CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE CURSO DE ADMINISTRAÇÃO JEAN PAULO DE ALMEIDA SANTOS TREINAMENTO E CAPACITAÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL EM FORTALEZA: UMA ANÁLISE QUANTITATIVA MULTICASOS FORTALEZA 2013 1 JEAN PAULO DE ALMEIDA SANTOS TREINAMENTO E CAPACITAÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL EM FORTALEZA: UMA ANÁLISE QUANTITATIVA MULTICASOS Monografia apresentada à Banca Examinadora da Faculdade Cearense como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Administração de Empresas. Orientador: Jorge Rebouças. Esp. FORTALEZA 2013 Alberto Barreto JEAN PAULO DE ALMEIDA SANTOS TREINAMENTO E CAPACITAÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL EM FORTALEZA: UMA ANÁLISE QUANTITATIVA MULTICASOS Monografia como pré-requisito para obtenção do título de bacharel em Administração de Empresas outorgado pela Faculdade Cearense – FAC Data da aprovação ___/ _____/ ________ BANCA EXAMINADORA ______________________________ JORGE ALBERTO BARRETO REBOUÇAS ______________________________ MÔNICA GURGEL ______________________________ RICARDO CÉSAR FORTALEZA 2013 Dedico aos meus pais AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus familiares por todo o apoio dispensado ao longo de nossa existência, como também ao professor orientador Jorge Alberto Barreto Rebouças que deu suporte ao desempenho do trabalho. Também deixo registrado meu agradecimento aos professores que nos acompanharam durante este curso e a quem muito devemos pela dedicação com que procuraram transmitir não apenas o conhecimento, mas sobretudo uma experiência de vida. LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Percepção do profissional quanto ao preparo próprio para o exercício de funções ...................................................................................................................... 39 Gráfico 2 – Avaliação do treinamento oferecido pela empresa segundo o trabalhador .................................................................................................................................. 40 Gráfico 3 – Satisfação salarial ................................................................................... 40 Gráfico 4 – Avaliação da Chefia por parte dos funcionários ...................................... 41 Gráfico 5 – Satisfação do funcionário na empresa .................................................... 41 Gráfico 6 – Satisfação em trabalhar na empresa ...................................................... 42 Gráfico 7 – Forma de aprendizado da profissão ....................................................... 42 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Investimentos previstos para a Copa-2014 .............................................. 33 Tabela 2- Jogos na Fase de Grupos por cidade ....................................................... 47 Tabela 3 - Jogos na Fase Eliminatória ...................................................................... 48 Tabela 4 - Disputa de terceiro e quarto ..................................................................... 48 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Indicadores de eficácia organizacional..................................................... 19 Figura 2 – Diferença entre treinamento e desenvolvimento ...................................... 21 Figura 3 - Etapas do processo de treinamento.......................................................... 22 Figura 4 – Fases do treinamento............................................................................... 25 Figura 5 – Impactos consolidados da Copa do Mundo 2014 .................................... 31 Figura 6 – Número de empresas de construção civil nas Regiões Brasileiras .......... 35 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CNI Confederação Nacional da Indústria CPA Centro Político Administrativo FIFA Federação Internacional de Futebol IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística PAC Programa de Aceleração do Crescimento PAIC Pesquisa Anual da Indústria da Construção PED Pesquisa de Emprego e Desemprego PIB Produto Interno Bruto RH Recursos Humanos SENAI Serviço Nacional da Indústria SESC Serviço Social do Comércio Sinduscon Sindicato da Indústria da Construção Civil Sinduscon-SP Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo T&D Treinamento e desenvolvimento RESUMO Trata-se de estudo monográfico sob o tema “Treinamento e capacitação na construção civil em Fortaleza: uma análise quantitativa multicasos”, realizada nesta cidade de Fortaleza, no período de outubro de 2012 a maio de 2013. O objetivo primário da pesquisa foi verificar como o treinamento e a capacitação de mão-deobra podem vir a ser uma alternativa viável para suprir a carência de profissionais na construção civil no Município de Fortaleza, no Estado do Ceará. Para tanto foi realizada uma pesquisa bibliográfica apoiada em Araújo (2008), Chiavenato (2009), Furtado (2012), Rigolon (1996) e em artigos e matérias jornalísticas publicados na Internet. Também foi realizada uma pesquisa de campo envolvendo três grandes empresas do ramo da construção civil no Município de Fortaleza. O instrumento de coleta de dados foi o questionário fechado composto por questões que procuravam alcançar os objetivos propostos nesta pesquisa, até porque se optou por uma metodologia que deu foco ao estudo de natureza qualitativa-quantitativa. Ao todo foram pesquisados noventa trabalhadores. Concluiu-se que o treinamento e a capacitação da mão de obra se apresentam como alternativas viáveis para suprir a carência de profissionais na construção civil, em razão de colocar-se um maior número de profissionais para o mercado de trabalho. Palavras-chave: Treinamento. Qualificação. Profissionalização. Escassez de mão de obra. . Construção Civil. Copa 2014. ABSTRACT This is a monographic study under the theme "training and capacity building in construction in Fortaleza: a quantitative analysis multihull", held in the city of Fortaleza, in the period from October 2012 to may 2013. The primary objective of the research was to verify how training and capacity building of labour may be a viable alternative to meet the shortage of professionals in the construction industry in the State of Ceará. For this purpose a bibliographical research supported in Araújo (2008), Chiavenato (2009), Furtado (2012), Rigolon (1996) and in articles and journalistic materials published on the internet. Was also carried out a field research involving three major construction companies in the State of Ceará. The data collection instrument was the closed questionnaire consists of questions that sought to achieve the objectives proposed in this research, a methodology that gave focus to the study of quali-quantitative nature. When all were surveyed one hundred and twenty workers. It was concluded that training and capacity building of labour portray themselves as viable alternatives to meet the shortage of professionals in construction, due to put up a higher number of professionals into the labour Market. Key words: training. Qualification. Civil Professionalization. Shortage of Manpower. Construction. World Cup 2014. SUMÁRIO LISTA DE GRÁFICOS ................................................................................................ 5 LISTA DE TABELAS .................................................................................................. 6 LISTA DE FIGURAS ................................................................................................... 7 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ..................................................................... 8 ABSTRACT............................................................................................................... 10 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12 2 TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE PESSOAL ..................................... 16 2.1 Conceito e processo de treinamento ............................................................... 16 2.2 O ciclo do treinamento ..................................................................................... 22 2.3 Avaliação dos resultados do treinamento ........................................................ 26 2.4 Educação corporativa ...................................................................................... 26 3 A COPA DO MUNDO E SUA INFLUÊNCIA NA CONSTRUÇÃO CIVIL ............... 