TURNO INTEGRAL
1. Ficha de inscrição: ( internet)
2. Justificativa:
O projeto Turno Integral desenvolvido na EMEF Dr. Guilherme Alfredo Oscar Hildebrand
passou a existir para atender uma demanda de alunos na faixa etária dos 6 aos 8 anos,
público este que no turno inverso ao da aula, fica à “mercê” das adversidades e riscos das
ruas, uma vez que o bairro onde a escola está inserida é um dos mais pobres e violentos
do município. O bairro Santo Antônio do Sul, atualmente conta com uma escola, uma
creche, um posto de combustível e alguns bares apenas; não dispõe de um centro
comunitário ou de uma área de lazer, não conta com serviços básicos de saúde e
saneamento, nem de segurança... A escola tem sido, nestes últimos anos, o único ponto
de referência da comunidade local. A maioria das famílias sobrevive com auxílios do
governo como o bolsa família e os pais temporariamente trabalham como safristas nas
fumageiras que circundam o bairro; o nível de escolaridade é baixo e com pouca
bagagem cultural. As crianças têm na escola, o único espaço de integração, socialização
e construção do conhecimento.
Considerando todo esse contexto, a escola, em parceria com o CPM (Círculo de Pais e
Mestres), começou a buscar alternativas que pudessem suprir essa
“carência” da
comunidade, principalmente porque nos três últimos anos, as drogas invadiram o bairro, e
muitos dos alunos, direta ou indiretamente acabaram se envolvendo. Como o público na
faixa etária citada, ainda não tem muito conhecimento sobre as “malandragens” da rua e
está exposto e vulnerável a cair nas “armadilhas” das drogas e dos vícios da rua, a escola
propôs-se a atendê-los em turno integral, oferecendo as refeições, diversas oficinas:
recreativas, esportivas, artísticas, de reforço... no turno inverso ao da aula, buscando,
além de assegurar-lhes um espaço saudável de convivência e de crescimento, promover
o desenvolvimento de suas habilidades intelectuais, artísticas e esportivas.
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3. Objetivos:
* Geral:
* Assegurar a permanência da criança na escola, assistindo-a integralmente, em suas
necessidades básicas e educacionais, ampliando o aproveitamento escolar, resgatando a
auto-estima e capacitando-a para atingir, efetivamente, a aprendizagem, sendo alternativa
para a redução dos índices de evasão e repetência.
* Específicos:
* Ampliar o papel social da escola, desenvolvendo projetos e ações que atendam as
crianças em situação de vulnerabilidade;
* Oportunizar um ambiente saudável de integração, socialização e conhecimento;
*Assegurar as refeições básicas (saudáveis e balanceadas) para as crianças que
estão em fase de desenvolvimento, buscando combater os casos de anemia e
subnutrição;
* Oferecer oficinas artísticas, esportivas, recreativas e de reforço pedagógico para
melhorar o desempenho das crianças em sala de aula e despertar talentos para as artes,
música e esportes.
4.Metodologia:
O projeto sempre foi um sonho da direção da escola que nunca mediu esforços para
oportunizar mais atividades extra-classe que pudessem suprir de alguma forma, a
carência, seja ela econômica ou social, que a comunidade escolar e o bairro enfrentam.
Desta forma, buscava alternativas para atender os alunos de mais tenra idade, uma vez
que a maioria dos projetos atendem os alunos dos anos finais, e além disso, por se tratar
de “seres” em início de formação.
Assim, a direção começou no início de 2008, a elaborar o projeto que foi “apadrinhado”
por uma empresa do município, no entanto, para que fosse concretizada a doação da
verba para a construção da sala, era necessário que a escola, através de sua entidade
representativa, o CPM , fizesse sua inscrição junto ao COMDICA (Conselho Municipal dos
Direitos da Criança e do Adolescente) para assim angariar a verba através do repasse
que as empresas fazem por meio da Lei de Responsabilidade Social.
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Conseguida a inscrição, veio o repasse da verba, mas a construção demorou porque
esbarrou na burocracia de não poder construir em terreno público e a intenção era
construir as salas dentro dos domínios da escola.
