UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA - UESB PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA - PGQUI PAULO ROBERTO TAVARES DE SOUZA Terpenos isolados de Trichilia casaretti e Trichilia silvatica (Meliaceae) Jequié - Ba Outubro – 2008 Livros Grátis http://www.livrosgratis.com.br Milhares de livros grátis para download. ii PAULO ROBERTO TAVARES DE SOUZA Terpenos isolados de Trichilia casaretti e Trichilia silvatica (Meliaceae) Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em química da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Química. Orientadora: Vanderlúcia Fonseca de Paula Co-orientadora: Suzimone de Jesus Correia Jequié - Ba Outubro - 2008 iii UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA - UESB PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA – PGQUI PAULO ROBERTO TAVARES DE SOUZA Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Química da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Química. DISSERTAÇÃO APROVADA EM ____ / ____ / ____. Comissão Examinadora: _______________________________________________ Profa. Dra. Vanderlúcia Fonseca de Paula (Orientadora) _______________________________________________ Profa. Dra. Glória Del Carmem Melendez Salazar _______________________________________________ Profa. Dr. Fernando Faustino de Oliveira iv "Investir em conhecimento rende sempre os melhores juros" Benjamin Franklin v AGRADECIMENTOS Gostaria de agradecer a Deus por tudo que fez e faz em nossas vidas Aos meus familiares, em especial à minha mãe, pelo modo guerreiro como sempre encarou as batalhas da vida. À Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia que possibilitou a realização de minha graduação e mestrado. Aos professores, funcionários e amigos. Aos colegas do Laboratório de Produtos Naturais Angélica Ferraz, André Dias, Eleane Monaliza, Luciana, Rafaela, Larissa, Ariadna, Caíque e Jamille. Em especial a André e Angélica, por todo o aprendizado, companheirismo e amizade que me proporcionaram, e a Jamille, pelo apoio prestado em vários momentos. À Profa. Guadalupe Edilma L. de Macedo, curadora do Herbário da UESB, por ceder as informações botânicas e viabilizar a coleta das espécies estudadas. Ao prof. Jorge Maurício David (UFBA), por ceder diversos horários reservados ao seu Grupo de Pesquisa para a realização de experimentos de RMN. Aos colegas Clayton, Jeferson e Bruno da UFBA, por toda a colaboração, realizando os experimentos de RMN. Ao prof. Luiz Cláudio de Almeida Barbosa (UFV) pela indispensável colaboração com o nosso grupo de pesquisa, permitindo o uso dos equipamentos CG- EM e RMN, para realização de diversas análises realizadas no decorrer deste trabalho. Aos grandes amigos e colegas de turma Cléber, Luana, Melina, Daniela e John, pela companhia nessa jornada. Às amigas, Creuza, que me iniciou no mundo da química possibilitando meu ingresso na vida acadêmica, e Elenir, pelos conselhos e orientações, sempre pertinentes e que muito me ajudaram. Aos professores do Programa de Pós-graduação em Química da UESB, Vanderlúcia Fonseca, Valfredo Lemos, Regina Terumi, Luiz Augusto Cardoso, Sérgio Ferreira, Ronan Batista, pela dedicação e intensa colaboração com a minha formação acadêmica e profissional. À professora Suzimone de Jesus Correia, de quem tive toda a atenção sempre que solicitei, desde a época de graduação, com dedicação e sabedoria, solucionando problemas e/ou apontando caminhos a seguir. vi À professora Vanderlúcia, que foi muito mais que uma orientadora, com extrema dedicação e responsabilidade ao trabalho que se propõe a fazer, soube nos guiar na busca de soluções e constitui-se num grande exemplo para todos, não só como profissional, mas também e principalmente, como ser humano, capaz de responsabilizar com os outros mesmo quando se encontrava em condições adversas. À Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia - FAPESB pelo apoio financeiro, que nos forneceu o devido suporte para desenvolvimento desta pesquisa. vii SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .....................................................................................................................2 1.1. Estudo Químico de Plantas .................................................................................................2 2. REVISÃO DA LITERATURA .............................................................................................4 2.1. A Família Meliaceae ...........................................................................................................4 2.2. O Gênero Trichilia ..............................................................................................................6 2.2.1. Atividade Biológica das Espécies do Gênero Trichilia ...................................................6 2.2.2. A Química do Gênero Trichilia .......................................................................................8 2.2.3. Descrição Botânica das T. casaretti e T. silvatica .........................................................21 2.2.3.1. Trichilia casaretti .......................................................................................................21 2.2.3.2. Trichilia silvatica ........................................................................................................22 3. OBJETIVOS ........................................................................................................................23 3.1. Objetivo Geral ...................................................................................................................23 3.2. Objetivos Específicos .......................................................................................................23 4. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................25 4.1. Materiais ...........................................................................................................................25 4.1.1. Materiais e reagentes utilizados .....................................................................................25 4.1.2 Preparo de Reagente .......................................................................................................25 4.1.3 Condições utilizadas nas análises cromatográficas e espectrométricas ..........................25 4.1.3.1 Análise por CG-EM dos sesqui- e diterpenos ..............................................................25 4.1.3.1.1. Análise dos óleos essenciais e dos sesquiterpenos isolados ....................................26 4.1.3.1.2. Análise das frações TsF1 e TsF3 .............................................................................26 4.1.3.1.3. Cálculo dos índices de retenção (IK). ......................................................................26 Equação 1. Algoritmo de Kóvats. ............................................................................................26 4.1.3.2 Condições para análise por RMN de 1H e de 13C ........................................................27 4.2 Coleta das espécies ............................................................................................................27 4.3 Preparo dos Extratos Vegetais ...........................................................................................30 4.4 Fracionamento do extrato etanólico das folhas da Trichilia silvatica (EFTs) ...................31 4.5 Fracionamento do extrato hexânico das folhas da Trichilia casaretti (HFTc) ..................37 4.6 Extração dos óleos essências .............................................................................................41 4.7 Ensaios biológicos para avaliar a atividade Inseticida dos Extratos das Folhas e da Casca do Caule de T.silvatica e T. casaretti.......................................................................................42 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .........................................................................................44 5.1. Ensaios biológicos para avaliar a atividade inseticida dos extratos..................................44 5.2. Constituintes químicos das folhas de T. silvatica .............................................................46 5.2.1. Constituintes isolados e/ou identificados do extrato etanólico ......................................46 5.2.1.1. Constituintes identificados por CG-EM .....................................................................46 5.2.1.1.1. TsF1: α-tocoferol (1)................................................................................................46 5.2.1.1.2. TsF2: Mistura de sesquiterpenos .............................................................................48 5.2.1.1.3. TsF3: veridiflorol (3), óxido de humuleno (4) e palmitato de etila (5) ...................50 5.2.1.2. Constituintes identificados por RMN .........................................................................54 5.2.1.2.1. TsF4: β-sitosterol (6) ...............................................................................................54 5.2.1.2.2. TsF5 - TsF5A: (2S,3S,6R,7R)-humuleno-2,3;6,7-diepóxido (7A) e TsF5B: (2R,3R,6R,7R)-humuleno-2,3;6,7-diepóxido (7B)...................................................................58 5.2.1.2.3. TsF6: mustacona (8) ................................................................................................64 5.2.1.2.4. TsF7: Mistura contendo α-Amirina (9), β-amirina (10), pseudotaraxasterol (11) e lupeol (12) ................................................................................................................................70 5.2.2. Constituintes do óleo essencial (OETs) .........................................................................76 viii 5.3. Constituintes Químicos das Folhas de T. casaretti ........................................................79 5.3.1. Isolados por cromatografia em coluna ........................................................................79 5.3.1.1. TcF1: Mistura de β-sitosterol (6) e estigmasterol (27) ............................................79 5.3.1.2. TcF2A: aromadendrano-4β,10α-diol (28) ...............................................................83 5.3.1.3. TcF3A: 8-epi-esclareol (29).....................................................................................89 5.3.2. Constituintes do óleo essencial (OETc) ......................................................................95 5.4. Considerações sobre terpenos ........................................................................................99 6. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS .............................................................................110 7. REFERÊNCIAS..............................................................................................................111 ix LISTA DE FIGURAS Figura 1. Distribuição geográfica das espécies da família Meliaceae. ......................................5 Figura 2. Estrutura da Azadiractina A ........................................................................................6 Figura 3. Trichilia casaretti. . ...................................................................................................21 Figura 4. Trichilia silvatica. . ..................................................................................................22 Figura 5. Foto da exsicata de Trichilia casaretti. .....................................................................28 Figura 6. Foto da exsicata de Trichilia silvatica .......................................................................29 Figura 7. Procedimento geral para preparo dos extratos. .........................................................30 Figura 8. Fluxograma obtido a partir do fracionamento da fração EFTs................................302 Figura 9. Fluxograma obtido a partir do fracionamento da sub-fração EFTs3.6......................33 Figura 10. Fluxograma obtido a partir do fracionamento da fração EFTs 3.8..........................34 Figura 11. Fluxograma obtido a partir do fracionamento das frações EFTs5 e EFTs6. ...........35 Figura 12. Fluxograma de frações obtidas a partir do fracionamento de EFTs5. .....................36 Figura 13. Fluxograma das frações obtidas a partir do fracionamento de EFTs4. ...................37 Figura 14. Fluxograma obtido a partir do fracionamento de HFTc. .........................................38 Figura 15. Fluxograma obtido a partir do fracionamento da fração HFTc8. ............................39 Figura 16. Fluxograma obtido a partir do fracionamento da fração HFTc6. ............................40 Figura 18. Cromatograma da fração TsF1: α-Tocoferol (1). ...................................................46 Figura 19. Espectro de massas (IE) de TsF1: α-Tocoferol (1)..................................................47 Figura 20. Espectro de massas (IE) de uma amostra padrão de α-Tocoferol. ..........................47 Figura 21. Cromatograma da amostra TsF2. ............................................................................49 Figura 24. Cromatograma da fração TsF3, obtido a partir da análise por CG-EM. .................51 Figura 25. Espectro de massas do Pico 7 de TsF3 – TsF3A: Óxido de Humuleno (4). ...........51 Figura 28. Espectro de RMN de 1H (CDCl3, 300 MHz) da fração TsF4: β-sitosterol (6)........56 Figura 29. Espectro de RMN de 13C (CDCl3, 75 MHz) da fração TsF4: β-sitosterol (6).........57 Figura 30. Cromatograma da fração TsF5 obtido na análise por CG-EM. ...............................58 Figura 31. Espectro de massas (IE) de TsF5A..........................................................................59 Figura 32. Espectro de massas (IE) de TsF5B. .........................................................................59 Figura 33. Espectro de RMN de 1H (CDCl3, 300 MHz) da fração TsF5: Mistura de estereoisômeros do Humuleno diepóxido (7A) e (7B). ............................................................62 Figura 34. Espectro de RMN de 13C (CDCl3, 75 MHz) da fração TsF5: Mistura de estereoisômeros do Humuleno diepóxido (7A) e (7B). ............................................................63 Figura 35. Cromatograma da fração TsF6. ...............................................................................64 Figura 36. Espectro de massa de TsF6A: mustacona (8). .........................................................65 Figura 37. Espectro de RMN de 1H (CDCl3, 300 MHz) da fração TsF6: Mustacona (8). ........68 Figura 38. Espectro de RMN de 13C (CDCl3, 75 MHz) da fração TsF6: Mustacona (8). ........69 Figura 39. Espectro de RMN de 1H (CDCl3, 300 