30 3.1 Influência nos Estados Brasileiros ................................................................... 30 3.2 A influência na cidade de Fortaleza ................................................................. 35 4 METODOLOGIA E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ........................................ 37 4.1 Natureza da pesquisa: abordagem qualitativa-quantitativa ............................. 37 4.2 Sujeitos da pesquisa ........................................................................................ 37 4.3 Instrumento e coleta de dados ......................................................................... 38 4.4 Delineamento ................................................................................................... 38 4.5 Análise e discussão dos resultados ................................................................. 39 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 43 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 45 ANEXOS ................................................................................................................... 47 1 INTRODUÇÃO A denominada indústria da construção civil é um dos setores econômicos que impulsionam o Brasil na marcha do progresso, seja na construção de aeroportos, portos, estradas, edificações que dão suporte ao desenvolvimento de outros setores. No Estado do Ceará não é diferente. Tem-se avançado nas mudanças de forma célere graças à ação da construção civil, impactando na economia e no crescimento. Ocorre que as construtoras precisam trabalhar com pessoas treinadas e qualificadas para produzir obras com qualidade e segurança. Atualmente, contudo, a indústria da construção civil se tem deparado com o fenômeno da escassez de mão de obra, ainda que não qualificada. Há poucas pessoas se candidatando aos cargos de pedreiro e auxiliar de pedreiro, gerando desaceleração econômica ante a constante quebra dos prazos para entrega das obras e até mesmo da perda de contratos. Esse é o ambiente no qual se inserem de um lado as empresas e do outro a sociedade com a mão de obra pronta para ser cooptada, necessitando-se, pois, de estratégias para chamar parte desse público ao trabalho na construção civil. A construção civil cearense é um setor econômico de importância estratégica haja vista seu tamanho e impacto na economia cearense bem como sua importância indireta induzida para o crescimento e desenvolvimento. Por outro lado o produto da construção civil se enquadra no conceito de capital fixo social usado para identificar uma sequência eficiente de crescimento. A indústria da construção produz infra-estrutura econômica por meio da construção de portos, aeroportos, ferrovias, rodovias, sistema de irrigação, energia e comunicação dentre outros serviços sem os quais as atividades primárias, secundárias e terciárias não podem funcionar adequadamente. Dessa forma o desenvolvimento do setor facilita o desenvolvimento de uma grande variedade de outras atividades econômicas ou como afirma Rigolon (1996, p. 11): “o investimento em infra estrutura promove o crescimento econômico porque aumenta o retorno dos insumos privados (capital e trabalho) e incentiva o investimento e o emprego”. A construção civil tem vivido, recentemente, uma época frutífera cujos aumentos nos ganhos, valorização de seus profissionais e expansão do mercado 13 são só algumas das causas e consequências desta realidade. Está passando, entretanto, por um processo de desaceleramento em razão da escassez da mão de obra, ou seja, as construtoras estão com dificuldade de contratar operários. O Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do Ceará (Sinduscon-CE) havia previsto um crescimento da ordem de 11% para 2010, porém esclareceu que esse percentual cairia nos anos seguintes como explica o economista Roy Martelanc citado no site daquele sindicato: “É o setor que mais deverá sofrer caso haja uma desaceleração da economia, pois a casa própria não é uma demanda urgente. Ela pode ser adiada”. Outro problema enfrentado pelas construtoras, além de contratar, é manter os profissionais na construção civil e isso afeta da direção aos operários, gerando o que chamam de leilão salarial. Além disso tem-se a falta de formação adequada ou até mesmo a contratação de pessoal sem formação nenhuma. Na parte referente aos pedreiros e serventes a profissão tem sido passada de pai para filho ou de amigo para amigo. O fato é que a formação desses profissionais é baixa, porém a migração não tem colaborado para o setor, havendo, inclusive contratação de pedreiros de outras regiões para trabalharem no Estado do Ceará. Nesse diapasão percebe-se que se torna necessário desenvolver, treinar e capacitar pessoas para as profissões de pedreiro e auxiliar de pedreiro (servente) para que possam desempenhar adequadamente esses cargos na construção civil, como explica Chiavenato (2009, p. 389): Treinamento é o processo educacional focado no curto prazo e aplicado de maneira sistemática e organizada através do qual as pessoas aprendem conhecimentos, habilidades e competência em função dos objetivos definidos. Os fatos acima expostos motivam e justificam um estudo nessa área por se tratar de um assunto que interfere no crescimento e na economia do Estado do Ceará, fazendo-se necessária uma mudança de atitude por parte dos empresários e do próprio Estado, vez que o treinamento e a qualificação de pessoas se mostram como ferramenta capaz de aquecer a contratação de pessoas qualificadas para as construtoras cearenses. 14 Este trabalho tem por objetivo primário verificar como o treinamento e a capacitação de mão de obra podem vir a ser uma alternativa viável para suprir a carência de profissionais na construção civil no Município de Fortaleza. Como objetivos específicos têm-se: I) Identificar a percepção do profissional da construção civil em relação ao treinamento e à capacitação promovidos pela empresa. II) Identificar a percepção do profissional em construção civil sobre a chefia e sobre a empresa na qual recebe o treinamento e capacitação. Observa-se a viabilidade da pesquisa em razão do custo x benefício ser plenamente razoável e operacionalizável pois para capacitar pedreiros e serventes não são necessários altos investimentos, haja vista que entidades como o Serviço Social do Comércio (SESC) ou o Serviço Nacional da Indústria (SENAI) podem vir a elaborar cursos e encaminhar os egressos para as construtoras. O estudo é atual e importante em razão dos benefícios que trará para as construtoras, para o Município de Fortaleza e para a sociedade. As construtoras porque terão mão de obra qualificada para contratar, no Município porque poderá investir mais em decorrência do recebimento dos impostos e a sociedade pela oportunidade de emprego. Também é importante para o ambiente acadêmico porque contribuirá com o acervo bibliográfico acerca do tema . Para o autor o estudo se apresenta como rica oportunidade de aprofundar-se no tema que faz parte do seu cotidiano funcional. O autor se identifica com o tema por trabalhar na Construtora Mota Machado e ser aluno do Curso de Administração da Faculdade Cearense, oportunidade em que verifica a necessidade de realizar um estudo sobre a escassez de profissionais na construção civil cearense. A metodologia empregada foi a de estudo de natureza quali-quanti, realizada por meio de pesquisa bibliográfica e de campo, onde foram pesquisados noventa trabalhadores de quatro empresas do ramo da construção civil. O instrumento de coleta de dados foi o questionário fechado. Este trabalho se encontra dividido em três capítulos, afora esta introdução que é o primeiro. O segundo aborda o referencial teórico acerca do treinamento e desenvolvimento de pessoal. O terceiro tem como foco a Copa do Mundo e sua 15 influência para a construção civil no Brasil e em especial para o Município de Fortaleza. O quarto tem a metodologia da pesquisa e a discussão dos resultados. 