas duas bandas comerciais. O satélite doméstico brasileiro é uma das exceções. Ele só possui a banda C. A principal razão é que uma utilização importante desse satélite é para a comunicação na Amazônia onde as chuvas são freqüentes e torrenciais. 30 3,0 2,5 Perda 2,0 (dB) 1,5 Banda C 6/4 GHz Perda (dB) 25 20 15 1,0 10 0,5 5 0 00 Banda Ku 14/12 GHZ 0 0 0 40 0 50 0 10 0 20 30 Ângulo de elevação 0 0 40 0 50 0 10 0 20 30 Ângulo de elevação 00 Fig. 10-5 Diagramas de irradiação: foot prints A área coberta por um satélite depende da localização desse satélite, do ganho de sua antena e até mesmo da faixa de freqüência utilizada para uma determinada comunicação. A representação geográfica de uma área coberta, por uma específica irradiação, é chamada de foot print. Ver fig. 10-6. zonal global spot Fig. 10-6 As linhas do contorno representam as posições nas quais o fluxo de potência tem a intensidade limite para uma recepção com qualidade. A cobertura global utiliza um feixe com abertura aproximada de 17 graus e cobre, com segurança, aproximadamente um terço do globo terrestre. A cobertura zonal corresponde a áreas menores mas que atingem, por exemplo, o tamanho do Brasil, ou dos Estados Unidos ou, do Canadá, ou ainda, da Europa central. Finalmente a cobertura spot (ponto) cobre uma pequena área geográfica. 141 O estreitamento do feixe transmitido se consegue utilizando, no satélite, antenas com maior ganho. Isto traz, como vantagem, a possibilidade de utilização de estações terrenas mais simples. Por exemplo, as estações de uma área spot podem possuir antenas pequenas e receptores menos sensíveis. Reutilização de freqüências Quando uma faixa de freqüências estiver completamente preenchida, pode-se conseguir capacidade adicional por meio do reuso dessa mesma faixa. • Aumentando-se o diâmetro da antena parabólica, tem-se um aumento do ganho dessa antena. O aumento do ganho da antena acarreta um estreitamento do feixe de ondas transmitido. Desta maneira pode-se produzir os feixes estreitos para a cobertura spot. Feixes spot diferentes, trabalhando na mesma faixa de freqüências, podem ser dirigidos para diferentes posições geográficas do globo terrestre. • Outro método de reuso de freqüências é a dupla polarização. Um dos sinais é transmitido com o campo elétrico na direção vertical e outro sinal possui campo elétrico na posição horizontal, por exemplo. Para ângulos de elevação pequenos, a polarização dupla é menos eficiente porque a atmosfera da Terra tem a tendência de reorientar ou repolarizar a onda eletromagnética durante o percurso nessa atmosfera. Apesar deste problema, todos os satélites geoestacionários modernos, inclusive o doméstico brasileiro, utilizam reuso de freqüências por dupla polarização. Subdivisão da faixa de operação. A faixa disponível de 500 MHz é subdividida em 12 subfaixas com polarização horizontal e outras 12 faixas com polarização vertical. Cada subfaixa possui a largura de 40MHz. Apenas36 MHz de cada sub faixa é ocupada com sinal modulado. Os 4 MHz restantes servem de faixa de guarda para facilitar a seleção por filtros . Tem-se, portanto, 24 subfaixas de 36 MHz disponíveis para modulação, tanto na banda C como na banda Ku. Ver fig. 10- 7. 500 MHz 40 MHz H V 1 3 2 5 4 21 6 23 22 36 MHz Fig. 10-7 142 24 Transposição e retransmissão Seja o caso de operação na banda C. Ver Fig. 10-8. O sinal de up-link, cuja faixa cobre exatamente as freqüências de 5.925 a 6425 MHz, é recebido pelo satélite. Logo na entrada , o sinal polarizado horizontalmente é separado daquele de polarização vertical. Desta maneira tem-se, no diagrama do aparelho, o ramo H e o ramo V. No ramo H. o sinal é submetido a um amplificador de baixo ruído (LNA) e a um filtro selecionador da faixa H, de up link. A seguir, o sinal é convertido para a faixa de down link, ou seja, de 3.700 a 4200 MHz. Após uma nova amplificação e filtragem, uma bateria de filtros separam as 12 subfaixas. Estas subfaixas são amplificadas individualmente, de maneira a adquirir a potência de saída necessária para a transmissão. O amplificador responsável por esta amplificação de potência é conhecido como High Power Amplifier – HPA.. Após essa amplificação, os sinais, desses 12 HPA, são somados. Finalmente, este sinal soma, é polarizado verticalmente e transmitido no down link. No ramo inferior, o sinal de entrada, polarizado verticalmente, segue um esquema semelhamte ao ramo superior. Dessa maneira é produzido outro sinal de saída, tendo agora uma polarização horizontal. Este sinal, também, é transmitido no down link. Como o satélite fez a transposição total de 24 subfaixas diz-se que este é um satélite contendo 24 transponders na banda C. A banda Ku segue esquema semelhante. Portanto, um satélite que possui as bandas C e Ku tem a capacidade de 48 transponders com largura de faixa individual de 36 MHz. Bw = 36 MHz H 5.925 a 6.425 MHz 3.700 a 4.200 MHz HPA 3.700 MHz 1 3 H f 0 = 2.225 MHz 23 4.200 MHz V V G 2 V H 4 3.700 MHz V 5.925 a 6.425 MHz 24 3.700 a 4.200 MHz Fig. 10-8 143 4.200 MHz H OCUPAÇÃO DAS SUBFAIXAS DE 36 MHz DE LARGURA. ACESSO MÚLTIPLO POR DIVISÃO DE FREQÜÊNCIA - FDMA Situação em que uma única portadora modulada ocupa a faixa total do transponder As principais informações analógicas que modulam uma portadora, de tal forma a ocupar os 36 MHz disponíveis, são: 1. Transmissão de uma banda básica que consiste em um multiplex em freqüências, analógico, de 960 canais telefônicos (fig. 10-9.a), ou um sinal de vídeo para a TV (fig. 10.9.b). A freqüência máxima dessa banda básica é 4 MHz. Ela modula, em freqüência a portadora de microondas, resultando a largura de faixa de 36 MHZ. 2. canais telefônicos 1 2 960 Modulador FM 4 MHZ 36 MHZ (a) sinal de vídeo de TV Modulador FM 4 MHZ 36 MHZ (b) Fig. 10-9 No caso dos canais telefônicos, designa-se o sistema como FDM-FM-FDMA (multiplex em freqüência - modulação FM - acesso múltiplo por divisão de freqüência). Também é possível transmitir, nessa largura de faixa de 36 MHz, um multiplex em freqüência de 1800 canais, compensando o aumento da largura da banda básica por uma diminuição do desvio de freqüência no modulador. Lembremos que a largura de faixa de um sinal FM pode ser calculada pela fórmula aproximada: Bw ≈ 2 f MAX (β + 1) onde f MAX é a maior freqüência do sinal modulante. A tabela 10-2 mostra as especificações dos dois casos: Canais de voz 960 1800 Tabela 10-2 β f MAX [MHz] 4 3,5 7,5 1,4 . 144 Bw [MHz] 36 36 A diminuição de β acarreta uma piora na relação sinal ruído nos canais de voz demodulados. Para compensar esta piora é necessário aumentar a potência de transmissão do sinal FM de, aproximadamente, de 8 dB. Situação em que o transponder é ocupado por várias portadoras moduladas. Quando se usa apenas uma portadora FM, ocupando a largura de faixa total do transponder, tem-se uma desvantagem operacional quando isso for usado para ligações telefônicas em que as estações necessitem de poucos canais de voz. Estas estações são obrigadas a receber toda essa faixa de 36 MHz, junto com o ruído que a acompanha em toda essa largura de faixa. Como a faixa é grande, tem-se, relativamente, uma grande potência de ruído. A potência do sinal de entrada, no receptor, tem que ser cerca de 11 dB (nível de limiar) maior que a potência do ruído presente nessa faixa de 36 MHZ. Após a demodulação a estação seleciona apenas os poucos canais de voz que pertencem a ela. Uma maneira mais eficiente é utilizar uma banda básica FDM, de poucos canais de voz, modulando, em freqüência, uma portadora de transmissão. Isto acarreta uma largura de faixa RF proporcionalmente menor que a faixa total do transponder. Neste caso, nesse transponder caberão varias portadoras deste tipo. Ver fig. 10-10. 132 can. 252 can. 60 can. 10 MHZ 15 MHZ 5 MHZ 24 can. 2,5 MHZ 36 MHZ Fig. 10-10 Cada receptor possui uma largura de faixa igual, apenas, a do sinal modulado que lhe interessa. Para estações de baixa capacidade este sistema é mais eficiente. Como a largura de faixa é relativamente pequena, a potência irradiada pode ser proporcionalmente pequena. Com isto pode-se usar um amplificador de potência (HPA) mais simples e antenas menores. Canal único por portadora – Single Channel per Carrier – SCPC . Neste sistema sai, de um único transmissor terreno, uma série de portadoras moduladas em FM por um único canal de voz. Ver fig. 10-11. Esse canal de voz pode ser analógico. Neste caso tem-se um SCPC-FM-FDMA. 145 mod. FM a1 f1 a2 f2 aM fM f1 mod. FM fC −1 fM a1 a2 aM b1 b2 bN 36 MHz mod. FM b1 f1 b2 f2 bN fN f1 mod. FM fC− p fN Fig. 10-11 O canal de voz pode estar codificado na forma de um PCM de 64 kbit/s. Neste caso, a modulação usual é QPSK. Esta situação é designada como SCPC-PCM-QPSK-FDMA. Efeito da não linearidade do amplificador de potência de saída, HPA. Vimos no capítulo 8 que, se um sinal possuir amplitude constante, a não linearidade não produzirá distorções na informação transmitida. Portanto, quando o transponder é ocupado por um único sinal FM, cuja amplitude é constante, não haverá esse problema de distorções. Também foi demonstrado que, no caso da faixa de operação ser ocupada por várias portadoras FM, a não linearidade do amplificador afetará a qualidade da comunicação. Portanto, podemos concluir que, no caso do transponder ser ocupado por várias portadoras FM, a não linearidade do HPA afetará a qualidade da comunicação. Intermodulação e back off Ainda no capítulo 8, vimos que uma maneira de quantizar o efeito da não linearidade do amplificador é o uso do teste dos dois tons. Vamos supor uma aplicação desse teste em um HPA que amplifica uma faixa espectral de largura 36 MHz. Na entrada do amplificador tem-se: es = A cos ω1t + A cos ω 2 t onde ω1 = 2πf 1 e ω 2 = 2πf 2 Vamos supor que estas duas componentes estão relativamente próximas no espectro freqüências, ou seja: f 2 − f1 << 36 MHz 146 Vimos que a expressão da tensão de saída erm função da tensão de entrada, obedece a expressão: eout = a0 + a1es + a2es2 + a3es3 + ............... Isto acarreta o aparecimento, dentro da faixa de 36 MHz, de inúmeras componentes na saída, além das componentes de entrada que foram amplificadas. A fig. 10-12 mostra algumas delas. Os níveis de saída são, aproximadamente, válidos para o HPA trabalhando abaixo da saturação. Essa figura particulariza os seguintes valores para as componentes de entrada: f 1 = 6005 MHz f 2 = 6006 MHz a1 A 5 a5 A 5 8 3 f1 − 2 f 2 6003 a1 A 3 a3 A 3 4 2 f1 − f 2 6004 3 a3 A3 4 f1 6005 f2 6006 2 f 2 − f1 6007 5 a5 A 5 8 3 f 2 − 2 f1 6008 → [MHz ] 5 MHz Fig. 10-12 Com exceção das freqüências f1 e f 2 , as demais componentes são chamadas de intermodulação de ordem ímpar, uma vez que essas componentes estão relacionadas com os coeficientes ímpares a3 , a5 , etc. Estas componentes de intermodulação irão interferir nos sinais modulados vizinhos. Vemos que a componente de ordem 3 é a intermodulação que possui maior amplitude. Vamos considerar a relação de amplitude entre uma componente desejada e outra proveniente da intermodulação de terceira ordem. Seja A1 a amplitude da componente desejada e A3 a amplitude da componente de intermodulação de terceira ordem. Neste caso 20 log A1 = 20 log a1 + 20 log A = k1 + 20 log A 147 3 20 log A3 = 20 log a3 + 20 × 3 log A = k3 + 3 × (20 log A) 4 Observa-se que a amplitude da intermodulação cresce três vezes mais rápido que a amplitude do sinal desejado. Mas, lembramos que essa propriedade só acontece quando o sinal de saída ainda não saturou. Para níveis, de sinal de entrada, irrestritos, teremos o gráfico da fig. 10-13 Saída Intercept point Início da saturação = o2 Nível transmitido = o1 Boo 20 log A1 20 log A3 Intermodulação de ordem 3 Boi i1 i2 20 log A Fig. 10-13 Podemos notar que quando o nível de entrada é i 2 , tem-se o início da saturação do HPA. Neste caso, o nível de saída é o2 . Vemos que nesta situação, o nível de intermodulação de ordem 3 está muito próximo do nível do sinal útil. Portanto devemos abaixar o nível de entrada até que, na saída, a relação entre o sinal útil e a intermodulação atinja o valor desejado. Seja i1 esse nível de entrada. Ele acarreta o nível o1 na saída. A diferença i 2 − i1 , em dB, é chamada de back off de entrada. A diferença, o2 − o1 , também em dB, é chamada de back off de saída. Os fabricantes de HPA costumam especificar o intercept point desse amplificador. Apenas com esse dado é possível prever os níveis i1 e o1 para uma desejada relação entre o sinal e a componente de intermodulação de ordem 3. A verificação em laboratório de medidas é feita usando dois tons de mesma amplitude na entrada e verificando, em um analisador de espectro, o sinal de saída do HPA. Ocupação do transponder versus linearidade do HPA O método de uma única portadora FM por transponder não requer linearidade de amplificação, tanto no HPA terrestre como no do satélite. Isto permite que ambos os equipamentos trabalhem saturados. Desta maneira, estes amplificadores transmitem a máxima potência que sua alimentação permite. Resulta um rendimento energético máximo. Entretanto, no caso de várias portadoras FM, temos o seguinte problema: - Apesar de que, individualmente, os sinais FM possuem envoltória constante, demonstramos que a soma dessas portadoras moduladas produz um sinal de envoltória variável. Com isto, 148 haverá intermodulação, quando a linearidade de amplificação for insuficiente. As componentes de intermodulação interferem nos sinais FM produzindo as distorções estudadas. Isto faz com que a linearidade de amplificação se torne imprescindível. O remédio, para esta dificuldade, é trabalhar com back off tanto na estação terrena quanto no satélite. Consegue-se back off no satélite fazendo com que chegue menor sinal na entrada dele. Como são várias portadoras, provenientes de estações diferentes, é necessária uma coordenação central da operação. Essa coordenação é feita através de um canal especial que emite ordens de controle de potência para as estações que estão ocupando esse transponder. Para sinais digitais, as modulações empregadas são, quase que exclusivamente, o BPSK e o QPSK, devido à eficiência energética e espectral. Como essas modulações produzem envoltória variável, a linearidade do HPA fica imprescindível em todas as situações. A sensibilidade à não linearidade acontece mesmo que um sinal de alta taxa produza um único QPSK que ocupe toda a largura de faixa do transponder. Portanto, para modulações do tipo QPSK e BPSK, o back off é inevitável em qualquer situação. ACESSO MÚLTIPLO POS DIVISÃO DE TEMPO – TDMA. TDMA é um tipo de acesso em que diversas estações transmitem para o satélite, ocupando uma mesma portadora, em instantes diferentes. Essa ocupação, cuja duração é limitada, se repete periodicamente. A duração, de cada ocupação, é chamada de time slot. O sistema trabalha com sinais digitais devido à própria sistemática de sinais amostrados. A modulação utilizada é quase sempre o QPSK. TDMA de faixa larga Exemplo de funcionamento de um TDMA de faixa larga: Vamos supor que se designa, para uma determinada estação, um intervalo de tempo (time slot) de 10 µs , que se repete a cada 300 µs . Ver fig. 10-14. 