Biota Neotrop. vol. 8, no. 4, out./dez. 2008 ISSN 1678-6424 ISSN 1678-6424 Artigos Forrageamento de aves por frutos e insetos em restinga arbustiva, sudeste do Brasil Verônica Souza da Mota Gomes, Bette A. Loiselle & Maria Alice S. Alves......................................................................................................................................................................... 21 Detecção de áreas de endemismo em duas escalas espaciais utilizando a Análise de Parcimônia de Endemismos: região Neotropical e Mata Atlântica Mário Sérgio Sigrist & Claudio José Barros de Carvalho................................................................................................................................................................................................... 33 Aspectos populacionais de Serrapinnus notomelas (Eigenmann, 1915) e Bryconamericus stramineus Eigenmann, 1908 (Characiformes: Characidae) em riachos da bacia do rio Ivinhema, Alto Rio Paraná Luzia da Silva Lourenço, Yzel Rondon Súarez & Alexandro Cezar Florentino................................................................................................................................................................... 43 vol. 8, no. 4, out./dez. 2008 Sumário Diversidade de abelhas (Hymenoptera, Apidae) ao longo de um gradiente latitudinal na Mata Atlântica Rodrigo Barbosa Gonçalves & Carlos Roberto Ferreira Brandão...................................................................................................................................................................................... 51 El zooplancton de un lago somero hipereutrófico de la región central de Argentina: cambios después de una década Santiago Andrés Echaniz, Alicia María Vignatti & Pablo César Bunino.............................................................................................................................................................................. 63 Taxocenose de bagres marinhos (Siluriformes, Ariidae) da região estuarina de São Vicente, SP, Brasil Thassya Christina dos Santos Schmidt, Itamar Alves Martins, Alvaro Luis Diogo Reigada & June Ferraz Dias................................................................................................................ 73 O uso de praias arenosas com diferentes concentrações humanas por espécies de aves limícolas (Charadriidae e Scolopacidae) neárticas no sudeste do Brasil César Cestari...................................................................................................................................................................................................................................................................... 83 Novas referências de rodofíceas marinhas bentônicas para o litoral brasileiro José Marcos de Castro Nunes & Silvia Maria Pita de Beauclair Guimarães...................................................................................................................................................................... 89 Nicho ecológico e aspectos da história natural de Phyllomedusa azurea (Anura: Hylidae, Phyllomedusinae) no Cerrado do Brasil Central Evellyn Borges de Freitas, Crizanto Brito De-Carvalho, Renato Gomes Faria, Renato de Carvalho Batista, Cássio de Carvalho Batista, Welington Araújo Coelho & Adriana Bocchiglieri.............................................................................................................................................................................................................. 101 Choanoflagelados Loricados da zona costeira do Atlântico Sul (~32°S) incluindo a descrição de Diplotheca tricyclica sp. nov. Marli Bergesch, Clarisse Odebrecht & Øjvind Moestrup................................................................................................................................................................................................... 111 Composição e distribuição vertical de pteridófitas epifíticas sobre Dicksonia sellowiana Hook. (Dicksoniaceae), em floresta ombrófila mista no sul do Brasil Luciane Lubisco Fraga, Luciano Basso da Silva & Jairo Lizandro Schmitt....................................................................................................................................................................... 123 Modelos alométricos para estimativa de fitomassa de Floresta Atlântica secundária no Sudeste do Brasil Déborah Moreira Burger & Welington Braz Carvalho Delitti............................................................................................................................................................................................. 131 Inventários Ictiofauna epígea e subterrânea na área cárstica da Serra do Ramalho, nordeste brasileiro, com listas de peixes troglóbios e troglófilos no Brasil George Mendes Taliaferro Mattox, Maria Elina Bichuette, Sandro Secutti1 & Eleonora Trajano...................................................................................................................................... 145 Mamíferos do Parque Estadual do Desengano, Rio de Janeiro, Brasil Thiago Carvalho Modesto, Flávia Soares Pessôa, Maria Carlota Enrici, Nina Attias, Tássia Jordão-Nogueira, Luciana de Moraes Costa, Hermano Gomes Albuquerque & Helena de Godoy Bergallo........................................................................................................................................................................................... 153 Oligochaeta (Annelida: Clitellata) em córregos de baixa ordem do Parque Estadual de Campos do Jordão (São Paulo - Brasil) Guilherme Rossi Gorni & Roberto da Gama Alves........................................................................................................................................................................................................... 161 Anfíbios da Marambaia: um remanescente naturalmente isolado de restinga e Floresta Atlântica do Sudeste do Brasil Hélio Ricardo da Silva, André Luiz Gomes de Carvalho & Gabriela Bueno Bittencourt-Silva.......................................................................................................................................... 167 Revisões Temáticas Estado do conhecimento dos macroturbelários (Platyhelminthes) do Brasil Fernando Carbayo & Eudóxia Maria Froehlich................................................................................................................................................................................................................. 177 Short Communications Primeiro registro de larvas de Chironomus inquinatus Correia, Trivinho‑Strixino & Michailova (Diptera, Chironomidae) vivendo no casco do cágado Phrynops geoffroanus Schweigger (Testudines, Chelidae) na região Neotropical Thiago Simon Marques, Bruno de Oliveira Ferronato, Isabela Guardia, Ana Luiza Bonfin Longo,Susana Trivinho-Strixino, Jaime Bertoluci & Luciano Martins Verdade..................... 201 Deslocamentos do golfinho-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus) no estado do Rio de Janeiro, sudeste do Brasil Liliane Lodi, Leonardo Liberali Wedekin, Marcos Roberto Rossi-Santos & Milton César Marcondes.............................................................................................................................. 205 Novos registros de espécies de mosquitos (Diptera: Culicidae) em Santa Catarina e Paraná (Brasil) Gerson Azulim Müller, Eduardo Fumio Kuwabara, Jonny Edward Duque, Mario Antônio Navarro-Silva & Carlos Brisola Marcondes............................................................................ 211 Ontogenia e aspectos comportamentais da larva de Phasmahyla guttata (Lutz, 1924) (Amphibia, Anura, Hylidae) Paulo Nogueira da Costa & Ana Maria Paulino Telles de Carvalho e Silva...................................................................................................................................................................... 219 Notas sobre a distribuição, tamanho de grupo e comportamento do golfinho Tursiops truncatus (Cetacea: Delphinidae) na Ilha de Santa Catarina, sul do Brasil Leonardo Liberali Wedekin, Fábio Gonçalves Daura-Jorge, Marcos Roberto Rossi-Santos & Paulo César Simões-Lopes............................................................................................ 225 Ocorrência de Atelocynus microtis (Sclater, 1882) na Floresta Nacional do Jamari, estado de Rondônia Allyson Diaz Koester, Carlos Renato de Azevedo, Alexandre Vogliotti & José Maurício Barbanti Duarte........................................................................................................................ 231 Biota Neotropica, Biota/Fapesp – O Instituto Virtual da Biodiversidade As borboletas (Lepidoptera, Papilionoidea) do Campus Universitário Darcy Ribeiro (Distrito Federal, Brasil) Carlos Eduardo Guimarães Pinheiro, Ivan Constantinov Malinov, Thiago Oliveira Andrade, Jonas Brochado Maravalhas, Marcelo Brito Moussallem de Andrade, Luis Paulo Aguiar de Deus, Luiz Gustavo Perrut Pedrosa & Gabriel Vargas Zanatta....................................................................................................................................................... 139 vol. 8, no. 4, out./dez. 2008 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, out./dez. 2008, p. 1-234 ISSN 1678-6424 Biota Neotropica é uma revista do Programa BIOTA/FAPESP - O Instituto Virtual da Biodiversidade, que publica resultados de pesquisa original, vinculada ou não ao programa, que abordem a temática caracterização, conservação e uso sustentável da biodiversidade na região Neotropical. Editor Responsável Dr. Carlos Alfredo Joly IB/UNICAMP [email protected] Editor Eletrônico Sidnei de Souza Centro de Referência em Informação Ambiental, CRIA [email protected] Editores Assistentes Maria Lucia Mendonça F. Pinto IB/Unicamp [email protected] Leandro Luis Filippi Centro de Referência em Informação Ambiental, CRIA [email protected] Luiz Barione Centro de Referência em Informação Ambiental, CRIA [email protected] Editores de Área Dr. Adriano S. Melo Depto. Ecologia - Instituto de Biociências/UFRGS [email protected] Dra. Eneida Maria Eskinazi Sant’Anna Departamento de Oceanografia e Limnologia Universidade Federal do Rio Grande do Norte [email protected] Dra. Marion G. Nipper Center for Coastal Studies Texas A & M University/USA [email protected] Dr. Alexandre Reis Percequillo Departamento de Ciências Biológicas ESALQ/USP [email protected] Dra. Flávia Regina Capellotto Costa INPA - Coordenação de Pesquisas em Ecologia [email protected] Dr. Peter Edward Gibbs School of Biology University of St. Andrews/UK [email protected] Dr. André Victor L. Freitas IB/UNICAMP [email protected] Dr. Jean Paul W. Metzger IB/USP [email protected] Dra. Renata Pardini IB/USP [email protected] Dra. Carla M. Penz University of New Orleans [email protected] Dr. Jorge Soberón Maine CONABIO/México [email protected] Dra. Rosana Mazzoni UERJ [email protected] Dra. Cátia A. de Mello-Patiu Depto. de Entomologia/ Museu Nacional/UFRJ [email protected] Dr. José Maria C. da Silva Conservation International - Belém/PA [email protected] Dra. Rosana Moreira da Rocha Departamento de Zoologia Universidade Federal do Paraná [email protected] Dr. Cristiano de Campos Nogueira Programa Cerrado/Conservação Internacional [email protected] Dra. Lílian Casatti UNESP/S.J. Rio Preto - Rio Preto/SP [email protected] Dra. Thelma Lúcia Pereira Dias Depto. Sistemática e Ecologia/UFPB [email protected] Dra. Denise de Cerqueira Rossa-Feres UNESP/S.J. Rio Preto - Rio Preto/SP [email protected] Dra. Maria Alice S. Alves Departamento de Ecologia - Universidade do Estado do Rio de Janeiro [email protected] Esta publicação foi financiada com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo/FAPESP (Processo 07/50856-8). biota neotropica ISSN 1678-6424 português vol 8 n 4 Biota Neotropica é uma revista do Programa BIOTA/FAPESP - O Instituto Virtual da Biodiversidade, que publica resultados de pesquisa original, vinculada ou não ao programa, que abordem a temática caracterização, conservação e uso sustentável da biodiversidade na região Neotropical. A Biota Neotropica é uma revista eletrônica e está integral e gratuitamente disponível no endereço http://www.biotaneotropica.org.br Esta versão impressa da Biota Neotropica será depositada em bibliotecas de referência para atender às exigências dos Códigos Nomenclaturais de Botânica e Zoologia. Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Biota Neotropica, Biota/Fapesp – O Instituto Virtual da Biodiversidade vol. 8, n. 4 (2008) Campinas, Centro de Referência em Informação Ambiental, 2008. Trimestral Publicação em português e inglês ISSN: 1678-6424 (Versão em português-impresso) Biodiversidade – Periódicos CDD-639-9 Diagramação e Normalização www.cubomultimidia.com.br http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Editorial Biodiversity and climate change in the Neotropical region. The isolation of South America from Central America and Africa during the Tertiary Period left a strong imprint on the biota of the Neotropics. For almost 100 million years Neotropical flora, fauna and microorganisms evolved in completely isolation. The emergence of a continuous land bridge, 3 Ma years ago, between Central and South America is well documented and is demonstrated by the arrival of temperate elements in South American highlands and concurrent appearance of South American taxa in Central America. There is strong evidence of displacement of the Neotropical fauna, especially mammals, by northern immigrants, but the same is not observed in relation to plants. The mix of taxa in extant Mexican tropical floras derived from tropical South America, tropical Central America, and from remnants of northern tropical Eocene floras is strong evidence for the impact that the land bridge through the Panamanian isthmus had on the Neotropical region (Burnham & Graham, 1999). Data on temperature changes during the late Tertiary and Quaternary Periods point to low-latitude temperature fluctuations of up to 6 °C. Proposals of accompanying widespread rainfall fluctuations are less equivocal. Rainfall probably varied regionally, resulting in a mosaic of habitats controlled by river migration, sea level fluctuations, local dryness, and local uplift. Zones postulated as refugia provide testable hypotheses using neo-ecological and paleo-ecological data (Burnham & Graham 1999). Although the refugia hypothesis is questioned today (Bush & Oliveira 2006), undoubtedly the effects of climate change on vegetation physiognomy played a crucial role in shaping not only the present pattern of mammalian distribution (de Vivo & Carmignotto 2004), but also of present biomes and ecotones. The final result of this long process of genesis and evolution of the Neotropical region, is that most of the Neotropical countries, such as Brazil, Colombia, Ecuador and Peru, are on the higher positions of any ranking of species richness. Brazil, in particular, occupies the first position in such rankings and is therefore considered the most Megadiverse country. So during millions of years there was a synergism between gradual and slow climate changes and speciation, giving time for natural selection and other evolutionary tolls to play their role. Sometime between 50.000 and 20.000 years ago, man arrived in the Neotropical region, and started to change this scenario, hunting some species to extinction, burning some areas and promoting local changes in rivers and estuaries. But it was in 1.500 with the arrival of the European that land transformation processes really sped up, and the time scale of environmental changes jumped from thousands to hundreds of years. Five hundred years later we are experiencing yet another jump in time scale, as climate and other environmental changes are now measurable in decades. There is a growing discrepancy between the speed of the evolutionary process and that of climate changes. As a consequence there is an exponential increase in extinction rates (Thomas et al. 2004) in particular in the Neotropical region. There is an urgent need to input authoritative knowledge on the likely impacts of climate change on biodiversity. There is a reasonable scientific consensus about the expected types of impacts on species and ecosystems, and a growing catalogue of documented changes that are consistent with climate change predictions. Nevertheless, there is much uncertainty about how individual species and ecosystems will respond to the combined impacts of future climate change and other pressures on biodiversity. Siqueira & Peterson (2003) working with 162 tree species of the Brazilian Cerrado, have shown that, in an optimistic scenario of up to 2 °C increase in average temperature, 18 species tend to disappear, in a more realistic scenario of up to 4 °C increase in average temperature, this number jumps to 56 species that probably will become extinct. Colombo & Joly (in press) used the same model to study 38 Atlantic Forest species of trees, and have shown that, in a scenario of up to 4 °C increase in average temperature, the area today occupied by these species is reduced in 65%. In Brazil, climate change is even more strongly linked with biodiversity loss, since 75% of the country’s emission of green house effect gases/GEG comes from burning forest to use the land for cattle and/or soybeans plantations. Therefore, in my opinion, Brazil has an historical opportunity and a moral obligation to start the Post-Kyoto Negotiations establishing a self-imposed, reduction target of, at least 35%, on its emissions of green house gases, achieved through reducing deforestation rates in 50%. http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 A country with an energy source matrix where more the 90% of the energy used comes from hydroelectric power stations and where at least 30% of the cars are running with sugar cane alcohol (without considering that all gasoline sold in Brazil has, at least, 20% of sugar cane alcohol), makes Brazil the unique case were a reduction in GEG can be made without jeopardizing the economic development of the country. The reduction in the deforestation rate, to achieve the self imposed reduction in GEG emission, must be measurable, permanent and monitored by Brazilian and International Research Institute/Organizations. If Brazil stops incinerating its rich biodiversity (in large part yet unknown by science),, giving the future generations a chance to use this natural asset in a more sustainable way, the country will voluntarily reduce its rate of GEG emissions. Obviously this will have a cost, and in my opinion it should be paid by developed countries, if the countries reduction in deforestation rates complies with the target set. References BURNHAM, R.J. & GRAHAM, A. The history of Neotropical vegetation: new developments and status. Ann. Missouri Bot. Gard., v.86, n.2, p. 546-589, 1999. BUSH, M.B. & OLIVEIRA, P. E. The rise and fall of the Refugial Hypothesis of Amazonian speciation: a paleoecological perspective. Biota Neotrop. 6(1): available at http://www.biotaneotropica.org.br/v6n1/en/abstract?point-of-view+bn00106012006 COLOMBO, A.F. & JOLY, C.A. 2008. Potential consequences of global climate change for arboreal species of the Atlantic Forest of Brazil. Conserv. Biol. (submitted). VIVO, M. & CARMIGNOTTO, A.P. 2004. Holocene vegetation change and the mammal faunas of South America and Africa. J. Biogeogr. 31:943-957. SIQUEIRA, M.F. & PETERSON, A.T. Consequences of global climate change for geographic distributions of Cerrado tree species. Biota Neotrop. 3(2): available at http://www.biotaneotropica.org.br/v3n2/pt/abstract?article+BN00803022003. THOMAS, C.D., CAMERON, A., GREEN, R.E., BAKLENES, M., BEAUMONT, L.J., COLLINGHAM, Y.C., ERASMUS, B.F.N., SIQUEIRA, M.F., GRAIGNER, A., HANNAH, L., HUGHES, L., HUNTLEY, B., van JAARSVELD, A.S., MIDGLEY, G.F. MILES, L., ORTEGA-HUERTA, M.A., PETERSON, A.T., PHILLIPS, O.L. & WILLIAMS, S.E. 2004. Extinction risk from climate change. Nature 427:145-148. Carlos Alfredo Joly Department of Botany, Biology Institute, State University of Campinas, CP 6109, CEP 13083-970, Campinas/SP, Brazil and Member of the Stirring Committee of the BIOTA/FAPESP Program http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Índice Sobre a BIOTA NEOTROPICA............................................................................................................................................... 9 Instruções aos autores.............................................................................................................................................................. 11 Bibliotecas de depósito da versão impressa........................................................................................................................... 17 Artigos Forrageamento de aves por frutos e insetos em restinga arbustiva, sudeste do Brasil Verônica Souza da Mota Gomes, Bette A. Loiselle & Maria Alice S. Alves........................................................................21 Detecção de áreas de endemismo em duas escalas espaciais utilizando a Análise de Parcimônia de Endemismos: região Neotropical e Mata Atlântica Mário Sérgio Sigrist & Claudio José Barros de Carvalho..................................................................................................33 Aspectos populacionais de Serrapinnus notomelas (Eigenmann, 1915) e Bryconamericus stramineus Eigenmann, 1908 (Characiformes: Characidae) em riachos da bacia do rio Ivinhema, Alto Rio Paraná Luzia da Silva Lourenço, Yzel Rondon Súarez & Alexandro Cezar Florentino...................................................................43 Diversidade de abelhas (Hymenoptera, Apidae) ao longo de um gradiente latitudinal na Mata Atlântica Rodrigo Barbosa Gonçalves & Carlos Roberto Ferreira Brandão.....................................................................................51 El zooplancton de un lago somero hipereutrófico de la región central de Argentina: cambios después de una década Santiago Andrés Echaniz, Alicia María Vignatti & Pablo César Bunino............................................................................63 Taxocenose de bagres marinhos (Siluriformes, Ariidae) da região estuarina de São Vicente, SP, Brasil Thassya Christina dos Santos Schmidt, Itamar Alves Martins, Alvaro Luis Diogo Reigada & June Ferraz Dias..............73 O uso de praias arenosas com diferentes concentrações humanas por espécies de aves limícolas (Charadriidae e Scolopacidae) neárticas no sudeste do Brasil César Cestari.......................................................................................................................................................................83 Novas referências de rodofíceas marinhas bentônicas para o litoral brasileiro José Marcos de Castro Nunes & Silvia Maria Pita de Beauclair Guimarães.....................................................................89 Nicho ecológico e aspectos da história natural de Phyllomedusa azurea (Anura: Hylidae, Phyllomedusinae) no Cerrado do Brasil Central Evellyn Borges de Freitas, Crizanto Brito De-Carvalho, Renato Gomes Faria, Renato de Carvalho Batista, Cássio de Carvalho Batista, Welington Araújo Coelho & Adriana Bocchiglieri..............................................................101 Choanoflagelados Loricados da zona costeira do Atlântico Sul (~32°S) incluindo a descrição de Diplotheca tricyclica sp. nov. Marli Bergesch, Clarisse Odebrecht & Øjvind Moestrup..................................................................................................111 Composição e distribuição vertical de pteridófitas epifíticas sobre Dicksonia sellowiana Hook. (Dicksoniaceae), em floresta ombrófila mista no sul do Brasil Luciane Lubisco Fraga, Luciano Basso da Silva & Jairo Lizandro Schmitt.....................................................................123 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Modelos alométricos para estimativa de fitomassa de Floresta Atlântica secundária no Sudeste do Brasil Déborah Moreira Burger & Welington Braz Carvalho Delitti..........................................................................................131 Inventários As borboletas (Lepidoptera, Papilionoidea) do Campus Universitário Darcy Ribeiro (Distrito Federal, Brasil) Carlos Eduardo Guimarães Pinheiro, Ivan Constantinov Malinov, Thiago Oliveira Andrade, Jonas Brochado Maravalhas, Marcelo Brito Moussallem de Andrade, Luis Paulo Aguiar de Deus, Luiz Gustavo Perrut Pedrosa & Gabriel Vargas Zanatta...................................................................................................139 Ictiofauna epígea e subterrânea na área cárstica da Serra do Ramalho, nordeste brasileiro, com listas de peixes troglóbios e troglófilos no Brasil George Mendes Taliaferro Mattox, Maria Elina Bichuette, Sandro Secutti1 & Eleonora Trajano...................................145 Mamíferos do Parque Estadual do Desengano, Rio de Janeiro, Brasil Thiago Carvalho Modesto, Flávia Soares Pessôa, Maria Carlota Enrici, Nina Attias, Tássia Jordão-Nogueira, Luciana de Moraes Costa, Hermano Gomes Albuquerque & Helena de Godoy Bergallo................................................153 Oligochaeta (Annelida: Clitellata) em córregos de baixa ordem do Parque Estadual de Campos do Jordão (São Paulo - Brasil) Guilherme Rossi Gorni & Roberto da Gama Alves...........................................................................................................161 Anfíbios da Marambaia: um remanescente naturalmente isolado de restinga e Floresta Atlântica do Sudeste do Brasil Hélio Ricardo da Silva, André Luiz Gomes de Carvalho & Gabriela Bueno Bittencourt-Silva........................................167 Revisões Temáticas Estado do conhecimento dos macroturbelários (Platyhelminthes) do Brasil Fernando Carbayo & Eudóxia Maria Froehlich...............................................................................................................177 Short Communications Primeiro registro de larvas de Chironomus inquinatus Correia, Trivinho‑Strixino & Michailova (Diptera, Chironomidae) vivendo no casco do cágado Phrynops geoffroanus Schweigger (Testudines, Chelidae) na região Neotropical Thiago Simon Marques, Bruno de Oliveira Ferronato, Isabela Guardia, Ana Luiza Bonfin Longo, Susana Trivinho-Strixino, Jaime Bertoluci & Luciano Martins Verdade...........................................................................201 Deslocamentos do golfinho-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus) no estado do Rio de Janeiro, sudeste do Brasil Liliane Lodi, Leonardo Liberali Wedekin, Marcos Roberto Rossi-Santos & Milton César Marcondes............................205 Novos registros de espécies de mosquitos (Diptera: Culicidae) em Santa Catarina e Paraná (Brasil) Gerson Azulim Müller, Eduardo Fumio Kuwabara, Jonny Edward Duque, Mario Antônio Navarro-Silva & Carlos Brisola Marcondes.................................................................................................................................................211 Ontogenia e aspectos comportamentais da larva de Phasmahyla guttata (Lutz, 1924) (Amphibia, Anura, Hylidae) Paulo Nogueira da Costa & Ana Maria Paulino Telles de Carvalho e Silva.....................................................................219 Notas sobre a distribuição, tamanho de grupo e comportamento do golfinho Tursiops truncatus (Cetacea: Delphinidae) na Ilha de Santa Catarina, sul do Brasil Leonardo Liberali Wedekin, Fábio Gonçalves Daura-Jorge, Marcos Roberto Rossi-Santos & Paulo César Simões-Lopes.................................................................................................................................................225 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Ocorrência de Atelocynus microtis (Sclater, 1882) na Floresta Nacional do Jamari, estado de Rondônia Allyson Diaz Koester, Carlos Renato de Azevedo, Alexandre Vogliotti & José Maurício Barbanti Duarte......................231 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 9 Sobre a BIOTA NEOTROPICA A revista BIOTA NEOTROPICA é editada pelo Programa BIOTA/FAPESP - O Instituto Virtual da Biodiversidade, e publica resultados de pesquisa original, vinculadas ou não ao programa, que abordem a temática caracterização, conservação e uso sustentável da biodiversidade na região Neotropical. Serão considerados para publicação trabalhos cujo conteúdo, no todo ou em parte, não tenha sido e não venha a ser publicado em outro periódico, pois os direitos autorais dos trabalhos publicados passam a ser da Biota Neotropica conforme Termo de Transferência assinado pelo(s) autores(as). Serão considerados trabalhos nas seguintes categorias: • Artigos; • Inventários; • Short Communications/Notas; • Revisões Temáticas; • Revisões Taxonômicas; • Chaves de Identificação Na versão on line também serão aceitos, para divulgação, resumos de Dissertações e Teses. A instituição responsável por esta publicação eletrônica é o Centro de Referência em Informação Ambiental/CRIA, sediado em Campinas, São Paulo. A revista BIOTA NEOTROPICA é publicada apenas on-line, via internet, usando a rede mundial de computadores como plataforma. Visando cumprir as exigências dos códigos nomenclaturais, 20 exemplares da BIOTA NEOTROPICA são impressos e depositados em bibliotecas de referência no Brasil e no exterior. Serão aceitos para publicação trabalhos em português, espanhol ou inglês. Todos os trabalhos, em qualquer categoria, deverão ter, obrigatoriamente, um título, resumo e palavras-chave em inglês e os mesmos itens a escolher entre português e espanhol. Para maiores detalhes, consulte o item normas. Excepcionalmente, em 2001 foi publicado apenas um número da Biota Neotropica, por isso todo material disponibilizado eletronicamente até 31 de dezembro de 2001 faz parte do volume 1, número 1/2. De 2002 a 2005 foram publicados dois números por ano, mas em função do crescimento da demanda qualificada de trabalhos submetidos à publicação, a partir de 2006 foram publicados 3 números por ano e a partir de 2008 a revista passou a ser trimestral. Todos trabalhos aprovados pela assessoria “ad hoc” e pela Comissão Editorial até 15 de março farão parte do número 1 do ano em curso, os trabalhos aprovados até 15 de junho farão parte do número 2, e os trabalhos aprovados até 15 de setembro e 15 de dezembro farão parte, respectivamente, dos números 3 e 4. Todos os trabalhos publicados na BIOTA NEOTROPICA têm um endereço eletrônico individual, que aparece no Abstract e no Resumo, tanto da versão “on line” como no PDF final. Por exemplo: http://www.biotaneotropica.org.br/v8n2/pt/abstract?point-of-view+bn00108022008, este código individual é composto pelo número que o manuscrito recebe quando submetido (001 no exemplo acima), o número do volume (08), o número do fascículo (02) e o ano (2008). Com exceção dos Resumos de Dissertação ou Tese, cuja publicação é uma reprodução exata e fiel do texto impresso na respectiva tese ou dissertação, todos os trabalhos submetidos à publicação na BIOTA NEOTROPICA serão avaliados por pelo menos dois assessores “ad hoc”. A BIOTA NEOTROPICA adota o sistema de assessoria conhecido como duplo cego: o(a) assessor(a) não sabe quem é (são) o(s) autor(es) do trabalho que está sendo analisando e o(s) autor(es) não sabe(m) quem fez a revisão de seu trabalho. Na fase de implantação da Biota Neotropica, e de desenvolvimento das ferramentas eletrônicas a associadas, o apoio financeiro da FAPESP e do CNPq cobria o custo de produção dos PDF, o custo de impressão das 20 cópias impressas, depositadas em bibliotecas de referência no Brasil e no Exterior para atender as exigências dos Códigos Nomenclaturais, e os custos de postagem destas cópias. Agora que a revista está implantada e, rapidamente se transformou em uma referência nacional para esta grande área que a caracterização e o uso sustentável da biodiversidade da região Neotropical abrange, é necessário desenvolvermos mecanismos de sustentabilidade da Biota Neotropica a médio e longo prazo. Neste sentido a Comissão Editorial da Biota Neotropica instituiu, a partir de 1º de março de 2007, a cobrança de uma taxa de R$ 25,00 (vinte e cinco reais) por página impressa de cada artigo publicado a partir do número 7(2). Este valor cobre os custos de produção do PDF, bem como da impressão e envio das cópias impressas às bibliotecas de referência. Os demais custos - de manutenção do site e das ferramentas eletrônicas - continuarão a depender de auxílios das agências de fomento à pesquisa. A taxa por página publicada será paga diretamente a empresa responsável pela produção do PDF. Os detalhes para o pagamento serão comunicados aos autores no estágio final de editoração do trabalho aceito para publicação. Visando atender as exigências dos Códigos Nomenclaturais de Botânica e Zoologia 20 cópias impressas da Biota Neotropica são depositadas em bibliotecas de referência no Brasil e no Exterior. Os autores de novos nomes ou combinações devem verificar se este procedimento atende às normas específicas do seu grupo taxonômico antes da submissão do manuscrito, pois a Comissão Editorial não se responsabiliza por esta verificação. Esta publicação é financiada com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo/FAPESP (Processo 07/50856-8). http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 11 Instruções aos Autores Os trabalhos submetidos à revista BIOTA NEOTROPICA devem ser enviados eletronicamente para o e-mail [email protected] ou então em CD para o endereço abaixo: Revista BIOTA NEOTROPICA a/c Dr. CARLOS ALFREDO JOLY Departamento de Botânica - IB/UNICAMP CP 6109, CEP 13083-970, Campinas, SP, Brasil Manuscritos que estejam de acordo com as normas serão enviados a assessores científicos selecionados pela Comissão Editorial. Em cada caso, o parecer será transmitido anonimamente aos autores. A aceitação dos trabalhos depende da decisão da Comissão Editorial. Ao submeter o manuscrito, defina em que categoria (Artigo, Short Communication etc.) deseja publicálo e indique uma lista de, no mínimo, quatro possíveis assessores(as), 2 do exterior no caso de trabalhos em inglês, com as respectivas instituições e e-mail.No caso de manuscritos em inglês, indicar pelo menos 2 revisores estrangeiros, de preferência de países de língua inglesa. O trabalho somente receberá data definitiva de aceitação após aprovação pela Comissão Editorial, quanto ao mérito científico e conformidade com as normas aqui estabelecidas. Essas normas valem para trabalhos em todas as categorias, exceto quando explicitamente informado. Desde 1º de março de 2007 a Comissão Editorial da Biota Neotropica instituiu a cobrança de uma taxa de R$ 25,00 (vinte e cinco reais) por página impressa de cada artigo publicado a partir do número 7(2). Este valor cobre os custos de produção do PDF, bem como da impressão e envio das cópias impressas às bibliotecas de referência. Os demais custos - de manutenção do site e das ferramentas eletrônicas - continuarão a depender de auxílios das agências de fomento à pesquisa. Ao submeter o manuscrito: a) defina em que categoria (Artigo, Short Communication etc.) deseja publicá-lo; b) indique uma lista de, no mínimo, quatro possíveis assessores(as), com as respectivas instituições e e-mail; c) manifeste por escrito a concordância com o pagamento da taxa de R$ 25,00 (vinte e cinco reais) por página impressa, caso seu trabalho seja aceito para publicação na Biota Neotropica. Os trabalhos deverão ser enviados em arquivos em formato DOC (MS-Word for Windows versão 6.0 ou superior) ou, preferencialmente, em formato RTF (Rich Text Format). Os trabalhos poderão conter os links eletrônicos que o autor julgar apropriados. A inclusão de links eletrônicos é encorajada pelos editores por tornar o trabalho mais rico. Os links devem ser incluídos usando-se os recursos disponíveis no MS-Word para tal. Antes de serem publicados, todos os trabalhos terão sua formatação gráfica refeita, de acordo com padrões pré-estabelecidos pela Comissão Editorial. para cada categoria, antes de serem publicados. As imagens e tabelas pertencentes ao trabalho serão inseridas no texto final, a critério dos Editores, de acordo com os padrões previamente estabelecidos. Os editores se reservam o direito de incluir links eletrônicos apenas às referências internas a figuras e tabelas citadas no texto, assim como a inclusão de um índice, quando julgarem apropriado. O PDF do trabalho em sua formatação final será apresentado ao autor para que seja aprovado para publicação. Fica reservado ainda aos editores, o direito de utilização de imagens dos trabalhos publicados para a composição gráfica do site. Pontos de Vista Esta seção servirá de fórum para a discussão acadêmica de um tema relevante para o escopo da revista. A convite do Editor Chefe um(a) pesquisador(a) escreverá um artigo curto, expressando de uma forma provocativa o(s) seu(s) ponto(s) de vista sobre o tema em questão. A critério da Comissão Editorial. a revista poderá publicar respostas ou considerações de outros pesquisadores(as) estimulando a discussão sobre o tema. As opiniões expressas no Ponto de Vista e na(s) respectiva(s) resposta(s) são de inteira responsabilidade do(s) autor(es). Resumos de Teses e Dissertações Deverão ser enviados para a Comissão Editorial: • nomes completos do autor e orientador com filiação, endereço e e-mail; • cópia do resumo da tese/dissertação em inglês e em português ou espanhol exatamente como aprovado para a versão final da mesma; • títulos em inglês e em português ou espanhol; • palavras-chave em inglês e em português ou espanhol, evitando a repetição de palavras já utilizadas no título • cópia da Ficha Catalográfica como publicada na versão final da tese/dissertação. Poderão ser indicadas as referências bibliográficas de artigos resultantes da tese/dissertação. Resumos, Abstracts e Fichas Catalográficas publicadas nesta seção da BIOTA NEOTROPICA são cópias fiéis da respectiva Tese/Dissertação de Mestrado/Doutorado. Portanto, não são publicações, não passam pelo crivo da Comissão Editorial., não serão incluídas na versão impressa depositada nas bibliotecas de referência e são de inteira responsabilidade do(a) autor(a). http://www.biotaneotropica.org.br 12 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Para a publicação de trabalhos nas demais categorias: Ao serem submetidos, os trabalhos enviados à revista BIOTA NEOTROPICA devem ser divididos em dois arquivos: um primeiro arquivo contendo todo o texto do manuscrito, incluindo o corpo principal do texto (primeira página, resumo, introdução, material, métodos, resultados, discussão, agradecimentos e referências), as tabelas e as legendas das figuras; e um segundo arquivo contendo as figuras. Estas deverão ser submetidas em baixa resolução (e.g., 72 dpi para uma figura de 9 x 6 cm), de forma que o arquivo de figuras não exceda 2 MBytes. Em casos excepcionais, poderão ser submetidos mais de um arquivo de figuras, sempre respeitando o limite de 2 MBytes por arquivo. É encorajada, como forma de reduzir o tamanho do(s) arquivo(s) de figura, a submissão em formatos compactados (e.g., ZIP). É imprescindível que o autor abra os arquivos que preparou para submissão e verifique, cuidadosamente, se as figuras, gráficos ou tabelas estão, efetivamente, no formato desejado. Após o aceite definitivo do manuscrito o(s) autor(es) deverá(ão) subdividir o trabalho em um conjunto específico de arquivos, com os nomes abaixo especificados, de acordo com seus conteúdos. Os nomes dos arquivos deverão ter a extensão apropriada para o tipo de formato utilizado (.rtf, para arquivos em Rich Text Format,.doc para MS-Word,.gif para imagens em GIF,.jpg para imagens em JPEG etc.), devem ser escritos em letras minúsculas e não devem apresentar acentos, hífens, espaços ou qualquer caractere extra. Nesta submissão final, as figuras deverão ser apresentadas em alta resolução. Em todos os textos deve ser utilizada, como fonte básica, Times New Roman, tamanho 10. Nos títulos das seções usar tamanho 12. Podem ser utilizados negritos, itálicos, sublinhados, subscritos e superscritos, quando pertinente. Evite, porém, o uso excessivo desses recursos. Em casos especiais (ver fórmulas abaixo), podem ser utilizadas as seguintes fontes: Courier New, Symbol e Wingdings. Documento principal Um único arquivo chamado Principal.rtf ou Principal.doc com os títulos, resumos e palavras-chave em português ou espanhol e inglês, texto integral do trabalho, referências bibliográficas, tabelas e legendas de figuras. Esse arquivo não deve conter figuras, que deverão estar em arquivos separados, conforme descrito a seguir. O manuscrito deverá seguir o seguinte formato: Título conciso e informativo • Títulos em português ou espanhol e em inglês (Usar letra maiúscula apenas no início da primeira palavra e quando for pertinente, do ponto de vista ortográfico ou de regras científicas pré-estabelecidas); • Título resumido Autores • Nome completo dos autores com numerações (sobrescritas) para indicar as respectivas filiações • Filiações e endereços completos, com links eletrônicos para as instituições. Indicar o autor para correspondência e respectivo e-mail Resumos/Abstract - com no máximo, 300 palavras • Título em inglês e em português ou espanhol • Resumo em inglês (Abstract) • Palavras-chave em inglês (Key words) evitando a repetição de palavras já utilizadas no título • Resumo em português ou espanhol • Palavras-chave em português ou espanhol evitando a repetição de palavras já utilizadas no título As palavras-chave devem ser separadas por vírgula e não devem repetir palavras do título. Usar letra maiúscula apenas quando for pertinente, do ponto de vista ortográfico ou de regras científicas pré-estabelecidas. Corpo do Trabalho 1. Seções No caso do trabalho estar nas categorias “Artigo Científico”, “Short Communication”, “Inventário” e “Chave de Identificação”, ele deverá ter a seguinte estrutura: • Introdução (Introduction) • Material e Métodos (Material and Methods) • Resultados (Results) • Discussão (Discussion) • Agradecimentos (Acknowledgments) • Referências bibliográficas (References) http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 13 A critério do autor, os itens Resultados e Discussão podem ser fundidos no caso de Short Communications. Não use notas de rodapé, inclua a informação diretamente no texto, pois torna a leitura mais fácil e reduz o número de links eletrônicos do manuscrito. 