Vencida mais esta etapa, deu-se início à construção. As atividades com as crianças
iniciaram em 20 de outubro de 2009, atendendo apenas 17 crianças no turno da manhã.
Neste período, apenas uma professora coordenava as atividades. Foram oferecidas
oficinas de reforço escolar, dança, teatro e artes. Os alunos recebiam uma refeição pela
manhã e iam almoçar em suas casas, retornando à tarde para o seu turno de aula do
currículo escolar.
Em 2010, a direção juntamente com o CPM, conseguiu por meio de mais projetos, verbas
para equipar as salas, comprando mesas, cadeiras, armário, colchonetes, materiais e
jogos pedagógicos. Oferece café da manhã, almoço e lanche (cardápio elaborado pela
nutricionista de Secretaria Municipal de Educação e Cultura). Conta com um professor de
Educação Física que desenvolve jogos esportivos e recreativos, uma professora de
Taekwondo, que uma vez na semana trabalha os fundamentos desta arte marcial, uma
professora de reforço pedagógico que diariamente auxilia as crianças na realização dos
temas e reforça o conteúdo trabalhado em aula, uma professora de Yoga que três vezes
na semana atende a turma e outa professora de Educação Física que trabalha dança,
musicalidade e atividades artísticas e criativas, além de participarem duas vezes na
semana do projeto Horta Escolar. Vale lembrar que dois professores são exclusivos do
projeto e os demais atendem em suas “janelas” do currículo da escola. Hoje, o pagamento
destes professores é de responsabilidade da SMEC (Secretaria Municipal de Educação e
Cultura) que também apoia o projeto.
São atendidas 37 crianças na faixa dos 6 aos 8 anos, tendo como critério de seleção
àquelas em maior situação de risco social, entendendo por isso, àquelas que vivem em
situação de miséria, que são maltratadas ou abusadas por seus familiares e que no turno
inverso da aula ficam “brincando” na rua, sem os cuidados de um adulto.
As atividades dos alunos do projeto acontecem no horário de funcionamento da escola:
7hs e30min às 17hs e 15min; aqueles que estudam no período da manhã, frequentam o
projeto à tarde e, vice-versa, permanecendo todos para o almoço e horário de descanso
(compreendido entre 11hs e 20min às 13hs e 10min), quando assistem DVDs infantis,
brincam, ouvem música, tiram uma soneca... Este é um horário mais “ligth”; as crianças
têm liberdade de optar pela atividade que quiserem, uma vez que respeitem as regras de
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convivência da escola.
5. Embasamento Teórico:
Considerando o disposto no artigo 34 e 87 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB) que prevê o aumento progressivo da jornada escolar para o regime de
tempo integral e ao mesmo tempo, reconhece e valoriza as iniciativas de instituições que
desenvolvem, como parceiros da escola, experiências extra-escolares (LDB, art.3, item
10), a EMEF Dr. Guilherme A.O. Hildebrand por acreditar nessa proposta de educação,
através de seu órgão representativo, o Círculo de Pais e Mestres – CPM - e por já vir
estabelecendo parceria com empresas do município viu acenar a possibilidade de
antecipar esta intenção do governo. Ao passo que, as indicações dos fóruns
internacionais, a LDB e o Plano Nacional de Educação ampliam o conceito de educação
incorporando à família, às organizações da comunidade e outros setores sociais como
responsáveis pela satisfação das necessidades básicas da aprendizagem, a escola
sentiu-se desafiada a dar o ponta-pé inicial, articulou parcerias, elaborou projetos e
concretizou a ideia.