MHz) da fração TsF7: Mistura de triterpenos (9), (10), (11) e (12). .................................................................................................................72 Figura 39A. Espectro de RMN de 1H (CDCl3, 300 MHz) da fração TsF7, com ampliação da região de δ 4,95 a 4,81. .............................................................................................................73 Figura 40. Espectro de RMN de 13C (CDCl3, 75 MHz) da TsF7: Mistura de triterpenos (9), (10), (11) e (12). ........................................................................................................................74 Figura 40A. Espectro de RMN de 13C (75 MHz, CDCl3) da fração TsF7, região ampliada entre δ 160-78. ..........................................................................................................................75 Figura 41. Cromatograma de OETs (região ampliada entre Tr 29,0 e Tr 36,5). ......................76 Figura 42. Cromatograma de OETs (região ampliada entre Tr 36,5 e 43,0). ...........................76 Figura 43. Estruturas dos sesquiterpenos identificados no OETs. ............................................78 x Figura 44. Espectro de RMN de 1H (CDCl3, 300 MHz) da fração TcF1: Mistura de βsitosterol (6) e estigmasterol (27). ............................................................................................81 Figura 45. Espectro de RMN de 13C (CDCl3, 75 MHz) da fração TcF1: Mistura de β-sitosterol (6) e estigmasterol (27). ............................................................................................................82 Figura 46. Cromatograma obtido da fração TcF2.....................................................................83 Figura 47. Espectro de massas (IE) de TcF2A: Aromadendrano-4β,10α-diol (28)..................84 Figura 47A. Espectro de massas (IE) do espatulenol. ..............................................................84 Figura 48. Espectro de RMN de 1H (CD3OD, 300 MHz) da fração TcF2: Aromadendrano4β,10α-diol (28). .......................................................................................................................87 Figura 49. Espectro de RMN de 13C (CD3OD, 75 MHz) da fração TcF2: Aromadendrano4β,10α-diol (28). .......................................................................................................................88 Figura 50. Cromatograma obtido a partir análise por CG-EM da fração TcF3. .......................89 Figura 51. Espectro de massas (IE) de TcF3A: 8-epi-Esclareol (29). ......................................90 Figura 52. Esqueleto do labd-14-eno-8,13-diol. .......................................................................91 Figura 53. Espectro de RMN de 1H (CDCl3, 300 MHz) da fração TcF3: 8-epi-Esclareol (29). ..................................................................................................................................................92 Figura 56. Cromatograma de OETc ( região ampliada entre Tr 31,5 e Tr 40,8) ......................95 Figura 56A. Cromatograma de OETc (região ampliada entre Tr 46,0 a 58,0) .........................95 Figura 57. Espectro de massas (IE) do Pico 16 de OETc, IK= 1692........................................96 Figura 58. Estruturas das substâncias identificadas no OETc. .................................................98 Figura 59. Rotas metabólicas envolvidas na formação de terpenos. ......................................100 Figura 60. Biossíntese de terpenóides. ....................................................................................101 Figura 62. Biossíntese de alguns esqueletos monoterpênicos a partir de DMAPP e IPP .......103 Figura 63. Formação de diversos esqueletos sesquiterpênicos a partir do FPP. .....................104 Figura 64. Formação do geranil-geranil difosfato a partir do FPP. ........................................105 Figura 65. Formação do copalil PP a partir do GGPP. ...........................................................106 Figura 66. Formação do sestertepeno esclarina a partir do geranil-farnesil difosfato (GFPP). ................................................................................................................................................106 Figura 67. Ciclização do esqualeno para a formação de um triterpeno. .................................107 xi LISTA DE TABELAS Tabela 1. Massas (g, peso seco) dos materiais vegetais coletados. ..........................................31 Tabela 2. Massas dos extratos obtidos a partir do material vegetal coletado. ..........................31 Tabela 3. Resultados dos ensaios biológicos ...........................................................................45 Tabela 4. Substâncias identificadas na fração TsF2 .................................................................49 Tabela 5. Substâncias identificadas da fração TsF3 .................................................................53 Tabela 6. Dados de RMN de 13C, de TsF4 comparados com dados do β-sitosterol .................55 Tabela 7. Dados de RMN de 13C de TsF5A e TsF5B comparados com dados da literatura dos estereoisômeros .........................................................................................................................61 Tabela 8. Dados de RMN de 1H e de 13C(CDCl3) de TsF6A comparados com valores da literatura para mustacona (8) e oxo-ylangeno (8B) ..................................................................67 Tabela 9. Dados de RMN de 13C (75 MHz, CDCl3) da fração TsF7 comparados com dados dos triterpenos lupeol, pseudotaraxasterol, α-amirina e β-amirina ...........................................71 Tabela 10. Constituintes do Óleo essencial obtido das folhas da T. silvatica ..........................77 Tabela 11. Dados de RMN de 13C (CDCl3) comparados com dados do β-sitosterol e do estigmasterol .............................................................................................................................80 Tabela 12. Dados de RMN de 1H (CD3OD) de TcF2A comparados com valores do aromadendreno-4β,10α-diol. ....................................................................................................85 Tabela 13. Dados de RMN de 13C de TcF4A comparados com os dados de diversos estereoisômeros do aromadendrano-4,10-diol ..........................................................................86 Tabela 14. Dados de RMN de 13C para a TcF3A em comparação com dados de diversos estereoisômeros com esqueleto labd-14-eno-8,13-diol ............................................................94 Tabela 15. Constituintes do óleo essencial obtido das folhas de T. casaretti ...........................97 xii LISTA DE QUADROS Quadro 1. Estudos da atividade inseticida de algumas espécies do gênero Trichilia .................7 Quadro 2. Substâncias isoladas de espécies do gênero Trichilia ................................................8 xiii LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS AE - Acetato de etila CC – Cromatografia em Coluna CCDP – Cromatografia em camada delgada preparativa CD3OD – Metanol deuterado CDCl3 – Clorofórmio deuterado CG-EM – Cromatografia em fase gasosa acoplada a espectrômetro de massas d – dupleto dd – duplo dupleto DEPT – Distortionless Enhancement Polarization Transference ECcTc – Extrato etanólico da casca do caule da Trichilia casaretti. ECcTs – Extrato etanólico da casca do caule da Trichilia silvatica. EFTc – Extrato etanólico das folhas da Trichilia casaretti. EFTs – Extrato etanólico da folhas da Trichilia silvatica. HCcTc – Extrato hexânico da casca do caule da Trichilia casaretti. HCcTs – Extrato hexânico da casca do caule da Trichilia silvatica. HFTc – Extrato hexânico das folhas da Trichilia casaretti. HFTs – Extrato hexânico das folhas da Trichilia silvatica. IE – Impacto de elétrons IK – Índice de Kóvats J – Constante de acoplamento (Hz) m – multipleto m/z – relação massa-carga MeOH – Metanol MHz – Megahertz OETc – Óleo Essencial da Trichilia casaretti OETs – Óleo Essencial da Trichilia silvatica RMN de 13C – Ressonância Magnética Nuclear de carbono 13 RMN de 1H – Ressonância Magnética Nuclear de hidrogênio s – simpleto sext ap – sexteto aparente sl – simpleto largo t – tripleto Tr – Tempo de retenção UV – Ultravioleta xiv δ – deslocamento químico λ – Comprimento de onda (nm) xv RESUMO O presente trabalho apresenta o estudo químico e a avaliação da atividade inseticida de extratos e dos óleos essenciais das folhas de Trichilia silvatica e Trichilia casaretti, ambas pertencentes à família Meliaceae. Para avaliação da atividade inseticida destas espécies, os extratos hexânico e etanólico das folhas e casca do caule foram testados in vitro sobre três espécies de insetos considerados pragas agrícola ou doméstica: Plutella xylostella L. (Lepidoptera: Plutellidae), Blatella germanica L. (Dictyoptera: Blattellidae) e Diaphania hyalinata L. (Lepidoptera: Pyralidae). Embora nenhuma atividade significativa tenha sido observada para os extratos testados, optou-se por realizar o estudo químico dos mesmos, uma vez que a constituição química destas espécies é praticamente desconhecida. Do fracionamento, por cromatografia em coluna de sílica gel, do extrato etanólico das folhas da T. silvatica, foram isolados e/ou identificados o α-tocoferol (Vitamina E), os sesquiterpenos espatulenol, veridiflorol, óxido de humuleno, (2S,3S,6R,7R)-humuleno-2,3;6,7-diepóxido, (2R,3R,6R,7R)-humuleno-2,3;6,7-diepóxido, mustacona, o esteróide β-sitosterol e uma mistura contendo os triterpenos α-amirina, β-amirina, pseudotaraxasterol e lupeol. Do extrato hexânico de T. casaretti foram isolados o sesquiterpeno aromadendrano-4β,10α-diol, o diterpeno 8-epi-esclareol, além de uma mistura dos esteróides β-sitosterol e estigmasterol. A determinação estrutural das substâncias isoladas foi baseada na análise dos dados obtidos dos espectros de RMN de 1H e RMN de 13C, incluindo experimentos como DEPT 90, DEPT 135, além de espectrometria de massas (EM). Nos óleos essenciais foram identificados dezesseis sesquiterpenos das folhas da T. silvatica e oito sesquiterpenos das folhas de T. casaretti. A identificação destes sesquiterpenos foi realizada por meio da comparação de seus espectros de massas com aqueles da biblioteca Wiley 7ª edição e também, pela comparação de seus índices de Kovats, com valores descritos na literatura. Este estudo revelou um predomínio de substâncias terpênicas, especialmente, sesquiterpenos tanto em T. silvatica quanto T. casaretti. xvi ABSTRACT This work presents the chemical study and evaluation of the insecticidal activity of extracts and essential oils from the leaves of Trichilia silvatica and Trichilia casaretti, both belonging to the family Meliaceae. To evaluate the insecticidal activity of these species the hexane and ethanol extracts of leaves and stem bark were tested in vitro on three species of insect pests considered agricultural or domestic: Plutella xylostella L. (Lepidoptera: Plutellidae), Blatella germanica L. (Dictyoptera: Blattellidae) e Diaphania hyalinata L. (Lepidoptera: Pyralidae). Though no significant activity has been observed for the extracts tested, has been performed the chemical study from them, since the chemical constitution of these species is practically unknown. Of the fractionation, by column chromatography on silica gel, of the ethanol extract from the leaves of T. silvatica, were isolated and identified the α-tocopherol (vitamin E), the sesquiterpenes spathulenol, veridiflorol, humulene oxide, (2S,3S,6R,7R)-humulene-2,3;6,7-diepoxide, (2R,3R,6R,7R)-humulene-2,3;6,7-diepoxide, mustakone, the steroid β-sitosterol and a mixture containing the triterpenes α-amyrin, βamyrin, pseudotaraxasterol and lupeol. Of the hexane extract from the leaves of T. casaretti were isolated the sesquiterpene aromadendrane-4β,10α-diol, the diterpene 8-epi-sclareol, and a mixture of the steroids β-sitosterol and stigmasterol. Structural formulas determination of the substances isolated was based on analysis of data obtained from 1H NMR and 13 C NMR spectra, including experiments as DEPT 90, DEPT 135, and mass spectrometry (MS). In the essential oils were identified sixteen sesquiterpenes of the leaves of T. silvatica and nine sesquiterpenes from the leaves of T. casaretti. The identification of these sesquiterpenes was performed by comparing their mass spectra with those from the Wiley 7th ed. library of GCMS and, by comparison of their Kovats index, with values reported in the literature. This study revealed a predominance of terpenoids substances, especially sesquiterpenes, in both Trichilia species studied. SEÇÃO I FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2 1. INTRODUÇÃO 1.1. Estudo Químico de Plantas O estudo químico de plantas tem despertado ao longo da história o interesse de farmacêuticos, químicos, médicos, agrônomos e mais recentemente de leigos, com vistas à descoberta ou à justificativa das atividades daquelas usadas como medicinais (MATOS, 1997). Todo esse interesse deve-se ao fato da grande diversidade de produtos naturais produzidos por espécies vegetais, os quais apresentam um imenso potencial e vários campos de aplicação. Segundo Cechinel (1997), outro aspecto a ser ressaltado é a quantidade de plantas existente no planeta, sendo que a maioria é desconhecida sob o ponto de vista científico, onde entre 250-500 mil espécies, somente cerca de 5% teriam sido estudadas fitoquimicamente até o ano de 1996, e uma porcentagem menor ainda teria sido avaliada sob os aspectos biológicos. Só para se ter uma idéia da importância dos produtos naturais, eles se encontram presentes em, aproximadamente, 60% dos compostos anticancerígenos e em 75% das drogas para tratamento de doenças infecciosas (NEWMAN et al., 2003; CRAGG et al., 2005 apud MCCHESNEY et al., 2007) Quando se trata da medicina, por exemplo, o conhecimento sobre plantas medicinais simboliza muitas vezes o único recurso terapêutico de muitas comunidades e grupos étnicos. O uso de plantas no tratamento e na cura de enfermidades é tão antigo quanto à espécie humana. Ainda hoje nas regiões mais pobres do país e até mesmo nas grandes cidades brasileiras, plantas medicinais são comercializadas em feiras livres, mercados populares e encontradas em quintais residenciais (MACIEL et al, 2002). A importância da utilização de plantas na área farmacêutica é tão grande que a implementação da Fitoterapia no sistema público de saúde vem sendo sugerida desde 1988, sendo uma das diretrizes da I Conferência Nacional de Assistência Farmacêutica, realizada em 2003 (VENDRUSCOLO et al, 2005). Já no