B
iotecnologia é um termo que
nos remete ao estado da
arte da ciência da vida. Está
associado ao genoma, ao DNA, a
clones, enfim, a um extenso leque de
descobertas dos tempos modernos.
Mas a biotecnolgia é tão antiga quanto a própria civilização. O primeiro
homem que, 12 mil anos atrás, numa
remota Mesopotâmia, usou fermento
para fazer o pão estava pondo em
curso um processo biotecnológico.
Hoje a biotecnologia continua a fazer
o pão, com a diferença de que o
ingrediente pode ser transgênico.
Biotecnologia é um termo que também nos remete à polêmica. Ambientalistas e agricultores debatem
o plantio de alimentos transgênicos,
entre eles a soja. Correntes religiosas, em nome do direito da vida do
embrião, se opõem a pesquisadores
que defendem o uso de células-tronco em tratamentos de doenças. O debate envolve questões éticas e legais.
Há mais perguntas que respostas.
O importante é ter os argumentos
afiados, tarefa que este fascículo o
ajudará a levar a cabo.
NESTA EDIÇÃO
Em que pé está a Lei
da Biossegurança PÁG. 3
Cinco dicas para você
estudar melhor PÁG. 8
Biotecnologia,
promessas
e polêmicas
Culturas transgênicas e uso
de células-tronco estão no
centro de um debate que
envolve questões éticas,
legais e religiosas
Representação
do DNA
> Física
> Biologia
> Química
ENTENDA O ASSUNTO
Biotecnologia, entre
o milagre e o pecado
A ciência abre novas perspectivas para o tratamento de doenças, mas
seu avanço provoca polêmicas e debates sobre a própria noção de vida
POR FÁBIO L. OLIVEIRA
CÉLULAS PLURIPOTENTES
(Células de blastocisto de 5-14 dias)
UM BIÓLOGO, DUAS SURPRESAS
© (AP)
James
Watson
2 I
r e v i s ta é p o c a
I
ÓVULO FERTILIZADO
EMBRIÃO DE 8 DIAS
BLASTOCISTO
PLURIPOTENTES
NEURÔNIO
CÉLULAS DO SANGUE
MÚSCULO
H
oje em dia podemos tomar vinhos de ótima qualidade, de várias partes
do mundo e a preços acessíveis. Foi longo o caminho para chegar a esse
estágio. Começou a ser percorrido há 5 mil anos no Egito, onde encontramos os registros mais antigos do processo de vinificação. Naquela época, o uso
de fermentos já não era novidade – afinal, a produção do pão na Mesopotâmia
remonta há 12 mil anos.
Os antigos não tinham um nome para o processo, mas, ao produzir o pão e o
vinho, estavam usando a biotecnologia. O termo se refere à utilização de seres
vivos para a obtenção de serviços ou produtos. É o que a biotecnologia moderna
ainda faz, agora com a ajuda da informação genética, que multiplicou sua utilidade. Atualmente, por exemplo, a biotecnologia está na base da realização de
testes de paternidade ou do desenvolvimento de medicamentos.
O passo mais importante, que abriu as portas para a biotecnologia moderna,
foi dado em 7 de março de 1953 por Francis Crick e James Watson. Trabalhando
no laboratório Cavendish, na Inglaterra, eles foram os primeiros a apresentar
um modelo da molécula de DNA, com o formato de dupla hélice (parecida com
uma escada em espiral). Essa descoberta causou uma revolução na biotecnologia, possibilitando pesquisas com transgênicos, clonagem, genomas e célulastronco. Tais avanços defrontaram o homem e a sociedade com dilemas e conflitos éticos, religiosos e legais, ainda passíveis de discussão e solução.
