Exposição Ocupacional ao DDT em Atividades de Controle da Malária na Região Amazônica Laboratório de Toxicologia Ambiental Departamento de Ciências Biológicas ENSPSA Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca Fundação Oswaldo Cruz FIOCRUZ pp` DDT : 1,1,1-tricloro-2,2-bis (4-clorofenil) ethano CAS Nr: 50-29-3 DDT técnico (composição aproximada): pp`DDT 77.1% op`DDT 14.9% pp` TDE 0.3% op` TDE 0.1% pp`DDE 4.0% op`DDE 0.1% Outros compostos 3.5% ENSPSA FIOCRUZ 1939: Paul Müller (Geigy AG, Suíça) descobriu que o DDT, uma molécula sintetizada por Zeidler em 1874, era um eficiente inseticida de contato. 1939 - 1945 : O desenvolvimento do DDT foi considerado prioritário no esforço de guerra dos aliados. Este inseticida passou a ser utilizado no controle de doenças transmitidas por artrópodos (e.g. malária, tifo) 1948: Paul Müller recebeu o Prêmio Nobel em virtude do extraordinário impacto do emprego do DDT na área da Saúde Pública. 1945 – 1970s : Uso em larga escala do DDT na agricultura, em culturas florestais, como inseticida doméstico (Neocid®) e no controle de endemias. ENSPSA FIOCRUZ 1970s : Em virtude principalmente de preocupações ambientais (longa persistência no solo e na biota, espalhamento e contaminação à distância, bioacumulação, riscos para a reprodução de espécies situadas no topo de cadeias alimentares), o DDT foi banido na Suécia, USA, e muitos outros países. Apesar do DDT ter sido classificado como possivelmente carcinogênico pelo IARC (2B: evidência inadequada de carcinogenicidade em humanos e evidência suficiente em animais) os riscos deste inseticida para a saúde humana ainda são controversos. Como a Toxicidade Aguda para mamíferos é baixa, o DDT foi, no passado, considerado um pesticida SEGURO. ENSPSA FIOCRUZ Alertas Iniciais: THE TOXICOLOGY OF NEWER INSECTICIDES Dr Arnold J Lehman, Division of Pharmacology Food and Drug Administration “ Discussion Dr F.C. Bishop (United States): ....We are not greatly concerned if our people will use minimum quantities (of DDT), but many of our farmers think if a little is good a lot is better..” PROCEEDINGS OF THE FOURTH INTERNATIONAL CONGRESS ON TROPICAL MEDICINE AND MALARIA Washington D.C., May 10-18 1948 (Volume II: pag. 1713-1720) ENSPSA FIOCRUZ PEDICULOSIS (p. 285) “ 7) Tratamiento específico: Com DDT al 10% en polvo para los piojos del cuerpo y de la cabeza. Se deve espolverear el insecticida sobre la ropa, especialmente en las costuras y en el cabello, cubriendo la cabeza después com una toalla o gorro durante varias horas; peinar com un peine fino de dentes cerrados y hacer una nueva aplicación de polvos de DDT una semana después sin lavar la cabeza ni la ropa mientras tanto. Para las ladillas hay que espolvorear las pártes vellosas del cuerpo e banarse al cabo de 12 a 24 horas. Repítase el tratamiento una semana después y continúese a intervalos semanales hasta que desaparezcan los piojos e las liendres.” EL CONTROL DE LAS ENFERMEDADES TRANSMISIBLES EN EL HOMBRE Organizacion Panamericana de la Salud - OPAS