“Sou fusão de todos os tipos de cultura”
Escrito por Redacção
Quinta, 17 Julho 2014 14:26
Entrevista a Jonathan Butler
Guitarrista, cantor e compositor, Jonathan Butler é um músico sul-africano que já conquistou o
mundo, e que acredita que no mundo da música o dom e o trabalho é que contam. 51 anos de idade, 20 álbuns e ainda continua a irradiar energia. Qual é a fonte?
É inspiração. A música, a vida e a minha família são fontes de inspiração. Portanto, é de onde
obtenho tudo.
Começou a carreira com 7, 8 anos de idade. Como recorda esses momentos?
Quer que levemos todo dia ou quer que terminemos rapidamente? A minha família era toda de
músicos. Fui abençoado em estar numa casa cheia de música. Quando tinha 6 ou 7 anos de
idade comecei a cantar em casa. E quando a minha família descobriu que podia cantar,
colocaram-me em carnavais, grupos corais, cabaret e bandas. Sem que disso me
apercebesse, já era um sucesso na Cidade do Cabo e Durban. Mas profissionalmente comecei
quando me juntei ao Golden City Dixies, pois nessa altura viajava em tourné pela África do Sul,
Namíbia, Zimbabwe, já com 7 anos de idade. Com 12 fiz a minha primeira gravação e desde
então não paro de viajar e gravar.
Com essa idade tinha noção do que estava a fazer?
Eu sabia que queria ser músico. Sabia disso, estava dentro de mim. Deus sabe desde o ventre
de uma mãe o que serás. E Deus sabia que eu seria músico.
Com 12 anos de idade foi o primeiro negro que passou a música numa rádio no regime
do Aphartheid. Como se sentiu?
Senti-me feliz. Mas é isso o que a música faz. A música quebra barreiras e todas as regras.
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Ajuda as pessoas a entenderem e a ficarem conscientes
.
Que impacto isso teve para os negros que ouviram a sua música a passar na rádio?
Penso que foi um momento de orgulho, porque antes disso escutávamos Stevie Wonder,
Jackson Five, Elvis e The Beatles. Então, escutar os irmãos locais, como Miriam Makeba e
Hugh Masekela era um orgulho.
Sente que foi um rapaz de sorte quando repara a sua trajectória?
Não acredito na sorte, mas sim no trabalho árduo e no dom. Tive muita preparação e prática.
Estar no lugar certo, na hora certa, também é importante.
A sua música é, às vezes, classificada como R&B, Fusion ou Gospel. Que música toca?
É música do mundo. Não posso deixar de olhar como música do mundo porque sou uma fusão
de todos os tipos de cultura. Hoje estou em Maputo, amanhã na Nigéria e depois no Brasil. Sou
influenciado por muitos estilos musicais, mas o gospel é verdadeiramente a maior parte do que
sou. É por ser o meu chamado, o meu ministério. Está para além do entretenimento. É tocar a
vida das pessoas. É ministrar para as pessoas palavras de coragem, esperança, fé e crença. É
isso o que gospel é: boas notícias.
Que sensações experimentou ao gravar o primeiro álbum?
Foi muito excitante! Ouvir na rádio pela primeira vez foi o momento mais excitante de toda a
minha vida.
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Sei que o seu calendário é muito apertado. Como gere, para não esquecer a família?
Passas o tempo, quando fazes o tempo, estás presente. Tens que garantir que estás presente.
Não podes dizer vamos ao parque, quando estás ao telefone. Passo momentos prazerosos
com a minha família a todo momento, mesmo estando em Maputo e ela em Los Angeles, estou
sempre conectado.
Por que é que deixou a África do Sul?
Não foi sequer uma questão do porquê. Tive uma oportunidade de ir a Londres assinar com
JIVE US, e ver o resultado do que podia ser nessa viagem. Fui para lá como compositor e
escrevi muitas canções para Millie Jackson, Tom Jones, Al Jarreau, George Benson, Bill
Ocean, e etc. E como escritor de músicas desenvolvi minhas próprias gravações. Onde se sente mais confortável?
Sinto-me mais confortável onde a minha família estiver, em Los Angeles. Todos os músicos
que gosto estão lá.
Este é o seu momento da carreira mais brilhante?
Sinto-me como se estivesse ainda a crescer. Sinto que sou o melhor no que estou a ouvir na
minha cabeça. Sinto que estou musicalmente num bom lugar, porque crio constantemente.
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