2 TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE PESSOAL 2.1 Conceito e processo de treinamento É do conhecimento público, haja vista a vasta literatura a respeito, que as organizações vivem num ambiente competitivo, turbulento e rodeado de incertezas. Para sobreviver nesse cenário é necessário melhor qualificação dos colaboradores. O avanço de novas tecnologias, os processos gerenciais produtivos em constante mudança tornam o trabalho mais complexo, pois além das experiências adquiridas com a execução envolve o uso de habilidades cognitivas. Na visão de Howard (1995) apud Santos e Souza (2012, p. 3) “as organizações precisam de trabalhadores cujo perfil envolva inteligência, responsabilidade, adaptabilidade, habilidade relacional e capacidade de crescimento”. Essa consciência organizacional levou à gestão estratégica de pessoas, principalmente na questão alusiva ao desenvolvimento de competências humanas e profissionais, entendendo-se por treinamento e desenvolvimento as aquisições sistemáticas de conhecimentos capazes de provocar, a curto ou longo prazo, uma mudança na maneira de ser e de pensar do indivíduo, através da internalização de novos conceitos, valores ou normas e da aprendizagem de novas habilidades (VARGAS, 1996 apud SANTOS; SOUZA, 2012). No site de informações G1 da Globo editado na Internet em 02.10.2012 tem-se a manchete “Falta mão de obra na construção civil em Mococa e Vargem Grande do Sul. Procura chega até aos outros estados para atender à demanda de profissionais. Empresas investem na formação de trabalhadores para preencher as vagas”. A reportagem esclarece que as empresas da região de Mococa e Vargem Grande do Sul, ambas em São Paulo, procuram mão de obra qualificada na área da construção civil, tendo, inclusive que procurar profissionais em outros Estados. O Sindicado de Trabalhadores da Construção Civil de São Paulo esclareceu que existem vagas o que falta é mão-de-obra qualificada para ocupá-las, situação que também foi objeto de manchete do Jornal do Comércio (2010) ao afirmar que a falta de mão de obra qualificada, para a execução dos diversos serviços realizados em diferentes etapas das obras, vem-se tornando um dos principais “gargalos” nas empresas de construção civil. 17 O fato acima é preocupante, pois o setor da construção civil no Brasil apresentou um crescimento de 11,60% em 2010 e em 2011 aproximadamente 6%, decorrentes do aquecimento do setor provocado por diversos fatores dentre os quais a criação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a Copa do Mundo, a elevação do poder de compra da população brasileira e o melhoramento da infraestrutura das cidades (PORTAL BRASIL, 2011). Não se pode olvidar que as organizações precisem de material humano apto ao desempenho de suas tarefas, caso queira qualidade nos serviços ou produtos que oferece aos seus clientes. Vê-se, portanto, a importância que deve ter um órgão de gestão de recursos humanos na corporação pois é ele quem vai traçar a política de desenvolvimento de pessoal com vistas ao melhor desempenho das tarefas que lhe são afetas. Também é necessário frisar que o treinamento é processo continuo, sistemático e dinâmico. Chiavenato (2009) ensina que o treinamento é responsabilidade de linha e função de staff, ou seja, constitui uma responsabilidade administrativa. Para que esse treinamento alcance os objetivos da Corporação é necessário a existência de um banco de dados que contemple a identificação do quadro de pessoal, os cargos a serem ocupados e as necessidades de treinamento desse efetivo. O desenho dos cargos é essencial nessa fase, pois só assim pode-se elaborar um programa que ofereça os conhecimentos teóricos e práticos capazes de potencializar o efetivo ao desempenho eficaz de suas tarefas (BONGANHI, 1999 apud FERREIRA; GOMES, 2005). Nessa parte deve-se entender que o treinamento, na visão de Chiavenato (2009, p. 389) é “um processo educacional focado no curto prazo e aplicado de maneira sistemática e organizada através do qual as pessoas aprendem conhecimentos, habilidades e competências em função de objetivos definidos”. Aquele autor prossegue, ensinando que o treinamento envolve três aspectos: transmissão de conhecimento específico, atitudes e desenvolvimento de habilidades e competências. Por fim “treinamento é o ato de aumentar o conhecimento e a perícia de um funcionário para o desenvolvimento de determinado cargo ou trabalho” (CHIAVENATO, 2009, p. 389). 18 Na conceituação de Vargas (1996) apud Santos e Souza (2012, p. 3) treinamento e desenvolvimento são: Aquisições sistemáticas de conhecimentos capazes de provocar, a curto ou longo prazo, uma mudança na maneira de ser e de pensar do indivíduo, através da internalização de novos conceitos, valores ou normas e da aprendizagem de novas habilidades. Nessa visão a capacitação provoca no colaborador uma mudança de atitude para otimizar seu desempenho na organização com o objetivo de alcançar os objetivos institucionais e individuais. Cabe salientar que treinamento e desenvolvimento, apesar de suas diferenças, são formas de desenvolver pessoas. No treinamento, procura-se melhoria no desempenho das pessoas. No desenvolvimento as ações vão além do desempenho no trabalho e estão relacionadas ao crescimento dos treinandos. Para Chiavenato (2009) o treinamento envolve quatro tipos de mudanças de comportamento: transmissão de informações, desenvolvimento de habilidades, desenvolvimento ou modificação de atitudes, desenvolvimento de conceitos. a) Transmissão de informações – trata-se do conteúdo o qual deve ser genérico, voltado ao trabalho, sobre a empresa, produtos, serviços, regras e regulamentos, podendo também envolver novos conhecimentos. b) Desenvolvimento de habilidades – envolve as habilidades necessárias ao desempenho do cargo atual ou futuro. Orienta-se para as tarefas e operações a serem executadas pelo colaborador. c) Desenvolvimento ou modificação de atitudes – procura-se melhorar a motivação, implementar atitudes mais favoráveis, aquisição de novos hábitos. d) Desenvolvimento de conceitos – quando procura elevar o nível de abstração e conceptualização de ideias e de filosofias. Pode-se afirmar que o treinamento tem três objetivos principais, são eles: 1) preparar pessoas para execução de tarefas; 2) proporcionar oportunidades para o desenvolvimento das pessoas; e, 3) mudar a atitude das pessoas ou melhorar sua motivação (CHIAVENATO, 2009). 19 Inseridas no ambiente social em razão de sua própria missão as construtoras precisam de eficácia organizacional para desempenhar suas tarefas e isso gera um ambiente conflitante de interesses e satisfações em jogo, no qual se exige que sejam observados os indicadores de eficácia organizacional, os quais, segundo Chiavenato (2009) são os seguintes: produção, eficiência, satisfação, adaptabilidade, desenvolvimento e sobrevivência como se vê na Figura 1. Tempo Curto prazo Médio prazo Produção Adaptabilidade Eficiência Desenvolvimento Longo prazo Sobrevivência Satisfação Figura 1 – Indicadores de eficácia organizacional Fonte: Chiavenato (2009, p. 37) Acerca da eficácia organizacional na construção civil foi divulgado no site da Agência Brasil que o maior problema da área é a falta de mão de obra qualificada, dado confirmado por pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) realizada com 385 empresas do setor. Esse fato é decorrente do “crescimento acelerado do setor da construção combinado com a pequena capacidade de formação de profissionais para a atividade” (AGÊNCIA BRASIL, 2012). A pesquisa realizada pela CNI envolveu 191empresas de pequeno porte, 145 de médio porte e 49 de grande porte concluindo que: a) 89% das empresas da construção civil afirmam que a falta de trabalhador qualificado é um problema para a empresa. b) 61% das empresas pesquisadas que enfrentam a falta de trabalhador qualificado afirmam que o problema afeta a busca pela eficiência e a redução de desperdícios. 