AVALIAÇÃO DA TAXA DE INJEÇÃO NA FERTIRRIGAÇÃO A PARTIR DA TUBULAÇÃO DE SUCÇÃO DE UM EQUIPAMENTO PIVÔ CENTRAL L. C. Santos1; J. L. Zocoler2; A. L. Justi3; A. O. Silva1; R. B. Zanardi3 RESUMO: Neste trabalho avaliou-se a taxa de injeção na fertirrigação em um pivô central quando a mesma é realizada a partir da tubulação de sucção. O equipamento possui vazão de 300 m³h-1 e área irrigada de 66 ha, estando localizado na região oeste do Estado da Bahia. Foram utilizadas duas caixas de alvenaria como tanques de solução fertilizante, ambas com área de 1,025 m² e altura de 1,25 metros. Estas foram divididas em três seções com o auxílio de uma régua, para fins de verificação do comportamento da taxa de injeção.Utilizou-se o delineamento experimental inteiramente casualizado, sendo realizadas seis repetições em cada posição avaliada, ou seja, parte superior da caixa, parte intermediária e terço inferior. Concluiu-se que houve variações na taxa de injeção da solução fertilizante à medida que ocorria um decréscimo do nível da solução no tanque de abastecimento e esta atingiu valores da ordem de 15%. PALAVRAS CHAVE: Agricultura irrigada, Quimigação, Injeção. STUDY OF INJECTION RATE IN FERTIGATION THROUGH CENTER PIVOT FROM THE SUCTION LINE SUMMARY:In this work evaluated the injection rate in fertigation in a center pivotwhen it is carried from the suction piping. The flow of the equipment is 300 m³ h-1 and its irrigated area is 66 ha, localized in the western State of Bahia, Brazil. Were used two boxes of masonry tanks as fertilizer solution, both with an area of 1.125 m2 and height of 1.25 meters. These were divided into three sections with the aid of a ruler, to verify the behavior or the injection rate. Were used the entirely randomized design, with six repetitions performed at each location evaluated, i.e, the top of the box, the middle and the lower third. It was concluded that the variations in theinjection rate of fertilizer occurred when the level of solution supply tank decreased and it reached values of around 15%. KEYWORDS: Agriculture irrigated, Chemigation, Injection 1 Eng. Agrônomo, mestrando do Programa de Irrigação e Drenagem, Departamento de Engenharia Rural, FCA/UNESP, CP 237, CEP 18610-307, Botucatu-SP, E-mail: [email protected] 2 Prof. Doutor, Depto de Fitossanidade, Engenharia Rural e Solos, UNESP/Ilha Solteira-SP. 3 Doutorando em Irrigação e Drenagem, Departamento de Engenharia Rural,FCA/UNESP, Botucatu-SP. L. C. Santos et al. INTRODUÇÃO A irrigação teve avanço considerável nas últimas décadas, tanto no que diz respeito aoaprimoramento de novos métodos, quanto no incremento de novas áreas irrigadas. Dentre asvantagens da irrigação está aquela que possibilita utilizar este sistema como meio condutor edistribuidor de produtos químicos, como fertilizantes, defensivos químicos ereguladores de crescimento, simultaneamente com a água de irrigação, prática conhecida comoquimigação. Em pivô central, esta é uma técnica relativamente comum entre os irrigantes, uma vez que o equipamento é bastante apto a isso. Todavia, essa operação é feita, basicamente, injetando-se a solução na tubulação de recalque (no centro do pivô central) através de bombas injetoras do tipo pistão que, embora permita umbom controle da vazão da calda, apresenta como principais inconvenientes o elevado custo do equipamento e desgaste excessivo das peças ativas devido o contato da calda com as mesmas. Uma alternativa a esse sistema de injeção seria a utilização da linha de sucção da bomba, que de acordo com Testezlaf[20-?], é uma técnica muito simples e de baixo custo. O princípio que rege este métodoé o da criação de uma depressão no centro do rotor da bombaque, em seguida, é