2. Casos especiais No caso da categoria “Inventários” a listagem de espécies, ambientes, descrições, fotos etc., devem ser enviadas separadamente para que possam ser organizadas conforme formatações específicas. Além disso, para viabilizar o uso de ferramentas eletrônicas de busca, como o XML, a Comissão Editorial enviará aos autores dos trabalhos aceitos para publicação instruções específicas para a formatação da lista de espécies citadas no trabalho. Na categoria “Chaves de Identificação” a chave em si deve ser enviada separadamente para que possa ser formatada adequadamente. No caso de referência de material coletado é obrigatória a citação das coordenadas geográficas do local de coleta. Sempre que possível a citação deve ser feita em graus, minutos e segundos (Ex. 24° 32’ 75” S e 53° 06’ 31” W). No caso de referência a espécies ameaçadas especificar apenas graus e minutos. 3. Numeração dos subtítulos O título de cada seção deve ser escrito sem numeração, em negrito, apenas com a inicial maiúscula (Ex. Introdução, Material e Métodos etc.). Apenas dois níveis de subtítulos serão permitidos, abaixo do título de cada seção. Os subtítulos deverão ser numerados em algarismos arábicos seguidos de um ponto para auxiliar na identificação de sua hierarquia quando da formatação final do trabalho. Ex. Material e Métodos; 1. Subtítulo; 1.1. Sub-subtítulo). 4. Citações bibliográficas Colocar as citações bibliográficas de acordo com o seguinte padrão: Silva (1960) ou (Silva 1960) Silva (1960, 1973) Silva (1960a, b) Silva & Pereira (1979) ou (Silva & Pereira 1979) Silva et al. (1990) ou (Silva et al. 1990) (Silva 1989, Pereira & Carvalho 1993, Araújo et al. 1996, Lima 1997) Citar referências a resultados não publicados ou trabalhos submetidos da seguinte forma: (A.E. Silva, dados não publicados). Em trabalhos taxonômicos, detalhar as citações do material examinado, conforme as regras específicas para o tipo de organismo estudado. 5. Números e unidades Citar números e unidades da seguinte forma: • escrever números até nove por extenso, a menos que sejam seguidos de unidades; • utilizar, para número decimal, vírgula nos artigos em português ou espanhol (10,5 m) ou ponto nos escritos em inglês (10.5 m); • utilizar o Sistema Internacional de Unidades, separando as unidades dos valores por um espaço (exceto para porcentagens, graus, minutos e segundos); • utilizar abreviações das unidades sempre que possível. Não inserir espaços para mudar de linha caso a unidade não caiba na mesma linha. 6. Fórmulas Fórmulas que puderem ser escritas em uma única linha, mesmo que exijam a utilização de fontes especiais (Symbol, ourier New e Wingdings), poderão fazer parte do texto. Ex. a = p.r2 ou Na2HPO, etc. Qualquer outro tipo de fórmula ou C equação deverá ser considerada uma figura e, portanto, seguir as regras estabelecidas para figuras. 7. Citações de figuras e tabelas Escrever as palavras por extenso (Ex. Figura 1, Tabela 1, Figure 1, Table 1) 8. Referências bibliográficas Adotar o formato apresentado nos seguintes exemplos, colocando todos os dados solicitados, na seqüência e com a pontuação indicadas, não acrescentando itens não mencionados: FERGUSON, I.B. & BOLLARD, E.G. 1976. The movement of calcium in woody stems. Ann. Bot. 40(6):1057-1065. SMITH, P.M. 1976. The chemotaxonomy of plants. Edward Arnold, London. http://www.biotaneotropica.org.br 14 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 SNEDECOR, G.W. & COCHRAN, W.G. 1980. Statistical methods. 7 ed. Iowa State University Press, Ames. SUNDERLAND, N. 1973. Pollen and anther culture. In Plant tissue and cell culture (H.F. Street, ed.). Blackwell Scientific Publications, Oxford, p.205-239. BENTHAM, G. 1862. Leguminosae. Dalbergiae. In Flora Brasiliensis (C.F.P. Martius & A.G. Eichler, eds). F. Fleischer, Lipsiae, v.15, pars 1, p.1-349. MANTOVANI, W., ROSSI, L., ROMANIUC NETO, S., ASSAD-LUDEWIGS, I.Y., WANDERLEY, M.G.L., MELO, M.M.R.F. & TOLEDO, C.B. 1989. Estudo fitossociológico de áreas de mata ciliar em Mogi-Guaçu, SP, Brasil. In Simpósio sobre mata ciliar (L.M. Barbosa, coord.). Fundação Cargil, Campinas, p.235-267. STRUFFALDI-DE VUONO, Y. 1985. Fitossociologia do estrato arbóreo da floresta da Reserva Biológica do Instituto de Botânica de São Paulo, SP. Tese de doutorado, Universidade de São Paulo, São Paulo. FISHBASE. http://www.fishbase.org/home.htm (último acesso em dd/mmm/aaaa) Abreviar títulos dos periódicos de acordo com o “World List of Scientific Periodicals” (http://library.caltech.edu/reference/ abbreviations/) ou conforme o banco de dados do Catálogo Coletivo Nacional (CCN -IBICT) (busca disponível em http://www. ct.ibict.br:82/ccn/owa/ccn_consulta ). Para citação dos trabalhos publicados na BIOTA NEOTROPICA seguir o seguinte exemplo: PORTELA, R.C.Q. & SANTOS, F.A.M. 2003. Alometria de plântulas e jovens de espécies arbóreas: copa x altura. Biota Neotrop. 3(2): http://www.biotaneotropica.org.br/v3n2/pt/abstract?article+BN00503022003 (último acesso em dd/mm/aaaa) Todos os trabalhos publicados na BIOTA NEOTROPICA têm um endereço eletrônico individual, que aparece imediatamente abaixo do(s) nome(s) do(s) autor(es) no PDF do trabalho. Este código individual é composto pelo número que o manuscrito recebe quando submetido (005 no exemplo acima), o número do volume (03), o número do fascículo (02) e o ano (2003). 9. Tabelas Nos trabalhos em português ou espanhol os títulos das tabelas devem ser bilíngües, obrigatoriamente em português/espanhol e em inglês, e devem estar na parte superior das respectivas tabelas. O uso de duas línguas facilita a compreensão do conteúdo por leitores do exterior quando o trabalho está em português. As tabelas devem ser numeradas sequencialmente com números arábicos. Caso uma tabela tenha uma legenda, essa deve ser incluída nesse arquivo, contida em um único parágrafo, sendo identificada iniciando-se o parágrafo por Tabela N, onde N é o número da tabela. 10. Figuras Mapas, fotos, gráficos são considerados figuras. As figuras devem ser numeradas sequencialmente com números arábicos. Na submissão inicial do trabalho, as imagens devem ser enviadas na menor resolução possível, para facilitar o envio eletrônico do trabalho para assessoria “ad hoc”. Na submissão inicial, todas as figuras deverão ser inseridas em um arquivo único, tipo ZIP, de no máximo 2 MBytes. Em casos excepcionais, poderão ser submetidos mais de um arquivo de figuras, sempre respeitando o limite de 2 MBytes por arquivo. É encorajada, como forma de reduzir o tamanho do(s) arquivo(s) de figura, a submissão em formatos compactados. Para avaliação da editoria e assessores, o tamanho dos arquivos de imagens deve ser de 10 x 15 cm com 72 dpi de definição (isso resulta em arquivos JPG da ordem de 60 a 100 Kbytes). O tamanho da imagem deve, sempre que possível, ter uma proporção de 3 x 2 ou 2 x 3 cm entre a largura e altura. No caso de pranchas os textos inseridos nas figuras devem utilizar fontes sans-serif, como Arial ou Helvética, para maior legibilidade. Figuras compostas por várias outras devem ser identificadas por letras (Ex. Figura 1a, Figura 1b). Utilize escala de barras para indicar tamanho. As figuras não devem conter legendas, estas deverão ser especificadas em arquivo próprio. Quando do aceite final do manuscrito, as figuras deverão ser apresentadas com alta resolução e em arquivos separados. Cada arquivo deve ser denominado como figura N.EXT, onde N é o número da figura e EXT é a extensão, de acordo com o formato da figura, ou seja, jpg para imagens em JPEG, gif para imagens em formato gif, tif para imagens em formato TIFF, bmp para imagens em formato BMP. Assim, o arquivo contendo a figura 1, cujo formato é tif, deve se chamar figura1.tif. Uma prancha composta por várias figuras a, b, c, d é considerada uma figura. Aconselha-se o uso de formatos JPEG e TIFF para fotografias e GIF ou BMP para gráficos. Outros formatos de imagens poderão também ser aceitos, sob consulta prévia. Para desenhos e gráficos os detalhes da resolução serão definidos pela equipe de produção do PDF em contacto com os autores. As legendas das figuras devem fazer parte do arquivo texto Principal.rtf ou Principal.doc. inseridas após as referências bibliográficas. Cada legenda deve estar contida em um único parágrafo e deve ser identificada, iniciando-se o parágrafo por Figura N, onde N é o número da figura. Figuras compostas podem ou não ter legendas independentes. http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 15 Nos trabalhos em português ou espanhol todas as legendas das figuras devem ser bilíngües, obrigatoriamente, em português/ espanhol e em inglês. O uso de duas línguas facilita a compreensão do conteúdo por leitores do exterior quando o trabalho está em português. 11. Arquivo de conteúdo Todas as submissões deverão conter necessariamente 4 arquivos: carta encaminhamento (doc ou rtf) indicando título do manuscrito, autores e filiação, autor para correspondência (email) e manifestando por escrito a concordância com o pagamento da taxa de R$ 25,00 (vinte e cinco reais) por página impressa, caso o trabalho seja aceito para publicação na Biota Neotropica; principal (doc ou rtf), reunindo todos os arquivos de texto do trabalho; figuras (doc ou zip) - pode haver mais de um arquivo figuras (figuras 1, figuras 2...) se o tamanho ultrapassar 2Mb; assessores (doc ou rtf), com a indicação dos possíveis assessores para o trabalho. Os arquivos podem ser enviados separadamente ou incluídos em um único arquivo zip. Juntamente com os arquivos que compõem o artigo, deve ser enviado um arquivo denominado Índice.doc ou Índice.rtf, que contenha a relação dos nomes de todos os arquivos que fazem parte do documento, especificando um por linha. http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 17 Bibliotecas de depósito da versão impressa FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL Depósito Legal Departamento de Processos Técnicos Av Rio Branco, 219/239 - 3o. andar 20040-008 - RIO DE JANEIRO/RJ BRASIL INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA/INPA Biblioteca - Av. André Araújo, 2936 Caixa Postal 478 69083-000 - MANAUS/AM BRASIL MUSEU PARAENSE EMILIO GOELDI Biblioteca Domingos Soares Ferreira Penna Departamento de Documentação e Informação (DOC) Av. Perimetral 1901, Caixa Postal 399 66077-530 - BELÉM/PA BRASIL BIBLIOTECA DO MUSEU NACIONAL Av. General Herculano Gomes s/n Horto Botânico - Quinta da Boa Vista 20942-360 - RIO DE JANEIRO/RJ BRASIL JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO Biblioteca Barbosa Rodrigues R. Jardim Botânico, 1008 22460-000 - RIO DE JANEIRO/RJ BRASIL BIBLIOTECA DO MUSEU DE ZOOLOGIA/USP Av. Nazaré 481 04263-000 - SÃO PAULO/SP BRASIL BIBLIOTECA DO INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS/ USP Ed. Paulo Sawaya - Centro Didático Rua do Matão, 303 05508-900 - SÃO PAULO/SP BRASIL BIBLIOTECA DO INSTITUTO DE BIOLOGIA/UNICAMP Cidade Universitária “Zeferino Vaz” Caixa Postal 6109 13083-970 - CAMPINAS/SP BRASIL http://www.biotaneotropica.org.br BRITISH LIBRARY Boston Spa Weteherby - West Yorkshire LS23 7BQ UK ROYAL BOTANIC GARDENS KEW Library & Archives Kew Surrey TW9 3AB UK LIBRARY SMITHSONIAN INSTITUTION NMHN Room 51, Stop 154 Washington, DC 20013-7012 MISSOURI BOTANICAL GARDEN LIBRARY P.O. Box 299 Saint Louis, Missouri 63166-0299 USA CSIRO/ BLACK MOUNTAIN LIBRARY GPO Box 109 Canberra ACT 2601 AUSTRALIA BIBLIOTECA DEL INSTITUTO DE BIOLOGIA, UNAM 3er. Circuito Exterior Jardín Botánico Cidade Universitaria Mexico, DF 04510 A.P. 70-233 MEXICO FREIE UNIVERSITÄT BERLIN ZE Botanischer Garten und Botanisches Museum Bibliothek/Library Königin-Luise-Str. 6-8 D-14191 Berlin GERMANY SOUTH AFRICAN NATION AL BIODIVERSITY INSTITUTE (SANBI) Mary Gunn Library Private Bag X101 0001 Pretoria SOUTH AFRICA Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 19 Artigos Forrageamento de aves por frutos e insetos em restinga arbustiva, sudeste do Brasil Verônica Souza da Mota Gomes, Bette A. Loiselle & Maria Alice S. Alves........................................................................21 Detecção de áreas de endemismo em duas escalas espaciais utilizando a Análise de Parcimônia de Endemismos: região Neotropical e Mata Atlântica Mário Sérgio Sigrist & Claudio José Barros de Carvalho..................................................................................................33 Aspectos populacionais de Serrapinnus notomelas (Eigenmann, 1915) e Bryconamericus stramineus Eigenmann, 1908 (Characiformes: Characidae) em riachos da bacia do rio Ivinhema, Alto Rio Paraná Luzia da Silva Lourenço, Yzel Rondon Súarez & Alexandro Cezar Florentino...................................................................43 Diversidade de abelhas (Hymenoptera, Apidae) ao longo de um gradiente latitudinal na Mata Atlântica Rodrigo Barbosa Gonçalves & Carlos Roberto Ferreira Brandão.....................................................................................51 El zooplancton de un lago somero hipereutrófico de la región central de Argentina: cambios después de una década Santiago Andrés Echaniz, Alicia María Vignatti & Pablo César Bunino............................................................................63 Taxocenose de bagres marinhos (Siluriformes, Ariidae) da região estuarina de São Vicente, SP, Brasil Thassya Christina dos Santos Schmidt, Itamar Alves Martins, Alvaro Luis Diogo Reigada & June Ferraz Dias..............73 O uso de praias arenosas com diferentes concentrações humanas por espécies de aves limícolas (Charadriidae e Scolopacidae) neárticas no sudeste do Brasil César Cestari.......................................................................................................................................................................83 Novas referências de rodofíceas marinhas bentônicas para o litoral brasileiro José Marcos de Castro Nunes & Silvia Maria Pita de Beauclair Guimarães.....................................................................89 Nicho ecológico e aspectos da história natural de Phyllomedusa azurea (Anura: Hylidae, Phyllomedusinae) no Cerrado do Brasil Central Evellyn Borges de Freitas, Crizanto Brito De-Carvalho, Renato Gomes Faria, Renato de Carvalho Batista, Cássio de Carvalho Batista, Welington Araújo Coelho & Adriana Bocchiglieri..............................................................101 Choanoflagelados Loricados da zona costeira do Atlântico Sul (~32°S) incluindo a descrição de Diplotheca tricyclica sp. nov. Marli Bergesch, Clarisse Odebrecht & Øjvind Moestrup..................................................................................................111 Composição e distribuição vertical de pteridófitas epifíticas sobre Dicksonia sellowiana Hook. (Dicksoniaceae), em floresta ombrófila mista no sul do Brasil Luciane Lubisco Fraga, Luciano Basso da Silva & Jairo Lizandro Schmitt.....................................................................123 Modelos alométricos para estimativa de fitomassa de Floresta Atlântica secundária no Sudeste do Brasil Déborah Moreira Burger & Welington Braz Carvalho Delitti..........................................................................................131 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Birds foraging for fruits and insects in shrubby restinga vegetation, southeastern Brazil Verônica Souza da Mota Gomes1,3,4, Bette A. Loiselle2 & Maria Alice S. Alves3 1 Programa de Pós-Graduação em Ecologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, Ilha do Fundão, CCS, Bloco A, Sala A1 008, CP 68020, CEP 21941-590, Rio de Janeiro, RJ, Brazil, www.ufrj.br 2 Department of Biology, 8001, Natural Bridge Road, University of Missouri, St. Louis, St. Louis, MO 63121-4499, USA, www.umsl.edu 3 Departamento de Ecologia, IBRAG, Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, Rua São Francisco Xavier, 524, Maracanã, CEP 20550-011, Rio de Janeiro, RJ, Brazil, e-mail: [email protected], www.uerj.br 4 Corresponding author: Verônica Souza da Mota Gomes, e-mail: [email protected] GOMES, V.S.M., LOISELLE, B.A. & ALVES, M.A.S. 2008. Birds foraging for fruits and insects in shrubby restinga vegetation, southeastern Brazil. Biota Neotrop. 8(4): http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/ abstract?article+bn00208042008. Abstract: Understanding how birds use vegetation to obtain food resources has implications for habitat conservation and management. Restinga is a poorly known and threatened tropical habitat, associated to the Atlantic forest, that could benefit from this kind of information to know which plants can be used and dispersed by birds that can help on the maintenance of this habitat. Frugivorous and insectivorous birds are important components of tropical ecosystems, such as restinga. To provide more information regarding the ecology of restinga, we studied the feeding behavior and spatial use of this vegetation by birds at Restinga de Jurubatiba National Park, southeastern Brazil. We found that feeding behavior was similar to that recorded for the same species in other vegetation types. In addition, spatial use of the restinga vegetation by the most abundant species did not overlap greatly, except for two insectivorous species that used different foraging maneuvers and two frugivorous birds that foraged in flocks. The two most abundant species were generalists in their diet and were capable of feeding at the ground level on sand substrate. Keywords: Atlantic forest, behavior, diet, Mimus gilvus, Zonotrichia capensis. GOMES, V.S.M., LOISELLE, B.A. & ALVES, M.A.S. 2008. Forrageamento de aves por frutos e insetos em restinga arbustiva, sudeste do Brasil. Biota Neotrop., 8(4): http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/ abstract?article+bn00208042008. Resumo: O conhecimento das estratégias de uso da vegetação pela fauna para forrageio tem implicações para conservação e manejo de habitats. Restinga é um ambiente tropical, associado à Mata Atlântica, ameaçado e ainda pouco conhecido que poderia se beneficiar desse tipo de informação para conhecer quais espécies de plantas podem ser utilizadas e dispersas por aves que atuem na manutenção deste habitat. Aves frugívoras e insetívoras são importantes componentes de ecossistemas tropicais, como a restinga. Para fornecer mais informações sobre a ecologia da restinga, nós estudamos o comportamento de forrageio e o uso do espaço das aves no Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, sudeste do Brasil. Nós encontramos que os comportamentos de forrageio foram similares àqueles registrados para as mesmas espécies em outros ambientes. Além disso, o uso do espaço da vegetação de restinga pelas espécies mais abundantes não apresentou grande sobreposição, exceto por duas espécies insetívoras que usaram manobras de forrageio diferentes e duas aves frugívoras que forragearam em bando. As duas espécies mais abundantes foram generalistas em suas dietas e foram capazes de forragear no chão sobre areia nua. Palavras-chave: Mata Atlântica, comportamento, dieta, Mimus gilvus, Zonotrichia capensis. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?article+bn00208042008 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 22 Gomes, V.S.M. et al. Introduction Foraging ecology of birds often is limited by foliage structure, plant height and life forms and, therefore, plant community composition influences the ecology and composition of bird communities (Robinson & Holmes 1982, 1984, Holmes & Recher 1986, Parker 1986, Whelan 2001, Hasui et al. 2007). Furthermore, some birds forage preferentially on certain plant species (e.g., Parker 1986, Warburton et al. 1992), such as conifer trees of economic importance (Airola & Barrett 1985). Birds also are known to forage at different heights in the same plant species as shown by the classic work of MacArthur (1958) and others (Holmes et al. 1979, Parker 1986). This pattern corroborates the idea that closely-related species that co-occur rarely use the same habitat in the same way, avoiding competition for limited resources (Wiens 1989). Past and present selection, therefore, influences the ecology of interactions within any vegetation type, as well as the strength of those interactions. Some changes in vegetation structure and composition caused by deforestation may disrupt those interactions and change bird community composition (Canterbury et al. 2000, Gabbe et al. 2002, Sekercioglu 2002). Therefore, understanding how birds specifically use vegetation and individual plant species to obtain food resources likely has implications for habitat conservation and management, pointing out important plant species or structures that could be chosen for habitat restoration, which could attract seed dispersers to the area (Meli 2003), resulting in acceleration of forest succession (McClanahan & Wolfe 1993). Frugivorous birds are important components of ecosystems, as they influence plant regeneration through seed dispersal (Stiles 1992, Gorchov et al. 1993, Pizo 1997, Howe & Miriti 2000, Bleher & Bohning-Gaese 2001). However, foraging behavior of birds may influence their effectiveness as dispersers (Sorensen 1984, Schupp 1993, Witmer & Van Soest 1998). Similarly, insectivorous birds are important components of ecosystems as they may control populations of insect herbivores on certain plant species (Van Ball et al. 2003); their preferences for some foraging microhabitats generally determine what species or type of prey are eaten (Wolda 1990). Restinga is a coastal Brazilian ecosystem that is geologically recent and relatively poor in the number of endemic species; flora and fauna of restinga are typical of the Atlantic forest (Rizzini 1979, Lacerda et al. 1993, Cerqueira 2000, Reis & Gonzaga 2000, Alves et al. 2004). However, there is little ecological information on restinga birds to confirm whether they have similar habits to other tropical ecosystems, including other vegetation types within the Atlantic forest region (but see Novaes 1950, Venturini et al. 1996, Castiglioni 1998, Argel-de-Oliveira 1999, Scherer et al. 2007). The seasonal presence of non-breeding birds (Gonzaga et al. 2000, Alves et al. 2004) and the great threat to restinga from farmers and construction of second homes along the beach (Lacerda et al. 1993) highlight the importance of ecological studies that may inform conservation measures. Furthermore, marginal habitats to the Atlantic forest as restingas are often neglected in conservation strategies (Scarano 2002). The main goal of the present study is to examine spatial use of restinga vegetation by the most common terrestrial birds when foraging on fruits and/or arthropods. In addition, we present information on general foraging ecology of 37 other bird species that also feed on fruits and arthropods in restinga. By indicating what plants birds prefer to forage on and how they partition space during foraging, we expect to contribute to support conservation of restinga vegetation. Material and Methods Data were collected in the Restinga de Jurubatiba National Park (22° 17’ S and 41° 41’ W), created in 1998 in Macaé, on the north http://www.biotaneotropica.org.br shore of Rio de Janeiro State. This region is a holocenic sandy plain covered by a mosaic of plant communities called restinga. The landscape is also marked by the presence of many coastal lakes with various salinity levels. Climate is characterized by a wet season between October and April and a drier season between May and September. Mean annual rainfall is 1200 mm and temperature 22.6° C. The dominant plant formation is the Open Clusia Formation, formed by patches of vegetation that cover 20 to 48% of the soil and reach 5 m high, with few small plants in between. The Park also includes forest formations, Ericaceae Shrub Formation and other formations with smaller plants, totaling ten plant communities (Henriques et al. 1986, Araujo et al. 1998, Pimentel 2002). The present study was developed in the Open Clusia Formation in two sites: next to “Lagoa Comprida” (22° 16’ 41’’ S and 41° 39’ 41’’ W) and approximately two kilometers to northeast from that site (22° 16’ 13.2’’ S and 41° 38’ 50.3’’ W). Observations were made between 6:00 and 12:00 h and between 13:00 and 18:00 h, walking along three parallel transects in each site. Each trail was approximately 200 m long and 50 m distant from any other transect. We walked at a constant speed until a foraging bird was detected; the bird was followed until lost. During 100 h of observations, we recorded the following information: bird species (following Dunning 1989, Sick 1997, and museum collections for Elaenia spp.), plant species (when possible), foraging height, foraging position (relative to plant height), food item and foraging behavior (maneuver). Foraging maneuvers were characterized as one of nine types (adapted from Remsen & Robinson 1990), and then grouped into five categories: glean, on-perch maneuvers (reach, hang), sally (sally-strike, sally-pounce, sally-hover), ground maneuver (leap, lunge), and hawk. Food items considered were fruits and arthropods, and to determine predominance of one or the other in each species’ diet, we considered the occurrence of those items in fecal samples and observations. Fecal samples were obtained from all birds captured, except for Columbina spp. (essentially seed-eaters), Trochilidae (essentially nectar-feeders) and nocturnal birds during 3640 net-hours (2.5 x 12 m; 36 mm mesh). Common names are as in Dunning (1989) and authors and years from CBRO (2007). We determined the relative availability of plant species to evaluate the foraging sites available and used by birds. Shrubs and trees (with 2.5 cm DBH or greater) with 0.5 m or taller were sampled using the point-centered quarter method (Sylvestre & Rosa 2002). In each sample area, two transects separated by 40 m, with 25 points spaced at 10 m intervals were sampled; this resulted in a total of 400 plants sampled. At each sample point, we identified and measured the distance and circumference at 0.5 m height for the four plants closest to each point. We then calculated the Importance Value Index (IVI, Brower & Zar 1984) for each species, taking into account relative frequency (in 100 points), relative abundance and relative cover (basal area at 0.5 m high). Availability of each plant species was calculated as the total IVI for that species. From the available plants, 35% were identified only to morphospecies. We estimated the preference of bird species for each plant species using Jacobs’ index: D = (u - p) / (u + p – 2 up) (1) where: u is proportion of that plant species used by the bird species, and p is proportion of plant species available (Jacobs 1974). Only the plant species used when foraging for arthropods were used in this analysis, as fruit consumption depends on variables other than plant availability (e.g., fruit size, fruit abundance, chemistry) and will be discussed elsewhere. From the species used by the birds, only five species were not identified. Here we include in each statistical analysis only the bird species with at least five independent observations for each variable (height, http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?article+bn00208042008 23 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Birds foraging in restinga Results We recorded 1.53 individuals foraging per hour of observation. This low encounter rate reflects the difficulty in detecting foraging birds in this habitat. Although it is an open habitat, the vegetation patches often are dense and compact. From the bird species detected foraging, 71.4% were frugivorous (fruits consumed in at least one observation), while the remaining species consumed animals (mainly arthropods - insectivorous) (Table 1). We recorded foraging observations from 162 individuals of 25 species. The most common foraging maneuver observed was gleaning from a perch (20 species), while sally maneuvers were used by 10 species (Table 1). Only two species foraged from the ground and five species used hawking maneuvers. When the five most commonly observed species were grouped by their feeding maneuvers, the first axis extracted 81.09% of the variation and the second 18.42%. Mimus gilvus (Vieillot) and Zonotrichia capensis clustered together in the ordination because they occasionally fed from the ground, although they used a variety of foraging maneuvers (Figure 1). In contrast, Elaenia flavogaster, which frequently sallied, separated from the others; while Camptostoma obsoletum and Coryphospingus pileatus grouped together due to a preference for gleaning. When species were ordinated based on plant species used for foraging on arthropods, the first axis extracted 80.0% of the variation and the second axis extracted another 16.7%. Camptostoma obsoletum and E. flavogaster presented the greatest similarity in plant species used as foraging sites (Figure 2a and b). However, the ordination of birds in plant species space based on foraging for fruits (first axis with 89.25% and second with 10.72%) revealed that Z. capensis and C. pileatus were the species most similar to each other (Figure 2c and d). Concerning foraging heights, E. flavogaster clearly preferred the highest heights, significantly differing from C. pileatus, M. gilvus and Z. capensis (no confidence interval overlap) (Figure 3). On the other extreme, Z. capensis preferred the lowest heights and differed also from C. pileatus and M. gilvus. Camptostoma obsoletum did not show a clear preference, not differing from the other four species. Finally, the first axis of BCO for position extracted 87.7% and the second 11.6%. Zonotrichia capensis and E. flavogaster formed a group that preferred the upper part of the plants (from 50 to 99% of plant total height), while M. gilvus and C. pileatus used the top of plants and C. obsoletum did not show any preference (Figure 4). http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?article+bn00208042008 Based on the results presented here, it was possible to establish the spatial arrangement of the five species while foraging (Figure 5). Mimus gilvus occasionally foraged on the ground, although it preferred to forage on the top of plants, both in tall and short plants. It used many different plant species during its foraging activity for arthropods and for fruits. Elaenia flavogaster used the upper part of the plants and foraged at the greatest heights, both when foraging for arthropods and for fruits. Ocotea notata was a plant frequently used by that species. Camptostoma obsoletum was not observed foraging for fruits and used all heights and vertical positions equally. Some plants used by this species as foraging sites were also used by E. flavogaster (Figure 5a). Coryphospingus pileatus did not show any preference for height, but preferred to forage in the canopy of plants. Zonotrichia capensis foraged at lower heights, but preferred the crown position. The latter two species presented some overlap while foraging for fruits in lower-level vegetation, but not for arthropods (Figure 5a and b). Four of the five bird species studied preferred to forage on Ocotea notata (Nees) Mez disproportionate to its availability (Table 2). The preference of C. obsoletum for Garcinia brasiliensis Mart. was probably numerical, rather than biological, and related to the low abundance of this plant species. Mimus gilvus’ preference for Clusia hilariana Schltdl. seems biological, as this plant was the second most available and was used considerably more than expected. Discussion Despite that restinga is an open habitat, with highly patchy vegetation and a harsh climate, bird species studied in detail were similar in their foraging ecologies to the same or closely-related species in tropical humid forests. The five most common species differed in height and plant species preferences, with little spatial overlap. Probably those characteristics are linked to their evolutionary histories in Elaenia flavogaster 80 Sallies Hawk Axis 2 position, maneuver and plant species used to obtain arthropods or fruits), which we find to be the minimum to establish a pattern. This criterium resulted in five bird species studied in detail. To assure independent observations, only the first observation of sequential observations from an individual was used (Bell et al. 1990, Hejl et al. 1990). The main objective with these analyses was to draw a picture of the main foraging birds in restinga and indicate important plant species or structures. The classic discussion concerning competition between similar species is only approximated when comparing Coryphospingus pileatus (Wied) and Zonotrichia capensis (Müller) or Campstostoma obsoletum (Temminck) and Elaenia flavogaster (Thunberg), the most similar species with the minimum sample sizes. To observe differences in the foraging heights, we built up notched Box Plots (Systat, 1990). To group bird species according to their maneuvers, plant species, and position on the plant, we used BrayCurtis Ordination (BCO) (McCune & Mefford 1999), as it avoids grouping species together based on the presence of zeros in the data matrix (Beals 1984). Parameters used for these analyses followed McCune & Grace (2002). 40 Zonotrichia capensis On-perch Glean Mimus gilvus Ground Camptostoma obsoletum Coryphospingus pileatus 0 0 40 Axis 1 80 Figure 1. Bray-Curtis Ordination (BCO) of the studied species considering maneuvering, at Restinga de Jurubatiba, Rio de Janeiro State, Brazil. (Scores for the birds are triangles and for the variables are stars; for number of samples, see Table 1). Figura 1. Ordenação de Bray-Curtis (BCO) das espécies estudadas considerando comportamento, na Restinga de Jurubatiba, Estado do Rio de Janeiro, Brasil. (Posições das aves são triângulos e das variáveis são estrelas; para número de amostras, veja Tabela 1). http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 24 Gomes, V.S.M. et al. Table 1. Feeding data on the terrestrial birds observed foraging in Restinga de Jurubatiba, Rio de Janeiro State, southeastern Brazil. Tabela 1. Informações de alimentação das espécies de aves terrestres observadas forrageando na Restinga de Jurubatiba, Estado do Rio de Janeiro, sudeste do Brasil. Family COLUMBIDAE CUCULIDAE EMBERIZIDAE MIMIDAE MUSCICAPIDAE PICIDAE THAMNOPHILIDAE TROGLODYTIDAE TYRANNIDAE VIREONIDAE Total Species Leptotila rufaxilla (Richard & Bernard, 1792) Coccyzus americanus (Linnaeus, 1758) Coccyzus melacoryphus Vieillot, 1817 Cacicus haemorrhous (Linnaeus, 1766) Coereba flaveola (Linnaeus, 1758) Coryphospingus pileatus (Wied, 1821) Cyanerpes cyaneus (Linnaeus, 1766) Euphonia chlorotica (Linnaeus, 1766) Nemosia pileata (Boddaert, 1783) Ramphocelus bresilius (Linnaeus, 1766) Schistochlamys ruficapillus (Vieillot, 1817) Tachyphonus coronatus (Vieillot, 1822) Tangara peruviana (Desmarest, 1806) Thraupis sayaca (Linnaeus, 1766) Volatinia jacarina (Linnaeus, 1766) Zonotrichia capensis (Statius Muller, 1776) Mimus gilvus (Vieillot, 1807) Mimus saturninus (Lichtenstein, 1823) Platycichla flavipes (Vieillot, 1818) Turdus albicollis Vieillot, 1818 Turdus amaurochalinus Cabanis, 1850 Celeus flavescens (Gmelin, 1788) Picumnus cirratus Temminck, 1825 Formicivora rufa (Wied, 1831) Troglodytes aedon Vieillot, 1809 Camptostoma obsoletum (Temminck, 1824) Elaenia albiceps (d’Orbigny & Lafresnaye, 1837) Elaenia chiriquensis Lawrence, 1865 Elaenia cristata Pelzeln, 1868 Elaenia flavogaster (Thunberg, 1822) Elaenia obscura (d’Orbigny & Lafresnaye, 1837) Myiarchus tyrannulus (Statius Muller, 1776) Myiodynastes maculates (Statius Muller, 1776) Parula pitiayumi (Vieillot, 1817) Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766) Satrapa icterophrys (Vieillot, 1818) Todirostrum cinereum (Linnaeus, 1766) Tolmomyias flaviventris (Wied, 1831) Tolmomyias sulphurescens (Spix, 1825) Tyrannus melancholicus Vieillot, 1819 Hylophilus toracicus Temminck, 1822 Vireo chivi (Linnaeus, 1766) 42 Fecal or regurgitate samples Observations N Art (%) Fruits (%) N Art (%) Fruits (%) 1 1 1 2 2 11 5 14 2 1 6 19 3 37 35 19 1 77 1 6 7 6 7 1 14 2 30 1 5 1 1 1 3 3 4 1 331 0 100 100 50 100 100 20 7 100 100 67 11 33 84 43 5 0 25 0 100 100 100 100 0 7 100 27 0 100 100 0 100 100 100 75 100 - 100 100 0 100 0 64 100 100 0 100 50 95 100 54 80 95 100 88 100 17 0 0 0 100 93 100 90 100 0 0 100 0 0 0 50 0 - 1 1 9 2 6 1 2 6 1 2 33 37 2 6 6 14 8 6 3 3 1 6 1 4 1 162 100 33 17 50 33 100 67 100 83 100 50 67 100 50 27 65 100 100 38 100 100 - 50 58 35 100 100 63 100 100 100 100 100 100 - Total number of events of ground foraging (glean on the ground does not appear in the table): Mimus gilvus = 2 and Zonotrichia capensis = 10. http://www.biotaneotropica.org.br http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?article+bn00208042008 25 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Birds foraging in restinga Sally-pounce Sally-hover Leap Lunge Hawk 0 ]0-2] ]2-4] ]4-5 0-50] ]50-99 top Hawk Sally-strike Ground Position (% of plant height) Hang 1 1 6 2 4 1 2 6 2 1 27 27 2 1 7 5 2 1 1 1 - On-perch Height (m) Reach Glean Glean Behavior Sallies 1 1 2 1 1 - 1 - 3 2 1 1 1 1 2 1 - 1 1 1 - 1 1 1 1 4 1 - 1 - 4 1 - 3 1 3 1 5 - 10 2 - 1 1 6 4 1 2 1 18 16 1 1 2 6 4 2 2 1 2 2 - 2 2 2 1 1 4 2 7 14 1 3 1 1 3 8 2 2 1 1 2 1 2 1 - 1 - 1 1 1 1 2 4 1 3 1 1 - 4 1 2 1 3 1 14 11 1 3 1 2 3 10 2 2 2 2 1 2 - 2 1 2 1 1 1 1 1 10 1 1 1 1 1 1 2 - http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?article+bn00208042008 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 26 Gomes, V.S.M. et al. Coryphospingus pileatus (4) a 80 Axis 2 Axis 2 80 Clusia hilariana 40 Elaenia flavogaster (6) Mimus gilvus (10) 0 80 40 Mimus gilvus (22) Smilax rufescens Paullinia weinmanniaefolia Miconia cinnamomifolia Eugenia umbelliflora Aechmea nudicaulis Norantea brasiliensis c 80 80 d Ocotea notata Erythroxylum ovalifolium Myrsine parvifolia Elaenia flavogaster (3) Zonotrichia capensis (9) Clusia hilariana Axis 2 Axis 2 80 Axis 1 Axis 1 40 Ground Myrtaceae Humiria basamifera Protium icicariba Zonotrichia capensis (27) 40 Dead Ternstroemia brasiliensis Coccoloba sp. 0 0 Manilkara subsericea Byrsonima sericea Garcinia brasiliensis Ocotea notata Camptostoma obsoletum (8) 40 b Miconia cinnamomifolia Erythroxylum ovalifolium Pilosocerus arrabidae 40 Humiria brasiliensis Tapirira guianensis Protium icicariba Coryphospingus pileatus (4) 0 0 0 40 Axis 1 80 0 20 40 Axis 1 60 80 Figure 2. Bray-Curtis Ordination (BCO) of the studied species considering plant species used for foraging for arthropods (a-birds scores, b-plants scores), and plant species used for foraging for fruits (c-birds scores, d-plants scores) at Restinga de Jurubatiba, Rio de Janeiro State, Brazil. (Scores for the birds are triangles and for the variables are stars; in parenthesis, the number of independent samples for each species). Figura 2. Ordenação de Bray-Curtis (BCO) das espécies estudadas considerando espécies utilizadas para forrageamento por artrópodos (a-posições das aves, b-posições das plantas) e espécies utilizadas para forrageamento por frutos (c-posições das aves, d-posições das plantas) na Restinga de Jurubatiba, estado do Rio de Janeiro, Brasil. (Posições das aves são triângulos e das variáveis são estrelas; em parênteses, o número de amostras independentes para cada espécie). the tropical forest sensu strictu, and only those species with foraging strategies capable to allow survivorship in other habitats expanded their distributions to marginal habitats, such as restinga. This idea is corroborated by the fact that most species have their origin attributed to other habitats or biomes (Reis & Gonzaga 2000). Most birds species studied were frugivorous at some level, including the non-breeding birds at the study site Turdus amaurochalinus Cabanis, Platycichla flavipes (Vieillot), Tangara peruviana (Desmarest), Cyanerpes cyaneus (Linnaeus) and Elaenia albiceps (d’Orbigny & Lafresnaye), E. chiriquensis Lawrence, E. cristata Pelzeln, E. obscura (d’Orbigny & Lafresnaye). Plants, therefore, are extremely important to that avifauna not only as foraging substrates, but also as direct sources of food. Frugivores have also been found http://www.biotaneotropica.org.br to be numerically important in lowland wet forests in Costa Rica (30% of the total avifauna), especially among migrants (2/3 of the species) (Blake & Loiselle 1992). Furthermore, the probability of finding fruits and not arthropods in the diet of migrant omnivorous birds may be greater during migration than in breeding sites, as many species tend to increase their consumption of fruits before and during migration (Wheelwright 1986, Martin et al. 1931 and Berthold 1976 apud Levey & Karasov 1989, Blake & Loiselle 1992). The foraging maneuver mostly used by birds in restinga was glean, which was also found by Beissinger & Osborne (1982) and Volpato & Anjos (2001) in urban habitats and is presumably the maneuver that requires lower energy-expenditure (Remsen 1985). We found that ordination based on foraging maneuvers grouped http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?article+bn00208042008 27 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Birds foraging in restinga 5 Coryphospingus pileatus 4 3 80 Zonotrichia capensis Elaenia flavogaster 50-99 Mimus gilvus 2 Axis 2 Height (m) Top 1 0-50 Zonotrichia capensis Elaenia flavogaster Coryphospingus pileatus Mimus gilvus 40 Camptostoma obsoletum 0 Figure 3. Box plots of foraging heights of the studied species at Restinga de Jurubatiba, Rio de Janeiro State, Brazil (internal horizontal line = median; whiskers = minimum and maximum values; box horizontal limits: inferior = 25% quartile, superior = 75% quartile; asterisks = outliers. Boxes are notched at the median and return to full width at the lower and upper 95% confidence limits of the median). (for number of samples, see Table 1). Figura 3. Distribuição das alturas de forrageio das espécies estudadas na Restinga de Jurubatiba, Estado do Rio de Janeiro, Brasil. (linha horizontal interna = mediana; traços horizontais = valores mínimos e máximos; limites horizontais das caixas: inferior = quartil de 25%, superior = quartil de 75%; asteriscos = outliers. As caixas são mais estreitas na mediana e retornam para a largura total nos limites de 95% de confiança inferior e superior da mediana). (para número de amostras, veja Tabela 1). Group 1 Camptostoma obsoletum 0 0 20 40 Axis 1 80 Figure 4. Bray-Curtis Ordination (BCO) of the studied species considering foraging positions (percent of plant height), at Restinga de Jurubatiba, Rio de Janeiro State, Brazil. (Scores for the birds are triangles and for the variables are stars; for number of samples, see Table 1). Figura 4. Ordenação de Bray-Curtis (BCO) das espécies estudadas considerando posição de forrageio (percentagem da altura da planta), na Restinga de Jurubatiba, Estado do Rio de Janeiro, Brasil. (Posições das aves são triângulos e das variáveis são estrelas; para número de amostras, veja Tabela 1). Group 2 Group 3 Group 4 a Mimus gilvus Coryphospingus pileatus Elaenia flavogaster Coryphospingus pileatus Mimus gilvus Coryphospingus pileatus Zonotrichia capensis Zonotrichia capensis Zonotrichia capensis Group 1 Camptostoma obsoletum Camptostoma obsoletum Camptostoma obsoletum Camptostoma obsoletum Zonotrichia capensis Group 2 Group 3 b Mimus gilvus Coryphospingus pileatus Elaenia flavogaster Coryphospingus pileatus Coryphospingus pileatus Mimus gilvus Zonotrichia capensis Figure 5. Spatial display of the studied birds when foraging for a) arthropods and for b) fruits, at Restinga de Jurubatiba, Rio de Janeiro State, Brazil. (Plant species most used are based on Figure 2, foraging heights on Figure 3 and positions on Figure 4; “Groups” represent groups of plant species). Figura 5. Disposição espacial das espécies de aves estudadas durante o forrageio por a) artrópodos e por b) frutos, na Restinga de Jurubatiba, Estado do Rio de Janeiro, Brasil. (espécies de plantas mais utilizadas estão baseadas na Figura 2, alturas de forrageio na Figura 3 e posições na Figura 4; “Groups” representam grupos de espécies de plantas). http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?article+bn00208042008 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 28 Gomes, V.S.M. et al. Table 2. Plant species availability (IVI, see text) and preference (Jacobs’ index, see text) by the most common terrestrial birds observed feeding for arthropods at Restinga de Jurubatiba, Rio de Janeiro State, southeastern Brazil (in bold, positive Jacob’s index values. –1.0 indicates that birds were never observed foraging on this plant. - means no data). Tabela 2. Disponibilidade de espécies de plantas (IVI, veja texto) e preferência (índice de Jacob, veja texto) pelas aves terrestres mais comumente observadas forrageando por artrópodos na Restinga de Jurubatiba, Estado do Rio de Janeiro, sudeste do Brasil (em negrito, valores positivos do índice de Jacob. –1.0 indica que as aves nunca foram observadas forrageando nessa planta. - significa ausência de dados). Plant Species IVI Andira sp. Byrsonima sericea DC. Clusia hilariana Schltdl. Dead Erythroxylum ovalifolium Peyr. Erythroxylum subsessile (Mart.) O. E. Schulz Garcinia brasiliensis Mart. Guapira opposita (Vell.) Reitz Humiria balsamifera (Aubl.) A. St.