300 µs 10 µs Fig. 10-14 Isto permite, teoricamente, que 30 estações utilizem a mesma portadora TDMA. O conjunto de bits enviados em cada time slot é chamado de burst (surto). Seja a transmissão de um sinal de 2,048 Mbit/s, gerado continuamente por uma estação. Essa taxa é chamada de taxa digital básica. Durante a transmissão, em seu time slot, ela deverá transmitir um surto digital com uma taxa 30 vezes maior, ou seja 61,440 Mbit/s. Isto é necessário para que não haja perda de nenhum bit gerado por essa estação. Portanto a taxa de 61, 440 Mbit/s vem a ser a taxa digital do surto. Na realidade a taxa do surto seria maior do que 61,440 Mbit/s, porque são adicionados bits para a recuperação da portadora e do relógio, para sincronismo, além de bits de controle. Da mesma forma, o número máximo de estações seria menor do que 30 porque alguns surtos são utilizados para referência de alinhamento de surtos e existe tempo de guarda 149 entre surtos. O tempo de guarda é necessário para que não aconteça sobreposição parcial de surtos procedentes de estações distanciadas diferentemente do satélite. O período entre dois surtos de uma mesma estação se chama quadro. A fig. 10-15 mostra um quadro de um TDMA de faixa larga usado comumente em satélites domésticos. A duração desse quadro é 750 µs . 750 µs Surto de referência Surto de referência SURTOS DE INFORMAÇÃO 1 24 campos 1 2 3 100 bits 1 2 122 bits 3 4 Tráfego 12 bits 1 - Recuperação de portadora 2 - Recuperação de relógio 3 - Treinamento e sincronismo 4 - Informações de controle Fig. 10-15 Este sistema produz surtos a uma taxa de 64 Mbit/s. O número máximo de estações é 24. O comprimento do surto de informações é adaptável. Pode ser menor ou maior em dependência do número de estações estabelecidas para operar no sistema. O quadro tem uma quantidade total de bits, que podem ser transmitidos ou não. Essa quantidade é dada por bit Q = 64 × 10 6 × 750 × 10 −6 s = 48.000 bit s Sendo N o número de estações operantes, o número de bits de overhead (adicionais) é n0 = 100 + 100 + (122 + 12 )N = 200 + 134 N A eficiência de transmissão de tráfego é η= Q − n0 n 200 + 134 N = 1− 0 = 1− Q Q 48.000 A pior eficiência acontece quando o sistema trabalha com o número máximo de estações, ou seja, N = 24. Neste caso 200 + 134 × 24 η = 1− = 0,93 ou 93 % 48.000 150 Nesse exemplo, onde a taxa de surto é igual a 64 Mbit/s, a transmissão de cada surto é feita, usando modulação QPSK, em uma portadora situada no centro da faixa do transponder. A largura de faixa desse sinal modulado é aproximadamente 36 MHZ. Como a modulação QPSK possui envoltória variável é necessário back off nos HPA, tanto das estações terrenas como do satélite. TDMA de faixa estreita. É um TDMA que trabalha com taxas básicas, relativamente, pequenas e modulação mais usual, também, do tipo QPSK. Como a taxa digital, da banda básica, é pequena, tem-se uma largura de faixa do sinal modulado, também, pequena. Para melhorar a eficiência espectral, o transponder é ocupado com vários TDMA de faixa estreita. Neste caso alguns autores costumam designar esse arranjo como sendo um sistema de acesso misto FDMA-TDMA. A fig. 10-16 mostra um exemplo de ocupação desta natureza. TDMA 4 TDMA 1 TDMA 2 TDMA 3 TDMA 5 36 MHZ Fig. 10-16 No TDMA de faixa larga, a envoltória é variável por causa, da modulação QPSK. No arranjo TDMA - FDMA, além, dessa causa, tem-se, também o efeito da soma das várias portadoras moduladas que se somam. Ë fácil concluir, portanto, que o arranjo FDMA-TDMA é mais suscetível à não linearidade da amplificação do que o TDMA de faixa larga. Isto explica porque o TDMA-FDMA requer um back off maior que no caso do TDMA de faixa larga. Comparação espectral entre o TDMA e o FDMA para sinais digitais. 1- Caso do FDMA Vamos supor que um sinal digital de 100 kbit/s modulasse uma portadora na forma QPSK. Neste caso a largura de faixa mínima seria 50 kHz. Se tivéssemos 4 canais desse tipo, ocupando portadoras adjacentes, teríamos uma largura total de 200 kHz. Ver fig. 10-16.a 2 – Caso TDMA Vamos supor um TDMA de, quatro estações, onde a taxa digital básica de cada uma delas fosse 100 kbit/s. O surto de cada uma duraria um quarto do período de repetição de suas transmissões. Portanto, para não perder bits, cada estação deveria ocupar seu time slot com uma taxa quatro vezes maior que a sua taxa básica, ou seja 400 kbit/s. Supondo uma modulação QPSK, a largura de faixa ocupada, durante a transmissão, seria, também, 200 kHz. Ver fig. 10-17.b 151 Conclusão: Do ponto de vista da eficiência espectral, o acesso TDMA é equivalente ao FDMA. f f FDMA 200 kHZ TDMA Estação A Estação B Estação C Estação D 200 kHZ Estação Estação Estação Estação A B C D t t (b) (a) Fig. 10-17 Comparação energética entre o TDMA e o FDMA, para sinais digitais. 1- Caso do FDMA Vimos, no exemplo anterior, que a faixa total ocupada, por cada estação FDMA, é Bw = 50 kHz . Vamos supor que a potência que esse sinal deveria ser, na entrada do receptor, m vezes maior do que a potência do ruído. Nesse caso teremos P0 = m × FKT0 Bw = 50 × 10 3 mFKT0 2 – Caso TDMA Vimos que a faixa total ocupada pelo surto TDMA, do exemplo anterior, é Bw = 200 kHz . Vamos supor, também, que a potência que esse sinal, na entrada de um receptor, deveria ser m vezes maior do que a potência do ruído. Nesse caso teríamos Psurto = m × FkT0 Bw = 200 × 10 3 mFkT0 Entretanto, essa potência só está presente, na entrada daquele receptor, em um quarto do tempo de operação. Portanto, a potência média de sinal na entrada do receptor seria quatro vezes menor, ou seja: P0 = 200 × 10 3 FkT0 4 ou P0 = 50 × 10 3 mFkT0 Conclusão: Também, do ponto de vista da eficiência energética, o acesso TDMA é equivalente ao FDMA. 152 Desvantagem do TDMA em relação ao FDMA Vamos supor um acesso FDMA de m estações, onde cada estação produz uma taxa digital básica igual a f b . Se fosse utilizado o acesso TDMA, para essas m estações, a taxa de surto de cada uma delas seria igual a mf b . Como a largura de faixa aumenta nessa proporção, teríamos na recepção uma potência de ruído m vezes maior. Portanto cada estação TDMA deve transmitir, m vezes mais potência PEP, durante seu surto, que a potência de uma estação FDMA. Isto faz com que o HPA, da estação TDMA, necessite de uma maior excursão linear de sinal na saída. Isto torna, seu HPA, mais complexo, caro e com menor eficiência energética. Vantagem do TDMA em relação ao FDMA Vamos supor que tanto a estação FDMA como a TDMA trabalhem com uma taxa digital básica de f b bits/s. Vamos supor, ainda, que ambas as estações desejem aumentar a taxa digital para n × f b . No caso do FDMA, a largura de faixa do sinal modulado aumenta n vezes. Portanto é necessário a substituição do filtro, tanto no transmissor quanto no receptor, por outro n vezes mais largo. No caso do acesso TDMA basta alocar, para a estação interessada, n timeslot. Isto se faz com um simples comando de software. Não há qualquer mudança no hardware. POTÊNCIA EFETIVA ISOTRÓPICA IRRADIADA – EIRP Esta potência é definida como: EIRP = PTr × AT Onde PTr = Potência total entregue à antena transmissora (W) Ar = Ganho escalar da antena em relação à fonte isotrópica Em dBW : EIRP( dBW ) = PTr ( dBW ) + 10 log AT Relação com a capacidade de potência do amplificador de saída EIRP( dBW ) = PA( dBW ) − Lbo − L AA + 10 log AT Onde PA( dBW ) = Potência de saturação do HPA Lbo = Perda de back off (dB) Laa = Perda, em dB, nos dispositivos que transportam o sinal do HPA até a antena, incluindo o alimentador. 153 Normalmente costuma-se trabalhar em dB. Portanto, é conveniente simplificarmos as notações. Por exemplo, a menos que seja informado o contrário, a notação EIRP, deve ser entendida como sendo EIRPdBW , e assim por diante, para os demais parâmetros. ---------------------------------------------------------------------------------------------------------Exercício 10- 1 Uma estação terrena utiliza um HPA com potência de saturação igual a 40 dBW (10 kW). Ela utiliza um back-off de 3 dB e perde 3 db entre o amplificador e antena. O ganho da antena é 40 dB. Determinar o EIRP Solução: EIRP = PA − Lbo − Laa + AT = 40 dBW – 3 dB – 3 dB + 40 dB = 74 dBW --------------------------------------------------------------------------------------------------TEMPERATURA EQUIVALENTE DE RUÍDO Vimos no capítulo 3 (expressão 3 – 4) que a potência de ruído, referida à entrada de um receptor, é dada pela equação: 10- 4 N = KT0 Bw + N A = FKT0 Bw Nessa expressão, KT0 Bw vem a ser o ruído gerado na resistência interna da fonte do sinal que se recebe; N A é o ruído gerado no receptor propriamente dito; F é a figura de ruído. Na expressão KT0 Bw , quando a fonte é um gerador com uma resistência interna de qualquer valor, o parâmetro T0 vem a ser a temperatura ambiente, em graus Kelvin, em que se encontra esse gerador. O ruído é proveniente da vibração das moléculas do condutor sob influência da temperatura. Quando a fonte de sinal é uma antena receptora, existe um parâmetro chamado resistência interna de radiação. Entretanto, essa resistência não tem nada a ver com a resistência de condutores. Neste caso podem ocorrer duas situações distintas: 1 – Nos lances terrestres, entre a antena transmissora e a receptora, o sinal percorre, em todo o trajeto, a atmosfera. Nesse trajeto estão presentes moléculas do ar que vibram em dependência da temperatura ambiente.Essa vibração causa um ruído térmico que é recebido pela antena e que passa a ser equivalente ao ruído térmico da fonte de excitação. Neste caso o parâmetro T0 continua a ser a temperatura ambiente. 2 – No caso das antenas que apontam para o satélite estacionário, á contribuição do ruído molecular é bem menor, pois só um pequeníssima parte do trajeto total se encontra na atmosfera. Tudo se passa como se a temperatura ambiente fosse muito menor do que 290 0 K . Para ângulos com inclinação não muito pequenos, a temperatura equivalente da antena pode ser da ordem de 25 0 K ou apenas um pouco maior. Portanto, no caso de satélites geo-estacionários, teremos: N = KT ANT Bw + N A 154 onde T ANT vem a ser a temperatura equivalente de ruído da antena e N A é o ruído do receptor, referido à entrada, proveniente do receptor propriamente dito. Devida a essa situação, em cálculos de enlace de satélites, costuma-se trabalhar com uma temperatura equivalente de ruído extensiva, também, para o ruído gerado no receptor. Esta temperatura equivalente de ruído substitui o parâmetro figura de ruído. Neste caso define-se 10-5 N A = KT A Bw Onde T A é a temperatura equivalente do ruído gerado pelo receptor. Portanto, o ruído total referido à entrada do receptor, fica: N = KT ANT Bw + KT A Bw ou N = K (T ANT + T A )Bw = KTS Bw onde TS = TANT + T A é a temperatura equivalente de ruído do sistema. Lembremos que esta definição é válida, também, para lances terrestres entre repetidores, desde que T ANT = T0 . Relação entre temperatura equivalente de ruído e figura de ruído Vamos supor que a figura de ruído do receptor foi medida utilizando uma fonte convencional, em uma temperatura ambiente T0 , tendo resistência ôhmica como fonte de ruído. Pela equação 10-4 tem-se: KT0 Bw + N A = FKT0 Bw ou F = 1+ NA KT0 Bw Substituindo N A com o valor de 10-5, resulta: F = 1+ KTA Bw T = 1+ A KT0 Bw T0 Pode-se notar que, se T A = 0 , então F = 1 ---------------------------------------------------------------------------------------------------------Exercício 10-2 Um receptor possui uma figura de ruído de F = 1,2. Este aparelho recebeu sinal, de um satélite estacionário, por meio de uma antena cuja temperatura de ruído é T ANT = 30 0 K . Determinar: 155 a) A temperatura equivalente de sistema. b) A potência média de ruído, em dBW, sabendo-se que