transmitida para a tubulação de sucção da unidade de bombeamento, gerando assim,uma depressãoque é capaz de succionar um fluído que esteja conectado a linha de sucção, como por exemplo, uma solução fertilizante. Segundo Dourado Netoet al. (2001), muitos irrigantes injetam os fertilizantes, no caso da fertirrigação, na tubulação de sucção da motobomba da irrigação; porém, esta técnica não é aconselhável devido ao grande risco de poluição da fonte de água, a qual o Estado concedeu um termo de outorga ao irrigante. Nessa mesma linha, Coelhoet al. (2009) enfatizaram que esse tipo de instalação, sempre que possível, deve ser evitada, uma vez que apresenta uma série de inconvenientes e limitações, além de haver a disponibilidade de outras opções de métodos mais simples e operacionalmente menos agressivos ao meio ambiente. A primeira limitação diz respeito ao aspecto ambiental, em função de uma possível contaminação da fonte de água pela solução fertilizante, devido ao refluxo ocasionado por uma eventual parada do sistema de bombeamento. Outro aspecto é o desgaste que as soluções fertilizantes altamente corrosivas provocam nas partes internas da bomba centrífuga, as quais apresentam, na sua maioria, rotores metálicos. Nesse contexto, objetivou-se com o presente trabalho, analisar o comportamento da taxa de injeção na fertirrigação via pivô central quando a mesma é realizada a partir da tubulaçãode sucção. MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi conduzido na Fazenda Busato II, localizada no município de Serra do Ramalho, na região oeste do estado da Bahia. As coordenadas geográficas do local são 13° 17’ Latitude Sul, 43° 43’Longitude Oeste e altitude de 458 metros. Os ensaios foram realizados em um equipamento do tipo pivô central, modelo Valmatic, com comprimento da linha lateral de 458,35 metros, vazão de 300 m³/h e área irrigada de 66 hectares. L. C. Santos et al. Nos testes foram utilizadas duas caixas de alvenariacomo tanques de solução fertilizante, ambascom área de 1,025 m² e altura de 1,25 m, perfazendo um volume de 1281,3 L.Estas foram divididas em três seções com o auxílio de uma régua, para fins de verificação do comportamento da taxa de injeção. Cada seção foi representada por uma altura de 0,3 m, o que corresponde a um volume de 307,5 L, perfazendo um volume útil de 922,5 L.O fundo das caixas de alvenaria estavaposicionadono mesmo nível da tubulação de sucção. A cultura fertirrigada foi o milho no estágio V T, ou seja, a fase fenológica imediatamente anterior ao início da fase reprodutiva. Nesse período a cultura foi adubada com 35 kg de N ha -1, o que equivaleu a 140,4 kg de uréia por tanque (considerando o volume útil). Na linha de sucção utilizou-se mangueira flexível de PVC de diâmetro 1,5 polegadasligada aos tanques, conforme Figura 1; sendo ainda instalado um registro do tipo gaveta para impedir entrada de ar quando o sistema de fertirrigação não estivesse em operação. Figura 1. Esquema do sistema de injeção na tubulação de sucção no pivô central. Foi utilizado um cronômetro para verificar o tempo de injeção para cada seção das caixas e também um vacuômetro analógico para aferição da tensão existente na linha de sucção sem a injeção. Utilizou-se o delineamento experimentalinteiramente casualizado, sendo realizadas seisrepetições em cada posição avaliada, ouseja, 1ª seção (parte superior da caixa), 2ª seção (parte intermediária) e 3ª seção (terço inferior). Aplicou-sea análise de variância, seguida do teste deTukey. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os valores médios obtidos com as taxas de injeção nas diferentes seções do tanque de fertilizante concentrado estão apresentados na Tabela 1. Tabela 1. Taxa de injeção na fertirrigação em pivô central a partir da tubulação de sucção. Seções Altura do trecho (m) Tempo de injeção (min) Taxa de injeção (L/h) Variação (%) 1ª 0,3 4,22 4374,44 a* - 2ª 0,3 4,49 4116,67b 6,0 3ª 0,3 4,94 3733,29 c 14,6 Médias seguidas por letras iguais na vertical não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade * Os valores encontrados para as taxas de injeção diferiram estatisticamente entre si e apresentaram uma variação que alcançou 14,6%para menos quando se comparou a taxa da parte superior com a inferior; a porção intermediária ficou com uma variação de 6,0%, quando se L. C. Santos et al. toma como referência a primeira seção. Este comportamento justifica-se por conta da carga adicional provocada pela coluna da solução fertilizante ir reduzindo quando se esgotava cada seção do tanque. A tensão medida na mangueira conectada à linha de sucção sem injeção da solução era -29,4 kPa(-220 mmHg).As diferenças das taxas de injeção para cada seção avaliada estão representadas na Figura 2. Figura 2. Taxa de injeção na fertirrigação em pivô central a partir da tubulação de sucção. Diante dessas variações na taxa de injeção, pode-se verificar que houve uma injeção de até 7,4 kg de uréia a mais por seção do tanque, quando é feita a comparação entre a 1ª e 3ª seções. De modo mais prático, concluiu-se que, na análise das mesmas seções (1ª e 3ª), existiu uma diferença na aplicação de N de até 5,1 kg ha-1 (11,3 kg ha-1 de uréia). Apesar da existência de variabilidade na taxa de injeção da adubação nitrogenada, que ocorreu de forma gradativa e uniforme,não se perceberam diferenças visuais no aspecto geral dacultura do milho. Contudo, deve-se ressaltar que quando for utilizada outra modalidade da quimigação que não seja a fertirrigação, que seria o caso da fungigação, insetigação ou qualquer outra, essa inconstância na taxa de injeção, pode comprometer a qualidade do manejo fitossanitário realizado na lavoura, uma vez que o excesso ou déficit do produto químico a ser aplicado pode causar uma subdosagem, o que não controlaria a praga, ou ainda, em caso de uma superdosagem, algum tipo de injúria provocada por fitotoxidez. Para evitar esses problemas, pode-se utilizar um tanque adicional, de tamanho menor, ao lado do tanque de abastecimento, de modo que este, a partir de uma válvula bóia, mantivesse o nível da solução a ser injetada relativamente constante, sendo este o recipiente que receberia a mangueira que seria conectada a linha de sucção. Diante disso, a taxa de injeção tende a manter-se constante. CONCLUSÕES Houve uma variação na taxa de injeção da solução fertilizante à medida que ocorria um decréscimo do nível da solução no tanque de abastecimento; Nas condições encontradas na pesquisa, a variação da taxa de injeção atingiu valores da ordem de 15%; A utilização de um recipiente auxiliar ao lado do tanque de abastecimento do sistema de injeção a partir da linha de sucção da bomba elimina a variabilidade da taxa de injeção. L. C. Santos et al. REFERÊNCIAS COELHO, E. F.; BORGES, A. L.; ALMEIDA, O. A. Fertirrigação. In: COELHO, E. F. (Org.). Curso de bananicultura irrigada. Cruz das Almas: Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, p. 194. 2009. Disponível em: <http://www.cnpmf.embrapa.br/publicacoes/documentos/documentos_176.pdf>. Acesso em: 10 jan. 2012. DOURADO NETO, D.; FRIZZONE, J.A.; FANCELLI, A.L.; PIRES, R.C.M. Fertirrigação. In: MIRANDA, J.H.; PIRES, R.C.M. Irrigação. Piracicaba: FUNEP, 2001. v.1, cap.6, p.315-376. TESTEZLAF, R. Métodos de fertirrigação. Campinas, v.14,p. 11. [20-?]. Disponível em: <http://webensino.unicamp.br/disciplinas/FA876-055506/apoio/14/fertirriga.pdf>. Acesso em: 18 dez. 2011.