20 c) 56% das empresas da construção civil afirmam que a alta rotatividade dos trabalhadores é uma das principais dificuldades que enfrentam para qualificálos. d) 94% das empresas da construção civil que enfrentam a falta de trabalhador qualificado têm dificuldade de encontrar profissionais básicos ligados à obra, como pedreiros e serventes; e, e) 64% das empresas da construção civil que enfrentam a falta de trabalhador qualificado adotam a capacitação na própria empresa como uma das principais formas de lidar com o problema. No site Globo.com de 18.06.2012 a manchete ressalta: “Escassez de mão-de-obra qualificada vai estagnar economia mundial em 20 anos, diz estudo. Levantamento do Instituto Global McKinsey analisou 70 países e concluiu que a ausência de trabalhadores capacitados pode levar a uma guerra mundial por talentos”. De acordo com o estudo acima até 2030 haverá cerca de 3,5 bilhões de trabalhadores, contudo apesar da existência de empregos haverá carência de pessoas qualificadas para assumir esses cargos. A pesquisa aponta como uma das soluções o investimento em educação e na capacitação dos funcionários. As construtoras precisam investir no capital intelectual, mais precisamente no capital humano em seus talentos e competências, pois não basta ter pessoas, é necessário que as pessoas usem os talentos existentes. O conhecimento se torna fundamental para o alcance dos objetivos institucionais, razão pela qual as organizações estão se transformando em organizações do conhecimento ou agências do conhecimento e de aprendizado e acrescenta: Transformar e converter a informação em conhecimento utilizando suas próprias competências e tornar o conhecimento rentável através de sua conversão em soluções, novos produtos, serviços, processos internos e, principalmente, em criatividade e inovação (CHIAVENATO, 2009, p.39). O conhecimento está sendo posto como o recurso organizacional mais importante de uma empresa e para isso é necessário um programa de educação e treinamento das pessoas que fazem parte da organização, contudo Gil (2007, p. 118) alerta: 21 Devido a um ambiente corporativo exigente e dinâmico as organizações buscam ações voltadas às constantes capacitações das pessoas, com intuito de torná-las mais eficazes naquilo que fazem. Essa capacitação em horários e dias adequados pode ser utilizada de forma positiva para as organizações, pois tendo treinamentos e desenvolvimento faz-se com que seus empregados estejam interessados e integrados a participarem de forma voluntária. Nesse cenário o treinamento de pessoal é mais do que uma adequação da pessoa ao cargo como explica Chiavenato (2004, p. 339): no passado, alguns especialistas em RH consideravam o treinamento como um meio para adequar cada pessoa a seu cargo e desenvolver a força de trabalho da organização a partir dos cargos ocupados. Mais recentemente, o conceito foi ampliado, considerando-se o treinamento como um meio para alavancar o desempenho no cargo. Quase sempre o treinamento tem sido entendido como o processo pelo qual a pessoa é preparada para desempenhar de maneira excelente as tarefas específicas do cargo que deve ocupar. Modernamente, o treinamento é considerado um meio de desenvolver competências nas pessoas para que se tornem mais produtivas, criativas e inovadoras, a fim de contribuir melhor para os objetivos organizacionais e se tornarem cada vez mais valiosas. Araújo (2008) por sua vez apresenta uma diferença entre treinamento e desenvolvimento das condicionamento do pessoas. individuo Para para ele a o treinamento execução da está tarefa, voltado ao enquanto o desenvolvimento é dirigido ao crescimento da pessoa em nível dos conhecimentos, das habilidades, das atitudes e dos valores éticos como se demonstra na Figura 2. Figura 2 – Diferença entre treinamento e desenvolvimento Fonte: Araújo (2008, p. 94) 22 2.2 O ciclo do treinamento Como explicado anteriormente o treinamento é uma atividade intencional que possibilita o aprendizado, uma mudança no comportamento de cada pessoa. Nessa visão tem-se um ciclo que se renova a cada vez que se repete. O treinamento é um sistema aberto que tem os seguintes componentes: 1) entradas (inputs); 2) processamento ou operação (throughputs); 3) saída (outputs); 4) retroação (feedback) e que, em termos amplos envolve quatro etapas: 1) levantamento das necessidades de treinamento (diagnóstico); 2) programação de treinamento para atender às necessidades; 3) implementação e execução; 4) avaliação dos resultados. Esse processo foi sintetizado por Chiavenato (2009, p. 392) na figura 3: Figura 3 - Etapas do processo de treinamento Fonte: Chiavenato (2009, p. 392) O levantamento de necessidades do treinamento é a primeira etapa do processo e corresponde ao diagnóstico preliminar e pode ser efetuado em três níveis: 1) Sistema organizacional – é o nível da análise da organização que envolve o estudo da empresa como um todo (missão, objetivos, recursos, 23 competências, ambiente) e ajuda a responder a questão sobre o que deve ser ensinado e aprendido. Estabelece a filosofia da empresa e qual ênfase deve ser dado ao treinamento. (CHIAVENATO, 2009). 2) Sistema de treinamento – é o nível da análise dos recursos humanos. Nessa fase procura-se verificar se os recursos humanos são suficientes (quantitativa e qualitativamente). Como explica Chiavenato (2009) é a análise da força de trabalho. 3) Sistema de aquisição de habilidades – corresponde ao nível da análise das operações e tarefas. É o nível mais restrito, pois a análise é feita no cargo e nos requisitos que seu ocupante deve possuir. Determina que habilidades, conhecimentos, atitudes, comportamentos e personalidade são requeridos para o desempenho do cargo. Chiavenato (2009) explica que o levantamento de necessidades de treinamento é um diagnóstico que deve ser baseado em informações relevantes e elenca os principais meios utilizados nesse levantamento, a saber: 1) Avaliação de desempenho – para verificar os funcionários que desempenham a tarefa abaixo do esperado e detectar os setores que precisam de atenção imediata; 2) Observação – verifica-se os focos de trabalho ineficiente como por exemplo: “quebra de equipamentos, atraso em relação ao cronograma, perda de matéria prima, número acentuado de problemas disciplinares, índice elevado de ausências, rotatividade elevada” (CHIAVENATO, 2009, p. 397). 3) Questionários – são os instrumentos das pesquisas com vistas a identificação das necessidades de treinamento. 4) Solicitação de supervisores e gerentes – ocorre quando os próprios gerentes e supervisores detectam a necessidade do treinamento. 5) Entrevistas com supervisores e gerentes – é feita mediante contato direto com os supervisores ou com os gerentes para identificação das necessidades do treinamento. 6) Reuniões interdepartamentais – decorrem das discussões acerca dos problemas operacionais dentre outros assuntos administrativos. 24 7) Exame de empregados – nesse caso recorre-se aos resultados dos exames de seleção dos funcionários que executam as tarefas ou funções. 8) Modificação do trabalho – decorre da própria necessidade de adaptação quando ocorrem as modificações nas rotinas de trabalho e que impliquem em novos métodos e processos de trabalho. 9) Entrevistas de saída – o funcionário que deixa a empresa tende a falar sobre os pontos considerados por ele como fracos da organização. Vários procedimentos podem ser corrigidos com a identificação desses pontos. 10) Análise de cargos – por meio dessa análise é possível verificar as tarefas e habilidades que seu ocupante deverá possuir. 11) Relatórios periódicos – nesses documentos são apresentadas as deficiências encontradas na área de treinamento e as providências para saná-las. Chiavenato (2009) ensina ainda que, além dos meios acima citados, existem outros indicadores de necessidade de treinamento e que ele dividiu em dois aspectos: a) Indicadores à priori; b) Indicadores à posteriori. Dentre o rol dos indicadores à priori cita: expansão da empresa, novas contratações, redução do número de funcionários, mudança nos processos e métodos de trabalho, faltas, licenças, férias, modernização do maquinário dentre outros. Como indicadores à posteriori cita: baixa produtividade, avarias frequentes, comunicações deficientes, excesso de erros e desperdício, excessivo número de queixas, falta de cooperação, erros na execução de ordens (CHIAVENATO, 2009). Passada a fase do diagnóstico vem a segunda etapa; a programação do treinamento e que deve responder às seguintes questões: 1. Qual a necessidade? 2. Onde foi assinalada em primeiro lugar? 3. Ocorre em outra área ou setor? 4. Qual a sua causa? 5. É parte de uma necessidade maior? 6. Como resolvê-la: em separado ou combinada com outras? 7. É preciso alguma providência inicial, antes de resolvê-la? 8. A necessidade é imediata? Qual a sua prioridade em relação às demais? 9. A necessidade é permanente ou temporária? 10. Quantas pessoas e quantos serviços são atingidos? 11. Qual o tempo disponível para o treinamento? 12. Qual o custo provável do treinamento? 13. Quem irá executar o treinamento? (CHIAVENATO, 2009, p. 398). 