campo agroquímico, os produtos naturais com atividade inseticida despertam especial atenção. Durante muitas décadas o Brasil teve sua economia baseada no setor primário de produção e, ainda hoje, ocupa uma posição de destaque no abastecimento mundial de cereais, frutas e outros produtos de origem vegetal sendo, portanto, o controle de pragas, nativas ou exóticas, um desafio que persiste e tem se agravado ano após ano. Antes do descobrimento do Brasil os insetos endêmicos desse território limitavam-se a alimentar-se de 3 plantas silvestres, situação que se modificou com o processo de colonização, quando parte dos insetos nativos passou a tirar alimento das novas plantas e como estas normalmente apresentavam-se concentradas, houve multiplicação rápida e desequilibrada de insetos. (VIEGAS, 2003). Segundo Pinto (2002), os estudos sobre Produtos Naturais ganharam evidência em 1976, quando se realizou na cidade do Vaticano, a semana de estudos “Produtos Naturais e a Proteção de Plantas”. As discussões travadas nessa reunião focalizaram o papel de determinados metabólitos secundários na defesa de plantas contra organismos predadores. Segundo ele, a importância desse tema pode ser avaliada pela destruição cada vez maior dos cultivares de cereais pelo ataque de pragas, que chega a causar a perda de 1/3 da produção mundial de cereais. Pinto (2002) diz ainda que esse problema vem sendo agravado pela prática cada vez mais freqüente de monoculturas e pela resistência dos predadores aos inseticidas sintéticos. Além disso, a descoberta dos efeitos indesejáveis aos ecossistemas dos inseticidas sintéticos, que tem no DDT seu principal vilão, deu um grande impulso na busca por inseticidas naturais. Para Mcchesney (2007) os estudos com produtos naturais sofreram um declínio nos últimos anos. Segundo ele isto ocorreu por conta de alguns problemas na prospecção de produtos naturais, tais como o grande período exigido para a comercialização de protótipos desses materiais. Por outro lado, o pesquisador aponta algumas características peculiares dos produtos naturais. Por exemplo, tem-se uma grande quantidade de organismos produtores de metabólitos secundários, o que ocasiona a existência de uma grande variedade dessas substâncias, bem como, propicia a existência de estruturas das mais variadas complexidades, algo que ainda tem a colaboração dos processos de interação entre os organismos produtores. O reino vegetal tem então contribuído de forma significativa para o fornecimento de metabólitos secundários, utilizados nas mais variadas aplicações, as quais vão desde fitoquímicos, modelos para o desenvolvimento de medicamentos sintéticos, agroquímicos, até insumos para a indústria de alimentos, entre outras aplicações (PINTO et al., 2002; NIERO et al., 2003 apud BUFFON, 2005). 4 2. REVISÃO DA LITERATURA 2.1. A Família Meliaceae O uso de plantas com atividades inseticidas não é tecnicamente recente, ocorrendo relatos dessa prática desde o século passado. No entanto, desde a década de 40, com o surgimento de inseticidas sintéticos, que se mostravam mais eficientes e baratos, houve uma descrença para com os inseticidas naturais. Contudo, com a necessidade de desenvolvimento de novos produtos que não causassem ou tornassem mínimos os impactos ambientais, os estudos e a posterior adoção dos produtos naturais se tornaram mais evidentes (CUNHA, 2004). Na linha de frente dos estudos com produtos naturais que apresentam atividades biológicas, tais como a atividade inseticida, vários relatos apontam para a família Meliaceae. A família Meliaceae se destaca como fonte de plantas inseticidas dentre as diversas famílias botânicas, tanto pelo número de espécies vegetais com atividade inseticida como pela eficiência de seus extratos. Nessa família, incluem-se Azadirachta indica A. Juss (comumente denominada nim ou nime) e Melia azedarach (conhecida popularmente por cinamomo, páraraios ou santa-bárbara), sendo a primeira espécie considerada, dentre as plantas inseticidas já estudadas, como a mais eficiente (SCHMUTTERER, 1988; KOUL et al., 1990; MORDUE & BLACKWELL, 1993; VENDRAMIM, 1997 apud ROEL et al., 2000). A família Meliaceae, pertencente à Ordem Rutales, compreende 51 gêneros de plantas lenhosas dos trópicos e sub-trópicos, economicamente, importantes como fonte de madeira (RODRIGUES et al., 2008). No Brasil são encontrados cerca de 6 gêneros e 100 espécies. A região amazônica é a mais rica em espécies, especialmente em grupos monotípicos. Na Mata Atlântica ocorrem quatro gêneros e 28 espécies, a maioria pertencente ao Trichilia, sendo oito delas endêmicas da Mata Atlântica. Os centros com maior endemismo localizam-se no sul da Bahia e Espírito Santo (Fig. 1), no Corredor Central da Mata Atlântica (PENNINGTON, 1981, In: http://www.icb.ufmg.br/bot/mataatlantica/familias/Meliaceae.htm, acesso em 10/07/08). 5 Figura 1. Distribuição geográfica das espécies da família Meliaceae. Disponível em: http://www.icb.ufmg.br/bot/mataatlantica/familias/Meliaceae.htm. Acesso em: 10/07/08. Na família Meliaceae, os limonóides são, provavelmente, os maiores representantes da classe dos terpenos com atividade inseticida. Eles são conhecidos como meliacinas, devido ao seu sabor amargo e suas principais fontes são espécies das famílias Meliaceae. São encontrados com freqüência também em espécies das famílias Rutaceae e Cneoraceae Os limonóides ou tetra-nor-triterpenos representam o nível máximo na seqüência de produção de terpenóides em plantas que normalmente não são atacadas por insetos (VIEGAS, 2003). Ainda segundo VIEGAS (2003), a azadiractina A (Fig 2), e um grupo de outros limonóides estão intimamente associados à ação supressora de apetite ou inibidora de crescimento em insetos de Azadirachta indica e têm sido extensamente estudados, com o objetivo de se 6 conhecer a química, biossíntese, toxicologia e o potencial inseticida deste grupo de compostos naturais. Figura 2. Estrutura da Azadiractina A, limonóide isolado da Azadirachta indica (Meliaceae). 2.2. O Gênero Trichilia O gênero Trichilia, pertencente a esta família, é constituído de aproximadamente 230 espécies, distribuídas principalmente na América Tropical. Em termos fitoquímicos, estudos mostram que o gênero Trichilia é rico em metabólitos oriundos da rota biogenética dos terpenos, tais como esteróides, triterpenos e os tetranortriterpenóides (limonóides) (RODRIGUES et al., 2008). . 2.2.1. Atividade Biológica das Espécies do Gênero Trichilia Na literatura são encontrados diversos relatos sobre atividade biológica de espécies do gênero Trichilia, a maioria relacionados à atividade inseticida. O Quadro 1 apresenta alguns desses estudos. 7 Quadro 1. Estudos da atividade inseticida de algumas espécies do gênero Trichilia Espécie(s) Trichilia sp T. pallida Swartz T. claussenii e T. catigua T. catigua, T. claussenii e T. elegans Partes da Planta / Substâncias Referência Folhas, caule, raiz e galhos (CAZAL et al., 2008) (Hidroxi-metoxicinamadeíldo). Óleo Essencial (α-Copaeno, β- (TISSOTL et al., 2008) Elemeno, (E)-Cariofileno, Viridifloreno, α-Selineno, βCadineno, Germacreno B) Frutos e inflorescências (PASQUALOTTO et al., (Catequina e Uridina) 2008) Ramos, folhas, sementes, arilo e (MATOS, 2006) exocarpo. T. pallida Swartz Folhas e ramos. T. pallida e T. rubra Flores, folhas e frutos (ROCHA, 2004) (cumarinas, alcalóides, esteróides, limonóides e flavonóides. Folhas e sementes (BOGORNI T. casaretti, T. catigua, T. clausseni, T. elegans, T. (CUNHA et al., 2005) & VENDRAMIM, 2003) pallens e T. pallida T. pallida Swartz Folhas e sementes (GONÇALVESGERVASIO, 2003) T. pallida Swartz Folhas, frutos e ramos (SOUZA & VENDRAMIM, 2001) T. pallida Swartz Folhas e ramos (ROEL et al., 2000) T. havanensis Jacq Frutos (LÓPEZ-OLGUÍN et al., 1998) 8 2.2.2. A Química do Gênero Trichilia As classes de metabólitos secundários isolados que mais se destacam no gênero Trichilia são os terpenos e os esteróides. O quadro 2 apresenta alguns metabólitos isolados em trabalhos com espécies desse gênero. Quadro 2. Substâncias isoladas de espécies do gênero Trichilia No Nome 1 2β,19-Hemicetal da 2α,3α-diidroxiandrostan-16-ona Estrutura Espécie O O O O Referência HO HO 2 2β,19-Hemicetal da 2α,3β-diidroxipregnan-16-ona PUPO et al., 1997. HO HO 3 2β,3β-Diidroxipregnan-16-ona O HO T. HO 4 5 6 7 (2R,3S,4S)-3Hidroxi-4-metil-2(13’-fenil-1’-ntridecil)butanolídeo (2R,3S,4S)-3Hidroxi-4-metil-2(11’-fenil-1’undecil)butanolídeo (2R,3S,4S)-3Hidroxi-4-metil-4metil-2-(1’-nhexadec-7’(Z)enil)butanolídeo (2R,3S,4S)-3Hidroxi-4-metil-2(1’-n-tetradecil)butanolídeo OH 11 clausseni i O O OH 9 O O OH 5 7 O O OH 12 O O PUPO et al., 1998. 9 OH 8 PUPO et al., 1996. 24-Metileno-26hidroxicicloartan3-ona O OH 9 14-Hidroxielemol OH OH 10 Germacra-10(14)eno-9,11,15-triol PUPO et al., 2002. OH OH OH 11 Germacra3,10(14)-dien-9,11diol-4-carbaldeído OH O 12 H Criptomeridiol OH OH OH 13 24-Metileno3β,4β,22α-triidroxicolesterol MATOS, 2006. HO OH 14 Campesterol HO 10 15 OH 13-Hidroxi-14nordeidrocalohastin a O OMe OAc 13-Acetoxi-1416 nordeidrocalohastin O a T. DOE et al., cuneata 2005. OMe O 17 Maturinona O O OAc O O O 18 Dregeana-3 OAc H O O T. OAc H MULHOLLAN D et al., 1980 apud MULHOLLAN D et al., 2000. dregeana OH OH 19 (-)-Epicatequina HO O NAIDOO, 1997 apud MULHOLLAN D et al., 2000. OH OH OH OH O 20 O Kihadanina A O O O O O O T. elegans ssp. elegans GARCEZ et al, 1997. 11 O O 21 OH Kihadanina B O O O O O O OH O 22 O Elegantina A AcO O O O O O CO2Me O O 23 OH Elegantina B AcO O O O O O CO2Me OH O 24 O 1,2-Diidro-1αacetoxielegantina A AcO O AcO O O O CO2Me O 12 O O 25 OH 1,2-Diidro-lαacetoxielegantina B AcO O AcO O O O O CO2Me O OAc O OH 26 KUBO et al., 1982 apud MULHOLLAN D et al., 2000. O H Sedanina AcO O OH AcO O O OH AcO 27 Trichilina A T. O O AcO emetica OH O O O O OH 28 Trichilina B AcO AcO O O O O OH NAKATANI et al., 1981apud MULHOLLAN D et al., 2000. 13 OH O 29 GUANATILAK A et al., 1998 apud MULHOLLAN D et al., 2000. O O O HO Nymania 1 AcO O HO OH O CO2Me OAc 30 O 7α-23-diidroxi-3oxo-24,25,26,27tetranorapotirucal1,14,20(22)-trien21,23-olino O O T. OAc estipulata O 31 CORTEZ et al., 1998. Escopoletina HO O O H3CO 32 Isofraxidina H3CO O OCH3 OHO O O O HO 33 Trichavensina T. AcO havanens OH OAc O O is CO2Me HAHN et al., 1996. O O 34 3Hidroxipregnano2,16-diona O O T. hirta HO 35 2-Hidroxiandrosta1,4-dieno-3,16diona HO O O CHAURET et al., 1996. 14 O 36 6-Hidroxi-11βacetoxi-12α-(2metilpropanoiloxi)-3,7-dioxo14β,15β-epoxi-1,5meliacadien-29oato de metila H3C(H3C)HC O O AcO O O H3CO2C O OH O 37 6,11β-Hidroxi-12α(2-metilpropanoiloxi)-3,7dioxo-14β, 15βepoxi-1,5-meliacadien-29-oato de metila H3C(H3C)HC O O HO O O H3CO2C O OH T. pallida O 38 6-Hidroxi-11βacetoxi-12α-(2metilbutanoiloxi)3,7-dioxo-14β,15βepoxi-1,5meliacadien-29oato de metila H3C(H3C)HC O AcO O O H3CO2C O T. pallida OH O H3CH2C O O AcO 39 Hirtina O O H3CO2C O OH O H3CH2C O O HO 40 SIMMONDS et al., 2001. Deacetilirtina O O H3CO2C O OH SIMMONDS et al., 2001. 15 41 24-Metileno cicloarta-3β-ol HO OH 42 Cicloarta-23-eno3β,25-diol. HO CUNHA, 2004. 43 24-Metilenocolesterol HO O 44 O Gedunina O O OAc O 16 O OH O 45 O O T. Prieurianosideo prieurian a OLUGBADE et al., 2000. O OH O O OH OH OH O O 46 Prieurianina O O BEVAN et al., 1965; GULLO et al., 1975 apud MULHOLLAN D et al., 2000. HO AcO OH O O O AcOH2C 47 CO2Me Ácido (1R,3E,7Z,11S,12S) -dolabella-3,7,18trien-17- óico T. trifolia RAMÍREZ et al., 2000. COOH OH H O 48 Cinchonaína Ia Cinchonaína Ib OH OH O OH PIZZOLATTI et al., 2002. O OH OH OH T. OH catigua OH 49 Cinchonaína Ic (9R) Cinchonaína Id HO HO O OH HO OH O (9S) O TANG, et al., 2007. 17 OH HO H 50 CO2Me OH OH Catiguanina A Catiguanina B O O OH OH T. OH catigua OH OH 51 (-)-Catequina HO O OH HH H OH H PASQUALOTT O, 2008 O N 52 H Uridina HO O N O OHOH O HO 53 7-Hidroxi-1-oxonorcalameneno 54 Espatulenol MATOS, 2006. OH O O O 55 HO Desacetilirtina O O H3CO2CH2C O OH 18 O 56 O Angolensato de metila O O O CO2Me O 57 Cedrelona O O OH OH 58 O 12-Oxo-24metilenocicloartan-3β-22diol T. casaretti AQUINO, 2008. HO OH 59 Piscidinol OH OH T. O quadrijug O 60 OH Diidronilocitina HO a RODRIGUES, 2008. 19 O 61 OH Nilocitina O 62 O 3-Hidroxi-4metoxicinamaldeído HO HO O 63 4-Hidroxi-3,5dimetoxibenzaldeíd o MeO Trichilia sp HO CAZAL, 2008. OMe O 64 4-Hidroxi-3,5dimetoxicinamaldeído MeO HO OMe 65 β-Sitosterol HO 66 T. Estigmasterol ramalhoi HO 67 Lupeol HO GOMES, 2008. 20 O 68 Ácido 5-OCafeoilmetoxiquíni co OH O MeOCO OH OH HOOC OH OH OH OH O 69 Apocinina C OH O O OH OH OH OH OH O 70 Cinchonaínas OH O O OH OH OH 21 2.2.3. Descrição Botânica das T. casaretti e T. silvatica 2.2.3.1. Trichilia casaretti A T. casaretti (Fig. 3) apresentou-se como árvores que medem de 5 a 8 m. Possuem folhas medindo de 7 a 15,5 cm. Floresce de dezembro a fevereiro e frutos maduros dessa espécie já foram coletados entre os meses de abril e setembro. No Brasil ela apresenta diversos nomes vulgares, a depender do estado: Murta-vermelha e Baga-de-morcego (Santa Catarina), Orvalho (Minas Gerais), Catiguá-branco (Rio Grande do Sul), e catiguá (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul). (KLEIN, 1984 apud PATRICIO et al, 2005). Figura 3. Trichilia casaretti. A, hábito. B, inflorescência. C, flor sem corola, mostrando o tubo estaminal. D, flor em corte longitudinal, mostrando androceu e gineceu. E, pétala. F, gineceu. G, tubo estaminal aberto – face ventral. H, fruto. I, semente. Fonte: PATRICIO & CERVI, 2005. 22 2.2.3.2. Trichilia silvatica O nome Trichilia silvatica vem do latim silvatica e significa “que vive na floresta”. (KLEIN, 1984, apud PATRICIO et al, 2005). Essa espécie (Fig. 4) apresentou-se como árvores que medem entre e 5 e 10 metros de altura, com folhas medindo entre 8 e 24 centímetros de comprimento. Floresce de agosto a outubro e os frutos maduros surgem a partir de novembro. No Brasil ela ocorre nos estados da Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Paraná, denominada por alguns nomes vulgares tais como: Catiguá, Catiguá-branco e Cutiavermelha (Santa Catarina) e Rosa-branca (Bahia). (PENNINGTON et al, 1981 apud PATRICIO et al, 2005). Figura 4. Trichilia silvatica. A, hábito. B, flor estaminada. C, flor em corte longitudinal, mostrando androceu e gineceu. D, tubo estaminal aberto – face dorsal. E, pétala. F, flor pistilada. G, gineceu. H, tubo estaminal aberto — face dorsal. I, fruto. Fonte: PATRICIO & CERVI, 2005. 23 3. OBJETIVOS 3.1. Objetivo Geral Realizar um estudo químico de espécies do gênero Trichilia visando obtenção de substâncias com atividade inseticida. 