2 São Luís, quinta-feira, 29 de outubro de 2015 ]POLÍTICA] PRAZO NOVAS REGRAS Programa de Proteção ao Emprego é aprovado O plenário do Senado aprovou ontem a Medida Provisória (MP) 680, que trata das regras do Programa de Proteção ao Emprego. A MP foi a primeira a ser aprovada no Senado com a análise do novo pressuposto constitucional de pertinência temática, instituído após o Supremo Tribunal Federal considerar inconstitucionais as emendas às MPs que não tenham relação com o tema original da matéria. O programa permite a redução temporária da jornada de trabalho, com diminuição de até 30% do salário. Para isso, o governo arcará com 15% da redução salarial, usando recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). A complementação é limitada a R$ 900,84, valor que cobre 65% do maior benefício do seguro-desemprego, que, atualmente, é R$ 1.385,91. Pela proposta, para que o regime diferenciado seja aplicado, é necessário que ele seja acordado em acordo coletivo de trabalho específico (ACTE) com a entidade sindical. O texto diz ainda que é preciso a apresentação da relação de empregados submetidos à jornada de trabalho e ao salário reduzidos, com detalhamento da remuneração. Na Câmara, os parlamentares retiraram do texto um artigo que previa que a convenção ou acordo coletivo de trabalho poderia prevalecer sobre a legislação, inclusive a Consolidação das Leis do Trabalho. O governo e as centrais sindicais foram contra a medida por considerar que ela prejudicava a legislação trabalhista e retirava o protagonismo de sindicatos e centrais sindicais nas negociações e acabaram vitoriosos na votação entre os deputados. Com isso, e como a MP não continha os chamados jabutis – emendasestranhasaotemaoriginal da matéria –, a votação ocorreu sem polêmicas no Senado. O texto segue agora para sanção da presidenta Dilma Rousseff. DEPOIMENTO Ogovernoquercontribuirparaasfinançasdosestadosemunicípios CPMF pode não ser exclusiva para Previdência O ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, afirmou ontem que impostos são sempre “antipáticos” para população, mas que o poder público precisa, muitas vezes, “convencer” as pessoas de que o conjunto de serviços prestado tem que ser financiado “de alguma forma”. Em entrevista à TV NBR, emissora do governo federal, o ministro disse que o governo concorda com a proposta dos prefeitos e governadores de aumentar a alíquota da nova Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) para 0,38%, para dividi-la com estados e municípios, e de repartir os recursos para bancar, além da Previdência, a saúde e a assistência social. A proposta de emenda à Constituição que recria um imposto nos moldes da antiga CPMF foi enviada no mês passado ao Congresso Nacional com alíquota de 0,20%, destinada ao custeio da Previdência Social. Nos últimos dias, o governo tem conversado com entidades municipalistas para discutir o assunto. De acordo com o ministro, o intuito do governo é contribuir para as finanças dos estados e municípios por meio de uma CPMF “repartida entre os três níveis da federação”. Na semana passada, ele já havia admitido a possibilidade de financiamento para os demais entes. “O que estamos propondo é que se estabeleça novamente essa proposta, que nós recolhemos de prefeitos e governadores, que a alíquota seja de 0,38%, que 0,09% seja objeto do Orçamento estadual e 0,09% dos municipais, de modo que tenhamos benefícios para o orçamento da Previdência, da saúde e da assis- www.oimparcial.com.br tência social para União, estados e municípios”, disse Berzoini. Durante a entrevista, o ministro reconheceu que o sistema tributário do país não é “o mais justo”, mas que o governo tem feito esforço para criar mais justiça tributária. “No Brasil, temos um sistema tributário que, na minha opinião, não é o mais justo do mundo. É pouco progressivo, tributa mais os pobres que os ricos”, afirmou. Berzoini disse ainda que impostos são “sempre antipáticos” e que empresários e trabalhadores sempre rejeitam qualquer ideia de aumento. “Muitas vezes, temos que convencer a população de que o conjunto de serviços prestados por estados, municípios e União tem que ser financiado de alguma forma.” Impeachment O ministro classificou de “aventura golpista” as propostas de impeachment protocoladas na Câmara dos Deputados e disse que o governo tem de combater esses movimentos mostrando que a presidenta Dilma Rousseff é “uma pessoa honesta, íntegra e comprometida com o futuro do país”. “Oimpeachmentéumacláusula prevista na Constituição e não é, por si só, antidemocrático. Mas, da maneira como está sendo tratado no Brasil, me parece que beira a uma aventura golpista, porque não há a identificação de um fato para se buscar um impeachment”, afirmou. “O que há é o desejo de setores da oposição de promover a mudança do governo, [setores] que perderam as eleições recentemente, que criam toda sorte de ilações para tentar justificar um frágil pedido de impeachment”, acrescentou o ministro. Processo contra Cunha tem início na Câmara Waldir Maranhão, vice-presidente da Câmara, é quem vai escolher o relator do segundo processo contra Cunha. O secretário Beto Mansur é quem analisará a admissibilidade do caso m reunião no início da tarde de ontem, a Mesa Diretora da Câmara deixou a cargo do primeiro vice-presidente do colegiado, Waldir Maranhão (PP-MA), a escolha do relator do segundo processo que corre na Casa contra o presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Caberá a Beto Mansur, que exerce a função de primeirosecretário, analisar a admissibilidade do caso, que tramitará na Corregedoria