-Hil. Manilkara subsericea (Mart.) Dubard Maytenus obtusifolia Mart. Miconia cinnamomifolia (DC.) Naudin Myrsine parvifolia A. DC Myrtaceae Ocotea notata (Nees) Mez Ouratea cuspidata (A. St.-Hil.) Engl. Paullinia weinmanniaefolia Mart. Protium icicariba (DC.) Marchand Ternstroemia brasiliensis Cambess. Tibouchina sp. Tocoyena bullata Mart. Xylopia ochrantha Mart. Sample size 0.02 0.10 0.48 0.14 0.13 0.11 Camptostoma obsoletum –1.0 0.1 –0.5 –1.0 –1.0 –1.0 Coryphospingus pileatus –1.0 –1.0 –0.5 –1.0 0.4 –1.0 Elaenia flavogaster –1.0 –1.0 –0.6 –1.0 –1.0 –1.0 Mimus gilvus –1.0 –1.0 0.5 –0.1 –1.0 –1.0 Zonotrichia capensis –1.0 –1.0 –0.1 –1.0 –1.0 –1.0 0.00 0.03 0.07 1.0 –1.0 –1.0 –1.0 –1.0 –1.0 –1.0 –1.0 –1.0 –1.0 –0.1 0.08 0.3 –1.0 –1.0 –1.0 –1.0 0.01 0.12 –1.0 –1.0 –1.0 0.4 –1.0 –1.0 –1.0 –1.0 –1.0 –1.0 0.18 0.41 0.16 0.08 0.02 0.61 0.05 0.05 0.06 0.09 400 –1.0 –1.0 0.5 –1.0 –1.0 –1.0 –1.0 –1.0 –1.0 –1.0 8 –1.0 –1.0 0.3 –1.0 –1.0 –1.0 –1.0 –1.0 –1.0 –1.0 4 –1.0 –1.0 0.8 –1.0 –1.0 –1.0 –1.0 –1.0 –1.0 –1.0 6 –1.0 –1.0 –1.0 –1.0 –1.0 –1.0 0.4 –1.0 –1.0 –1.0 10 –1.0 –0.7 0.4 –1.0 –1.0 –0.9 –1.0 –1.0 –1.0 –1.0 27 species in accordance to the literature as Tyrannidae (E. flavogaster and C. obsoletum) generally use their wings (hawk and sallies) and Emberizinae (C. pileatus and Z. capensis) glean from perches (Moermond & Denslow 1985, Moermond et al. 1986). Mimus gilvus, however, also used winged maneuvers to forage, as well as foraged from the ground; this species was positioned with Z. capensis in the ordination. Tyrants were investigated in greater detail in other works: Camptostoma spp. used only gleaning manuevers (Fitzpatrick 1980), although C. obsoletum used glean and sally-strike in the same proportions (Gabriel & Pizo 2005), and Elaenia spp used only sallies (Fitzpatrick 1980, Cintra 1997, Gabriel & Pizo 2005). Those behaviors seem to be conservative for the species, independently of habitat, being forest edges or shrubby vegetations, as in restinga. Likely, species that frequently hawk are limited to open habitats. All of the tyrants studied here (see Table 1) are typical of open habitats (Sick 1997) and they were recorded more frequently in shrubby restinga than in restinga forest at the study site (Gomes 2006). Those species, when recorded in the forest, were perched in or foraging from the forest canopy. Cintra (1997) studied the foraging behavior of tyrants in forest and field in the Amazon, and from the species that occurred in both habitats, their behaviors were conservative. In fact, the tallest trees (2 to 4 m; mainly Ocotea notata) seemed to be important especially for E. flavogaster and other tyrants. This http://www.biotaneotropica.org.br species, in particular, was usually observed in pairs in the canopy, from where one of the individuals left and returned to meet the other after foraging (pers. obs.). The preference of tyrants for tall trees had already been shown by Cintra (1997) and it is related to their aerial maneuvering (Fitzpatrick 1980). In contrast, Z. capensis and M. gilvus were the only species capable of frequent ground-foraging during the study, although the latter preferred greater heights. Mimus saturninus (Lichtenstein) was observed feeding on unpaved and paved grounds in a university campus of southern Brazil (Volpato & Anjos 2001); Mimus polyglottos (Linnaeus) also frequently foraged on the ground in North America (Breitwisch et al. 1987). Zonotrichia capensis is also known to forage on the ground (Sick 1997). Half of the species and individuals of resident birds of a desert shrubland in North America foraged on the ground (Parker 1986), which was attributed to a dominance of foodgeneralist species in a highly unpredictable habitat. In the restinga studied in the present work, precipitation is not totally unpredictable, but may be scarce in the middle of the year. Furthermore, although arthropods and fruits fluctuate in abundance, there is no season of scarcity of those resources (Monteiro & Macedo 2000, Gomes 2006). Foraging on the ground, birds likely encounter different arthropod prey than that found on plant surfaces (data not shown). Besides being generalists in feeding maneuvers, those species have a generalist diet http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?article+bn00208042008 29 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Birds foraging in restinga (Sick 1997, Gomes 2006). Generalist foraging strategies may have resulted in greater population abundances; they were among the five most abundant resident birds both in mist-netting and observations during two years of sampling (Alves et al. 2004). In general, bird species did not overlap much while foraging, although some plants used by C. obsoletum to forage for arthropods coincided with those used by E. flavogaster. However, the latter species used mostly sallies and the former mostly glean, which likely resulted in each species foraging in different microhabitats of the same plant. In fact, three of the items observed to be consumed by C. obsoletum were Homoptera that formed a white layer on the lower surface of the leaves of C. hilariana and Manilkara subsericea (Mart.) Dubard; in contrast, E. flavogaster was never seen consuming Homoptera. Coryphospingus pileatus and Z. capensis also overlapped in shorter vegetation while feeding on fruits. Indeed, both species were occasionally observed foraging for fruits in mixed flocks, while on other occasions, Z. capensis captured ants on the ground. This last species is known to forage in mixed flocks (Machado 1999). The fact that fruits of a given species are ephemeral and patchy may explain flocking in birds, which facilitates encountering such resources Saracco et al. (2004). Besides that, mixed flocks also take advantage of a greater vigilance against predators (Powell 1985), which in an open habitat as the shrubby restinga may be critical. This seems to be the case for the cerrado (Tubelis et al. 2006, Alves & Cavalcanti 1996), a Brazilian biome that also has open vegetation. Birds’ preference for O. notata may, in part, be related to the architecture of this tree, which provided a better visibility of the foraging birds to the observer than other species did (pers. obs.). On the other hand, M. gilvus probably preferred to forage on C. hilariana for arthropods probably because it is a tall tree, from where this bird may defend its territory and also obtain some fruit when possible (pers. obs.). Such apparent plant preferences for O. notata and C. hilariana, may simply reflect that they were among the six species with the greatest importance values in a phytosociological study of the same plant formation (Araujo et al. 2004). Although restinga is a marginal habitat in the Atlantic forest, frugivorous and insectivorous birds foraged similarly to other Neotropical habitats. Concerning birds and their foraging ecologies, it seems that Restinga de Jurubatiba preserves its ecological patterns, as indicated formerly by Rocha et al. (2003). The present work is further evidence of the importance of birds for conservation of this restinga vegetation structure and plant composition. Our main contribution to restoration measures in restinga were having pointed out that Clusia and Ocotea are important plants to attract bird species, which in turn, could disperse their seeds and other plant species’ (Gomes et al. 2008), helping the successional process. Future studies should evaluate in more detail bird species behavior and habitat requirements, trying to unmask differences in fitness among forest and marginal habitats as restingas. Raposo for helping at Museu Nacional do Rio de Janeiro (MNRJ). To Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) and Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) for scholarships to V. S. M. Gomes. To Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), for the research grant awarded to M. A. S. Alves (process number 302718/03-6). To Idea Wild for the mist nets and to Instituto Biomas and UERJ for the vehicles used in the field. To Núcleo de Pesquisas de Macaé (NUPEM) for the logistic facilities. This work is a sub-project of Grupo de Vertebrados/PELD - site 5/CNPq. Birds were captured under the license number P029/03 (CEMAVE/IBAMA) and collection of specimens under the licenses number 106/2003 and 116/2004 (IBAMA/DIREC - PARNA Restinga de Jurubatiba), 056/2002 and 093/2004 (IBAMA/Fauna) and 163/2005 (IBAMA/Flora). Acknowledgements BLEHER, B. & BOHNING-GAESE, K. 2001. Consequences of frugivore diversity for seed dispersal, seedling establishment and the spatial pattern of seedlings and trees. Oecologia 129(3):385-394. To the members of Laboratório de Ecologia de Aves, Departamento de Ecologia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) (especially Alline Storni, Adriano Lagos, Vanessa C. Tomaz), Charles Ozanick, Francisco Mallet-Rodrigues, Karina Amaral, Davor Vrcibradic, Carlos Humberto Oliveira, Mariana Janiszewski, Ricardo Freitas, Barbara L. Ignacio and Renata P. N. Lima for helping in the field work. To Dorothy S. D. Araujo and Alexandre Quinet (Ocotea) for the identification of the plants. To Luiz Fábio Silveira and Érica Hasui for helping with Elaenia spp. identification at Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MUZUSP) and Marcos http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?article+bn00208042008 References AIROLA, D.A. & BARRETT, R.H. 1985. Foraging and habitat relationships of insect-gleaning birds in a Sierra Nevada mixed-conifer forest. Condor 87(2):205-216. ALVES, M.A.S. & CAVALCANTI, R.B. 1996. 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Theodureto de Almeida Camargo, 1500, Alameda 5, Vila Nova, CEP 13001-970, Campinas, SP, Brazil, e-mail: [email protected] 2 Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná – UFPR, Jardim das Américas, CEP 81531-980, CP 19020, Curitiba, PR, Brazil, e-mail: [email protected], http://zoo.bio.ufpr.br/diptera/diptera-c/index.html 3 Corresponding author: Mário Sérgio Sigrist, e-mail: [email protected] 4 Complete article, including its appendix, is available with the corresponding author SIGRIST, M.S. & CARVALHO, C.J.B. 2008. Detection of areas of endemism on two spatial scales using Parsimony Analysis of Endemicity (PAE). the Neotropical region and the Atlantic Forest. Biota Neotrop. 8(4): http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?article+bn00308042008. Abstract: An important biological challenge today is the conservation of biodiversity. Biogeography, the study of the distribution patterns of organisms, is an important tool for this challenge. Endemism, the co-occurrence of several species unique to the same area, has important implications for the preservation of biodiversity, since many areas of endemism are also areas with large human impact. More rigorously defined, areas of endemism are historical units of distributional congruence of monophyletic taxa. These areas often assumed to be due to nonrandom historical events that favored conditions associated with high rates of speciation. Thus, understanding endemism and the delimitation of endemic areas has important implications for conservation. Today, most studies delimit areas of endemism by superimposing maps of distribution for various species. This approach suffers from arbitrary delimitations, however, when a great distributional data is used. In this paper we used the method of Parsimony Analysis of Endemicity (PAE) based on georeferenced quadrats in order to delimit areas of endemism. This modality of the method is important due to its testable nature and can also be used to infer area relationships. We applied the method to raw distributional data from 19 unrelated taxa to delimit general patterns of endemism in the Neotropical Region and in the Atlantic forest domain using different grid scales. Neotropical areas found are comprised over the Panama region, northern Andean region and the Atlantic forest. Atlantic forest showed a major division into two distinct components (northern x southern). Endemic areas delimited using smaller scale grids on the Atlantic forest should be considered for conservation priorities once they showed endemism at regional and local scales. The results were also compared to other studies using different taxa and methods. Finally, some considerations on the analysis scale and future perspectives of the method are presented. Keywords: historical biogeography, endemism, PAE, South America. SIGRIST, M.S. & CARVALHO, C.J.B. 2008. Detecção de áreas de endemismo em duas escalas espaciais utilizando a Análise de Parcimônia de Endemismos: região Neotropical e Mata Atlântica. Biota Neotrop. 8(4): http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn00308042008. Resumo: Um dos principais desafios para este século reside em impedir a perda de biodiversidade. A biogeografia é o campo das ciências biológicas que busca desvendar os padrões de distribuição dos organismos. Um conceito básico em biogeografia diz respeito à existência de áreas de endemismo, caracterizadas pela presença de espécies de distribuição restrita. Áreas de endemismo são definidas como unidades históricas de congruência distribucional entre dois ou mais táxons monofiléticos, provavelmente formadas por fatores históricos não aleatórios que definem condições específicas para elevadas taxas de especiação. Conseqüentemente, a delimitação de áreas de endemismo possui importantes implicações para a eficácia dos esforços conservacionistas. Até o momento, a maioria dos estudos tem delimitado estas áreas por meio da sobreposição de mapas de distribuição das espécies. Entretanto, esta abordagem pode acarretar delimitações arbitrárias quando analisado um amplo conjunto de dados distribucionais. No presente estudo foi utilizado método da Análise de Parcimônia de Endemismos (PAE) baseada em quadrículas georeferenciadas a fim delimitar áreas de endemismo. Este método é importante devido a sua natureza empiricamente testável, além da possibilidade de inferência dos relacionamentos históricos entre áreas endêmicas. O método foi aplicado aos dados distribucionais de 19 táxons não relacionados, de modo a definir os padrões gerais de endemismo na região de Neotropical e na Mata Atlântica utilizando diferentes tamanhos de quadrícula. Foram encontradas 13 áreas endêmicas Neotropicais, situadas sobre as regiões do Panamá, norte dos Andes e Mata Atlântica, sendo esta última composta por dois componentes distintos (Norte e Sul). As áreas de endemismo delimitadas na Mata Atlântica por meio de quadrículas menores devem ser consideradas prioritárias para conservação, uma vez que demonstraram endemismo tanto em escala regional quanto local. Os resultados foram comparados a outros estudos utilizando deferentes táxons e metodologias. Considerações gerais sobre escala de análise e perspectivas futuras são apresentadas. Palavras-chave: biogeografia histórica, endemismo, PAE, América do Sul. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?article+bn00308042008 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 34 Sigrist M.S & Carvalho C.J.B Introduction Perhaps the most important biological challenge today is the conservation of biodiversity. As human populations increase, so does the need for natural resources and space for that growing population. For the conservation of biological diversity, therefore, we must first understand the distributions of organisms and how and why these organisms are geographically distributed as they are. Biogeography, the study of the distribution patterns of organisms, is an important tool for this challenge. A scientific perspective on the non-random distribution of organisms was first debated in the early 19 th century with the first biogeographical map published by Lamarck and Candolle (Ebach & Goujet 2006). This non-random distribution results in a tendency for biodiversity to be concentrated in particular areas and so areas of endemism are those areas that contain a number of unique species (endemic species). Areas of endemism are important in biogeography for two important reasons: 1) they are the biogeographical unit of analysis and are fundamental for hypotheses about the history of geographical units and their biota; 2) They include many endemic species and so these areas should be given priority for conservation efforts (Silva et al. 2004). More rigorously defined, areas of endemism are historical units of distributional congruence of monophyletic taxa (Harold & Mooi 1994). An assumption of areas of endemism is that species in the area share a unique history and therefore have similar biogeographic relationships (Linder 2001). The theory of areas of endemism is well established (Morrone 1994, Lowenberg-Neto & Carvalho 2004), while in practice, defining these areas is difficult (Axelius 1991). To date, most studies delineate these areas by using species distribution maps, yet this approach suffers due to arbitrary delineations when large datasets are used. Parsimony Analysis of Endemicity (PAE) was developed to resolve this difficulty. PAE is a parsimonious algorithm that analyses raw distribution matrices based on species occurrences in geographical quadrants (Morrone 1994). PAE has many advantages, an important one of which is testability when using large numbers of species distributions. This is very important for comparing studies of different taxa in different regions. Also, PAE can provide hypotheses of primary homology among areas of endemism that may be further tested by the methods of cladistic biogeography (Morrone 2005). The Neotropical Biogeographical Region, from Mexico to southern South America, comprises tremendous taxonomic and habitat diversity and a complex geological history. This region includes four major subregions: Caribbean, Amazonian, Chaco and Paraná (Morrone 2006), all of them subdivided into smaller units (areas of endemism). The Paraná subregion is of particular interest because it includes the Brazilian Atlantic Forest, which is increasingly endangered due to anthropogenic activities. Thus, we need to move quickly and efficiently to identify the problems and work towards protection of this area. Currently, most studies of distributional patterns have included single or few taxa. The first delineations of areas of endemism in the Neotropical Region were based on birds (Cracraft 1985, Silva 1995) and primates and flies (Amorim & Pires 1996). These studies, although not based on PAE, were important because were the first to address the biogeographical structure of the region. PAE has been used in studies of anurans, lizards and primates (Ron 2000), small mammals from the Atlantic Forest (Costa et al. 2000), birds and primates in Amazonian Forests (Silva & Oren 1996) and turtles (Ippi & Flores 2001). These studies are congruent in that they suggest that areas of endemism in the Amazonian Forest are http://www.biotaneotropica.org.br spatially delimited by the main rivers, while the Atlantic Forest is divided into at least two areas of endemism. While areas delimited for particular taxa may be extrapolated to other taxa, it is more sensible and efficient to include many unrelated taxa within the analysis. This approach may uncover general, wide scale patterns and the forces that favor areas of endemism, in contrast to particular patterns based only on a few groups. Here, based on several species of unrelated taxa, we use PAE to delimit areas of endemism in the Neotropical Region and in the Atlantic Forest of Brazil. We then compare these areas with those of previous studies and use these results to better understand endemism and the associated conservation problems. Material and Methods 1. Distributional data In this study, taxa were selected from published literature if they met three basic requirements: 1) Taxa were monophyletic; 2) The species distribution of the taxa was recently studied or reviewed; and 3) The distribution of the taxa was entirely within the region studied. To accomplish requirement 1, preference was given to taxa with a consistent, species-level, phylogenetic hypothesis. However, some taxa here used still lack such hypothesis. In these cases, taxa were considered monophyletic based on evidences suggested in the references consulted. Requirement 2 was imposed to obtain the most complete distributional records known to date. Finally, requirement 3 assured that the distribution of the taxa considered was entirely within the region studied. This avoided the use of partial distributions and wrong interpretations of biogeographic homologies (Nihei 2006). Here, we applied PAE to two distinct regions: Neotropical and Atlantic Forest. In the Neotropical region analysis, the previous requirements for taxa selection resulted in 19 taxa (Table 1) comprising 189 species and 10 subspecies, in a total of 1562 distributional records. Some localities were previously excluded due to imprecise information. On the other hand, Atlantic Forest analysis consisted of 98 species out of 199 used in the Neotropical analysis, in order to only consider species distributed inside the Atlantic Forest region (requirement 3). Geographic coordinates for the locality record of each species were taken from several sources. Point localities within Brazil were found using the GeoLoc tool, available on the SpeciesLink website (http://splink.cria.org.br). Coordinates for taxa in other countries were obtained from the websites Fallingrain Global Gazetter (http:// www.fallingrain.com/world) and Fuzzy Gazetteer (http://tomcatdmaweb1.jrc.it/fuzzyg/query). The species distribution data were plotted in maps using the programs ArcView GIS 3.2a (Esri 1999) and ArcGIS 9 (Esri 2004). 2. Parsimony Analysis of Endemicity (PAE) Using georeferenced quadrats as operational geographical units (OGUs) was proposed to impose an objective method of analysing geographical distribution data (Morrone 1994). Thus, arbitrary delimitation of endemic areas is avoided and inference of primary homologies between OGUs becomes possible (Morrone 2001). Here, we followed the method described in Morrone (1994), which comprises four basic steps: 1) definition of quadrats size; 2) construction of a data matrix; 3) parsimony analysis of the distribution matrix; and 4) identification of the OGUs defined by at least two endemic species. First, the Neotropical Region was divided in 110 quadrats of 4° x 4° (Figure 1a). Only quadrats within which species were analyzed http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?article+bn00308042008 35 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Areas of endemism in the Neotropical region and Atlantic Forest Table 1. List of taxa used in PAE and respectives references. Tabela 1. Lista dos taxa utilizados na PAE e respectivas referências. Arthropoda Plants Vertebrata Taxon Adelpha cocala Adelpha melona Charis Agaporomorphus Hypselotropis Anelosimus Carapoia Oxyepoecus Heteropachylinae Balacha Nicomia Coenosopsia Rank Lepidoptera Lepidoptera Lepidoptera Coleoptera Coleoptera Araneae Araneae Hymenoptera Opiliones Hemiptera Hemiptera Diptera Polietina Pseudoptilolepis Serdia Aechmea Eremocaulon Physalaemus Siphlophis Diptera Diptera Heteroptera Bromeliaceae Poaceae Amphibia Colubridae Reference Willmott 2003 Willmott 2003 Hall & Harvey 2001 Miller 2001 Mermudes 2005 Agnarsson 2005 Huber 2005 Albuquerque & Brandão 2004 Mendes 2005 Takiya & Mejdalani 2004 Albertson & Dietrich 2005 Michelsen 2001, Nihei & Carvalho 2004, Bortolanza et al. 2006 Nihei & Carvalho 2005 Schuehli & Carvalho 2005 Fortes & Grazia 2005 Canela et al. 2003 Londoño & Clark 2002 Nascimento et al. 2005 Prudente 1998 are labeled. Next, only the Atlantic Forest ecoregion (sensu Josse et al. 2003) was considered and so it was divided in 124 quadrats of 1° x 1° (Figure 1b). This also permitted a comparison of both scales in this region. Data matrices, instead of species and characters as in phylogenetic analysis, comprise species and quadrats. Species are synonymous with characters for delimiting and identifying quadrats. Matrices were binary coded (absence – 0, presence – 1) using Hawth’s Analysis Tool for ArcGis 9 (http://www.spatialecology. com). An hypothetical primitive area (all species absent) was used to root the cladogram. To find the most parsimonious geographic cladogram, a heuristic search was performed using the computer programs Nona (Goloboff 1999) and Winclada (Nixon 2002) with the following commands: hold 50000, hold/10 and mult*100. The unsupported nodes were collapsed and a strict consensus cladogram was selected for discussion. In the strict consensus cladogram, quadrats or clusters of quadrats supported by two or more endemic species (shown as synapomorphies in the cladogram) were considered endemic areas (Morrone 1994). Databanks comprising species distributional records, as well as the corresponding data matrices used in PAE analysis are available from the corresponding author. represent a sample of many most parsimonious trees, the parameters used to find the shortest trees were merely operational criteria. A strict consensus cladogram of 623 steps, consistency index = 31 and retention index = 28 resulted from the parsimony analysis of the Neotropical Region with 4° x 4° quadrats. OGUs supported by two or more endemic taxa (synapamorphies) were considered as evidence of endemism (following Morrone 1994, Figure 2). In the Neotropical Region, a total of 13 endemic quadrats (OGUs) were found (Figure 3, Table 2). In addition to six endemic areas (quadrats 18, 23, 25, 105, 106 and 109) a large area of endemism resulted from a group of seven quadrats (73, 74, 83, 84, 92, 99, 100) suggesting a hierarchical pattern of endemism in the southern Atlantic Forest. This hierarchy results from the existence of smaller endemic areas situated inside a larger endemic region, which may be subdivided according to the relationships among OGUs. The Atlantic Forest parsimony analysis resulted in a strict consensus cladogram of 323 steps, CI = 30, RI = 20 (Figure 4). A total of 10 endemic OGUs were defined with only one pair of grouped quadrats (Figure 5, Table 3). Also, as is to be expected, the endemic quadrats on a 1° x 1° scale are situated within endemic quadrats defined in the larger scale used in previous analysis. In this sense, smaller scale grids provided a greater resolution of some Atlantic Forest endemic areas. Results Discussion Parsimony analysis in both data matrices (4° x 4° and 1° x 1° quadrats) resulted in 50,000 most parsimonious trees. Computer memory saturation due to multiple most parsimonious trees before the end of the heuristic search is probably explained by the few characters (taxa) that support OGUs. Given a finite amount of time, the best way to maximize the exploration of tree space was to limit the number of trees retained during branch swapping (Brower 2006). Although the strict consensus trees that we use here for discussion In the larger scale analysis, two quadrats occur in Panama, probably due to the complex biological history of the closing of the isthmus 3.1-3.5 mya (Marko 2002). This region was previously recognized as a biogeographic node (Croizat 1958) that is indicative of endemism (Heads 2004). Many smaller endemic areas in the Panamanian region were defined for species in the plant genus Piper (Quijano-Abril 2006). This study found a larger number of endemic areas due to the smaller grid scale being used. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?article+bn00308042008 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 36 Sigrist M.S & Carvalho C.J.B 100° W 90° W 80° W 70° W 60° W 50° W 40° W a 40° N N 6 30° N 5 9 W 20 E S 1 2 4 8 11 15 3 7 10 14 20° N 32 39 50 60 25 31 38 49 59 71 24 30 48 58 70 17 23 29 47 57 16 22 28 37 46 56 21 27 36 45 26 35 34 13 19 12 18 10° N 81 91 80 90 98 69 79 89 97 55 68 78 88 96 44 54 67 77 87 43 53 66 76 52 65 42 41 0° 108 110 103 107 109 95 102 106 86 94 101 105 75 85 93 100 104 64 74 84 92 99 63 73 83 62 72 82 10° S 33 20° S 30° S 40 51 61 40° S 50° S 0 500 1000 km Figure 1a. Neotropical region divided into the 4° x 4° lat/long grids for PAE analysis. Figura 1a. Região Neotropical dividida em quadrículas de 4° x 4° lat/long para análise PAE. http://www.biotaneotropica.org.br http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?article+bn00308042008 37 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Areas of endemism in the Neotropical region and Atlantic Forest 55° W 50° W 45° W 40° W 35° W b 124 5° S 121 120 123 119 122 118 10° S 117 115 116 99 75 113 114 85 84 46 106 112 91 83 111 98 15° S 105 110 109 31 55 90 96 103 107 80 89 95 102 79 88 94 101 78 87 93 100 86 92 73 81 72 10 40 54 60 65 69 9 39 53 59 64 68 71 77 38 52 58 63 67 70 76 62 66 1 18 3 104 108 82 45 61 97 74 8 2 7 24 14 23 13 22 12 6 30 29 44 51 57 36 43 50 56 42 49 28 17 21 27 5 4 37 16 11 35 48 34 47 20 26 33 19 25 32 41 20° S N W E S 25° S 30° S 15 35° S 0 250 500 km Figure 1b. Altantic forest region divided into 1° x 1° lat/long grids for PAE analysis. Figura 1b. Região da Mata Atlântica dividida em quadrículas de 1° x 1° lat/long para análise PAE. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?article+bn00308042008 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 38 Sigrist M.S & Carvalho C.J.B Ancestral area 3 2 3 2 8 3 4 2 2 3 5 10 3 3 10 10 18 25 21 23 31 109 104 105 106 74 73 83 99 100 84 92 Panama Northern Ecuador Pernambuco Coastal Bahia Atlantic Forest Southern Atlantic Forest Figure 2. Informative part of the strict consensus cladogram obtained in PAE using 4 x 4 degree lat/long grids. Internal numbers indicate the total of endemic species supporting endemic OGUs. Figura 2. Parte informativa do cladograma de consenso estrito obtido na PAE empregando quadrículas de 4 x 4 graus (lat/long). Números internos indicam o total de espécies endêmicas suportando as quadrículas endêmicas. 80 °W 70 °W 60 °W 50 °W 40 °W N 20 °N W 18 E 10 °N S 25 0° 23 109 106 10 °S 105 20 °S 100 74 84 73 83 92 99 30 °S 40 °S 0 500 1000 Km Figure 3. Endemic OGUs obtained in PAE of Neotropical region. Gray rectangle indicates grouped OGUs in Southern Atlantic Forest. Figura 3. Quadrículas endêmicas obtidas pela PAE para a região Neotropical. O retângulo cinza indica as quadrículas agrupadas ao Sul da Mata Atlântica. http://www.biotaneotropica.org.br Another endemic quadrat is on the border of Colombia and cuador, also situated over the Andean region. This endemic area E agrees with other studies that use different approaches for determining areas of endemism (Cracraft 1985, Costa et al. 2000, Morrone 2006). This region is known to favor endemism due to the altitudinal variation of the relatively recent geological formation of the Andes. Geological activity promotes speciation, which in turn tends to increase the number of endemic species (Humphries & Parenti 1999). This association between geological complexity and numbers of endemic species may be a rule for most or all areas of endemism. The remaining areas of endemism are within the Atlantic forest domain (Figure 3). This region is well known for its many endemic species (Cracraft 1985, Amorim & Pires 1996, Costa et al. 2000, Silva et al. 2004). These areas of endemism that lie within an apparently homogeneous region suggests that historical factors (i.e., sea level fluctuations and orogeny) in the region during Pliocene-Pleistocene promoted local endemism (Rocha et al. 2005). However, a longitudinal gradient has been proposed to explain the pattern of endemism in the Atlantic Forest in which coastal areas were biogeographically distinct from the plateaus (Cracraft 1985, Morrone 2006). We believe that such a classification reflects current differences in biomes and ecology, rather than historical events, and so does not adequately explain the endemic area found here. Hence, instead, we suggest that the data support a latitudinal trend in endemisms for this region, with support from other studies that used different analytical methods (i.e. Amorim & Pires 1996). Additionally, the southern Atlantic Forest OGUs are separated from northern areas, thereby suggesting that the Atlantic Forest comprises two divergent components of endemism (Costa et al. 2000). For example, three quadrats in the north did not group with any southern quadrats (Figure 3) and suggests a split at the state of Espirito Santo between northern and southern components (Amorim & Pires 1996). Understanding this split will require further study and probably with a finer division of quadrats. The Serra da Mantiqueira has been proposed as the location of the division between these regions (Costa et al. 2000) and almost certainly, the formation of the Valley of the Paraíba do Sul River was an important vicariant event. In the northern Atlantic Forest, the lack of association among quadrats suggests that these endemic areas should be seen as unique, with independent histories. This pattern also finds evidence in literature, but may be confusing due to the various terminologies used when studies describe spatially congruent endemic. For example, one quadrat here was describe as “South of Bahia” by Amorim & Pires (1996), while another is located over the area southeast coast (Costa et al. 2000), coastal Bahia (Silva et al. 2004) and MGBA (Amorim & Pires 1996). Finally, an additional quadrat is associated with Pernambuco (Silva et al. 2004) and NEBR (Amorim & Pires 1996). Conversely, the southern endemic region described here is common to most studies. While terminology may vary, spatial limits are very similar. Our cladogram due to PAE indicates a hierarchic structure for southern Atlantic forest defined by endopatry (Espinosa et al. 2001). This pattern of nested areas of endemism is important for two reasons. First, it suggests evidence for hierarchical schemes of area classifications (see Morrone 2006) and second, it provides a hypothesis for the primary homology of the relationships among areas. This hypothesis for primary homology can then be tested using the phylogenetic information of the groups involved, in a cladistic biogeography approach. The PAE analysis with 4° x 4° OGUs was only able to detect endemic areas in parts of the Neotropical Region of South America. We wonder why endemism was undetected in the Amazonian region and Brazilian Cerrado. To answer this question, grid scale and number of taxa being analysed must be taken into account. To detect http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?article+bn00308042008 39 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Areas of endemism in the Neotropical region and Atlantic Forest Table 2. List of taxa supporting endemic 4 x 4 degrees OGUs. Tabela 2. Lista espécies que suportam as quadrículas endêmicas de 4 x 4 graus. OGU 18 23 25 73 84 92 99 100 Species Charis nicolayi Nicomi buccina Pseudoptilolepis centralis Table 2. Continued... OGU 195 Hypselotropis subnittata Nicomia harenosa Physalaemus coloradorum Adelpha melona neildi Nicomia negrescens Anelosimus missiones Anelosimus rabus 106 Balacha lépida Balacha rubripennis Coenosopsia albuquerquei Agaporomorphus mecolobus Balacha distincta Carapoia genitalis Carapoia ubatuba Eremocaulon setosum Physalaemus atlanticus Physalaemus barrioi Physalaemus bokermanni Pseudoptilolepis latipalpis Serdia maculata Anelosimus sumisolena Nicomia interrupta Nicomia lemniscata Nicomia monticola Physalaemus soaresi Balacha caparao Chavensicola inexpectabilis Heteropachylus sp. n. 2 Oxyepoecus browni Physalaemus deimaticus Physalaemus erithros Physalaemus evangelistae Physalaemus maximus Physalaemus obtectus Physalaemus rupestris (83, 84, 92, 99, 100) endemism using PAE it is necessary that species (characters) support areas. Considering the scale of the entire Neotropical Region, detection of endemic 4° x 4° OGUs requires a larger number of species than we used here. Interestingly, larger grid sizes should have resulted in more endemic OGUs because they would include more endemic species. However, since 5 degrees of latitude is approximately 550 km, larger grid sizes will often result in grouping different ecosystems in the same area of endemism (Morrone & Escalante 2002) and causing confusion in the biological interpretation of such distributions. On the other hand, decreasing grid size, as in the analysis of the Atlantic http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?article+bn00308042008 109 (84, 92) (73, 83, 84, 92, 99, 100) (73, 74, 83, 84, 92, 99, 100) Species Aechmea depressa Carapoia brescovitti Carapoia rheimsae Carapoia una Heteropachylus sp. n. 1 Heteropachylus perachii Physalaemus erikae Serdia costalis Carapoia crasto Chavensicola crassicalnei Heteropachylus spiniger Physalaemus caete Psudopucrolia incerta Physalaemus moreirae Physalaemus spiniger Pseudoptilolepis chrysella Adelpha cocala caninia Physalaemus olfersii Serdia lobata Nicomia subfasciata Serdia inspersipes Oxyepoecus punctifrons Polietina univittata Serdia calligera Serdia maxima Forest, endemism was not shown in some previously considered areas of endemism in the 4° x 4° analysis. Because the detection of endemic areas is scale dependent, additional studies should address this issue by using many different quadrat sizes. This is especially important for the conservation of biological diversity, since precision is desirable. It is also interesting to note that in PAE based on quadrats, OGU size does not need to be the same. Although a few studies have tried this variable quadrat size approach (i.e. Morrone & Escalante 2002), it offers important applications for cladistic biogeography, which demands the indication of endemic areas for all taxa analyzed http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 40 Sigrist M.S & Carvalho C.J.B Table 3. List of taxa supporting endemic 1 x 1 degrees OGUs. Ancestral area Tabela 3. Lista de espécies que suportam as quadrículas endêmicas de 1 x 1 grau. 2 2 Quadrat 63 114 3 Bahia 110 2 111 2 102 67 Espírito Santo 71 59 2 80 2 88 3 71 5 77 Minas Gerais 77 Southern Rio de Janeiro 86 80 48 2 63 2 67 88 Northeastern São Paulo Figure 4. Informative part of the strict consensus cladogram from PAE using 1° x 1° lat/long grids of the Atlantic Forest. Numbers on the branches indicate the total number of endemic species supporting the endemic OGU. Figura 4. Parte informativa do cladograma de consenso estrito obtido na PAE empregando quadrículas de 1 x 1 graus (lat/long) na Mata Atlântica. Números internos indicam o total de espécies endêmicas suportando as quadrículas endêmicas. 