Bw = 36 MHz Solução: a) TA = F − 1 = 1,2 − 1 = 0,2 T0 T A = 0,2T0 = 0,2 × 290 = 58 0 K TS = T ANT + TA = 30 + 58 = 88 0 K b) N = KTS Bw = 1,38 × 10 −23 × 88 × 36 × 10 6 = 4,37 × 10 −14 W N ( dBW ) = 10 log 4,37 × 10 −14 = −136,6 dBW -------------------------------------------------------------------------------------------------------Determinação da temperatura equivalente de sistema a partir das temperaturas individuais de uma série de dispositivos em cascata. Seja uma cadeia de 3 amplificadores em cascata, gerando ruídos N1 , N 2 e N 3 com respectivos ganhos de potência G1 , G 2 e G3 . A fonte de excitação produz o ruído N g Adaptando as equações 3-1 e 3-2 (capítulo 3) para o nosso caso, tem-se: N = N g + N1 + N3 N2 + G1 G1G 2 Sejam as respectivas temperaturas equivalentes de ruído, desses amplificadores, T1 , T2 e T3 respectivamente. Neste caso podemos escrever: KTS Bw = KT ANT Bw + KT1 Bw + ou TS = T ANT + T1 + KT2 Bw KT3 Bw + G1 G1G 2 T2 T + 3 G1 G1G2 10-6 Caso do atenuador Um atenuador é um circuito passivo, resistivo, construído para uma determinada resistência característica que chamaremos de R0 . Quando sua saída é carregada com uma resistência R0 , a resistência que se enxerga, na entrada é, também, R0 . A relação entre a potência P2 , no resistor R0 de saída, e a potência P1 , na entrada do atenuador, é sempre menor que 1: 156 G= P2 <1 P1 A fig. 10-18.a mostra um atenuador construído para R0 = 50 Ω , em que o ganho de 1 potência é G = 0,5, correspondendo à atenuação L = = 2 . G 17,7 Ω P1 R0 = 50 Ω Atenuador P2 291,4 Ω R0 50 Ω 291,4 Ω NR NA G (b) (a) Fig. 10-18 Quando se excita esse atenuador, temos o esquema da fig. 10-22.b onde se designa os ruídos referidos à entrada desse dispositivo. N R é o ruído proveniente da resistência interna da fonte de excitação. N A é o ruído, gerado nesse atenuador, referido à sua entrada. Portanto, o ruído na saída fica: N S = (N R + N A )G Entretanto, esse ruído total, de saída, foi produzido por um conjunto de resistores que, agrupados, formam uma única resistência. Portanto, pode-se concluir que: NS = NR Portanto N R = ( N R + N A )G 1 N A = N R − 1 G Também podemos escrever: ou 1 KT A Bw = KT0 Bw − 1 G ou 1 T A = T0 − 1 G ou T A = T0 (L − 1) ou onde L (perda) = 157 1 G R0 Linhas de transmissão, guias de onda, filtros passivos, supondo casamento de impedância correto. Como geradores de ruído, o comportamento desses dispositivos é o mesmo do atenuador. Portanto, conhecendo-se, por exemplo, o valor escalar de sua atenuação, tem-se T A = T0 (L − 1) Exemplo de cálculo de temperatura de ruído de uma estação receptora de baixo custo. A fig. 10-19 mostra um arranjo típico de uma estação terrena de baixo custo. TANT Guia de onda LNA G1 G2 T2 T1 Cabo RX T3 Fig. 10-19 1 T T TS = T ANT + T0 − 1 + 2 + 3 G1 G1 G1G2 TL ou TS = T ANT + T0 (L1 − 1) + T2 L1 + 3 1 G2 O amplificador de baixo ruído (LNA) é construído para ter uma baixa temperatura equivalente de ruído T2 , além de um alto ganho de potência G 2 . Repare-se que a atenuação L1 , do guia de onda, faz aumentar as três últimas parcelas que contribuem para o cálculo da temperatura equivalente de ruído do sistema. Portanto para que se tenha essa atenuação a menor possível, coloca-se o LNA junto à antena parabólica. Desta maneira se tem o menor comprimento, possível, do guia de onda, e portanto, a menor atenuação. Em nosso exemplo, vamos supor os dados: TS = T ANT + T1 + T T2 + 3 G1 G1G2 ou T ANT = 28 0 K G1 = 0,96 G 2 = 10 5 T2 = 78,4 0 K T3 = 3000 0 K L1 = 1 = 1,042 0,96 158 TS = 28 + 290(1,042 − 1) + 78,4 × 1,042 + 3000 × 1,042 = 10 5 = 28 + 12,08 + 81,7 + 0,031 = 121,8 0 K Repare-se que o dispositivo que mais influiu, no valor da temperatura de sistema, foi a temperatura de ruído do LNA. ---------------------------------------------------------------------------------------------------------Exercício 10-3 Para a estação terrena do exemplo anterior, calcular a potência média do ruído, referido à entrada, em uma largura de faixa de 36 MHz. Solução: N = KTS Bw = 1,38 × 10 −23 × 121,8 × 36 × 10 6 = 6,05 × 10 −14 W N ( dBW ) = 10 log 6,05 × 10 −14 = −132,2 dBW ---------------------------------------------------------------------------------------------------------G Parâmetro da estação receptora. T Este parâmetro é determinado pela expressão: G G G G = 10 log ANT G LNA , T TS ou G = 10 log G ANT + 10 log GG + 10 log G LNA − 10 log TS T onde 10 log G ANT = ganho da antena em dB 10 log GG = ganho do guia de onda em dB 10 log G LNA = ganho do LNA em dB TS = temperatura equivalente de sistema em grau Kelvin Este parâmetro é uma espécie de figura de mérito de uma estação receptora. Quanto maior for esse parâmetro, menor será o sinal que ela poderá receber com a qualidade desejada. Sua unidade é dBK −1 ---------------------------------------------------------------------------------------------------------Exercício 10-4 G Para a estação de baixo custo, de nosso exemplo, calcular . Suponha um ganho da T antena igual a 42 dB. Solução: G = 42 + 10 log 0,96 + 10 log 10 5 − 10 log 121,8 = 70,9 dBK −1 T ---------------------------------------------------------------------------------------------------159 EXEMPLO DE UM CÁLCULO DE ENLACE PARA UMA COMUNICAÇÃO TDMA, DE FAIXA LARGA, COM MODULAÇÃO QPSK Atenuação de espaço livre A equação 9-2 (capítulo 9) nos fornece a expressão matemática da atenuação de espaço livre em relação a uma fonte isotrópica: 4πd αi = λ 2 onde d é a distância até o satélite e λ é o comprimento de onda. Seja d = 36000 km 3 × 10 8 Para o up-link f = 6 GHz . Portanto λ = = 0,05 m 6 × 10 9 Neste caso 4π × 36 × 10 6 10 log α i 6 = 20 log = 199,1 dB 0,05 3 × 10 8 Para o down-link f = 4 GHz . Portanto λ = = 0,075 m 4 × 10 9 Neste caso 10 log α i 4 4π × 36 × 10 6 = 20 log = 195,6 dB 0,075 Dados gerais: 1. Modulação QPSK 2. Taxa digital do surto TDMA................................................. f b = 64 Mbit / s 3. Largura de faixa ocupada.......................................................Bw = 36 MHz Dados para o lance up-link Estação terrena (transmissão) 1- Potência de saturação do HPA: 500 W....................... PA(dBW ) = 27 dbW 2- Back-off …………………………………………………… Lbo = 3 dB 3- Perdas entre o HPA e a antena de transmissão........................ Lc = 4 dB 4- Ganho da antena transmissora em 6 GHz.............................. GT 6 = 55 dB 5- Perdas na atmosfera................................................................ Lat = 0,8 dB 6- Atenuação de espaço livre em 6 GHz.................................... α i 6 = 199,1 dB Satélite (recepção) 1- Temperatura equivalente de ruído do satélite.............................. TSS = 320 0 K 2- Ganho da antena receptora do satélite em 6 GHz......................... G R 6 = 24 dB 160 Cálculos de up-link EIRP = PA(dBW ) − Lbo − Lc + GT 6 = 27 dBW − 3 dB − 4 dB + 55 dB = 75 dBW Potência de sinal na entrada do receptor do satélite Pr (dBW ) = EIRP − α i 6 − Lat + G R 6 = 75 dBW − 199,1 dB − 0,8 dB + 24 dB = −100,9 dBW Ruído na entrada do receptor do satélite: N i (dBW ) = 10 log KTSS Bw = 10 log 1,38 × 10 −23 + 10 log 320 + 10 log 36 × 10 6 = −128,0 dBW 10 log P C = 10 log r = Pr ( dBW ) − N i ( dBW ) = −100,9 − (− 128,0 ) = 27,1 dB N Ni Dados para o lance de down-link Satélite (transmissão) 1- Potência de saturação do HPA: 10 W............................ PA(dBW ) = 10 dbW 2- Back-off …………………………………………….......….. Lbo = 0,1 dB 3- Perdas entre o HPA e a antena de transmissão........................ Lc = 0,5 dB 4- Ganho da antena transmissora em 4 GHz.............................. GT 4 = 22 dB 5- Perdas na atmosfera................................................................ Lat = 0,4 dB 6- Atenuação de espaço livre em 4 GHz.................................. α i 4 = 195,6 dB Estação terrena (recepção) 1- Temperatura equival. de ruído da estação terrena .................. TST = 121,8 0 K 2- Ganho da antena receptora terrestre em 4 GHz....................... G R 4 = 52 dB Cálculos de down-link EIRP = PA(dBW ) − Lbo − Lc + GT 4 = 10 dBW − 0,1 dB − 0,5 dB + 22 dB = 31,4 dBW Potência de sinal na entrada do receptor terrestre Pr (dBW ) = EIRP − α i 4 − Lat + G R 4 = 31,4 dBW − 195,6 dB − 0,4 dB + 52 dB = −112,6 dBW Ruído na entrada do receptor terrestre: 161 N i (dBW ) = 10 log KTST Bw = 10 log 1,38 × 10 −23 + 10 log 121,8 + 10 log 36 × 10 6 = −132,2 dBW 10 log P C = 10 log r = Pr ( dBW ) − N i ( dBW ) = −112,6 − (− 132,2 ) = 19,6 dB N Ni Cálculo da relação sinal ruído total Seja N UP a potência do ruído adquirido no lance de subida. Seja N DOWN a potência do ruído adquirido no lance de descida. Interferências generalizadas Sempre existem interferências tanto no UP-LINK, devido a transmissões terrenas para outros satélites, assim como interferências no DOWN-LINK devido a transmissões de outros satélites para outras estações terrenas. Seja (N INT )UP e (N INT )DOWN os ruídos equivalentes dessas interferências Neste caso, a relação sinal ruído total fica: C C = N T N UP + N DOWN + (N INT )UP + ( N INT )DOWN ou N T N UP N DOWN ( N INT )UP ( N INT )DOWN = + + + C C C C C Vamos usar os resultados do nosso exemplo de cálculo de enlace Up-link: 10 log C = 27,1 dB N UP 10 log N UP = −27,1 dB C N UP = 10 C −27 ,1 10 = 1,95 × 10 −3 Down-link 10 log C = 19,6 dB N DOWN 162 10 log N DOWN = −19,6 dB C N DOWN = 10 −1,96 = 1,10 × 10 − 2 C Vamos supor que 10 log C (N INT )UP = 10 log C (N INT )DOWN = 26 dB Neste caso (N INT )UP C = (N INT )Down C = 10 − 2 ,6 = 2,5 × 10 −3 NT = 1,95 × 10 −3 + 1,10 × 10 − 2 + 2,5 × 10 −3 + 2,5 × 10 −3 = 1,80 × 10 −2 C 10 log NT = 10 log 1,80 × 10 − 2 = −17,5 dB C 10 log C = 17,5 dB NT C = 101,75 = 56,2 NT Previsão da taxa de erros na informação digital recebida com base neste exemplo No capítulo 7, demonstramos que a taxa de erros do QPSK pode ser calculada pela expressão 7-5, que repetimos aqui: (BER ) QPSK S = Q N Na nossa notação fica: (BER ) QPSK (BER )QPSK = C = Q 56,2 = Q(7,46 ) = Q N T ( 1 7,46 2π e − 7 , 46 2 2 ) = 4,3 × 10 −14 163 (BER )QPSK = 4,3 × 10 −14 Nota: Na prática, essa qualidade de BER dificilmente é atingida. Isto acontece porque os erros que passam a predominar são aqueles provocados pelas imperfeições de filtragens, pelas não-linearidades dos HPA’s, multitrajetos, etc. Ver fig. 10-20 BER 10−8 10 −10 10 −12 10 −14 17,5 Fig. 10-20 164 10 log S N 11 – COMUNICAÇÃO POR MEIO DE ESPALHAMENTO ESPECTRAL POR SEQÜÊNCIA DIRETA Geração e propriedades de seqüências pseudo-aleatórias – Seqüências de máximo comprimento. A fig. 11-1 mostra uma máquina seqüencial geradora de uma seqüência pseudo aleatória de comprimento 2 M − 1 bit. DM QM D3 Q3 D2 Q2 D1 Q1 SAÍDA RELÓGIO Fig. 11-1 Usa-se um registrador de deslocamento, de M flip-flops, com algumas realimentações bem determinadas. Carrega-se o registrador com uma palavra digital diferente da palavra formada por M zeros. Esta palavra, inicial, funciona como semente. A cada pulso do clock, tem-se uma nova palavra no registrador. Dessa maneira, todas as possíveis palavras com M bits, aparecem sucessivamente nesse registrador. Só não aparece a palavra formada por M zeros: 00000.......00. Portanto, aparecerão, no registrador, 2 M − 1 palavras sucessivas e diferentes entre si. O bit usado, como elemento da seqüência, é aquele da saída Q1 , como indicado na fig. 11-1. Como as palavras digitais não se repetem, ao longo da seqüência, a sucessão desses bits de saída é aperiódica. A seqüência gerada, desta maneira, é classificada como sendo de máximo comprimento, porque utiliza todas as palavras possíveis de M bits com exceção da palavra composta somente por zeros. Essa seqüência possui n bits “1” e (n-1) bits “0”, onde n é a metade de 2 M . Portanto, em seqüências de grande comprimento, podemos dizer que os estados “1” e “0” são, praticamente equiprováveis. A aperiodicidade e a eqüiprobabilidade dos bits conferem a essas seqüências um comportamento semelhante ao das seqüências aleatórias propriamente ditas. Por exemplo, não existe, praticamente, diferença entre suas densidades espectrais de potência. Exemplo de gerador pseudo aleatório A fig. 11- 2 mostra o arranjo da máquina seqüencial que gera uma seqüência pseudoaleatória de máximo comprimento. Neste caso o comprimento da seqüência é 7. 165 1 1 1 relógio SEMENTE INICIAL: 1 1 1 Fig. 11-2 A cada pulso do relógio aparece uma nova palavra nesse registrador. A seqüência dessas palavras é: 1 0 0 1 0 1 1 1 . 1 1 0 0 1 0 1 1 . 1 1 1 0 0 1 0 1 . A seqüência de bits, propriamente dita é formada pelos bits da coluna direita: 1 1 1 0 0 1 0 Na forma NRZ polar fica: -1 -1 -1 +1 +1 -1 +1 Comparação entre seqüências aleatórias e pseudo-aleatórias. Como exemplo de uma seqüência perfeitamente aleatória tem-se o jogo de cara e coroa com uma moeda não viciada. Se ela for atirada, por exemplo 2000 vezes, notaremos as propriedades: 1. Sairá a mesma quantidade de caras e de coroas, aproximadamente. 2. Não haverá periodicidade na sucessão dos resultados. 3. É praticamente impossível repetirmos a mesma seqüência se fizermos novamente 2000 jogadas. A seqüência pseudo-aleatória possui, também, as duas primeiras propriedades. Entretanto, é perfeitamente possível reproduzi-la exatamente em outra jogada. Basta usar a mesma máquina seqüencial com a mesma semente. Mesmo as seqüências randômicas, de números decimais, geradas pelos computadores, são pseudo aleatórias. Basta repetirmos o mesmo algoritmo e a mesma semente e teremos a repetição da mesma seqüência numérica. 