Em 1970, a descoberta das enzimas de restrição (que cortam o DNA em
pontos específicos) tornou possível transferir trechos de DNA de uma espécie
para outra e, portanto, o desenvolvimento de organismos transgênicos. O pri-
1 1 d e j u n h o d e 22 0 |0 7R E V I S T A É P O C A | F A S C Í C U L O X I
ilustração: AKE ASTBURY
> O biólogo James Watson
surpreendeu o mundo duas
vezes. A primeira foi em
1953, quando, com Francis Crick, físico britânico,
anunciou o modelo de dupla
hélice para o DNA, propondo
como se daria sua replicação. A segunda foi em outubro passado, ao declarar seu
“pessimismo em relação ao
futuro da África pelo fato de
os negros terem menos inteligência que os ocidentais”.
Watson se desculpou publicamente, mas foi suspenso
do Laboratório Cold Spring
Harbor, onde trabalhou por
40 anos. Acabou por se aposentar. A declaração mancha
a biografia do cientista,
mas não tira o valor de sua
descoberta, que lhe valeu o
Prêmio Nobel de Medicina
em 1962.
meiro deles, uma bactéria produtora de insulina humana,
foi apresentado em 1982, pela pioneira Genentech, da
Em 1953, foi
Califórnia, Estados Unidos. Atualmente existe uma série
de organismos geneticamente modificados, desde animais
apresentado
de laboratório (com genes implantados ou suprimidos),
o modelo da
usados em pesquisas, até vegetais resistentes a pragas,
molécula de
inseticidas, secas ou enriquecidos nutricionalmente.
DNA com
Culturas transgênicas podem trazer inúmeros beneformato de
fícios, como é o caso do arroz “dourado”, desenvolvido
dupla hélice
para combater, em populações subnutridas de países
pobres, a deficiência de vitamina A, responsável por 500
mil casos anuais de cegueira infantil. Culturas resistentes a secas ou altas salinidades estão sendo desenvolvidas em países como
a África do Sul, podendo aumentar a produção de alimentos nos países
africanos. O plantio de culturas resistentes a inseticidas ou pragas permite
menor uso de inseticidas, o que reduz o impacto ambiental e o preço dos
alimentos e pode contribuir para a diminuição da fome no mundo. Pequenos
agricultores, contudo, devem ter acesso a essas sementes, caso se queira
que o panorama da fome seja realmente modificado.
Não há só aspectos positivos. Algumas dessas culturas contêm genes que as
fazem gerar sementes infecundas, o que obriga os agricultores a comprar as
sementes a cada safra. Uma vez plantados, os vegetais transgênicos podem selecionar pragas mais resistentes ou os transgenes podem se dispersar por meio do
pólen e ser incorporados por outras plantas, com conseqüências imprevisíveis.
Atualmente vários países estão desenvolvendo e cultivando safras transgênicas, inclusive o Brasil. Até agora não foi detectado nenhum problema ambiental,
mas isso não é conclusivo. A segurança ambiental e alimentar de cada transgênico precisa de confirmação anterior a sua liberação para o mercado.
O desenvolvimento de técnicas que possibilitaram a identificação da seqüência de nucleotídeos dos DNAs e a revelação dos genomas das espécies
também têm importantes aplicações. Conhecer o conjunto de genes de espécies
patogênicas de plantas ou animais torna possível identificar os genes responsáveis pela doença e direcionar as pesquisas na busca de cura ou tratamento. Um
exemplo bem-sucedido foi o projeto do genoma da bactéria Xilella fastidiosa, causadora do amarelinho, praga que gera enormes prejuízos à citricultura. Financiado
pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o projeto
foi concluído em 1999. Na área de saúde, o Instituto Ludwig de Pesquisas sobre
o Câncer em São Paulo coordena o projeto Genoma Humano do Câncer, que visa
identificar genes ativos nessa doença, ampliando a possibilidade de tratamento.