ORGANIZACION MUNDIAL DE LA SALUD - OMS 1972 Pelo menos até o início dos anos 1970s, a aplicação de DDT (pó a 10%) diretamente na pele, cabelos e roupas era recomendada pela OMS e OPAS como um tratamento efetivo piolhos (pediculose). ENSPSA (e seguro) para a infestação por FIOCRUZ DDT no controle da Malária Carlos Chagas: a malária é uma doença transmitida ´dentro das casas` Em virtude deste fato, a aplicação do DDT (anualmente) nas paredes das casas é um dos meios mais eficientes e baratos de reduzir a transmissão da malária nas áreas endêmicas. ENSPSA FIOCRUZ Uso do DDT no Brasil para controle da Malária 1945: Aplicação intradomiciliar de DDT foi usada pela primeira vez por um grupo do SESP (serviço Especial de Saúde Pública) na cidade de Breves (PA), região de alta endemicidade naquela época. 1947: SNM (´Serviço Nacional de Malária`) passou a usar o DDT em operações de rotina. 1958: CCEM (Campanha de Erradicação e Controle da Malária) foi criada para erradicar a malária no Brazil. A CCEM apoiava-se basicamente na aplicação intradomiciliar de DDT. ENSPSA FIOCRUZ Uso do DDT no Brasil para controle da Malária 1985: DDT e outros POPs foram banidos no Brasil para uso na agricultura, mas permaneceram liberados para o controle de doenças. 1997: O uso do DDT para controle de doenças foi proibido pela FNS (Fundação Nacional de Saúde). 1998: Monografias do DDT e de outros POPs foram canceladas pela SVS (Secretaria de Vigilância sanitária do MS). A partir de 1998, o DDT não é permitido para qualquer uso no Brasil. ENSPSA FIOCRUZ O DDT foi usado portanto para o controle da malária no Brasil de 1945 até 1997. 1945-1997: Milhares de trabalhadores envolvidos no controle da malária foram expostos ao DDT no Brasil e, durante as duas últimas décadas, principalmente na região Amazônica. 1997-2002: Um abrangente programa de avaliação da saúde destes trabalhadores expostos ao DDT foi realizado pelo LTAENSPSA and FUNASA. ENSPSA FIOCRUZ Avaliações de exposições ocupacionais e exames médicos foram realizados e estudos epidemiológicos estão sendo planejados. Apresentaremos a seguir alguns resultados preliminares de um subgrupo desta população exposta ocupacionalmente ao DDT: 119 trabalhadores da FUNASA (Fundação Nacional de Saúde) envolvidos no controle da malária no sul do estado do Pará (Marabá e Conceição do Araguaia) que foram avaliados em maio de 2001. ENSPSA FIOCRUZ Maio 2001: Níveis séricos de DDT e metabólitos Exame Médico (Medicina Interna) Avaliação Neurológica Abrangente EEG EMG Hemograma e Bioquímica Clínica Entrevista para Avaliação Ocupacional ENSPSA FIOCRUZ 1997-2001: Quase todos os 119 trabalhadores avaliados em Maio de 2001 tinham tido os seus níveis séricos de DDT e DDE determinados também em duas outras ocasiões: 1997 e 1998. Além disso a maioria destes trabalhadores tinham resultados de exames médicos anteriores arquivados no Setor de Saúde Ocupacional do Departamento de Administração da FUNASA. ENSPSA FIOCRUZ Trabalhadores envolvidos no controle da malária no sul do estado do Pará NÍVEIS