166 Produto de uma seqüência de dados de taxa baixa, com comportamento aleatório, por outra seqüência pseudo-aleatória de taxa muito mais alta. O produto da seqüência D, de dados, por uma seqüência pseudo aleatória S, de alta taxa, resulta em outra seqüência pseudo-aleatória D × S . Esta seqüência resultante possui a mesma taxa alta digital que a seqüência S. Na fig. 11-3 vemos essa operação. A seqüência S está na forma NRZ polar e normalizada para os níveis + 1 v e – 1 v. Em todo o nosso estudo utilizaremos seqüências S com a forma NRZ polar normalizada. Fig. 11-3 Produto de uma seqüência S por outra seqüência S igual e em fase. O produto de uma seqüência por ela mesma resulta em um sinal constante com valor + 1. Ver fig. 11-4. seqûência S1 S1 × S1 = + 1 +1 +1 0 -1 +1 seqûência S1 -1 Fig. 11-4 Seqüências ortogonais Duas seqüências pseudo aleatórias, de mesma taxa, são ditas ortogonais quando o produto, bit a bit, das duas, resulta em uma nova seqüência pseudo-aleatória de mesma taxa. A fig. 11-5 mostra esta situação. 167 seqûência S1 × S 2 = S 3 S1 +1 +1 seqûência -1 S3 -1 +1 -1 seqûência PSK-1d.VSD S2 Fig. 11-5 Exemplo: Uma seqüência de máximo comprimento multiplicada bit a bit por ela mesma, defasada de 1 ou mais bits, produz a mesma seqüência com uma nova defasagem. A fig. 11-6 mostra esta propriedade para a seqüência de comprimento sete, gerada na máquina seqüencial da fig. 11-2. S 0 = -1 -1 -1 +1 +1 -1 +1 S −1 = +1 -1 -1 -1 +1 +1 -1 +1 +1 -1 +1 -1 -1 S 0 × S −1 = -1 = S −5 Fig. 11-6 Neste exemplo usamos uma seqüência como referência e outra seqüência que é diferente da primeira apenas porque está atrasada de 1 bit. Verifica-se que, ao se multiplicar bit a bit essas duas seqüências, resulta uma terceira seqüência que difere da de referência apenas por estar atrasada de 5 bits. Se fizéssemos os produtos bit a bit para atrasos diferentes, teríamos resultados da mesma natureza. Por exemplo: S 0 × S − 2 = S −3 Neste caso dizemos que uma seqüência, de máximo comprimento, é ortogonal com ela mesma desde que exista, entre elas, uma defasagem maior ou igual a um bit. Comportamento da densidade espectral de potência em função da taxa digital. Na fig. 11-7 analisando as energias de bit os sinais digitais, D e D × S , mostrados no domínio do tempo, teremos: 2 Eb1 = 2V 2TD 2 Eb 2 = 2V 2TDS Resulta: Ou: 2 E b1 2 E 2 = TD TDS 2 Eb1 f D = 2 Eb 2 f DS 11-1 168 Isto significa que se, por exemplo, se a taxa f DS for 1000 vezes maior do que a taxa f D , então o parâmetro 2 Eb 2 será 1000 vezes menor do que o parâmetro 2 E B1 . Portanto, quanto maior a taxa de um sinal digital, mais espalhado será seu espectro de freqüências. A igualdade 11-1 é equivalente a igualdade: ou Eb1 × f D = Eb 2 × f DS 11-2 Portanto, para sinais digitais de mesma amplitude, a energia de bit é inversamente proporcional a taxa digital. Se a taxa digital aumentar de um fator K, a energia de bit diminuirá na mesma proporção. Fig. 11-7 Princípio de funcionamento da transmissão digital em espalhamento espectral por seqüência direta. a) Transmissão em banda básica A Fig. 11-8 mostra um esquema para se entender a comunicação em espalhamento espectral por seqüência direta. O sinal digital D, de baixa taxa, na forma NRZ polar, é multiplicado pela seqüência pseudo-aleatória S, de alta taxa, também na forma NRZ polar. Resulta um sinal NRZ polar com a mesma taxa alta, tendo, portanto, um espectro espalhado. No receptor, esse sinal é multiplicado pela mesma seqüência S que deverá estar em fase com a seqüência S do sinal recebido. Tem-se: eR = D × S × S Entretanto, vimos que Resulta S × S = +1 eR = D Como D é um sinal digital de taxa baixa, essa expressão representa um sinal NRZ polar de faixa estreita. Portanto, tem-se um sinal equivalente àquele que seria transmitido diretamente em faixa estreita. 169 D 2Eb1 TRANSMISSÃO +V -V D×S +V -V 2 Eb 2 D S +1 -1 RECEPÇÃO D×S D× S × S = D 2 Eb 2 2 Eb1 S Fig. 11-8 b) Transmissão com a modulação BPSK Na prática não se usa transmissão, espalhada, em banda básica. Após o espalhamento, o sinal resultante modula uma freqüência portadora, quase que exclusivamente, na forma BPSK. A Fig. 11-9 mostra o esquema da comunicação em espalhamento espectral, por seqüência direta, onde a portadora é modulada em BPSK pela banda básica espalhada. . O sinal digital D, de baixa taxa, na forma NRZ polar, é multiplicado pela seqüência pseudo-aleatória S, de alta taxa, também na forma NRZ polar. Resulta um sinal NRZ polar com a mesma taxa alta, tendo, portanto, um espectro espalhado. Este sinal é multiplicado pela portadora de alta freqüência cos ω c t . Resulta o sinal modulado em BPSK, ec = D × S × cos ω c t . A densidade espectral, desse sinal, é formada de duas faixas laterais espalhadas. No receptor, esse sinal modulado é multiplicado pela mesma seqüência S que deverá estar em fase com a seqüência S do sinal recebido. Tem-se: e R = D × S × S × cos ω c t Vimos que S × S = +1 Resulta e R = D × cos ω c t Como D é um sinal digital de taxa baixa, essa expressão representa um sinal BPSK de faixa estreita. Portanto, tem-se um sinal BPSK convencional equivalente ao caso em que um dado de baixa taxa modulou diretamente uma portadora em BPSK. A partir deste ponto, o processo de demodulação se torna o mesmo usado em uma recepção BPSK convencional. 170 Fig. 11-9 Necessidade de limitação da faixa espectral do sinal transmitido. Na realidade o sinal transmitido precisa ser limitado em sua largura de faixa para minimizar a ocupação do espectro disponível para a operação. Vamos supor que a taxa digital, da seqüência S, é f DS bit/s. Neste caso, a limitação de faixa otimizada, para f DS . Esta limitação da largura de faixa 2 deve ser feita por meio de um filtro de Nyquist corrigido. Chamaremos S ′ essa seqüência, cuja largura de faixa foi estreitada. Ver fig. 11-10. Após o primeiro multiplicador do transmissor, tem-se a banda básica espalhada D × S ′ f com largura de faixa DS 2 Após o segundo multiplicador, tem-se o sinal BPSK espalhado: essa seqüência, utiliza o corte na freqüência ec = D × S ′ × cos ω c t Sua largura de faixa é f DS No receptor, este sinal é multiplicado pos S. Resulta: e R = D × S ′ × S × cos ω c t 11-2 171 Eb 2 D S D +V -V +V -V f DS D 2 Eb1 cos c t S 1 1 Filtro de Nyquist S +1 -1 D S S cos D S cos t c c t= = a0 D cos ωc t Eb1 S c +1 -1 Fig. 11-10 Análise do produto S ′ × S S′ + 1 − 1 S + 1 − 1 S′× S +1 0 Fig. 11- 11 Pela fig. 11-11, podemos notar que 172 c S′× S = S′ Portanto esse sinal é sempre positivo. Disso resulta uma composição espectral que contém uma componente discreta DC que corresponde ao valor médio de S ′ . Chamando esse valor médio de a 0 , podemos dizer que: onde i(t ) é um sinal com média nula. O espectro de i(t ) possui uma largura de faixa muito maior do que o de S ′ pois o sinal S ′ possui transições bem mais estreitas. Portanto seu espectro é mais espalhado do que S ′ × S = a 0 + i (t ) o de S ′ . O sinal de saída do multiplicador fica: em = D × S ′ × S × cos ω c t = D[a 0 + i (t )]cos ω c t em = a 0 D cos ω c t + z (t ) cos ω c t ou Onde z (t ) = D × i (t ) O sinal z (t ) mantém o mesmo espalhamento de i(t ) . A fig. 11-12 mostra a configuração espectral dessas duas parcelas do sinal em . E b1 a0 D cos ωc t ≈ 40 dB z (t )cos ω c t N0I Fig. 11- 12 O sinal z (t ) cos ω c t se comporta como um ruído interferente com possibilidade de produzir erros na identificação dos bits de dados. Vamos chamar de N 0 I a densidade espectral, dessa interferência na região espectral dos dados. Felizmente esta interferência não chega a causar deterioração da qualidade da comunicação porque produz o resultado: Eb1 ≈ 40 dB N 0I A quantidade de erros que isto acarreta é totalmente desprezível quando comparada com outros fatores como, por exemplo, o ruído térmico. 173 Por isto, por simplicidade ignoraremos sua presença adotando, no restante deste estudo, a igualdade aproximada: em = D × S ′ × S × cos ω c t = a 0 D cos ω c t A constante a 0 pode ser determinada aproximadamente pela expressão: 1 a0 ≈ 1 − T0 T0 2 π ∫ 1 − sen T 0 0 t dt ≈ 0,82 11-3 Correção da energia de bit do sinal desespalhado. Vamos supor que o sinal espalhado D × S ′ cos ω c t chegou ao receptor com amplitude V. Neste caso sua energia de bit fica: Eb 2 V2 = TDS 2 11-4 Entretanto, a amplitude do sinal desespalhado é: VD = a 0V A energia de bit do sinal desespalhado, fica: E b1 = V D2 V2 TD = a 02 TD 2 2 11-5 Da expressão 11-4, extraímos: V 2 Eb 2 = 2 TDS 11-6 Substituindo 11-6 em 11-5, resulta: E b1 = a 02 E b 2 Ou TD TDS Eb1 = a 02 f DS Eb 2 fD 11-7 Esquema de uma comunicação em espalhamento espectral por seqüência direta considerando a influência do ruído na recepção do sinal. 174 f DS Fig. 11-13 A fig. 11-13 mostra uma comunicação em espectro espalhado. Note-se que o sinal espalhado chega ao receptor com uma densidade espectral de sinal menor que a densidade espectral do ruído. Entretanto, após o desespalhamento a densidade espectral está suficientemente maior que a do ruído para permitir uma detecção com uma quantidade de erros aceitável. È importante que a largura de faixa do sinal modulado, após o desespalhamento, seja limitada em Bw = f D , onde f D representa a taxa de dados. Aquisição de sincronismo entre as seqüências A Fig. 11-14 mostra como se processa a aquisição de sincronismo, da seqüência transmitida, com a seqüência gerada no receptor. D.S j .S j +τ cos ω c t D.S j . cos ω c t S j +τ Fig. 11-14 A tensão, medida no ponto A, serve de referência para a detecção de sincronismo. Logo que o receptor é ligado ele começa a gerar sua seqüência. É altamente provável que a seqüência do receptor esteja, inicialmente, defasada da seqüência recebida. Sendo 175 assim o produto S j × S j +τ equivale à outra seqüência pseudo-aleatória. Portanto, o sinal D.S j .S j +τ cos ω c t continua sendo um sinal espalhado. Portanto a fração de sua energia, que chega ao ponto A ( saída do filtro estreito ), é muito pequena. Neste caso, o sistema comanda atrasos periódicos de bits até que as seqüências entrem em fase. Os atrasos da seqüência local são provocados pela supressão periódica dos pulsos do relógio que acionam sua máquina seqüencial geradora do receptor. a0 D. cos ω ct Fig. 11-15 No instante em que as seqüências entram em fase, o sinal se estreita, concentrando toda a energia dentro da faixa de passagem do filtro. Portanto, a tensão detectada no ponto A, fica muito maior. Ver fig. 11-15. A presença deste sinal forte acarreta a interrupção dos atrasos que são provocados na seqüência local. Neste instante entra em funcionamento uma malha fechada que controla a o oscilador de relógio de tal modo a manter o sincronismo adquirido. Esta malha é conhecida como Delay Lock Loop. Ver Fig. 11-16. D.S J . cos ω ct a 0 D. cos ω c t SJ Fig. 11-16 -------------------------------------------------------------------------------------------------------Exercício 11-2 Uma comunicação em espectro espalhado chega em um receptor com a potência P0 = 8 × 10 −15 W . A seqüência pseudo aleatória tem taxa de f DS = 10 Mbit / s A taxa dos dados é de f D = 10 kbit / s . Sabe-se que o receptor possui F = 10 e que a 0 ≈ 0,82 . Determinar: E A relação b 2 ( antes do desespalhamento ). N0 176 A relação E b1 ( depois do desespalhamento ). N0 Solução: a) V2 TDS 2 Eb 2 = Vimos em capítulos anteriores que para o BPSK e QPSK vale a aproximação: S≈ V2 2 Portanto: Eb 2 ≈ S × TDS = 8 × 10 −15 S = = 8 × 10 − 22 W / Hz f DS 10 × 10 6 N 0 = FkT0 = 10 × 1,38 × 10 −23 × 290 = 4,0 × 10 −20 W / Hz 10 log Eb 2 8 × 10 −22 = 10 log ≈ −17 dB N0 4 × 10 − 20 b) Pela equação 11-6 tem-se: E b1 = a 02 E b 2 f DS 1 × 10 7 = 0,82 2 × 8 × 10 − 22 × = 5,38 × 10 −19 fD 1 × 10 4 10 log Eb1 5,38 × 10 −19 = 10 log = 11,3 dB N0 4,0 × 10 − 20 -------------------------------------------------------------------------------------------------------- 177 12 – ACESSO MÚLTIPLO POR DIVISÃO DE CÓDIGO – CDMA O acesso múltiplo por divisão de código – CDMA, é um sistema onde todos os usuários podem transmitir, simultaneamente, em espectro espalhado por seqüência direta. Todas as transmissões são feitas na mesma freqüência portadora de rádio. A seqüência pseudo-aleatória de cada usuário tem que ser ortogonal com as seqüências dos demais usuários. Desespalhamento seletivo Vamos supor que m usuários transmitem, dados, de tal modo que o usuário 1 transmite o dado D1 , espalhado pela seqüência S1′ . O usuário 2 transmite D2 espalhado por S 2′ , e assim por diante. Ver Fig. 12-1 Fig. 12-1 Vamos supor, ainda, que todos estes sinais cheguem com a mesma intensidade na entrada de um receptor que quer receber apenas o dado D1 . Neste caso ele usa, localmente, S1 como seqüência desespalhadora. Na entrada, desse receptor, está presente um sinal que corresponde a soma dos m sinais individuais transmitidos. Multiplica esse sinal composto pela seqüência S1 gerada localmente. Isto equivale a uma multiplicação de S1 por cada um dos m sinais recebidos. Quando esta seqüência local S1 entra em fase com a seqüência S1′ , ela provoca o desespalhamento daquele sinal desejado. Entretanto, sabemos que a seqüência S1 é ortogonal com as demais seqüências recebidas. Sabemos que o produto, de duas seqüências pseudo aleatórias, de taxas iguais, e ortogonais, resulta uma terceira seqüência, pseudo aleatória, de mesma taxa. Por isto os sinais, não desejados, permanecem espalhados. Esquema básico da comunicação CDMA Ver fig. 12-2 178 Eb 2 