BIOSSEGURANÇA,
LEI
AINDA NO PAPEL
Por Venerando S. Oliveira
Sancionada em 24 de março
de 2005, a Lei de Biossegurança
cria o Conselho Nacional de
Biossegurança (CNBS) e reestrutura a Comissão Técnica Nacional
de Biossegurança (CTNBio),
ligada ao Ministério de Ciência e
Tecnologia.
A aprovação da lei foi acelerada
pela necessidade de regulamentar
dois assuntos polêmicos e em
estágios já bastante adiantados:
as células-tronco e os organismos geneticamente modificados
(OGMs).
Pesquisas com células-tronco
mostram resultados promissores
no tratamento de câncer e doenças degenerativas, como o mal de
Alzheimer. Por utilizar embriões
de onde são retiradas as células,
essas pesquisas sofrem a oposição de setores religiosos e de
grupos antiaborto.
Quanto aos alimentos transgênicos, a soja, plantada principalmente no sul do país, está no centro da
polêmica dos OGMs. Introduzida
no Brasil nos anos 90, ela é resistente a pragas e pesticidas, o que
aumenta a produtividade e reduz
os custos. Os ambientalistas são
seus mais ferrenhos críticos.
A polêmica está longe de acabar, e a desinformação da sociedade alimenta e prolonga esse
processo. Embora sancionada
há mais de dois anos, a Lei de
Biossegurança continua no papel.
DIVULGAÇÃO © (AP)
Venerando S. Oliveira, físico formado pela
Unicamp, é educador, autor de material
didático, professor e coordenador do ensino
médio e de cursos pré-vestibulares
Xilella
fastidiosa
3 | R EV ISTA É PO C A | FA SCÍC U L O X I
>> O QUE VER E O QUE LER
O SEXTO DIA O tema desse filme
é a clonagem de seres humanos.
Espécie de ficção científica em que
o protagonista é substituído por seu
clone e foge para não ser assassinado enquanto tenta decobrir a trama
por detrás desse mistério.
GATTACA, A EXPERIÊNCIA
GENÉTICA Enfoca a eugenia.
Numa época futura, seres humanos
são criados em laboratório e melhorados geneticamente. Aqueles concebidos biologicamente são colocados à margem dessa nova sociedade
geneticamente selecionada. Um ser
humano concebido biologicamente
vai reverter o status.
PARQUE DOS DINOSSAUROS
O homem domina as técnicas de
engenharia genética em estado de
arte a ponto de recriar os dinossauros, confinando-os em um parque temático. As coisas escapam
do controle quando os animais
revividos não se comportam dentro dos padrões esperados.
Os seguintes sites também
são recomendados:
http://www.ctnbio.gov.br
– Comissão Técnica Nacional de
Biossegurança
http://www.comciencia.
br/reportagens/clonagem/
clone02.htm – Clonagem ainda
é técnica em desenvolvimento
DIVULGAÇÃO
Três filmes, embora de ficção,
abordam questões genéticas
de forma que podem ajudar no
aprendizado. São eles:
Outra faceta da biotecnologia é a geração
de indivíduos geneticamente iguais – os
clones. O principal marco nesse campo
foi o nascimento da ovelha Dolly, anunciado por Ian Wilmut em 1997. Como
isso foi possível? Uma célula mamária
de uma ovelha foi fundida com um
óvulo de outra ovelha (cujo núcleo foi
previamente removido) e o embrião
resultante implantado no útero de uma
terceira, gerando uma ovelha geneticaIan Wilmut,
mente idêntica à doadora do óvulo. O
que anunciou
sucesso dessa técnica permite imaginar
o primeiro
a clonagem reprodutiva de animais de
clone animal
estimação mortos, espécies em extinção
ou extintas e até do homem. A clonagem
de seres humanos, além das questões éticas, é bastante combatida pela
ciência devido ao risco de haver problemas no clone, como aconteceu
com a própria Dolly, vítima de envelhecimento precoce.