da Câmara. A sindicância foi pedida pelo vice-líder do PPS na Câmara, o deputado Arnaldo Jordy (PA), e assinada por outros 29 deputados no início do mês. Como o documento para apurar a quebra de decoro é assinado por parlamentares e não por partidos, a petição ficou dependendo de uma decisão da Mesa. Com o parecer de Mansur, o grupo votará pelo início ou não da tramitação do processo na Corregedoria, que terá de dar prazo para defesa do peemedebista e poderá fazer diligências e pedir acesso a documentos, nos mesmos moldes da tramitação do Conselho de Ética. Mansur afirmou que ainda não leu o processo e não tem conhecimento sobre o que o grupo alega. Segundo assessores da Mesa Diretora, o relator não tem prazo para concluir a análise, mas a expectativa é que apresente uma posição na próxima reunião da Mesa que não tem data definida. Aliado de Cunha, Beto Mansur garantiu que não se sente constrangido com a missão que recebeu. “Sinto-me confortável para relatar qualquer coisa. de funcionários autorizados a trabalhar em sessões noturnas da Câmara recebendo horas extras para 700 mais dois funcionários de cada gabinete. De acordo com Mansur, foi “uma experiência” que resultou numa economia de mais de R$ 860 mil, mas os parlamentares acharam que o efetivo acabou ficando “apertado”. E Obras Nas mãos de dois aliados, Cunha está despreocupado com os resultados Sinto-me confortável para relatar qualquer coisa. Temos de fazer a coisa dentro da normalidade. Aqui, quando analisamos uma coisa, é dentro da lei e não por sermos ou não amigos Beto Mansur, deputado federal Temos de fazer a coisa dentro da normalidade. Aqui, quando analisamos uma coisa, é dentro da lei e não por sermos ou não amigos”, afirmou. Horas Extras Ao anunciar outra decisão da Mesa da Câmara, o primeirosecretário informou que, a partir de agora, o número de funcionários autorizados a trabalhar em sessões noturnas da Casa recebendo horas extras será ampliado para 900. Desde meados de setembro, a Mesa limitou o número Beto Mansur também anunciou ainda outra decisão da Mesa: o início das negociações na Câmara para as obras no Anexo 3 da Casa e a reforma de gabinetes do Anexo 4 com estacionamento subterrâneo, de cinco andares. O projeto defendido pela Casa ainda inclui a construção de um plenário maior e a construção de um outro edifício que funcionaria como Anexo 5. O primeiro-secretário explicou que, como a fase de manifestação de interesse das empresas ainda não foi concluído – e ainda seria necessário incorportar lotes para a ampliação – a Câmara decidiu começar o processo, que dependerá unicamente de recursos próprios. “Vamos autorizar o início das liberações para o Anexo 4B e para os cinco andares de garagem subterrânea. Neste caso não precisa de nada e a previsão é começar as obras em agosto de 2016”, disse. Segundo ele, a estimativa de gastos com essas melhorias gira em torno de R$ 300 milhões, recursos já garantidos pela União. “Depois, se a PPP [Parceria Público Privada] der certo, a gente pode incorporar a obra”, completou. TCU Governo entregará sua defesa A presidenta da Comissão Mista de Orçamento (CMO), senadora Rose de Freitas (PMDB-ES), disse ontem que foi comunicada pelo ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, de que ele apresentará, até a próxima terça-feira, a defesa do governo após a rejeição das contas do governo Dilma Rousseff em 2014 pelo Tribunal de Contas da União (TCU). “Tomei conhecimento agora há pouco e já comuniquei à comissão. O ministro Nelson [Barbosa] nos comunicou que terça-feira apresentará a defesa do governo na própria comissão”, disse a presidenta. Depois que o TCU encaminhou ao Congresso o acórdão, o presidente do Parlamento, senador Renan Calheiros (PMDBAL), abriu prazo de 45 dias para que o governo apresente nova defesa antes que o processo siga para a CMO. A concessão de prazo para defesa prévia contrariou a senadora Rosa, que gostaria Tomei conhecimento agora há pouco e já comuniquei à comissão. O ministro Nelson [Barbosa] nos comunicou que terça-feira apresentará a defesa do governo na própria comissão Dilma Rousseff, presidente do Brasil que a argumentação do governo fosse apresentada diretamente à comissão. Por isso, ela e outros membros da CMO levaram a Renan um requerimento solicitando que o processo seja imediatamente encaminhado à comissão para que comece a tramitar. “Essa comissão tem uma data [para concluir os trabalhos] até março do ano que vem. Quando você insere nesse contexto um prazo de mais 45 dias não requerido por ninguém, você encurta a vida do trabalho da comissão e tira dela a competência de fazer aquilo que está determinado pelo Regimento e pela Constituição Federal”, disse Rose. Documento A senadora disse que a intenção da comissão é entregar ao presi- dente um documento assinado por todos os líderes. “Acredito que ele não tenha feito com o intuito de desrespeitar a comissão, mas talvez de ajudar ao governo, mas prejudica sobremaneira o trabalho da comissão”, disse. A presidente da CMO acredita que o fato de o ministro anunciar a entrega da defesa na próxima semana – o que significa que em seguida o processo poderá seguir para a comissão – não torna o requerimento inócuo. Na opinião dela, o documento pressiona para que o processo seja repassado o mais rápido possível. Caso isso não ocorra, os parlamentares que compõem a CMO ameaçam ir ao Supremo Tribunal Federal. “Só vai ao STF se chegar ao limite da exaustão das nossas propostas e do desrespeito que não é o procedimento do presidente Renan. Vamos esperar terça-feira que é o limite de tudo”, concluiu a senadora.