Dj V V Dj Dj S j Sj cos c S j cos c t t (a) M Di S i cos c M 1 Eb 2 t i 1 E b1 a0 D j cos c t canais compartilhados canais compartilhados canal desejado Filtro P. Faixa M Eb 2 Dj REGEN. DIGITAL Sj 2 cos (b) c t Fig. 12-2 Vamos supor que m transmissores, no sistema CDMA, transmitem simultaneamente sinais espalhados onde, cada um, obedece a expressão: eci = Di S i′ cos ω c t Vamos supor que um receptor quer receber apenas o dado D j proveniente da transmissão ecj = D j S ′j cos ω c t . Na entrada deste receptor chega o sinal de todas as transmissões simultâneas: m ec = ∑ Di S i′ cos ω c t i =1 Este sinal composto possui a largura de faixa BwDS = f DS onde f DS é a taxa das seqüências espalhadoras. Supõe-se que cada sinal espalhado possui a energia de bit igual a Eb 2 . Desta maneira, teremos, no centro da faixa, o ponto máximo da densidade espectral de potência, cujo valor será mEb 2 . Após a multiplicação, localmente, pela seqüência S j é produzido dois tipos de sinais: m −1 eci = ∑ Di S ij′ cos ω c t para i≠ j i =1 e ecj = a0 D j cos ω c t para i = j 179 Neste caso, a largura de faixa, do sinal espalhado eci , continua sendo BwDS = f DS . Esse sinal espalhado fica com a densidade espectral de freqüência tendo seu valor máximo igual a (m − 1)Eb 2 . O sinal ecj corresponde ao sinal desejado desespalhado. Portanto, ele pode ter sua largura de faixa limitada em Bw D = f D onde f D é a taxa dos dados. Seja Eb1 o valor de sua energia de bit. Todos os sinais, da saída do multiplicador, são submetidos a um filtro passa faixa de largura f D . Desta maneira, a densidade espectral do sinal ecj passa integralmente por esse filtro. Entretanto, apenas uma pequena parte da energia dos sinais espalhados consegue passar pelo filtro. A fig. 12-3a mostra a composição espectral do sinal de saída do filtro. Eb1 Eb1 (m − 1)Eb 2 (m − 1)Eb 2 N 0T Bw = f D Bw = f D (a) (b) Fig. 12-3 Esta densidade de energia, dos sinais espalhados, se comporta como um ruído interferente capaz de provocar erros na detecção dos bits dos dados. Na realidade, não podemos esquecer que, junto a esses sinais recebidos, existe também o ruído térmico cuja a densidade espectral chamaremos de N 0T . Ver fig. 12-3.b. Transmissão ativada pela voz Costuma-se usar transmissão ativada pela voz do usuário. Isto significa que somente quando o sinal de voz está presente o transmissor entra no ar. Medições seguidas de cálculos estatísticos demonstraram que, em uma conversação, a voz fica ativa somente durante um terço do tempo. Vamos supor que, durante a atividade da voz, cada transmissor envia, para o receptor, a energia de bit Eb 2 . Como esta transmissão só ocorre durante um terço do tempo, seriam necessários três usuários em conversação simultânea para colocar no ar a energia Eb 2 o tempo todo. Portanto, podemos dizer que, a densidade espectral da interferência dos outros m-1 usuários, no canal desejado é dada pela expressão: m −1 N 0I = Eb 2 3 180 A fig. 14 mostra a situação do sinal desejado e das interferências para o caso da ativação dos transmissores pelo sinal de voz Eb1 N 0T N 0I = (m − 1) E 3 b2 Bw = f D Fig. 14 A relação da energia de bit pela energia das duas interferências fica dada pela expressão: E b1 N 0 I + N 0T Portanto, a qualidade da detecção dos dados está relacionada a um valor aceitável dessa relação energética. Vamos supor que, para uma qualidade de recuperação dos dados E E desejada, se requer uma relação b específica mínima que chamaremos de b . N0 N 0 REQ Neste caso, deveremos satisfazer: E E b1 ≥ b N 0 I + N 0T N 0 REQ Eb1 ou (m − 1) E 3 b2 + N 0T E ≥ b N0 Eb1 E Eb 2 ≥ b (m − 1) + N 0T N 0 REQ 3 Eb 2 ou REQ 12-1 No capítulo 11 deduzimos a igualdade 11-7 que reescrevemos aqui: Eb1 = a 02 f DS Eb 2 fD Portanto: 181 Eb1 f Bw = a 02 DS = a 02 Eb 2 fD fD Para a modulação BPSK, tem-se: Eb 2 = Ou Eb 2 ≈ 12- 2 V2 TDS ≈ S × TDS 2 S S = f DS Bw 12-3 Neste caso, S representa a potência, de cada sinal espalhado, na entrada do receptor. Substituindo 12-3 e 12-2 em 12-1, resulta: Bw E fD ≥ b (m − 1) + N 0T Bw N 0 REQ 3 S a 02 12-4 A expressão 12-4 permite determinar a quantidade máxima de usuários que podem, simultaneamente, transmitir seu espectro espalhado e serem recebidos com uma qualidade especificada. m≤ 3a 02 Bw N Bw − 3 0T +1 S Eb f D N 0 REQ 12-5 Por outro lado tem-se: N 0T Bw = N T Onde N T vem a ser a potência do ruído térmico na entrada do receptor. Portanto: m≤ 3a 02 Bw N − 3 T +1 S E f D b N 0 REQ 12-6 Note-se que a quantidade máxima de usuários simultâneos também depende da relação sinal/ruído térmico na entrada do receptor. Essa quantidade máxima, de usuários simultâneos, cresce com o aumento de S . O máximo valor de m aconteceria, teoricamente, para S → ∞. Nessa situação teríamos como resultado: 3a 02 Bw m≤ +1 Eb f D N 0 REQ Controle de potência Em nossos cálculos partimos da hipótese de que todos os canais transmitidos chegam ao receptor com a mesma potência. É importante que isso aconteça. Vejamos porque. 182 Seja a recepção de p sinais espalhados. Por exemplo, se ( p-1 ) sinais chegassem a um receptor com o nível individual Eb 2 e um dos sinais chegasse com um nível nEb 2 , este último sinal equivaleria a um sinal transmitido por n usuários, em lugar de um único usuário. Isto acarretaria a diminuição efetiva do número máximo de usuários. Todos os sistemas que utilizam o acesso CDMA possuem controles de potência de transmissão que acarretam a igualdade de nível de todos os sinais espalhados que atingem a entrada de um receptor do sistema. TELEFONIA CELULAR COM ACESSO CDMA A fig. 12- 5 mostra o arranjo em que os telefones móveis se comunicam com a estação de rádio base (ERB) . Supondo que é permitida a comunicação simultânea de m usuários na célula, a ERB contém m transceptores. Todos os m telefones móveis transmitem em CDMA, usando a mesma portadora f1 . A rádio base transmite para todos os moveis usando a portadora f 2 . f2 ERB f1 f2 f2 f1 f1 Fig. 12-5 A transmissão da ERB para os móveis é chamada de transmissão forward. A transmissão dos móveis para a ERB é chamada de transmissão reversa. Todas as transmissões da ERB saem com a mesma potência. Portanto todos os canais chegam a cada móvel, também com potências iguais. Entretanto, Na transmissão reversa o problema é mais complicado. Se todos os móveis transmitissem com a mesma potência seria extremamente improvável que os sinais atingissem os receptores da ERB com potências iguais. As principais razões para isto são: - A distância de um móvel para a ERB depende de sua posição na célula. Distâncias diferentes acarretam atenuações diferentes entre o transmissor e o receptor. - Mesmo que dois móveis estivessem a uma mesma distância da ERB, mas em posições diferentes na célula, ainda assim é bem provável que as atenuações seriam diferentes. Isto se deve ao fato de que os multi-caminhos e os sombreamentos do sinal causados por edifícios e paredes seriam diferentes. O processo, para fazer com que os sinais dos móveis atinjam a ERB com potências iguais, usa dois tipos de controle simultâneos: 183 Controle de malha aberta - Quando um móvel recebe um sinal muito fraco da ERB ele conclui que existe uma grande atenuação de percurso e aumenta proporcionalmente sua potência de transmissão. Se, ao contrário, o sinal recebido, pelo móvel, é muito forte ele procede o ajuste, de sua potência de transmissão, em sentido contrário. Controle de malha fechada – O nível do sinal desespalhado é proporcional à sua potência na entrada do receptor da ERB. Todos os rádios da ERB procuram fazer com que o nível, do sinal desespalhado, fique igual a um valor fixo de referência. Quando o sinal fica acima desse nível de referência, seu transmissor envia, no sentido forward, uma mensagem de comando que faz com que o móvel diminua sua potência de transmissão. Da mesma forma , um nível abaixo do de referência acarreta um comando que faz com que o móvel aumente sua potência de transmissão. O primeiro sistema celular CDMA foi desenvolvido para a segunda geração de sistemas celulares. Ele foi especificado e desenvolvido nos Estados Unidos e recebeu a sigla provisória de CDMA IS-95. Atualmente ele é designado pelo nome CDMA ONE. Este sistema foi adotado por muitas operadoras americanas e do resto do mundo inclusive do Brasil. Neste sistema, os comandos para controle de potência dos terminais móveis, são enviados pela ERB 800 vezes por segundo. Como todos os receptores da ERB possuem o mesmo nível de referência, isto faz com que os sinais de todos os móveis da célula cheguem à ERB com potências iguais. O controle de malha aberta acarreta um ajuste grosso da potência do terminal móvel. O controle de malha fechada torna esse ajuste de potência mais preciso. Algumas peculiaridades do sistema celular CDMA ONE - - A largura de faixa ocupada pelo sinal espalhado é Bw = 1,23 MHz . Uma mesma freqüência portadora modulada pode ser usada em todas as células do sistema. Os dados, correspondentes ao sinal de voz codificado digitalmente, possuem a taxa digital de 9,6 kbit/s. Devido a uma eficiente codificação corretora de erros, o sistema trabalha até E com 10 log b = 7,5 dB. N 0 REQ A transmissão é ativada pela voz do usuário. Isto significa que somente quando o sinal de voz está presente o transmissor entra no ar. Cada ERB alimenta três setores da célula usando antenas diretivas. A seqüência de cada usuário é ortogonal com as outras seqüências do seu setor, dos outros dois setores da mesma ERB e dos setores das 170 ERB`s vizinhas. Relação entre sinal e o ruído térmico adotado para o CDMA ONE Um estudo e experimentos foram realizados para se chegar a um compromisso entre a interferência do ruído térmico e a interferência dos outros canais da ERB. Nesse estudo foram considerados a potência de transmissão do aparelho celular, o tamanho estatístico das células e a atenuação estatística do meio de propagação. Chegou-se a recomendação de que, no pior caso, a potência proveniente do aparelho móvel deve chegar na entrada do receptor da ERB 9 dB a baixo da potência do ruído térmico referido à entrada do receptor. 184 Portanto 10 log Ou S = −9 dB NT 10 log Resulta NT = 9 dB S 9 NT = 10 10 = 7,9 S Pela equação 2-6 tem-se: m≤ Ou m≤ 3a 02 Bw N − 3 T +1 S E f D b N 0 REQ 3a 02 Bw − 3 × 7,9 + 1 Eb f D N 0 REQ Ou m≤ 3a 02 Bw − 22,7 Eb f D N 0 REQ -------------------------------------------------------------------------------------------------------Exercício 12-1 Os transmissores dos aparelhos móveis do sistema CDMA ONE transmitem, individualmente, dados f D = 9,6 kbit / s . Esses dados são espalhados por uma seqüência de taxa f DS = 1,23 Mbit / s . Cada sinal espalhado chega, ao receptor da ERB com uma relação sinal ruído de – 9dB. Para se ter a qualidade aceitável de recepção E exige-se, também, que na pior situação, 10 log b = 7,5 dB . Considerando N 0 REQ a 0 = 0,82 , determinar o número máximo de usuários que podem transmitir simultaneamente com qualidade aceitável. Solução: Bw = 1,23 × 10 6 Hz 185 Eb N0 = 10 0, 75 ≈ 5,6 REQ m≤ 3 × 0,82 2 × 1,23 × 10 6 − 22,7 = 23,5 9,6 × 10 3 × 5,6 m ≤ 23,5 Como m deve ser um número inteiro, concluímos que, para se ter a qualidade da comunicação desejada, o número máximo de usuários simultâneos, será (m)MAX = 23 --------------------------------------------------------------------------------------------------------O exercício 12-1 fez-nos chegar ã conclusão que o sistema CDMA descrito tem a capacidade de transmissão de 23 canais de dados de 9,6 kbit/s em uma largura de faixa E de 1,23 MHz.. Entretanto, se nesse exercício tivéssemos utilizado 10log b = 6,5 N 0 REQ dB, o número máximo de usuários simultâneos passaria para 35. Isto significa que a quantidade máxima de canais de dados, em uma faixa de freqüências de operação, não é fixa como nos sistemas FDMA e TDMA. No CDMA, se for tolerada uma degradação da qualidade da comunicação, o número máximo de usuários, na faixa de freqüências de operação, pode ficar sensivelmente maior. Capacidade real do CDMA ONE Após a implantação comercial do CDMA ONE, verificou-se que a capacidade desse sistema, com qualidade aceitável, é menor do que os 23 canais de voz que determinamos no exercício 12-1. A prática tem demonstrado que uma freqüência portadora modulada em BPSK, espalhado em uma faixa de 1,23 MHz, consegue comportar, com a qualidade desejada , até 18 conversações simultâneas. A discrepância entre o valor prático e o teórico se deve a alguns fatores tais como: - Interferências provenientes dos sinais de outros setores e células vizinhos. - Imperfeição do controle de potência. - Variações estatísticas da propagação do sinal afetando a relação sinal/ruído térmico na entrada do receptor da ERB. Portanto, podemos dizer que a ERB, com seus três setores, comporta com segurança 54 conversações simultâneas. Por simplicidade diremos que a ERB trabalha com 54 canais por portadora CDMA. O sistema celular na faixa de 800 MHz trabalha em uma faixa de operação de 25 MHZ divididas em Bandas A e B. Na banda A cabem 8 portadoras CDMA ONE. Na banda B cabem 7 dessas portadoras. Um sistema que opera com 7 portadoras, na ERB, atinge a capacidade de 378 canais de voz por ERB. 186 13 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE TRÁFEGO E SUA APLICAÇÃO NA TELEFONIA CELULAR Tráfego oferecido Vamos supor que exista uma quantidade de canais disponíveis maior do que a quantidade de assinantes de uma determinada comunidade. Vamos supor, ainda, que