Buscou-se adequar o atendimento oferecido às reais necessidades das crianças, da
escola e das famílias. Fez-se várias leituras de leis, regimentos, artigos e publicações de
textos sobre o assunto, mas nenhum é tido como referência principal , apenas ajudaram a
nortear a ideia que se tinha sobre a educação em turno integral. Pode-se citar: LDB,
_____Escola pública de horário integral:um tempo (fundamental) para o ensino
fundamental, disponível em <http://www.educacaoonline.pro.br>, Educação IntegralArticulação de Projetos e espaços de aprendizagem, de Isa Maria F. Rosa Guará,
Resolução SE nº7, de 18 de janeiro de 2006, Resolução SE nº 77, de 29 de novembro de
2006, …
6. Potencial de Impacto:
O grande sonho da direção da escola e do CPM é poder oferecer atividades em turno
integral para todas as turmas do Ensino Fundamental. Mesmo sabendo que isso é
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responsabilidade do governo, a escola entende que não pode esperar; os riscos que o
bairro oferece são muitos e as crianças e os adolescentes estão muito expostos e
vulneráveis por todo o contexto que já foi citado.
Por isso, a luta é contínua e assim progressivamente, vai se estendendo o projeto para
um número cada vez maior de crianças e adolescentes.
Com isso, espera-se que que crianças e adolescentes tenham um ambiente saudável
para crescer, conviver e aprender; combater casos de subnutrição, melhorar o
desempenho dos estudantes em sala de aula, diminuir os casos de infrequência e evasão
escolar, desenvolver atitudes e condutas de amizade e respeito,e de valorização à vida.
7. Resultados imediatos:
Em 2009, o projeto ainda era experimental; a partir do desenvolvimento das atividades
pôde-se planejar as ações para 2010.
Mesmo acontecendo há apenas 4 meses (neste ano), é possível perceber uma mudança
nas atitudes e comportamento das crianças, que se respeitam mutuamente, tem boa
disciplina, apresentam um desempenho muito satisfatório na sala de aula, estão mais
desinibidos e auto-confiantes, sua estima foi resgatada, percebem-se sujeitos da
construção do seu saber... Com isso, diminuiu a infrequência que era um sério problema
nos anos iniciais e as brigas na hora do recreio. As crianças estão afastadas da rua e
mais autônomas; encontram na escola, o apoio, o carinho, o afeto que mitas vezes não
recebem em casa.
8. Perspectivas de continuidade e sustentabilidade do trabalho:
Como cruzar os braços e esperar que as verbas venham automaticamente não é o forte
da equipe que trabalha na escola, muitos projetos serão escritos e desenvolvidos para
buscar recursos junto às empresas do município.
Convém ressaltar que no inicio de 2010, a escola elaborou novo projeto para ampliação
do Turno Integral e conseguiu verba de R$ 100.000,00 para a construção de mais uma
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sala e banheiros que logo estará sendo construída ( a verba já foi liberada) e, assim,
poder atender o dobro do número de crianças que já atende.
Buscará também, manter parceria com a Secretaria Municipal de Educação e Cultura, que
paga os professores e custeia a alimentação; além de buscar novos parceiros e empresas
que patrocinem os equipamentos para as salas que serão construídas.
A demanda da comunidade é muito grande, a fila de espera para atendimento de mais
crianças no projeto ultrapassa o número de 50 ( somente aqueles que estão dentro da
faixa etária atendida, caso contrário, o número seria bem maior).
9.Gestão Democrática da Instituição:
A EMEF Dr. Guilherme A.O. Hildebrand atende hoje 412 alunos e tem na direção a
professora Guiomar Isabel Rossini Machado. A escola conta com 25 professores e 8
funcionários, dois supervisores, um orientador educacional, uma auxiliar de disciplina e
uma vice-diretora.
A comunidade escolar tem presença marcante nas atividades desenvolvidas na escola; os
pais apesar de não muito comprometidos com a educação de seus filhos, participam e
apoiam as decisões tomadas pela direção, Conselho Escolar e CPM, pois sabem que
tudo que é feito é em benefício deles e de seus filhos.
Por isso, a escola, na condição de instituição formadora de cidadãos, busca contribuir de
forma decisiva no processo de formação e informação da comunidade, oportunizando
espaços de integração para alunos, pais e professores; assim como se empenha em
estreitar laços e parcerias com empresas para poder oportunizar projetos e práticas
educativas que possam atender os alunos no turno oposto ao da aula. (ver mais no site
da escola < http//:www.guilhermehildebrand.com.br>)
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