3.2. Objetivos Específicos 1) Avaliar uma possível atividade inseticida dos extratos de folhas e cascas do caule T. casaretti e T. silvatica; 2) Analisar uma análise preliminar, por RMN de 1H, dos extratos das folhas e cascas do caule de T. casaretti e T. silvatica de espécies coletadas em diferentes períodos; 3) Isolar e identificar metabólitos secundários dos extratos de T. casaretti e T. silvatica. SEÇÃO II PARTE EXPERIMENTAL 25 4. MATERIAIS E MÉTODOS 4.1. Materiais 4.1.1. Materiais e reagentes utilizados As folhas e casca do caule foram moídas num liquidificador industrial Siemsen. As fases estacionárias utilizadas na cromatografia em coluna foram sílica 60 (0,0630,200 mm) da Merck, Sephadex LH-20 da Pharmacia para permeação e sílica flash com diâmetro de partícula entre 0,040-0,063 mm da Merck. Nas placas de CCD foram utilizadas sílica gel GF254 da Merck e sílica gel PF254 da Vetec, cuja suspensão era espalhada com espessura de 0,5 mm sobre placas de vidro que foram ativadas em estufa a 100oC. As cromatoplacas foram reveladas por irradiação com lâmpada ultravioleta nos comprimentos de onda 254 e 365 nm ou com os reveladores químicos: ácido fosfomobilídico e vapores de iodo. Os solventes e reagentes utilizados foram grau PA das marcas Quimex, Vetec e Synth e FMaia. A eliminação do solvente foi realizada utilizando evaporador rotativo da marca Fisatom. 4.1.2 Preparo de Reagente Ácido fosfomobilídico: 4 g do ácido foram dissolvidos em 100 mL de etanol. 4.1.3 Condições utilizadas nas análises cromatográficas e espectrométricas 4.1.3.1 Análise por CG-EM dos sesqui- e diterpenos As análises foram realizadas em um Cromatógrafo a Gás equipado com um detector de massas Shimadzu QP5050. A coluna utilizada foi ELITE-5 de 30 m x 0,25 mm (di). 26 4.1.3.1.1. Análise dos óleos essenciais e dos sesquiterpenos isolados Para análise dos óleos essenciais e alguns sesquiterpenos isolados das folhas da T. silvatica e da T. casaretti as condições foram as seguintes: fluxo do gás de arraste (H2) foi 1,8 ml/min; temperaturas: do injetor, 220 ºC, da interface, 240 ºC e da coluna, 40º C isotérmica durante 2 min, a partir daí programada na razão de 3 ºC/min, até atingir a temperatura máxima de 240 ºC, permanecendo isotérmica por 30 min. 4.1.3.1.2. Análise das frações TsF1 e TsF3 Para as análises das demais amostras com constituintes voláteis utilizou-se outra programação para o equipamento, sob as seguintes condições: fluxo do gás de arraste (H2) foi 1,8 ml/min; temperaturas: do injetor, 290 ºC, do detector, 290 ºC e da coluna, 100º C isotérmica durante 1 minuto, a partir daí programada na razão de 5 ºC/min, até atingir a temperatura máxima de 285 ºC, permanecendo isotérmica por 52 min. 4.1.3.1.3. Cálculo dos índices de retenção (IK). Os índices de retenção (IK) foram calculados com base no Algoritmo de Kovats (Eq. 1), utilizando a série homóloga de hidrocarbonetos lineares de C9H20 (nonano) a C26H54 como padrões. IK = 100 (NC) + 100.[(log t’Rx) - (log t’Rz)] / [(log t’Rz+1) – log t’Rz)] Onde: IK – índice de retenção; NC – número de carbonos do hidrocarboneto que elui antes da substância analisada; t'Rx – tempo de retenção da substância analisada; t’Rz – tempo de retenção do hidrocarboneto que elui antes da substância analisada; t’Rz+1 – tempo de retenção da substância que elui depois da substância analisada. Equação 1. Algoritmo de Kóvats. 27 4.1.3.2 Condições para análise por RMN de 1H e de 13C Os espectros de Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio (RMN de 1H) a 300 MHz e Ressonância Magnética Nuclear de Carbono 13 (RMN de 13 C) a 75,5 MHz, unidimensionais (1D) e bidimensionais (2D), foram registrados em espectrômetros Varian, modelo GEMINI 2000 ou Mercury-300. Utilizou-se CDCl3 e CD3OD como solventes, e como referência interna para estes o TMS. Os espectros foram obtidos no Instituto de Química da UFBA e no Departamento de Química da UFV. 4.2 Coleta das espécies As folhas e casca do caule de espécimes de Trichilia silvatica e Trichilia casaretti foram coletadas na fazenda Brejo Novo (S 13º56’41” / O 40º06’33,9”; 617 m a 750 m), numa Floresta estacional (Mata de Cipó), zona de transição, localizada no município de Jequié-BA, nos meses de outubro de 2006 (1ª coleta) e janeiro de 2007 (2ª coleta). As Figuras 5 e 6 apresentam fotos das exsicatas depositadas no Herbário da UESB. 28 Figura 5. Foto da exsicata de Trichilia casaretti. 29 Figura 6. Foto da exsicata de Trichilia silvatica. 30 4.3 Preparo dos Extratos Vegetais O material vegetal (folhas e casca do caule) foi seco em estufa com circulação de ar, o a 40 C, e pulverizado. Em seguida, esse material foi submetido à maceração com hexano, à temperatura ambiente, durante um período de 48 h. Esse procedimento foi repetido por três vezes consecutivas. O filtrado obtido foi reunido e concentrado sob pressão reduzida, originando os respectivos extratos hexânicos. O material vegetal retido após a última filtração foi submetido à nova maceração, desta vez com etanol, durante um período de 48 h. Esse procedimento também foi repetido por três vezes. O filtrado obtido foi reunido e concentrado sob pressão reduzida, originando os respectivos os extratos etanólicos. O procedimento geral para preparo dos extratos é apresentado de forma resumida na Figura 7. Torta Torta Figura 7. Procedimento geral para preparo dos extratos. A partir do procedimento descrito anteriormente foram obtidos os extratos analisados nesse trabalho, e massa de cada um deles é apresentada na Tabela 1. 31 Tabela 1. Massas (g, peso seco) dos materiais vegetais coletados. T. silvatica MATERIAL T. casaretti Massa (g) 1a COLETA 2a COLETA 1a COLETA 2a COLETA Folhas 1526,04 651,77 448,43 321,20 Cascas do Caule 1241,50 552,69 114,10 228,20 Tabela 2. Massas dos extratos obtidos a partir do material vegetal coletado. EXTRATO CÓDIGO MASSA (g) 1ª COLETA 2ª COLETA Hexânico das Folhas da T. silvatica HFTs 18,00 7,18 Etanólico das Folhas da T. silvatica EFTs 24,75 13,42 Hexânico da Casca do caule da T. silvatica HcCTs 2,52 2,48 Etanólico da Casca do caule da T. silvatica ECcTs 82,22 57,02 Hexânico das Folhas da T. casaretti HFTc 11,24 10,30 Etanólico das Folhas da T. casaretti EFTc 21,38 21,09 Hexânico da Casca do caule da T. casaretti HCcTc 1,30 6,60 Etanólico da Casca do caule da T. casaretti ECcTc 5,26 11,70 Todos os extratos obtidos foram submetidos a análises preliminares por CCD e RMN de 1H. Como não se observou diferenças significativas entre extratos similares, de material coletado em diferentes períodos, esses foram reunidos para posterior fracionamento. 4.4 Fracionamento do extrato etanólico das folhas da Trichilia silvatica (EFTs) Com base nas análises dos espectros de RMN de 1H e no perfil cromatográfico em CCD, o extrato EFTs (38,17 g) foi escolhido para fracionamento inicial. Esse extrato foi então submetido à CC filtrante, empregando-se sílica gel 60 como suporte e utilizando-se como fase móvel inicialmente o solvente hexano e, gradativamente, aumentou-se a polaridade, utilizando-se desde misturas de HEX:AE até acetato de etila e MeOH puros. Desta coluna 32 foram recolhidas 44 frações de 500 mL, as quais, após análises em CCD, utilizando vapor de iodo e luz UV (λ=254 nm) como reveladores, foram reunidas em 11 grupos (Fig. 8). Figura 8. Fluxograma obtido a partir do fracionamento da fração EFTs. A sub-fração EFTs3 (2,223 g) foi fracionada com CC empregando-se sílica gel 60 como suporte e utilizando-se como hexano como fase móvel inicial e, posteriormente, misturas de HEX:AE com polaridades crescentes. Dessa coluna forma recolhidas 130 frações, as quais, após análises em CCD, utilizando ácido fosfomolibídico e luz UV (λ=254 nm) como reveladores, foram reunidas 13 grupos. Nesse fracionamento foi obtido um sólido alaranjado, EFTs 3.7 (TsF1), o qual foi submetido à análise por CG-EM. A sub-fração EFTs3.6 foi fracionada, aplicando-se sílica gel 60 como suporte e Hexano puro como solvente inicial. Em seguida foram introduzidas misturas de Hex/Acet em polaridades crescentes e finalizou-se a coluna com MeOH. Desse fracionamento foram obtidas 150 frações, as quais após análises em CCD e UV foram reunidas em 13 grupos (Fig. 9). O grupo EFTs 3.6.7 foi submetido a novo fracionamento, novamente utilizando sílica gel 60 como suporte e Hexano como fase móvel inicial. Do fracionamento do grupo EFTs 3.6.7, 33 foram obtidas 72 frações, as quais foram analisadas por CCD e UV, e agrupadas em 10 frações, dentre as quais a fração EFTs 3.6.7.2 (TsF3), uma substância oleosa de coloração alaranjada, a qual foi submetida a análise por CG-EM pra posterior caracterização. Figura 9. Fluxograma obtido a partir do fracionamento da sub-fração EFTs3.6. Da fração EFTs3 procedeu-se também com o fracionamento da sub-fração EFTs 3.8. A mesma foi submetida ao processo de cromatografia em coluna, utilizando como suporte sílica gel 60 e Hexano como eluente inicial. A seguir foram aplicadas misturas de Hex/Acet com polaridades crescentes. Nesse procedimento obteve-se 133 frações, as quais, após análises em CCD utilizando ácido fosfomolíbdico como revelador e radiação UV, foram agrupadas em 14 grupos, como apresentado na Figura 10. A sub-fração EFTs 3.8.9 foi submetida a procedimento similar, obtendo-se agora 74 frações reunidas em 9 grupos. O grupo EFTs3.8.9.6 foi submetido a outra separação cromatográfica, em condições semelhantes às duas ocorridas anteriormente, originando 38 frações, agrupadas logo depois em 5 grupos, dentre eles o grupo EFTs3.8.9.6.3 (TsF2), um óleo transparente que foi submetido a análise por CG-EM. 34 Figura 10. Fluxograma obtido a partir do fracionamento da fração EFTs 3.8. As subfrações EFTs1 (461 mg) e EFTs2 (943 mg) foram reunidas para fracionamento em CC, empregando sílica gel 60 como suporte e utilizando-se hexano como fase móvel inicial e, posteriormente, misturas de HEX:AE em polaridades crescentes. Dessa coluna foram obtidas 83 frações, as quais, após análises em CCD, utilizando ácido fosfomolibídico e luz UV (λ=254 nm) como reveladores, foram reunidas em 9 grupos (Fig. 11). As subfrações EFTs2A.5 (36,8 mg) e EFTs2A.6 (913,9 mg) foram submetidas à CCDP em sílica gel PF254 (Fig. 11), utilizando como eluente misturas de HEX:AE (8:2), em ambos os casos. Desses fracionamentos foram obtidas as sub-frações TsF5 e TsF6, duas substâncias de aspecto oleosas, as quais foram submetidas a análises por RMN de 1H e identificação. 13 C para 35 Figura 11. Fluxograma obtido a partir do fracionamento das frações EFTs5 e EFTs6. A sub-fração EFTs5 (3,116 g) foi submetida a fracionamento em CC, empregando-se sílica gel 60 como suporte e hexano como solvente inicial. Posteriormente, utilizou-se como eluente misturas de HEX:AE com polaridades crescentes. Dessa coluna foram obtidas 138 frações, as quais, após análises em CCD, utilizando ácido fosfomolibídico e luz UV (λ=254 nm) como reveladores, foram reunidas em 8 grupos (Fig. 12). A sub-fração EFTs5.6 (474,2 mg) foi submetida a fracionamento em CC, empregando-se sílica gel 60 como suporte e como solvente inicial hexano e, posteriormente, misturas de HEX:AE com polaridades crescentes. Foram obtidas 106 frações dessa coluna, as quais, após análises em CCD, utilizando ácido fosfomolibídico e luz UV (λ=254 nm) como reveladores, foram reunidas em 13 grupos. A sub-fração EFTs5.6.6 (207,7 mg) foi submetida a fracionamento em CC, empregando-se sílica gel 60 como suporte e como solvente inicial hexano e, posteriormente, misturas de HEX:AE com polaridades crescentes. Foram obtidas 79 frações dessa coluna, as quais, após análises em CCD, utilizando ácido fosfomolibídico e luz UV (λ=254 nm) como reveladores, foram reunidas em 9 grupos. A fração EFTs 5.6.6.3 apresentou-se como um sólido branco, o qual foi denominado TsF4, e submetido a análises por RMN de 1H e 13C para identificação. 36 Figura 12. Fluxograma de frações obtidas a partir do fracionamento de EFTs5. Do extrato etanólico das folhas da T. silvatica fracionou-se também o grupo EFTs 4, obtido do fracionamento inicial. Para tanto, aplicou-se a técnica de CC, empregando sílica gel 60 como suporte e Hexano como solvente inicial. Em seguida, foram introduzidas misturas de Hex/Acet em polaridades crescentes. Assim foram obtidas 74 frações, analisadas por CCD, utilizando radiação UV e ácido fosfomolíbdico como reveladores, as mesmas foram reunidas em 8 grupos. A sub-fração EFTs4.4 passou por novo fracionamento, em condições semelhantes ao procedimento anterior, apenas substituindo o hexano puro por uma mistura de Hex/Acet como solvente inicial, e aumentando gradativamente a polaridade do eluente. Desse modo obteve-se 35 frações, reunidas em 6 grupos após análises em CCD. Por fim, procedeuse com o fracionamento da sub-fração EFTs4.4.4, empregando novo procedimento de CC, idêntico ao procedimento adotado para a sub-fração EFTs4.4. Deste foram obtidas 21 frações, as quais foram analisadas e reunidas em 5 grupos, incluindo o grupo EFTs 4.4.4.2 (TsF7)(Fig. 13). 37 Figura 13. Fluxograma das frações obtidas a partir do fracionamento de EFTs4. 