registramos periodicamente a quantidade de canais ocupados. Por exemplo, realizamos uma medição a cada minuto.. Neste caso, esta quantidade de canais ocupados, em cada medida, é denominada tráfego instantâneo oferecido. Sua unidade é erlang. Exemplo: Se em uma determinada verificação constatamos a presença de 21 canais ocupados, teremos naquele instante, um tráfego instantâneo oferecido igual a 21 erlang. A fig. 13-1 mostra um exemplo de gráfico de medidas de tráfego instantâneo feitas a cada minuto, durante uma hora. QUANTIDADE DE CANAIS OCUPADOS ( ERLANG INSTANTÂNEO ) TRÁFEGO MÉDIO ( ERLANG ) 24 22 20 18 0 10 20 30 40 50 60 TEMPO [ MINUTOS ] Fig. 13-1 Tráfego médio oferecido durante uma hora Soma-se todas as medidas, de tráfego instantâneo, realizadas durante uma hora e dividese o resultado pela quantidade de medidas realizadas naquela hora. Exemplo: Durante uma hora foram feitas 60 medidas de tráfego instantâneo. Somando-se essas medidas resultou um total de 1250 erlang. Neste caso o tráfego médio oferecido durante aquela hora é dado por: A= 1250 ≈ 20,8 Erlang 60 187 Tráfego médio oferecido durante a hora de maior movimento de um determinado dia. É o maior valor do tráfego médio oferecido, durante o período de uma hora, no decorrer de um determinado dia. Normalmente este valor depende do dia da semana. Quando não se especifica o dia, subentende-se que se refere ao maior valor ocorrido durante a semana. O tráfego oferecido na hora de maior movimento depende, também, do mês em que foi determinado. Tráfego médio oferecido por um assinante. É o valor do tráfego médio, na hora de maior movimento, dividido pela quantidade de assinantes. Exemplo: Vamos supor que uma comunidade de 900 assinantes oferece um tráfego médio de 20,8 erlang na hora de maior movimento. Neste caso resulta: Aasin = 20,8 erlang erlang = 0,023 assinante 900 assinante Situação em que a quantidade de canais é menor do que a quantidade de assinantes da comunidade. Neste caso existe a probabilidade de que, em certos intervalos, todos os canais fiquem ocupados. As chamadas que ocorrerem, naqueles instantes de congestionamento, serão recusadas. Esta situação se chama bloqueio de chamadas. Em telefonia celular, dimensiona-se a quantidade de canais para que o bloqueio de chamadas não ultrapasse 2 %. Este dimensionamento é calculado com o uso da fórmula erlang B. A fórmula erlang B parte da hipótese de que o número de assinantes é muito maior do que o número de canais disponíveis. Isto, realmente, ocorre sempre na telefonia celular. Fórmula Erlang B Nas primeiras décadas do século 20, o engenheiro dinamarquês A. K. Erlang, utilizando cálculo de probabilidades, deduziu a formula que prevê o bloqueio de chamadas, partindo do tráfego oferecido pela comunidade e o número de canais disponíveis para essa operação. Esta fórmula obedece a expressão matemática: AC C! B= 2 A A3 AC 1 + A + + + .......... + 2! 3! C ! Nesta expressão tem-se: A = Tráfego médio oferecido, pela comunidade, na hora de maior movimento. C = Quantidade de canais de tráfego disponíveis. B = Bloqueio relativo de chamadas: 188 B= Chamadas recusadas Chamadas recusadas + chamadas aceitas ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ Exercício 13-1 Determinar o bloqueio relativo que acontece quando é oferecido um tráfego médio de 3 erlang a um sistema com 4 canais. Solução: A=3 C=4 34 4 × 3× 2 B= ≈ 0,2 20 % 32 33 34 1+ 3 + + + 2 3× 2 4 × 3× 2 ( ) Este resultado indica que, de cada 100 chamadas tentadas, na hora de maior movimento, 20 serão recusadas devida à ausência de canais de tráfego vagos, nos instantes de suas tentativas. --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Tabelamentos baseados na fórmula Erlang B Vamos repetir a fórmula Erlang B AC C ! B= A 2 A3 AC 1 + A + + + .......... + 2! 3! C ! Vemos que, quando se entra com os dados de tráfego médio e números de canais, a fórmula oferece diretamente o bloqueio relativo de chamadas. Entretanto, essa fórmula pode apresentar algumas dificuldades para o cálculo. Exemplos: - Supondo, que se tem um tráfego médio de 1000 erlang oferecido a 900 canais, A C 1000 900 um dos termos dessa expressão fica = . C! 900 ! A tentativa de realizar esta operação matemática com uma calculadora, ou mesmo com um microcomputador costuma acarretar over flow no dispositivo. - As vezes, tem-se se, como dados o tráfego oferecido e o bloqueio desejado. Deseja-se determinar a quantidade de canais que satisfaz esses dados. Outras vezes tem-se como dados o bloqueio desejado e o número de canais disponíveis. Deseja-se determinar qual o tráfego Maximo que pode ser oferecido para satisfazer esses dados. Nestes casos, seria necessário inverter algebricamente a 189 fórmula Erlang B. Isto seria extremamente difícil devida à necessidade de resolver equações de ordem C onde C é a quantidade de canais disponíveis. Lembremos, ainda que, que, no caso da determinação de C, teríamos a dificuldade adicional de que essa incógnita aparece na forma de fatoriais. Entretanto, os resultados provenientes da resolução dessa fórmula já estão tabelados e publicados em compêndios específicos que tratam de tráfego telefônico. No anexo A, desta apostila, estão cópias parciais dessas tabelas. Foram extraídas do livro Teoria de Tráfego Telefônico – Tabelas e Gráficos . Volume I; Siemens – AG. Editora Edgard Blücher. Nessas tabelas, pode-se entrar com os dois parâmetros disponíveis e obter o terceiro parâmetro que é o desejado. O autor desta apostila, por meio de um algoritmo de sua autoria, elaborou um programa, em Visual Basic, que substitui essas tabelas. O disquete desse programa, na forma executável, pode ser fornecido para ser copiado a quem se interessar. A tabela 13-1 corresponde a um pequeno trecho do tabelamento da fórmula Erlang B. Tabela 13 - 1 B 1,0 % 1,2 % 1,5 % 2% 3% 5% 7% C ............. ............. ............. ............. ............. ............ ............. ............. 16 8,88 9,11 9,41 9,83 10,5 11,5 12,4 17 9,65 9,89 10,2 10,7 11,4 12,5 13,4 18 10,4 10,7 11,0 11,5 12,2 13,4 14,3 19 11,2 11,5 11,8 12,3 13,1 14,3 15,3 20 12,0 12,3 12,7 13,2 14,0 15,2 16,3 ............. ............. .............. .............. ............. .............. .............. .............. Esta tabela fornece o tráfego médio A, a partir da quantidade de canais C e do bloqueio de chamadas especificado, B. --------------------------------------------------------------------------------------------------Exercício 13-2 Determinar qual o tráfego médio que pode ser oferecido a um sistema de 19 canais de tal modo que o bloqueio de chamadas seja 2 %. Solução: A tabela fornece, diretamente: A = 12,3 erlang ---------------------------------------------------------------------------------------------------------Exercício 13-3 Determinar a quantidade de canais necessários para se ter um bloqueio de 1,2 % quando o tráfego oferecido for 12,3 erlang. Solução: A tabela fornece diretamente: C = 20 canais ---------------------------------------------------------------------------------------- 190 APLICAÇÃO DOS CONCEITOS DE TRÁFEGO TELEFÔNICO NO PLANEJAMENTO DE UM SISTEMA DE TELEFONIA CELULAR. Determinação do tráfego médio que pode ser oferecido a uma ERB que trabalha com sete portadoras CDMA ONE. Vimos, no capítulo 12, que uma portadora CDMA ONE, cujo espectro do sinal ocupa a faixa de 1,23 MHz, fornece 18 canais no setor. Vamos supor que se deseja um bloqueio de chamadas não superior a 2 %. Neste caso, pela tabela 13-1, obtém-se: ( Asetor )1P = 11,5 erlang setor Como a ERB possui 3 setores, teremos o tráfego oferecido para cada uma delas: ( AERB )1P = 11,5 erlang × 3 setor = 34,5 setor ERB erlang ERB Para 7 portadoras teremos o tráfego oferecido: ( AERB )7 P = 34,5 × 7 ≈ 242 erlang ERB Determinação da quantidade máxima de assinantes que podem ser servidos por uma ERB que aceita o tráfego médio oferecido máximo igual a 242 erlang. Medidas estatísticas determinaram que o tráfego médio oferecido pelo assinante de telefonia celular é: Aas sin = 0,020 erlang as sin ante Portanto N as sin/ ERB = ( AERB )7 P Aas sin erlang ERB = 12.100 as sin = erlang ERB 0,020 as sin . 242 Determinação da quantidade mínima de ERB`s para prover serviço para uma quantidade m de assinantes. A quantidade máxima de assinantes por ERB resultou em 9680 assinantes. Este valor não deve ser ultrapassado, pois, se isto acontecesse, o bloqueio de chamadas ficaria maior do que 2 %. As regiões cobertas pela telefonia celular têm as mais diferentes densidades de assinantes. Por exemplo, a região rural tem muito menor densidade de assinantes do que o centro de uma cidade grande. A operadora, procura estabelecer a área de cobertura de cada ERB de modo a comportar o número máximo de assinantes sob sua cobertura. Desta .maneira, nos centros urbanos, a área de cobertura de, cada 191 ERB, é bem menor que a área de cobertura das ERB’s situadas em zona rural. Apesar disto, existem muitas ERB’s que não atingem o número máximo de assinantes. Daí resulta um número médio de assinantes por ERB. Este valor médio é um dado importante para o cálculo da quantidade de ERB’s para servir uma determinada população de assinantes. Algumas operadoras utilizam um fator de 0,7 para relacionar o número médio com o valor máximo de assinantes por ERB. Em nosso exemplo resultaria: N as sin/ ERB = 0,7 × 12.100 = 8470 as sin . ERB Supondo que a operadora quer servir m assinantes celulares, a quantidade de ERB’s que devem ser implantadas fica: QE = m N as sin/ ERB Seja, por exemplo, um planejamento de implantação de telefonia celular para 3 milhões de assinantes. Neste caso tem-se: m = 3.000.000. Resulta: 3.000.000 as sin ante ≈ 354 ERB as sin ante 8470 ERB Entretanto, sempre vai existir uma certa quantidade de ERB’s, que são necessárias para cobrir toda a região de operação, mas que terão uma quantidade bem menor de assinantes do que os 8470 que calculamos. Isto acarretará um número total de ERB’s maior do que as 354 que resultaram de nosso cálculo. No planejamento da implantação, as operadoras costumam usar um fator de segurança multiplicando por 1,3 a quantidade de ERB’s determinadas pelo nosso cálculo. QE = Dessa maneira teríamos: Q E = 354 × 1,3 ≈ 460 ERB 192 14 – CONSIDERAÇÕES SOBRE A PROPAGAÇÃO DE SINAL NO AMBIENTE CELULAR Diferenças básicas entre a propagação de espaço livre e a do ambiente celular. Propagação no espaço livre Vimos que, no espaço livre, partindo de uma potência transmitida chega-se a potência recebida por meio da expressão: 2 λ Pr = PT Gb G m 4πd 14-1 Nesta expressão tem-se: PT = potência transmitida Pr = potência recebida d = distância entre o transmissor e o receptor λ = comprimento de onda Gb ; Gm = ganho das antenas. Podemos notar que a potência, do sinal recebido, decresce com o quadrado da distância entre o transmissor e o receptor. Isto equivale a dizer que o sinal recebido decresce de 6 dB cada vez que se dobra a distância entre o transmissor e o receptor. Propagação próxima ao solo em terreno plano e horizontal A fig. 14-1 mostra que, na propagação entre ERB e terminal de usuário, não se consegue desobstruir o elipsóide de Fresnell. Portanto a propagação sempre chega ao receptor pelo menos com uma reflexão no solo. Fig. 14-1 A fig. 14-2 mostra uma situação em que um feixe de sinal caminha direto para o receptor e um segundo feixe sofre reflexão em um solo horizontal. 193 θ Fig. 14-2 Neste caso o sinal, que se reflete no solo, compõe-se, subtrativamente com o sinal direto. Disto resulta uma diminuição da intensidade do sinal recebido. Quando a distância entre o transmissor e o receptor for suficientemente grande, tal que se tenha θ ≤ 10 , então a propagação do sinal segue a expressão: 2 h h Pr ≈ PT b 2m Gb G m 14-2 d Nesta expressão, hb representa a altura onde se encontra a antena da ERB e hm é a altura da antena do terminal móvel. Ver fig. 14-3. hb θ hm d Fig. 14-3 O ângulo θ fica menor do que 1 grau quando d > 70hb . Podemos notar que: - A potência recebida passa a depender do quadrado das alturas das antenas. - A potência, do sinal recebido, passa a ser inversamente proporcional à distância elevada à quarta potência. Nessa situação, o sinal cai 12 dB cada vez que a distância, do transmissor ao receptor, dobra. Podemos concluir que, quando o móvel se afasta da ERB, inicialmente a potência do sinal cai 6 dB cada vez que dobra a distância. A partir de uma determinada distância, o nível do sinal passa a cair 12 dB toda vez que a distância duplica. Para uma antena de 30 metros de altura, esse ponto de transição acontece a uma distância em torno de 2 km. Ver fig. 14-4. 