SÉRICOS DE DDT E DDE 1997 - 2001 ENSPSA FIOCRUZ Níveis séricos de DDT-total (DDT-t) Trabalhadores no controle da Malária, Estado do Pará, Brasil, 1997 No de indivíduos 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 Média = 199,9 ppb 0 60 120 180 240 300 360 420 480 540 600 660 720 Níveis séricos de DDT-t (ppb) Níveis séricos de DDT-total (DDT-t) Trabalhadores no controle da Malária, Estado do Pará, Brasil, 1998 No de indivíduos 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 Média = 115,0 ppb 0 40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 Níveis séricos de DDT-t (ppb) Níveis séricos de DDT-total (DDT-t) Trabalhadores no controle da Malária, Estado do Pará, Brasil, 2001 No de indivíduos Média = 45,9 ppb 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 Níveis séricos de DDT-t (ppb) Níveis séricos de DDT-total (DDT-t) Trabalhadores no controle da Malária, Estado do Pará, Brasil, 1997-2001 Níveis de DDT (ppb) X _+ SD 300,0 250,0 200,0 199,9 150,0 115,0 100,0 50,0 45,9 0,0 1997 1998 2001 Níveis séricos de DDE (pp`DDE) Trabalhadores no controle da Malária, Estado do Pará, Brasil, 1997 No de indivíduos 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 Média = 139,7 ppb 0 40 80 120 160 200 240 280 320 360 Níveis séricos de pp`DDE (ppb) 400 440 480 Níveis séricos de DDE (pp`DDE) Trabalhadores no controle da Malária, Estado do Pará, Brasil, 1998 No de indivíduos 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 Média = 80,9 ppb 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300 Níveis séricos de pp`DDE (ppb) Níveis séricos de DDE (pp`DDE) Trabalhadores no controle da Malária, Estado do Pará, Brasil, 2001 No de indivíduos 30 Média = 36,4 ppb 25 20 15 10 5 0 0 40 80 120 160 200 120 140 160 180 200 220 240 Níveis séricos de pp`DDE (ppb) Níveis séricos de DDE (pp`DDE) Trabalhadores no controle da Malária, Estado do Pará, Brasil, 1997-2001 Níveis de pp`DDE (ppb) X +_ SD 300,0 250,0 200,0 150,0 139,7 100,0 80,9 50,0 36,4 0,0 1997 1998 1997 EXPOSIÇÕES AMBIENTAIS / OCUPACIONAIS - BRASIL Níveis séricos de DDT / DDE (ppb) na População Geral (adultos), em Agrícultores e em Trabalhadores em Controle de Vetores no Brasil: Dados da Literatura. Exposição Estado N PG PG PG PG PG PG PG TA TA TA TCV TCV TCV TCV* RJ ES SP GO BA SP RJ BA BA RJ BA BA SP MG (?) 30 11 42 51 50 16 31 10 19 26 15 14 26 106 TCV** PA 119** Níveis séricos (ppb) pp´-DDE DDT-total 155.0+ 336.0+ 117.0+ 194.0+ 23.9+ 26.8+ 10.0-1000.0++ + 8.3 14.3+ 14.3+ 16.1+ nd-10.2++ nd-10.2++ 16.0+ 18.1+ 18.0+ 18.0+ nd-4.4++ nd-4.4++ 47.7+ 112.8+ 344.4+ 702.7+ 64.3+ 76.9+ 1.6-592.9++ 139.7 199.0 Referência / Anor Almeida, 1972 Almeida, 1972 Fernícola & Azevedo, 1982 Lara et al, 1987 Carvalho, 1991 Minelli & Ribeiro, 1996 Delgado et al, 2002 Carvalho, 1991 Carvalho, 1991 Paumgartten et al, 1998 Carvalho, 1991 Carvalho, 1991 Minelli & Ribeiro, 1996 Franklin & Peixoto, 1983/5 (?) Este estudo, 1997 PG= População Geral; TA= Trabalhadores Agrícolas; TCV= Trabalhadores no Controle de Vetores * SUCAM ** FUNASA no Estado