A clonagem terapêutica pode dar origem às chamadas células-tronco
embrionárias. Tais células, por meio de divisões sucessivas, podem gerar
qualquer um dos mais de 200 tipos celulares de nosso corpo, representando esperança para o tratamento ou cura para muitas enfermidades.
Células-tronco adultas, como as da medula óssea, podem gerar muitos
tecidos, mas não todos. Isso justifica tamanho interesse pelas célulastronco embrionárias. Para obter tais células, é preciso retirá-las de um
embrião com cerca de 5 dias de idade, interrompendo
seu desenvolvimento. Isso gera muita resistência,
sobretudo de correntes religiosas, que alegam que
O principal
essa interrupção provoca a morte do embrião. Para a
marco da
ciência, no entanto, ainda não existe vida no embrião.
clonagem foi
Biologicamente, considera-se o início da vida quando
o nascimento
surge o sistema nervoso, o que acontece somente no
da ovelha
final do primeiro mês de gestação.
Dolly, anunciado
Há então um grande impasse, pois clínicas de reprodução humana eliminam os embriões não-utilizados.
em 1997
A mesma sociedade que aceita tal eliminação não
permite que esses embriões sejam utilizados para fornecer as células-tronco para as pesquisas.
Em tais pesquisas, a clonagem terapêutica gera células-tronco do
paciente que são injetadas no órgão doente, esperando-se que se transformem nesse tecido. Tal técnica não apresenta rejeição, além de ser
menos traumática que transplantar um órgão inteiro. A partir disso, abrese caminho para o tratamento de doenças cardíacas, degenerativas, paralisia de membros por danos na medula espinhal, entre outros casos.
Todo esse repertório de novos conhecimentos traz promessas de
melhoria da qualidade de vida, mas levanta também conflitos éticos e
religiosos. A legislação está sendo criada, e tanto legisladores quanto
sociedade devem conhecer tais assuntos, pois serão chamados a decidir
sobre o futuro da biotecnologia e suas implicações para todos nós.
DIVULGAÇÃO
Dinossauro
recriado pela
ficção
4 I
r e v i s ta é p o c a
I
1 1 d e j u n h o d e4 2|0 0R7 E V I S T A É P O C A | F A S C Í C U L O X I
FÁBIO L. OLIVEIRA, biólogo formado pela
Unicamp, é autor de materiais didáticos,
professor do ensino médio e de cursos
pré-vestibulares
Seqüenciamento do DNA
Com esta questão, que aborda projetos genomas, você
pode avaliar seus conhecimentos sobre síntese protéica
Ilustração: AKE ASTBURY
Projetos genomas visam identificar os genes de um organismo.
Para isso, é necessário descobrir a
seqüência de nucleotídeos do DNA
desse organismo para identificar os
genes e as proteínas codificados por
eles. Geram-se, a partir de uma única
molécula de DNA, vários segmentos
com tamanhos diferentes. Estes
são colocados em cima de um bloco
de gel e o atravessam. Os menores
pedaços o fazem mais rapidamente e
os maiores, mais lentamente.
A figura aqui reproduzida repre-
RNA mensageiro
Proteína
UACAAGGUGCCAU
ATGTTCGAGCCTA
UGUUCCACGGUA
AUGUUCCACGGUA
AUCUUGGAGCCUA
Y
W
Beta
Z
Alfa
senta um gel no qual foram colocados
teína codificada por ele é a:
mensageiro
vários RNA
segmentos
com tamanhos Proteína
A) Alfa B) Z C) Y D) Beta E) W.
diferentes de uma mesma molécula de
DNA. A técnica usada permite saber
COMENTÁRIO
que o último nucleotídeo de cada
Essa questão aborda de maneira sucinsegmento da coluna A é a Adenina, da
ta como se realiza um projeto genoma.