194 Pr hb = 30 m 0,1 0,2 1 2 10 d [km] Fig. 14-4 Altura efetiva da antena da ERB quando o terreno é inclinado. Método de Lee. O engenheiro Wlilliam Y. C. Lee, quando trabalhava com propagação celular, no Bell Labs, idealizou e comprovou um método para estender a validade da fórmula 14-2 para os casos de terrenos inclinados. É a introdução da altura efetiva da antena. Quando o terreno, entre a ERB e o terminal móvel é plano, a altura efetiva da antena é igual a sua altura física. Quando o terreno é inclinado, essa altura efetiva se modifica e é necessária a sua determinação. Para isto, faz-se o prolongamento, do plano onde se encontra o terminal móvel, até a posição em que a ERB está situada. Com isto, obtémse a intercessão, desse plano, com a linha vertical que passa pela antena da ERB. A altura efetiva corresponde à distância vertical dessa antena até aquele ponto de intercessão. A fig. 14-5 mostra essa determinação para o caso de terreno em aclive. Nesta situação, resulta uma altura efetiva, da antena da ERB, maior do que a sua altura física. hb Fig. 14-5 A fig. 14-5 mostra o arranjo para a obtenção da altura efetiva quando se tem terreno em declive 195 A fig. 14-6 mostra o arranjo para a obtenção da altura efetiva quando se tem terreno em declive. hb Fig. 14- 6 Observe-se que, nesta situação, a altura efetiva da antena é menor do que sua altura física. A fórmula 14-2 continua sendo, aproximadamente válida desde que o parâmetro hb represente a altura efetiva da antena da ERB e não sua altura física. È importante frisar que existem outros fatores que podem aumentar ou diminuir a atenuação em realação ao resultado calculado pela fórmula 14-2. A atenuação fornecida, por essa fórmula, deve ser encarada como sendo um valor médio entre os valores comprovados por meio de medidas e processamento estatístico. Atenuação do sinal por influência da ocupação imobiliária da região. Podemos classificar as regiões em três tipos básicos: - Área aberta Área suburbana Área urbana A fórmula 14-2 vale, aproximadamente, para região aberta, tal como as existentes na zona rural. Quando há construções, passa a existir sombreamentos e reflexões adicionais, que acarretam maior atenuação média a uma determinada distância do transmissor. Nesses casos, a fórmula 14-2 tem pouca utilidade, por se basear em um modelo totalmente diferente da situação real. Na literatura técnica que trata da propagação do sinal no ambiente celular, encontram-se gráficos e ábacos que permitem estimar o valor médio e desvio padrão da atenuação do sinal em dependência do tipo de região. Essas informações são baseadas em medidas reais realizadas, principalmente, em cidades como Nova York, Philadelphia, Tóquio, Paris, Estocolmo, Montreal, etc. Essas medidas abrangeram as zonas urbanas e suburbanas. Nota-se que existem poucas discrepâncias de resultados. Praticamente todas chegaram à conclusão, por exemplo, que o desvio padrão em relação às médias obtidas, é da ordem de 8 dB. Baseando-se nessas medidas, o engenheiro japonês M. Hirata desenvolveu algumas fórmulas empíricas para a previsão da atenuação média do sinal nas zonas urbanas, 196 suburbanas e rurais. Houve outras contribuições posteriores, principalmente, de J. Walfish e F. Ikegami. Finalmente, as fórmulas foram aperfeiçoadas por uma comissão técnica, da União Européia, denominada COST 231 e publicadas pela UIT. Atualmente a maioria dos projetos de implantação de telefonia celular se baseiam nas informações dessa publicação. A comissão COST 231 subdividiu as regiões urbanas em urbanas normais e urbanas densas. Em ambos os casos, supõe-se que essas zonas urbanas possuem uma porcentagem razoável de edifícios altos. As urbanas normais são aquelas que caracterizam a parte central de cidades de tamanho médio. Poderíamos dizer, por exemplo, que a parte central da cidade de Campinas se enquadra nessa classificação. A parte central de São Paulo ou Nova York,por exemplo, podem ser consideradas áreas urbanas densas. Fórmulas COST 231 para áreas urbanas normais e urbanas densas. 10 log PR = 10 log PT + G B + G R − C1 − C 2 log f + 13,82 log hb + + a (hm ) − [44,9 − 6,55 log hb ]log d − C 0 PR = Potência recebida, em miliwatt, na entrada da antena do receptor. PT = Potência transmitida em miliwatt entregue à antena do transmissor G B = Ganho em dB da antena do transmissor GR = Ganho em dB da antena do receptor (30m < hm < 200m ) f = Freqüência em MHz (1km < d < 20km ) d = Distância em km hb = Altura efetiva da antena da ERB em metros (30m < hb < 200m ) hm = Altura da antena do terminal móvel. C1 = 69,55 para 150 MHz ≤ f ≤ 1.000 MHz C1 = 46,3 para 1500 MHz ≤ f ≤ 2.000 MHz C 2 = 26,16 para 150 MHz ≤ f ≤ 1.000 MHz C 2 = 33,9 para 1500 MHz ≤ f ≤ 2.000 MHz C 0 = 0 dB para área urbana normal. C 0 = 3 dB para área urbana densa. Valores de a(hm ) Região urbana normal: a (hm ) = [1,1 log f − 0,7 ]hm − 1,56 log f − 0,8 Região urbana densa 197 (1m < hm < 10m ) ( faixa celular) (faixa PCS) ( faixa celular) (faixa PCS) 2 a (hm ) = 3,2[log(11,75hm )] − 4,97 Fórmula Cost 231 para áreas suburbanas Parte-se do valor da potência recebida em uma área urbana normal e aplica-se a fórmula: 2 f Pr (suburbana ) = Pr (urbana ) + 2 log + 5,4 28 Fórmula Cost 231 para áreas rurais Parte-se do valor da potência recebida em uma área urbana normal e aplica-se a fórmula: 2 Pr (rural ) = Pr (urbana ) + 4,78(log f ) − 18,33 log f + 40,94 -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Exercício 14 - 1 Um terminal móvel operando em uma área urbana densa, transmite a potência 27 dBm . O ganho de sua antena é 0 dB. O ganho da antena receptora da ERB é de 10 dB. Determinar a distância máxima que ele pode se afastar da ERB para que a comunicação ainda ocorra com qualidade aceitável. Dados: Para o CDMA IS95, o a potência mais baixa de recepção não deve ser menor que - 100dBm. hm = 1,5 m hb = 30 m f = 850 MHz .Resposta: d = 1,7 km. ------------------------------------------------------------------------------------------------Propagação indoor Muitos trabalhos, incluindo teses de mestrado e doutorado, foram publicados a respeito de medições da propagação dentro de prédios e edifícios. Os resultados, na maioria das vezes, não se reproduzem se forem repetidas as medições em ambientes um pouco diferentes daqueles onde se realizaram as medidas e conclusões divulgadas. Portanto , podemos afirmar, que não existe um método seguro de previsão de intensidades de sinal em uma transmissão indoor. Apenas alguns resultados relacionados com a propagação de fora para dentro de um prédio são, realmente úteis para o planejamento de implantação ou expansão de um sistema de telefonia celular. A atenuação provocada por uma janela de madeira é desprezível. Já as paredes de madeira das casas típicas dos americanos, por possuírem revestimento interno de estuque, podem provocar atenuações da ordem de 5 dB. Paredes de alvenaria, como possuem as casas típicas de sul americanos e europeus, podem atingir a atenuação de 10 dB. Paredes de cimento armado com ferragens internas podem produzir atenuações de até 15 dB. Estas informações são úteis para o dimensionamento da área de cobertura de uma célula. 198 15 - MODULAÇÃO ORTOGONAL Vimos que, para a demodulação BPSK, é necessário utilizar a mesma freqüência e fase da portadora que foi utilizada no transmissor. Este tipo de demodulação se chama demodulação coerente. Ver Fig. 15-1. O processo de regeneração da portadora pode ser realizado enviando-se uma amostra da portadora ou processando-se diretamente o sinal recebido por meio de não linearidade ou utilizando o Costas Loop. e2 (t) = x(t) cos ω 0 t FILTRO x (t ) + N (t ) REGENER. DIGITAL P. BAIXAS 2 . cos ω 0 t D (t ) Fig. 15-1 Entretanto, a regeneração da portadora, diretamente pelo processamento do sinal recebido, pode produzir resultados não satisfatórios quando a comunicação está sujeita a interferências e desvanecimentos rápidos como, por exemplo, aqueles provocados por multi-percursos do sinal transmitido. Em aplicações em um meio de transmissão hostil, muitas vezes se torna mais vantajosa a utilização da demodulação incoerente. Neste caso, a demodulação é correta mesmo que a portadora, utilizada no receptor, possua defasagem ou, até mesmo, um pequeno erro de freqüência em relação à portadora proveniente do transmissor. Ver Fig. 15-2. e2 (t) = x(t) cos ω 0 t x ( t ) + N (t ) DEMODUL. REGENER. DIGITAL INCOERENTE 2. cos(ω 0 + ∆ω ) t D (t ) Fig. 15-2 Em condições boas de propagação, a demodulação incoerente necessita aproximadamente 1 dB a mais de potência para resultar taxas de erros da mesma ordem de grandeza da demodulação coerente. Para se conseguir a demodulação incoerente, é necessário modificar o processo de modulação no transmissor. Adota-se a modulação ortogonal. A modulação ortogonal é um processo particular de comunicação BPSK de espectro espalhado. Para entender o processo deveremos estudar mais alguns tópicos ainda não tratados no curso. 199 Matrizes de Hadammard Lei de formação: 21 = 2 Ordem Ordem 22 = 4 Ordem 2N Onde H é uma matriz de ordem 2 N −1 gerada, recursivamente, da mesma maneira em relação à ordem precedente. Cada linha da matriz é uma palavra binária conhecida como Walsh. Essas palavras são designadas pelas notações: W0 , W1 , W2 , etc. Desta maneira, a matriz de ordem 4 produz as seqüências: W0 = W1 = W2 = W3 = +1 +1 +1 +1 +1 -1 +1 -1 +1 +1 -1 -1 +1 -1 -1 +1 Quando uma palavra deste tipo é descarregada de uma memória, por meio de um relógio, dizemos que foi produzida uma seqüência Walsh. Com exceção de W0 , todas as demais seqüências são balanceadas, isto é, têm a mesma quantidade de +1 e -1. Isto significa que sua média é nula. Propriedades das seqüências Walsh 1 – Cada seqüência é ortogonal com qualquer outra da matriz desde que sejam mantidas as fases determinadas pela matriz de Hadammard. Lembremos que quando duas seqüências são ortogonais, o produto bit a bit gera uma terceira seqüência de propriedades semelhantes, ou seja, com média nula.. Exemplo: Verificação da ortogonalidade entre duas seqüências de ordem 4. 200 Repare-se que são geradas seqüências balanceadas. Os produtos possíveis são: W0 × W1 = W0 × W2 = W0 × W3 = W1 × W2 = W1 × W3 = W 2 × W3 = +1 +1 +1 +1 +1 +1 -1 +1 -1 -1 +1 -1 +1 -1 -1 -1 -1 +1 -1 -1 +1 +1 -1 -1 Observe-se que o produto de duas seqüências Walsh gera uma terceira seqüência Walsh Disto resulta a situação mostrada no esquema da fig. 15-3 W p ×Wq +1 +1 -1 seqûência Wp seqûência W pq -1 +1 -1 seqûência Wq Fig. 15-3 Portanto, concluímos que: W p × Wq = W pq Entretanto, é necessário que as duas seqüências de entrada devem manter a fase relativa determinada pela matriz de Hadammard.. 2 - Ao contrário do que acontece com as seqüências de máximo comprimento, cada seqüência Walsh não é ortogonal com ela mesma quando houver alguma defasagem entre si. Portanto, elas não servem para aquisição de sincronismo entre a seqüência de transmissão e a de recepção. 201 3 – O produto de qualquer seqüência Walsh, por ela mesma em fase, gera uma seqüência contendo apenas bits +1 . Isto é o mesmo que dizer que foi produzido o valor constante +1. Ver fig. 15-4. seqûência Wp W p ×W p = + 1 +1 0 +1 -1 +1 -1 seqûência Wp Fig. 15-4 Podemos concluir que: Wp ×Wp = 1 Entretanto, é bom lembrar que as duas seqüências de entrada devem manter a fase relativa determinada pela matriz de Hadammard. Substituição dos dados por seqüências Walsh. Divide-se a mensagem digital em blocos de p bits. Portanto existem 2 p blocos diferentes. Se utilizarmos uma matriz de Hadammarr de ordem 2 p , teremos, também 2 p Palavras Walsh diferentes. A modulação ortogonal consiste em substituir cada bloco de mensagem de p bits por uma específica palavra Walsh, esta palavra é transmitida na forma de uma modulação BPSK em espectro espalhado. Exemplo: - Seja o modulador ortogonal de ordem 2 6 = 64 . Neste caso, substitui-se cada bloco de seis bits da mensagem por uma das linhas da matriz de Hadammard de ordem 64. Normalmente, convenciona-se que a ordem da Walsh é igual ao valor numérico da palavra de entrada. Assim, por exemplo, se o bloco de entrada corresponder ao valor numérico 9, a saída será a W9 . Ver fig. 15-5 6 BITS 0 0 1 0 0 1 VALOR NUMÉRICO = 9 TABELA DE SEQÜÊNCIAS 64 bits 010101011010.........1010 WALSH 9 WALSH Fig. 15-5 202 Estas substituições são realizadas em tempo real, isto é, à medida que os dados entram no dispositivo, são produzidas as seqüências na saída. Em nosso exemplo, se a taxa de dados de entrada for f D , a taxa de saída será fW = 64 f D ≈ 10,67 × f D 6 A seguir, as seqüências produzidas são transmitidas na forma de um BPSK espalhado por uma seqüência S, de máximo comprimento, com taxa muito maior do que f W . Vamos tomar como exemplo a transmissão de uma Walsh de ordem 9. Ver fig. 15-6 W9× S× cos ω 0t W9 × S W9 ω0 cos ω 0t S Fig. 15-6 Esquema de recepção No receptor, a primeira operação consiste em desespalhar o sinal recebido. Para isto, o sinal W9 × S × cos ω 0 t é multiplicado pela seqüênciar S gerada localmente. Supondo que já houve aquisição de sincronismo entre a seqüência S do sinal recebido com a seqüência S local, resulta: W9 × S × S × cos ω 0 t = W9 × 1 × cos ω 0 t = W9 cos ω 0 t Ver Fig. 15-7 W9 cos ω 0 t W9 × S × cos ω 0 t ω0 ω0 S Fig. 15-7 Demodulação do sinal W9 cos ω 0 t Este sinal é entregue a um demodulador. Ver fig. 15-8. 