do Pará. + Média; ++ Intervalo ENSPSA FIOCRUZ Exposições Ocupacionais Níveis sanguineos (médias) de DDT / DDE em trabalhadores envolvidos na fabricação, formulação e aplicação de DDT técnico. Adaptado de Hayes WJ & Laws ER, Handbook of Pesticide Toxicology Volume II: DDT and Its Analogs,) Tecido N 12 20 18 10 31 4 154 44* 100* Concentração (ppb) pp´-DDT pp´-DDE DDT-total 211,3 196,8 541,2 302,0 271,9 737,1 573,0 506,0 >1079,0 22,0 55,0 >77,0 52,0 222,0 >274,0 87,0 72,0 >159,0 128,0 250,0 >378,0 761,0 1273,0 Soro Soro Soro Soro Soro Soro Sangue Sangue Sangue Soro Laws et al, 1967 Laws et al, 1967 Poland et al, 1970 Clifford & Weil, 1972 Morgan & Roan, 1974 Edmundson et al, 1969 Edmundson et al, 1969 WHO, 1973 WHO, 1973 119** 139,7 Este estudo, 1997 199,0 Referência/ Ano * Índia ** Aplicadores de DDT envolvidos no controle da Malária Estado do Pará. LTA-ENSPSA FIOCRUZ Níveis de pp´DDE e Dose de DDT r = 0.29 pp´ DDE (ppb) 150 100 50 0 0 5000 10000 15000 20000 Dose estimada de DDT técnico (kg) ENSPSA FIOCRUZ Dependência etária dos níveis séricos de pp’DDE (ajustados para lipidios; g/g) para indivíduos vivendo e trabalhando na área urbana da cidade do Rio de Janeiro. Amostras de sangue foram coletadas de 33 voluntários em Janeiro de 1999. Idade (anos) Amostras 29 30 a 39 40 Homens Total (Nr) 3 6 7 Positivas (%) 33.3 50.0 71.4 + pp’DDE (g/g lipidios) nd (nd –0.337) 0.464 (nd-0.929) 0.495 (nd-1.768) Mulheres Total (Nr) 7 4 6 Positivas (%) 0 75.0 83.3 + nd (nd-nd) 0.578 (nd-0.929) 0.459 (nd-4.200) pp’DDE (g/g lipidios) Homens + Mulheres Total (Nr) 10 10 13 Positivas (%) 10 60 76.9 + nd (nd-0.337) 0.322 (nd-0.929) 0.487 (nd-4.200) pp’DDE (g/g lipidios) + 17 a 60 16 56.2 0.278 (nd-1.768) 17 47.0 nd (nd-4.200) 33 51.5 0.243 (nd-4.200) Mediana e (intervalo). nd: não detectado. ENSPSA FIOCRUZ Níveis séricos de pp´DDE e Idade pp´ DDE (ppb) 140 r = 0.19 120 100 80 60 40 20 0 25 35 45 55 65 75 Idade (anos) ENSPSA FIOCRUZ Trabalhadores no Controle da Malária no Sul do Pará MEIA-VIDA DE ELIMINAÇÃO DO pp´ DDE 1997 - 2001 ENSPSA FIOCRUZ ENSPSA FIOCRUZ Queda dos níveis séricos do DDT-t: 1997-2001 6 ln [ DDT-t] (ppb) 5 kel= 0.028 m-1 4 3 r2= 0.989 2 t1/2= 24.6 m 1 0 -5 5 15 25 35 45 55 tempo (meses) ENSPSA FIOCRUZ Queda dos níveis séricos do pp `DDE: 1997-2001 6 ln [pp` DDE] (ppb) 5 4 kel= 0.025 m-1 3 2 r2= 0.983 t1/2= 27.2 m 1 0 -5 5 15 25 35 45 55 tempo (meses) ENSPSA FIOCRUZ Estimativas da meia-vida de eliminação (T1/2) do DDE em diferentes estudos envolvendo mulheres e exposição ambiental (Wolff et al, 2000) Local e ano (aprox.) da coleta de sangue CA, 1967 MD, 1974 MO, 1982 CT, 1987 NY, 1987 Buffalo, NY, 1988 MD, 1989 NY, 1987 ( Wolff et al, 2000) US, 1989 US, 1990 CT, 1996 T 1/2 (estimado para US 1967-1996): T 1/2 ( Wolff et al, 2000) Todas incluídas Apenas aquelas com tendência de queda Outro estudo (Wolff et al, 1999) Exposição Ocupacional (homens, 1997-2001): Nível médio no soro (1997) T ½ (1997-2001) ENSPSA DDE (ppb) 43 11 (17) (11) 7,7 11 7 7,3 9,7 4,7 (5,6) 11,7 anos 11,7 anos 8,6 anos 6,0 