25 Feito o levantamento das necessidades passa-se a verificar as informações abaixo para que se possa elaborar o programa de treinamento: O QUE deve ser ensinado? QUEM deve aprender? QUANDO deve ser ensinado? ONDE deve ser ensinado? COMO se deve ensinar? QUEM deve ensinar? (CHIAVENATO, 2009, p. 399). Do exposto verifica-se que o planejamento do treinamento decorre do diagnóstico das necessidades do treinamento. Passadas essas fases ingressa-se na terceira etapa; a execução do treinamento. Nessa etapa tem-se o binômio instrutor x aprendiz. Deve-se observar que o êxito do treinamento decorre do programa de treinamento, da qualidade do material, da cooperação dos gerentes, da qualidade e preparo dos instrutores e da qualidade dos aprendizes que ocorrem em várias fases como se mostra na Figura 4. Figura 4 – Fases do treinamento Fonte: Chiavenato (2009, p. 405) 26 2.3 Avaliação dos resultados do treinamento Trata-se da última etapa do processo de treinamento pois deve-se obter uma avaliação da eficiência do treinamento e, segundo Chiavenato (2009, p. 405) deve observar dois aspectos: 1. Verificar se o treinamento produziu as modificações desejadas no comportamento dos empregados. 2. Verificar se os resultados do treinamento apresentam relação com o alcance das metas da empresa. Ainda que a avaliação possa ser feita em três níveis: nível organizacional, nível dos recursos humanos, nível das tarefas. No primeiro nível os resultados do treinamento devem se manifestar por meio do aumento da eficácia e da eficiência organizacional, melhoria da imagem e do clima organizacional da empresa etc. No segundo nível (recursos humanos) tem-se a redução do absenteísmo e da rotatividade de pessoal, aumento das habilidades e do conhecimento pessoal, mudança de atitudes e de comportamentos. No terceiro nível (tarefas e operações) tem-se o aumento da produtividade e da melhoria da qualidade dos produtos, redução do índice de manutenção de máquinas e equipamentos bem como no fluxo da produção dentre outros fatores. 2.4 Educação corporativa O treinamento e desenvolvimento (T&D) estão sendo substituídos gradativamente pela educação corporativa em razão desta ser holística, sistêmica, proativa e sinérgica. Para isso as organizações devem reunir as seguintes características: veloz, focada, flexível, amigável e divertida. Por sua vez os colaboradores devem desenvolver competências pessoais as quais Chiavenato (2009) relacionou abaixo: a) Aprender a aprender – as pessoas fazem parte do capital intelectual da organização por isso a atitude de aprender a aprender deve fazer parte do modo como elas pensam e agem no trabalho. b) Comunicação e colaboração – trata-se da equipe como fundamento da organização e isso faz com que as pessoas fiquem mais vinculadas às suas habilidades interpessoais de comunicação e de colaboração. 27 c) Raciocínio criativo e solução de problemas – é uma fuga ao tradicional sistema paternalista em que a administração assumia a responsabilidade de desenvolver os meios de aumentar a produtividade do colaborador. Atualmente as pessoas são levadas a criar, melhorar e agilizar seu trabalho, esclarecendo o que não sabem e sugerindo melhorias. d) Conhecimento tecnológico – nesse sentido o uso do computador passou a ser uma ferramenta de comunicação com outros membros da equipe e não apenas como instrumento de processamento de textos ou de análises financeiras. e) Conhecimento global dos negócios – trata-se de uma visão global acerca do ambiente em que a empresa se encontra situada para que o colaborador possa agregar mais valor à organização. f) Liderança – é o desenvolvimento de novas lideranças para que a organização sobrevida no ambiente no qual está inserida. g) Autogerenciamento da carreira – é a transferência do autogerenciamento e do autodesenvolvimento para a própria pessoa para que ela possa se qualificar para o desenvolvimento pessoal dentro da empresa. O que se quer dizer é que as organizações estão fugindo das amarras da burocracia, simplificando processos, fazendo a mudança acontecer e propiciando maior liberdade para que as pessoas desenvolvam a inteligência, o talento e o conhecimento em benefício próprio e da organização. Na área da construção civil, a qualificação, treinamento e uma educação corporativa parecem essenciais no atual cenário porque passa o setor, haja vista a existência de vagas e a falta de mão-de-obra apta ao serviço. Esse quadro pode- se agravar com a necessidade de obras para a copa de 2014. Na realidade já foi noticiado no G1 da Globo matéria intitulada “Falta mão de obra para a Copa de 2014. Organizadores do megaevento acreditam que será preciso convocar os aposentados para suprir a falta de mão de obra especializada”. Não se pode deixar de citar o surgimento de escolas de pedreiros e o apoio que grandes empresas têm dado, apontando o conteúdo dos cursos e contratando os alunos que concluem os cursos com êxito. As franquias de escolas para pedreiros têm investido cerca de R$ 50 mil reais. O retorno da qualificação da 28 mão de obra na construção civil se faz por meio do aumento da demanda de pessoas aptas ao serviço e na redução dos custos, pois a mão de obra representa cerca de 40% do custo, considerado exorbitante para as empresas da construção civil. Os estudos de Lara et al. (2005) também confirmam os dados acima e esclarecem que além dos custos elevados, a falta de mão de obra qualificada influencia em outras variáveis, como racionalização ou desperdício de materiais, antecipação ou atraso do cronograma, boa ou má qualidade de execução. Daí a necessidade de investimentos em programas de qualificação dos operários. As pesquisas de Ferreira (2007) alerta, porém que a qualificação dos operários implica em investimentos num funcionário que pode vir a solicitar demissão para trabalhar em outra, agora capacitado e valendo mais, ou seja, a rotatividade dos funcionários surge fator de insegurança e óbice à implementação de programas de treinamento e qualificação. Por outro lado algumas empresas têm investido em programas de capacitação ou qualificação como forma de elevação de sua eficiência e de cumprimento de suas metas com qualidade, além de procurarem oferecer motivos para que o operário esteja satisfeito e motivado na empresa o que reduz a possibilidade de demissão. Os estudos de Fernandez (2003) apontam para uma pesquisa realizada em 2001pela KPMG (KIT de Peças de Mão Giratória) com 135 executivos para verificar qual a melhor forma para segurar talentos na empresa, tendo por resultado o seguinte: a) 37% consideram “bom plano de carreira e remuneração competitiva” b) 27% “boas condições de desenvolvimento pessoal e remuneração média” c) 18% “remuneração variável agressiva e bons pacotes de benefícios” d) 9% “excelente condições de trabalho e salários pouco competitivos” e) 6% “excelente pacotes de benefícios com remuneração fixa pouco agressiva” 29 f) 3% “bom salários fixos e poucos benefícios”. As respostas acima permitem inferir que os pesquisados preferem implementar um plano de carreira e, em seguida, proporcionar salários competitivos no mercado como forma de motivar o colaborador. . . 3 A COPA DO MUNDO E SUA INFLUÊNCIA NA CONSTRUÇÃO CIVIL 3.1 Influência nos Estados Brasileiros No ano de 2014 o Brasil sediará a Copa do Mundo e dois anos após sediará as Olimpíadas de 2016. Esses eventos irão acelerar o crescimento da infraestrutura do país influenciando vários setores econômicos, dentre os quais, a construção civil haja vista que a FIFA estabelece as seguintes condições para escolha dos estádios: Ter pelo menos 40.000 lugares; a abertura deverá ocorrer em um estádio de pelo menos 60.000 lugares; a final deverá ocorrer em um estádio com mais de 80.000 lugares, que todos os espectadores tenham cadeiras individuais numeradas, com encosto de pelo menos 30 centímetros de altura; banheiros com boas condições de higiene e em número adequado; largos corredores de entrada e saída; modernas e bem equipadas tribunas de imprensa; hospitais e estacionamentos nas imediações das arenas (FURTADO, 2012). A Copa do Mundo – 2014 é a 20ª edição do evento e será disputada entre 12 de junho e 13 de julho e haverá doze sedes no mundial, sendo eliminadas pela FIFA as cidades de Belém, Campo Grande, Florianópolis, Goiânia e Rio Branco. Das doze cidades escolhidas cinco também serão anfitriãs da Copa das Confederações 2013. Um megaevento esportivo como a Copa do Mundo tem um impacto na economia brasileira pois se consegue obter recursos financeiros além da visibilidade que o país passa a ter. A Copa da Alemanha ocorrida em 2006, conseguiu atrair cerca de 3 milhões de espectadores nos estádios e mais de 7 bilhões de euros em rodovias e mobilidade urbana afora os 2 bilhões nas obras que foram feitas