coluna T, é a Timina, e assim por diante. A leitura do enunciado é essencial para
Após a migração e separação desses
quem não sabe como se faz a leitura
segmentos, é estabelecida a seqüência
dos trechos de DNA no gel para se achar
da molécula original, colocando-se os
a ordem dos nucleotídeos do trecho
nucleotídeos conhecidos de cada colude DNA seqüenciado. Após o estabena, separados no gel, na ordem, do mais lecimento da ordem dos nucleotídeos
leve para o mais pesado. A partir disso,
do DNA, é necessário que se lembre a
é possível estabelecer a seqüência de
ordem de pareamento do DNA com o
aminoácidos da proteína codificada por
RNA mensageiro em formação (A com U,
esse segmento. Seqüenciando tal
T com A, C com G e G com C) para analisegmento e analisando a tabela
sar a tabela e verificar a proteína codificaacima, é possível dizer que a proda pelo trecho de DNA seqüenciado.
GABARITO: (B)
RESPOSTA DA QUESTÃO INÉDITA DO FASCÍCULO X
Na América do Sul, a esquerda
convive com a economia de mercado
UACAAGGUGCCAU
Y
ATGTTCGAGCCTA
W
UGUUCCACGGUA
Beta
AUGUUCCACGGUA
Z
A questão da semana passada era sobre rompimento com a economia de mercado
AUCUUGGAGCCUA
o cenário geopolítico da América do Sul. A Alfa
e dogmas liberais. Ao que tudo indica, essa
chegada de muitos partidos de esquerda
nova tendência está mais vinculada a uma
ao poder na região mudou o panorama,
refreada ao neoliberalismo, interpretado
mas
não
implicou
a
adoção
do
socialismo
como uma espécie de radicalismo de
RNA
mensageiro
Proteína
como modelo político e econômico, nem o mercado, do que a uma confrontação
ideológica com o capitalismo.
Gabarito: alternativa D (Apesar de
muitos partidos de esquerda terem
chegado ao poder na América do Sul,
o sistema de economia de mercado foi
mantido em todos eles).
5 | R EV ISTA É PO C A | FA SCÍC U L O X I
QUESTÕES RESPONDIDAS
Projeto Genoma, transgênicos, DNA
Teste seus conhecimentos com questões que já caíram em vestibulares
recentes e confira os comentários dos professores
1ª questão
Em abril de 2003, a finalização do
Projeto Genoma Humano foi noticiada por vários meios de comunicação
como sendo a “decifração do código
genético humano”. A informação, da
maneira como foi veiculada, está:
A) correta, porque agora se sabe
toda a seqüência de nucleotídeos
dos cromossomos humanos.
B) correta, porque agora se sabe
toda a seqüência de genes dos cromossomos humanos.
ERNESTO DE SOUZA
2ª questão
6 I
r e v i s ta é p o c a
I
C) errada, porque o código genético diz
respeito à correspondência entre os
códons do DNA e os aminoácidos nas
proteínas.
D) errada, porque o projeto decifrou
os genes dos cromossomos humanos,
não as proteínas que eles codificam.
E) errada, porque não é possível
decifrar todo o código genético,
existem regiões cromossômicas
com alta taxa de mutação.
Unifesp, 2004
COMENTÁRIO
Esse é o típico enunciado “pega-
Organismos são ditos transgênicos quando, por técnica de
engenharia genética, recebem e
incorporam genes de outra espécie,
os quais podem ser transmitidos
aos seus descendentes. Exemplos
desses organismos são as plantas
transgênicas, receptoras de um
gene de outro organismo
(doador) que lhes confere resistência a certos herbicidas. Para que
ocorra a síntese da proteína
codificada pelo gene
inserido no genoma da espécie
receptora, diversas condições
devem ser observadas. Entretanto,
fundamentalmente, essa técnica
é possível porque:
A) cada organismo apresenta seu
próprio código genético.
B) o código genético é comum
a todos os seres vivos.