102 110 111 114 50 °W 45 °W 40 °W 35 °W 5 °S 10 °S 114 111 15 °S 110 80 102 20 °S 88 N 71 77 W 63 67 E S 0 250 500 Km 25 °S 30 °S Figure 5. Endemic OGUs from PAE of the Atlantic Forest region with the grouped OGUs (within rectangle) in the southern coast of the State of Bahia, Brazil. Figura 5. Quadrículas endêmicas obtidas pela PAE na região da Mata Atlântica, mostrando ainda o agrupamento das quadrículas localizadas no litoral Sul do Estado da Bahia (retângulo). http://www.biotaneotropica.org.br (110, 111) Species Physalaemus bokermanni Pseudoptilolepis latipalpis Carapoia ubatuba Physalaemus atlanticus Balacha distincta Physalaemus barrioi Serdia maculata Anelosimus sumisolena Nicomia interrupta Nicomia lemniscata Nicomia monticola Physalaemus soaresi Physalaemus deimaticus Physalaemus evangelistae Balacha caparao Physalaemus maximus Heteropachylus sp. n. 2 Physalaemus obtectus Carapoia brescovitti Carapoia una Heteropachylus perachii Serdia costalis Chavensicola crassicalnei Heteropachylus spiniger Aechmea depressa Heteropachylus sp. n. 1 (Humphries & Parenti 1999). Moreover, it may be used to define endemic areas using PAE even when a small number of taxa is analyzed. For example, consider the analysis here made using 4° x 4° OGUs. In order to delimit endemic areas all over South America using the same number of taxa, endemic OGUs defined at 4° x 4° may be kept and, in a second analysis, the remain region divided in grids of 5° x 5°, followed by a new analysis. This cycle is repeated many times, maintaining the size of endemic grids defined at a given scale and increasing grid size on the remaining areas for a new round of parsimony analysis. The analysis continues until all of the areas of endemism in South America are delimited. Based on our results, we recommend the use of smaller grid sizes for more precision and better biological concordance with distribution data. However, the quality of the results will depend on the number of species being analysed, and that will require additional research about species distribution. This requirement is not unique to PAE, but rather is important in all biogeographic methods. Thus, distribution information from biological collections should be rapidly computerized and made widely available as a priority to better understand the patterns of biological diversity and its conservation. Efforts are being made in this direction and must be encouraged (i.e. CRIA - http://www.cria. org.br/). Besides, more reliable distributional data should be addressed by increasing the sampling effort on poorly studied groups. Conservation implications from this study are that areas indicated in the 1° x 1° analysis should be regarded as priorities for conservation, since these quadrats demonstrate historical endemism at both local and regional scales. PAE analysis using quadrats is shown to be a strong tool for biogeographic analysis because the method is http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?article+bn00308042008 41 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Areas of endemism in the Neotropical region and Atlantic Forest easily applied, tested and the results can be fine-tuned as more data become available (Silva et al. 2004). The cladograms show little information about endemic area relationships, since most of the taxa used did not cluster OGUs. The only inference we were able to make is that some areas of the Atlantic forest were grouped, suggesting the presence of two distinct components (northern and southern). The use of PAE to infer area homology and relationships is still being debated in literature (Brooks & Van Veller 2003, Santos 2005, Nihei 2006). The critiques directed to PAE are basically due to absence of phylogenetic information, what may lead to false relationships among areas. Besides, static PAE (see Nihei 2006) suffers from the lack of temporal information, leading to conclusions based on distributional data from a single geological horizon. On the other hand, Morrone (2001) claimed that the establishment of homology should follow a two step program, in which PAE would be responsible for formulating a first hypothesis of area relationships. Considering the wide variety of approaches available for biogeographic analysis (Crisci et al. 2003), it seems reasonable to not discard any method until well established comparisons can be made. Fortunately, this will lead to a more complete picture of the biotic evolution in the Neotropical regions. CRACRAFT, J. 1985. Historical Biogeography and patterns of differentiation within the South American avifauna: Areas of Endemism. Ornithological Monographs, 36:49-84. Acknowledgements GOLOBOFF, P. 1999. NONA (No Name) ver. 2. Tucumán, Argentina. We are grateful to Elaine Della Soares and Peter Lowenberg-Neto for their help with computer programs and further improvements of the manuscript. We also thank Dr. James Ropper for English review and an anonymous referee for very useful criticisms. MSS received financial support from PIBIC - CNPq and CJBC was supported by CNPq (process 302454–2005–5). References AGNARSSON, I. 2005. Revision and phylogenetic analysis of American Ethicus and Rupununi groups of Anelosimus (Araneae, Theridiidae). Zool. Scr. 34(4):389-413. ALBERTSON, J.L. & DIETRICH, C.H. 2005. Systematics and phylogeny of the Neotropical treehopper subfamily Nicomiinae (Hemiptera, Membracidae). Rev. Bras. Zool. 22(1):231-283. ALBUQUERQUE, N.L. & BRANDÃO, C.R.F. 2004. A revision of the Neotropical Solenopsidini ant genus Oxyepoecus Santschi, 1926 (Hymenoptera: Formicidae: Myrmicinae). 1. The Vezenyii species-group. Pap. Avuls. Zool. 44(4):55-80. AMORIM, D.S. & PIRES, M.R.S. 1996. 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Data Received 18/10/07 Revised 15/09/08 Accepted 01/10/08 http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?article+bn00308042008 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Aspectos populacionais de Serrapinnus notomelas (Eigenmann, 1915) e Bryconamericus stramineus Eigenmann, 1908 (Characiformes: Characidae) em riachos da bacia do rio Ivinhema, Alto Rio Paraná Luzia da Silva Lourenço1,3, Yzel Rondon Súarez2 & Alexandro Cezar Florentino1 Laboratório de Ecologia e Manejo de Recursos Pesqueiros, Instituto de Biociências, Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT, CEP 78060-900, Cuiabá, MT, Brazil, e-mail: [email protected] 2 Laboratório de Ecologia, Centro Integrado de Análise e Monitoramento Ambiental – CInAM, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – UEMS, Rod. Dourados-Itahum, Km 12, CEP 79804-970, Dourados, MS, Brazil, e-mail: [email protected] 3 Corresponding author: Luzia da Silva Lourenço, e-mail: [email protected] 1 LOURENÇO, L.S., SÚAREZ, Y.R. & FLORENTINO, A.C. 2008. Populational aspects of Serrapinnus notomelas (Eigenmann, 1915) e Bryconamericus stramineus Eigenmann, 1908 (Characiformes: Characidae) in streams of Ivinhema River Basin, Upper Paraná Basin. Biota Neotrop. 8(4): http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/ en/abstract?article+bn00408042008. Abstract: The knowledge of population parameters for Neotropical fish species is a great challenge to ichthyology. In this paper we analyzed the weight/length relationship, parameters of growth, mortality, recruitment and evaluate the influence of seasonal variation of rainfall on the mean weight of individuals and the pattern of recruitment for two fish species in streams of the Ivinhema River Basin-MS. The samples were done monthly from January to December 2002, with standardized effort between the sites. The equation that describe the weight/length relationship for Serrapinnus notomelas is (weight = 0.0000191 * length standard3.106) and for Bryconamericus stramineus is (weight = 0.0000080 * length standard3.193), being the constant b significantly higher than three. The asymptotic length for S. notomelas was 42.1 mm and for B. stramineus was 54.7 mm. Serrapinnus notomelas presented larger natural mortality (Z = 1.08) than B. stramineus (Z = 0.93) and higher growth rate (S. notomelas k = 0.60 and B. stramineus k = 0.54); and S. notomelas presented a lower longevity (4.99 years) than B. stramineus (5.54 years). The Index of growth performance (φ) calculated for S. notomelas was 3.027, while for B. stramineus was 3.208. We verified significant seasonal variation in the adjusted mean weight for both studied species. The recruitment pattern for S. notomelas and B. stramineus also follows a seasonal pattern, with two recruitment picks in the year, and S. notomelas presented a recruitment pick in March and other in June, while B. stramineus presents a pick in April and other in October. Keywords: ecology, fish, weight/length relationships, population parameters. LOURENÇO, L.S., SÚAREZ, Y.R. & FLORENTINO, A.C. 2008. Aspectos populacionais de Serrapinnus notomelas (Eigenmann, 1915) e Bryconamericus stramineus Eigenmann, 1908 (Characiformes: Characidae) em riachos da bacia do rio Ivinhema, Alto Rio Paraná. Biota Neotrop. 8(4): http://www.biotaneotropica.org. br/v8n4/pt/abstract?article+bn00408042008. Resumo: O conhecimento dos parâmetros populacionais para as espécies de peixes neotropicais é um grande desafio da ictiologia. No presente trabalho analisamos a relação peso/comprimento, parâmetros de crescimento, mortalidade, recrutamento e avaliamos a influência da variação sazonal da precipitação sobre o peso médio dos indivíduos e o padrão de recrutamento para duas espécies de peixes em riachos da bacia do rio Ivinhema, Estado de Mato Grosso do Sul - Brasil. As amostragens foram realizadas mensalmente de janeiro a dezembro/2002, com esforço padronizado entre os locais. A equação que descreve a relação peso total/comprimento padrão para Serrapinnus notomelas é (Peso = 0,0000191 * LS3,106) e para Bryconamericus stramineus é (Peso = 0,0000080 * LS3,193), sendo a constante b significativamente maior que três. O comprimento assintótico para S. notomelas foi de 42,1 mm e para B. stramineus foi de 54,7 mm. Serrapinnus notomelas apresentou maior mortalidade natural (Z = 1,08) do que B. stramineus (Z = 0,93) e maior taxa de crescimento (S. notomelas k = 0,60 e B. stramineus k = 0,54), sendo que S. notomelas apresentou uma menor longevidade (4,99 anos) do que B. stramineus (5,54 anos). O Índice de performance de crescimento (φ) calculado para S. notomelas foi de 3,027, enquanto para B. stramineus foi de 3,208. Constatamos variação sazonal significativa no peso médio ajustado para ambas as espécies estudadas. O padrão de recrutamento para S. notomelas e B. stramineus também segue um padrão sazonal, com dois picos de recrutamento no ano, sendo que S. notomelas apresentou um pico de recrutamento em março e outro em junho, enquanto B. stramineus apresentou um pico em abril e outro em outubro. Palavras-chave: ecologia, peixes, relação peso/comprimento, parâmetros populacionais. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn00408042008 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 44 Lourenço, L.S. et al. Introdução A ictiofauna neotropical é uma das mais diversificadas do mundo. Contudo, o conhecimento da biologia básica de suas espécies ainda é um dos maiores desafios da ictiologia (Lowe-McConnell 1999), sendo que as espécies de pequeno porte são as menos conhecidas, desde o ponto de vista taxonômico até a quantificação de aspectos da ecologia populacional, o que dificulta a adoção de medidas mais eficientes de manejo e conservação (Sanna-Kaisa & Jukka 2004). Desta forma, o conhecimento da estrutura populacional (eg. mudança da taxa de natalidade e mortalidade, fecundidade, padrão de recrutamento), além de fornecer informações sobre a entrada de novos indivíduos na população e da longevidade dos mesmos (LoweMcConnell 1999), permite a compreensão da influência de fatores ambientais, tais como temperatura, oxigênio dissolvido, salinidade, fotoperíodo e hidroperíodo e dos fatores bióticos como a competição e a predação (Wootton 1999) sobre a dinâmica populacional das espécies de peixes. Diversos autores têm estudado espécies de pequeno porte na planície de inundação do Alto Rio Paraná (Braga & Gennari-Filho 1990, Garutti & Figueiredo-Garutti 1992, Giamas et al. 1992, Benedito-Cecilio et al. 1997, Lizama & Ambrósio 1999, 2002, Piana et al. 2006). No entanto, poucos trabalhos foram realizados em riachos com espécies de pequeno porte, ainda que para as espécies Serrapinnus notomelas (Eigenmann 1915) e Bryconamericus stramineus Eigenmann 1908 destacam-se alguns trabalhos, tais como os de Lizama & Ambrósio (1999, 2002) sobre a relação peso/comprimento e fator de condição para S. notomelas na planície alagável do rio Paraná, bem como o trabalho de Galuch et al. (2003) sobre o desenvolvimento inicial e distribuição espacial de B. stramineus e o trabalho de Piana et al. (2006) quantificando a importância de características bióticas e abióticas sobre a densidade populacional de S. notomelas, todos realizados na planície de inundação do rio Paraná. Diante do exposto o presente estudo tem como objetivo fornecer informações sobre a estrutura em comprimento, a relação peso total/ comprimento, parâmetros de crescimento, mortalidade e bem como analisar a influência da variação sazonal da precipitação sobre o peso médio dos indivíduos e o padrão de recrutamento. Material e Métodos As coletas foram realizadas mensalmente em sete riachos da bacia do rio Ivinhema, Alto Rio Paraná (Figura 1) entre janeiro e dezembro de 2002. As amostragens foram realizadas com uma peneira retangular de armação metálica (1,2 x 0,8 m) confeccionada com tela de mosquiteiro (2 mm de abertura de malha), sendo realizados 20 lances por local. Todos os riachos foram amostrados no período diurno em um trecho de aproximadamente 50 m. Em campo, os peixes foram fixados em formol a 10% e, posteriormente, os exemplares levados ao laboratório foram transferidos para álcool 70% para preservação e para obtenção do peso em balança analítica e do comprimento padrão, utilizando paquímetro com aproximação a 0,1 mm. A relação peso total/comprimento padrão para B. stramineus e S. notomelas foi obtida pelo ajuste de uma regressão não-linear, bem como o intervalo de confiança para o coeficiente angular “b” da regressão. O comprimento assintótico foi estimado a partir do maior indivíduo capturado utilizando a equação de Pauly (1983): L∞ = L max / 0,95 http://www.biotaneotropica.org.br (1) O valor estimado da taxa de crescimento (k) foi obtido utilizandose o método ELEFAN I (Eletronic Lengths-Frequency Analysis) (Pauly & David 1981), inserido no programa FISAT. O índice de performance de crescimento (φ) foi obtido para as duas espécies através da equação proposta por Pauly & Munro (1984): φ = log k + 2 log L∞ (2) Enquanto a longevidade foi estimada segundo a equação proposta por Taylor (1958): t max = to + 2,996 / k (3) A mortalidade total (Z), aqui definida como igual à mortalidade natural (M), foi obtida segundo a fórmula empírica de Pauly (1980), que utiliza a informação dos parâmetros de crescimento (L∞ e k) e a temperatura média (°C) do ambiente em que a espécie foi amostrada: ln M = −0,0152 − 0,279 ln L∞ + 0,6543ln k + 0,463ln T°C. (4) Com o objetivo de analisar a influência da variação temporal sobre o peso dos indivíduos, para cada uma das espécies foi realizada uma análise de co-variância do peso (variável resposta) em função do mês da amostragem (variável explanatória) e do comprimento padrão (co-variável). Os dados de peso total e comprimento padrão foram previamente transformados utilizando log10. Adicionalmente, o peso médio ajustado para as duas espécies e a pluviosidade de um mês anterior foram correlacionados utilizando a correlação de Spearman. O padrão de recrutamento foi obtido através da distribuição de freqüência de comprimento padrão e dos parâmetros de crescimento (L∞ e k) estimados para cada espécie, utilizando-se a rotina incluída no FISAT (Gayanilo & Pauly 1997). Posteriormente, foram relacionados os dados de recrutamento de ambas as espécies com a pluviosidade de um mês anterior utilizando a correlação de Spearman. Resultados Foram obtidos dados de peso e comprimento de 368 indivíduos de Serrapinnus notomelas e 198 indivíduos de Bryconamericus stramineus. O comprimento padrão médio de S. notomelas foi 23,2 mm (dp = 5,74), variando entre 9 e 40 mm, enquanto para B. s tramineus o comprimento padrão médio foi de 31,2 mm (dp = 9,48), variando entre 9,6 e 52 mm. Para B. stramineus constatamos, através da inspeção visual do histograma do comprimento padrão, que a população estudada apresentou quatro modas bem definidas (Figura 2). O modelo de regressão não-linear gerado para a variação do peso em função do comprimento padrão para S. notomelas (Peso = 0,0000191 * LS3,082) permitiu explicar 96% da variação nos dados. Para B. stramineus o modelo gerado (Peso = 0,0000080 * LS3,198) permitiu explicar 95,7% da variação nos dados (Tabela 1 e Figura 3). Para as duas espécies o valor do intervalo de confiança do coeficiente angular “b” ajustado através da regressão não-linear foi estatisticamente maior que 3, Sendo (3,009-3,155) para S. notomelas e (3,079‑3,318) para B. stramineus, desta forma elas apresentam crescimento alométrico positivo. Através da comparação dos intervalos de confiança do coeficiente angular da relação peso/comprimento constatamos que não existe diferença significativa na taxa de incremento de peso em função do comprimento. Contudo, em nossas amostragens, o comprimento máhttp://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn00408042008 45 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Aspectos populacionais de Serrapinnus notomelas e Bryconamericus stramineus N W E ego órr C S ro Ou Ri e d Ver o Ivi nh em Brazil a MS o lin l Cr is ta zu oA g rre Có r Ivin re go Có Rio 22° 15' vevê Córrego Pira a hem Córrego da Mata Córrego Vitória Córrego Antonia Cór Córrego Rosário Có go No ia itór oV reg rre vid ad e a Rio rio Ivin bó Li hem go 22° 30' rre Có Córr ego 0 10 20 km 54° 00' Vitór ia 53° 45' 53° 30' Figura 1. Localização dos riachos na bacia do rio Ivinhema-MS, Alto Paraná. Figure 1. Location of the streams in the basin of the river Ivinhema-MS, Upper Parana. ximo alcançado pelas espécies difere, sendo que B. stramineus é maior (lmax = 52 mm) quando comparado com S. notomelas (lmax = 40 mm), fato que influencia o coeficiente angular. Estimamos o comprimento assintótico para S. notomelas em 42,1 mm, enquanto para B. stramineus o comprimento assintótico estimado foi de 54,7 mm. Serrapinnus notomelas apresenta maior mortalidade natural (Z = 1,08) que B. stramineus (Z = 0,93) e maior taxa de crescimento (S. notomelas k = 0,60 e B. stramineus k = 0,54); S. notomelas apresenta menor longevidade (4,99 anos) que B. stramineus (5,54 anos). O Índice de performance de crescimento (φ) calculado para S. notomelas foi de 3,027, enquanto para B. stramineus foi de 3,208. Utilizando a análise de co-variância constatamos que existe influência significativa da variação sazonal, interagindo com o comprimento padrão sobre o peso de ambas as espécies estudadas (Tabela 2), sendo que o peso médio ajustado para S. notomelas http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn00408042008 acompanha a mudança na pluviosidade ao longo do ano (r = 0,580; p = 0,050) (Figura 4), contudo, para B. stramineus esta correlação não foi significativa (r = 0,545; p = 0,068). O padrão de recrutamento para S. notomelas e B. stramineus também segue um padrão sazonal, com dois picos de recrutamento no ano, sendo que S. notomelas apresenta um pico de recrutamento em março e outro em junho, enquanto B. stramineus apresenta um pico em abril e outro em outubro (Figura 5), ou seja, nos meses com redução da pluviosidade. Ao correlacionar os dados de recrutamento e pluviosidade não evidenciamos relação para S. notomelas (r = –0,11; p = 0,732), porém houve relação negativa entre a pluviosidade e recrutamento para B. stramineus (r = –0,580; p = 0,050). Discussão A estrutura em comprimento de uma população varia devido ao regime de recrutamento e mortalidade dos indivíduos. Tanto a populahttp://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 46 Lourenço, L.S. et al. Tabela 1. Resultado da análise de regressão não-linear do peso em função do comprimento padrão (ls) dos indivíduos com os valores estimados de “a” e “b”, bem como o intervalo de confiança, para os riachos da bacia do rio Ivinhema, MS no período de janeiro a dezembro/2002. Table 1. Result of the analysis of non-linear regression of the weight in function of the standard length (ls) of the individuals with the estimated values of “a” and “b”, as well as the confidence interval, for the streams of the basin of the river Ivinhema, MS in the period from January to December/2002. Espécie Serrapinnus notomelas Bryconamericus stramineus Constante a 191*e–5 (146*e–5 a 235*e–5) 80*e–6 (46*e–6 a 113*e–5) Constante b 3,082 (3,009-3,155) 3,198 (3,079-3,318) r2 0,960*** 0,957*** *** = significativo a α =0,0001 Tabela 2. Resultado da análise de co-variância do peso das espécies estudadas em função da variação sazonal e do comprimento padrão (ls) dos indivíduos para os riachos da bacia do rio Ivinhema, MS no período de janeiro a dezembro-2002. Table 2. Result of the analysis of co-variance of the weight of the species studied in function of the seasonal variation and of the standard length (ls) of the individuals for the streams of the basin of the river Ivinhema, MS in the period of January the December-2002. Espécie Serrapinnus notomelas Bryconamericus stramineus N 368 198 r2 0,907 0,970 F-meses 7,346*** 4,817*** F-Comprimento padrão 3445,8*** 5188.4*** *** = significativo a α < 0,0001 Número de indivíduos 40 20 Serrapinmus notomelas 30 15 20 10 10 5 0 5 15 25 35 45 Comprimento padrão (mm) 0 Bryconamericas stramineus 8 19 30 41 52 Comprimento padrão (mm) Figura 2. Histograma de comprimento padrão (mm) para S. notomelas e B. stramineus nos riachos estudados na bacia do rio Ivinhema-MS. Figure 2. Histogram of standard length (mm) for S. notomelas and B. stramineus in the streams studied in the basin of the river Ivinhema-MS. ção de B. stramineus como a população de S. notomelas apresentaram um padrão polimodal na distribuição das classes de comprimento o que pode ser um indicativo de repetidos episódios reprodutivos ao longo do ano, e consequentemente a presença de várias coortes na população das duas espécies analisadas em riachos do rio Ivinhema. As alterações na estrutura em comprimento podem resultar do efeito das variáveis abióticas e bióticas na taxa de natalidade e sobrevivência de cada população (Gurgel 2004) e da variação dos atributos ambientais, que determina o estado nutricional da população (Bagarinão & Thayaparam 1986). As diferenças encontradas por Orsi et al. (2004) na distribuição de comprimento da população de Astyanax altiparanae em trechos do rio Paranapanema, Paraná, resultou de diferenciadas http://www.biotaneotropica.org.br estratégias de desenvolvimento, ou seja, épocas distintas de recrutamento nos trechos amostrados, onde tanto os fatores abióticos locais, como a predação, a disponibilidade de alimento determinaram a estrutura populacional da espécie. Trexler & Travis (1990) observaram na população de Poecilia latipinna que o efeito do ambiente não é forte o suficiente para levar a variações no comprimento corporal entre populações, e que as diferenças intrínsecas entre populações naturais, podem ser resultado da diferença na distribuição de freqüência de genótipos presentes nas populações. Lizama & Ambrósio (1999) analisando a relação peso/comprimento para nove espécies de peixes na planície de inundação da bacia do rio Paraná encontraram para S. notomelas valores para a http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn00408042008 47 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Aspectos populacionais de Serrapinnus notomelas e Bryconamericus stramineus Serrapinnus notomelas 1,0 1 Peso total (log) Peso total (g) 1,5 Bryconamericus stramineus 3,0 0 -1 Peso total (log) 2,0 2,4 -2 -3 1,8 -4 -5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 1,2 Comprimento padrão (log) 0,5 2 1 0 -1 -2 -3 -4 -5 2,0 2,5 0,6 0,0 3,0 3,5 4,0 Comprimento padrão (log) 0,0 0 10 20 30 40 50 0 Comprimento padrão (mm) 10 20 30 40 50 60 Comprimento padrão (mm) Figura 3. Relação Peso/Comprimento para S. notomelas e B. stramineus nos riachos estudados da bacia do rio Ivinhema-MS. Figure 3. Relationship weight/length for S. notomelas and B. stramineus in the studied streams of the basin of the river Ivinhema-MS. 0,5 400 20 400 300 15 300 10 200 5 100 rosa dos ventos na imagem original, substituir pela padrão (Paleta Symbols). 1,1 ráficos deverão utilizar a escala de cores pré-definidas. rras coloridas, seguir o padrão de cores da Swatches. 1,3 ter 10% de preto quando houver texto e 50% rras de gráficos pb devem figura devem estar no mesmo idioma do artigo. 1,5 jan. fev. mar. abr. maio jun. jul. ago. set. out. nov. dez. tar dentro de caixas de texto com 2 mm de distância nas extremidades. Meses áfico deve estar em "Sentence case". everá ter 1 ponto de Stroke. B. stramineus S. notomelas 200 100 0 Pluviosidade 0 jan. fev. mar. abr. maio jun. jul. ago. set. out. nov. dez. Pluviosidade (mm) 0,9 a "Dados gráficos" com 0.6 de Stroke. Recrutamento (%) m 0.5 de Stroke. Peso médio ajustado (log) 0,7 r)/ Symbol (Medium) tamanho 7. Pluviosidade (mm) Figuras - Biota Neotropica 0 Meses B. stramineus S. notomelas Pluviosidade tam figuras ex: a , devem estar no canto superior direito com 2 mm midades da figura. Figura 4. Variação sazonal na pluviosidade, peso total médio ajustado (Log10) ± erro padrão para B. stramineus e S. notomelas nos riachos estudados da bacia do rio Ivinhema-MS. Figure 4. Seasonal variation in the rainfall, weight medium total fitting (Log10) ± standard mistake for B. stramineus and S. notomelas in the studied streams of the basin of the river Ivinhema-MS. constante “a” bem acima (0,0199) dos encontrados no presente trabalho (0,0000191), ainda que o coeficiente angular da regressão “b” tenha sido similar (3,09) ao encontrado no presente estudo (3,106). Desta forma duas hipóteses podem explicar a diferença encontrada no parâmetro “a” entre o trabalho de Lizama & Ambrósio (1999) e o presente trabalho: 1) O fato das amostragens realizadas por estas autoras terem sido desenvolvidas em um outro tipo de ambiente (planície de inundação) quando comparado ao presente estudo, sendo assim, a maior produtividade na planície de inundação poderia atuar levando ao nascimento de indivíduos mais pesados que nos riachos por nós estudados; 2) A grande dispersão dos dados de peso na população estudada por estas autoras teriam conduzido a uma falha na estimativa do parâmetro a. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn00408042008 Figura 5. Padrão de recrutamento de S. notomelas e B. stramineus em riachos da bacia do rio Ivinhema-MS. Figure 5. Pattern of recruitment of S. notomelas and B. stramineus in streams of the basin of the river Ivinhema-MS. No presente estudo, constatamos que S. notomelas apresenta maior peso ao nascer que B. stramineus, e que ambas apresentam o coeficiente angular da regressão estatisticamente iguais (sobreposição dos intervalos de confiança), sendo que, ambas as espécies apresentam crescimento alométrico positivo. Giarrizzo et al. (2006) também encontraram similaridade na forma de crescimento de espécies pertencentes à mesma família como no presente estudo. O desempenho de crescimento, ou seja, o incremento em peso e comprimento de espécies distintas pode ser semelhante, porque ao nascerem os indivíduos investem em crescimento corporal, e quando atingem a maturidade sexual a energia adquirida é acumulada e destinada aos eventos reprodutivos (Costa & Araújo 2003). Ambas as espécies são presas, portanto pode ser esta, outra explicação para http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 48 Lourenço, L.S. et al. a similar forma de desenvolvimento exibida por S. notomelas e B. stramineus, pois quanto mais rápido elas atingem o comprimento máximo teórico maiores são as chances de sobrevivência, uma vez que os indivíduos menores são mais vulneráveis ao processo de predação (Reznick et al. 1996). Quanto aos parâmetros de crescimento (L∞ e K) espera-se que eles sejam diferentes entre espécies. No entanto, apesar dos parâmetros divergirem, as espécies estudadas seguiram um padrão predito de crescimento, pois S. notomelas alcançou o menor comprimento máximo teórico e a maior taxa de crescimento, e em conseqüência uma maior taxa de mortalidade natural do que B. stramineus. Deste modo, quanto menor o comprimento assintótico da espécie, maior é a taxa de crescimento, sendo que em função do pequeno comprimento corporal, maiores são as chances de serem predadas ou eliminadas do ambiente em condições adversas, o que resultaria, por conseguinte, em uma menor longevidade e elevada taxa de mortalidade. Quando o crescimento em comprimento é descrito pelo mesmo modelo pode se comparar o desempenho de crescimento entre espécies de formas similares (Mateus & Penha 2008), sendo que a ocorrência de ampla variação nos valores do desempenho de crescimento pode ser um indicativo de erro na estimativa de (φ). No entanto, o cálculo de (φ) para S. notomelas e B. stramineus ficou em torno de três, assim como para as espécies de Roeboides paranensis (φ = 3,64) (Capistrano-Santana et al. 2004) e Moenkhausia dichroura (φ = 3,75) (Cunha et al. 2007), ambos na baía da Onça, uma lagoa perene localizada à margem do rio Aquidauana - MS. Portanto, esses resultados sugerem uma satisfatória estimativa dos parâmetros de crescimento, pois para espécies de uma mesma família este índice não deve variar muito. Para ambas as espécies, o comprimento padrão interagiu com a variação sazonal na determinação do peso dos indivíduos, o que associado à concordância entre a variação na pluviosidade e o peso médio ajustado das espécies sugere que as variações no nível da água são fatores de grande importância na dinâmica populacional destas espécies. Conclui-se que o melhor bem estar dos indivíduos ocorreu na estação da chuva, quando a condição do habitat torna-se favorável para o desenvolvimento do indivíduo, devido ao aumento na disponibilidade de abrigos e alimentos (Lowe-McConnell 1999, Bravo et al. 2001, Winemiller & Dailey 2002, Silvano et al. 2003). As populações de peixes exibem certa plasticidade e/ou adaptação às condições locais do habitat. Portanto o efeito de algumas variáveis ambientais sobre os parâmetros populacionais pode variar dependendo dos atributos ambientais locais. McManus & Travis (1998) avaliaram o efeito da temperatura e da salinidade na biomassa corporal de machos de Poecilia latipinna em quatro populações do Norte da Flórida, e observaram uma ampla variação no peso dos indivíduos ao atingirem a maturidade, na análise não houve efeito da salinidade, mas sim interação entre população e temperatura, indicando que o peso dos machos foi alterado pela mudança de temperatura, com a magnitude do efeito variando entre machos de diferentes locais. A relação entre a pluviosidade e o peso médio de S. notomelas, sugere que esta espécie seja mais dependente da sazonalidade das chuvas, ou até mesmo da variação da temperatura da água, principalmente quando consideramos seu menor tamanho médio em relação a B. stramineus. Assim, diferenças no crescimento podem estar relacionadas à variação sazonal na temperatura da água, como sugerido por De Graaf (2003) estudando o crescimento de peixes na planície de inundação de Bangladesh. Assim como por Trexler et al. (1990) ao avaliar o crescimento de fêmeas de Poecilia latipina na Florida. Conduto de acordo com Trexler & Travis (1990) a variação na salinidade também produz efeitos consideráveis sobre o crescimento de peixes na Flórida. http://www.biotaneotropica.org.br Para ambas as espécies analisadas neste trabalho o recrutamento ocorreu durante todo o ano, porém não ocorre relação entre a pluviosidade e recrutamento para a população de S. notomelas, contudo para a população de B. stramineus evidencia-se uma relação negativa, pois nos meses de aumento das chuvas na região ocorre um decréscimo no recrutamento, isto fica evidente no mês de dezembro. Lizama & Ambrósio (2003) evidenciaram que o recrutamento de Moenkhausia intermedia é contínuo e presente durante todo o ano, na planície de inundação do rio Paraná, embora ocorram períodos de maiores intensidades. Este padrão de recrutamento observado é característico de espécies de pequeno porte que habitam ambientes de água doce em regiões tropicais. Além disso, os picos de recrutamento na sua grande maioria coincidem com o período de mudança no nível da água. Entretanto, Cunha et al. (2007), ao analisarem o padrão de recrutamento de Moenkhausia dichroura na Baía da Onça, uma lagoa do Pantanal do rio Aquidauana, MS, observaram que a entrada de indivíduos na população ocorreu uma vez no ano (outubro). A população de Astyanax janeiroensis no rio Ubatuba, Rio de Janeiro, praticamente se reproduziu ao longo de todo o ano com exceção de maio a junho, com maior intensidade reprodutiva entre novembro e março (Mazzoni et al. 2005). Mazzoni & Silva (2006) evidenciaram exemplares de Bryconamericus microcephalus em processo reprodutivo entre junho e fevereiro, com pico de reprodução entre setembro e dezembro em um riacho costeiro da Mata Atlântica, Ilha Grande, Rio de Janeiro. Lampert et al. (2007) constataram que B. stramineus possui desova parcelada com época de reprodução ocorrendo entre setembro e dezembro, com um pico menor em fevereiro no rio Ibicuí, RS. Neste contexto, a forma como as fêmeas liberam seus ovócitos dentro de um período reprodutivo, definido como tipo de desova (Vazzoler 1996), representa uma vantagem, uma vez que pode aumentar o sucesso reprodutivo, especialmente para as espécies de pequeno porte incapazes de estocar uma grande quantidade de ovócitos (Lampert et al. 2007). Este comportamento explicaria também a existência de dois picos de recrutamento observada no presente estudo, que seria então, resultado de mais de um evento reprodutivo ao longo do ano. As espécies acima citadas apresentam uma mesma estratégia reprodutiva que é geneticamente determinada pela história de vida ou pelo comportamento programado. As táticas (estágios ontogenéticos ou ações específicas), que compõem a estratégia, podem diferir entre ambientes para que cada espécie ou população garanta que novos indivíduos sejam recrutados (Wootton 1999). Em síntese conclui-se que ambas as espécies investem primeiro em incremento corporal, e que o peso relaciona-se positivamente com a pluviosidade local para S. notomelas, porém não há efeito significativo para B. stramineus, com vários pulsos de recrutamento ao longo do ano para ambas as espécies. Entretanto, embora nossos resultados e alguns estudos tenham evidenciado o efeito da sazonalidade do ambiente determinando as mudanças nos parâmetros populacionais, não podemos desconsiderar o efeito da densidade populacional que conduz a competição por recursos influenciando processos populacionais em ambientes naturais. Contudo, como nosso trabalho não objetivou avaliar esta abordagem sugerimos que estudos em ambientes com diferenças de densidade e de oferta de recursos poderiam esclarecer melhor sua importância sobre a dinâmica populacional destas espécies. Agradecimentos À Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul/UEMS pelo apoio financeiro. Suely A. D. Molina, Amal Farhat, Priscilla Gobi pelo auxílio nos trabalhos de campo. Aos revisores pelas críticas e sugestões. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn00408042008 49 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Aspectos populacionais de Serrapinnus notomelas e Bryconamericus stramineus Referências Bibliográficas BAGARINÃO, T. & THAYAPARAN, K. 1986. The length-weight relationship, food habitats and condition factor of wild juvenile milkfish in Sri Lanka. Aquaculture 55(3):241-246. BENEDITO-CECILIO, E., AGOSTINHO, A.A., CARNELÓS-MACHADO VELHO, R.C. 1997. 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Diversity of bees (Hymenoptera, Apidae) along a latitudinal gradient in the Atlantic Forest. Biota Neotrop. 8(4): http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/ abstract?article+bn00908042008 Abstract: The Atlantic Forest is one of the most rich and endangered natural environments in the world. It is expected then that this situation would have encouraged the study and conservation of this biome; the Atlantic forest Hymenoptera fauna, however, remains virtually unknown. The bee fauna, for instance, is less studied than that of the Brazilian open areas. The overall ignorance on most of the Atlantic Forest insect faunas based the elaboration of the project “Biodiversity of Hymenoptera and Isoptera: richness and diversity along a latitudinal gradient in the Atlantic Forest – the humid eastern forest of Brazil”, within the Biota-Fapesp Program, that aimed to catalog the termites, ants and several wasp families along the Atlantic forest and to publish data that could contribute to the biome conservation. Similar sampling protocols were applied for wasp surveys: the same number of Malaise and pan traps and similar effort on vegetation swapping, along 17 selected localities, representing a gradient of almost 20° of latitude in evergreen pristine Atlantic Forest, from Paraíba to Santa Catarina Brazilian states. These protocols were defined to optimize the collecting of wasps; bees represented a ‘secondary product’ of the sampling protocol. A sum of 797 specimens representing 105 bee species was sampled; the richest and more abundant bee taxon was the Meliponina. Unfortunately the applied sampling method does not afford comparisons among Atlantic Forest bee assemblages with those of other biomes. The detrended correspondence analysis using only the relative frequencies of Meliponina species revealed a weak correspondence of the stingless bee assemblages’ composition with the latitudinal gradient. Despite that, the sampled taxa are possibly restricted to the Atlantic forest and additional data on their distribution deserves to be published. A complete checklist of the sampled bees, their relative frequencies, and the localities where they were recorded is presented and discussed. Keywords: Apoidea, bee assemblages, Neotropical, surveys. GONÇALVES, R.B. & BRANDÃO, C.R.F. Diversidade de abelhas (Hymenoptera, Apidae) ao longo de um gradiente latitudinal na Mata Atlântica. Biota Neotrop. 