nos estádios. Em projeções para as olímpiadas de 2016 a ser realizada no Rio de Janeiro, Furtado (2012, p. 21) afirma que: Segundo dados da Secretaria da Comunicação Social da Presidência da República (2009) dos 55 setores econômicos, os mais beneficiados serão: construção civil (10,5%), serviços imobiliários e aluguel (6,3%), serviços prestados a empresas (5,7%), petróleo e gás (5,1%), serviços de informação (5%) e transporte, armazenagem e correio (4,8%). Percebe-se pois que os impactos consolidados da Copa do Mundo 2014 afetarão a construção civil e outros setores como alimentos e bebidas, turismo e 31 hotelaria, serviços de informação, eletricidade, água, gás, serviços de limpeza urbana, serviços prestados às empresas como se pode observar na Figura 5. Figura 5 – Impactos consolidados da Copa do Mundo 2012 Fonte: Furtado (2012, p. 12) Nessa visão, a Copa de 2014 trará excelente oportunidade para que o Brasil acelere seu processo de modernização. Por outro lado Furtado (2012) alerta para o fato de que os países em desenvolvimento correm o risco de construírem obras que virão a ser “elefantes brancos”, uma vez que os estádios que sofrerão reformas para Brasil acelere seu processo de modernização. Por outro lado Furtado (2012) alerta para o fato de que os países em desenvolvimento correm o risco de 32 ATENÇÃO CORRIGIR SOBREPOSIÇÃO A !!!!!!!!!! construírem obras que virão a ser “elefantes brancos” uma vez que os estádios que sofrerão reformas para atender aos padrões internacionais podem ter estruturas tão caras que o país não conseguirá manter, daí a necessidade de um cuidadoso planejamento. Nesse processo a construção civil terá grande trabalho na reforma de estádios como o Morumbi, Maracanã, Mineirão, Castelão dentre outros e isso se iniciou desde 2010 e deveria ser concluída até o dia 31 de janeiro de 2012, uma vez que em 2013, o país deverá receber a Copa das Confederações. A infraestrutura urbana e os estádios brasileiros terão investimentos em obras equivalentes a 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados-sede, e aproximadamente 1,9% do PIB municipal. Vide Figura 5 que trata dos investimentos previstos por cidade-sede para a Copa-2014. Cidades-Sede Valor (R$ milhões) Part. (%) % PIB Mun. % PIB Estadual Manaus (AM) 1837,80 11.93 5.34 4.37 Fortaleza (CE) 1031.50 6.70 4.22 2.05 Natal (RN) 695,00 4.51 8.66 3.03 Recife (PE) 1168.00 7.58 5.64 1.88 Salvador (BA) 1131.3 7.35 4.23 1.03 Belo Horizonte (MG) 1431.6 9.30 8.75 0.59 Rio de Janeiro (RJ) 1910 12.40 1.37 0.64 São Paulo (SP) 3096.5 20.11 0.97 0.34 Curitiba (PR) 603.9 3.92 1.60 0.37 33 Porto Alegre (RS) 498.6 3.24 1.49 0,28 Cuiabá (MT) 894.7 5.81 11.32 2.10 Brasília (DF) 1101 7.15 1.10 1.30 15400.00 100.00 1.95 0.70 Total Tabela 1 - Investimentos previstos para a Copa-2014 Fonte: Ministério do Esporte (2010) e IBGE (PIB de 2007) POR FAVOR, REVEJA OS VALORES DO RIO DE JANEIRO E BRASÍLIA ... Dentre os vários projetos que envolvem setores da construção civil para a Copa 2014 podem ser citados o trem de alta velocidade que faria a ligação entre as cidades de Campinas, São Paulo e o Rio de Janeiro que teria um custo de aproximadamente R$ 11 bilhões; a atualização dos aeroportos de dez cidades sede o que significa um investimentos de R$ 5,3 bilhões (FURTADO, 2012). Tem-se ainda a integração dos modais de transporte e o trânsito, de forma a oferecer mais conforto para os torcedores e turistas e isso implica em priorizar o sistema de transporte público coletivo integrado por modais que rodem sobre pneus e trilhos, em relação ao transporte individual. Em relação aos aeroportos convém lembrar que a maioria deles foi construída antes do fim da Segunda Guerra Mundial por isso também sofrerão reformas. Em síntese haverá 101 intervenções, sendo 12 estádios, 51 projetos de mobilidade urbana, 31 ações em aeroportos e 7 em portos. A previsão é de um investimento total de mais de R$ 26 bilhões para a Copa de 2014 (FURTADO, 2012). Na cidade de Belo Horizonte serão gastos R$ 1,4 bilhão em obras de infraestrutura urbana, com ênfase nas avenidas Antonio Carlos e Pedro I e no Estádio do Mineirão (construção de cobertura, vestiários, novas arquibancadas, estacionamentos e esplanada). A cidade de Brasília fará reforma da arena Mané Garrincha que se transformará numa arena multiuso, com 71 mil lugares, estacionamentos, apoio, vestiários, lojas e ampliação de arquibancadas. Haverá investimentos em Veículo Leve sobre Trilhos, ligando o Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek à Asa Sul 34 da capital federal e reformas no Aeroporto (Terminal de Passageiros, pátio de aeronaves, sistema viário e edificações complementares). Em Cuiabá o estádio da capital de Mato Grosso será reformado e terá capacidade para 43.600 espectadores, com arquibancadas e cobertura desmontáveis. O VLT terá 22,2 km de extensão e dois ramais, um ligando o CPA (Centro Político Administrativo) ao aeroporto e o outro conectando o bairro de Coxipó ao centro. Tem-se ainda a reforma e modernização do terminal de passageiros, adequação do sistema viário e do estacionamento. A cidade de Curitiba fará reformas no estádio de Curitiba. Em termos de mobilidade e transporte haverá a ampliação do terminal com implantação de uma plataforma, além de receber novo piso de concreto, substituindo os atuais paralelepípedos. A galeria do terminal será adaptada com elevadores de acessibilidade e as calçadas serão reconstruídas e a iluminação será renovada. No aeroporto haverá ampliação do terminal de passageiros e do sistema viário Cidades como Manaus, Porto Alegre, Natal, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo também farão reformas em estádios, mobilidade, transportes e urbanização. Toda essas cidades empregarão a mão de obra da construção civil, implicando em maior demanda de profissionais para que as obras sejam concluídas nos prazos estabelecidos nos contratos. A Copa de 2014 captará muitos recursos para as cidades, implicando em grandes obras de infraestrutura que desaguam na construção civil a qual se encontra distribuída em todo o território nacional, com predominância das empresas no Sul e Sudeste, conforme pesquisa do IBGE intitulada Pesquisa Anual da Indústria da Construção (PAIC) como se mostra na Figura 6. 35 Figura 6 – Número de empresas de construção civil nas Regiões Brasileiras Fonte: IBGE (2004) 3.2 A influência na cidade de Fortaleza A cidade de Fortaleza será sede dos jogos da Copa das Confederações, em 2013 e de seis jogos na Copa de 2014. O estádio Castelão é o quarto maior do Brasil sendo Fortaleza uma das capitais que mais vai receber investimentos. Além do estádio haverá construção do novo terminal de passageiros do porto de Mucuripe. Outra grande obra é a reforma do porto. Esta tem como objetivo entrar na rota dos cruzeiros do Caribe do hemisfério norte. Após a reforma o Castelão terá 67 mil lugares, estacionamento, centro olímpico, piscina e ginásio multiuso. Em termos de mobilidade e transporte o VLT de Fortaleza terá 13 km de extensão e 10 estações. Foram previstas seis obras: quatro passagens subterrâneas rodoviárias, um elevado ferroviário e um viaduto rodoviário. O objetivo do trajeto é melhorar o acesso do aeroporto ao centro da cidade onde se concentram os principais hotéis da cidade. O projeto envolve a construção de túneis nos cruzamentos da Via Expressa com as avenidas Santos Dumont, Padre Antônio Tomaz e Alberto Sá, de um viaduto no cruzamento da Raul Barbosa com a Rua Murilo Borges. Também estão incluídas melhorias na drenagem, na malha viária e na iluminação pública nas duas avenidas. Dentre as inovações, na área da construção civil, o Aeroporto Internacional Pinto Martins sofrerá modificações que foram orçadas em R$ 397 milhões, já que haverá construção de seis novas pontes de embarque – que conectam o aeroporto à aeronave – e uma área total de 133 mil metros quadrados de infraestrutura, quase 100 mil metros quadrados a mais que o perímetro atual. Segundo Furtado (2012, p. 29): Os terminais de Belo Horizonte (Confins), Brasília (Juscelino Kubitschek), Manaus (Eduardo Gomes), Rio de Janeiro (Galeão) e São Paulo (Cumbica) passam por reforma ou ampliação. Já os aeroportos de Curitiba e Natal têm obras nas pistas. As intervenções em Campinas, Curitiba, Cuiabá, Porto Alegre e Salvador ainda estão na fase de projeto. Em comparação com o 36 cronograma divulgado em setembro do ano passado pela Infraero, o aeroporto Pinto Martins, em Fortaleza, avançou