203 2 fW W9 cos ∆ωt 0 W9 cos ω 0t 2 cos(ω 0 + ∆ω )t fW GERADOR − 900 ω0 2 fW 2 sen(ω 0 + ∆ω )t W sen ∆ωt 9 0 fW Fig. 15-8 Este dispositivo é um demodulador em quadratura que contém um oscilador a cristal que oscila na freqüência, mais próxima possível, da portadora ω 0 do sinal recebido. O erro ∆ω = 2π∆f deve ser pequeno, de tal modo que ∆f não ultrapasse ± 100 Hz , ou seja: − 100 Hz ≤ ∆f ≤ 100 Hz Este demodulador produz duas saídas: e I = W9 cos ∆ωt e eQ = W9 sen ∆ωt O espectro destes sinais tem a forma distribuída (sem componentes discretas) tendo a densidade espectral aspecto aproximado mostrado na fig. 15-9 2 Eb 0 2 fW fW 3 fW Fig. 15-9 Banco de correlatores I O sinal e I = W9 cos ∆ωt é entregue a um banco de correlatores com 64 linhas de processamento. Chamaremos de correlatores I. Em cada linha o sinal é multiplicado por uma determinada Walsh. Ver Fig. 15-10. Podem ocorrer duas situações específicas: Caso (a) O sinal e I = W9 cos ∆ωt é multiplicado por W p onde p ≠ 9 . Resulta: 204 W pW9 cos ∆ωt = W p 9 cos ∆ωt e fW 0 I −0 2 ( ) ≈ 0v ≈ 0v W0−9 cos ∆ωt W0 W9 cos ∆ωt 0 ( )2 fW cos ∆ωt W9 0 W63 I-0 e I −9 I-9 cos 2 ∆ωt fW 2 ( ) ≈ 0v W63−9 cos ∆ωt eI −63 ≈ 0v I - 63 Fig. 15-10 Podemos concluir que o sinal permanece tão distribuído quanto o da entrada. A seguir, este sinal resultante, passa por um filtro passa baixas que corta em 100 Hz. Na saída do filtro resta apenas uma quase insignificante parcela do espectro do sinal de entrada. Portando, no domínio do tempo a amplitude máxima deste sinal é aproximadamente nula. Vamos verificar , de uma maneira aproximada, esta afirmação. Vamos supor que a taxa dos dados originais seja: f D = 10 kHz Neste caso, a taxa da Walsh fica: 64 × 10 kHz ≈ 106,7 kHz 6 O valor máximo da densidade espectral do sinal W p 9 cos ∆ωt é dado por: fW = S ( f ) ≈ 2 E b = 2 × 12 × TW onde 205 TW = 1 fW Ou S( f ) ≈ 2 × 12 2 = fW fW Como o filtro corta em f c = 100 Hz , teremos, aproximadamente, a potência de saída: 2f 2 × 100 P0 ≈ S ( f ) × f c = c = ≈ 1,9 × 10 −3 Watt fW 106,7 × 10 3 A tensão correspondente é: v = P0 = 4,3 × 10 −2 volt A operação final nesta linha do correlator é a elevação ao quadrado do sinal produzido. eI − p = a2 v 2 Vamos adotar o coeficiente a 2 = 1 volt −1 Neste caso: ( e I − p = 1 × v 2 = 1 × 4,3 × 10 −2 Aqui comprovamos que e I − p ≈ 0 para ) 2 = 1,9 × 10 −3 volt p≠9 Caso (b) O sinal W9 cos ∆ωt é multiplicado por W p 9 , onde p = 9. Neste caso resulta o sinal: W9W9 cos ∆ωt = cos ∆ωt Nota-se que resultou uma componente discreta com amplitude v = 1 volt e freqüência menor do que 100 Hz. Portanto, este sinal consegue passar pelo filtro passa baixas. Ao ser elevado ao quadrado, resulta: e I − p = a 2 × 12 cos 2 ∆ωt = 1 × 12 cos 2 ∆ωt = cos 2 ∆ωt Ou e I − p = cos 2 ∆ωt para p = 9 Banco de correlatores Q O sinal W9 sen ∆ωt é entregue a outro banco de correlatores com 64 linhas de processamento. Chamaremos de correlatores Q. Em cada linha o sinal é multiplicado por uma determinada Walsh. Ver Fig. 15-11. Aqui, também, podem ocorrer duas situações específicas: Caso (a) O sinal W9 sen ∆ωt é multiplicado por W p onde p ≠ 9 . Neste caso resulta 206 eQ 2 = W pW9 sen ∆ωt = W p 9 sen ∆ωt e fW 0 Q −0 2 ( ) ≈ 0v ≈ 0v W0−9 sen ∆ωt W0 W9 sen ∆ωt 0 Q-0 ( )2 fW sen ∆ωt W9 fW 0 2 ( ) ≈ 0v W63−9 sen ∆ωt W63 eQ−9 Q-9 sen 2 ∆ωt eQ −63 Q - 63 ≈ 0v Fig. 15-11 Neste caso o sinal permanece distribuído. Tal como aconteceu no correlator I, o sinal passa por um filtro passa baixas que corta em 100 Hz. Na saída do filtro resta apenas uma quase insignificante parcela do espectro do sinal de entrada. Portando, no domínio do tempo a amplitude máxima deste sinal é aproximadamente nula. A operação final nesta linha do correlator é a elevação ao quadrado do sinal produzido. Naturalmente, resulta um nível, também, aproximadamente nulo, ou seja: eQ − p ≈ 0 para p ≠ 9 Caso (b) O sinal W9 sen ∆ωt é multiplicado por W p 9 , onde p = 9. Neste caso resulta: e I 2 = W9W9 sen ∆ωt = 1 × sen ∆ωt Nota-se que resultou uma componente discreta com amplitude v = 1 volt e freqüência menor do que 100 Hz. Portanto, este sinal passa pelo filtro passa baixas e é elevado ao quadrado. Resulta: e I − p = a 2 × 12 sen 2 ∆ωt = 1 × 12 sen 2 ∆ωt Ou e I − p = sen 2 ∆ωt 207 para p = 9 Reconversão da linha Walsh de 64 bits para a palavra de 6 bits correspondendo aos dados transmitidos Cada sinal e I − p é somado ao sinal eQ − p e, o resultado, é entregue a uma das 64 entradas específicas de uma matriz de conversão. Ver Fig. 15-12 I-0 Q-0 I-9 Q-9 I - 63 Q - 63 ≈ 0v ≈ 0v ≈ 0v cos 2 ∆ωt sen 2 ∆ωt 0 MATRIZ DE CONVERSÃO 1v 001001 9 SAÍDA ≈ 0v ≈ 0v ≈ 0v 63 relógio de leitura Fig. 15-12 Em nosso exemplo, resulta: Sessenta e três situações em que essa soma é, aproximadamente, nula: e I2− p + eQ2 − p ≈ 0 + 0 = 0 para p ≈ 9 Apenas uma situação em que a soma é igual a 1, pois: e I2− p + eQ2 − p = cos 2 ∆ω + sen 2 ∆ω = 1 para p=9 A matriz de conversão nada mais é do que uma memória Rom onde estão gravadas as 64 palavras de 6 bits correspondentes aos dados de informação. A presença do estado “1” na entrada 9, faz com que o relógio de leitura descarregue a palavra de valor numérico 9, que, como vimos, é o mesmo dado original da transmissão. 208 APÊNDICE A Efeito de um tom interferente próximo a um sinal modulado em freqüência (FM) Um sinal FM obedece à expressão: ec = A cos[ω c t + φ (t )] A-1 Este sinal ocupa uma largura de faixa Bw. Vamos supor que, dentro desta largura de faixa, existe um sinal interferente. Para simplificar a análise dessa situação, vamos supor um caso em que o sinal interferente é uma freqüência sem modulação, cuja amplitude é bem menor do que a amplitude do sinal FM interferido: e I = I cos(ω c + ∆ω )t onde ∆ω << Bw 2 e I I << A → << 1 A A fig. A-1 mostra a composição vetorial dos sinais mencionados. C I ∆ωt − φ (t ) φI A ωt + φ (t ) Fig. A-1 Para facilitar a notação vamos chamar: ∆ωt − φ (t ) = γ Determinação da amplitude instantânea do sinal composto: 1 C= ( A + I cos γ )2 + (I sen γ )2 = 2 I2 I A 2 + I 2 + 2 AI cos γ = A1 + 2 + 2 cos γ A A 209 Para I << 1 fica: A I C ≈ A1 + cos γ A Determinação do acréscimo interferente na fase instantânea: I sen γ φ I = tg A + I cos γ −1 Para I sen γ −1 A = tg 1 + I cos γ A I << 1 tem-se: A I A φ I = tg −1 sen γ ≈ I sen γ A Portanto, o sinal modulado fica: I I ec ≈ A1 + cos γ cos ω c t + φ (t ) + sen γ A A Os demoduladores de freqüência são insensíveis a variações de amplitude do sinal. Portanto, tudo se passa como se o sinal a ser demodulado obedecesse à expressão: I ec ≈ B cos ω c t + φ (t ) + sen γ A Substituindo o γ , pela sua expressão matemática, resulta: I ec ≈ B cosω c t + φ (t ) + sen[∆ωt − φ (t )] A A-2 Comparando as expressões A-2 e A-1 podemos verificar a modificação provocada, na informação modulante, pelo tom interferente. 210 APÊNDICE B TABELAS PARCIAIS DE ERLANG B 211 B 1% 1,2% 1,5% 2% 3% 5% 7% 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 0,010 0,153 0,455 0,869 1,36 1,91 2,50 3,13 3,78 4,46 5,16 5,88 6,61 7,35 8,11 8,88 9,65 10,4 11,2 12,0 12,8 13,7 14,5 15,3 16,1 17,0 17,8 18,6 19,5 20,3 21,2 22,0 22,9 23,8 24,6 25,5 26,4 27,3 28,1 29,5 29,9 0,012 0,168 0,489 0,922 1,43 2,00 2,60 3,25 3,92 4,61 5,32 6,05 6,80 7,56 8,33 9,11 9,89 10,7 11,5 12,3 13,1 14,0 14,8 15,6 16,5 17,3 18,2 19,0 19,9 20,7 21,6 22,5 23,3 24,2 25,1 26,0 26,8 27,7 28,6 29,5 30,4 0,015 0,190 0,535 0,992 1,52 2,11 2,74 3,40 4,09 4,81 5,54 6,29 7,05 7,82 8,61 9,41 10,2 11,0 11,8 12,7 13,5 14,3 15,2 16,0 16,9 17,8 18,6 19,5 20,4 21,2 22,1 23,0 23,9 24,8 25,6 26,5 27,4 28,3 29,2 30,1 31,0 0,020 0,223 0,602 1,09 1,66 2,28 2,94 3,63 4,34 5,08 5,84 6,61 7,40 8,20 9,01 9,83 10,7 11,5 12,3 13,2 14,0 14,9 15,8 16,6 17,5 18,4 19,3 20,2 21,0 21,9 22,8 23,7 24,6 25,5 26,4 27,3 28,3 29,2 30,1 31,0 31,9 0,031 0,282 0,715 1,26 1,88 2,54 3,25 3,99 4,75 5,53 6,33 7,14 7,97 8,80 9,65 10,5 11,4 12,2 13,1 14,0 14,9 15,8 16,7 17,6 18,5 19,4 20,3 21,2 22,1 23,1 24,0 24,9 25,8 26,8 27,7 28,6 29,6 30,5 31,5 32,4 33,4 0,053 0,381 0,899 1,52 2,22 2,96 3,74 4,54 5,37 6,22 7,08 7,95 8,83 9,73 10,6 11,5 12,5 13,4 14,3 15,2 16,2 17,1 18,1 19,0 20,0 20,9 21,9 22,9 23,8 24,8 25,8 26,7 27,7 28,7 29,7 30,7 31,6 32,6 33,6 34,6 35,6 0,075 0.470 1,06 1,75 2,50 3,30 4,14 5,00 5,88 6,78 7,69 8,61 9,54 10,5 11,4 12,4 13,4 14,3 15,3 16,3 17,3 18,2 19,2 20,2 21,2 22,2 23,2 24,2 25,2 26,2 27,2 28,2 29,3 30,3 31,3 32,4 33,3 34,4 35,4 36,4 37,4 42 43 44 45 30,8 31,7 32,5 33,4 31,3 32,2 33,1 34,0 31,9 32,8 33,7 34,6 32,8 33,8 34,7 35,6 34,3 35,3 36,2 37,2 36,6 37,6 38,6 39,6 38,4 39,5 40,5 41,5 C 212 B 1% 1,2% 1,5% 2% 3% 5% 7% 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 34,3 35,2 36,1 37,0 37,9 38,8 39,7 40,6 41,5 42,4 43,3 44,2 45,1 46,0 46,9 47,9 48,8 49,7 50,6 51,5 52,4 53,4 54,3 55,2 56,1 57,0 58,0 58,9 59,8 60,7 61,7 62,6 63,5 64,4 65,4 66,3 67,2 68,2 69,1 70,0 70,9 34,9 35,8 36,7 37,6 38,5 39,4 40,3 41,2 42,1 43,0 43,9 44,8 45,8 46,7 47,6 48,5 49,4 50,4 51,3 52,2 53,1 54,1 55,0 55,9 56,8 57,8 58,7 59,6 60,6 61,5 62,4 63,4 64,3 65,2 66,2 67,1 68,0 69,0 69,9 70,9 71,8 35,6 36,5 37,4 38,3 39,2 40,1 41,0 42,0 42,9 43,8 44,7 45,7 46,6 47,5 48,4 49,4 50,3 51,2 52,2 53,1 54,0 55,0 55,9 56,9 57,8 58,7 59,7 60,6 61,6 62,5 63,4 64,4 65,3 66,3 67,2 68,2 69,1 70,1 71,0 71,9 72,9 36,5 37,5 38,4 39,3 40,3 41,2 42,1 43,1 44,0 44,9 45,9 46,8 47,8 48,7 49,6 50,6 51,5 52,5 53,4 54,4 55,3 56,3 57,2 58,2 59,1 60,1 61,0 62,0 62,9 63,9 64,9 65,8 66,8 67,7 68,7 69,6 70.6 71,6 72,5 73,5 74,5 38,1 39,1 40,0 41,0 41,9 42,9 43,9 44,8 45,8 46,7 47,7 48,7 49,6 50,6 51,6 52,5 53,5 54,5 55,4 56,4 57,4 58,4 59,3 60,3 61,3 62,3 63,2 64,2 65,2 66,2 67,2 68,1 69,1 70,1 71,1 72,1 73,0 74,0 75,0 76,0 77,0 40,5 41,5 42,5 43,5 44,5 45,5 46,5 47,5 48,5 49,5 50,5 51,5 52,6 53,6 54,6 55,6 56,6 57,6 58,6 59,6 60,6 61,6 62,6 63,7 64,7 65,7 66,7 67,7 68,7 69,7 70,8 71,8 72,8 73,8 74,8 75,8 76,9 77,9 78,9 79,9 80,9 42,6 43,6 44,6 45,7 46,7 47,7 48,8 49,8 50,8 51,9 52,9 53,9 55,0 56,0 57,1 58,1 59,1 60,2 61,2 62,3 63,3 64,4 65,4 66,4 67,5 68,5 69,6 70,6 71,7 72,7 73,8 74,8 75,9 76,9 78,0 79,0 80,1 81,1 82,2 83,2 84,3 87 88 89 90 71,9 72,8 73,7 74,7 72,7 73,7 74,6 75,6 73,8 74,8 75,7 76,7 75,4 76,4 77,3 78,3 78,0 78,9 79,9 80,9 82,0 83,0 84,0 85,0 85,3 86,4 87,4 88,5 C 213 B 1% 1,2% 1,5% 2% 3% 5% 7% 76,6 78,4 80,3 82,2 84,1 85,9 87,8 89,7 91,6 93,5 95,4 97,3 99,2 101,1 103,0 104,9 106,8 108,7 110,6 112,5 114,4 116,3 118,2 120,1 122,0 123,9 125,8 127,7 129,7 131,6 133,5 135,4 137,3 139,2 141,2 143,1 145,0 146,9 148,9 150,8 152,7 154,6 156,6 158,5 160,4 77,4 79,3 81,2 83,1 85,0 86,9 88,8 90,7 92,6 94,5 96,4 98,3 100,2 102,1 104,0 105,9 107,9 109,8 111,7 113,6 115,5 117,4 119,4 121,3 123,2 125,1 127,0 129,0 130,9 132,8 134,8 136,7 138,6 140,5 142,5 144,4 146,3 148,3 150,2 152,1 154,1 156,0 158,0 159,9 161,8 78,6 80,5 82,4 84,3 86,2 88,1 90,1 92,0 93,9 95,8 97,7 99,7 101,6 103,5 105,4 107,4 109,3 111,2 113,2 115,1 117,0 119,0 120,9 122,8 124,8 126,7 128,6 130,6 132,5 134,5 136,4 138,4 140,3 142,3 144,2 146,1 148,1 150,0 152,0 153,9 155,9 157,8 159,8 161,8 163,7 80,2 82,2 84,1 86,0 88,0 89,9 91,9 93,8 95,7 97,7 99,6 101,6 103,5 105,5 107,4 109,4 111,3 113,3 115,2 117,2 119,1 121,1 123,1 125,0 127,0 128,9 130,9 132,9 134,8 136,8 138,8 140,7 142,7 144,7 146,6 148,6 150,6 152,6 154,5 156,5 158,5 160,4 162,4 164,4 166,4 82,9 84,0 86,8 88,8 90,8 92,8 94,8 96,7 98,7 100,7 102,7 104,7 106,7 108,7 110,7 112,6 114,6 116,6 118,6 120,6 122,6 124,6 126,6 128,6 130,6 132,6 134,6 136,6 138,6 140,6 142,6 144,6 146,6 148,6 150,6 152,7 154,7 156,7 158,7 160,7 162,7 164,7 166,7 168,7 170,7 87,1 89,1 91,1 93,2 95,2 97,3 99,3 101,4 103,4 105,5 107,5 109,6 111,7 113,7 115,8 117,8 119,9 121,9 124,0 126,1 128,1 130,2 132,3 134,3 136,4 138,4 140,5 142,6 144,6 146,7 148,8 150,8 152,9 155,0 157,0 159,1 161,2 163,3 165,3 167,4 169,5 171,5 173,6 175,7 177,8 90,6 92,7 94,8 96,9 99,0 101,1 103,2 105,3 107,4 109,5 111,7 113,8 115,9 118,0 120,1 122,2 124,4 126,5 128,6 130,7 132,8 134,9 137,1 139,2 141,3 143,4 145,6 147,4 149,8 151,9 154,0 156,2 158,3 160,4 162,5 164,7 166,8 168,9 171,0 173,2 175,3 177,4 179,6 181,7 183,8 C 92 94 96 98 100 102 104 106 108 110 112 114 116 118 120 122 124 126 128 130 132 134 136 138 140 142 144 146 148 150 152 154 156 158 160 162 164 166 168 170 172 174 176 178 180 107 B 1% 1,2% 1,5% 2% 3% 5% 7% 162,3 164,3 166,2 168,1 170,1 172,0 173,9 175,9 177,8 179,7 181,7 183,6 185,5 187,5 189,4 191,4 193,3 195,2 197,2 199,1 201,1 203,0 204,9 206,9 208,8 210,8 212,7 214,7 216,6 218,6 220,5 222,5 224,4 226,3 228,3 277,1 326,2 375,3 424,6 474,0 573,1 772,4 771,8 871,5 971,2 163,8 165,7 167.7 169,6 171,5 173.5 175,4 177,4 179,3 181,3 183,3 185,2 187,1 189,1 191,0 193,0 194,9 196,9 198,8 200,8 202,7 204,7 206,6 208,6 210,5 212,5 214,4 216,4 218,3 220.3 222,3 224,2 226,2 228,1 230,1 279,2 328,4 377,8 427,3 477,0 576,4 676,1 775.9 875,9 976,0 165,7 167,6 169,6 171,5 173,5 175,4 177,4 179,4 181,3 183,3 185,2 187,2 189,2 191,1 193,1 195,1 197,0 199,0 201,0 202,9 204,9 206,8 208,8 210,8 212,8 214,7 216,7 218,7 220,6 222,6 224,6 226,5 228,5 230,5 232,5 281,9 331,4 381,1 430,9 480,8 580,8 681,0 781,4 881,8 982,4 168,3 170,3 172,3 174,3 176,3 178.2 189,2 182,2 184,2 186,2 188,1 190,1 192,1 194,1 196,1 198,1 200,0 202,2 204,0 206,0 208,0 210,0 212,0 213,9 215,9 217,9 219,9 221,9 223,9 225,9 227,9 229,9 231,8 233,8 235,8 285,7 335,7 385,9 436,1 486,4 587,2 688,2 789,3 890,6 991,9 172.8 174,8 176,8 178,8 180,8 182,8 184,8 186,9 188,9 190.9 192,9 194,9 196,9 199,0 201,0 203,0 205,0 207,0 209,1 211,1 213,1 215,1 217,1 219,1 221,2 223,2 225,2 227,2 229,3 231,3 233,3 235,3 237,4 239,4 241,4 292,1 342,9 393,9 444,8 495,9 598,1 700,5 803,0 905,5 1008 179,8 181,9 184,0 186,1 188,1 190,2 192,3 194,4 196,4 198,5 200,6 202,7 204,7 206,8 208,9 211,0 213,0 215,1 217,2 219,3 221,4 223,4 225,5 227,6 229,7 231,8 233,8 235,9 238,0 240,1 242,2 244,3 246,3 248,4 250,5 302,6 354,8 407,1 459,4 511,8 616,5 721,4 826,4 931,4 1036 185.9 188,1 190,2 192,3 194,5 196,6 198,7 200,8 203,0 205,1 207,2 209,4 211,5 213,6 215,8 217,9 220,0 222,2 224,3 226,4 228,6 230,7 232,8 235,0 237,1 239,2 241,4 243,5 245,6 247,8 249,0 252,0 254,2 256,3 258,4 311,9 365,4 418,9 462,5 526,0 633,3 740,6 847,9 953,3 1063 C 182 184 186 188 190 192 194 196 198 200 202 204 206 208 210 212 214 216 218 220 222 224 226 228 230 232 234 236 238 240 242 244 246 248 250 300 350 400 450 500 600 700 800 900 1000 108