8(4): http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/ abstract?article+bn00908042008 Resumo: A Mata Atlântica é um dos ambientes mais ricos e ameaçados do mundo, o que deveria ter estimulado em muito o estudo e a conservação do Bioma, mas a fauna de Hymenoptera permanece ainda relativamente pouco conhecida. Em especial, a fauna de abelhas da floresta ombrófila densa é pouco estudada em comparação à fauna das áreas abertas brasileiras. O projeto temático “Biodiversidade de Hymenoptera e Isoptera: riqueza e diversidade ao longo de um gradiente latitudinal na Mata Atlântica – a floresta úmida do leste do Brasil”, integrante do Programa Biota-Fapesp, foi idealizado com o objetivo de catalogar térmitas, formigas e famílias selecionadas de vespas ao longo da Mata Atlântica, disponibilizando dados que permitam melhor embasar a conservação deste bioma. O protocolo de amostragem aplicada para a coleta de himenópteros (excluindo as formigas) empregou armadilhas Malaise, pratos-armadilha de cor amarela e esforço similar na varredura de vegetação ao longo de 17 localidades selecionadas, representando um gradiente de quase 20° de latitude na Mata Atlântica, dos Estados da Paraíba até Santa Catarina. Este protocolo foi definido para otimizar a coleta de vespas, sendo as abelhas um produto secundário da amostragem (levantamentos de abelhas em geral utilizam captura em flores ao longo das estações do ano). No entanto, devido à escala regional do projeto e ao grande esforço de amostragem, uma expressiva quantidade de abelhas foi coletada durante o projeto, incluindo novos registros de abelhas para a Mata Atlântica. Foi amostrado um total de 797 espécimes distribuídos em 105 espécies de abelhas; o grupo de abelhas mais rico e abundante foi Meliponina. Uma análise de correspondência “destendenciada” (‘detrended correspondence analysis’) aplicada à uma matriz de presença ou ausência de Meliponina revela a relativamente fraca influência do gradiente latitudinal na composição das assembléias de abelhas de Mata Atlântica. Uma listagem das espécies amostradas por localidade, com suas freqüências relativas, é apresentada e discutida. Palavras-chave: Apoidea, assembléias de abelhas, levantamentos, Neotrópico. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn00908042008 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 52 Gonçalves, R.B. & Brandão, C.R.F. Introdução A Mata Atlântica brasileira é ao mesmo tempo um dos biomas mais biodiversos do mundo e um dos mais ameaçados pela ação antrópica (Myers et al. 2000), sendo um dos 34 hotspots mundiais e área prioritária para a conservação (Conservation International do Brasil et al. 2000). Como exemplos da diversidade da Mata Atlântica, estima-se que nela ocorra metade das espécies de mamíferos brasileiros (Fonseca et al. 1996); que abrigue uma avifauna comparativamente muito rica com 1020 espécies registradas, sendo 200 endêmicas (Agnello 2007) e, estudos recentes avaliam que o número de bactérias nas folhas possa ser de três a seis vezes o número estimado de espécies para oceanos e solo (Lambais et al. 2006). Para as abelhas, o número de espécies coletadas em uma única localidade da Mata Atlântica paulista (Wilms 1995), na Estação Biológica de Boracéia, em Salesópolis, é superior ao número de espécies coletadas em qualquer outra localidade na região Neotropical, incluindo áreas secas, onde, coletivamente, a riqueza de abelhas é considerada comparativamente superior (Michener 1979). Quanto à ameaça humana, cabe notar que a área coberta pela Mata Atlântica era de aproximadamente 1.300.000 km2 antes da colonização européia, e após mais de 500 anos de ocupação, a área preservada é estimada em cerca de 98.000 km2 (Morellato & Haddad 2000), muito fragmentada, em especial na sua porção norte. Felizmente, dados recentes apontam para uma diminuição do ritmo de desmatamento em determinadas regiões com remanescentes de floresta (Conservation International do Brasil et al. 2000). Tais aspectos deveriam ter estimulado pesquisas envolvendo a biota da Mata Atlântica, no entanto, a sua fauna de insetos, particularmente Hymenoptera e Isoptera, é pouco conhecida em relação à dos demais biomas brasileiros, como o Cerrado, por exemplo. Os fragmentos remanescentes de Mata Atlântica cobrem um gradiente latitudinal natural de quase 20 graus em um eixo norte-sul, da Paraíba a Santa Catarina. Na verdade, esta situação representa uma oportunidade de enriquecer o acervo testemunho destes insetos ao longo do gradiente, a partir de inventários estruturados (Longino & Colwell 1997) que permitem análises comparativas e identificações de padrões biogegráficos, ao mesmo tempo, aumentando o conhecimento taxonômico sobre estes insetos. O projeto temático “Biodiversidade de Hymenoptera e Isoptera: riqueza e diversidade ao longo de um gradiente latitudinal na Mata Atlântica – a floresta úmida do leste do Brasil”, integrante do Programa Biota-Fapesp, pretendeu responder como as diferentes síndromes biológicas adotadas pelas diferentes famílias de Hymenoptera e Isoptera respondem ao gradiente latitudinal na Mata Atlântica e verificar se a partição biogeográfica do bioma, indicada por estudos de outros organismos, é confirmada pelas distribuições dos táxons selecionados para estudo pelo projeto. A principal ferramenta para estas análises é o conjunto de dados resultante de levantamentos qualitativos e/ou quantitativos de térmitas e famílias selecionadas de himenópteros ao longo de localidades de Mata Atlântica; além das análises, o projeto pretende disponibilizar dados que podem ser decisivos para fundamentar programas objetivando a conservação deste bioma. Alguns grupos de organismos como, por exemplo, as aves (Gaston 2000), apresentam tendência de serem mais ricos nas porções tropicais do globo do que em áreas subtropicais e temperadas (ex. Brown & Lomolino 1998). Este padrão de gradiente é conhecido como associação negativa entre riqueza de espécies e latitude ou padrão clássico de gradiente latitudinal, e é corroborado padrões exibidos por muitos táxons (Willig et al. 2003). Para plantas, Oliveira-Filho & Fontes (2000) reconhecem uma diferenciação norte-sul da flora arbórea na Mata Atlântica, possivelmente relacionada com a temperatura e o regime de chuvas. Exceções a este padrão clássico são http://www.biotaneotropica.org.br também conhecidos para muitos organismos (ver Willig et al. 2003), por exemplo, Ichneumonidae que apresenta associação positiva entre riqueza e latitude (ex. Janzen 1981). Os Apidae de uma maneira geral apresentam tendência oposta - as porções temperadas e xéricas do mundo parecem ser mais ricas que as porções tropicais (Michener 1979). De qualquer maneira é esperado que a maioria dos organismos apresente certa variação em sua distribuição de riqueza segundo um gradiente latitudinal. Porém os padrões de distribuição revelados, em geral não se adequam perfeitamente ao gradiente devido às influências de outras variáveis geográficas (Gaston 2000), sendo chamados portanto de disruptivos. Dados preliminares resultantes do inventariamento dos Formicidae amostrados pelo Projeto (neste caso em 26 localidades) apontam para uma diferenciação latitudinal da fauna e uma separação entre a composição do Nordeste e do Sudeste/Sul da Mata Atlântica (Silva et al. 2007). Os resultados preliminares do inventariamento de Isoptera, em 15 localidades, verificam a existência de um padrão clássico de gradiente latitudinal, com a separação das composições do Nordeste mais do estado do Espírito Santo daquelas do Sudeste/ Sul da Mata Atlântica (Cancello 2006, Cancello et al. 2006). Sob abordagem da biogeografia cladística, a diferenciação regional das áreas da Floresta sugere uma derivação histórica do norte para o sul da Mata Atlântica (Amorim & Pires 1996, Costa et al. 2000, Pinto da Rocha et al. 2005, Silva et al. 2004). Dentre os estudos de ecologia de comunidades de abelhas, inventários padronizados são relativamente comuns; entre 1970 quando se iniciaram e 2002, foram catalogados mais de 60 trabalhos no Brasil (Pinheiro-Machado 2002). Porém são poucos os inventários de abelhas da Mata Atlântica em comparação aos estudos em áreas de Cerrado, Caatinga e Campos Sulinos. Essa relativa escassez de levantamentos em áreas cobertas por floresta deve-se em grande parte à dificuldade da captura de abelhas em flores no dossel. Os levantamentos existentes na Mata Atlântica concentram-se na porção sul, em restingas continentais e insulares dos Estados do Paraná (Barbola 2000, Laroca 1974, Schwartz-Filho & Laroca 1998), Santa Catarina (Steiner et al. 2006) e em florestas de São Paulo (Ramalho 1995, Wilms 1995). A estratégia adotada pelo presente projeto temático levou em conta a obtenção de um número representativo de amostras, obtidas pela aplicação de técnicas de coleta quantitativas em um número representativo de localidades ao longo do gradiente. Levantamentos de abelhas, entretanto, requerem a permanência em uma área determinada por períodos relativamente longos, pois exigem captura ativa e individual de visitantes florais após a localização e acesso a floradas, devendo levar em conta a sazonalidade (Sakagami et al. 1967). O objetivo do presente trabalho é apresentar a listagem das abelhas coletadas ao longo do gradiente latitudinal através do projeto supracitado. Pelas razões explicadas acima, discutimos grande parte os resultados de forma qualitativa; apenas para espécies de abelhas sem ferrão foi possível uma análise quantitativa, por ser um grupo abundante e perene. Material e Métodos A Tabela 1 lista as 17 localidades sujeitas a amostragens de vespas pelo Projeto temático, segundo seu município e Estado e, quando for o caso, as respectivas unidades de conservação em que os locais de coleta estão inseridos, e os meses nos quais foram realizadas as amostragens. Os períodos de coleta deram-se preferencialmente nos meses chuvosos, que em geral mostram maior riqueza faunística; portanto, diferentes regiões do gradiente podem ter sido amostrados em diferentes períodos. O protocolo de coleta de vespas prevê a aplicação de um número fixo de armadilhas Malaise e pratos-armadilha (armadilha http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn00908042008 53 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Abelhas ao longo de um gradiente latitudinal na Mata Atlântica Tabela 1. Localidades amostradas ao longo de um gradiente latitudinal da Mata Atlântica do norte para o sul e respectivos meses de amostragem. Table 1. Sampled localities along a north-south latitudinal gradient in the Atlantic Forest and respective sampling months. N L1 L2 L3 L4 L5 L6 L7 L8 L9 L10 L11 L12 Coordenadas geográficas 07° 08’ 25’’ S e 34° 51’ 38’’ W 08° 00’ 33.9’’ S e 34° 56’ 31.5’’ W 09° 19’ S e 36° 28’ W 11° 22’ 43.9’’ S e 37° 25’ 03.0’’ W 12° 33’ 40’’ S e 38° 02’ 44.8’’ W 14° 46’ S e 39° 04’’ W 16° 23’ 17.6’’ S e 39° 10’ 55.6’’ W 18° 58’ 03.0’’ S e 40° 08’ 03.6’’ W 19° 58’ 18.5’’ S e 40° 32’ 07.6’’ W 21° 59’ 03.9’’ S e 41° 57’ 08.4’’ W 22° 34’ 35’’ S e 43° 26’ 10’’ W 23° 21’ 43’’ S e 44° 49’ 22’’ W Município - Estado João Pessoa - PB Recife - PE Quebrangulo - AL Santa Luzia do Itanhy - SE Mata de São João - BA Ilhéus - BA Porto Seguro - BA Linhares - ES Santa Teresa - ES Santa Maria Madalena - RJ Nova Iguaçu - RJ Ubatuba-SP L13 23° 39’ 08.3’’ S e 45° 53’ 48.9’’ W Salesópolis - SP L14 24° 18’ 16’’ S e 48° 21’ 53’’ W Ribeirão Grande - SP L15 24° 31’ 06’’ S e 47° 12’ 06’’ W L16 25° 34’ 37.2’’ e 48° 53’ 53.7’’ W L17 26° 19’ 25’’ S e 49° 18’ 26.5’’ W Peruíbe - SP Morretes - PR São Bento do Sul - SC de Moericke) em cada localidade, assim como a aplicação do mesmo esforço na varredura da vegetação nestas localidades. Esta metodologia foi escolhida para privilegiar a coleta de vespas, sendo que as abelhas resultam em um produto secundário da amostragem. Em cada área foram instaladas 10 armadilhas Malaise distribuídas em duas fileiras, uma em trilha pré-existente e outra dentro da floresta. Os pratos-armadilha de cor amarela foram distribuídos em grupos de 10 a cada lado de cinco pontos da trilha, somando 100 armadilhas em cada localidade. Os grupos de armadilhas foram separados por aproximadamente 100 metros entre si e as armadilhas mantidas disponíveis por um período de três dias. As coletas ativas não seletivas foram realizadas através da varredura da vegetação, utilizando redes entomológicas nas proximidades dos locais onde foram instaladas as armadilhas, mantendo o mesmo esforço empregado a cada localidade, padronizando o tempo gasto na atividade. As abelhas coletadas foram montadas e rotuladas com etiquetas de procedência e de numeração sequenciada, para fins de planilhamento, relacionando os dados individuais. Em seguida, foram separadas em morfo-espécies e comparadas com material identificado por especialistas, depositado no Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, São Paulo (MZSP). Alguns grupos de abelhas foram enviados a especialistas para identificação (vide Agradecimentos). O material está depositado na coleção do MZSP, exceto alguns exemplares de Meliponina em duplicata, depositados na coleção do Departamento de Biologia, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Coleção João Maria Franco de Camargo, Ribeirão Preto. A partir dos dados originais foi construída uma matriz de presença/ausência de Meliponina para cada localidade. Neste caso, o Parque Estadual de Intervales (Ribeirão Grande, SP) foi excluído já que nenhum Meliponina foi ali coletado. Esta matriz foi submetida à uma análise de correspondência “destendenciada” (detrended correspondence analysis, DCA) para avaliar as relações de similaridade entre as localidades ao longo do gradiente; a DCA é comumente utilizada para representar padrões de substituição gradual de espécies http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn00908042008 Localidade Mata do Buraquinho Parque dos Dois Irmãos Reserva Biológica Pedra Talhada Crasto Reserva de Sapiranga Mata Esperança Estação Ecológica Pau Brasil Reserva Biológica de Sooretama Estação Biológica Santa Lúcia Parque Estadual do Desengano Reserva Biológica do Tinguá Parque Estadual da Serra do Mar, Núcleo Picinguaba Estação Ecológica Boracéia Parque Estadual Intervales, Base Barra Grande Estação Ecológica Juréia - Itatins Parque Estadual do Pau Oco CEPA - Rugendas Mês de amostragem Julho de 2002 Agosto de 2002 Setembro de 2002 Julho-Agosto de 2001 Julho de 2001 Maio de 2002 Maio de 2002 Março de 2002 Abril de 2001 Abril de 2002 Março de 2002 Janeiro de 2002 Março-Abril de 2001 Dezembro de 2000 Abril-Maio de 2002 Abril de 2002 Outubro de 2001 ao longo de gradientes ambientais (Ter Braak 1995). Diferentemente de outras técnicas de ordenação, a análise de correspondência ordena simultaneamente amostras e táxons; táxons e amostras fortemente associados estarão representados por pontos próximos no plano da ordenação. A análise foi realizada pelo programa Vegan versão 1.8-8 (Oksanen et al. 2007). Resultados Em números absolutos foram coletados 797 espécimes de abelhas, dos quais 114 machos. Estes indivíduos estão distribuídos em 105 espécies, de 50 gêneros e 15 tribos, sendo que 50 espécies puderam ser nomeadas. A lista completa das espécies está na Tabela 2. Todas as subfamílias de Apidae presentes no Brasil foram amostradas, sendo que Apinae foi a mais rica com 54 espécies, das quais 30 correspondem a abelhas sem ferrão (Meliponina). As demais subfamílias, em ordem decrescente de riqueza foram Halictinae (38 espécies), Andreninae (cinco espécies), Megachilinae e Colletinae (quatro espécies cada). Em ordem de abundância decrescente estão os Apinae com 664 indivíduos, Halictinae com 91, Andreninae com 31, Colletinae com seis e Megachilinae com cinco indivíduos. Novamente, as abelhas sem ferrão merecem destaque por apresentarem uma elevada abundância relativa com 582 exemplares coletados. As espécies mais abundantes foram Trigona aff. fulviventris com 202 indivíduos, seguida de Partamona criptica com 145 indivíduos, e Plebeia phrynostoma com 65 indivíduos (todos de Meliponina); os gêneros representados por estas espécies foram também os mais abundantes nesta ordem. Os gêneros mais ricos em espécies foram Dialictus (Halictinae, 10), seguido dos apíneos Plebeia (sete), Ceratina (seis), Osiris (cinco) e Melipona (quatro). Do total de espécies coletadas, 14% são cleptoparasitas (15), distribuídas em cinco tribos. Gêneros de abelhas considerados comuns e com ampla distribuição e alta abundância, como Centris, Exomalopsis e Xylocopa e suas várias espécies de ocorrência conhecida na Mata Atlântica não foram registrados no presente trabalho. http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 54 Gonçalves, R.B. & Brandão, C.R.F. Tabela 2. Listagem das espécies de abelhas coletadas ao longo de um gradiente latitudinal na Mata Atlântica (ver Material e Métodos). Table 2. Checklist of the bees sampled along a latitudinal gradient in the Atlantic Forest (see Material e Métodos). N Espécie ANDRENINAE Protandrenini 1 Anthrenoides sp.1 2 Anthrenoides zanellai Urban, 2005 3 Rhophitulus sp.01 4 Rhophitulus sp.02 Localidade Método de captura Indivíduos Salesópolis - SP São Bento do Sul - SC Santa Maria Madalena - RJ Quebrangulo - AL 5 Quebrangulo - AL malaise malaise varredura malaise varredura varredura 1 fêmea 1 fêmea 5 fêmeas 2 fêmeas e 1 macho 4 fêmeas e 13 machos 4 machos pratos malaise malaise malaise malaise malaise varredura malaise varredura malaise malaise malaise malaise malaise malaise malaise malaise malaise malaise malaise malaise malaise malaise malaise varredura malaise malaise malaise malaise malaise malaise malaise malaise malaise malaise malaise malaise malaise malaise malaise 1 fêmea 1 fêmea 1 fêmea 1 fêmea 1 fêmea 2 fêmeas 3 fêmeas 1 fêmea 1 fêmea 2 fêmeas 2 fêmeas 1 fêmea 1 fêmea 2 fêmeas 1 fêmea 1 fêmea 2 fêmeas 1 fêmea 2 fêmeas 1 macho 2 machos 1 fêmea 3 fêmeas 2 fêmeas 1 fêmea 1 fêmea 20 fêmeas 1 fêmea 2 fêmeas 1 macho 1 fêmea 2 fêmeas 2 fêmeas 1 fêmea 1 fêmea 1 fêmea 2 fêmeas 1 fêmea 1 fêmea 1 fêmea Rhophitulus sp.03 APINAE Apini 6 Apis mellifera Linnaeus, 1758 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 Ilhéus - BA João Pessoa - PB Mata de São João - BA Morretes - PR Nova Iguaçu - RJ Porto Seguro - BA Quebrangulo - AL Santa Luzia do Itahy- SE São Bento do Sul - SC Ubatuba - SP Ubatuba - SP Bombus (Fervidobombus) brasiliensis Lepeletier, 1836 Ribeirão Grande - SP Bombus (Fervidobombus) morio (Swederus, 1787) Ubatuba - SP Santa Teresa - ES Euglossa (Glossurella) stellfeldi Moure, 1947 Recife - PE Frieseomelitta doederleini (Friese, 1900) Mata de São João - BA Frieseomelitta dispar (Moure, 1950) Mata de São João - BA Frieseomelitta francoi (Moure, 1946) Santa Luzia do Itahy- SE Nova Iguaçu - RJ Lestrimelitta ehrhardti (Friese, 1931) Quebrangulo - AL Ubatuba - SP Santa Maria Madalena - RJ Lestrimelitta rufipes (Friese, 1903) Nova Iguaçu - RJ Lestrimelitta tropica Marchi & Melo, 2006 Quebrangulo - AL Leurotrigona muelleri (Friese, 1900) Santa Maria Madalena - RJ Santa Teresa - ES Melipona (Eomelipona) bicolor Lepeletier, 1836 São Bento do Sul - SC Melipona (Eomelipona) marginata carioca Moure, 1971 Nova Iguaçu - RJ Quebrangulo - AL Salesópolis - SP Santa Teresa - ES Ubatuba - SP Linhares - ES Nova Iguaçu - RJ Melipona (Michmelia) mondury Smith, 1863 Porto Seguro - BA Ubatuba - SP Santa Luzia do Itahy- SE Melipona (Michmelia) scutellaris Latreille, 1811 Nova Iguaçu - RJ Oxytrigona tataira (Smith, 1863) Linhares – ES Paratrigona glabrata Moure, 1989 http://www.biotaneotropica.org.br http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn00908042008 55 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Abelhas ao longo de um gradiente latitudinal na Mata Atlântica Tabela 2. Continuação... N Espécie 23 Paratrigona subnuda Moure, 1947 24 Partamona criptica Pedro & Camargo, 2003 25 Partamona helleri (Friese, 1900) 26 Plebeia lucii Moure, 2004 27 Plebeia poecilochroa Camargo & Moure, 1989 28 Plebeia sp.01 (aff. poecilochroa Camargo & Moure, 1989) Plebeia sp.02 (aff. poecilochroa Camargo & Moure, 1989) Plebeia phrynostoma Moure, 2004 29 30 Localidade Ilhéus - BA Método de captura Indivíduos malaise 1 fêmea varredura 1 fêmea Nova Iguaçu - RJ malaise 2 fêmea Salesópolis - SP malaise 1 fêmea Santa Maria Madalena - RJ varredura 1 fêmea Ilhéus - BA malaise 86 fêmeas e 1 macho Porto Seguro - BA malaise 4 fêmea Santa Teresa - ES malaise 47 fêmeas e 7 machos João Pessoa - PB malaise 8 fêmeas Linhares - ES malaise 2 fêmeas Morretes - PR malaise 3 fêmeas Nova Iguaçu - RJ malaise 1 fêmea Recife - PE malaise 11 fêmeas Santa Luzia do Itahy- SE malaise 3 fêmeas Santa Maria Madalena - RJ malaise 2 fêmeas Ubatuba - SP malaise 1 fêmea João Pessoa - PB malaise 1 fêmea Linhares - ES malaise 3 fêmeas Santa Maria Madalena - RJ varredura 2 fêmeas Ilhéus - BA malaise 3 fêmeas Linhares - ES malaise 1 fêmea Porto Seguro - BA malaise 2 fêmeas Santa Luzia do Itahy- SE malaise 1 fêmea Santa Maria Madalena - RJ João Pessoa - PB Mata de São João - BA Nova Iguaçu - RJ Peruíbe - SP Quebrangulo - AL Recife - PE Santa Luzia do Itahy- SE Santa Maria Madalena - RJ Santa Teresa - ES Ubatuba - SP 31 Plebeia remota (Holmberg, 1903) 32 33 34 35 36 Plebeia saiqui (Friese, 1900) Scaptotrigona sp.01 Scaptotrigona sp.02 Schwarziana quadripunctata (Lepeletier, 1836) Tetragonisca angustula (Latreille, 1811) http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn00908042008 Ubatuba - SP Morretes - PR Nova Iguaçu - RJ Peruíbe - SP Santa Teresa - ES São Bento do Sul - SC São Bento do Sul - SC Santa Luzia do Itahy- SE Nova Iguaçu - RJ Nova Iguaçu - RJ Ilhéus - BA malaise 1 fêmea malaise malaise malaise varredura malaise varredura malaise malaise malaise malaise pratos varredura malaise varredura malaise malaise malaise varredura malaise malaise malaise malaise malaise malaise malaise 11 fêmeas 1 fêmea 5 fêmeas 2 fêmeas 1 fêmea 28 fêmeas 4 fêmeas 1 fêmea 1 fêmea 1 fêmea 1 fêmea 2 fêmeas 6 fêmeas 1 fêmea 1 fêmea e 1 macho 4 fêmeas 3 fêmeas 2 fêmeas 1 fêmea 1 fêmea 1 fêmea 1 fêmea e 1 macho 1 macho 1 fêmea 1 fêmea http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 56 Gonçalves, R.B. & Brandão, C.R.F. Tabela 2. Continuação... N Espécie 37 Trigona aff. fulviventris Guérin, 1835 38 39 Trigona hyalinata (Lepeletier, 1836) Trigona spinipes (Fabricius, 1793) 40 41 42 43 Eucerini Melissoptila richardiae Bertoni & Schrottky, 1910 Nomadini Brachynomada sp.01 44 45 Pseudepeolus sp.01 Trophocleptria sp.01 Osirini Osirinus sp.01 Osiris sp.01 46 Osiris sp.02 http://www.biotaneotropica.org.br Localidade Método de captura Nova Iguaçu - RJ malaise Quebrangulo - AL varredura Santa Luzia do Itahy- SE malaise Santa Maria Madalena - RJ varredura São Bento do Sul - SC malaise Ilhéus - BA malaise varredura João Pessoa - PB malaise Nova Iguaçu - RJ malaise Peruíbe - SP malaise varredura Porto Seguro - BA varredura Quebrangulo - AL varredura malaise Recife - PE malaise Salesópolis - SP malaise Santa Luzia do Itahy- SE malaise Santa Maria Madalena - RJ malaise Santa Teresa - ES malaise pratos Ubatuba - SP malaise Linhares - ES malaise Ilhéus - BA malaise varredura Linhares - ES malaise Mata de São João - BA pratos Morretes - PR malaise varredura Nova Iguaçu - RJ malaise pratos Porto Seguro - BA varredura Quebrangulo - AL malaise varredura Santa Luzia do Itahy- SE malaise Santa Maria Madalena - RJ malaise Ubatuba - SP malaise Indivíduos 4 fêmeas 2 fêmeas 1 fêmea 1 fêmea 1 fêmea 84 fêmeas e 2 machos 2 fêmeas 1 fêmea e 27 machos 4 fêmeas 3 fêmeas 1 fêmea 1 fêmea 13 fêmeas 13 fêmeas e 2 machos 2 fêmeas 2 fêmeas 1 fêmea 16 fêmeas e 1 macho 23 fêmeas e 1 macho 2 fêmeas 1 macho 1 fêmea 2 fêmeas 1 fêmea 1 fêmea 1 fêmea 1 fêmea 1 fêmea 12 fêmeas 1 fêmea 1 fêmea 1 fêmea 2 fêmeas 7 fêmeas 2 fêmeas 3 fêmeas Quebrangulo - AL varredura 1 fêmea Quebrangulo - AL malaise varredura varredura malaise 1 fêmea 1 fêmea 1 fêmea 1 fêmea malaise malaise malaise malaise malaise malaise 2 fêmeas 2 machos 1 fêmea 2 fêmeas 2 machos 1 fêmea Quebrangulo - AL Santa Teresa - ES Salesópolis - SP Linhares - ES Nova Iguaçu - RJ Santa Maria Madalena - RJ Ubatuba - SP Peruíbe - SP http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn00908042008 57 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Abelhas ao longo de um gradiente latitudinal na Mata Atlântica Tabela 2. Continuação... N Espécie 47 Osiris sp.03 48 49 Osiris sp.04 Osiris sp.05 50 51 Protosiris sp.01 Protosiris sp.02 Tapinotaspidini Paratetrapedia bicolor (Smith, 1854) 52 53 54 Lophopedia pygmaea (Schrottky, 1902) Xylocopini Ceratina (Ceratinula) sp.01 55 Ceratina (Ceratinula) sp.02 56 Ceratina (Ceratinula) sp.03 57 Ceratina (Crewella) sp.01 58 Ceratina (Crewella) sp.02 59 Ceratina (Crewella) sp.03 COLLETINAE Colletini 60 Colletes rugicollis Friese, 1900 Hylaeini 61 Hylaeus (Hylaeopsis) sp.01 62 Hylaeus (Hylaeopsis) sp.02 Xeromelissini 63 Chilicola (Hylaeosoma) megalostigma (Ducke, 1908) HALICTINAE Augochlorini 64 Ariphanarthra palpalis Moure, 1951 65 66 67 68 69 70 71 72 73 Localidade Método de captura Santa Teresa - ES malaise Ribeirão Grande - SP malaise Santa Maria Madalena - RJ malaise Ribeirão Grande - SP malaise João Pessoa - PB malaise Recife - PE malaise Santa Maria Madalena - RJ malaise Nova Iguaçu - RJ malaise Ilhéus - BA Linhares - ES Quebrangulo - AL Santa Luzia do Itahy- SE Santa Teresa - ES varredura varredura varredura malaise varredura 1 fêmea 1 fêmea 1 fêmea 1 fêmea 1 fêmea Morretes - PR malaise varredura varredura malaise varredura malaise malaise varredura malaise varredura malaise 1 fêmea 1 fêmea 1 fêmea e 2 machos 2 fêmeas 1 fêmea 7 fêmeas e 5 machos 1 macho 2 fêmeas 1 fêmea 2 fêmeas 1 fêmea Ubatuba - SP malaise 1 fêmea Santa Maria Madalena - RJ Nova Iguaçu - RJ malaise malaise 1 fêmea 1 fêmea malaise varredura 1 fêmea e 1 macho 1 fêmea malaise malaise malaise malaise varredura varredura malaise malaise varredura malaise malaise varredura varredura 2 machos 3 fêmeas 2 fêmeas 1 fêmea 1 fêmea 1 fêmea 1 macho 1 fêmea 1 macho 6 fêmeas 2 fêmeas 1 fêmea 1 macho Nova Iguaçu - RJ Ribeirão Grande - SP Santa Maria Madalena - RJ Ubatuba - SP João Pessoa - PB Quebrangulo - AL Peruíbe - SP Quebrangulo - AL Ilhéus - BA Ilhéus - BA Quebrangulo - AL Morretes - PR Ribeirão Grande - SP Augochlora (Augochlora) dolichocephala (Moure, 1941) São Bento do Sul - SC São Bento do Sul - SC Augochlora (Augochlora) sp.01 São Bento do Sul - SC Augochlora (Oxystoglossella) morrae Strand, 1900 Quebrangulo - AL Augochlorella ephyra (Schrottky, 1910) Salesópolis - SP Augochlorella urania (Smith, 1853) São Bento do Sul - SC Ubatuba - SP Mata de São João - BA Augochloropsis sp.01 Ilhéus - BA Augochloropsis sp.02 Quebrangulo - AL Augochloropsis sp.03 Nova Iguaçu - RJ Megalopta sp.01 http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn00908042008 Indivíduos 1 fêmea 3 fêmea 2 fêmea 1 fêmea 1 fêmea 1 fêmea 1 macho 3 fêmeas http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 58 Gonçalves, R.B. & Brandão, C.R.F. Tabela 2. Continuação... N 74 75 76 77 78 Espécie Megalopta sp.02 Megalopta sp.03 Megaloptina festivaga (Dalla Torre, 1896) Megommation insigne (Smith, 1853) Neocorynura aenigma (Gribodo, 1894) 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 Neocorynura sp.01 Neocorynura sp.02 Pereirapis semiaurata (Spinola, 1853) Rhectomia sp.01 Rhectomia sp.02 Temnosoma sp.01 Temnosoma sp.02 Gênero e espécie não determinados* Halictini Caenohalictus oresicoetes (Moure, 1943) Dialictus sp.01 Dialictus sp.02 90 91 92 93 94 95 96 97 Dialictus sp.03 Dialictus sp.04 Dialictus sp.05 Dialictus sp.06 Dialictus sp.07 Dialictus sp.08 Dialictus sp.09 Dialictus sp.10 98 Habralictus canaliculatus Moure, 1941 99 Habralictus macrospilophorus Moure, 1941 100 Microsphecodes russeiclypeatus (Sakagami & Moure, 1952) 101 Sphecodes sp.01 MEGACHILINAE Anthidiini 102 Anthodioctes megachiloides Holmberg, 1903 103 Moureanthidium capixaba Urban, 1995 Megachilini 104 Coelioxys (Cyrtocoelioxys) sp.01 105 Megachile (Moureapis) sp.01 Localidade Método de captura Santa Luzia do Itahy- SE varredura João Pessoa - PB malaise João Pessoa - PB malaise São Bento do Sul - SC pratos Morretes - PR malaise São Bento do Sul - SC malaise Santa Maria Madalena - RJ malaise Ubatuba - SP malaise Ilhéus - BA varredura Ubatuba - SP malaise Quebrangulo - AL varredura Mata de São João - BA varredura Ubatuba - SP malaise Salesópolis - SP malaise Salesópolis - SP Salesópolis - SP Salesópolis - SP Ubatuba - SP Ilhéus - BA Ilhéus - BA Nova Iguaçu - RJ São Bento do Sul - SC Nova Iguaçu - RJ Nova Iguaçu - RJ Nova Iguaçu - RJ Morretes - PR Ribeirão Grande - SP Nova Iguaçu - RJ Santa Maria Madalena - RJ Santa Teresa - ES Santa Maria Madalena - RJ Peruíbe - SP Indivíduos 1 macho 1 fêmea 1 macho 1 fêmea 1 fêmea 1 fêmea e 3 machos 1 fêmea 1 fêmea 6 machos 1 fêmea 1 macho 1 fêmea 1 fêmea 1 macho malaise malaise varredura malaise varredura varredura malaise malaise malaise malaise malaise malaise malaise varredura malaise malaise malaise varredura 4 fêmea 4 fêmea 1 fêmea 1 fêmea 8 machos 1 macho 2 fêmeas 5 fêmeas 5 fêmeas 2 fêmeas 1 fêmea 1 fêmea 1 fêmea 1 macho 2 fêmea 1 fêmea 2 macho 1 fêmea malaise 1 fêmea São Bento do Sul - SC Santa Maria Madalena - RJ malaise varredura 1 fêmea 1 fêmea Ubatuba - SP Quebrangulo - AL malaise varredura 2 fêmeas 1 fêmea Nova Iguaçu - RJ * Gênero e espécie não determinados, pertencente possivelmente ao grupo de gêneros relacionados com Megaloptidia. * Undetermined genus and species, possibly belonging to genera related to Megaloptidia. A técnica mais efetiva na captura de abelhas foi a armadilha Malaise, com 647 indivíduos de 84 espécies coletados, seguida da varredura da vegetação com 143 indivíduos de 39 espécies; os pratos-armadilha capturaram apenas sete indivíduos de cinco espécies (quatro corbiculadas mais uma fêmea do halictíneo Megommation insigne). Quanto às armadilhas Malaise, aquelas instaladas dentro http://www.biotaneotropica.org.br das florestas (251 indivíduos capturados, 41 espécies) se mostraram menos eficientes que as instaladas nas trilhas (383 indivíduos, 58 espécies). A Tabela 3 apresenta o número de indivíduos e espécies de abelhas coletadas em cada localidade, em geral e de Meliponina em particular. Os resultados da análise da DCA estão expressos na Figura 1. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn00908042008 59 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Abelhas ao longo de um gradiente latitudinal na Mata Atlântica Tabela 3. Riqueza e abundância de abelhas ao longo de um gradiente latitudinal na Mata Atlântica. Número de espécies (S) e indivíduos (N) totais e apenas para Meliponina (SMeliponina, Nmeliponina). Table 3. Richness and abundance of bees along a latitudinal gradient in Atlantic Forest. Number of species (S) and individuals (N) and Meliponina richness and abundance (SMeliponina, Nmeliponina). N Município/Estado S SMeliponina N NMeliponina L1 João Pessoa - PB 9 4 53 48 L2 Recife - PE 5 4 20 19 L3 Quebrangulo - AL 22 7 115 66 L4 Santa Luzia do Itanhy - SE 12 9 22 19 L5 Mata de São João - BA 7 4 13 5 L6 Ilhéus - BA 14 6 201 184 L7 Porto Seguro - BA 6 5 11 9 L8 Linhares - ES 9 7 13 10 L9 Santa Teresa - ES 11 6 112 107 L10 Santa Maria Madalena - RJ 20 10 49 31 L11 Nova Iguaçu - RJ 27 14 64 41 L12 Ubatuba-SP 21 8 46 18 L13 Salesópolis - SP 10 3 17 4 L14 Ribeirão Grande - SP 6 0 11 0 L15 Peruíbe - SP 6 3 11 8 L16 Morretes - PR 8 3 16 9 L17 São Bento do Sul - SC Total geral 14 4 23 4 105 30 797 582 3 22 27 38 24 2 26 39 DCA 2 1 0 33 28 11 12 20 L5 L6 L7 19 17 L4 10 -1 L8 25L1 L9 L16 37 18 L12 36 L2 L3 L13 L15 L10 L11 30 2313 -2 29 14 16 32 L17 31 15 21 34 35 -3 -3 -2 -1 0 1 2 3 DCA 1 Figura 1. Dois primeiros eixos da análise de correspondência “destendenciada”. Letra “L” seguida de números grandes em negrito correspondem às localidades amostradas (códigos conforme Tabela 1), números pequenos correspondem as espécies de Meliponina (códigos conforme Tabela 2). Figure 1. Two first axes of detrended correspondence analysis. Large bold numbers preceded by “L” correspond to the sampled localities (codes as Table 1), small numbers correspond to the Meliponina species (codes as Table 2). http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn00908042008 Discussão O número de espécies coletadas apresentou grande variação em torno da média de 12 espécies em cada localidade. As localidades do Estado do Rio de Janeiro estiveram entre as mais ricas (com 20 ou mais espécies), assim como uma localidade em São Paulo (Ubatuba) e em Alagoas. De uma maneira geral, Meliponina apresentou uma riqueza relativamente elevada, especialmente nas áreas do Rio de Janeiro até Paraíba; em média, metade de todas as espécies coletadas em cada localidade foi de abelhas sem ferrão. As localidades amostradas em Porto Seguro (BA) e Recife (PE) são exemplos de predomínio de Meliponina (Tabela 3); as localidades em São Bento do Sul (SC) e Ribeirão Grande (SP) são exemplos opostos; na última delas nenhuma espécie de Meliponina foi coletada. Da mesma maneira, nota-se uma grande variação no número de indivíduos coletados entre as localidades, tanto para as abelhas como um todo como para Meliponina. Em torno de 62% dos indivíduos em uma dada localidade corresponde às abelhas sem ferrão. O número relativamente elevado de espécies e indivíduos coletados de Meliponina em comparação com outras abelhas deve ser relacionado a limitações das técnicas de amostragem utilizadas, que são mais eficientes para abelhas sem ferrão, visto que a maioria das suas espécies vive em colônias perenes e com elevada densidade, aumentando suas chances de serem coletadas. A utilização de armadilhas Malaise pode ser uma alternativa para amostragem estatística de abelhas ou uma forma de complementar amostragens, especialmente em áreas florestadas devido à dificuldade de acesso a flores no dossel; o emprego de armadilhas permite ainda a bem-vinda captura de cleptoparasitas e Meliponina. É plausível que o emprego deste tipo de armadilha contribua com uma informação útil sobre a melissofauna de determinada localidade, mas seu emprego exclusivo possivelmente subestime a riqueza total, como já foi constatado para Ichneumonidae (Fraser et al. 2008). Armadilhas não são seletivas e capturam muitas ordens e famílias de insetos, sendo seu emprego adequado em inventários que objetivem diversificar os táxons a serem amostrados. Já o emprego de pratos-armadilha teve resultado insatisfatório em relação à riqueza esperada. Dentre os levantamentos feitos no Brasil, apenas recentemente os pratos-armadilha foram empregados em inventariamentos (Krug & Alves-dos-Santos 2008, Souza & Campos 2008). Krug & Alves-dos-Santos (2008) relatam uma eficiência relativamente elevada dos pratos-armadilha em comparação à captura em flores; nesta linha, Roulston et al. (2007) sugerem o emprego desta técnica quando as flores são escassas ou quando é desejada a amostragem de espécies particulares de abelhas que são atraídas pelos pratos-armadilhas. A análise de correspondência “destendenciada” (DCA) revelou um padrão que expressa, em parte, um efeito do gradiente latitudinal na composição de espécies (Figura 1); observa-se ao longo do eixo 1 uma possível indicação de correlação da distribuição da fauna de abelhas sem ferrão com o gradiente latitudinal. As localidades da Mata Atlântica do Nordeste (exceto duas do sul da Bahia) estão concentradas na porção esquerda do gráfico (menores valores no eixo) e as localidades do Sudeste e Sul no centro na porção direita, com a localidade mais ao sul do gradiente ocupando o extremo direito do gráfico. Os pontos correspondentes às localidades não estão dispostos ordenadamente configurando um gradiente, apesar das localidades do Nordeste estarem agrupadas à esquerda do eixo 1, as localidades mais ao norte (pontos 1, 2 e 3) da região estão mais próximas às localidades das regiões Sudeste/Sul do que aquelas ao sul da Região Nordeste (pontos 4, 5). O segundo eixo sugere a existência de outros fatores determinando a composição de espécies além do gradiente per si; nota-se que os pontos de Ilhéus, Porto Seguro (BA) e Linhares (ES), respectivamente L6, L7 e L8, têm valores altos e positivos para o eixo 2. Destaca-se um elevado número de espécies únicas a uma http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 60 Gonçalves, R.B. & Brandão, C.R.F. localidade ou duas (13 e 5 espécies, respectivamente). A principal espécie associada às localidades ao sul de Santa Teresa (ES) é Plebeia remota. Para as localidades do norte da Mata Atlântica, Friesemellita francoi pode ser uma indicadora, apesar de ter sido registrada em apenas duas áreas. Distribuições de outras espécies que merecem destaque são a de Partamona criptica, que está presente apenas nas localidades da Bahia e do Espírito Santo e de Paratrigona subnuda, que agrupa as localidades do Rio de Janeiro e Salesópolis (SP). Resultados preliminares da análise da distribuição da fauna de formigas amostradas pelo Projeto indicam com mais segurança o padrão latitudinal, que recebe ainda influência do gradiente altitudinal (Silva et al. 2007). Para as abelhas, a dispersão dos pontos é relativamente alta, o que pode ser resultado da amostragem ter sido insuficiente. Espécies com registro em apenas uma área devem, muito provavelmente, estar presentes em outras localidades, como Plebeia saiqui que deve ocorrer em outras áreas do Sudeste, e Lestrimellita tropica, que já foi registrada até o Ceará (Marchi & Melo 2006). Além disso, gêneros comumente registrados em áreas de Floresta Atlântica como Cephalotrigona, Geotrigona, Nannotrigona e Tetragona não foram capturados nesta amostragem. Relativamente poucos levantamentos de abelhas foram realizados em áreas de Floresta Ombrófila Densa em comparação a ambientes com vegetação aberta. Em Morretes (PR), foi amostrada uma localidade do Instituto Agronômico do Paraná por Barbola (2000), sendo catalogadas 111 espécies de 47 gêneros. Wilms (1995) amostrou extensivamente a Estação Ecológica de Boracéia, município de Salesópolis, São Paulo, encontrando 253 espécies de abelhas de 84 gêneros. Ramalho (1995) amostrou área na capital do Estado de São Paulo, encontrando 169 espécies de 56 gêneros. Estes números de espécies são relativamente elevados quando comparados com resultados de inventários conduzidos em áreas abertas (Figura 3 de Pinheiro-Machado 2002). Ao contrário, o presente inventariamento coletou números relativamente muito baixos de espécies nestas mesmas áreas, devido às técnicas empregadas. Reunindo os dados dos diferentes levantamentos no domínio da Mata Atlântica é possível encontrar espécies que jamais foram coletadas em levantamentos em outros domínios, como Ariphanarthra palpalis Moure, 1951, Augochlorodes turrifaciens Moure, 1958 e Dithygater seabrai Moure & Michener, 1955. Ainda, alguns grupos mostraram-se extremamente ricos em comparação à fauna registrada em estudos em outros ambientes, como Paracolletini, Meliponina, Euglossina e gêneros cleptoparasitas como Trophocleptria (Nomadini), Microsphecodes e Ptilocleptis (Halictini). Estes grupos e espécies em conjunto podem ajudar a caracterizar a fauna da Mata Atlântica, mas no presente trabalho foram registrados apenas Ariphanarthra e o elevado número relativo de Meliponina e de cleptoparasitas. Ariphanarthra pertence a um grupo de gêneros de Augochlorini que inclui espécies com distribuições restritas ou claramente associadas à Mata Atlântica (Engel 2000). Outro exemplo deste grupo é Micrommation larocai Moure, 1969, que tem sido coletada exclusivamente em localidades da Mata Atlântica do Estado do Paraná, porém até agora jamais em levantamentos. Vale destacar que registramos exemplares que não puderam ser identificados, mas que pertencem a este grupo (Tabela 2). A Mata Atlântica, ou componente Atlântico da região Neotropical, é relacionado ao sudeste Amazônico ou sua biota é relacionada a clados de ampla distribuição Neotropical, mas partições internas ao componente não são formalmente reconhecidas (p. ex. Camargo & Pedro 2003). Estudos históricos sobre estas partições serão de grande valia para o entendimento da formação da melissofauna Atlântica. Quanto ao inventário de fauna, os estados ao norte de São Paulo apresentam áreas de especial interesse, pois não foram sujeitos a nenhuma amostragem quantitativa sistematizada até o momento. http://www.biotaneotropica.org.br Agradecimentos Aos melitólogos que identificaram parte do material, Dra. Danúncia Urban (Anthidiini, Eucerini e Anthrenoides), Dr. João M. F. Camargo (Meliponina), Dr. Antonio J. C. Aguiar (Tapinotaspidini) e MSc. Luiz Roberto Faria Jr (Euglossina) pelo auxílio nas identificações do material; a todos os idealizadores e coletores do projeto, à Dra. Angélica M. P. Dias pelo auxílio na descrição dos procedimentos de coleta, ao Dr. Rogério R. Silva pelo auxílio com a bibliografia, sugestões de análise estatística e revisão do texto, à Dra. Eliana M. Cancello pela revisão final do manuscrito e à Biól. Nicolle V. Sydney pela leitura crítica do manuscrito. Este trabalho foi parcialmente financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) no âmbito do Programa BIOTA/FAPESP - O Instituto Virtual da Biodiversidade (www.biotasp.org.br). Referências Bibliográficas AGNELLO, S. 2007. Composição, estrutura e comunidade de aves da Mata Atlântica no Parque Estadual da Serra do Mar – Núcleo Cubatão, São Paulo. Dissertação de Mestrado, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, São Paulo. AMORIM, D.S. & PIRES, M.R.S. 1996. Neotropical biogeography and a method for maximum biodiversity estimation, p. 183-219. In: BICUDO, C.E.M. & N.A. MENEZES. Biodiversity in Brazil: A First approach. CNPq, São Paulo. BARBOLA, I.F. 2000. Biocenótica de Apoidea (Hymenoptera) de uma área restrita da Floresta Atlântica, Morretes, Paraná, Brasil, e aspectos da ecologia da polinização de Stachytarpheta maximiliani (Verbenaceae). Tese de Doutorado, Universidade Federal do Paraná, Paraná. 