anos 139,7 ppb 2,3 anos FIOCRUZ T 1/2 DDE (meses) Meia-Vida de Eliminação de pp´DDE e Idade 200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 r = 0.12 25 35 45 55 65 75 85 Idade (anos) ENSPSA FIOCRUZ Índice de Massa Corpórea e meia-vida de pp´ DDE T1/2 pp´DDE r = 0.24 200 160 120 80 40 0 15 20 25 30 35 40 I MC (Índice de Massa Corpórea) ENSPSA FIOCRUZ Trabalhadores no Controle da Malária no Sul do Pará AVALIAÇÃO DE SAÚDE – MAIO de 2001 ENSPSA FIOCRUZ Sintomas relatados (apenas os mais frequentes): ENSPSA Dor de cabeça 87,1% Tonteira 75,2% Nervosismo 70,3% Fraqueza 60,4% Falta de sono 49,5% FIOCRUZ Doenças prévias e atuais: ENSPSA Malária 87,9% Alcoolismo 44,0% Hipertensão Arterial 37,0% Hanseníase 5,5% Diabetes 7,0% FIOCRUZ Transaminases (TGO and TGP) e níveis séricos de pp´DDE pp´DDE (ppb) TGO (U/L) TGP (U/L) 0-40 > 40 < 40 60 4 51 13 41-80 26 1 24 3 81-160 7 1 5 3 161-240 2 0 2 0 Total 95 6 82 19 ENSPSA 0-40 >40 FIOCRUZ Exame Neurológico: Achados do EMG Na maioria dos 119 pacientes, neuropatias e ou radiculopatias (leve a moderadas) foram diagnosticadas pelo exame EMG: Neuropatias crônicas desmielinizantes (tóxicas ?) - mononeuropatias - polineuropatias Poliradiculopatias (compressivas ?) - C5-C7 - L5-S1 ENSPSA FIOCRUZ Frequência de achados do exame de EMG (Maio 2001) nos trabalhadores envolvidos em atividades de controle da malária por faixa de dose total estimada de DDT técnico Dose total de DDT técnico (1000 kg) Achados EMG Neuropatia desmielinizante N 0-1.9 11 Polineuropatia 53 45.4% 47.7% 45.4% 33.3% 66.6% 66.6% Mononeuropatia 33 18.2% 25.0% 31.8% 41.7% 0% 0% Poliradiculopatia C1-C7 L5-S1 31 9.1% 20 18.2% 27.3% 18.2% 22.7% 9.1% 58.3% 25.0% 0.0% 33.3% 0.0% 33.3% Nenhuma alteração 10 18.8% 6.8% 4.5% 8.3% 0.0% 0.0% ENSPSA 2.0-3.9 4.0-5.9 44 22 6.0-7.9 12 8.0-9.9 3 >10.0 3 FIOCRUZ Frequência de achados do exame de EMG nos trabalhadores envolvidos em atividades de controle da malária por faixa de níveis séricos de pp` DDE (Maio de 2001) Níveis séricos de pp`DDE (ppb) N 0.0-19.9 41 20.0-39.9 35 40.0-99.9 32 >100.0 9 Polineuropatia 53 53.6% 28.6% 53.1% 44.4% Mononeuropatia 33 31.7% 28.6% 25.0% 22.2% Poliradiculopatias C1-C7 L5-S1 31 20 19.5% 7.3% 37.1% 22.8% 21.9% 21.8% 33.3% 22.2% Nenhuma alteração 10 4.9% 20.0% 0.0% 11.1% Achados de EMG Neuropatia desmielinizante ENSPSA FIOCRUZ CASO DE INTOXICAÇÃO AGUDA SEVERA POR DDT 1997 ENSPSA FIOCRUZ Entre os 119 trabalhadores expostos ao DDT que foram avaliados neste estudo: 01 Caso de Intoxicação Aguda Sexo masculino 29 anos (em 1997) Aplicou DDT em atividades de controle da malária no Estado do Pará durante 6 anos (1991-1997) ENSPSA FIOCRUZ Novembro de 1997 (sintomas): Cefaléia Fraqueza Tontura Perda de apetite Vômitos Diarréia ENSPSA FIOCRUZ Novembro de 1997: Após drástica redução de peso em tempo curto: (aprox.10 kg, > 10% peso corporal) Piora dos Sintomas Mioclonia Convulsões (tônico-clônicas) ENSPSA FIOCRUZ Novembro de 1997: Tratamento farmacológico (convulsões): Fenobarbital (100 mg à noite) Carbamazepina (400 mg 2 x dia) ENSPSA