4.5 Fracionamento do extrato hexânico das folhas da Trichilia casaretti (HFTc) Com base no perfil cromatográfico apresentado em CCD, além das análises de RMN de 1H, o HFTc (21,54 g) foi o segundo escolhido para o fracionamento. Esse extrato foi então submetido a fracionamento cromatográfico em CC, utilizando-se sílica gel 60 como suporte e como solvente inicial hexano e, posteriormente, misturas de HEX:AE com polaridades crescentes. Dessa coluna foram obtidas 91 frações, as quais, após análises em CCD, utilizando ácido fosfomolibídico e luz UV (λ=254 nm) como reveladores, foram reunidas 8 grupos (Fig. 14). A sub-fração HFTc5 (1,0605 g) foi submetida a fracionamento em CC, utilizando-se sílica gel 60 como suporte e uma mistura de HEX:AE (9:1) como solvente inicial. Posteriormente, foram utilizadas misturas de HEX:AE com polaridades crescentes. Dessa 38 coluna obteve-se 67 frações, as quais foram reunidas em 10 grupos (Fig. 14), após análises em CCD, utilizando ácido fosfomolibídico e luz UV (λ=254 nm) como reveladores. A sub-fração HFTc5.4 (535,6 mg) foi fracionada em CC, fazendo uso de sílica gel 60 como fase estacionária e uma mistura de HEX:AE como solvente inicial. Misturas de HEX:AE com polaridades crescentes foram utilizadas em seguida. Obteve-se 78 frações dessa coluna, as quais foram reunidas em 9 grupos, após análises em CCD utilizando ácido fosfomolibídico e luz UV (λ=254 nm) como reveladores. A sub-fração HFTc5.4.4 (TcF1) foi submetida a análises por RMN de 1H e 13C a fim de proceder com a identificação das mesmas. Figura 14. Fluxograma obtido a partir do fracionamento de HFTc. A sub-fração HFTc8 (1,8934 g) foi submetida a fracionamento em CC, fazendo uso de sílica gel 60 como suporte e uma mistura de HEX:AE (8:2) com solvente. Foram utilizadas posteriormente, outras misturas de HEX:AE com polaridades crescentes. Nesse primeiro momento, obteve-se 100 frações, reunidas a seguir em 12 grupos (Fig. 15), com base nas análises em CCD, utilizando ácido fosfomolibídico e luz UV (λ=254 nm) como reveladores. A sub-fração HFTc8.7 (123,3 mg) foi levada a fracionamento em CC, utilizando-se Sephadex LH-20 como suporte e MeOH como eluente. O fracionamento resultou na obtenção 39 de 13 frações, reunidas posteriormente em 2 grupos, depois das análises em CCD, com uso de ácido fosfomolibídico e luz UV (λ=254 nm) como reveladores. A sub-fração HFTc8.7.2 (107,2 mg) foi então conduzida a uma CCDP, suportada em sílica gel PF254 e tendo uma mistura de HEX:AE(4:6) como fase móvel. Desse fracionamento foi obtida a fração HFTc8.7.2.2 (TcF2), uma substância oleosa, ligeiramente esverdeada, a qual foi submetida a análises de RMN de 1H e 13C e CG-EM para identificação. Figura 15. Fluxograma obtido a partir do fracionamento da fração HFTc8. Do extrato hexânico das folhas da T. casaretti fracionou-se ainda a sub-fração HFTc6, através de procedimento cromatográfico em coluna, utilizando sílica gel 60 como suporte e misturas de Hex/Acet com polaridades para eluição. Obteve-se 78 frações, analisadas por CCD e reunidas em 9 grupos, conforme Figura 16. O grupo HFTc6.5 foi escolhido para novo fracionamento, o qual ocorreu de modo isocrático, empregando sephadex LH-20 e MeOH como eluente. Foram obtidas 26 frações, as quais após analisadas por CCD, foram agrupadas em 4 grupos. Por fim, o grupo HFTc6.5.3 passou por nova separação cromatográfica em coluna, empregando novamente Sephadex LH-20 como fase estacionária e MeOH como eluente. Obteve-se mais 20 frações, que foram reunidas em 03 grupos, após as análises em CCD, reveladas em radiação UV e ácido fosfomolíbdico. O óleo obtido na fração 40 HFTc6.5.3.3 (TcF3) foi levado a análises por CG-EM e RMN de 1H e 13C, para possibilitar a identificação do mesmo. Figura 16. Fluxograma obtido a partir do fracionamento da fração HFTc6. 41 4.6 Extração dos óleos essências Foram extraídos os óleos essências folhas da T. silvatica (OETs) e da T. casaretti (OETc), respectivamente. Para tanto, utilizou-se uma aparelhagem do tipo Clevenger (Fig. 17) e um procedimento de hidrodestilação. Nesse procedimento, cada amostra de 250 g de folhas foi colocada num balão volumétrico de 500 mL, onde se adicionou 350 mL de água. Após duas horas de destilação, ao hidrolato, recolhido num funil de separação, se adicionou Na2SO4 (anidro) e lavou-se com 20 mL de pentano por três vezes. O filtrado foi recolhido e enviado para análises por CG/EM. Figura 17. Aparelhagem do tipo Clevenger, utilizada na extração de óleos essenciais. 42 4.7 Ensaios biológicos para avaliar a atividade Inseticida dos Extratos das Folhas e da Casca do Caule de T.silvatica e T. casaretti Foram realizados ensaios biológicos para avaliar uma possível atividade inseticida dos extratos HFTs, EFTs, HFTc E EFTc sobre três espécies de insetos: Plutella xylostella L. (Lepidoptera: Plutellidae), Blatella germânica L. (Dictyoptera: Blattellidae) e Diaphania hyalinata L. (Lepidoptera: Pyralidae). Os extratos (50 mg) foram dissolvidos em 1 mL de etanol ou metanol, transferidos para frascos de vidro de 10 mL e o solvente evaporado à temperatura ambiente. Após completa evaporação do solvente, grupos de 10 insetos de cada espécie foram transferidos para os vidros contendo os respectivos extratos ou frações. Após a montagem dos experimentos, os frascos contendo as espécies foram supridos com alimentos apropriados para cada espécie. Em todos os tratamentos os frascos de vidros foram colocados em uma estufa incubadora, a 25±0.5 oC, 75±5% de umidade relativa, com um fotoperíodo de 12 h. A mortalidade dos insetos foi aferida 12 e 24 h após a montagem dos experimentos. Para cada experimento foi realizado um controle, utilizando-se apenas o solvente (etanol ou metanol). Todos os experimentos e respectivos controles foram conduzidos em triplicata. SEÇÃO III RESULTADOS E DISCUSSÃO 44 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO A partir do estudo químico de extrato etanólico das folhas da T. silvatica foi possível identificar os constituintes presentes em sete frações: α-tocoferol (vitamina E) em TsF1; espatulenol e veridiflorol em TsF2; espatulenol, óxido de humuleno e palmitato de etila em TsF3; β-sitosterol em TsF4; humuleno 2,3;6,7-diepóxido e mustacona em TsF5 e TsF6, respectivamente, e uma mistura de triterpenos em TsF7. Além disso, 16 sesquiterpenos foram identificados no óleo essencial das folhas. Já do extrato hexânico das folhas da T. casaretti, foi possível identificar os constituintes de três frações: uma mistura dos esteróides β-sitosterol e estigmasterol em TcF1; o sesquiterpeno aromadendrano-4β,10α-diol em TcF2 e o diterpeno 8-epi-esclareol em TcF3. Da análise do óleo essencial foram identificados oito sesquiterpenos. Estas substâncias foram identificadas pela análise dos dados espectrais de RMN de 1 H e 13C uni e bidimensionais e por CG-EM. 5.1. Ensaios biológicos para avaliar a atividade inseticida dos extratos Os extratos hexânicos e etanólicos das folhas e casca do caule de T. silvatica e T. casaretti foram avaliados quanto a suas atividades inseticida sobre os insetos Plutella xylostella, Blatella germanica e Diaphania hyalinata e os resultados são apresentados na Tabela 3. 45 Tabela 3. Resultados dos ensaios biológicos realizados com os extratos brutos de T. silvatica e T. casaretti Nº Extrato 1* 2 3 4 5 6 7** 8 9 10 11 12 13 14 ECcTc EFTc ECcTs HFTs HFTc HCcTc HCcTc-A HFTc-A EFTc-A ECcTc-A HCcTs-A HFTs-A EFTs-A ECcTs-A D. hyalinata 12 h 24 h 3,3 17,0 3,3 20,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 16,7 6,7 10,0 0,0 8,3 0,0 10,0 10,0 10,0 11,7 11,0 0,0 11,7 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 3,7 Mortalidade (%) B. germanica 12 h 24 h 3,3 3,3 0,0 3,7 3,0 3,0 5,6 8,9 0,0 0,0 0,0 3,3 4,1 36,1 0,0 3,7 0,0 15,7 0,0 11,1 13,7 17,4 0,0 3,7 7,4 11,1 7,7 19,6 P. xylostella 12 h 24 h 0,0 6,4 3,3 0,0 3,7 10,3 0,0 4,1 14,2 14,2 3,3 6,7 0,0 0,0 3,3 17,4 0,0 16,7 16,7 16,7 26,7 43,3 10,8 14,2 24,2 34,2 0,0 10,0 *(1–6) Extratos da primeira remessa de material coletado em outubro de 2006. ** (7–14) Extratos da segunda remessa de material coletado em janeiro de 2007. Apesar de vários estudos realizados sobre atividades inseticidas de espécies do gênero Trichilia (Quadro 1), as espécies estudadas nesse trabalho não apresentaram atividades significativas. Plutella xylostella foi o inseto, dentre aqueles utilizados nos ensaios biológicos, que apresentou maior sensibilidade aos extratos. De um modo geral, o extrato hexânico das cascas do caule de T. silvatica foi o que apresentou maior atividade (43,3% de mortalidade) dentre todos avaliados. No entanto, a toxicidade deste extrato, para os insetos testados, é considerada relativamente baixa. A baixa atividade inseticida apresentada pelos extratos de T. silvatica e T. casaretti pode indicar uma possível ausência de substâncias da classe dos limonóides nestas espécies, uma vez que, estes são os principais responsáveis pela atividade inseticida de plantas da família Meliaceae. 46 5.2. Constituintes químicos das folhas de T. silvatica 5.2.1. Constituintes isolados e/ou identificados do extrato etanólico 5.2.1.1. Constituintes identificados por CG-EM 5.2.1.1.1. TsF1: α-tocoferol (1) O HO (1) TsF1 foi obtido da fração EFTs3, constituída por um óleo alaranjado. Sua identificação foi realizada com base na análise por CG-EM. O cromatograma desta fração (Fig. 18) mostrou a presença de três principais picos, sendo o composto referente ao pico majoritário, denominado de TsF1, correspondendo a, aproximadamente, 65% da constituição total da fração. A comparação do espectro de massas de TsF1 (Fig. 19) com espectros da biblioteca Wiley 7th ed., indicou a possibilidade de este composto ser a vitamina E (αtocoferol). Para confirmação desta hipótese, uma amostra padrão foi analisada nas mesmas condições. A semelhança entre os tempos de retenção e os espectros de massas de TsF1 (Fig. 19) e do α-tocoferol (Fig. 20), possibilitou a confirmação TsF1. Figura 18. Cromatograma da fração TsF1: α-Tocoferol (1). 47 Figura 19. Espectro de massas (IE) de TsF1: α-Tocoferol (1). Figura 20. Espectro de massas (IE) de uma amostra padrão de α-Tocoferol. 48 O espectro de massas apresenta como fragmentos principais íons de m/z 165, 205 e 430. Poter e Baldas (apud SIQUEIRA et al., 2003) propõem uma rota de fragmentação para o acetato de tocoferila: o íon de m/z 430 formado (Esquema 1, p. 48) sofre um processo de fragmentação através de um rearranjo de hidrogênio (a) uma reação de retro Diels-Alder (b) no anel pirânico do tocoferol, para dar origem ao íon m/z 165, ou a perda da cadeia alquílica lateral para formar o fragmento m/z 205. O 3 HO C29H50O2 m/z 430 a b OH O HO HO C13H17O2 m/z 205 Esquema 1. Rota de fragmentação padrão proposta para os ésteres do α-tocoferol. Fonte: SIQUEIRA et al., 2003. 5.2.1.1.2. TsF2: Mistura de sesquiterpenos H HO OH H Espatulenol (2) Veridiflorol (3) A amostra TsF2, constituída por um óleo, foi analisada por CG-EM e o cromatograma obtido desta análise (Fig 21), revelou que esta era constituída por dois componentes majoritários TsF2A e TsF2B, correspondentes, aos picos 4 e 5, respectivamente. Além destes dois compostos, a presença de vários outros constituintes minoritários também foi observada. 49 Entretanto, por esta metodologia, só foi possível identificar os dois principais constituintes desta fração, TsF2A e TsF2B, correspondentes aos sesquiterpenos espatulenol (2) e veridiflorol (3), respectivamente, presentes em TsF2 na concentração relativa de aproximadamente 30% e 28%. A Tabela 4 mostra os índices de retenção (IK) calculados para os constituintes presentes nesta fração, bem como, comparação dos IK calculados com aqueles da literatura (ADAMS, 1995) para os compostos identificados. As figuras 22 e 23 apresentam os respectivos espectros de massas das substâncias identificadas nessa fração. Figura 21. Cromatograma da amostra TsF2. Tabela 4. Substâncias identificadas na fração TsF2 PICO IK cal IK Lit. Substância FM m/z (int. rel.) 1 1387 não identificado 2 1398 não identificado 3 1548 não identificado 4 1559 1576 Espatulenol C15H24O 43(100), 220(2). . 5 1573 1590 Veridiflorol C15H26O 43(100) 222(1) 6 1583 não identificado 7 1601 não identificado 8 1623 não identificado 50 Figura 22. Espectro de massas do Pico 4 de TsF2: Espatulenol (2). Figura 23. Espectro de massas do Pico 5 de TsF2: Veridiflorol (3). 5.2.1.1.3. TsF3: veridiflorol (3), óxido de humuleno (4) e palmitato de etila (5) O O O Óxido de humuleno (4) Palmitato de Etila (5) 51 A fração TsF6, constituída de um óleo de coloração amarela, também foi analisada por CG-EM. O cromatograma dessa fração (Fig 24) mostrou um total de 44 picos, revelando que a mesma era constituída por uma mistura complexa de substâncias. Apesar da diversidade de constituintes químicos presentes em TsF3, só possível identificar as substâncias correspondentes aos picos 7 (TsF3A), 10 (TsF3B) e 20 (TsF3C), cujos dados são apresentados na Tabela 5 e nas figuras 25, 26 e 27, respectivamente. Dos constituintes identificados, TsF3A, correspondente a 4,36%, TsF3B a 4,68% e TsF3C a 11,72% da fração TsF3. Apesar de serem observados 44 picos no cromatograma da Fig. 24, só foi possível calcular o IK para 27 destes, uma vez que o tempo de retenção dos demais estava acima do tempo de retenção do hidrocarboneto padrão de maior cadeia (C26H54), disponível para esta análise. Figura 24. Cromatograma da fração TsF3, obtido a partir da análise por CG-EM. Figura 25. Espectro de massas do Pico 7 de TsF3 – TsF3A: Óxido de Humuleno (4). 52 Figura 26. Espectro de massas do Pico 10 de TsF3 – TsF3B: Veridiflorol (3). Figura 27. Espectro de massas do Pico 20 de TsF3 – TsF3C: Palmitato de etila (5). 53 Tabela 5. Substâncias identificadas da fração TsF3 PICO IK cal IK Lit. 1 1550 não identificado 2 1564 não identificado 3 1569 não identificado 4 1574 não identificado 5 1579 não identificado 6 1586 não identificado 7 1589 8 1593 não identificado 9 1597 não identificado 10 1609 11 1612 não identificado 12 1617 não identificado 13 1620 não identificado 14 1628 não identificado 15 1636 não identificado 16 1653 não identificado 17 1675 não identificado 18 1818 não identificado 19 1898 não identificado 20 1963 21 2130 não identificado 22 2138 não identificado 23 2161 não identificado 24 2262 não identificado 25 2267 não identificado 26 2304 não identificado 27 2513 não identificado 1606 1590 1983 Substância Óxido de Humuleno Veridiflorol Palmitato de etila FM C15H24O C15H26O C18H36O2 m/z (int. rel.) 43(100) 220(1) 43(100) 204(14) 88(100), 284(6) 54 5.2.1.2. Constituintes identificados por RMN 5.2.1.2.1. TsF4: β-sitosterol (6) 28 26 11 27 19 H 1 15 H 3 HO H 6 (6) A fração TsF4 apresentou-se como um sólido cristalino esbranquiçado, em forma de agulhas. O espectro de RMN de 1H (Fig. 28) desta substância apresentou uma grande quantidade de sinais relativos a hidrogênios metílicos, metilênicos e metínicos, na região de δ 0,60–2,30, o que indicou a sua natureza alifática. Os sinais claramente observados neste espectro foram aqueles de H-6 (δ 5,36, d; J = 5,4 Hz, 1H), correspondente a um hidrogênio olefínico e de H-3 (δ 3,52, m), característico de hidrogênio geminal a um grupo hidroxila. No espectro de RMN de 13 C (Fig 29) os sinais em δ 140,7 (C-5) e δ 121,7 (C-6), característicos de ligação dupla de compostos com esqueleto do tipo colestaneno (ZANON et al, 2008) e em δ 71,8 (C-3) indicativo de carbono ligado a hidroxila, além dos sinais correspondentes a 26 carbonos, observados na região de δ 56,8 a 11,9, sugeriram se tratar de um esteróide. A comparação desses dados com aqueles descritos na literatura (Tabela 6), possibilitou a identificação de TsF4 como o β-sitosterol (6), um esteróide comumente encontrado em plantas. 55 Tabela 6. Dados de RMN de 13C, de TsF4 comparados com dados do β-sitosterol C 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 TsF4 δ ( CDCl3) 37,3 β-sitosterol1 δ (CDCl3) 37,3 β-sitosterol2 δ (CDCl3) 37,2 31,7 71,8 42,3 140,7 121,7 31,9 31,9 50,1 36,5 21,1 39,8 42,3 56,8 24,3 28,2 56,1 12,0 19,4 36,1 18,8 34,0 26,1 45,9 29,2 19,8 19,0 23,1 11,9 31,9 71,8 42,3 140,8 121,7 31,9 31,9 50,2 36,5 21,1 40,5 42,3 56,9 24,4 28,9 56,0 12,1 19,4 36,5 19,0 31,9 25,4 42,3 28,9 21,1 19,4 24,4 12,1 31,6 71,8 42,3 140,7 121,7 31,9 31,9 50,1 36,1 21,1 39,9 42,3 56,6 24,3 28,8 56,0 11,9 19,4 36,1 18,8 33,9 26,6 45,5 29,1 19,9 19,0 23,0 12,0 (1) – Fonte: BORGES, 2006 (2) – Fonte: KOJIMA et al., 1990. Figura 28. Espectro de RMN de 1H (CDCl3, 300 MHz) da fração TsF4: β-sitosterol (6) 56 Figura 29. Espectro de RMN de 13C (CDCl3, 75 MHz) da fração TsF4: β-sitosterol (6). 