ARGUMENTAÇÃO ORAL E ESCRITA: ESSAS ALAVANCAM PERFIS PROFISSIONAIS e NEGÓCIOS Bete Masini Atualmente, muito se discutem, nas empresas e nas instituições, técnicas de como conquistar e manter os clientes, afinal, o mercado está cada vez mais competitivo. É preciso fazer a diferença. Esse diferencial não está apenas no fazer com qualidade; no ter um nome já consagrado no mundo dos negócios. O mercado exige soluções e decisões cada vez mais rápidas, originais, criativas, personalizadas e inovadoras. Torna-se necessário encantar os clientes. A palavra encantar, de origem latina, tem como um de seus significados “seduzir, cativar, maravilhar, arrebatar”. Como fazer isso de forma eficiente? Muitas vezes, cursos são oferecidos – discutem-se técnicas de negociação, de relacionamento com o cliente; como convencer o cliente a agir e a decidir de acordo com os objetivos e com as necessidades da empresa; como vender de forma ágil e permanente. Tudo isso é extremamente válido e pertinente. Entretanto, muitas empresas se esquecem de que todos os processos de efetivação de negócios se realizam por meio da linguagem oral e escrita. É aí que a argumentação clara e eficiente se mostra como ferramenta estratégica e diferencial para a gestão de negócios. Com certeza, você já ouviu – e às vezes até já falou ou fala! – em reuniões: • Gostaria de fazer uma colocação sobre esse assunto! • Em função das alterações na nossa estratégia de vendas, precisamos, enquanto empresa séria e competitiva, a nível mundial, estabelecer novos parâmetros. • Por conta de novas metas de negócios, torna-se necessário estarmos refazendo e estarmos enviando aos nossos clientes nossa lista de produtos atualizada. • O diretor já definiu as novas formas de contratação; em breve, conheceremos a decisão do mesmo. Consegue perceber os equívocos? Vamos a eles: 1- Ninguém coloca nada quando fala! O verbo colocar significa pôr. Então, em uma reunião, peça para argumentar, expor, contribuir, esclarecer, informar, mas não “fazer uma colocação”. 2- “Em função de” não significa “por causa de” – que é o sentido que se pretendia no exemplo criado; ele exprime finalidade. Problema semelhante ocorre com o “por conta de”. Essa expressão significa que “algo será responsabilidade de alguém”. 3- A palavra “enquanto” existe na nossa língua, mas ela exprime algo que tem uma duração definida. Por exemplo: “Nossa empresa fará essa promoção enquanto durarem os estoques”. Quando os estoques acabarem, acaba a promoção. Espera-se que a sua empresa seja eternamente séria e competitiva! 4- A famosa expressão “a nível de”, hoje, já provoca risos pelo seu equívoco, contudo, continua sendo usada. Onde está o problema em usá-la? Está no fato de a palavra nível ser masculina e não aceitar artigo feminino. Caso queira usar essa expressão, pelo menos, use “em nível de”; “ao nível de”. Observe que, muitas vezes, ela aparece sem necessidade alguma. 5- O gerúndio no futuro: “Vou estar enviando; vou estar mandando o email.”. Por que será que essa “praga linguística” nos afetou e nos afeta ainda? Esse modo verbal significa algo que ocorre em um processo temporal, portanto, uma ação que é rápida e pontual não pode ser escrita ou falada como algo processual. Então, é necessário refazer e enviar a lista de produtos. 6- Com certeza, você já reparou que existe um aviso colocado sobre as portas dos elevadores onde está escrito: “Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se parado neste andar.”. Onde está o problema nisso? Está no fato de a palavra “mesmo” não poder ser usada para substituir nome ou pronome. Veja que o “o mesmo” no aviso está no lugar de “o elevador” e foi usado para não repetir o termo. Mas é equívoco. Como poderia ser então? “Antes de entrar, verifique se o elevador encontra-se parado neste andar”. Se você está parado em frente a um elevador, é porque espera para poder entrar nele. No caso do diretor: em breve, todos conhecerão a decisão dele ou a sua decisão. Acima estão apenas alguns equívocos no uso de palavras e de expressões da nossa língua mãe. É evidente que é necessário utilizar de forma correta a norma culta - a famosa gramática - assim como as palavras. No entanto, o problema na comunicação eficiente vai muito além disso. Há estratégias argumentativas que podem e devem ser usadas para negociar. É preciso produzir textos e falar com alto grau de legibilidade; com capacidade de agir positivamente sobre o cliente ou sobre qualquer interlocutor considerando as demandas da era da informação e da informática. Isso se aprende a partir do elaborar projetos de textos; do fazer textos; do treinar a escrita; do reler o que se escreve; do se preocupar com a fala e com aquilo que foi escrito e com o objetivo do texto. É preciso estar atento para a clareza; para a inexistência de contradições e de ambiguidades; para quem é o nosso interlocutor – entre outras questões. É um processo. Não se esqueça de que se engana aquele que acha que “a fala e a escrita precisam ser apenas entendidas”. Sem dúvida, isso precisa ocorrer, mas o texto e a fala revelam imagens positivas ou negativas de cada colaborador e da empresa que representam. Qual é a imagem que você deseja passar aos seus clientes e aos demais interlocutores?