FIOCRUZ Novembro de 1997 : (Níveis séricos) pp´DDE = 119,8 g/L (ppb) pp´ DDT + op´ DDT = 3720,0 g/L (ppb) -DDT = 3839,8 g/L (ppb) DDE / -DDT = 0.03 (3%) ENSPSA FIOCRUZ Novembro de 1997 : EEG (anormal): “ Atividade elétrica cerebral de repouso é assimétrica, estável e organizada, em áreas homólogas dos hemisférios cerebrais, com predomínio de ondas de 8-13 cps em regiões posteriores” Conclusão: “ Distribuição anormal de ritmos e frequências com aumento difuso de ondas mais rápidas” . (26/11/97) ENSPSA FIOCRUZ Alterações de EEG (1997-2001) : 29 / 08 / 97 Conclusão: “ Distribuição de rítmos e frequências dentro dos limites da normalidade” . 26 / 11/ 97 Conclusão: “ Distribuição anormal rítmos e frequências com aumento difuso de ondas mais rápidas” . 08 / 05 / 98 Conclusão: “ Distribuição anormal de rítmos e frequências com um aumento difuso de ondas teta mais lentas” 12 / 03 / 99 Conclusão: “ EEG computadorizado de vigília dentro dos limites da normalidade” . 25 / 05 / 01 Conclusão: “ EEG digital normal ” . ENSPSA FIOCRUZ Alterações de DDT sérico (1997-2001) : Níveis: g / L (ppb) Nov.1997 Fev. 1998 Maio 2001 DDT-total 3839,8 479,1 15,5 DDE 119,8 - 8,1 DDE / DDT-t 0,03 - 0,50 T 1/2 DDT-total = 6,1 meses ENSPSA T 1/2 DDE = 11,1 meses FIOCRUZ Cinética de Eliminação do DDT: 1997-2001 Ln [Conc.DDT (ppb)] 8 7 r2= 0.956 6 5 kel= 0,112 m-1 4 3 2 1 T1/2= 6,1 m 0 -5 5 15 25 35 45 55 Tempo (meses) ENSPSA FIOCRUZ Ln [.DDE (ppb)] Cinética de Eliminação do DDE: 1997-2001 6 r2= 1,00 5 kel= 0,063 m-1 4 3 2 1 0 -5 5 15 25 35 45 55 T1/2= 11,1 m T empo (meses) ENSPSA FIOCRUZ Níveis de Mercúrio (Hg-total) : Data: 21 de Outubro de 1997 Limites de referência Sangue: 7.3 g / L 10 g / L (NR-7) LTB: 30 g / L Urina: 0.05 g / L Cabelo: 0.8 g / g 5-10 g / L (OMS) 1-2 g / g (OMS) OMS: população não-exposta ENSPSA FIOCRUZ Atividade colinesterásica (Método cinético) : Soro sanguíneo 15 de Outubro de 1997: 8.696 UI / L 03 de Fevereiro de 1998: 8.505 UI / L Intervalo de referência : 3.200 to 9.000 UI / L ENSPSA FIOCRUZ Intoxicação Aguda por DDT: Curso temporal de sintomas clínicos, alterações de EEG e níveis séricos de DDT Nov. 1997 Fev. 1998 Mar. 1999 Maio 2001 DDT-total (ppb) 3839,8 479,1 - 15,5 pp`DDE (ppb) 119,8 - - 8,1 DDE / Σ-DDT 0,03 - - 0,5 Alterações de EEG SIM Convulsões (clínica) SIM ENSPSA SIM (FB?) NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO FIOCRUZ ENSPSA FIOCRUZ PACIENTE INTENSAMENTE AVALIADO ENTRE 1997-2001 Hemograma, Mielograma Bioquímica Clínica Raio X (tórax), Ultrassonografia EKG, Ecodoppler Exame Clínico, etc EXCETO ESOFAGITE / GASTRITE e SINUSITE, E QUADRO DEPRESSIVO DE FUNDO, SEM OUTRAS ALTERAÇÕES CLÍNICAS DIGNAS DE NOTA ENSPSA FIOCRUZ Ressonância Magnética do Crânio: Data: 22 / 05 / 1998 SEM ANORMALIDADES DO SNC Única alteração: “ Espessamento importante da mucosa de revestimento do antro maxilar direito que apresenta hipersinal nas sequências ponderadas em T2, características de sinusopatia inflamatória” ENSPSA FIOCRUZ •ENDOSCOPIA DIGESTIVA ALTA Data: 10 / 03 / 1999 CONCLUSÃO: “ Esofagite superficial com hérnia hiatal, gastrite enantematosa leve.” ENSPSA FIOCRUZ AVALIAÇÃO CLÍNICA EM MAIO DE 2001 1- Anamnese e Exame Clínico Queixa-se de “ tonturas”. Refere “ pirose”, hipoacusia à esquerda e demonstra labilidade emocional. Faz uso de fenobarbital , lítio e benzodiazepínicos. Bom estado geral. HPP: Malária (01 vez) PA: 155 x 105 mmHg, Peso: 80,5 kg, Alt. 1,65 m, IMC: 29,5 Sem outras anormalidades clínicas dignas de nota. ENSPSA FIOCRUZ AVALIAÇÃO CLÍNICA EM MAIO DE 2001 2- Exames Laboratoriais Bioquímica: Transaminase oxaloacética (TGO/AST), pirúvica (TGP, ALT), Creatinina, Uréia, Desidrogenase Lática, Glicemia, lipidograma. SEM ALTERAÇÕES Hemograma completo (eritograma, leucograma, plaquetas) SEM ALTERAÇÕES ENSPSA FIOCRUZ AVALIAÇÃO CLÍNICA EM MAIO DE 2001 3- Exame Neurológico Clínico: sem alterações, exceto hiporeflexia de osteotendinosos EEG: sem anormalidades EMG: Achados “ compatíveis com polineuropatia sensitivo-motora, axônico desmielinizante, crônica de grau moderado, com reinervação por colaterais” ENSPSA FIOCRUZ CONCLUSÕES DA ANÁLISE: Em Nov. de 1997, o servidor teve 01 episódio de intoxicação aguda grave por DDT, em decorrência da exposição ocupacional . Em que pese a severidade dos sintomas convulsivos, o episódio (tratado sintomaticamente) evoluiu para a cura sem deixar seqüelas neurológicas ou físicas aparentes. ENSPSA FIOCRUZ CONCLUSÕES DA ANÁLISE: Do ponto de vista emocional, entretanto, o episódio deixou algumas seqüelas. O servidor parece sofrer de distúrbios emocionais e quadro depressivo reativo. Podem ter contribuído para os distúrbios emocionais, os erros no encaminhamento da assistência médica e psicológica ao paciente intoxicado (iatrogenia). ENSPSA FIOCRUZ CONCLUSÕES DA ANÁLISE: Intoxicações Agudas por DDT são raríssimas e resultam, via de regra, de tentativas de suicídio ou de acidentes. Intoxicações Agudas em decorrência de exposições ocupacionais são ainda mais raras. A evolução do quadro convulsivo para recuperação sem seqüelas, é condizente com o que foi observado nos poucos casos já descritos na literatura. ENSPSA FIOCRUZ Grupo de Trabalho em Toxicologia ENSPSA Celso Paiva Ferreira (LTA-FIOCRUZ) Ana Cecilia Amado Xavier De-Oliveira (LTA-FIOCRUZ) Sérgio Koifman (DEMQ-FIOCRUZ) FIOCRUZ Flávio Pereira Nunes (FUNASA) Elia Tie Kotake (UNICAMP) Raimunda Nonata Ferreira (FUNASA) Francisco J.R. Paumgartten (LTA-FIOCRUZ) EXPOSIÇÃO AMBIENTAL / OCUPACIONAL Níveis de DDT / DDE (ppb) no Soro Sanguíneo de Aplicadores de DDT, de Indivíduos Residentes em Área Tratada (aplicação intra-domiciliar) e na População Geral Não-Exposta: Estudo Realizado na África do Sul. Concentração (ppb) Exposição Residentes N pp´-DDE DDT-total Área Tratada Área Não-Tratada Aplicadores FUNASA-PA/Brasil Referência 140,9 Bouwman et al, 1991a 6,04 Bouwman et al, 1991a 23 129,3 202,0 Bouwman et al, 1991b 119** 139,7 199,0 Este estudo, 1997 Bouwman et al, 1991a J.Toxicol.Environ Health, 33(2):141-155, 1991; Bouwman et al, 1991b S. Afr.Med.J., 79(6):326-329, 1991 ENSPSA FIOCRUZ