57 58 5.2.1.2.2. TsF5 - TsF5A: (2S,3S,6R,7R)-humuleno-2,3;6,7-diepóxido (7A) e TsF5B: (2R,3R,6R,7R)-humuleno-2,3;6,7-diepóxido (7B) 15 O O O 7 6 9 11 1 H H 2 14 H 12 3 O H O O 13 (7) (7A) (7B) O cromatograma obtido para a fração TsF5 na análise por CG-EM (Fig. 30), possibilitou observar a presença de dois constituintes principais nessa fração (TsF5A e TsF5B), representados pelos picos 2 (Tr=45,994 min) e 3 (Tr=46,403 min), os quais correspondem, respectivamente, a aproximadamente 66% e 22% do total de constituintes da fração. Figura 30. Cromatograma da fração TsF5 obtido na análise por CG-EM. Os espectros de massas de TsF5A e TsF5B (Fig. 31 e 32) foram praticamente idênticos e apresentaram o pico do íon molecular m/z = 236. A massa molecular 236 sugeriu a fórmula molecular C15H24O2, indicando a possibilidade de serem dois sesquiterpenos oxigenados. No entanto, apenas pela comparação destes espectros com aqueles da biblioteca (Wiley 7th Ed) do CG-EM, não foi possível propor uma fórmula estrutural para estes sesquiterpenos, uma vez que os espectros selecionados por similaridade, ainda eram bastante diferentes daqueles obtidos para os compostos presentes em TsF5, e nenhum deles foi compatível com MM=236. 59 Figura 31. Espectro de massas (IE) de TsF5A. Figura 32. Espectro de massas (IE) de TsF5B. No espectro de RMN de 1H (Fig 33), os principais sinais observados para o composto principal (TsF5A) foram um dupleto em δ 5,30 (J=15,6 Hz; H-5); um duplo duplo dupleto em δ 5,47 (J=15,6; 10,5 e 4,8 Hz; H-6), indicando a presença de dois hidrogênios olefínicos; e quatro simpletos em δ 1,31 (6H), δ 1,20 (3H) e δ 1,08 (3H), correspondentes a quatro metilas ligadas a carbonos não hidrogenados. O espectro de RMN de 13 C (Fig. 34) de TsF5 apresentou dois conjuntos de sinais correspondentes a 15 carbonos cada, confirmando se tratarem de dois sesquiterpenos, como já indicado na análise por CG-EM. Estes conjuntos de sinais foram diferenciados entre si pela intensidade dos sinais pertencentes a cada composto, compatível com a concentração relativa de TsF5A:TsF5B (3:1), indicada no cromatograma da Figura 30. A grande similaridade entre os valores de deslocamentos químicos observada tanto no espectro de RMN de 1H, quanto no espectro de RMN de 13C, associada à grande semelhança entre os espectros de massas destes (Fig. 31 e 32), indicaram a possibilidade de que TsF5A e TsF5B fossem estereoisômeros. Com base no espectro de DEPT foi possível verificar a presença de quatro carbonos metílicos: δ 16,7(C-12), δ 23,6(C-13), δ 30,9(C-14) e δ 16,7(C-15), quatro carbonos metilênicos: δ 38,5(C-1), δ 35,0(C-4), δ 25,4(C-5) e δ 43,5(C-8), quatro carbonos metínicos: δ 64,9(C-2), δ 60,5(C-6), δ 122,8(C-9) e δ 143,1(C-10), e três carbonos não hidrogenados. Esta informação possibilitou confirmar que todos os 24 hidrogênios, indicados pela fórmula C15H24O2, estavam ligados a carbonos. 60 Os sinais observados no espectro de RMN de 13 C de TsF5A, em δ 143,1(C-5) e δ 122,8(C-6) caracterizaram a presença de dois carbonos sp2. Já os sinais δ 64,9(CH-2), δ 63,6(C-1), δ 60,5(C-9) e δ 60,4(C-8), caracterizaram a presença de dois anéis oxiranos trissubstituídos. A presença de quatro metilas também foi facilmente evidenciada pelos sinais observados em δ 30,9(C-14), δ 23,6 (C-13) e 16,7 (C-12 e C-15), em conformidade com os dados obtidos no espectro de RMN de 1H (Fig 33). Na Tabela 5 também são apresentados os dados de RMN de 13 C para TsF5B (constituinte minoritário), entretanto, não foi possível tabular os dados de RMN de 1H, uma vez que a maioria dos sinais aparece sobrepostos com os sinais de TsF5A (composto majoritário). A partir dos dados obtidos nos espectros de massas, de RMN de 1H e RMN de 13C, foi proposta a estrutura do humuleno diepóxido para os compostos presentes em TsF5. Estes dados foram então comparados com os dados de vários isômeros do humuleno diepóxido existentes na literatura (HEYMANN et al, 1994; HAYANO et al, 1996), evidenciando que a fração TsF5 era constituída pelos estereoisômeros (2S,3S,6R,7R)-humuleno-2,3:6,7-diepóxido (7A) e (2R,3R,6R,7R)-humuleno-2,3:6,7-diepóxido (7B). A comparação dos dados de RMN de 13C, destes compostos com os dados de TsF5A e TsF5B é apresentada na Tabela 7. 61 Tabela 7. Dados de RMN de 13C de TsF5A e TsF5B comparados com dados da literatura dos estereoisômeros (2S,3S,6R,7R) e (2R,3R,6R,7R) do humuleno-2,3;6,7-diepóxido TsF5A (CDCl3)1 δH TsF5A (CDCl3) C TsF5A (CDCl3) δH δC δC δC δC 1 1,38 (m, 3H) 38,5 38,3 40,9 40,7 2 64,9 64,6 64,3 64,0 3 4 2,47 (d, J=9,3Hz; 1H) 1,08 (s, 1H) 63,6 35,0 63,3 34,8 63,2 34,7 63,0 34,5 5 1,38 (m, 3H) 25,4 25,2 27,0 26,8 6 2,72 (dd, J=12, 4,8 Hz; 1H) 1,64 (t, J=11,4 Hz; 1H) 5,47 (d, J=15,6; 10,5; 4,8 Hz; 1H) 1,38 (dd, J=14; 9,5 Hz; 1H) 2,48 (d, J=9,5Hz; 1H) 1,08 (td, J=13,5; 5 Hz; 1H) 1,38 (dddd, J13,5; 10; 4; 2,5 Hz; 1H) 2,73 (dd, J=10; 5 Hz; 1H) 1,65 (t, J=10,5 Hz; 1H) 5,49 (ddd, J=16; 10,5; 5 Hz; 1H) 5,31 (d, J=16 Hz; 1H) 1,31 (s, 3H) 1,20 (s, 3H) 1,08 (s, 3H) 1,31 (s, 3H) 60,5 60,3 60,9 60,6 60,4 43,5 60,1 43,3 63,2 42,5 63,0 42,3 122,8 122,6 124,0 123,8 143,1 142,8 142,6 142,4 35,9 16,7 23,6 30,9 16,7 35,6 16,4 23,3 30,7 16,4 37,0 19,2 23,7 30,3 16,6 36,8 19,0 23,5 30,0 16,3 7 8 9 10 11 12 13 14 15 5,30 (d, J=15,6 Hz; 1H) 1,29 (s, 3H) 1,18 (s, 3H) 1,07 (s, 3H) 1,29 (s, 3H) (*) (2S, 3S, 6R, 7R)-humuleno-2,3:6,7-diepoxido (**) (2R, 3R, 6R, 7R)-humuleno-2,3:6,7-diepóxido (1) Fonte: HEYMANN et al, 1994. (2) Fonte: HAYANO et al, 1996. 7A* (CDCl3)2 TsF5B (CDCl3) 7B** (CDCl3)2 Figura 33. Espectro de RMN de 1H (CDCl3, 300 MHz) da fração TsF5: Mistura de estereoisômeros do Humuleno diepóxido (7A) e (7B). 62 Figura 34. Espectro de RMN de 13C (CDCl3, 75 MHz) da fração TsF5: Mistura de estereoisômeros do Humuleno diepóxido (7A) e (7B). 63 64 5.2.1.2.3. TsF6: mustacona (8) 15 O H 3 2 10 4 7 14 H 11 12 13 (8) A fração TsF6 foi analisada por CG-EM e o cromatograma obtido (Fig. 35) indicou que esta era constituída por um composto majoritário, correspondente ao pico 4 (Tr = 44,255 min), com concentração relativa de aproximadamente 72%, o qual foi denominado de TsF6A. Para este composto foi calculado o índice de retenção (índice de Kovats, IK), de acordo com a fórmula do item 3.1.3.1.3, cujo valor obtido foi de 1695. Figura 35. Cromatograma da fração TsF6. O espectro de massas de TsF6A (Figura 36) apresentou o pico do íon molecular em m/z = 218. A comparação deste espectro com aqueles da biblioteca do equipamento (Wiley 7th ed.), mostrou uma similaridade de 82% com o espectro de massas de Vulgarona B (8A), um sesquiterpeno de fórmula molecular C15H22O (MM = 218). Entretanto, os dados de RMN obtidos na literatura (MEEPAGALA, 2003) para a vulgarona B não são compatíveis àqueles observados para a TsF6A. 65 Figura 36. Espectro de massa de TsF6A: mustacona (8). O Estrutura de vulgarona B (8A) No espectro de RMN de 1H de TsF6A (Fig. 37) observou-se a presença dos principais sinais em: δ 5,74 (sext ap., J = 1,5 Hz, 1H), indicativo de hidrogênio olefínico; em δ 2,68 (dd, J = 6,6 e 1,5 Hz, 1H) e δ 1,98 (dd, J = 6,6 e 1,5 Hz, 1H), característicos de hidrogênios cis localizados em vértices opostos de um anel ciclobutano, como já reportado na literatura (NYASSE, 1988); em δ 0,86 (d, J=6,6 Hz; 3H, H-13) e δ 0,85 (d, J=6,6 Hz; 3H, H12), indicando a presença de duas metilas de grupo isopropil; em δ 0,97 (s, 3H, H-15) uma metila ligada a um carbono não hidrogenado; e em δ 2,00 (d, J=1,5 Hz, 3H, H-14), uma metila ligada a carbono sp2, apresentando acoplamento alílico (4J) com um hidrogênio olefínico. No espectro de RMN de 13 C (Fig. 38) é possível observar 15 sinais, evidenciando a natureza sesquiterpênica para TsF6A. Os sinais de carbono em δ 204,4, correspondente a uma carbonila cetônica, em δ 121,6 e δ 170,3, característicos de carbonos sp2, aliados aos dados obtidos na análise por (CG- EM), confirmam a existência de uma carbonila α,β-insaturada em TsF6A. Outros sinais característicos, presentes no espectro de RMN de 13C, foram aqueles em 66 δ 19,8, δ 20,2, δ 20,5 e δ 23,9 associados às quatro metilas, como observado no espectro de RMN de 1H (Fig. 37). Com base nas informações obtidas do espectro de DEPT (Tabela 8), pode-se concluir que TsF6A era constituído por quatro carbonos metílicos, dois carbonos metilênicos, seis carbonos metínicos e três carbonos não hidrogenados. A partir de todas as análises já descritas foi possível propor o esqueleto apresentado a seguir para TsF6A. O H H Estrutura proposta para TsF6A. Foi então realizada uma pesquisa no SciFinder Scholar 2007, para verificar a existência de substâncias com a estrutura equivalente àquela proposta para TsF6A. Nesta pesquisa verificou-se a ocorrência de dois estereoisômeros, com a mesma estrutura proposta para TsF6A, sendo estes conhecidos como mustacona (8) e 4-oxoilangeno (8B). O O H H H H (8) (8B) 67 Por meio da comparação dos dados de RMN de 1H e 13 C de TsF6A com aqueles relatados na literatura para os estereoisômeros 4-oxoilangeno (DUH et al, 2004) e mustacona (NYASSE et al, 1988), foi possível concluir que TsF6A se trata da mustacona (8). Além disso, o índice de Kovats calculado (IKcal = 1695) para TsF6A apresentou-se de acordo com aquele descrito na literatura (ZOGHBI et al, 2006) para a mustacona (IKlit = 1676). A comparação dos dados de RMN entre os compostos acima mencionados é apresentada na Tabela 7. Tabela 8. Dados de RMN de 1H e de 13 C(CDCl3) de TsF6A comparados com valores da literatura para mustacona (8) e oxo-ylangeno (8B) C/H 1 2 3 4 5 6 7 8ax 8eq 9ax 9eq 10 11 12 13 14 15 TsF6A δH (J/Hz) 2,68 (dd, J=6,6 e 1,5; 1H) 5,74 (sext ap., J=1,5; 1H) 1,98 (dd, J=6,6 e 1,5; 1H) 2,67 (s, 1H) 1,73 (m, 1H) 1,52 (m, 1H) 1,73 (m, 1H) 1,85 (m, 1H) 1,73 (m, 1H) 1,52 (dd, J=6,9; 6,9, 1H) 0,86 (d, J=6,6; 3H) 0,85 (d, J=6,6; 3H) 2,00 (d, J=1,5; 3H) 0,97 (s, 3H) mustacona1 δH (J/Hz) δC 2,65 (dd, J=6,7 e 1,3; 1H) 56,6 2,27 (d, J=6,6; 1H) 64,3 204,4 121,6 5,71 (ddq, J=0,9; 1,3 e 1,4; 1H) 170,3 56,2 1,96 (d, J=6,7 e 0,9; 1H) 203,5 121,4 5,80 (sl, 1H) 203,3 122,3 169,5 55,9 2,47 (d, J=6,6; 1H) 169,6 46,7 54,7 45,6 22,2 54,6 45,4 21,9 2,66 (s, 1H) 1,69 (m, 1H) 1,84 (m, 1H) 56,4 44,9 22,1 36,7 57,6 32,0 2,64 (s, 1H) 1,7 (m, 1H) 1,50 (ddd, J=2,8; 10,5 e 10,5; 1H) 1,7 (m, 1H) 1,85 (m, 1H) 1,7 (m, 1H) 1,49 (dd, J=6,5 e 6,5; 1H) 57,0 31,7 1,88 (m, 1H) 1,66 (m, 1H) 19,8 20,2 20,5 23,9 0,83 (d, J=6,5; 3H) 0,81 (d, J=6,5; 3H) 1,98 (d, J=1,4; 3H) 0,94 (s, 3H) 19,4 19,9 20,2 23,5 0,89 (d, J=6,6; 3H) 0,85 (d, J=6,6; 3H) 2,02 (sl, 3H) 0,97 (s, 3H) δC 56,8 36,9 (1) – Fonte: NYASSE et al, 1988. (2) – Fonte: DUH et al, 2004. oxo-ylangeno2 δH (J/Hz) δC 36,7 56,9 32,0 19,5 19,7 24,0 20,4 Figura 37. Espectro de RMN de 1H (CDCl3, 300 MHz) da fração TsF6: Mustacona (8). 68 Figura 38. Espectro de RMN de 13C (CDCl3, 75 MHz) da fração TsF6: Mustacona (8). 69 70 5.2.1.2.4. TsF7: Mistura contendo α-Amirina (9), β-amirina (10), pseudotaraxasterol (11) e lupeol (12) 29 30 R2 R1 29 21 21 28 11 25 25 5 27 H 6 HO 5 24 (9): R1= Me e R2=H; H 23 H 15 H 3 H 23 26 15 6 HO 22 11 26 H 3 28 22 27 H HO H 24 (11) (12) (10): R1=H e R2=Me. O espectro de RMN de 1H (Fig. 39) da fração TsF7 apresentou uma grande quantidade de sinais entre δ 0,76 e δ 1,07, referentes a grupos metílicos e um multipleto em δ 3,21 junto ao tripleto em δ 3,63 (J=6,6 Hz), característicos de hidrogênios oximetínicos. Também foram observados vários sinais de hidrogênios olefínicos, aparecendo em δ 4,56 (m), δ 4,68 (m), δ 4,84 (dd, J=10,8 e 1,5 Hz), δ 4,91 (dd, J=17,1 e 1,5 Hz), δ 5,12 (t, J= 3,6 Hz), δ 5,18 (t, J= 3,6 Hz), δ 5,59 (m) e δ 5,81 (dd, J=10,2 e 6,9 Hz), apontando para uma mistura de triterpenos. A grande quantidade de sinais presentes no espectro de RMN de 13 C (Fig. 40) também sinalizou para uma mistura de triterpenos na fração TsF7. Desses sinais, pôde-se identificar vários, entre δ 35,0-14,0, referentes a grupos metílicos e metilênico, como já observado no espectro de RMN de 1H. Os sinais em aproximadamente δ 79,3 (79,28, 79,25 e 79,23) caracterizaram uma mistura de triterpenos contendo 3β-OH. A presença de pelo menos quatro constituintes nesta fração foi evidenciada pela observação de oito sinais de carbono numa região do espectro característica de carbonos de dupla ligação (δ 108,9 a δ 151,2). Com base nos sinais dos carbonos olefínicos e na comparação com dados da literatura (OLEA & ROQUE, 1990), foi possível associar cada constituinte da fração TsF7 a um esqueleto específico, do seguinte modo: os sinais em δ 151,2 e δ 109,6 são característicos de esqueleto do tipo lupeno; os pares δ 139,8 e δ 118,9; δ 139,8 e δ 124,6 são característicos de esqueleto urseno; e os sinais δ 145,4 e δ 121,9 caracterizam o esqueleto Oleaneno. A partir das análises dos espectros de RMN de 1H e 13 C, da caracterização dos respectivos esqueletos associados aos pares de carbonos olefínicos, e da comparação com dados da literatura (Tabela 9), foi possível identificar quatro dos constituintes da fração TsF4 71 como uma mistura dos triterpenos pentacíclicos lupeol, pseudotaraxasterol, α-amirina e βamirina. Tabela 9. Dados de RMN de 13 C (75 MHz, CDCl3) da fração TsF7 comparados com dados dos triterpenos lupeol, pseudotaraxasterol, α-amirina e β-amirina PseudoTsF1C 1 taraxasterol C δ (CDCl3) 1 38,8 38,7 38,8 38,8 38,8 2 27,5 27,4 27,5 27,4 27,2 3 79,3 78,9 79,3 79,0 79,3 4 39,0 38,8 39,0 38,9 38,8 5 55,4 55,3 55,5 55,3 55,4 6 18,6 18,3 18,2 18,3 18,2 7 34,5 34,2 34,5 34,3 32,9 8 41,0 40,8 41,0 41,1 40,0 9 50,6 50,4 50,6 50,4 47,8 10 37,1 37,1 37,1 37,1 37,1 11 21,1 20,9 21,7 21,6 23,7 12 25,3 25,1 27,6 27,6 124,6 13 38,3 38,0 39,1 39,2 139,8 14 43,2 42,8 42,3 42,3 41,9 15 27,6 27,4 27,2 27,0 28,6 16 35,8 35,5 36,6 36,7 26,8 17 43,0 43,0 34,5 34,4 33,6 18 48,2 48,2 48,5 48,7 59,3 19 47,9 47,9 36,2 36,3 39,9 20 151,2 150,9 139,8 139,8 39,8 21 29,8 29,8 118,9 118,9 31,3 22 40,0 40,0 42,3 42,2 41,8 23 28,2 28,0 28,2 28,0 28,2 24 15,6 15,4 15,6 15,4 15,6 25 16,2 16,1 16,4 16,3 15,7 26 15,9 15,9 16,2 16,1 16,9 27 14,8 14,5 14,8 14,8 23,5 28 18,2 18,0 17,7 17,7 28,2 29 109,6 109,3 22,6 22,5 23,5 30 19,5 19,3 21,7 21,7 21,3 (1)- Fonte: MAHATO et al, 1994. TsF1A Lupeol1 TsF1B α-Amirina1 TsF1D β-Amirina1 38,7 27,2 78,3 38,7 55,2 18,3 32,9 40,0 47,7 36,9 23,3 124,3 139,3 42,0 28,7 26,6 33,7 58,9 39,6 39,6 31,2 41,5 28,1 15,6 15,6 16,8 23,3 28,1 17,4 21,3 38,8 27,2 79,3 38,6 55,4 18,2 32,9 39,9 47,8 36,6 23,7 121,9 145,4 41,8 26,2 26,8 33,6 47,4 46,5 31,3 34,5 37,1 28,4 15,6 15,7 16,9 26,0 28,6 33,2 23,6 38,7 27,3 79,0 38,8 55,3 18,5 32,8 38,8 47,7 37,6 23,6 121,8 145,1 41,8 26,2 27,0 32,5 47,4 46,9 31,1 34,8 37,2 28,2 15,5 15,6 16,9 26,0 28,4 33,3 23,7 Figura 39. Espectro de RMN de 1H (CDCl3, 300 MHz) da fração TsF7: Mistura de triterpenos (9), (10), (11) e (12). Figura 33A α-amirina e β-amirina 72 Figura 39A. Espectro de RMN de 1H (CDCl3, 300 MHz) da fração TsF7, com ampliação da região de δ 4,95 a 4,81. lupeol 73 Figura 40. Espectro de RMN de 13C (CDCl3, 75 MHz) da TsF7: Mistura de triterpenos (9), (10), (11) e (12). 