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Uruguay 151, 6300, Santa Rosa, Provincia de La Pampa, República Argentina, e-mail: [email protected], http://www.exactas.unlpam.edu.ar 2 Autor para correspondencia: Santiago Andrés Echaniz, e-mail: [email protected] 1 ECHANIZ, S.A., VIGNATTI, A.M. & BUNINO, P.C. 2008. The zooplankton of a hipereutrophic shallow lake of the central region of Argentina: changes after one decade. Biota Neotrop. 8(4): http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?article+bn01008042008. Abstract: The water bodies ecology is influenced by the contributions of nutrients from the basin. The shallow lentic ecosystems generally presents high levels of eutrophy, which allows to sustain a highly productive zooplanktonic fauna. According to the model of the alternative states of shallow lakes, zooplankton of these environments is characterized by a taxonomic composition, a spectrum of sizes and therefore a biomass that depends on the fishes present. Although in Argentina these ecosystems are abundant and of their importance given by their productivity, diversity and by their recreational and tourist interest, only recently they have begun to be studied. This contribution must by objective give information collected during 2006, by means of monthly samplings of water and zooplankton, on the factors of limnologic importance, their variation and influences on the water transparency and the abundance and zooplanktonic biomass of a shallow urban hipereutrophic lake of La Pampa province and to compare the situation registered with a similar study made between 1995 and 1996. The lagoon is characterized by low salinity and transparency and the reduction of these parameters between both periods studied. The nutrients concentration is greater than the verified in similar environments of Buenos Aires province. Although during both periods the species number was the same, it was verified changes in the taxonomic composition, registering in 2006 smaller number of cladocerans and greater of rotifers and the absence of Daphnia species, which can contribute to the reduction of the water transparency in this period. The found species were of small size, typical characteristic of zooplankton under fish predation. Between both periods a reduction in the abundance of the zooplankton community was verified, mainly between the cladocerans and rotifers. Keywords: shallow lakes, zooplankton biomass, change, one decade after. ECHANIZ, S.A., VIGNATTI, A.M. & BUNINO, P.C. 2008. El zooplancton de un lago somero hipereutrófico de la región central de Argentina: cambios después de una década. Biota Neotrop. 8(4): http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/es/abstract?article+bn01008042008. Resumen: La ecología de los cuerpos de agua está influenciada por los aportes de nutrientes desde la cuenca. Los ambientes lénticos de escasa profundidad generalmente presentan elevados niveles de eutrofia, lo que permite alojar una fauna zooplanctónica altamente productiva. Según el modelo de los estados alternativos de los lagos someros, el zooplancton de estos ambientes se caracteriza por una composición taxonómica, un espectro de tallas y por consiguiente una biomasa que dependen de la fauna íctica presente. A pesar de que en Argentina estos ambientes son abundantes y de su importancia dada por su productividad, diversidad e interés recreativo y turístico, sólo recientemente han comenzado a estudiarse considerando estas relaciones. Esta contribución tiene por objetivo dar información colectada durante 2006, mediante muestreos mensuales de agua y zooplancton, sobre los factores de importancia limnológica, su variación e influencia sobre la transparencia del agua y la abundancia y biomasa zooplanctónica de un lago somero urbano hipereutrófico de la provincia de La Pampa y comparar la situación registrada con un estudio similar realizado entre 1995 y 1996. La laguna se caracteriza por sus bajas salinidad y transparencia y por el descenso de estos parámetros entre los dos períodos estudiados. La concentración de nutrientes es mayor que la verificada en lagunas similares de la provincia de Buenos Aires. Si bien durante los dos períodos el número de especies fue el mismo, se verificaron cambios en la composición taxonómica, registrándose en 2006 menor número de cladóceros y mayor de rotíferos y la ausencia de especies de Daphnia, lo que puede contribuir al descenso de la transparencia verificada en este período. Las especies halladas fueron de talla pequeña, típico del zooplancton sometido a predación por peces. Entre ambos períodos se verificó un descenso en la abundancia de la comunidad zooplanctónica, sobre todo en cladóceros y rotíferos. Palabras clave: lagos someros, biomasa zooplanctónica, cambio, una década después. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/es/abstract?article+bn01008042008 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 64 Echaniz, S.A. et al. Introducción El estudio de los lagos someros fue encarado a principios de la década de 1990, generalmente en relación a procesos de eutrofización por el vertido de nutrientes en sus aguas por algunos autores como Jeppesen (1998), Jeppesen et al. (1991 y 2000), Scheffer (1998) y Scheffer et al. (1993), que con sus aportes han contribuido a conocer la importancia para los ecosistemas acuáticos, tanto de la entrada como de la carga interna de nutrientes y su influencia sobre la transparencia del agua y las productividades primaria y secundaria, al punto que llevó a plantear el modelo de los estados alternativos de los lagos someros. Los lagos someros (lagunas) son cuerpos de agua generalmente ubicados en paisajes de llanura, que debido a su escasa profundidad no estratifican térmicamente, lo que les da un carácter polimíctico (Scheffer 1998). Generalmente tienen una elevada concentración de nutrientes (fósforo y nitrógeno), lo que ocasiona que sean ambientes eutróficos o hipereutróficos, con grandes biomasas en todos los niveles tróficos y tasas de producción primaria y secundaria también muy altas (Scheffer 1998). Además, en este tipo de ambientes los tiempos de permanencia del agua son muy variables, lo que ocasiona grandes cambios en la salinidad (Quirós et al. 2002a). En Argentina, si bien existen estudios sobre aspectos ecológicos de los lagos someros, la mayoría se refieren a algún grupo taxonómico, funcional o nivel trófico en particular, como los trabajos de Ringuelet (1962, 1972), Ringuelet et al. (1967) en los que se describieron algunas lagunas de la pampasia bonaerense, haciendo referencia a las especies zooplanctónicas, y su relación con el contenido de sales del agua, los relevamientos que Olivier (1955, 1961) realizó en las lagunas Salada Grande y Vitel, también de la provincia de Buenos Aires, o los de José de Paggi (1976, 1980, 1983, 1984) y Paggi (1980), quienes estudiaron aspectos ecológicos de ambientes lénticos relacionados con la llanura de inundación del río Paraná, sujetos por lo tanto al régimen pulsátil del río. Más recientes son las contribuciones de Claps et al. (2004) y de Quirós (2000), Quirós et al. (2002a, b, c) y Boveri & Quirós (2002), quienes realizaron estudios en los que describieron la estructura y funcionamiento de cuerpos de agua someros situados en la provincia de Buenos Aires, sobre todo en la cuenca del río Salado, donde existen lagunas fuertemente influidas por la entrada de nutrientes aportados por el intenso uso de la tierra realizado en sus cuencas. Este último autor (Quirós 2000) realizó un relevamiento en el que mencionó la relación entre disponibilidad de nutrientes, clorofila y biomasa de zooplancton para algunos cuerpos de agua del país, pero tomó en cuenta los más conspicuos y de mayor interés pesquero. En la provincia de La Pampa sólo registró información de 2 cuerpos de agua (lagunas Urre Lauquen y La Dulce, ambas en el departamento Curacó), en muestreos puntuales realizados en el pico de la estación de crecimiento. En la provincia de La Pampa, en la región central semiárida de Argentina, la ecología y la taxonomía de los lagos someros y de su zooplancton ha comenzado a estudiarse recientemente (Echaniz & Vignatti 1996, 2001, 2002, Echaniz et al. 2005, 2006, Pilati 1997, 1999; Vignatti & Echaniz 1999, Vignatti et al. 2007). Aunque en estos aportes se relacionaron las principales variables físico químicas, tales como temperatura, pH, salinidad o contenido iónico, con la abundancia y composición taxonómica de la comunidad zooplanctónica, no se hizo referencia a la cantidad de nutrientes (fósforo y nitrógeno) presentes en el agua y su influencia sobre la biomasa del zooplancton. La laguna Don Tomás es un cuerpo de agua hipereutrófico, ubicado en la ciudad de Santa Rosa. Está altamente afectada por la ciudad aledaña, dado que es el cuenco receptor del sistema de http://www.biotaneotropica.org.br desagües pluviales. Reviste un interés particular, ya que por estar ubicada en un parque público tiene un importante uso recreativo, tanto por su interés paisajístico como porque en ella se desarrolla pesca deportiva. Los objetivos de esta contribución son, por un lado, aportar información sobre la composición taxonómica del zooplancton, su variación y establecer relaciones entre la densidad y biomasa de los organismos con la concentración de clorofila a y la disponibilidad de nutrientes a lo largo del año 2006 en la laguna Don Tomás y por otro lado, dado que se cuenta con información colectada en estudios anteriores, realizados entre marzo de 1995 y febrero de 1996 (Echaniz & Vignatti 2001), se comparó el estado actual de la laguna con el registrado hace 10 años. Material y Métodos Se realizaron muestreos mensuales, durante el período comprendido entre febrero de 2006 y diciembre de 2006. En cada uno de ellos se tomaron dos muestras cuantitativas de zooplancton empleando una trampa de Schindler-Patalas de 10 litros de capacidad, provista de una red de 0,04 mm de abertura de malla y una muestra cualitativa, con una red de 22 cm de diámetro de boca y 0,04 mm de abertura de malla. Todas las muestras se anestesiaron con CO2 previo a la fijación, a los efectos de evitar contracciones que deformen los ejemplares y distorsionen las medidas necesarias para el cálculo de la biomasa (José de Paggi & Paggi 1995). En cada estación se determinaron la temperatura del agua y la concentración de oxígeno disuelto, mediante un oxímetro digital Lutron OD 5510 y la transparencia del agua mediante un disco de Secchi de 22 cm de diámetro y se tomaron muestras de agua para la determinación del pH mediante un pehachímetro digital Cornning PS 15, conductividad con un conductímetro Oakton TDSTestr 20 y salinidad mediante el método de residuo sólido. La concentración de clorofila a se determinó por el método espectrofotométrico (Arar 1997; APHA 1999), la de nitrógeno total mediante el método de Kjeldahl y la de fósforo total mediante la digestión de la muestra con persulfato de potasio en medio ácido y espectrofotometría (APHA 1999). A efectos de conocer la composición iónica, se efectuó un análisis químico en un laboratorio comercial del medio. Además, se determinó el contenido de sólidos suspendidos totales (seston), en sus diferentes fracciones (total, orgánico e inorgánico), mediante el filtrado de un volumen de agua conocido, a través de filtros tipo Whatman CFC, secados en estufa a 103-105 °C hasta peso constante y posteriormente calcinados a 550 °C (EPA 1993). Mediante el empleo de un microscopio óptico, dotado de un ocular micrométrico se tomaron las medidas convencionales de ejemplares de cada especie presente con un aumento constante de 100x. La determinación taxonómica de los copépodos se efectuó siguiendo los criterios de Ringuelet (1958), Bayly (1992a, b), Reid (1985) y Gómez et al. (2004), los cladóceros según Goulden (1968), Smirnov (1971), Korovchinsky (1992) y Paggi (1995, 1998) y las determinaciones de los rotíferos según Ruttner-Kolisko (1974), Koste (1978) y Segers (1995). Los recuentos de macrozooplancton se realizaron bajo microscopio estereoscópico a 20 y 40x y los de microzooplancton con microscopio óptico convencional, con 40 y 100x, en cámaras de Bogorov y Sedgwick-Rafter respectivamente. Las alícuotas se tomaron empleando submuestreadores de Russell de 5 mL y micropipetas de 1 mL y los recuentos fueron facilitados por la tinción con rosa de Bengala (José de Paggi & Paggi 1995). Para determinar la biomasa del zooplancton se emplearon fórmulas que relacionan la longitud total con el peso seco de los ejemplares (José de Paggi & Paggi 1995, Ruttner-Kolisko http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/es/abstract?article+bn01008042008 65 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Cambios en el zooplancton de un lago somero 68° 37° 35° 5 2 0 0 Figure 2. Variation in water temperature (°C) and dissolved oxygen concentration (mg.L–1) in Don Tomás pond, between February and December 2006. 9,50 0,25 9,00 0,20 8,50 0,15 8,00 0,10 37° S dic. nov. oct. sept. jul. 7,00 0,5 km jun. 100 km mayo 0 39° abr. E 64° marzo 66° 0,05 pH Transparencia feb. W Oxígeno Figura 2. Variación de la temperatura del agua (°C) y de la concentración de oxígeno disuelto (mg.L–1) en la laguna Don Tomás, entre febrero y diciembre de 2006. 7,50 N Concentración de oxígeno (mg.L1) 4 dic. 10 nov. 6 oct. 15 sept. 8 jul. 20 jun. 10 mayo 25 abr. 12 Transparencia del agua (m) 64° 66° 30 Temperatura del agua pH La laguna Don Tomás (64° 19’ 03’’ W y 36° 37’ 20’’ S) es un cuerpo de agua somero, situado al oeste de la ciudad de Santa Rosa (Figura 1), de la que recibe el aporte de agua de los desagües pluviales, lo que permitió, que si bien en el pasado fuera un ambiente temporario, en la actualidad sea permanente. A efectos de evitar inundaciones en las zonas bajas de la ciudad, posee un sistema de bombas, que se pone en funcionamiento cuando existe riesgo de desbordes y envía el agua excedente a un cuenco situado al sur de la ciudad. En sus alrededores se sitúa un Parque Recreativo de uso comunitario y en ella se desarrolla una fauna íctica integrada por Odonthestes bonariensis (Cuvier y Valenciennes, 1835) (pejerreyes), Cyprinus carpio (Linnaeus, 1758) (carpas), Cnesterodon decemaculatus (Jenyns, 1842) (mojarra), Jenynsia lineata (Jenyns, 1842) (mojarra) y Oligosarcus jenynsi (Günther,1864) (dientudos), lo que le confiere un alto valor turístico y recreativo. Es una laguna que tiene una profundidad máxima de 2,3 m y una superficie de 135,2 ha. Su largo y ancho máximos son 1565 y 1181 m. La longitud de la línea de costa es de 4725 m y el cálculo del desarrollo de la línea de costa (1,14) muestra que su contorno es muy regular, casi circular y sin accidentes. Dentro del cuenco principal en donde se realizó la toma de las muestras, no se registró vegetación arraigada. El fitoplancton de la laguna Don Tomás se caracteriza por su elevada diversidad, estando dominado por las clorofitas y cianofitas, 47,8 y 32,7% del total de las especies registradas respectivamente, entre las que se destacan La temperatura del agua varió en un amplio rango en función de la época del año (Figura 2). La máxima se registró durante noviembre y diciembre (24,1 °C) y la mínima en julio (7,1 °C). La concentración de oxígeno disuelto no presentó deficiencias y durante el periodo de estudio los valores fluctuaron entre 7,4 (marzo) y 10,3 (mayo) (Figura 2). La transparencia del agua fue siempre reducida (Figura 3), oscilando entre 0,12 m en marzo y noviembre y 0,2 m en octubre, con una media a lo largo del período de estudio de 0,15 m. Teniendo en cuenta que la profundidad promedio de la laguna fue de 1,15 m, el cálculo de la relación Zpromedio/Zfótico (Quirós 2002) arrojó el valor de 2,35. marzo 1. Descripción del área de estudio 2. Parámetros ambientales feb. Resultados Anabaenopsis arnoldii Aptekarj, Plankthotrix agardhii (Gom.) Anagh. et Kom., Chlorella elipsoidea Gern. y Phormidium sp. entre otras (Alvarez et al. 2006). Temperatura del agua (°C) 1977, Dumont et al. 1975, Rosen 1981, McCauley 1984, Culver et al. 1985, Kobayashi 1997 y Pilati & Martínez 2003). Se calcularon los índices de estado trófico en base a la transparencia del agua y concentraciones de clorofila y fósforo total (Carlson & Simpson 1996). Mediante el empleo de fotografías satelitales se determinaron los principales parámetros morfométricos, largo y ancho máximos, longitud de la línea de costa (Dangavs 1995) y mediante sondeos, la profundidad máxima de la laguna. Se calcularon coeficientes de correlación de Pearson y se realizaron test de Levene a efectos de verificar igualdad de varianzas, análisis de varianza (ANOVA) y test de Kruskal Wallis en los casos correspondientes (Zar 1996). 0,00 Figura 1. Croquis de la laguna Don Tomás, mostrando su ubicación geográfica en la provincia de La Pampa, en la región central de Argentina. Figura 3. Variación del pH y la transparencia del agua (m) en la laguna Don Tomás, durante el período febrero a diciembre de 2006. Figure 1. Sketch of Don Tomás pond, showing their geographical ubication in La Pampa province, central Argentina. Figure 3. Variation in pH and transparency of the water (m) in Don Tomás pond, during the period February to December 2006. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/es/abstract?article+bn01008042008 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 66 Echaniz, S.A. et al. de estudio, siendo además dominante numéricamente. Esta especie registró su abundancia máxima en noviembre, con 346,67 ind.L–1 y mínima en mayo con 0,66 ind.L–1. La biomasa máxima fue de 2295,55 µg.L–1 (Figura 7) y la mínima de 0,35 µg.L–1 cuando representaron el 95,3 y 24% del total de la biomasa de la taxocenosis de cladóceros respectivamente (Figura 8). Moina micrura Kurz, 1874, segunda en importancia, no se registró en los meses de junio, julio, septiembre y octubre. Su abundancia máxima se registró en febrero, con 75 ind.L–1 y la biomasa máxima en diciembre, con 452,12 µg.L–1 (Figura 7), cuando representó el 70% del total de la taxocenosis (Figura 8). Diaphanosoma birgei Korínek, 1981 y Alona sp. se registraron sólo en los meses de verano (Figura 7), alcanzando la primera una abundancia y biomasa máximas de 55 ind.L–1 y 129,95 µg.L–1 en enero y la segunda 28,33 ind.L–1 y 34,3 µg.L–1 en noviembre (Figura 7). En el caso de D. birgei la biomasa del mes de febrero representó el 38,9% del total de la taxocenosis (Figura 8). Dentro de los copépodos el calanoideo Boeckella gracilis Daday, 1902 y el harpacticoideo Cletocamptus deitersi (Richard, 1897) se 600 500 Concentración (mg.L1) El contenido de sólidos suspendidos totales (seston total) determinado (Figura 4), mostró un valor medio de 54,58 mg.L–1, siendo 51,29 y 3,28 mg.L–1 los valores medios de las fracciones orgánica (Figura 4) e inorgánica respectivamente. La salinidad registrada durante el período de estudio fue baja y relativamente constante, variando entre 0,71 g.L–1 (febrero) y 0,96 g.L–1 (noviembre). Durante el estudio efectuado entre marzo de 1995 y febrero de 1996 (Echaniz & Vignatti 2001) la salinidad media registrada fue el doble de la medida durante 2006, con 1,65 g.L–1 contra 0,8 g.L–1 respectivamente. Luego de realizado el test de Levene (p = 0,074677; F = 3,536455), el análisis de varianza mostró que la diferencia entre ambos períodos es significativa (p = 0,000000; F = 307,383). El pH, aunque siempre fue relativamente elevado mostró oscilaciones, ya que varió entre 8,01 (junio) y 9,11 (marzo) (Figura 3). La concentración de clorofila a determinada a lo largo del período de estudio fue elevada y registró una media de 154,6 mg.m–3. Fue mínima durante los meses de invierno, cuando alcanzó 88,78 mg.m–3 (julio) y máxima en verano cuando llegó a 211,46 mg.m–3 (diciembre) (Figura 4). El análisis del contenido iónico realizado en una muestra de agua tomada en noviembre (Figura 5) mostró que Don Tomás es una laguna bicarbonatada sódica. El cálculo de la relación entre las concentraciones de cationes mono y bivalentes (Na+ + K+/ Ca++ + Mg++) (Golterman 1978) indicó el predominio de los cationes monovalentes, ya que arrojó un valor de 3,86. Las concentraciones de nutrientes registradas durante el período estudiado, tanto la de fósforo como de nitrógeno fueron altas, oscilando entre 3,75 y 16,9 mg.L–1 para el fósforo (media 9,71 mg.L–1) y 7,5 y 16,88 mg.L–1 para el nitrógeno (media 11,52 mg.L–1) (Figura 6). Los valores calculados de los índices de estado trófico que toman en cuenta la transparencia del agua, concentración de clorofila a y fósforo total (Carlson & Simpson 1996) fueron 87,3; 80,1 y 136,5 respectivamente. 400 300 200 100 0 HCO3 Cl SO4 3. Zooplancton K+ Na+ 2006 Figura 5. Comparación del composición iónica del agua de la laguna Don Tomás, registrados durante 1995-96 y 2006. Figure 5. Comparison of the ionic composition of the water of Don Tomás pond, recorded during 1995-96 and 2006. 18 110 200 170 140 70 110 50 80 Concentración (mg.L1) 15 90 SS (mg.L1) 12 9 6 Clorofila a SST SSO Fósforo total dic. nov. oct. sept. jul. jun. mayo 0 abr. 30 marzo dic. nov. oct. sept. jul. jun. mayo abr. marzo feb. 3 feb. Clorofila a (mg.m3) Mg++ 1995/1996 Se hallaron 4 especies de cladóceros, 4 de copépodos y 12 de rotíferos (Tabla 1). Entre los cladóceros, Bosmina huaronensis Delachaux, 1918 fue la única especie presente durante todo el período 50 Ca++ Nitrógeno total Figura 4. Variación de la concentración de clorofila a (mg.m–3) y del contenido de sólidos suspendidos totales y de origen orgánico (mg.L–1), en la laguna Don Tomás, entre febrero y diciembre de 2006. Figura 6. Variación de la concentración de fósforo y nitrógeno totales (mg.L–1) en el agua de la laguna Don Tomás, durante el período febrero a diciembre de 2006. Figure 4. Variation in the concentration of chlorophyll a (mg.m–3) and the content of suspended solids, totals and organics (mg.L–1) in Don Tomás pond, between February and December 2006. Figure 6. Variation in the concentration of total nitrogen and phosphorus (mg.L–1) in the water of Don Tomás pond, during the period FebruaryDecember 2006. http://www.biotaneotropica.org.br http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/es/abstract?article+bn01008042008 67 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Cambios en el zooplancton de un lago somero Tabla 1. especies registradas durante 2006 y frecuencia de aparición en las muestras (%). 1995/96 2006 92 75 25 58 100 58 42 67 - 100 70 70 30 30 20 20 20 10 30 40 40 100 58 8 50 33 17 33 33 33 100 70 30 50 - 100 100 8 100 100 20 10 Figura 8. Aporte porcentual de biomasa (µg.L–1) de las especies de cladóceros dominantes en la laguna Don Tomás, entre febrero y diciembre de 2006. 100 80 60 40 B. huaronensis M. micrura D. birgei dic. nov. oct. sept. jul. jun. mayo abr. feb. 0 marzo 20 Alona sp. Figure 8. Percentage contribution of biomass (μg.L–1) of the cladocerans dominant species in Don Tomás pond, between February and December 2006. 10000 1000 1000 100 100 B. huaronensis M. micrura D. birgei Alona sp. Adultos e copepoditos dic. nov. oct. sept. jul. jun. mayo abr. marzo dic. nov. oct. sept. 0 jul. 0 jun. 1 mayo 1 abr. 10 marzo 10 feb. Mg.L1 10000 feb. Concentración Mg.L1 Especie Rotíferos Keratella sp. Brachionus plicatilis Müller, 1786 B. dimidiatus (Schmarda, 1854) B. quadridentatus Hermann, 1783 B.angularis Gosse, 1851 B. havanaensis Rousselet, 1911 B. pterodinoides (Rousselet, 1913) B. caudatus Barrois & Daday 1894 B. calicyflorus (Pallas, 1766) Hexarthra sp. Polyarthra sp. Filinia longiseta (Ehrenberg 1834) Colurella sp. Lecane sp. Cladóceros Bosmina huaronensis Delachaux, 1918 Moina micrura Kurz, 1874 Diaphanosoma birgei Korínek, 1981 Alona sp. Daphnia spinulata Birabén, 1917 D. obtusa Kurz, 1874 Ceriodaphnia dubia Richard, 1895 Leydigia leydigi Schoedler, 1863 Macrothrix sp. Copépodos Metacyclops mendocinus Wierzejski 1892 Microcyclops anceps Richard 1897 Boeckella gracilis Daday, 1902 Cletocamptus deitersi (Richard, 1897) % Table 1. registered species during 2006 and frequency of appearance in the samples (%). colectaron sólo en septiembre, cuando presentaron abundancias y biomasas muy reducidas, 1,66 ind.L–1 y 100,46 µg.L–1 en el caso de B. gracilis y 1,05 ind.L–1 y 4,41 µg.L–1 para C. deitersi. En cambio, los ciclopoideos y las larvas nauplio se registraron en todo el período de muestreo. La abundancia máxima de adultos y copepoditos fue de 1066,67 ind.L–1 en marzo y la mínima de 92,43 ind.L–1 en mayo. Respecto a su biomasa, fluctuó entre 4108,19 y 365,96 µg.L–1 en septiembre y febrero respectivamente (Figura 9). Los nauplios tuvieron una abundancia mínima de 18,33 ind.L–1 en mayo y máxima de 1505 ind.L–1 en febrero, mientras que la biomasa varió entre 748,71 y 3,17 µg.L–1 en diciembre y mayo respectivamente (Figura 9). Respecto a los rotíferos, Keratella sp. fue la única presente en todo el período de estudio y la más importante numéricamente. Su abundancia presentó un máximo de 1196,67 ind.L–1 en noviembre y Nauplios Figura 7. Variación de la biomasa (µg.L–1) de las especies de cladóceros dominantes en la laguna Don Tomás, entre febrero y diciembre de 2006. Figura 9. Variación de la biomasa (µg.L–1) de los copépodos ciclopoideos en la laguna Don Tomás, entre febrero y diciembre de 2006. Figure 7. Variation of biomass (μg.L–1) of the cladocerans dominant species in Don Tomás pond, between February and December 2006. Figure 9. Variation of biomass (μg.L–1) of the ciclopoids copepods in Don Tomás pond, between February and December 2006. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/es/abstract?article+bn01008042008 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 68 Echaniz, S.A. et al. un mínimo de 1,67 ind.L–1 en mayo mientras que su biomasa fue de 624,47 µg.L–1 en noviembre y de 0,71 µg.L–1 en mayo (Figura 10). Brachionus plicatilis Müller, 1786, la especie más importante en términos de biomasa después de Keratella sp. no estuvo presente en junio, septiembre y octubre. Su abundancia y biomasa máximas (Figura 10) se registraron en abril, 1660 ind.L–1 y 360,31 µg.L–1 y las mínimas en mayo con 1,67 ind.L–1 y 1,96 µg.L–1. El resto de las especies se registraron a fines de primavera y verano, alcanzando densidades y biomasas reducidas en comparación con Keratella sp. y B. plicatilis. Considerando la comunidad completa, el mayor aporte de biomasa fue hecho por los copépodos, 78,1% del total, seguidos por los cladóceros con 13,8%. El aporte de los rotíferos fue reducido, ya que representó el 8,1% del total (Figura 11). 1000 Discusión Mg.L1 100 10 dic. nov. oct. sept. jul. jun. mayo abr. marzo feb. 1 0 Al comparar los dos períodos estudiados se evidenció un descenso de la abundancia total de la comunidad zooplanctónica. El test de Kruskal Wallis mostró que la densidad fue significativamente diferente (KW = 6,613043; p = 0,0101), ya que en 2006 fue sólo el 21,8% de la registrada en 1995/96. Tomando a los diferentes grupos por separado, el test de Kruskal-Wallis mostró que la abundancia de los rotíferos fue diferente (KW = 12,21304; p = 0,0005), ya que en 2006 representó apenas un 3,83% de lo registrado en 1995/96 (Figura 12). En el caso de los cladóceros, el mismo test (KW = 5,634783; p = 0,0176) indicó una situación similar, dado que su densidad fue de 15% (Figura 12), pero en el caso de los copépodos el test no mostró diferencias significativas (KW = 2,300000; p = 0,1294) ya que la abundancia medida en 2006 fue el 58% de la verificada en 1995/96 (Figura 12). B. plicatilis Keratella Figura 10. Variación de la biomasa (µg.L–1) de los 2 taxa de rotíferos dominantes en la laguna Don Tomás, durante el período febrero a diciembre de 2006. La laguna Don Tomás es un lago somero que se caracteriza por presentar baja salinidad y que, de acuerdo a la clasificación de Hammer (1986), puede caracterizarse como subsalina, categoría que comparte con lagunas de la provincia de condiciones similares, esto es, que reciben aportes pluviales de ciudades, tal el caso de las lagunas Quetré Huitrú, aledaña a General Acha, con una salinidad media de 0,79 g.L–1 (Vignatti & Echaniz 2007) y la laguna La Arocena cercana a la ciudad de General Pico, con una salinidad de 0,25 g.L–1 (Echaniz & Vignatti, datos no publicados). Esta situación contrasta con la de la mayor parte de las lagunas de la provincia que no reciben aportes de desagües y tienen salinidades considerablemente más elevadas, la mayor parte de las cuales pueden categorizarse como hipo o mesosalinas (Echaniz et al. 2005, 2006, Vignatti & Echaniz 2007). Además, durante el estudio realizado en 2006 en Don Tomás este parámetro se mantuvo muy constante, lo que también es diferente a lo que sucede en ambientes alejados de ciudades, en donde se verifican grandes fluctuaciones de salinidad. La baja salinidad actual de la laguna Don Tomás y su cambio a lo largo del tiempo podría deberse a la influencia ejercida por la Figure 10. Variation of biomass (μg.L–1) of 2 rotifers dominant taxa in Don Tomás pond, during the period February to December 2006. 100 50000 Mediana 25-75% Mín.-máx. 80 Abundancia (ind.L1) 5000 % 60 40 500 50 20 Cladóceros Copépodos Figura 11. Aporte porcentual de los principales grupos integrantes del zooplancton de la laguna Don Tomás, a la biomasa total, durante el período comprendido entre febrero y diciembre de 2006. Figure 11. Percentage contribution of major groups of zooplankton components of Don Tomás pond to the total biomass, during the period between February and December 2006. http://www.biotaneotropica.org.br 2006 1995/96 2006 1995/96 Rotíferos 2006 dic. nov. oct. sept. jul. Cladóceros 1 1995/96 Copépodos jun. mayo abr. marzo 0 feb. 5 Rotíferos Figura 12. Comparación de la abundancia (ind.L–1) de los principales grupos integrantes del zooplancton de la laguna Don Tomás, entre el período 1995/96 y 2006. Figure 12. Comparison of abundance (ind.L–1) of the main zooplankton components in Don Tomás pond, during the period between 1995/96 and 2006. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/es/abstract?article+bn01008042008 69 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Cambios en el zooplancton de un lago somero ciudad de Santa Rosa en su cuenca de drenaje, ya que el aumento en la extensión del pavimento y el número creciente de construcciones impide la infiltración del agua de las precipitaciones en el suelo, por lo que volúmenes grandes de agua escurren superficialmente o por el sistema de desagües pluviales, ingresando a la laguna con una concentración muy baja de sales disueltas. Esto ha hecho necesaria la construcción de un sistema de derivación de agua hacia un cuenco situado al sur de la ciudad y su puesta en marcha a partir del año 2000 a efectos de evitar inundaciones en zonas habitadas cercanas. Al efecto de lavado dado por el trasvase debe sumarse la continua extracción de agua para el riego de calles mediante camiones. Teniendo en cuenta el contenido iónico del agua, durante 2006 Don Tomás puede clasificarse como bicarbonatada sódica, mientras que en el período 1995/96 la composición fue diferente, con el predominio de cloruro (Figura 5). En función de la relación calculada entre los cationes mono y bivalentes, puede considerársela de baja dureza (Golterman 1978). Esta situación difirió entre ambos períodos, ya que el valor calculado en 1995/96 fue superior a 8 contra 3,86 en 2006, indicando un cambio en la composición química dado por el marcado descenso de la concentración de sodio. Tanto por la preponderancia de bicarbonato como por la baja dureza, Don Tomás es similar a las otras lagunas aledañas a ciudades, ya mencionadas, o a algunas situadas en zonas medanosas de la provincia, alimentadas por descargas de la freática (Vignatti & Echaniz 2007, Echaniz & Vignatti, datos no publicados). Don Tomás es un cuerpo de agua que se caracteriza por su elevado estado trófico. Los índices calculados para 2006, teniendo en cuenta la transparencia del agua y las concentraciones de clorofila a y fósforo total, permiten caracterizarla como hipereutrófica (Carlson & Simpson 1996). El índice calculado para 1995/96, empleando la profundidad del disco de Secchi, arrojó un valor de 80,6, que comparado con el valor actual, basado en el mismo parámetro, único comparable entre los dos períodos, muestra que, si bien la laguna sigue siendo hipereutrófica, ha incrementado su nivel trófico. Teniendo en cuenta el modelo de los estados alternativos de los lagos someros, la laguna Don Tomás puede ser categorizada como turbia. La escasa transparencia está dada por la alta cantidad de materiales sólidos en suspensión (seston). El test de Kruskal-Wallis (KW = 8,879556; p = 0,0029) mostró que este parámetro también registró cambios significativos con respecto al período 95/96, cuando se verificó una transparencia media de 0,24 m contra los 0,15 medidos durante 2006. La determinación de la profundidad de la zona fótica, mediante la multiplicación de la profundidad del disco de Secchi (ZSD) por un factor es un parámetro útil, ya que indica hasta donde una laguna puede ser colonizada por macrófitas que contribuyan a crear refugios para el zooplancton con capacidad de aclarar el agua (Quirós 2002). Para el cálculo se empleó el factor 3,3, sugerido por Kalff (2002) para ambientes turbios, y se verificaron diferencias entre los dos períodos en la profundidad a la que puede penetrar la luz, ya que se redujo de 0,79 m en 1995/96 a 0,49 m en 2006. Dado que el índice obtenido al calcular la relación Zpromedio/Zfótico sirve para diferenciar lagunas claras (<1) de turbias (>1) (Quirós 2002), la comparación de los valores de ambos períodos (1,03 para 1995/96 y 2,35 en 2006) muestra un desmejoramiento en las condiciones de la laguna. En 2006, la cantidad de sólidos suspendidos de origen inorgánico fue siempre reducida, indicando que la proporción de sedimentos en suspensión es baja. En cambio la fracción sestónica de origen orgánico fue siempre mayor. Dado que se verificó una relación directa entre este componente y la concentración de clorofila a (coeficiente de correlación = 0,8414), mayor que con la biomasa del zooplancton (coeficiente de correlación = 0,3264) puede inferirse que la mayor http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/es/abstract?article+bn01008042008 parte del material particulado sólido suspendido está dado por el fitoplancton. El estado turbio de Don Tomás se ve favorecido no sólo por las características antrópicas de la laguna y su estrecha relación con la ciudad, que hacen que reciba cantidades altas de nutrientes sino también por el efecto producido por la presencia de pejerreyes, peces planctívoros que predan sobre las especies planctónicas de mayor tamaño y eficiencia de filtración, preferentemente del género Daphnia (Quirós 2002, Grosman & Sanzano 2003), haciendo que la comunidad zooplanctónica esté integrada sólo por especies de talla reducida y baja eficacia de filtrado. Esta situación es similar a la registrada en otras lagunas de La Pampa que tienen poblaciones de pejerreyes, como Quetré Huitrú (Vignatti et al. 2007) y Bajo de Giuliani (Echaniz, datos no publicados), que también mostraron una reducida transparencia del agua y comunidades zooplanctónicas caracterizadas por la dominancia de especies de pequeña talla, pero contrasta con las condiciones que presentan otros lagos someros estudiados en La Pampa, los que a pesar de tener similares o superiores concentraciones de nutrientes, presentan una transparencia del agua mucho mayor, que puede ser atribuida a la ausencia de peces planctívoros, lo que permite el desarrollo de especies zooplanctónicas de mayor tamaño y eficiencia de filtración (Scheffer 1998), en particular Daphnia menucoensis Paggi, 1996 y Moina eugeniae Olivier, 1954 (Echaniz et al. 2005, 2006; Vignatti et al. 2007). La mayor biomasa de la comunidad zooplanctónica fue aportada por los copépodos ciclopoideos, siempre presentes. Durante 2006, la biomasa zooplanctónica mostró una correlación positiva con la temperatura del agua (0,6106), ya que fue mayor en los meses más calidos y menor en los meses más fríos, presentando un pico a fines de primavera - inicios del verano. La correlación calculada entre la biomasa zooplanctónica y la concentración de clorofila a mostró un menor nivel de significación (0,4029), por lo que puede considerarse que, dada la alta concentración de clorofila a que se registró durante todo el período de estudio, el fitoplancton que sirve de alimento al zooplancton nunca fue un factor limitante. La biomasa media del macrozooplancton de la laguna Don Tomás, si bien está comprendida en el rango establecido por Quirós (2002) para las lagunas turbias de la provincia de Buenos Aires, es superior a la media correspondiente a esa categoría. Esto estaría relacionado con la mayor concentración de nutrientes que posee la laguna Don Tomás, ya que, en el caso de las lagunas bonaerenses el máximo valor de fósforo total registrado fue de 1,25 mg.L–1, mientras que en Don Tomás ese nutriente presentó un valor medio, a lo largo del período de estudio de 9,7 mg.L–1. Por otro lado, esta mayor concentración de fósforo permitió la producción de una mayor concentración de clorofila a, ya que en la provincia de Buenos Aires el valor medio indicado por el mencionado autor fue de 101 mg.m–3, mientras que en Don Tomás, el valor medio fue de 154,6 mg.m–3. Considerando otros cuerpos de agua de características similares, la biomasa de Don Tomás también fue mayor que la determinada para la laguna bonaerense de San Miguel del Monte (Claps et al. 2004), aunque en ambos casos estuvo dominada por los copépodos ciclopoideos. La diversidad registrada en Don Tomás fue más baja que la de otras lagunas hiposalinas de La Pampa. El número de especies de esta laguna fue la mitad que el verificado en Quetré Huitrú, donde se registraron 35 especies a lo largo de un ciclo anual (Vignatti et al. 2007) o en El Guanaco (Echaniz & Vignatti, datos no publicados), donde durante el hidroperíodo que tuvo lugar entre diciembre de 2003 y marzo de 2004 se registraron 34 especies. La riqueza de Don Tomás es más cercana a la que se registra en lagunas pampeanas de mayor salinidad (Echaniz et al. 2005, 2006). http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 70 Echaniz, S.A. et al. Durante los períodos 1995/96 y 2006 se registró el mismo número total de especies, 20 en ambos casos, pero se verificaron diferencias en la composición taxonómica. Mientras en el primer ciclo la comunidad zooplanctónica estuvo dominada por los microcrustáceos, ya que se contaron 12 especies, contra 8 de rotíferos, en 2006 la situación fue inversa, dado que se registraron 8 taxa de crustáceos contra 12 de rotíferos. Si bien algunas especies, como Bosmina huaronensis, M etacyclops mendocinus, Microcyclops anceps y Keratella sp. fueron de presencia constante durante ambos períodos, en 1995/96 se verificó la presencia durante 5 meses de dos especies del género Daphnia (D. spinulata y D. obtusa), completamente ausentes durante 2006 (Tabla 1). Las diferencias en la composición taxonómica y en la abundancia del zooplancton de los dos períodos en que se estudió la laguna Don Tomás, dadas, tanto por la desaparición de especies de crustáceos de talla grande y mayor eficiencia de filtración como por la disminución significativa de la abundancia, además de tener influencia en la disminución de la transparencia del agua por menor pastoreo, son indicativas de un empobrecimiento de la comunidad, pudiendo estar producido por la predación ejercida por los peces (Claps et al. 2004, Mancini & Grosman 2004, Grosman & Sanzano 2003) a lo largo de la década que medió entre ambos estudios. 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Tiradentes, 500, CEP 12030-180, Taubaté, SP, Brasil 2 Universidade Metropolitana de Santos – UNIMES, Rua da Constituição, 374, CEP 11015-140, Santos, SP, Brasil 3 Instituto Oceanográfico, Universidade de São Paulo – USP, Praça do Oceanográfico, 191, CEP 05508-120, São Paulo, SP, Brasil 4 Autor para correspondência: Thassya Christina dos Santos Schmidt, e-mail: [email protected] 1 SCHMIDT, T.C.S., MARTINS, I.A., REIGADA, A.L.D. & DIAS, J.F. 2008. Taxocenose of marine catfish (Siluriformes, Ariidae) in the complex bay-estuary of São Vicente, SP, Brazil. Biota Neotrop. 