no processo de ampliação do terminal. Na última quarta-feira (14), a Infraero homologou a licitação do projeto executivo e das obras. Seus jogos ocorrerão no Estádio Castelão conforme cronograma que segue no Anexo I deste trabalho. A construção civil representa uma parcela que contribui para o desenvolvimento econômico do país pois gera emprego e renda além de ser privilegiada no que se refere às taxas de desemprego no ano conforme estudo da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) realizada pelo governo do Estado do Ceará em julho de 2011. No setor da construção civil foi observado um crescimento na ocupação em cerca de 13,6% somente em Fortaleza. O Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) no Ceará reforça a PED afirmando que a média do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) teve um crescimento de 5,5% somente em 2011, quando a média nacional é de 3,4%, tornando o Estado do Ceará numa posição acima da média nacional, significando dizer que quanto maior o número de obras maior também é o número de postos de trabalho. Naquele ano de 2011 houve o registro de quinze mil novos postos e quase 60 (sessenta) mil empregos em boa parte decorrentes do programa Minha Casa Minha Vida e do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Por fim vale salientar que o Sinduscon estimou que, em 2012, haveria aumento em 5% do PIB como consequência das obras para a Copa do Mundo de 2014. 4 METODOLOGIA E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 4.1 Natureza da pesquisa: abordagem qualitativa-quantitativa. Esta pesquisa partiu do principio de que é necessário escolher um caminho teórico-metodológico que mais se adeque aos objetivos da pesquisa para que se possa fazer um processo de desconstrução e reconstrução do conhecimento e não apenas de reproduzi-lo. Nessa linha procurou-se realizar uma pesquisa descritiva dentro de uma abordagem quantitativa e qualitativa, haja vista a busca de maior compreensão sobre as questões que permeiam o treinamento e a capacitação de profissionais da construção civil em Fortaleza bem como seus sentimentos e representações partindo do pressuposto de que eles são treinados nas empresas (BOENTE; BRAGA (2004). Levou-se em conta que a forma puramente quantitativa, embora tanto na coleta quanto no tratamento das informações utiliza técnicas estatísticas e por isso mesmo possibilita maior margem de segurança, seria limitada no aspecto referente ao entendimento do problema em questão, não dando conta de captar as experiências e sentimentos subjetivos daqueles profissionais acerca de suas percepções na área do treinamento e capacitação na empresa. A pesquisa qualitativa apresenta relação dinâmica entre mundo objetivo e subjetivo do sujeito, descreve a complexidade de determinado problema que não pode ser traduzida em números, possibilitando o entendimento das mais variadas particularidades dos indivíduos, contemplando um dos objetivos deste trabalho (DIEHL, 2004; ROSENTAL; FRÉMONTIER-MURPHY, 2001). 4.2 Sujeitos da pesquisa A pesquisa foi realizada em três empresas do ramo da construção civil, todas construtoras de renome no mercado cearense . De cada empresa foram escolhidos, aleatoriamente, um total de trinta profissionais voluntários, totalizando noventa participantes. 38 4.3 Instrumento e coleta de dados O instrumento de coleta de dados foi o questionário fechado contendo oito questões voltadas ao alcance dos objetivos do trabalho e em relação direta com o referencial bibliográfico, procurando-se um diálogo entre o teórico e o prático (Ver modelo do Questionário no Anexo II). Foi realizado um pré-teste com cinco trabalhadores, corrigindo-se então distorções apresentadas no modelo experimental, até porque foi necessário adaptar o instrumento ao mundo social dos sujeitos. Optou-se pelo questionário por ser, conforme ensina Marconi e Lakatos (2003, p. 201), “um instrumento de coleta de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador”, além de atingir grande número de pessoas simultaneamente, economizando tempo e dinheiro, e garantir o anonimato dos entrevistados obtendose com isso maior liberdade e segurança nas respostas. Obtém-se ainda respostas rápidas, precisas e possibilita uniformidade na avaliação (GIL, 2002). A coleta de dados foi realizada em dois momentos, em cada empresa. Primeiramente os sujeitos da pesquisa foram reunidos para que lhes fosse explicado o objetivo do trabalho e como deveriam responder ao questionário. O segundo momento foi a aplicação propriamente dita, o que foi feito no próprio local de trabalho daqueles profissionais. 4.4 Delineamento Gil (2002, p. 65) explica que o “elemento mais importante para a identificação de um delineamento é o procedimento adotado para a coleta de dados”. Nesse sentido tem-se a pesquisa bibliográfica que se vale das fontes de “papel”; e o estudo de campo, o levantamento que se utiliza de dados fornecidos por pessoas. Neste estudo utilizou-se a pesquisa bibliográfica desenvolvida com material já elaborado, como: livros, artigos, monografias. Lakatos e Marconi (2003) ensinam que delimitar uma pesquisa é estabelecer limites para investigação. Nessa ótica este trabalho apresenta as seguintes delimitações: 39 a) Quanto ao tempo e espaço – realizou-se no período de junho de 2012 a maio de 2013 na cidade de Fortaleza. b) quanto ao assunto – treinamento e desenvolvimento c) Quanto à extensão – suprimento da carência de mão-de-obra na construção civil do estado do Ceará 4.5 Análise e discussão dos resultados A primeira questão procurava saber se o profissional se sentia preparado para executar suas funções. O resultado dos 90 (noventa) pesquisados indicou um bom índice de qualificação: apenas 9% se sentiam no nível Regular, os demais variaram de bom a excelente, como se vê no Gráfico 1 Gráfico 1 – Percepção do profissional quanto ao preparo próprio para exercício de funções Fonte: Pesquisa do autor (2013). A segunda questão objetivou saber se a empresa que o pesquisado trabalhava realizava treinamentos periódicos. Todos responderam que sim. Demonstração de que as empresas estão investindo na capacitação e treinamento da mão-de-obra. A terceira questão procurou verificar a percepção do pesquisado quanto à qualidade do treinamento que ele recebia na empresa. A resposta seria dada em escala tipo Likert que apresentava as seguintes variáveis: péssimo, regular, bom, ótimo e excelente. 40 Os resultados indicaram que apenas 10% consideraram o treinamento com regular, 47% como bom, 23% como ótimo e 20% como excelente. Nenhum trabalhador considerou o treinamento como péssimo. Vide Gráfico 2. Gráfico 2 – Avaliação do treinamento oferecido pela empresa segundo o trabalhador Fonte: Pesquisa do autor (2013) A Quarta pergunta foi referente à questão salarial, haja vista que tem sido constante a reclamação salarial, sendo alvo inclusive de manifestações, paralisações e greves na construção civil cearense como se vê em reportagens escritas, faladas e televisadas. O fato é que 62% dos pesquisados esclareceram que estão satisfeitos com os salários. Do total 38% informaram que estão insatisfeitos. Vide Gráfico 3. Gráfico 3 – Satisfação salarial Fonte: Pesquisa do autor (2013) 41 A quinta questão abordou o tema referente à chefia direta pois a liderança é fator de satisfação ou insatisfação dos funcionários de uma empresa. A escala era do tipo Likert indo do péssimo ao excelente. Dos respondentes 18% avaliam a chefia como regular, 34% como boa, 37% como ótima e 11% como excelente. Vide Gráfico 4. Gráfico 4 – Avaliação da Chefia por parte dos funcionários Fonte: Pesquisa do autor (2013) A sexta questão aborda a questão da satisfação do funcionário na empresa, procurando-se verificar sua avaliação numa escala tipo Likert que varia de péssimo ao excelente. Apenas 22% dos pesquisados estão insatisfeitos, os demais apresentam bom nível de satisfação como se vê no Gráfico 5. Gráfico 5 – Satisfação do funcionário na empresa Fonte: Pesquisa do autor (2013) 42 A sétima questão foi uma forma de ratificar as questões anteriores, pois procurou saber se o funcionário deixaria a empresa caso permanecesse com o mesmo salário. 