74 Figura 40A. Espectro de RMN de 13C (75 MHz, CDCl3) da fração TsF7, região ampliada entre δ 160-78. 75 76 5.2.2. Constituintes do óleo essencial (OETs) A análise por CG-EM do óleo essencial das folhas de T. silvatica (OETs) revelou que este é constituído principalmente por sesquiterpenos. Nesta análise, de um total de aproximadamente 41 picos, foi possível identificar apenas 16 destes, sendo 4 sesquiterpenos oxigenados e 12 sesquiterpenos hidrocarbonetos. Os 16 sesquiterpenos identificados correspondem a 88,4% do conteúdo total de componentes voláteis presentes neste óleo. As Figuras 41 e 42 apresentam o cromatograma obtido para OETs. Os dados referentes às substâncias identificadas são mostrados na Tabela 10, e suas respectivas estruturas são apresentadas na Figura 43. Figura 41. Cromatograma de OETs (região ampliada entre Tr 29,0 e Tr 36,5). Figura 42. Cromatograma de OETs (região ampliada entre Tr 36,5 e 43,0). 77 Tabela 10. Constituintes do Óleo essencial obtido das folhas da T. silvatica Pico 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 IKCal 1339 1374 1377 1391 1393 1410 1422 1430 1431 1438 1441 1447 1451 1454 1457 1464 1475 1480 1485 1489 1492 1504 1509 1518 1528 1556 1559 1561 1564 1573 1584 1591 1598 1603 1608 1626 1630 1633 1638 1648 1663 IKLit Substância FM Concentração m/z (int. rel) 1339 δ-elemeno C15H24 1,12 93(100), 204(2) 1373 Isoledeno C15H24 tr 105(100), 204(20). 1376 α-copaeno C15H24 1,97 105(100), 204(11). --NI --tr ----NI --1,49 --1409 α-gurjeneno C15H24 0,55 41(100), 204(41). --NI --7,01 ----NI ----0,62 --NI ------NI --0,28 --Aromadendreno C15H24 2,29 41(100), 204(11). 1439 --NI --4,82 ----NI --tr ----NI --tr --α-humuleno C15H24 2,78 93(100), 204(4). 1454 1,33 41(100), 204(14). 1461 Aloaromadendreno C15H24 --NI --tr ----NI --tr --1480 Germacreno D C15H24 10,14 41(100), 204(17). --NI --tr ----NI --1,02 --33,54 41(100), 204(11). 1494 Biciclogermacreno C15H24 Germacreno A C15H24 1,33 41(100), 204(17). 1503 --NI --0,31 --δ-cadineno C15H24 3,15 41(100), 204(40). 1524 Elemol C15H26O 41(100), 220(1). 1549 0,61 --NI ----Germacreno B C15H24 1,52 41(100), 204(90). 1556 --NI --tr ----NI --1,40 --1576 Espatulenol C15H24O 0,99 43(100), 220(1). Veridiflorol C15H26O 3,87 43(100), 222(1). 1590 --NI ----3,98 --NI ------NI --2,31 ----NI --0,72 ----NI --2,34 ----NI --1,41 ----NI --tr --α-cadinol C15H26O 1,21 43(100), 204(14). 1653 --NI --0,87 --- 78 OH H HO H Veridiflorol (3) Espatulenol (2) H H H δ-elemeno (13) α-gurjeneno (16) Aloaromadendreno (19) Isoledeno (14) Aromadendreno (17) α-copaeno (15) α-humuleno (18) Germacreno D (20) Biciclogermaceno (21) H OH Germacreno A (22) δ-cadineno (23) HO Elemol (24) H H Germacreno B (25) δ-cadinol (26) Figura 43. Estruturas dos sesquiterpenos identificados no OETs. 79 5.3. Constituintes Químicos das Folhas de T. casaretti 5.3.1. Isolados por cromatografia em coluna 5.3.1.1. TcF1: Mistura de β-sitosterol (6) e estigmasterol (27) H H H HO (27) A fração TcF1 apresentou-se como um sólido cristalino esbranquiçado, em forma de agulhas. O espectro de RMN de 1H (Fig 44) de TcF1 apresentou uma grande quantidade de sinais na região compreendida entre δ 0,67-2,35, caracterizando uma natureza alifática para os constituintes dessa fração. Os principais sinais nesse espectro foram aqueles observados em: δ 3,52 (m, 1H) característico de hidrogênio geminal a hidroxila; δ 5,34 (d, J=6,0 Hz, 1H), δ 5,14 (dd, J=15,3 e 8,4 Hz, 1H), δ 5,00 (dd, J=15,3 e 8,4 Hz, 1H) correspondentes aos hidrogênios olefínicos. Este espectro apresentou-se muito característico de uma mistura de βsitosterol (6) e estigmasterol (27). No espectro de RMN de 13 C (Fig 45) também foi possível observar alguns sinais característicos destes esteróides, tais como aqueles em: δ 141,0, δ 122,0, δ 138,5 e δ 129,5, referentes aos carbonos olefínicos, além do sinal em δ 72,0 que associado a um carbono contendo um grupo 3β-OH. Pode-se ainda notar nesse espectro uma grande quantidade de sinais na faixa de δ 12,1 a δ 32,1. Da análise dos espectros de RMN de 1H e 13C, bem como da comparação desses dados com aqueles da literatura (GOMES, 2007; BREITMAIER, 1993; GOULART et al, 1993) (Tabela 11), pode-se concluir que a fração TcF1 trata-se de fato de uma mistura dos esteróides β-sitosterol (6) e estigmasterol (27). As diferenças entre esses dois esteróides é caracterizada pelos sinais no espectro de RMN de 1H de H-22 (δ 5,14) e H-23 (δ 5,00), presentes apenas na estrutura do estigmasterol, junto àqueles do espectro de RMN de 13C em C-22 (δ 138,5) e C23 (δ 129,5). 80 Tabela 11. Dados de RMN de 13 C (CDCl3) comparados com dados do β-sitosterol e do estigmasterol C TcF1A (β-Sitosterol) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 37,5 31,9 72,0 42,5 141,0 122,0 32,1 31,9 50,4 36,7 21,5 40,0 42,5 57,0 24,6 29,2 56,1 12,2 19,6 36,4 19,0 34,1 26,2 46,0 29,3 20,1 20,1 23,3 12,5 TcF1B β-Sitosterol1 Estigmasterol1 β-Sitosterol2 (Estigmasterol) 37,5 31,9 72,0 42,4 141,0 122,0 32,1 31,9 50,3 36,4 21,4 39,9 42,5 57,1 24,6 28,5 56,1 12,1 19,6 40,8 21,5 138,5 129,5 51,5 29,3 19,3 19,3 25,7 12,3 (1) Fonte: GOMES, 2008. (2) Fonte: BREITMAIER, 1993. (3) Fonte: GOULART et al, 1993. 37,2 31,6 71,7 42,3 140,7 121,7 31,9 31,6 50,1 36,5 21,2 39,7 42,2 56,71 24,3 28,9 55,9 11,9 19,4 36,1 18,7 33,9 26,0 45,8 29,1 19,8 19,8 23,0 12,2 37,2 31,6 71,7 42,2 140,7 121,7 31,9 31,6 50,1 36,1 21,0 39,6 42,2 56,7 24,3 28,2 55,9 11,8 19,4 40,5 21,2 138,3 129,2 51,2 29,1 19,0 19,0 25,4 12,0 37,3 31,6 71,7 42,3 140,8 121,6 32,0 31,9 50,2 36,5 21,1 39,8 42,3 56,8 24,3 28,3 56,1 11,9 19,4 36,2 18,8 34,0 26,1 45,9 29,2 19,8 19,8 23,1 12,3 Estigmasterol3 37,3 31,6 71,8 42,3 140,7 121,7 31,9 31,9 50,1 36,4 21,1 39,7 42,3 56,9 24,4 28,2 55,9 11,9 19,4 40,5 21,2 138,4 129,3 51,2 31,9 19,0 19,0 25,4 12,3 Figura 44. Espectro de RMN de 1H (CDCl3, 300 MHz) da fração TcF1: Mistura de β-sitosterol (6) e estigmasterol (27). 81 Figura 45. Espectro de RMN de 13C (CDCl3, 75 MHz) da fração TcF1: Mistura de β-sitosterol (6) e estigmasterol (27). 82 83 5.3.1.2. TcF2A: aromadendrano-4β,10α-diol (28) 15 OH H 10 1 4 6 OH H 11 12 13 (28) A fração TcF2 foi analisada por CG-EM e o cromatograma obtido (Fig. 46) indicou que esta era constituída por um composto majoritário (TcF2A), indicado pelo pico 3 (Tr = 45,82 min), com concentração relativa de aproximadamente 76%. Figura 46. Cromatograma obtido da fração TcF2. O espectro de massas (Fig. 47) de TcF2A, apresentou o pico do íon molecular em m/z = 238. A partir da comparação desse espectro com aqueles da biblioteca do equipamento (Wiley 7th Ed), obteve-se uma similaridade de 84% com o espectro de massas do espatulenol (Figura 47A), um sesquiterpeno de fórmula molecular C15H24O (MM = 220). A diferença de 18 unidades na razão m/z do pico do íon molecular de TcF2A, comparado à massa molecular do espatulenol, indicou que este último deve ser formado a partir da perda de uma molécula de água [M-18] de TcF2A, sugerindo, portanto, a fórmula molecular C15H26O2 (MM = 238) para este composto. 84 Figura 47. Espectro de massas (IE) de TcF2A: Aromadendrano-4β,10α-diol (28). Figura 47A. Espectro de massas (IE) do espatulenol. No espectro de RMN de 1H de TcF2 (Fig. 48) a observação de um duplo dupleto em δ 0,43 (J= 10,8; 9,6 Hz, 1H) e um multipleto de δ 0,56-0,62 (1H), indicaram a presença de um anel ciclopropânico (MEIRA et al, 2008). Foram observados também quatro simpletos em δ 1,03 (3H), δ 1,04 (3H), δ 1,14(3H) e δ 1,21 (3H), correspondentes a quatro metilas. Os demais sinais aparecem como multipletos sobrepostos na região de δ 0,70-2,00. A partir do espectro de RMN de 13 C (Fig. 49) foi possível confirmar a natureza sesquiterpênica de TcF2, pela observação de sinais correspondentes a 15 carbonos. Os sinais em δ 74,5 e δ 79,9, característicos de carbonos metínicos oxigenados, reforçaram a hipótese da presença de duas hidroxilas em TcF2, como já indicado pelos dados obtidos na análise por CG-EM. A não observação de qualquer sinal na região de ligação dupla confirma que o fragmento em m/z = 220, correspondente ao espatulenol, é de fato, formado pela perda de uma molécula de H2O em TcF2. Nesse espectro pode-se notar facilmente, ainda, os sinais referentes a quatro metilas em δ 29,0, δ 15,6, δ 23,7 e δ 19,5, como também observado no espectro de RMN de 1H (Fig. 48). 85 As informações acima descritas, possibilitaram propor a estrutura do aromadendrano-4,10-diol para TcF2A. A partir desta proposta, os dados de RMN de 1H (Tabela 12) e RMN de 13C (Tabela 13) de TcF2A foram comparados com dados da literatura (MEIRA et al, 2008; MOREIRA et al, 2003; WU et al, 2000) para diversos estereoisômeros do aromadendrano-4,10-diol. Estes estereoisômeros diferem entre si apenas pela estereoquímica dos carbonos (C-4 e C-10) contendo os grupos hidroxila. Por meio desta comparação, pôde-se concluir que TcF2A trata-se do aromadendrano-4β,10α-diol (28). Tabela 12. Dados de RMN de 1H (CD3OD) de TcF2A comparados com valores do aromadendreno-4β,10α-diol. TcF2A H (CD3OD) δ (J/Hz) 1 2,40-0,70(m) 2 2,40-0,70(m) 3 2,40-0,70(m) 4 5 2,40-0,70(m) 6 0,43(dd, J=10,8 e 9,6; 1H) 7 0,62-0,56(m, 1H) 8 2,40-0,70(m) 9 2,40-0,70(m) 10 11 12 1,03(s, 3H) 13 1,04(s, 3H) 14 1,21(s, 3H) 15 1,14(s, 3H) 1- Fonte: MEIRA et al, 2008. aromadendrano-4β,10α-diol1 (CDCl3) δ (J/Hz) 1,87(m, 1H) 1,65(m, 2H) 1,67(m, 2H) 1,18(m, 1H) 0,44(dd, J=9,6 e 9,0; 1H) 0,67(m, 1H) 1,81(m,2H) 1,53(m, 1H) 1,77(m, 1H) 1,04(s, 6H) 1,25(s, 3H) 1,18(s, 3H) 86 Tabela 13. Dados de RMN de 13 C de TcF4A comparados com os dados de diversos estereoisômeros do aromadendrano-4,10-diol TcF4A Aromadendrano-4,10-diol (CDCl3) δ(CD3OD) 4β,10α 1 4α,10α 2 4α,10β 2 4β,10β 2 1 56,5 56,4 56,2 52,5 56,4 2 23,2 23,8 23,7 23,7 24,3 3 40,9 41,1 41,0 39,6 41,4 4 79,9 80,4 80,1 80,5 80,3 5 47,8 48,4 48,2 45,8 47,2 6 28,0 28,3 28,3 24,9 30,1 7 26,6 26,6 26,5 27,0 26,9 8 20,0 20,1 20,0 19,1 19,2 9 44,2 44,4 44,3 42,4 42,8 10 74,5 75,0 74,8 72,8 71,8 11 19,0 19,4 19,4 20,1 20,9 12 29,0 28,6 28,5 29,0 28,7 13 15,6 16,4 16,3 16,4 16,4 14 23,7 24,4 24,3 25,8 25,1 15 19,5 20,3 20,0 31,2 30,5 1- Fonte: MEIRA et al, 2008. 2- Fonte: MOREIRA et al, 2003. C Figura 48. Espectro de RMN de 1H (CD3OD, 300 MHz) da fração TcF2: Aromadendrano-4β,10α-diol (28). 87 Figura 49. Espectro de RMN de 13C (CD3OD, 75 MHz) da fração TcF2: Aromadendrano-4β,10α-diol (28). 88 89 5.3.1.3. TcF3A: 8-epi-esclareol (29) 16 11 OH 13 20 OH 1 15 8 3 18 17 4 6 19 (29) A fração TcF3 foi submetida a análise por CG-EM e o cromatograma obtido (Fig. 50) aponta a presença de um constituinte principal, correspondente ao pico 3 (Tr = 61,996 min), com concentração relativa de aproximadamente 81%, o qual foi denominado de TcF3A. O índice de retenção (IK) calculado para esse composto, de acordo com a equação do item 4.1.3.1.3, foi igual a 2228. Figura 50. Cromatograma obtido a partir análise por CG-EM da fração TcF3. O espectro de massas (Fig. 51) de TcF3A, apresentou o pico referente ao fragmento de maior massa em m/z = 290. A partir da comparação desse espectro com aqueles da biblioteca do equipamento (Wiley 7th Ed), obteve-se uma similaridade de 80% com o espectro de massas do geranil linalol (30), um diterpeno de fórmula molecular C20H34O (M = 290). HO Geranil Linalol (30) 90 Figura 51. Espectro de massas (IE) de TcF3A: 8-epi-Esclareol (29). O espectro de RMN de 1H (Fig. 53) de TcF3 apresentou os principais sinais em: δ 0,81 (s, 3H), δ 0,85 (s, 3H), δ 0,84 (s, 3H), δ 1,12 (s, 3H) e δ 1,28 (s, 3H), referentes a cinco metilas. A presença nesse espectro de três duplos dupletos em δ 5,06 (dd, J= 10,8 e 1,2 Hz, 1H), 5,18 (dd, J= 17,4 e 1,2 Hz, 1H) e em δ 5,87 (dd, J= 17,4; 10,8 Hz, 1H) caracterizaram a existência de hidrogênios vinílicos. No espectro de RMN de 13C de TcF3 foi possível identificar com clareza a presença de 20 sinais de carbono, confirmando a natureza ditepêrnica de seu principal constituinte (TcF3A). Na região de δ 150,0 a 70,0 deste espectro (Fig. 54), os sinais em δ 145,0 (C-14) e δ 112,0 (C-15) confirmaram a presença de ligação dupla do tipo vinílica. Nenhum outro sinal de carbono sp2 foi observado nesse espectro, o que permitiu descartar completamente a possibilidade de se tratar do geranil linalol, conforme sugerido pela biblioteca do CG-EM. Além disso, os sinais em δ 73,6 (C-8) e δ 73,8 (C-13) indicaram a presença de dois carbonos oxigenados no composto TcF3A, incompatível com a fórmula molecular proposta para o geranil linalol (C20H34O). Esta informação indica que o fragmento observado em m/z=290, pode ser resultante de uma possível perda de água do composto TcF3 e, portanto, não foi observado o pico do íon molecular em m/z=308, compatível com a fórmula molecular C20H36O2. No espectro de RMN de 13 C outros importantes sinais observados foram aqueles correspondentes a cinco metilas, em δ 27,7 (C-16), δ 30,8 (C-17), δ 33,5 (C-18), δ 21,9 (C-19) e δ 15,3 (C-20). Os dados completos de RMN de 13C de TcF3A são apresentados na Tabela 13. Baseando-se nos espectros de DEPT 90 e DEPT 135 foi possível atribuir a multiplicidade de todos os sinais correspondentes aos 20 átomos de carbono, presentes no espectro de RMN de 13 C, sendo cinco metilícos, oito metilênicos, três metínicos e quatro 91 carbonos não hidrogenados. Esses dados também são incompatíveis com aqueles do geranil linalol (30). A análise detalhada dos dados de RMN de 1H e 13C, bem como os dados fornecidos pelas análises em CG-EM, e a comparação com dados da literatura, possibilitou a proposição de um esqueleto labd-14-eno-8,13-diol (Fig. 52) para TsF3A. OH OH Figura 52. Esqueleto do labd-14-eno-8,13-diol. Diversos estereoisômeros com o esqueleto labd-14-eno-8,13-diol (Fig. 52) são relatados na literatura, sendo o mais conhecido deles, o esclareol ((8R,13R)-labd-14-eno-8,13diol). Os dados de RMN de 13 C de TcF3A (Tab 14) foram então comparados àqueles dos diferentes estereoisômeros com o esqueleleto labd-14-eno-8,13-diol e, a partir desta comparação, foi possível concluir que TcF3A se trata do 8-epi-esclareol (29), um constituinte raro de plantas. Figura 53. Espectro de RMN de 1H (CDCl3, 300 MHz) da fração TcF3: 8-epi-Esclareol (29). 