C) o código genético é degenerado.
distraído”, pois reafirma uma
confusão já comum nos meios de
comunicação, que não diferencia
corretamente os conceitos de genoma e código genético. Portanto,
cuidado. O vestibulando que não faz
uma análise crítica das informações
veiculadas na mídia pode apreender
conceitos errados. Vale lembrar que
o genoma é o conjunto de genes de
uma espécie e o código genético é a
relação entre a trinca de bases
do DNA (ou RNA mensageiro) e o
aminoácido colocado pelo ribossomo na proteína.
D) a técnica permite trocar o código
genético do organismo doador do gene.
E) a técnica permite trocar o
código genético do organismo
receptor do gene.
PUC-SP, 2004
COMENTÁRIO
O enunciado facilita a compreensão
ao fornecer informações introdutórias sobre o assunto que ajudam o
candidato a se lembrar dos principais conceitos. Mas também exige
atenção redobrada devido à relação
entre genoma e código genético. Com
relação ao código genético, é bom
lembrar que, salvo algumas diferenças
em algumas trincas de bases do DNA
em algumas poucas espécies, o código genético é universal, ou seja, é o
mesmo em todas as espécies, sendo,
portanto, usado como uma das evidências do processo evolutivo.
1 1 d e j u n h o d e6 2|0 0R7 E V I S T A É P O C A | F A S C Í C U L O X I
A tira de quadrinhos ao lado faz
referência à manipulação de genes
em laboratório. Se esse tipo de experimento realmente fosse concretizado, seria possível afirmar que:
A) o elefante e o vaga-lume são organismos transgênicos.
B) apenas o vaga-lume é um organismo transgênico.
C) uma seqüência de RNA do vagalume foi transferida para células do
elefante.
D) o gene do vaga-lume controlou a
produção de RNA e de proteína no
interior das células do elefante.
E) uma seqüência de DNA do elefante
sofreu mutação devido à introdução
do gene do vaga-lume em células
4ª questão
Neste ano de 2003, são
comemorados os 50 anos da
“descoberta” da estrutura
tridimensional do DNA.
Com relação às características
dessa molécula, ao papel que ela
desempenha nos seres vivos e aos
processos em que se encontra
envolvida, é CORRETO afirmar que:
01) é formada por duas fileiras de
nucleotídeos torcidas juntas em
forma de hélice.
02) em sua composição é possível
encontrar quatro bases nitrogenadas
diferentes: a adenina, a citosina,
o aminoácido e a proteína.
04) ela tem a capacidade de se
autoduplicar.
08) nela está contida a informação
genética necessária para a
formação de um organismo.
16) a mensagem nela contida pode
ser transcrita para uma outra
molécula denominada RNA.
O ESTADO DE S. PAULO, 27 DE MAIO DE 2004
3ª questão
daquele mamífero.
desenho remete à luz excessiva e
instantânea. De qualquer maneira, a
análise do quadrinho é essencial na
resolução. A partir dela verifica-se que
o elefante brilhou como vaga-lume, o
que permite responder que um gene
do vaga-lume foi transferido ao elefante, que pode produzir bioluminescência como o vaga-lume.
PUC-SP, julho 2005
COMENTÁRIO
É uma daquelas questões consideradas fáceis. Uma rápida análise da
tirinha já encaminha para a resposta
correta. Mesmo que o candidato não
perceba a palavra “flash”, o próprio
32) nos organismos procariontes,
ela fica estocada dentro do núcleo
das células.
64) em alguns organismos
primitivos, ela apresenta apenas
uma fileira de nucleotídeos.
UFSC, 2003 (questão 1 da prova branca)
COMENTÁRIO
Neste caso, a tirinha não agrega
informação que facilite a escolha
das alternativas corretas. Outra
dificuldade é o excesso de assertivas a serem avaliadas e a solicitação final do somatório dos valores.
Com relação à afirmativa 64, vale
lembrar que existem alguns vírus
cujo material genético é DNA de
fita simples e outros com RNA de
fita dupla. Então, o conceito de que
moléculas de DNA têm fita dupla
e de RNA têm fita simples não se
aplica a todos os organismos.