100% dos pesquisados informaram que não deixariam a empresa. Esse aspecto foi interessante uma vez que 22% consideraram sua satisfação na empresa como regular (questão anterior), contudo apenas 18% não manifestaram neste quesito intenção de abandonar a empresa. A diferença é de apenas 4%, inferindo-se, portanto que há uma pequena parcela de funcionários insatisfeitos na empresa. Gráfico 6 – Satisfação em trabalhar na empresa Fonte: Pesquisa do autor (2013) A oitava e última questão era referente à forma como o profissional aprendeu a profissão que exerce na construção civil. Deram-se três opções: com outro profissional, em escola profissionalizante, nos treinamentos da empresa. A maior parte dos funcionários aprende com outro profissional (64%), os demais aprendem por meio do treinamento ou em escolas. Vide Gráfico 7. Gráfico 7 – Forma de aprendizado da profissão 43 Fonte: Pesquisa do autor (2013) CONSIDERAÇÕES FINAIS A construção civil tem impulsionado o Brasil ao longo dos séculos não apenas porque está presente em todas as grandes obras arquitetônicas, mas também por contribuir com os empregos indiretos e no desenvolvimento de outros setores. O problema é que está ocorrendo, em nível de Brasil, uma carência de mão de obra para esse setor tão importante na economia de um país e isso se alia à necessidade de treinamento e capacitação de profissionais da construção civil. Aproximam-se fenômenos de grande importância para o Estado como a Copa 2014 e a Copa das Confederações, implicando construção ou reconstrução de estádios, aeroportos, pavimentação de vias, hotéis dentre outras possibilidades de emprego que incentivam a aplicação de recursos no Estado. Note-se que esse fenômeno também ocorrerá em outros Estados que sediarão os eventos da Copa, como explicado no corpo deste trabalho. Nesta visão a pesquisa ora em foco procurou alcançar os seguintes objetivos: a) Verificar como o treinamento e a capacitação de mão de obra podem vir a ser uma alternativa viável para suprir a carência de profissionais da construção civil no Estado do Ceará. b) Identificar a percepção do profissional da construção civil em relação ao treinamento e capacitação promovido pela empresa. c) Identificar a percepção do profissional em construção civil sobre a chefia e sobre a empresa na qual recebe o treinamento e capacitação. O referencial bibliográfico exposto na pesquisa alcançou o primeiro objetivo, haja vista a demonstração teórica da importância do treinamento e da qualificação da mão de obra em qualquer setor público ou privado. Implicando dizer que a qualificação e o treinamento de profissionais suprem o mercado de trabalho 44 com pessoas cada vez mais capazes de assumirem empregos no mercado de trabalho. Os demais objetivos foram alcançados por meio da aplicação do questionário a 90 (noventa) profissionais de três empresas do ramo da construção civil e cujo resultou inferiu afirmar que: 1) Apenas 9% dos participantes se julgou ter um nível regular como profissionais. 24% deles chegaram a afirmar que seu nível de preparo para a profissão chega a ser excelente. 40% se sentiram bons profissionais e 27% como ótimos no desempenho da profissão. 2) Todos afirmaram que a empresa realiza treinamento periódico e que consideravam esse treinamento como bom (47%), outros lhe atribuíram conceito excelente (20%), ótimo (23%) e apenas 10% julgou como regular. 3) Em relação ao salário 62% deles informaram que se encontra satisfeito com o que recebe, apenas 38% demonstraram algum grau de insatisfação. 4) O nível de satisfação dos funcionários nas empresas pesquisadas varia de regular a excelente, contudo apenas 22% se consideram insatisfeitos, os demais avaliam a satisfação como excelente (12%), ótimo (30%) e bom (36%). 5) Esses profissionais aprenderam a profissão com outro profissional (64%), enquanto apenas 17% aprenderam em decorrência de treinamento, os demais (19%) aprenderam em escolas. Conclui-se pois que os profissionais da construção civil cearense estão satisfeitos não apenas com os salários, mas também com as empresas e que a profissão vem sendo aprendida por meio de outro profissional, embora haja treinamento e qualificação nas empresas em que trabalham e que também julgam como de boa qualidade. A escassez da mão de obra na construção civil é verdade inafastável, contudo, os treinamentos, as qualificações e o aprendizado por meio de outro profissional parecem ser soluções a longo prazo, pois formando-se mais profissionais, o mercado terá mão-de-obra qualificada para dar continuidade ao progresso de nosso País. 45 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, Luis César G. de. Gestão de Pessoas. São Paulo: Atlas, 2008 AGÊNCIA BBRASIL. Falta de mão de obra qualificada, dado confirmado por pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) realizada com 385 empresas do setor. Disponível em:<http://agenciabrasil.ebc.com.br/>. Acesso em 10.11.2012. 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ANEXO I Cronograma de Jogos em Fortaleza Tabela 2- Jogos na Fase de Grupos por cidade Oitavas-de-final 28 de junho 1º colocado do Grupo A 28 de junho 1º colocado do Grupo C 29 de junho 1º colocado do Grupo B 29 de junho 1º colocado do Grupo D 30 de junho 1º colocado do Grupo E 30 de junho 1º colocado do Grupo G 1 de julho 1º colocado do Grupo F 1 de julho 1º colocado do Grupo H Quartas-de-Final 4 de julho Vencedor do jogo 49 4 de julho Vencedor do jogo 53 5 de julho Vencedor do jogo 51 5 de julho Vencedor do jogo 55 Semifinais 8 de julho Vencedor do jogo 57 9 de julho Vencedor do jogo 59 Terceiro lugar 12 de julho Perdedor do jogo 61 Final 13 de julho Vencedor do jogo 61 x x x x x x x x x 2º colocado do Grupo B 2º colocado do Grupo D 2º colocado do Grupo A 2º colocado do Grupo C 2º colocado do Grupo F 2º colocado do Grupo H 2º colocado do Grupo E 2º colocado do Grupo G Estádio Mineirão, Belo Horizonte Estádio do Maracanã, Rio de Janeiro Estádio Castelão, Fortaleza Arena Pernambuco, Recife Estádio Mané Garrincha, Brasília Estádio Beira-Rio, Porto Alegre Arena de São Paulo, São Paulo Arena Fonte Nova, Salvador Vencedor do jogo 50 Vencedor do jogo 54 Vencedor do jogo 52 Vencedor do jogo 56 Estádio Castelão, Fortaleza Vencedor do jogo 58 Vencedor do jogo 60 Estádio Mineirão, Belo Horizonte Arena de São Paulo, São Paulo x Perdedor do jogo 62 Estádio Mané Garrincha, Brasília x Vencedor do jogo 62 Estádio do Maracanã, Rio de Janeiro x x x x x Estádio do Maracanã, Rio de Janeiro Arena Fonte Nova, Salvador Estádio Mané Garrincha, Brasília 48 Tabela 3 - Jogos na Fase Eliminatória Belo Horizonte Primeira fase 14/6 - 13h 17/6 - 13h Brasília Cuiabá Curitiba Fortaleza Manaus Primeira fase 15/6 - 13h 19/6 - 13h Primeira fase 13/6 - 18h 17/6 - 18h Primeira fase 16/6 - 16h 20/6 - 19h Primeira fase 23/6 (Jogo do Brasil) 17h 24/6 - 13h 26/6 - 13h Oitavas de final 21/6 - 18h 23/6 - 13h Primeira fase 14/6 - 16h 17/6 - 16h (Jogo do Brasil) 21/6 - 16h 24/6 - 16h 26/6 - 17h Oitavas de final 24/6 - 17h 25/6 - 16h Oitavas de final 28/6 - 13h Semifinal 30/6 - 13h Quartas de final 29/6 - 13h Quartas de final 8/7 - 17h 5/7 - 13h 4/7 - 17h 21/6 - 13h 14/6 - 21h 18/6 - 15h 22/6 - 15h Tabela 4 - Disputa de terceiro e quarto 12/7 - 17h Natal Primeira fase 13/6 - 13h Porto Alegre Primeira fase 15/6 - 16h Recife Primeira fase 14/6 - 19h Rio de Janeiro Primeira fase 15/6 - 19h Salvador São Paulo Primeira fase 13/6 - 16h Primeira fase 12/6 (Jogo do Brasil) - 17h 16/6 - 19h 18/6 - 13h 20/6 - 13h 18/6 - 19h 16/6 - 13h 19/6 - 16h 19/6 - 19h 22/6 - 13h 23/6 - 17h 22/6 - 19h 20/6 - 16h 23/6 - 13h 24/6 - 13h 25/6 - 13h 26/6 - 13h 25/6 - 17h 25/6 - 13h 26/6 - 17h Oitavas de Oitavas de Oitavas de Oitavas de Oitavas de final final final final final 30/6 - 17h 29/6 - 17h 28/6 - 17h 1/7 - 17h 1/7 - 13h Quartas de final Quartas de final Semifinal 4/7 - 13h Final 13/7 - 16h 5/7 - 17h 9/7 - 17h 49 ANEXO II - QUESTIONÁRIO CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE QUESTIONÁRIO PARA PROFISSSIONAIS DA CONSTRUÇÃO CIVIL Empresa pesquisada:____________________ 1. Você se sente preparado para executar as suas funções? ( ) Excelente ( )Ótimo ( )Bom ( )Regular ( ) Péssimo 2. Sua empresa faz treinamentos periódicos? ( ) sim ( )Não 3. Caso haja treinamento, você os considera de que forma; ( ) Excelente ( )Ótimo ( )Bom ( ) Regular ( )Péssimo 4. Você está satisfeito com seu salário (extra salário) ? ( ) sim ( )Não 5. Como você considera sua chefia direta: ( ) Excelente ( )ótimo ( ) Bom ( )Regular ( )Péssimo ( ( )Péssimo 6. Como você considera sua empresa? ( ) Excelente ( )Ótimo ( )Bom )Regular 7. Você mudaria de empresa mantendo o mesmo salário? ( ) sim ( )Não 8. Como você aprendeu a profissão? ( ) com outro profissional ( ) em escola ( ) em treinamento