92 Figura 54. Espectro de RMN de 13C (CDCl3, 75 MHz), de TcF3: 8-epi-Esclareol (29). 93 94 Tabela 14. Dados de RMN de 13 C para a TcF3A em comparação com dados de diversos estereoisômeros com esqueleto labd-14-eno-8,13-diol TcF3A 13-epi-esclareol 1 C esclareol 2 ent-esclareol 3 8-epi-esclareol 4 1 39,4 39,9 2 18,5 20,7 3 42,3 42,2 4 33,6 32,7 5 56,2 56,2 6 18,4 19,3 7 42,4 44,9 8 73,6 74,4 9 59,2 62,0 10 39,4 39,4 11 19,5 18,6 12 46,3 44,3 13 73,8 75,2 14 145,0 145,0 15 112,0 112,0 16 27,7 24,7 17 30,8 24,3 18 33,5 33,6 19 21,9 21,7 20 15,3 15,4 1- Fonte: DEMETZO et al, 1990. 2- Fonte: JASSBI et al, 2002. 3- EL-SEEDI et al, 2002. 4- Fonte: TORRENEGRA et al, 1992. (#) - as atribuições podem ter sido trocadas. 16 11 20 17 3 18 19 Esclareol 17 3 6 4 18 19 8-epi-Esclareol 11 20 OH 17 3 19 13-epi-Esclareol Figura 55. Estereoisômeros com esqueleto labd-14-eno-8,13-diol. 15 8 17 3 6 4 OH 13 OH 1 15 8 18 16 OH 13 1 15 8 6 4 20 OH 1 15 8 OH 13 39,2 18,3# 42,0 33,2 55,9 18,1# 42,1 73,4 59,0 39,1 19,3 46,1 73,6 145,0 112,0 27,6 30,5 33,4 21,6 15,1 16 11 11 20 OH 1 39,7 18,4 42,0 33,2 56,1 20,5 44,4 74,7 61,6 39,2 19,1 45,0 73,6 146,0 111,0 27,3 24,2 33,4 21,5 15,4 16 OH 13 δC (CDCl3) 39,7 18,5 42,0 33,3 56,1 20,6 44,4 74,8 61,6 39,3 19,2 44,9 73,7 146,0 111,0 27,3 24,3 33,5 21,6 15,5 6 4 18 19 ent-Esclareol 95 5.3.2. Constituintes do óleo essencial (OETc) Na análise do OETc por CG-EM conforme descrito no item 4.1.3.1.3 e por comparação com a biblioteca Wiley 7th Ed., foi possível identificar oito sesquiterpenos, dos quais cinco são oxigenados e três são hidrocarbonetos. Apesar de apenas oito constituintes terem sido identificados, no cromatograma (Fig. 56 e 56A), 25 picos podem ser visualizados. Os constituintes identificados correspondem a 35,5 % da constituição total do óleo. Mesmo não sendo possível a sua identificação por comparação direta com os dados da biblioteca do CG-EM (Wiley 7th Ed), o pico 16 foi identificado por comparação com os dados de TcF2A (Fig 47). A análise dos espectros de massas de TcF2A (Fig 47) e do constituinte correspondente ao pico 16 do OETc (Fig 58), permitiu concluir que se tratam provavelmente do mesmo composto, um estereoisômero do aromadendranodiol. Figura 56. Cromatograma de OETc ( região ampliada entre Tr 31,5 e Tr 40,8) Figura 56A. Cromatograma de OETc (região ampliada entre Tr 46,0 a 58,0) 96 Figura 57. Espectro de massas (IE) do Pico 16 de OETc, IK= 1692. A Figura 51 apresenta as substâncias identificadas e a Tabela 15 descreve os dados referentes aos picos. 97 Tabela 15. Constituintes do óleo essencial obtido das folhas de T. casaretti Pico IKCal IKLit Substância FM Concentração m/z (int. rel) 41(100), 204(1). 41(100), 204(11). 41(100), 204(17). - 1 1393 1391 β-elemeno C15H24 1,24 2 1442 1439 Aromadendreno C15H24 1,62 3 1480 1480 Germacreno D C15H24 0,64 4 1517 NI - 1,30 5 1557 Elemol C15H26O 2,24 6 1566 NI - 0,51 7 1573 1565 Ledol C15H26O 0,96 8 1589 1576 Espatulenol C15H24O 1549 41(100), 220(1). - 9 1592 1581 Óxido de cariofileno C15H24O 10 1599 1590 Veridiflorol C15H26O 1,53 11 1617 NI - 1,27 43(100), 204(9). 43(100), 220(1). 41(100), 205(2). 43(100), 222(1). - 12 1692 NI - 2,66 - 13 1702 NI - 1,88 - 14 1724 NI - 1,39 - 15 1727 NI - 1,54 - 16 1732 1738* Aromadendrano-4,10-diol C15H26O2 3,38 17 1751 NI - 2,05 43(100), 220(4) - 18 1758 NI - 2,53 - 19 1760 NI - 1,57 - 20 1765 NI - 0,91 - 21 1777 NI - 1,04 - 22 1782 NI - 1,51 - 23 1852 NI - 1,30 - 24 1951 NI - 1,18 - 25 1997 NI - 9,80 - 27,24 * IK de TcF2A: Aromadendrano-4β,10α-diol (28) 98 β-elemeno (31) Aromadendreno (17) Germacreno D (20) OH Elemol (24) OH H HO H Espatulenol (2) Ledol (32) O OH H H Óxido de Cariofileno (33) Veridiflorol (3) Figura 58. Estruturas das substâncias identificadas no OETc. 99 5.4. Considerações sobre terpenos Todos os seres vivos possuem uma característica fundamental que é a presença de atividade metabólica, que nada mais é do que um conjunto de reações químicas que ocorrem no interior das células. Quando se trata de células vegetais, o metabolismo costuma ser dividido em primário e secundário. Define-se como metabolismo primário o conjunto de processos metabólicos que desempenham uma função essencial no vegetal, tais como a fotossíntese, a respiração e o transporte de solutos. Os compostos envolvidos no metabolismo primário possuem uma distribuição universal nas plantas. Esse é o caso dos aminoácidos, dos nucleotídeos, dos lipídios, carboidratos e da clorofila. Por outro lado, o metabolismo secundário dá origem a compostos que não possuem uma distribuição universal, pois não são necessários para todas as plantas. Como conseqüência prática, esses compostos podem ser utilizados em estudos taxonômicos (quimiossistemática), como ocorrem com os limonóides, considerados marcadores taxonômicos da família Meliaceae. Os metabólitos secundários são substâncias produzidas pelos organismos vegetais, mas que não participam dos processos de formação de protoplasto e geração de energia. Muitos metabólitos secundários são mediadores em processos de interação das plantas com o ambiente, especialmente como inibidores da germinação, na proteção contra predadores, na atração de polinizadores, na proteção contra a perda de água e aumento de temperatura. Como exemplo, espécies de Datura e Brugmansia (Solanaceae), conhecidas como trombeteira ou dama-da-noite, apresentam perfume notável à noite e podem atrair morcegos e mariposas (MELO, 2005). Um grande número de metabólitos secundários apresenta alguma atividade biológica (inseticida, anti-inflamatória, analgésica etc) Eles não ocorrem universalmente nas plantas, mas apresentam ampla diversidade estrutural: taninos, flavonóides, alcalóides, glicosinolatos, pigmentos, ceras, etc. No entanto, o número de vias metabólicas relacionadas à biossíntese da grande maioria dos metabólitos secundários é muito pequeno. Segundo YAMADA (2004) são três as principais classes de metabólitos secundários: Terpenos, compostos fenólicos e compostos nitrogenados. Terpenos ou terpenóides constituem o maior grupo de produtos secundários. As diversas substâncias desta classe são, em geral, insolúveis em água e sintetizadas a partir de acetil CoA ou de intermediários glicolíticos (Fig 59). Os terpenos são tóxicos e deletérios para muitos insetos e mamíferos 100 herbívoros; assim, eles parecem exercer importantes funções de defesa no reino animal. Entre os terpenos têm-se os piretróides e a azadiractina com atividade inseticida; os óleos essenciais, com propriedades repelentes de insetos; os cardenolídeos e as saponinas, de gosto amargo e extremamente tóxicos para os animais superiores (YAMADA, 2004). Apesar da grande diversidade de terpenos, apenas duas rotas metabólicas, a do mevalonato e do MEP são responsáveis pela síntese dos mesmos, a partir de precursores comuns. A Figura 59 apresenta as vias metabólicas envolvidas na síntese de terpenos. Figura 59. Rotas metabólicas envolvidas na formação de terpenos. Fonte: YAMADA, 2004. Os terpenóides são sintetizados via mevalonato, o qual é formado pela condensação aldólica de duas unidades da acetoacetil-CoA, seguida de uma hidrólise, originando a 3hidroxi-3-metilglutaril-CoA (HMG-CoA). Esse sofre uma reação de redução catalizada pela enzima HMGCoA-redutase à mevalonato. O mevalonato é, então, convertido em isopentilpirofosfato (IPP) ou isopreno ativo e seu isômero dimetilalilpriofosfato (DMAPP). As moléculas de IPP e DMAPP condensam e formam o trans-geranilpirofosfato, dando origem aos monoterpenos e sesquiterpenos (SANTOS apud FREIRE, 2008). Tudo isso ocorre segundo esquema apresentado na Figura 60, disposta a seguir. 101 Figura 60. Biossíntese de terpenóides. Fonte: FREIRE, 2008. A biossíntese de terpenos pode ocorrer também por outra via metabólica, a do 1deoxi-D-xilulose-5-fosfato (DXPS). Nessa via, o piruvato e o gliceraldeído-3-fosfato formam o DXPS que, posteriormente, dá origem ao 2-metil-D-eritritol-4-fosfato (MEP). Em seguida, são formados, por sucessivas reações, o isopentenil-difosfato (IPP) e o dimetilalil-pirofosfato (DMAPP), os quais irão originar os terpenos (GUIMARÃES apud FREIRE, 2008). Da condensação dos grupos isômeros ativos do isopreno, são originadas as diferentes classes de terpenóides conhecidas, conforme figura 61. 102 Figura 61. Formação dos terpenóides a partir de duas rotas metabólicas. Fonte: SILVA, 2008. MONOTERPENOS A combinação de DMAPP e IPP através da enzima prenil transferase produz o geranil difostato (GPP, Fig. 62). Acredita-se que isso envolva a ionização de DMAPP ao cátion alílico e posterior adição desse cátion à ligação dupla do IPP, produzindo um monoterpeno fosfatado, geranil difosfato. A partir do GPP podem ser produzidos dois isômeros, o linalil difosfato (LPP) e o neril difosfato (NPP), a partir da ionização do cátion alílico, conduzindo a modificações na posição da ligação dupla ou do grupo difosfato. Esses três compostos por mudanças relativamente pequenas, dão origem a uma série de monoterpenos lineares encontrados como componentes de óleos voláteis, flavorizantes e perfumes. O composto final pode ser um álcool, aldeído, ésteres e, especialmente, acetatos. A partir daí, por diferentes processos de ciclização, os diferentes esqueletos monoterpênicos são formados. 103 Figura 62. Biossíntese de alguns esqueletos monoterpênicos a partir de DMAPP e IPP. SESQUITERPENOS A adição de unidades IPP em extensão ao geranil difosfato (GPP) origina o precursor fundamental dos sesquiterpenos, o farnesil difosfato (FPP), conforme figura 63. O FPP pode então dar origem a sesquiterpenos cíclicos e lineares. Devido ao aumento de comprimento da cadeia e a adição de uma ligação dupla, o número de possíveis modos de ciclização é também aumentada, e uma enorme gama de estruturas mono-, bi- e tricíclicas podem resultar. 104 Figura 63. Formação de diversos esqueletos sesquiterpênicos a partir do FPP. 105 DITERPENOS Por sua vez, os diterpenos são formados pela união de uma unidade IPP ao farnesil difosfato, por meio da adição eletrofílica do IPP ao cátion alílico terciário formado a partir do FPP. Dessa união surge o geranil-geranil difosfato (GGPP), de acordo com o esquema apresentado na Figura 64. Figura 64. Formação do geranil-geranil difosfato a partir do FPP. Muitos dos diterpenos naturais surgem a partir da formação de carbocátion iniciada pela protonação da ligação dupla no começo da cadeia que conduz a uma primeira seqüência de ciclização (Fig 65). A perda do difosfato mais tarde também produz um carbocátion e facilita futura ciclizações. 106 Figura 65. Formação do copalil PP a partir do GGPP. SESTERTEPENOS Embora muitos exemplos desse grupo de terpenóides naturais sejam conhecidos, eles são encontrados principalmente em fungos e organismos marinhos, e apresentam relativamente poucos tipos estruturais. O tipo mais comum de sestertepenóide é exemplificado pela esclarina (Fig. 66) e esta estrutura pode ser encarada como o resultado de uma ciclização em seqüência semelhante à que se vê com GGPP nos diterpenos, e com óxido de esqualeno nos triterpenóides. Figura 66. Formação do sestertepeno esclarina a partir do geranil-farnesil difosfato (GFPP). 107 TRITERPENOS Os triterpenos constituem um amplo grupo de produtos naturais derivados do esqualeno ou relacionado a precursores acíclicos com 30 carbonos. Duas sub-classes importantes de triterpenos são os esteróides (os quais são componentes dos lipídios de membrana e precursores de hormônios esteróides em mamíferos) e as saponinas (prontamente reconhecidas pela formação de espuma em certos extratos vegetais). Os triterpenos são formados a partir da união de duas moléculas de farnesil pirofosfato (FPP), através de adição eletrofílica envolvendo carbocátio terciário de uma unidade e ligação dupla da outra. Dessa união surge o hidrocarboneto conhecido como esqualeno (Fig. 67), precursor dos triterpenos. Figura 67. Ciclização do esqualeno para a formação de um triterpeno. Fonte: DEWICK, 2002. Neste trabalho foram identificados 22 sesquiterpenos, dos quais dois esqueletos sesquiterpênicos são observados com maior freqüência: o germacreno, precursor dos compostos germacreno A, germacreno B, germacreno D, biciclogermacreno e α-copaeno; e o 108 esqueleto humuleno, do qual derivam o óxido de humuleno, humuleno diepóxido, o αhumuleno e o óxido de cariofileno. O diterpeno esclareol, aqui isolado, tem como precursor o (+)copalil PP (Fig. 65), originado da ciclização do GGPP. Ainda foi possível identificar os esteróides β-sitosterol e estigmasterol, cujo precursor é o triterpeno cicloartenol. Além deles foram identificados quatro triterpenos pentaciclicos, α-amirina, β-amirina, pseudotaraxasterol e lupeol. Os três primeiros possuem o esqueleto do tipo urseno e oleaneno, e o último, o esqueleto do tipo lupeno. SEÇÃO IV CONCLUSÃO 110 6. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS Muitas espécies do gênero Trichilia já foram estudadas e uma variedade de substâncias foram isoladas e identificadas, dentre as quais, muitas com atividades inseticidas. Entretanto, sobre a espécie T. casaretti poucas informações são encontradas na literatura sobre a sua constituição química, de modo que esse trabalho assume grande relevância quando contribui para o conhecimento sobre essa espécie. No caso da T. silvatica, a importância dessa pesquisa é ainda maior, já que não há relato de qualquer estudo químico sobre essa espécie, caracterizando essa pesquisa como o primeiro estudo sobre a constituição química dessa espécie. Assim sendo, este trabalho vem colaborar com o informações significativas para o conhecimento sobre plantas do gênero Trichilia. Dentro desse gênero de plantas os triterpenos correspondem à principal classe de compostos isolados. Sob esse aspecto essa pesquisa aponta numa nova vertente, fato caracterizado pelo grande número de sesquiterpenos identificados, e substâncias de várias classes de terpenóides foram aqui encontradas. No que diz respeito às atividades inseticidas, apesar dos ensaios biológicos realizados com os extratos preparados a partir do material vegetal coletado não apresentarem resultados significativos, não foram realizados estudos de atividade inseticida para as substâncias isoladas, ficando esses ensaios como perspectiva futura, bem como, o estudo fitoquímico dos demais extratos ainda não trabalhados, no intuito de complementar a pesquisa sobre essas espécies. 111 7. REFERÊNCIAS ADAMS, R. P.; Identification of essential oil components by gas chromatography/ mass spectroscopy. Allured Publishing Corporation: Illinois, 1995. ALADESANMI, A. J.; ODEDIRAN, S. A. 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