GABARITO: 1 (C), 2 (B), 3 (D), 4 (soma das alternativas corretas: 93)
7 | R E V I S T A É P O C A | F A S C Í C U L O 1 1XdI e j u n h o d e 2 0 0 7 I r e v i s ta é p o c a I 7
Dicas para
o candidato
Cinco sugestões para
você se preparar melhor
Seguindo essas orientações, o vestibulando terá
maiores chances de se sair bem nos exames
os dez primeiros fascículos, demos dicas
sobre como fazer melhor a prova. Agora,
neste último fascículo, ficam sugestões de
como estudar melhor, algo fundamental nesta reta
final até a realização dos exames.
N
3
1
SEU CANTO
Tenha sempre um local para seus estudos. Seja em
casa, no cursinho, ou em sua escola, esse seu “canto”
deve ser bem iluminado e sem ruídos que possam
atrapalhar sua concentração.
4
2
5
SEU LIMITE
Jamais estude por horas a fio. Especialistas recomendam que a moderação (cerca de três a quatro horas por
dia) é mais salutar, além de preservar na memória os
conteúdos já apreendidos.
SEU RITMO
Nunca se apresse em seus estudos. Cada assunto
não deve ser apenas lido, mas sim compreendido e
enfocado em seus pontos principais. Para render mais,
faça sempre anotações.
SUA ATITUDE
Não permaneça com dúvidas, tente solucioná-las
com amigos e/ou professores. Buscando ajuda, além
de solucionar a dúvida, sempre se pode acrescentar
algo ao que já se sabe.
SEU BOM SENSO
Não realize seus estudos se suas condições físicas e/ou
emocionais não estiverem normais. Esse tipo de situação é
negativa para o rendimento estudantil. Nesses casos, procure alguém de sua confiança e peça orientação.
DIRETOR GERAL Juan Ocerin
DIRETOR EDITORIAL Paulo Nogueira
DIRETOR DE MERCADO ANUNCIANTE Gilberto Corazza
DIRETOR DE FINANÇAS Frederic Zoghaib Kachar
DIRETOR DE ASSINATURAS Stavros Frangoulidis Neto
DIRETORA DE MARKETING Yara Grottera
DIRETOR DE REDAÇÃO Helio Gurovitz [email protected]
REDATOR-CHEFE David Cohen
DIRETOR DE CRIAÇÃO Saulo Ribas
EDITORES-EXECUTIVOS André Fontenelle, David Friedlander
DIRETOR DE ARTE Marcos Marques
Ilustração: AKE ASTBURY
O Guia ÉPOCA Vestibular 2008 - Atualidades é um projeto
editorial de 11 fascículos desenvolvido pelo UNO Sistema de
Ensino da Editora Moderna para a Editora Globo. © 2007 Editora Moderna e Editora Globo. Todos os direitos reservados.
Nenhuma parte desta coleção pode ser reproduzida sem
autorização prévia da Editora Moderna e da Editora Globo.
COORDENAÇÃO GERAL DO PROJETO Ana Luisa Astiz
COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA Carlos Piatto (UNO)
COORDENAÇÃO DE TEXTOS Antonio Carlos da Silva (Prof.
Toni) e Venerando Santiago de Oliveira (Prof. Venê)
COMENTÁRIOS AOS ENUNCIADOS E DICAS Jô Fortarel
EDIÇÃO DE TEXTO Oscar Pilagallo
EDIÇÃO DE ARTE Leonardo Nery Protti
ILUSTRAÇÕES AKE Astbury
REVISÃO Bel Ribeiro
SUPERVISORA DE INTERNET Adriana Isidio (UNO)
8 I
r e v i s ta é p o c a
I
11 de junho de 2007
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Biotecnologia, promessas e polêmicas