8(4): http:// www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?article+bn01108042008. Abstract: The purpose of this study was to analyze the taxocenose of marine catfish in the complex bay-estuary of Sao Vicente, Brazil. The sampling was done monthly from September/2000 to August/2002, in four places of the estuary. Were caught 3.985 individuals belonging for 5 genus and 6 species, totalizing 47.807 g. The specie Cathorops spixii showed the biggest plentiful with 1.569 individuals sampled. In the transect I (close to the coastal region), it was registered the biggest richness (6 species) and in the transect IV (upper estuary) the biggest number of individuals (n = 2.602) e weight of 26.236 g. In March/2002 were registered the biggest occurrence with 687 individuals and biggest weight in February/2002 (8.816 g). The bottom water salinity, in the time of study, changed between 14 and 36, and the water temperature varied between 19 and 30 °C. In the sample place juveniles and adults’ individuals were caught, a mostly juvenile which demonstrates that of this place shows favorable conditions for growth. Keywords: spatial and temporal distribution, family Ariidae, population structure, Complex bay-estuary of Sao Vicente. SCHMIDT, T.C.S., MARTINS, I.A., REIGADA, A.L.D. & DIAS, J.F. 2008. Taxocenose de bagres marinhos (Siluriformes, Ariidae) da região estuarina de São Vicente, SP, Brasil. Biota Neotrop. 8(4): http://www. biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn01108042008. Resumo: O objetivo do trabalho foi analisar a taxocenose de bagres marinhos do complexo baía-estuário de São Vicente, SP. As coletas foram mensais, no período de setembro de 2000 a agosto de 2002, em quatro regiões do estuário. Foram capturados 3.985 exemplares, pertencentes a cinco gêneros e seis espécies, totalizando 47.807 g. A espécie Cathorops spixii apresentou a maior abundância numérica com 1.569 indivíduos amostrados. No transecto I (próximo da região costeira) foi registrada a maior riqueza e no transecto IV (estuário acima) a maior abundância com 2.602 exemplares e peso de 26.236 g. Em março de 2002 registrou-se a maior abundância com 687 indivíduos e o maior peso ocorreu em fevereiro de 2002 (8.816 g). A salinidade da água de fundo, ao longo do período de estudo, variou entre 14 e 36 e a temperatura da água variou entre 19 e 30 °C. Na região amostrada foram capturados exemplares jovens e adultos, ocorrendo um predomínio de jovens, o que demonstra que esta área apresenta condições favoráveis para crescimento. Palavras-chave: distribuição espaço-temporal, família Ariidae, estrutura populacional, Complexo baía-estuário de São Vicente. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn01108042008 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 74 Schmidt, T.C.S. et al. Os bagres ocorrem nas zonas litorâneas tropicais e subtropicais, em ambientes marinhos, estuarinos e em águas interiores, sendo geralmente mais abundantes em águas costeiras pouco profundas, em fundo lodoso ou arenoso (Araújo 1988, Andreata et al. 1989). Espécies exclusivamente marinhas podem ser encontradas em profundidades maiores que 100 m (Marceniuk 2005). As regiões estuarinas e costeiras são consideradas locais de alimentação, reprodução e abrigo para estas espécies (Gurgel et al. 2000) e durante o período de desova, muitas espécies de bagres marinhos normalmente deslocam-se para a desembocadura dos rios e regiões lagunares (Figueiredo & Menezes 1978). Para o litoral brasileiro é relatada a ocorrência de oito gêneros e 21 espécies, e para a região sudeste, sete gêneros e 10 espécies (Aspistor luniscutis, Bagre bagre, B. marinus, Cathorops spixii, Genidens barbus, G. genidens, G. machadoi, Hexanematichthys parkeli, Notarius grandicassis e Potamarius grandoculis) (Figueiredo & Menezes 1978, Menezes et al. 2003). Trabalhos referentes aos aspectos biológicos e ecológicos dos bagres marinhos no litoral brasileiro são comuns. Com relação à ocorrência e distribuição, Arius spixii (=Cathorops spixii), Sciadeichthys luniscutis (=Aspistor luniscutis) e Netuma barba (=Genidens barbus) ocorrem em maiores profundidades, enquanto Genidens genidens em áreas mais rasas (Mishima & Tanji 1981), sendo que a salinidade parece condicionar a ocorrência das espécies (Mishima & Tanji 1983a). Em termos de abundância, Netuma barba (=G. barbus) é a espécie mais abundante no estuário da Lagoa dos Patos (Araújo 1988), enquanto Cathorops spixii foi a mais abundante em Peruíbe (Craig 1980), em Cananéia (Mishima & Tanji 1983a) e no complexo Mundaú/Manguaba (Melo & Teixeira 1992), e Genidens genidens na baía de Sepetiba (Azevedo et al. 1998). As diferentes espécies de bagre apresentam amplo espectro alimentar, sendo constatado que adultos de espécies que atingem tamanhos menores e juvenis de espécies de grande porte mostram variação qualitativa na dieta, embora vivam em mesmo ambiente (Mishima & Tanji 1982). A dieta é constituída principalmente por detrito, decápodes, peixes, poliquetos e bivalves (Mishima & Tanji 1982, Araújo 1984, Espírito Santo & Isaac 1999). Machos apresentam menor peso em mesmo comprimento que as fêmeas como possível resposta à incubação oral dos machos e a parada na alimentação durante este período (Araújo et al. 1998b). Os bagres apresentam deslocamentos sazonais e relacionados às fases do ciclo de vida (Craig 1980, Mishima & Tanji 1981, 1983b, Reis 1986, Araújo 1988, Araújo et al. 1998b, Azevedo et al. 1998, 1999). A reprodução ocorre em diferentes épocas, mas principalmente relacionada aos meses mais quentes ou com maior aporte de águas interiores: do final da primavera ao início do verão para Genidens genidens em Jacarepaguá, Sepetiba e Maricá (Rio de Janeiro), Cananéia (São Paulo) e Guaratuba (Paraná) (Mishima & Tanji 1983b, Barbieri et al. 1992, Chaves 1994, Araújo et al. 1998a, Silva et al. 1998, Gomes et al. 1999, Mazzoni et al. 2000, Gomes & Araújo 2004); na primavera e início do verão para Cathorops spixii em Sepetiba, Cananéia e baía dos Pinheiros (Paraná) (Mishima & Tanji 1983b, Gomes et al. 1999, Fávaro et al. 2005), e no verão e início do outono em Natal (Rio Grande do Norte) (Gurgel et al. 2000); na primavera para Sciadeichthys luniscutis (=A. luniscutis) em Sepetiba (Gomes & Araújo 2004) e na primavera e verão em Cananéia (Mishima & Tanji 1983a); no outono para Bagre marinus na costa de Pernambuco (Pinheiro et al. 2006); e no final da primavera e início do verão para Netuma barba (=G. barbus) no estuário da Lagoa dos Patos (Rio Grande do Sul) (Reis 1986). O desenvolvimento ovocitário é sincrônico, sugerindo desova total (Araújo et al. 1998a, Silva et al. 1998), embora Gurgel et al. (2000) afirmem que a desova seja parcelada para C. spixii, baseados http://www.biotaneotropica.org.br unicamente na extensão do período de desova, desconsiderando, porém, o aspecto populacional nessa extensão. A incubação ocorre no verão para Genidens genidens e há indicação de alimentação exógena das larvas durante a incubação (Chaves 1994), com duração de dois a três meses (Barbieri et al. 1992). De maneira geral, a fecundidade é baixa e varia com as espécies, entre um mínimo de 7 e máximo de 38 ovócitos para G. genidens (Barbieri et al. 1992, Araújo et al. 1998a, Gomes et al. 1999), de 11 a 22 para B. marinus (Pinheiro et al. 2006), entre 6 e 24 para Sciadeichthys luniscutis (=A. luniscutis) (Gomes & Araújo 2004), entre 32 e 272 para Netuma barba (=G. barbus) (Reis 1986). O cuidado com a prole, aliado às baixas fecundidades, podem levar a uma reposição lenta dos estoques (Velasco et al. 2007). Apesar do conhecimento acumulado, não há relato de estudos sobre as espécies de Ariidae na região estuarina de São Vicente. Assim, o objetivo deste trabalho é descrever a estrutura da comunidade de bagres marinhos em relação a sua distribuição espaço-temporal, além de alguns aspectos da estrutura populacional das espécies mais abundantes amostradas no estuário de São Vicente. Material e Métodos As coletas foram mensais, no período entre setembro de 2000 e agosto de 2002, realizadas na região estuarina do município de São Vicente (23° 55’ a 24° 00’ S e 46° 21’ a 46° 30’ W) (Figura 1). Foram estabelecidas quatro áreas, em diferentes locais do estuário denominadas de transectos (TI, TII, TIII e TIV) (Figura 1), sendo que para cada local em cada mês foram tomados os dados de temperatura da água de fundo com um termômetro de mercúrio (°C) e a salinidade da água por meio de um refratômetro óptico. O transecto I corresponde à região mais externa amostrada, com uma profundidade média de 5 m, o transecto II está localizado em frente da praia Paranapuã, com uma profundidade média de 4 m, o transecto III localiza-se no largo de São Vicente, com uma profundidade média de 4 m e o transecto IV corresponde a área mais interna do estuário, no largo de São Vicente, com uma profundidade média de 6 m (Figura 1). Para a captura dos exemplares foi utilizada uma rede de arrasto de fundo do tipo “otter-trawl”, de 7,5 m de comprimento com 15 mm entre nós na panagem e 10 mm no saco, com abertura de boca de 3,7 m de largura e 2 m de altura, operada de um barco de alumínio, cada arrasto teve duração média de 30 minutos. Os exemplares capturados foram mantidos congelados e, em laboratório, os bagres foram separa- 10 0 –10 –20 –30 –40 –50 –23.90 Brazil Pacific ocean Atlantic ocean 0 –10 –20 –30 –40 Introdução –23.95 IV II III I –24.00 N W –24.05 0 –46.45 –46.40 5 10 –46.35 20 km –46.30 E S –46.25 Figura 1. Localização dos locais de coleta. Figure 1. Location of the sampled area. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn01108042008 75 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Bagres marinhos da região estuarina de São Vicente, SP dos e identificados, utilizando-se o manual de Figueiredo & Menezes (1978). A nomenclatura dos gêneros e espécies foi atualizada a partir de literatura pertinente (Menezes et al. 2003, Marceniuk 2005). Foram calculados o número e o peso dos indivíduos por arrasto de pesca amostrados em cada transecto. Para a riqueza foi considerada o número de espécies e abundância em cada transecto (R = (S – 1) / logN) e os valores de diversidade foram estimados pelo índice de diversidade de Shannon (H’ = –∑ (pi * log pi)). A constância de ocorrência das espécies foi estimada por C = pi * 100 * P–1, sendo C = constância de ocorrência, pi = número de coletas em que a espécie i apareceu, P = número total de coletas. As espécies foram classificadas de acordo com os valores estimados: espécies constantes para C ≥ 50, espécies acessórias para 25 > C < 50, espécies acidentais para C ≤ 25 (Dajoz 1973). A similaridade da abundância total entre os meses de coleta foi avaliada pela análise de agrupamento (índice de similaridade de Bray-Curtis) e a abundância das espécies por transecto foi testada pela análise de variância (ANOVA – não paramétrica – Kruskal-Wallis). Possíveis correlações entre os fatores abióticos (temperatura e salinidade da água de fundo) e a ocorrência (abundância numérica) dos exemplares, foram avaliadas pelo coeficiente de correlação de Spearman (rs), com nível de significância de 5% (Ayres et al. 2003). Para os espécimes capturados foram tomadas as medidas de comprimento padrão (mm) e peso total (g) (precisão de 0,1 g). Os exemplares-testemunho foram depositados na Coleção Científica do Laboratório de Zoologia da Universidade de Taubaté, São Paulo. Resultados As variáveis ambientais medidas apresentaram variações sazonais, principalmente a salinidade. No transecto I a salinidade apresentou variação entre 28 e 36. Nas áreas mais internas do estuário (transecto III e IV), bem como no transecto II, houve queda brusca na salinidade, principalmente em dezembro de 2000, quando a menor salinidade foi registrada (14) no transecto III (Figura 2). O padrão de variação da temperatura da água de fundo para todas as áreas durante todo período de coletas, mostrou oscilações entre os 19 e 30 °C, com os valores mais baixos nos meses de outono e inverno, e aumento da temperatura nos meses da primavera e verão de ambos os anos. Para os quatro transectos amostrados, as maiores temperaturas foram registradas em fevereiro de 2001 e março de 2002 (Figura 2). Foram amostrados 3.985 exemplares, totalizando 47.807 g, representados por cinco gêneros e seis espécies: Cathorops spixii (Agassiz, 1829), Genidens genidens (Valenciennes, 1840), Aspistor luniscutis (Valenciennes, 1840), Genidens barbus (Lacepède, 1803), Notarius grandicassis (Valenciennes, 1840) e Bagre bagre (Linnaeus, 1758) (Tabela 1). C. spixii, G. genidens e A. luniscutis representaram mais de 87% da captura em número e em peso. Em termos espaciais, no transecto I foi registrada a maior riqueza, com seis espécies, enquanto que nos transectos II, III e IV foram capturadas cinco espécies em cada. O transecto IV apresentou maior abundância (65,3%) e peso total (54,9%) e no transecto III ocorreu a menor abundância e o menor peso: 2,1 e 2,8%, respectivamente (Tabela 2). A maior diversidade específica para a família Ariidae no estuário de São Vicente foi observada no transecto IV, seguida dos transectos III, I e II (Tabela 2). O transecto IV, o mais interno no estuário, foi o local amostrado com os maiores valores de constância de ocorrência das espécies. Os resultados indicam C. spixii como constante nos transectos I e IV (58,3 e 50%, respectivamente), acessória no transecto II e acidental no transecto III (Tabela 3). As espécies G. genidens e A. luniscutis foram constantes nas amostragens do transecto IV (75% e 54,2%, respectivamente) e G. barbus foi classificada como de ocorrência acessória nos transectos I e IV (33,3% e 45,8%, respectivamente). As espécies N. grandicassis e B. bagre foram acidentais em todos os transectos amostrados (Tabela 3). Tabela 1. Espécies amostradas da família Ariidae no estuário de São Vicente, SP. (N = número de exemplares, % = freqüência relativa, peso (g) e P (%) = porcentagem do peso de cada espécie amostrada. Table 1. Species caught of the Ariidae family in complex bay-estuary of São Vicente, SP, Brazil (N = number of species, % = relative frequency, weight (g) and W (%) = percentage of the weight of each specie caught. Espécies Cathorops spixii (Agassiz, 1829) Genidens genidens (Valenciennes, 1840) Aspistor luniscutis (Valenciennes, 1840) Genidens barbus (Lacepède, 1803) Notarius grandicassis (Valenciennes, 1840) Bagre bagre (Linnaeus, 1758) N 1569 1108 808 451 47 2 (%) 39,4 27,8 20,3 11,3 1,2 0,1 Peso (g) 18.924 9.644 12.734 2.935 2.920 0.65 P (%) 39,6 20,2 26,6 6,1 6,1 1,4 Tabela 2. Número de exemplares, peso e suas respectivas freqüências relativas N (%) e P (%), diversidade de Shannon (H’), número de indivíduos por arrasto de pesca e peso dos indivíduos por arrasto de pesca para cada transecto amostrado. Table 2. Number of individuals, weight and the relative frequency of the number N (%) and W (%), Shannon diversity (H’), number and weight of individuals for each fishery sample for each transect. Transecto I Transecto II Transecto III Transecto IV N N (%) Peso (g) P (%) Diversidade 473 825 85 2602 11,9 20,7 2,1 65,3 4.234 16.014 1.323 26.236 8,9 33,5 2,8 54,9 1,28 0,90 1,34 1,36 http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn01108042008 Número de indivíduos por arrasto de pesca 15,77 27,50 2,83 86,73 Peso dos indivíduos por arrasto de pesca 0,141 0,534 0,044 0,875 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 76 40 35 30 25 20 15 10 5 0 Temperatura e salinidade no transecto IV 35 30 25 20 15 10 5 0 set./00 out. nov. dez. jan./01 fev. mar. abr. maio jun. jul. ago. set. out. nov. dez. jan./02 fev. mar. abr. maio jun. jul. ago. 40 35 30 25 20 15 10 5 0 Temperatura (°C) Temperatura e salinidade no transecto III Salinidade Meses amostrados set./00 out. nov. dez. jan./01 fev. mar. abr. maio jun. jul. ago. set. out. nov. dez. jan./02 fev. mar. abr. maio jun. jul. ago. Temperatura (°C) Meses amostrados 35 30 25 20 15 10 5 0 40 35 30 25 20 15 10 5 0 Salinidade Temperatura e salinidade no transecto II Salinidade 35 30 25 20 15 10 5 0 set./00 out. nov. dez. jan./01 fev. mar. abr. maio jun. jul. ago. set. out. nov. dez. jan./02 fev. mar. abr. maio jun. jul. ago. Temperatura (°C) 40 35 30 25 20 15 10 5 0 Salinidade Temperatura e salinidade no transecto I 35 30 25 20 15 10 5 0 set./00 out. nov. dez. jan./01 fev. mar. abr. maio jun. jul. ago. set. out. nov. dez. jan./02 fev. mar. abr. maio jun. jul. ago. Temperatura (°C) Schmidt, T.C.S. et al. Meses amostrados Meses amostrados Temperatura Salinidade Figura 2. Temperatura e salinidade da água de cada transecto de amostragem no estuário de São Vicente. Figure 2. Temperature and salinity of the water in each sample transect in the São Vicente estuary. Tabela 3. Constância de ocorrência (C), freqüência relativa em termos de abundância (%) e peso (P%) por espécie em cada transecto amostrado na região estuarina de São Vicente, SP. (CASP = Cathorops spixii, GEGE = Genidens genidens, ASLU = Aspistor luniscutis, GEBA = Genidens barbus, NOGR = Notarius grandicassis, BABA = Bagre bagre, T = transecto de amostragem). Table 3. Occurrence constancy (C), relative frequency in abundance (%) and weight (W%) for specie in each transect of the complex bay-estuary of São Vicente, SP. (CASP = Cathorops spixii, GEGE = Genidens genidens, ASLU = Aspistor luniscutis, GEBA= Genidens barbus, NOGR = Notarius grandicassis, BABA = Bagre bagre, T = transect). Espécie CASP GEGE ASLU GEBA NOGR BABA C 58,3 29,2 41,7 33,3 4,2 4,2 TI (%) 41,6 30,9 20,1 6,3 0,6 0,4 P (%) 26,9 36,7 12,8 7,8 0,5 15,4 C 39,5 12,5 33,3 4,2 4,2 - Constância de ocorrência T II (%) P (%) C 73,2 33,1 8,3 9,6 0,7 37,5 11,5 48,6 12,5 1,0 0,1 25,0 4,7 17,5 4,2 - Do ponto de vista temporal, a maior riqueza numérica foi registrada em setembro de 2000 com seis espécies, e no mês de outubro de 2000 foi capturada apenas Genidens genidens. A maior abundância de exemplares foi registrada em março de 2002 com 687 indivíduos (17,3%) e a maior massa em fevereiro de 2002 com 8.816 g (18,6%). Os meses de setembro de 2001 e janeiro de 2002 foram os menos representativos com cinco exemplares cada, sendo que em janeiro de 2002, foi registrado o menor peso (4 g) (Figuras 3 e 4). Somente no mês de setembro de 2000 foram capturadas todas as espécies, sendo que A. luniscutis apresentou maior freqüência do total de exemplares amostrados (50%), seguida por N. grandicassis http://www.biotaneotropica.org.br T III (%) 23,5 27,1 9,4 38,8 1,2 - P (%) 11,3 56,4 7,3 22,3 2,7 - C 50,0 75,0 54,2 45,8 4,2 - T IV (%) 28,7 33,1 23,4 14,6 0,2 - P (%) 47,0 27,5 16,5 8,7 0,2 - (35,8%), C. spixii (7,5%), G. genidens (3,5%), G. barbus e B. bagre (1,6% cada), sendo que esta última foi amostrada somente neste mês (Figura 3). A espécie G. genidens apresentou maior freqüência nos meses de verão e outono, em relação às outras espécies, enquanto para C. spixii, as maiores freqüências ocorreram na primavera, verão e inverno, apesar de sua ampla distribuição. A maior ocorrência de A. luniscutis, com 495 indivíduos capturados (72%), foi registrada em março de 2002 (Figura 3). Com relação ao peso, as maiores freqüências de C. spixii foram amostradas em dezembro de 2000 (49,8%), fevereiro (69,9%), abril (45%), junho (81,7%), agosto e setembro (84%, 60,2%, respectivahttp://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn01108042008 77 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 14 149 121 272 96 454 241 71 328 5 90 34 41 5 nov. dez. jan./01 fev. abr. maio jun. jul. ago. set. out. nov. dez. jan./02 270 687 344 447 7 32 133 ago. 3 jul. 21 jun. 120 out. 100 set./00 Bagres marinhos da região estuarina de São Vicente, SP Freqüência relativa (%) 80 60 40 20 maio abr. mar. fev. mar. 0 Meses amostrados C.spixii G.genidens A. luniscutis G. barbus N. grandicassis B. bagre Figura 3. Freqüência relativa do número de exemplares de cada espécie de bagre marinho capturado ao longo de cada mês amostrado na região estuarina de São Vicente, SP. Os números posicionados acima das barras correspondem ao número total amostrado em cada mês Figure 3. Relative frequency of individuals number for each species of the marine catfish sampled monthly in the São Vicente. The above number of each bar represents the total number sampled in each month. mente) de 2001, fevereiro (87,8%), abril (81,1%), julho (51,3%) e agosto (98,9%) de 2002, enquanto que para Genidens genidens as maiores freqüências ocorreram em janeiro (59,8%), março (64,5%), maio (68,5%), julho (59,8%), novembro (45,2%) de 2001 e maio de 2002 ( 49,5%) (Figura 4). A análise de agrupamento revelou maior similaridade entre os meses de novembro e dezembro de 2001 e entre março e maio de 2001 (Figura 5), podendo-se observar que alguns meses do ano de 2001 reuniram-se num agrupamento maior, com nível de similaridade pouco menor. Não houve correlação entre a salinidade da água de fundo e o número de exemplares amostrados em todos os transectos nem com a ocorrência das espécies, o mesmo ocorrendo em relação à temperatura e o número de exemplares amostrados ao longo dos meses nos transectos I, II e III. Entretanto, para o transecto IV houve correlação positiva e significativa (rs = 0,41, t = 2,15, p = 0,04) entre a temperatura da água de fundo e o número de exemplares. No transecto IV A. luniscutis apresentou correlação com a temperatura (p > 0,05). Com relação às espécies, houve diferenças no transecto IV para G. genidens e C. spixii no transecto III (p = 0,06). Com relação à dinâmica populacional, o comprimento padrão das espécies capturadas variou entre 28 e 265 mm, sendo que Cathorops spixii apresentou amplitude de comprimento padrão variando entre 30 e 195mm (83,4 ± 27,5 mm), Genidens genidens entre 28 e 227 mm (88 ± 34,8mm), A. luniscutis entre 33 e 265 mm (102 ± 51,4mm), Genidens barbus entre 35 e 196mm (80 ± 18,2 mm) e para Notarius grandicassis, o comprimento variou entre 84 e 234 mm (106 ± 33,3 mm) (Figura 6). Foram capturados somente dois exemplares, com comprimento padrão de 137 e 150 mm, da espécie Bagre bagre. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn01108042008 Discussão As espécies A. luniscutis, B. bagre, C. spixii, G. barbus, G. genidens e N. grandicassis, capturadas na região estuarina de São Vicente, são consideradas comuns no litoral brasileiro, ocorrendo em grande quantidade em estuários e lagoas estuarinas (Figueiredo & Menezes 1978). Segundo Ribeiro Neto (1993) quatro espécies figuram entre as mais importantes do complexo baía-estuário de Santos e São Vicente, sendo C. spixii a mais abundante nos fundos menos estruturados (areia e lama) da baía de Santos, Genidens barbus mostrando-se mais abundante nos ambientes de praia, e G. genidens e A. luniscutis mais comuns nos ambientes mais estruturados (fundo biogênico e parcéis) da baía. As espécies capturadas no presente estudo foram registradas em outros trabalhos em diferentes regiões, tais como em Ubatuba (Rocha 1990, Cunningham 1983, Maciel 1995), em Santos e São Vicente (Paiva-Filho et al. 1987), e em Cananéia (Mishima & Tanji 1981, ZaniTeixeira 1983). As capturas na região de Ubatuba reforçam a idéia de que estas espécies não podem ser consideradas estuarino-dependentes. Em outras áreas também foram amostrados exemplares de bagres marinhos, porém com somente algumas espécies capturadas, como na Baía de Sepetiba por Araújo et al. (1998a), Azevedo et al. (1999) e Pessanha et al. (2000), em Santos (Ribeiro Neto 1989), em Peruíbe (Craig 1980) e em Cananéia (Saul 1994). As maiores freqüências numéricas ocorreram na região interna do estuário de São Vicente (transecto IV), podendo ser um indicativo da preferência destas espécies por locais estuarinos mais protegidos. Segundo Azevedo et al. (1999), esta preferência indica uma estratégia de coexistência desse grupo de peixes, que utilizam ambientes costeiros tropicais semi-abertos, com maiores abundâncias nas zonas com menores profundidades, transparência e salinidade. http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 78 Schmidt, T.C.S. et al. 100 Peso (%) 80 60 40 ago. jul. jun. maio abr. mar. fev. jan./02 dez. nov. out. set. ago. jul. jun. maio abr. mar. fev. jan./01 dez. nov. out. 0 set./00 20 Meses amostrados C.spixii G.genidens G. barbus A. luniscutis N. grandicassis B. bagre Figura 4. Freqüência relativa do peso de cada espécie de bagre marinho capturado, ao longo de cada mês amostrado na região estuarina de São Vicente, SP. Figure 4. Relative frequency of weight for each marine catfish species caught monthly in the complex bay-estuary of São Vicente, SP. Abundância total por mês 20 Similaridade 40 60 6 /1 /2 0 0 2 1 1 /1 /2 0 0 0 1 /1 /2 0 0 2 9 /1 /2 0 0 1 1 2 /1 /2 0 0 0 8 /1 /2 0 0 2 5 /1 /2 0 0 1 3 /1 /2 0 0 1 5 /1 /2 0 0 2 1 /1 /2 0 0 1 1 0 /1 /2 0 0 1 4 /1 /2 0 0 1 1 2 /1 /2 0 0 1 1 1 /1 /2 0 0 1 4 /1 /2 0 0 2 8 /1 /2 0 0 1 7 /1 /2 0 0 1 6 /1 /2 0 0 1 2 /1 /2 0 0 2 3 /1 /2 0 0 2 2 /1 /2 0 0 1 7 /1 /2 0 0 2 9 /1 /2 0 0 0 100 1 0 /1 /2 0 0 0 80 Meses Transform: Log(X+1) Resemblance: S17 Bray Curtis similarity Figura 5. Agrupamento dos períodos de coleta na região estuarina de São Vicente, baseado na abundância das espécies de bagres marinhos. No eixo X épocas no formato mês/dia/ano. Figure 5. Clustering of the survey periods in the estuarine region of São Vicente, based on the species abundance of marine catfish. In the X axis, season in month/day/year format. http://www.biotaneotropica.org.br http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn01108042008 79 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Bagres marinhos da região estuarina de São Vicente, SP Máximo Mínimo Média + DP Média - DP Média Amplitude de comprimento (mm) 300 240 180 120 60 0 CASP GEGE ASLU Espécies GEBA NOGR Figura 6. Comprimento padrão (mm) das cinco principais espécies de bagres amostradas no presente estudo, na região estuarina de São Vicente, SP. (CASP = Cathorops spixii, GEGE = Genidens genidens, ASLU = Aspistor luniscutis, GEBA = Genidens barbus, NOGR = Notarius grandicassis). Figure 6. Standard length (mm) of the five marine catfish species sampled in this study, in the complex bay-estuary of São Vicente, SP. (CASP = Cathorops spixii, GEGE = Genidens genidens, ASLU = Aspistor luniscutis, GEBA = Genidens barbus, NOGR = Notarius grandicassis). Ao longo do período de estudo, C. spixii apresentou ampla distribuição na região estudada, sendo capturada durante praticamente todo o período amostrado, com as maiores freqüências ocorrendo no inverno de 2001 e outono de 2002. Além da sua alta abundância no estuário de São Vicente, esta espécie também foi a mais numerosa dentre todos os bagres que ocorrem em outras regiões, desde o litoral central ao sul do estado de São Paulo (Craig 1980, Mishima & Tanji 1981, Zani-Teixeira 1983, Ribeiro Neto 1989), enquanto no litoral do Rio de Janeiro a capturada desta espécie ocorreu com menor freqüência (Araújo et al. 1998b, Pessanha et al. 2000). Segundo Paiva-Filho (1982), esta espécie utiliza a região estuarina de São Vicente como área de desova, enquanto que Zani-Teixeira (1983) e Peres-Rios (2001) sugerem que C. spixii permanece no estuário de Cananéia, durante quase todo o seu ciclo de vida. A espécie G. genidens representou a segunda maior abundância, sendo bastante freqüente no outono e ocorrendo principalmente na região interna do estuário. Esta espécie caracterizou-se como a mais importante no estuário do rio Itanhaém, correspondendo sozinha a cerca de 50% em número e peso (Louro 2007), com ocorrência em praticamente todos os meses e principalmente na área interna e sendo esporadicamente capturada na área marinha adjacente, segundo o autor, este estuário não foi identificado como uma área de desova, mas sim para a permanência e crescimento de jovens. Segundo Araújo (1988), esta espécie permanece na cabeçeira do estuário e interior da lagoa dos Patos (RS) e só ocasionalmente freqüenta o estuário em sua fase jovem, sem um padrão sazonal definido entre sua chegada e/ ou saída, diferentemente do observado na região de São Vicente em que há uma aparente sazonalidade para a ocorrência de indivíduos desta espécie no verão e outono. Os valores de primeira maturação gonadal (L50) encontrados para Cathorops spixii na região de Cananéia foram 96 e 98 mm (Mishima & Tanji 1983b), 124,5 e 139 mm (Silva 1996) e, 119,2 e 106,8 mm (Peres-Rios 2001) para fêmeas e machos respectivamente. Tomando-se esses valores como indicadores da presença de jovens e adultos, observou-se o predomínio de exemplares jovens no estuário de São Vicente, uma vez que as maiores freqüências ocorreram entre os comprimentos de 64 a 85 mm. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn01108042008 Para Genidens genidens os valores da primeira maturação gonadal encontrados na literatura foram 180 mm para as fêmeas na lagoa de Jacarepaguá (Barbieri et al. 1992) e, 133 e 160 mm para fêmeas e machos, respectivamente, na baía de Sepetiba (Araújo et al. 1998a). Assim, no estuário de São Vicente predominam comprimentos de 40 a 114 mm para esta espécie, indicando também a ocorrência de jovens. Este padrão parece se repetir para todas as espécies: quando se considera que, para Aspistor luniscutis, no estuário do Rio Sergipe, o valor de L50 para ambos os sexos foi estimado em 170 mm (Alcântara 1989) e para Genidens barbus a primeira maturação gonadal para ambos os sexos foi estimada em 430 mm na lagoa dos Patos (Reis 1986), no estuário de São Vicente foram capturados apenas indivíduos jovens desta espécie (comprimento máximo de 196 mm). Araújo (1988) observou que G. barbus permanece no estuário durante os dois primeiros anos de vida e a partir do terceiro ano, parece deslocar-se para o interior da lagoa dos Patos, ocupando a mesma área de ocorrência dos adultos, sendo, portanto, uma espécie que apresenta ampla distribuição entre os ambientes estuarinos. Assim, o predomínio de jovens para C. spixii, G. genidens, A. luniscutis e G. barbus, indica que o estuário é área de crescimento, corroborando com os resultados de Paiva-Filho (1982) e Gurgel et al. (2000). Não houve correlação entre os valores de salinidade da água de fundo no estuário de São Vicente e o número de exemplares. Araújo (1988) encontrou baixa correlação, embora significativa, entre a abundância dos bagres marinhos com a salinidade e a temperatura, sendo estes fatores inversamente proporcionais à abundância, e que as espécies por ele estudadas (G. genidens, G. barbus e G. planifrons) suportam uma grande variação destes fatores ambientais. Os transectos no estuário de São Vicente não cobriram completamente o gradiente salino (da região eurihalina para a oligoalina), o que pode explicar a falta de relação entre abundância dos espécimes de diferentes espécies e a salinidade. No complexo estuarino lagunar de Cananéia, Mishima & Tanji (1983a) capturaram o maior número de exemplares de C. spixii e A. luniscutis em águas com a salinidade entre 16,1 e 20 e G. genidens entre 8,1 e 12, enquanto que, os jovens de G. barbus, B. marinus e B. bagre, concentram-se nas áreas de salinidade mais alta deste complexo estuarino. Essa preferência pode estar relacionada com o comportamento das formas adultas dessas espécies, que vivem em mar aberto adjacente, portanto, áreas de salinidade mais alta, migrando para as águas estuarinas na época da desova. Conseqüentemente, os bagres pequenos permanecem até atingir determinado tamanho nessa área, para depois se deslocarem para a região costeira (Mishima & Tanji 1983a). Assim, a baixa captura destas espécies no estuário de São Vicente, principalmente B. bagre, pode ser explicada com base na salinidade dos ambientes e épocas estudados. Com base no material coletado, pode-se afirmar C. spixii, G. genidens e A. luniscutis são constantes na região mais interna do estuário, C. spixii também foi constante na porção mais externa, sendo que todas as espécies de bagre capturadas ocorreram na fase juvenil pré-maturação no estuário de São Vicente, não se reproduzindo no local. Agradecimentos Ao Laboratório de Zoologia da Universidade de Taubaté – UNITAU pelo apoio logístico. A Pró-Reitoria de Pesquisa e PósGraduação – Bolsa PIC/UNITAU. Aos colegas do Laboratório de Zoologia (UNITAU), em especial Camila L. Martins, Fernanda C. Almeida e Delma A. Ribeiro pelo auxílio nas atividades laboratoriais. A Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo, Bolsa Pós-Doutorado (A.L.D.R.) (FAPESP # 00/06505-7). À Dra Monica http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 80 Schmidt, T.C.S. et al. A. V. Petti e MSc Wellington S. Fernandes pelo auxílio com os testes estatísticos. 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Recebido em 20/11/07 Versão reformulada recebida em 29/10/08 Publicado em 31/10/08 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 O uso de praias arenosas com diferentes concentrações humanas por espécies de aves limícolas (Charadriidae e Scolopacidae) neárticas no sudeste do Brasil César Cestari1,2 Departamento de Zoologia, Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – UNESP, Av. 24-A, 1515, CP 199, CEP 13506-900, Rio Claro, SP, Brasil 2 Autor para correspondência: César Cestari, e-mail: [email protected] 1 CESTARI, C. The use of sandy beaches with different concentration of humans by Nearctic shorebirds (Charadriidae and Scolopacidae) in southeastern Brazil. Biota Neotrop. 8(4): http://www.biotaneotropica. org.br/v8n4/en/abstract?article+bn01308042008 Abstract: Migratory birds may recognize humans and domestic animals as potential predators. Thus, their abundance and behavior in flock formation may change in areas with high human concentration. This study compared the abundance of Nearctic migratory birds, the frequency of their flocks and the average number of birds per flock at high and low human concentration areas in a coastal region in southeastern Brazil. Birds, humans and domestic dogs were counted monthly between November 2006 and April 2007. Six bird species (Ruddy Turnstone Arenaria interpres, Sanderling Calidris alba, Red Knot Calidris canutus, Semipalmated Sandpiper Calidris pusilla, Semipalmated Plover Charadrius semipalmatus, and American Golden-Plover Pluvialis dominica) were recorded. Only Red Knot were restricted to the low human concentration area. The average number of humans and domestic dogs differed between areas with different levels of disturbance, whereas no difference on the average number of birds was detected. There were no correlation between number of humans and birds, nor between domestic dogs and birds. Additionally, the frequency of flocks and average number of birds per flock did not vary significantly between the areas. These results highlighted the sensibility of Red Knot in the high human concentration area as well as the need to find out, in future investigations, the maximum concentration of people and domestic dogs that birds can tolerate in human occupied areas to employ conservation efforts in preserving Nearctic shorebirds. Keywords: human disturbance, sandy beaches, Scolopacidae, shorebirds. CESTARI, C. O uso de praias arenosas com diferentes concentrações humanas por espécies de aves limícolas (Charadriidae e Scolopacidae) neárticas no sudeste do Brasil. Biota Neotrop. 8(4): http://www.biotaneotropica. org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn01308042008 Resumo: As aves migratórias podem reconhecer humanos e animais domésticos como possíveis predadores, alterando seus padrões de abundância e comportamento de formação de bandos. O objetivo do presente estudo foi comparar a abundância de aves migratórias neárticas, a freqüência de bandos e o número médio de aves por bando em áreas com alta e baixa concentração humana em uma região costeira de praia arenosa no sudeste do Brasil. As aves, pessoas e cães foram contados mensalmente entre novembro de 2006 a abril de 2007. Foram registradas seis espécies de aves (Arenaria interpres, Calidris alba, Calidris canutus, Calidris pusilla, Charadrius semipalmatus, Pluvialis dominica) nas duas áreas, no entanto somente C. canutus foi registrado exclusivamente na área com baixa concentração humana. Houve diferença significativa no número médio de pessoas e cães entre as áreas, mas não no número médio de aves. Não houve correlação entre o número de humanos e aves, e entre cães e aves. Adicionalmente, não houve diferença significativa na freqüência de bandos e número de indivíduos por bando entre as áreas. Os resultados deste estudo destacaram a sensibilidade de C. canutus na área com alta concentração humana e a necessidade de futuras investigações que determinem os limites máximos de concentração de pessoas e cães domésticos que as aves migratórias neárticas podem tolerar para a tomada de ações de proteção em áreas costeiras com ocupação humana. Palavras-chave: aves costeiras, perturbação humana, praias arenosas, Scolopacidae. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4pt/abstract?article+bn01308042008 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 84 Cestari, C. Introdução O avanço da urbanização em áreas costeiras pode interferir negativamente na sobrevivência, comportamentos, presença e abundância de aves migratórias (Burger 1993, Hubbard & Dugan 2003, Thomas et al. 2003, Burton et al. 2006). Comparando com outras espécies de aves costeiras, as aves migratórias podem ser altamente vulneráveis às atividades recreativas humanas (Burger 1981). Alguns dos principais impactos negativos causados pela intensa atividade humana em áreas costeiras são o afastamento e a diminuição da freqüência de forrageamento de aves migratórias (Burger & Gochfeld 1991, Burger et al. 2004). Algumas espécies de aves migratórias limícolas, conhecidas popularmente como batuíras e maçaricos (Charadriidae e Scolopacidae), reproduzem-se na América do Norte durante o verão boreal e, no inverno, deslocam-se para a região costeira da América do Sul, em busca de locais de pouso e alimentação (Sick 1997, Larrazábal et al. 2002). O acúmulo de reservas de gordura durante o período de invernagem é determinante para o retorno dessas aves para as áreas de reprodução e, muitas vezes, a perturbação provocada por atividades humanas influenciam em um maior gasto de energia na procura de locais menos impactados (Vooren & Chiaradia 1990). Estudos demonstram o declínio recente de algumas populações de maçaricos e batuíras que visitam sazonalmente o Brasil, principalmente devido à perda de hábitats e diminuição de alimentos por conseqüência da ocupação e atividades humanas (Morrison et al. 1989, Morrison et al. 2004). Calidris canutus rufa constitui um exemplo emblemático, com estimativas de declínio populacional de aproximadamente 3% ao ano desde a década de 90 (Morrison 2004). O monitoramento de aves migratórias é importante para avaliar a qualidade dos locais que habitam e para tomada de medidas preventivas quanto ao declínio de suas populações (Hubbard & Dugan 2003, Burger et al. 2004). Vários exemplos de medidas eficazes para proteção de aves migratórias contra ameaças humanas são citados por Burger et al. (2004), tais como: a instalação de placas com informações educativas, fiscalização, restrição ao acesso em áreas de uso freqüente das aves e construção de plataformas para observação das aves. No Brasil, existem estudos de monitoramento e pesquisas acerca da distribuição geográfica e padrões sazonais de ocorrência de aves migratórias realizados principalmente nas regiões norte, sul e nordeste (Morrison et al. 1989, Vooren & Chiaradia 1990, Rodrigues 2000, Azevedo-Júnior et al. 2001, Larrazábal et al. 2002), sendo as duas primeiras regiões de grande importância para aves neárticas (Morrison et al. 1989). No entanto, estudos investigando diretamente a influência humana na ocorrência e atividades comportamentais das aves migratórias neárticas em território brasileiro ainda são escassos em comparação com o número de pesquisas realizadas em regiões costeiras da América do Norte (Burger & Gochfeld 1991, Burger et al. 2004, Yasué 2005, 2006, Thomas et al. 2003). O sudeste do Brasil caracteriza-se pelo mais alto índice demográfico humano do país, concentrando aproximadamente 42% do total da população (IBGE 2000). Parte dessa população se estabelece temporariamente ou definitivamente em cidades costeiras, utilizandoas principalmente como locais de lazer e trabalho. Tal ocupação pode influenciar a presença, abundância e comportamento das aves migratórias neárticas. Considerando esses fatos, o presente trabalho teve como objetivo estudar aves migratórias neárticas em uma região com áreas de praias arenosas caracterizadas, respectivamente, por alta e baixa concentração humana no sudeste do Brasil. Dessa forma, foi investigado especificamente se existe diferença significativa no número de espécies, número de indivíduos, freqüência de bandos e número de indivíduos por bando de batuíras e maçaricos neárticos em duas áreas com diferentes concentrações de humanos. Essa questão http://www.biotaneotropica.org.br baseou-se (1) na hipótese de que algumas espécies de aves migratórias identificam os humanos e animais domésticos como possíveis predadores (Frid & Dill 2002) e (2) no fato de que a formação de bandos reduz o risco de predação de seus integrantes pela ação de indivíduos sentinelas para proteção do grupo, existindo a tendência das aves despenderem menos tempo alertas conforme o aumento da quantidade de indivíduos pertencentes ao bando (Elgard 1989, Cresswell 1994, Mori et al. 2001). Assim, a primeira hipótese pode ser confirmada se os resultados indicarem uma maior abundância de aves na área com baixa concentração humana. Em caso negativo, se ocorrer presença regular das aves nas duas áreas de estudo, espera-se que exista uma maior freqüência de bandos e um número maior de indivíduos por bando de aves em áreas com maior concentração humana e elevado risco de predação, confirmando a segunda hipótese. Material e Métodos 1. Área de estudo O estudo foi realizado em uma extensão de 9 km de praia arenosa (entre as latitudes 24° 13’ 28,9” e 24° 16’ 23,4” S e longitudes 46° 51’ 20,2” e 46° 55’ 52,1” W) abrangendo os municípios de Itanhaém e Peruíbe, costa sul do estado de São Paulo. A região de estudo compreendeu duas áreas com diferentes concentrações de humanos: 1) área de alta concentração, com 4,5 km de praias contínuas paralelas a bairros periféricos de Itanhaém e, 2) área de baixa concentração, com 4,5 km de praias contínuas paralelas à vegetação de Restinga ainda não ocupada pela expansão urbana do município de Peruíbe. A segunda área de praia faz transição como um dos últimos remanescentes de vegetação nativa de Restinga entre a região sul da cidade de Santos a Peruíbe (Olmos & Galetti 2004) (Figura 1). Por se tratarem de faixas contínuas de areia, as duas áreas não possuem diferenças físicas e estruturais evidentes, apresentando relevo uniformemente plano, com areia compacta e úmida na maior porção onde a maré alcança e, areia seca e fofa em uma pequena extensão fora do alcance da maré (aproximadamente 10 m). A coleta dos dados foi realizada em dias consecutivos visando uma mínima variação de ação da maré nas áreas. Assim, a largura média da paisagem efetiva Itanhaém AC T Peruíbe BC N O 0 2500 m L S Figura 1. Áreas de estudo indicando onde foram realizados os registros das aves migratórias neárticas (BC – área com baixa concentração humana; AC – área com alta concentração humana; T – Área de transição). Modificado de Google Earth 2008: www.google.com/earth. Figure 1. Study areas where the Nearctic birds were registered (BC – Area with low human concentration; AC – Area with high human concentration; T – Transition area). Modified from Google Earth 2008: www.google.com/ earth. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn01308042008 85 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 O uso de praias arenosas por aves limícolas neárticas no sudeste do Brasil de estudo (faixa de areia exposta perpendicular ao oceano) para as duas áreas foi de 87 ± 9 m. 2. Metodologia O estudo foi conduzido entre novembro de 2006 e abril de 2007, principais meses em que as aves costumam migrar de regiões mais setentrionais do continente americano e freqüentar a costa brasileira (Sick 1997). Durante esse período de invernagem, as aves utilizam a costa do Brasil como local de pouso e alimentação ou como área de passagem em sua rota de migração. Esse período coincide também com a principal época de férias e deslocamento de pessoas para praias da região em busca de lazer. A coleta de dados foi realizada ao longo de uma transecção em áreas com alta e baixa concentração humana. Para isso foram utilizados binóculos 8 x 30 mm, gravador portátil, GPS e uma bicicleta. Cada área foi percorrida e amostrada por quatro dias consecutivos ao mês, totalizando 24 contagens por área. Nas contagens, efetuadas entre 8:00 e 10:30, foram registradas no gravador as seguintes informações: 1) número de pessoas e de cães domésticos; 2) espécies de aves e respectivas abundâncias; 3) se as aves estavam em bandos (heteroespecíficos ou monoespecíficos) ou isoladas e, 4) número de indivíduos por bando. Os indivíduos espaçados em menos de 5 m entre si foram considerados como pertencentes a um único bando. Esse limite máximo de espaçamento para diferenciação de bandos foi adotado por caracterizar coesão e deslocamento unidirecional dos indivíduos pertencentes a um mesmo bando quando se movimentavam em solo ou em vôo no momento em que eram afugentados por pessoas ocupando a praia (obs. pess.). Para discriminar claramente a presença das aves nas duas áreas, foi estabelecido um trecho de transição de 1 km onde não foram coletados os dados descritos acima (Figura 1). 3. Análise dos dados Análise de variância de duas vias (ANOVA two-way) foi realizada com o auxílio do programa Systat versão 10.0 (Wilkinson 2000) para determinar se havia diferenças entre a abundância de humanos, cães e aves nas áreas com alta e baixa concentração de humanos. Foram verificadas a normalidade dos resíduos e a homogeneidade de variâncias e quando alguma dessas premissas não foi satisfeita, a ANOVA foi substituída pelo teste não-paramétrico de Kruskal-Wallis. O teste de correlação de Spearman foi empregado com o auxílio do programa Bioestat versão 4.0 (Ayres et al. 2005) relacionando-se separadamente a abundância de cães e de humanos com a abundância de aves para cada área. Considerando que as coletas de dados foram realizadas em dias consecutivos, aumentando a probabilidade de contagem dos mesmos indivíduos, optou-se por empregar a média mensal de abundância de humanos, cães e aves para as análises descritas acima. Para avaliar se havia diferenças na freqüência de registros de bandos e a quantidade de indivíduos por bando formados pelas aves entre as áreas, foram construídas tabelas de contingência testadas pelo Qui-Quadrado (χ2) com fator de correção de Yates. Foi estabelecido o nível de significância α = 5% para todas as análises. Resultados Foram efetuados 1966 registros de seis espécies de aves, Arenaria interpres (Linnaeus 1758, Scolopacidae) com 0,6%, Calidris alba (Pallas 1764, Scolopacidae) com 3%, Calidris canutus (Linnaeus 1758, Scolopacidae) com 0,2%, Calidris pusilla (Linnaeus 1766, Scolopacidae) com 8,3%, Charadrius semipalmatus (Bonaparte 1825, Charadriidae) com 85,7% e Pluvialis dominica (Statius Muller 1776, Charadriidae) com 2,2% dos registros. Somente Calidris canutus foi registrada exclusivamente na área de baixa concentração humana. O http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4pt/abstract?article+bn01308042008 número médio e densidade total de aves, pessoas e cães encontramse na Tabela 1. Houve diferença significativa no número médio mensal de pessoas (Teste de Kruskal-Wallis; N = 6; H = 8,31; p = 0,004) e número médio mensal de cães (ANOVA; N = 6; F = 6,23; p = 0,05 ) entre as áreas com alta e baixa concentração de humanos. No entanto, a diferença no número médio mensal de aves não foi significativa entre as áreas (ANOVA; N = 6; F = 0,000; p = 0,985) (Figura 2). As análises de correlação entre cães e humanos com aves não foram significativas nas duas áreas (p > 0,05) (Tabela 2). Não houve diferença significativa na freqüência de registros de bandos (∑ χ2 = 2,34; p = 0,126; Figura 3) e no número médio de indivíduos por bando (∑ χ2 = 0,05; p = 0,830; Figura 4) das aves entre as áreas. A amplitude do número de aves por bando foi de 2 a 36 indivíduos na área com alta concentração e 2 a 62 indivíduos na área com baixa concentração humana. Discussão Os resultados do presente estudo rejeitam a hipótese de que a área com alta concentração humana, supostamente com maior risco de predação (Frid & Dill 2002), interferiu negativamente na abundância das aves migratórias neárticas, pois a abundância geral das aves foi similar entre as áreas. Entretanto, esse resultado deve ser interpretado com cautela, pois aparentemente os limites máximos de concentração humana e de cães que as aves migratórias podem tolerar na área com alta concentração humana não foram atingidos no período do estudo. As aves provavelmente estejam enfrentando maiores condições de estresse provenientes de perturbações de pessoas e de cães na área com alta concentração humana, no entanto, é possível que essas condições ainda sejam insuficientes para afugentá-las do local (Yasué 2006, Burton 2007). Segundo Vooren & Chiaradia (1990), a área de uso das aves costeiras torna-se inadequada quando a presença humana excede um determinado nível de perturbação. Dessa forma, a medida de tolerância das aves para perturbações resultantes da presença humana ainda é um fator a ser determinado em futuras pesquisas e, a densidade de pessoas e cães nas áreas de uso das aves deve estar relacionada primordialmente por representarem essas medidas das perturbações. No presente estudo, as densidades médias totais de 557 ± 602 pessoas/km2 e 11 ± 6 cães/km2 na área de alta concentração humana não foram suficientes para determinar padrões diferentes de abundância das aves entre as duas áreas. A habituação à presença humana, a condição física das aves, os custos de forrageamento relacionados à qualidade e quantidade de hábitats disponíveis são fatores que também podem interferir na presença e abundância de aves migratórias em regiões impactadas pela Tabela 1. Número médio total (+desvio padrão) e densidade de pessoas, cães domésticos e aves nas áreas com alta e baixa concentração humana amostradas entre novembro de 2006 a abril de 2007 em uma região de praia arenosa na costa sul do estado de São Paulo, Brasil. Table 1. Total average (+standard deviation) and density of people, domestic dogs and birds of the areas with high and low human concentration on the south coast of São Paulo State, Brazil. Data surveyed from November 2006 to April 2007. Área com alta concentração humana Média Densidade (N = 6) (ind.km–2) 557 ± 602 Pessoas 223 ± 241 Cães 4±2 11 ± 6 Aves 8±4 20 ± 10 Área com baixa concentração humana Média Densidade (N = 6) (ind.km–2) 49 ± 47 123 ± 118 2±2 6±4 7±7 17 ± 17 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 86 Cestari, C. 900 600 300 0 nov. dez. jan. fev. mar. abr. Freqüência de bandos por área 200 a Freqüência de registros Número médio de pessoas 1200 150 100 50 0 Bandos heteroespecíficos 9 Número médio de cães Área com baixa concentração humana 7 6 Figura 3. Freqüências de registros de bandos de aves entre as áreas com alta e baixa concentração humana entre novembro de 2006 a abril de 2007, em uma região de praia arenosa da costa sul do estado de São Paulo, Brasil. 5 4 3 Figure 3. Bird flocks frequencies of the high and low human concentration areas from November 2006 to April 2007 on the south coast of São Paulo State, Brazil. 2 1 0 nov. dez. jan. fev. mar. abr. 60 Número médio de aves c 45 Tabela 2. Coeficiente de correlação de Spearman para a relação de cães e humanos com aves nas áreas com alta e baixa concentração humana entre novembro de 2006 a abril de 2007 em uma região de praia arenosa da costa sul do estado de São Paulo, Brasil. Table 2. Spearman coefficient results relating dogs and people with birds in the high and low human concentration areas from November 2006 to April 2007 on the south coast of São Paulo State, Brazil. 30 Área com alta concentração humana P rs 15 0 Total bandos Área com alta concentração humana b 8 Bandos monoespecíficos nov. dez. jan. fev. mar. abr. Área com alta concentração humana Área com baixa concentração humana Figura 2. Número médio mensal de pessoas a), cães b) e aves c) nas áreas com alta concentração e baixa concentração humana registrados entre novembro de 2006 a abril de 2007 em uma região de praia arenosa da costa sul do estado de São Paulo, Brasil. . Figure 2. Monthly average of people a), dogs b) and birds c) in high and low human concentration areas surveyed from November 2006 to April 2007 on the south coast of São Paulo State, Brazil. presença humana (Burger & Gochfeld 1991, Nisbet 2000, Gill et al. 2001, Beale & Monaghan 2004, Yasué 2006). Na maioria das ocasiões em que algum tipo de perturbação foi observado, como aproximação demasiada de pessoas e cães, as aves indicaram comportamentos de habituação, conforme descrito em Nisbet (2000), empreendendo vôos curtos e pousando alguns metros próximos ao ponto inicial de observação. Segundo Gill et al. (2001), esse tipo de comportamento também pode ser explicado pela mal condição física das aves, que respondem menos eficientemente às perturbações humanas; além disso, muitas vezes, a falta de hábitats com melhor qualidade e maior disponibilidade de alimentos também as restringem a permanecer, pelo menos temporariamente, em áreas com distúrbios. Em um estudo conduzido nas praias da região da baía de Delaware, um dos principais http://www.biotaneotropica.org.br Cães x aves Humanos x aves 0,029 0,714 0,957 0,111 Área com baixa concentração humana rs P –0,600 –0,086 0,208 0,872 rs coeficiente de correlação de Spearman. pontos de pouso de aves migratórias limícolas na costa Atlântica dos Estados Unidos, Burger et al. (2004) relacionaram o comportamento de fuga e habituação das aves em resposta a perturbações humanas antes e após a tomada de medidas de proteção às aves. Com a tomada de medidas de proteção nas praias ao longo de 20 anos (instalação de placas com informações educativas, fiscalização, restrição ao acesso humano e de cães em áreas de uso freqüente das aves e construção de plataformas para observação das aves) a porcentagem de fuga das aves aumentou em relação ao período anterior. De acordo com os autores, após o estabelecimento dessas medidas, as aves encontraram praias com melhor qualidade para se movimentar quando perturbadas por atividades humanas, diminuindo os sinais de habituação à presença humana. No presente estudo, somente em ocasiões críticas de perturbações relacionadas à presença humana, como a perseguição contínua por cães domésticos, as aves se deslocaram por maiores distâncias, fora dos limites de observação. Thomas et al. (2003), sugerem que a presença de cães domésticos soltos pode ser um fator causador do decréscimo do número de aves mais significativo do que a própria perturbação humana em regiões costeiras. Segundo Burger et al. (2004), cães domésticos podem ser equivalentes a raposas e coiotes http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn01308042008 87 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 O uso de praias arenosas por aves limícolas neárticas no sudeste do Brasil 28 Número médio de aves por bando Número médio de indivíduos 24 20 16 12 8 4 0 Bandos heteroespecíficos Bandos monoespecíficos Total bandos Área com alta concentração humana Área com baixa concentração humana Figura 4. Número médio de aves por bando nas áreas com alta e baixa concentração humana registrado entre novembro de 2006 a abril de 2007 em uma região de praia arenosa da costa sul do estado de São Paulo, Brasil. Figure 4. Average of the number of birds per flock of the high and low human concentration areas from November 2006 to April 2007 on the south coast of São Paulo State, Brazil. de regiões temperadas, os quais são predadores freqüentes das aves migratórias. Apesar do estabelecimento da área de transição de um quilômetro, na qual não foram coletados dados com o objetivo de discriminar claramente a presença de aves entre as áreas de alta e baixa concentração humana, é possível que o pouco isolamento da área de baixa concentração de locais com maiores concentrações de humanos tenha influenciado a inexistência significativa da variação da abundância de aves entre as áreas no presente estudo. Peters & Otis (2007) indicam que estudos sobre respostas de indivíduos de aves em relação a perturbações humanas provavelmente possuem alta dependência com escalas geográficas adotadas. Assim, a relação de presença e abundância das aves migratórias neárticas com áreas de diferentes concentrações humanas poderia ser melhor representada em uma escala geográfica maior e com áreas mais isoladas da influência humana. Contudo, a falta de áreas nativas e não urbanizadas contínuas de extensões consideráveis paralelas às praias da região (Olmos & Galetti 2004) provavelmente dificultarão o emprego de uma escala geográfica maior em futuros estudos sobre o tema. A ausência de diferença significativa na freqüência de bandos e no número médio de indivíduos por bando entre as duas áreas amostradas não apóia a hipótese do maior efeito de proteção coletivo das aves na área com alta concentração humana (Elgard 1989, Cresswell 1994, Mori et al. 2001). Entretanto, em valores absolutos, a menor média, variabilidade e amplitude do número de indivíduos por bando na área com alta concentração humana provavelmente evidenciam aspectos relacionados à maior coesão dos indivíduos e à melhoria na eficiência de forrageamento das aves. De acordo com Lima & Dill (1990) e Hilton et al. (1999), bandos mais coesos respondem mais rapidamente à ação de um predador, contudo podem despender um maior tempo vigilância para a proteção do grupo devido ao menor número de indivíduos sentinelas. Além disso, indivíduos freqüentadores de bandos menores evitam a redução local temporária de presas ao forhttp://www.biotaneotropica.org.br/v8n4pt/abstract?article+bn01308042008 ragearem juntos, impedindo conseqüentemente a maior interferência comportamental negativa entre os membros (Yasué 2005). Seis espécies de aves foram registradas dentre as 19 espécies de migratórias neárticas que podem utilizar as praias do estado de São Paulo (Figueiredo 2007). No entanto, Calidris canutus foi a única espécie registrada exclusivamente na área de baixa concentração humana, o que indica que é sensível a condições com maior concentração e perturbação humana, tal como observado por Peters e Otis (2007) em um estudo conduzido na Carolina do Sul (EUA). Estes autores sugeriram que a espécie evita locais de refúgios de aves presentes em distâncias menores de 1000 m de áreas com alta atividade de barcos utilizados para pesca esportiva. Apesar de sua distribuição incluir toda a costa brasileira durante o período de invernada (Sick 1997), C. canutus é pouco freqüente e em alguns estudos não possui sequer registros (Telino-Júnior et al. 2003, Branco et al. 2004, Cabral et al. 2006), ao contrário de outras espécies pertencentes ao mesmo gênero, como C. alba e C. pusilla, que normalmente são mais abundantes ao longo da costa brasileira (Rodrigues 2000). A população de C. canutus rufa entrou em declínio durante os últimos anos tornando-se motivo de preocupação para sua conservação (Vooren & Brusque 1999, Wetlands International 2002, Morrison et al. 2004). Segundo Morrison et al. (2004), esta espécie apresenta características que a torna atualmente vulnerável, tais como tendência de uso de um número limitado de locais durante a migração, baixa fecundidade, migração sincronizada com a abundância de suas principais presas e alimentos (p. ex. ovos do caranguejo Limulus polyphemus na baía de Delaware, EUA) e ocupação de áreas que estão sendo gradativamente invadidas por humanos. As aves migratórias costeiras necessitam de locais com condições ambientais adequadas para sobreviver (Vooren & Brusque 1999). Nesse sentido, considerando a escassez de estudos sobre as conseqüências da influência humana para as aves migratórias costeiras no Brasil, é recomendável o estabelecimento dos limites de perturbação humana que as aves podem tolerar em futuras pesquisas para a tomada de medidas de proteção, principalmente durante o período de invernagem no qual costumam aparecer em maiores quantidades na costa do Brasil. Agradecimentos Meus sinceros agradecimentos a dois revisores anônimos que contribuíram com sugestões presentes neste manuscrito. Referências Bibliográficas AZEVEDO-JÚNIOR, S.M., DIAS, M.M., LARRAZÁBAL, M.E., JÚNIOR, W.R.T., LYRA-NEVES, R.M. & FERNANDES, C.J.G. 2001. Recapturas e recuperações de aves migratórias no litoral de Pernambuco. Ararajuba 9(1):33-42. AYRES, M.M., AYRES, JR., AYRES, D.L. & SANTOS, A.S. 2005. BioEstat 4.0: Aplicações estatísticas nas áreas das ciências biológicas e médicas. Sociedade Civil Mamirauá/MCT-CNPq/Conservation International, Belém, 323 p. BEALE, C.M. & MONAGHAN, P. 2004. Behavioral responses to human disturbance a matter of choice? Anim. Behav. 68:1065-1069. BRANCO, J.O., MACHADO, I.F. & BOVENDORP, M.S. 2004. Avifauna associada a ambientes de influência marítima no litoral de Santa Catarina, Brasil. Rev. Bras. Zool. 21(3):459-466. BURGER, J. 1981. The effect of human activity on birds at a coastal bay. Biol. Cons. 21:231-241. 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Recebido em 01/06/08 Versão reformulada recebida em 25/10/08 Publicado em 06/11/08 http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn01308042008 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Novas referências de rodofíceas marinhas bentônicas para o litoral brasileiro José Marcos de Castro Nunes1,2,4 & Silvia Maria Pita de Beauclair Guimarães3 Laboratório de Algas Marinhas – LAMAR, Departamento de Botânica, Instituto de Biologia, Campus de Ondina, Universidade Federal da Bahia – UFBA, CEP 40170-280, Salvador, BA, Brasil 2 Herbário HUNEB, Departamento de Ciências Exatas e da Terra, Campus II, Universidade do Estado da Bahia – UNEB, Alagoinhas, BA, Brazil, http://www.uneb.br 3 Instituto de Botânica, Seção de Ficologia, Av. Miguel Estéfano, 3687, CEP 04301-902, São Paulo, SP, Brasil, http://www.ibot.sp.gov.br 4 Autor para correspondência: José Marcos de Castro Nunes, e-mail: [email protected], http://www.ufba.br 1 NUNES, J.M.C & GUIMARÃES, S.M.B. New references of rhodophytes from the Brazilian coast. Biota Neotrop., 8(4): http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?article+bn02008042008 Abstract: Seven taxa of benthic marine rodophytes are reported for the first time from the Brazil littoral: Acrochaetium corymbiferum (Thur. in Le Jolis) Batters, A. liagorae Børgesen, Aglaothamnion herveyi (M. Howe) Aponte, D.L. Ballant. & J.N. Norris, Crouanophycus latiaxis (L.A. Abbott) Athanas., Grallatoria reptans M. Howe and Gelidiella sanctarum Feldmann & Hamel. Gelidiopsis repens (Kütz.) Weber Bosse this is the new reference to the Atlantic Ocean. The material collected on mediolittoral and infralittoral was deposited in the Herbarium Alexandre Leal Costa (ALCB) at the Universidade Federal da Bahia. Reference to the original description, basionym, morphological description, geographical distribution and taxonomical comments are presented for each taxon studied. Keywords: Rhodophyta, new records, Brazil, Atlantic Ocean. NUNES, J.M.C & GUIMARÃES, S.M.B. Novas referências de rodofíceas marinhas bentônicas para o litoral brasileiro. Biota Neotrop., 8(4): http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn02008042008 Resumo: Sete táxons de rodofíceas marinhas bentônicas são referidos pela primeira vez para o litoral brasileiro: Acrochaetium corymbiferum (Thur. in Le Jolis) Batters, A. liagorae Børgesen, Aglaothamnion herveyi (M. Howe) Aponte, D.L. Ballant. & J.N. Norris, Crouanophycus latiaxis (L.A. Abbott) Athanas., Grallatoria reptans M. Howe e Gelidiella sanctarum Feldmann & Hamel. Gelidiopsis repens (Kütz.) Weber Bosse é pela primeira vez referido para o Oceano Atlântico. As coletas foram realizadas no medio e infralitoral. O material está depositado no Herbário Alexandre Leal Costa. Referência da descrição original, basiônimo, descrição morfológica, distribuição geográfica e comentários taxonômicos são apresentados para cada táxon estudado. Palavras-chave: Rhodophyta, novos registros, Brasil, Oceano Atlântico. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn02008042008 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 90 Nunes, J.M.C. & Guimarães, S.M.P.B. Introdução O estado da Bahia possui o litoral mais extenso do Brasil com 1.103 km (Bahia-CDT 1999), tendo, como limite norte, a barra do Rio Real no município de Jandaíra, e, como limite sul, a barra do Riacho Doce no município de Mucuri. O litoral apresenta grande diversidade de ambientes litorâneos: praias arenosas, recifes de corais, formações de arenito, costões rochosos e manguezais. Segundo a divisão fitogeográfica proposta por Horta et al. (2001), esse litoral faz parte da Região Tropical que se caracteriza pela presença de flora relativamente rica, estabelecida dominantemente sobre recifes de arenito, tendo seu limite norte o oeste do Ceará e como limite sul, o sul do estado da Bahia. A região se distingue por águas oligotróficas e abundância de substratos duros, propícios ao crescimento de macroalgas marinhas (Horta et al. 2001). Oliveira Filho (1977) fez referência a 327 espécies de rodofíceas para o litoral brasileiro e Horta et al. (2001) referiram 388 táxons infragenéricos. Nos últimos anos houve um incremento significativo no número de espécies de rodofíceas referidas para o Brasil, atualmente estão representadas por 455 táxons infragenéricos, sendo que 57% dos táxons referidos para o Brasil ocorrem no litoral baiano (Nunes 2005a). Esse grupo é o mais diversificado no litoral da Bahia, com 241 espécies, constituindo-se no terceiro maior número já registrado para a região brasileira. No Brasil, devido a suas dimensões continentais, ainda se fazem necessários estudos de inventários florísticos em várias regiões, pois os dados são incompletos e fragmentados, existindo ainda, vários grupos taxonômicos a serem estudados, sobretudo na região Nordeste. O primeiro levantamento sistemático de rodofíceas marinhas bentônicas realizado para o estado da Bahia foi publicado por Nunes (1997), ao estudar quatro famílias de rodofíceas em duas praias de Salvador. Desde então, outros artigos tratando das rodofíceas marinhas bentônicas do litoral baiano têm sido publicados (Nunes 1998, Lucio & Nunes 2002, Figueiredo & Steneck 2002, Barreto et al. 2004, Nunes 2005a, Nunes 2005b, Nunes 2007, Lyra et al. 2007, Nunes et al. 2008a, Nunes et al. 2008b). Porém existem trabalhos de cunho florístico de grande importância realizados no litoral baiano, dentre eles o de Joly et al. (1969), onde estudaram as algas de Abrolhos e propuseram a criação de um Parque Nacional Marinho. A grande maioria das espécies de rodofíceas do litoral baiano apresenta uma distribuição ampla na região tropical americana e, em uma escala menor, na região tropical do Indo-Pacífico (Oliveira Filho 1977, Horta et al. 2001). Segundo Horta et al. (2001), a flora de macroalgas marinhas do litoral brasileiro, bem como a do Caribe, teve uma origem comum, ou seja, a partir do Indo-Pacífico. Este trabalho tem como objetivo estudar e descrever sete novos registros de espécies de rodofíceas para o litoral brasileiro e integra o Projeto “Algas marinhas bentônicas do litoral da Bahia, Brasil” desenvolvido pela Universidade Federal da Bahia em parceria com a Universidade do Estado da Bahia. Material e Métodos O material estudado foi coletado no litoral baiano em diversas praias dos Municípios de Cairú (Morro de São Paulo – 13° 23’ 03.48” S e 38° 54’ 26.10” W), Conde (Barra do Itariri – 11° 58’ 57.28” S e 37° 37’ 24.99” W; Sítio do Conde – 11° 52’ 28.34” S e 37° 34’ 22.97” W), Entre Rios (Subaúma – 12° 15’ 30.23” S e 37° 46’ 55.27” W), Ilhéus (Gravatá – 14° 50’ 37.48” S e 39° 01’ 25.75” W), Itacaré (Engenhoca – 14° 18’ 33.50” S e 38° 59’ 18.54” W), Salvador (Itapoã – 12° 57’ 04.34” S e 38° 22’ 01.90” W; Stella Maris – 12° 56’ 28.46” S e 38° 19’ 51.68” W), Santa Cruz de Cabrália (Arakakaí – 16° 17’ 02.13” S e 39° 01’ 18.63” W), Uruçuca (Serra Grande – 14° 19’ 04.50” S e 38° 59’ 29.74” W) e Vera Cruz (Penha http://www.biotaneotropica.org.br – 12° 59’ 07.93” S e 38° 37’ 07.89” W). As localidades estão especificadas no material examinado de cada espécie estudada. Para a disposição dos táxons em ordens e famílias seguiu-se Wynne (2005). Os dados de distribuição geográfica foram obtidos em Guiry & Guiry (2008). As coletas foram feitas no mediolitoral com auxílio de espátula, e no infralitoral através de mergulho em apinéia até 5 m, equipamento SCUBA ou draga tipo Holme, detalhe sobre a coleta de cada táxon está especificado após listagem do material examinado. Todo o material coletado foi fixado em formalina a 4%, diluída em água do mar e as preparações foram coradas com solução aquosa de azul de anilina a 0,5%, acidificada com HCL 1N. Para a observação do número de núcleos das células utilizou-se a técnica adotada por Wittmann (1965), modificada por Fujii (1998). Pequenas porções dos exemplares previamente fixados em formol foram lavadas em água e distendidas em lâmina cuidadosamente, sobre as quais foram adicionadas algumas gotas de Carnoy (etanol acético, 3:1). Após 5 minutos, retirou-se o Carnoy e gotejou-se o corante de Wittman. A seguir, colocou-se a lamínula e em seguida a lâmina foi aquecida rapidamente em uma chama fraca para acelerar a reação do corante com o material nuclear. Após a verificação dos núcleos, a solução corante foi substituída gradativamente por glucose de milho (Karo) 50%. Para cada estrutura notável, foi mencionado os valores extremos, máximo e mínimo, medidos através de régua milimetrada (estruturas maiores) e ocular micrométrica inserida no microscópio óptico (Zeiss). Os estudos foram feitos em microscópio estereomicroscópio e óptico, marca Zeiss®, observando-se a morfologia externa e interna das estruturas vegetativas e de reprodução. Fotomicrografias das estruturas foram feitas em microscópio de captura de imagem Zeiss e as ilustrações na câmara-clara em microscópio da mesma marca. O material identificado encontra-se depositado no Herbário Alexandre Leal Costa (ALCB) do Departamento de Botânica do Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia e Herbário da Universidade de São Paulo (SPF). Resultados e Discussão Acrochaetiales, Acrochaetiaceae Acrochaetium corymbiferum (Thur. in Le Jolis) Batters. J. Bot. 40 (suppl.): 59. 1902 1. Chantransia corymbiferum (Thur. in Le Jolis). Mém. Soc. Sci. Nat. Chebourg 10: 197. 1893. (Figuras 1-6). Talo endofítico com 2-3 mm de altura, com 13-18 µm de diâmetro, produzindo um filamento ramificado com 8-14 µm de diâmetro que penetra profundamente no talo do hospedeiro. Eixos eretos, originados do esporo basal persistente, com ramificação alterna a irregular, abundante na porção superior. Células dos filamentos eretos cilíndricas, com 8-12 µm de diâmetro e 27‑48 µm de comprimento. Monosporângios terminais produzidos unilate ralmente na porção adaxial dos ramos laterais, simples, ovóide, com 10-21 µm de diâmetro e 11-31 µm de comprimento, séssil ou com pedicelo de célula única, ocasionalmente associado com os gametângios. Gametófitos dióicos. Espermatângios pedicelados com uma ou duas células, laterais ou em pequenos ramos, formando um agrupamento de aspecto corimboso, espermácios de 4-6 µm de diâmetro. Carposporófitos ovóides com 8-13 µm de diâmetro e 13-19 µm de comprimento, laterais nos eixos principais, com pedicelo de uma a duas células e aspecto corimboso. Material examinado: BRASIL, BAHIA, Cairú, Morro de São Paulo, Garapuá, 11.XI.2000, J.M. de C. Nunes, (ALCB 57804); http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn02008042008 91 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Rodofíceas do litoral brasileiro 4 1 Figuras - Biota Neotropica r)/ Symbol (Medium) tamanho 7. m 0.5 de Stroke. a "Dados gráficos" com 0.6 de Stroke. rosa dos ventos na imagem original, substituir pela padrão (Paleta Symbols). ráficos deverão utilizar a escala de cores pré-definidas. rras coloridas, seguir o padrão de cores da Swatches. rras de gráficos pb devem ter 10% de preto quando houver texto e 50% figura devem estar no mesmo idioma do artigo. tar dentro de caixas de texto com 2 mm de distância nas extremidades. áfico deve estar em "Sentence case". everá ter 1 ponto de Stroke. 200 Mm tam figuras ex: a , devem estar no canto superior direito com 2 mm midades da figura. 2 50 Mm es Figuras - Biota Neotropica 5 r)/ Symbol (Medium) tamanho 7. m 0.5 de Stroke. a "Dados gráficos" com 0.6 de Stroke. rosa dos ventos na imagem original, substituir pela padrão (Paleta Symbols). ráficos deverão utilizar a escala de cores pré-definidas. rras coloridas, seguir o padrão de cores da Swatches. rras de gráficos pb devem ter 10% de preto quando houver texto e 50% figura devem estar no mesmo idioma do artigo. tar dentro de caixas de texto com 2 mm de distância nas extremidades. áfico deve estar em "Sentence case". everá ter 1 ponto de Stroke. 50 Mm tam figuras ex: a , devem estar no canto superior direito com 2 mm midades da figura. 3 50 Mm 6 Figuras - Biota Neotropica r)/ Symbol (Medium) tamanho 7. m 0.5 de Stroke. a "Dados gráficos" com 0.6 de Stroke. es rosa dos ventos na imagem original, substituir pela padrão (Paleta Symbols). ráficos deverão utilizar a escala de cores pré-definidas. rras coloridas, seguir o padrão de cores da Swatches. rras de gráficos pb devem ter 10% de preto quando houver texto e 50% figura devem estar no mesmo idioma do artigo. tar dentro de caixas de texto com 2 mm de distância nas extremidades. áfico deve estar em "Sentence case". everá ter 1 ponto de Stroke. rz tam figuras ex: a , devem estar no canto superior direito com 2 mm midades da figura. 20 Mm 200 Mm Figuras 1-6. Acrochaetium corymbiferum: 1) aspecto geral do talo crescendo sobre Liagora valida (seta); 2) esporo persistente na região basal (es); 3) ilustração do esporo persistente na região basal do filamento (es) com rizóide (rz) penetrando na alga hospedeira (seta); 4) detalhe dos filamentos (cabeça de seta) com monosporângios (setas); 5) filamentos com espermatângios (setas); e 6) filamento com grupo de carposporângios (seta) organizados em forma corimbosa. Figures 1-6. Acrochaetium corymbiferum: 1) plant over Liagora valida (arrow); 2) persistent spore in the basal region of the filament; 3) spore in basal region (es) with rhizoids (rz) penetrating into the host algae (arrow); 4) detail of the filaments (arrow head) with monosporangia (arrow); 5) filaments with spermatangia (arrow); and 6) filaments with carposporangia group (arrow) in corymbose shape. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn02008042008 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 92 Nunes, J.M.C. & Guimarães, S.M.P.B. Salvador, Ilha dos Frades, Paramana, J.M. de C. Nunes, S.M.P.B. Guimarães & M.T. Fujii, 06.XI.2002, (ALCB 57805); Itapoã, J.M. de C. Nunes, 15.VII.1992, (ALCB 57806). Exemplares coletados no mediolitoral, em ambiente recifal e no infralitoral a 5 m de profundidade. Crescendo sobre Liagora valida Harv. Schneider (1983), Schneider & Searles (1991) e Abbott (1999) mencionam este táxon crescendo sobre várias espécies do gênero Liagora. Os exemplares estudados e identificados como Acrochaetium corymbiferum concordam com as descrições dos autores mencionados anteriormente, diferenciando-se das outras espécies referidas para o Brasil, por apresentar eixos eretos originados do esporo basal persistente, um filamento ramificado que penetra profundamente no talo do hospedeiro, monosporângios terminais produzidos unilateralmente na porção adaxial dos ramos laterais e disposição dos espermatângios, bem como dos carposporófitos com aspecto corimboso. Distribuição geográfica: Oceano Atlântico (Irlanda, França, Grã-Bretanha, U.S.A. e Caribe - Bermudas), Mar Mediterrâneo (Itália, Espanha e Egito) e Oceano Pacífico (Havaí). Primeira referência para o Atlântico Sul. 2. Acrochaetium liagorae Børgesen. Dansk Bot. Ark. 3: 58. 1915. (Figuras 7-8). Talo endofítico, filamentos unisseriados, prostrados, compostos por número variado de células. Células com forma triangular, medindo 7-15 μm de diâmetro e 20-28 μm de comprimento. Filamentos eretos ausentes. Pêlos longos e incolores, medindo 5-6 μm de diâmetro e 200-300 μm de comprimento, crescendo a partir do vértice das células triangulares dos filamentos rastejantes. Monosporângios sésseis ou pedicelados, simples ou em pares, irregularmente arranjados, medindo 11-14 μm de diâmetro e 18‑22 μm de comprimento. Espermatângios subesféricos, 3-4 μm de diâmetro. Não foram observados exemplares femininos. Material examinado: BRASIL, BAHIA, Cairú, Morro de São Paulo, Garapuá, J.M. de C. Nunes, 11.XI.2000, (ALCB 57804); Salvador, Ilha dos Frades, Paramana, J.M. de C. Nunes, S.M.P.B. Guimarães & M.T. Fujii, 06.XI.2002, (ALCB 57805); Itapoã, J.M. de C. Nunes, 15.VIII.1992, (ALCB 57806). Exemplares coletados no mediolitoral, em região recifal e no infralitoral a 5 m de profundidade e 24 m (draga Holme). Crescendo sobre Liagora valida. Affonso-Carrillo et al. (2003) comentam que, em relação ao hábito, Acrochaetium liagorae Børgesen é semelhante à Liagorophyla endophytica Yamada; ambas as espécies são relativamente comuns como endófitas de algas “liagoróides” nas Ilhas Canárias. A. liagorae, contudo, apresenta células vegetativas pequenas, monosporângios diferenciados, espermatângios formando grupos e divisão transversal do carpogônio fertilizado (Woelkerling 1971). No material estudado foi possível observar a maioria dessas características, exceto o plano de divisão do carpogônio, devido a ausência de exemplares femininos no material estudado. Os exemplares estudados distinguem-se das espécies de Acrochaetium referidas para o Brasil por apresentar células do filamento de forma triangular, pêlos longos crescendo no vértice das células triangulares, ausência de filamentos eretos e monosporângios diferenciados. Essas características corroboram a identificação deste táxon como A. liagorae, concordando com as descrições e ilustrações de Børgesen (1915), Abbott (1999) e Affonso-Carrillo et al. (2003). Distribuição geográfica: Oceano Atlântico (Ilhas Canárias e Madeira e Caribe - Barbados), Oceano Pacífico (Havaí e Austrália) e Oceano Índico (Tazânia, Vietnan e Filipinas). Primeira referência para o Atlântico sul. Ceramiales, Ceramiaceae Aglaothamnion herveyi (M. Howe) Aponte, D.L. Ballant. & J.N. Norris. Phycologia 33: 232. 1994. 1. Callithamnion herveyi M. Howe. Flora of Bermuda: 528. 1918. (Figuras 9-14). Talo filamentoso unisseriado, aspecto arborescente, vermelhoesverdeado, iridescente, com até 6 cm de altura, fixo ao substrato por apressório discóide formado por filamentos rizoidais simples ou ramificados. Eixo usualmente percurrente em exemplares jovens, mas geralmente indistintos em exemplares mais velhos. Ramificação principal radial e râmulos dispostos alternadamente. Eixo principal medindo de 150-350 µm de diâmetro próximo à base 80-190 µm, ramos secundários com 30-45 µm de diâmetro, voltados para o eixo principal, conferindo ao talo um aspecto corimboso. Células dos eixos e ramos uninucleadas. Eixo fortemente corticado por filamentos rizoidais que se originam na base dos ramos laterais, corticação atenuando-se em direção ao ápice. Filamentos rizoidais originando ramos adventícios descendentes, com 13-18 µm de diâmetro. Tetrasporângios sés- 7 iguras - Biota Neotropica 8 Symbol (Medium) tamanho 7. 0.5 de Stroke. Dados gráficos" com 0.6 de Stroke. sa dos ventos na imagem original, substituir pela padrão (Paleta Symbols). cos deverão utilizar a escala de cores pré-definidas. s coloridas, seguir o padrão de cores da Swatches. s de gráficos pb devem ter 10% de preto quando houver texto e 50% ura devem estar no mesmo idioma do artigo. dentro de caixas de texto com 2 mm de distância nas extremidades. co deve estar em "Sentence case". 50 Mm 50 Mm erá ter 1 ponto de Stroke. Figuras 7-8. Acrochaetium liagorae: 7) filamentos prostrados com pêlos (seta); e 8) filamentos com monosporângios (setas). m figuras ex: a , devem estar no canto superior direito com 2 mm Figures 7-8. Acrochaetium liagorae: 7) decumbent filaments with hairs (arrow); and 8) filaments with monosporangia (arrows). dades da figura. http://www.biotaneotropica.org.br http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn02008042008 93 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Rodofíceas do litoral brasileiro 10 9 Figuras - Biota Neotropica r)/ Symbol (Medium) tamanho 7. m 0.5 de Stroke. a "Dados gráficos" com 0.6 de Stroke. rosa dos ventos na imagem original, substituir pela padrão (Paleta Symbols). ráficos deverão utilizar a escala de cores pré-definidas. rras coloridas, seguir o padrão de cores da Swatches. fr rras de gráficos pb devem ter 10% de preto quando houver texto e 50% figura devem estar no mesmo idioma do artigo. tar dentro de caixas de texto com 2 mm de distância nas extremidades. ra áfico deve estar em "Sentence case". everá ter 1 ponto de Stroke. tam figuras ex: a , devem estar no canto superior direito com 2 mm midades da figura. 2 cm 100 Mm 11 12 Figuras - Biota Neotropica r)/ Symbol (Medium) tamanho 7. m 0.5 de Stroke. a "Dados gráficos" com 0.6 de Stroke. rosa dos ventos na imagem original, substituir pela padrão (Paleta Symbols). ráficos deverão utilizar a escala de cores pré-definidas. rras coloridas, seguir o padrão de cores da Swatches. rras de gráficos pb devem ter 10% de preto quando houver texto e 50% figura devem estar no mesmo idioma do artigo. tar dentro de caixas de texto com 2 mm de distância nas extremidades. áfico deve estar em "Sentence case". everá ter 1 ponto de Stroke. 10 Mm tam figuras ex: a , devem estar no canto superior direito com 2 mm midades da figura. 20 Mm 13 14 Figuras - Biota Neotropica r)/ Symbol (Medium) tamanho 7. m 0.5 de Stroke. a "Dados gráficos" com 0.6 de Stroke. rosa dos ventos na imagem original, substituir pela padrão (Paleta Symbols). ráficos deverão utilizar a escala de cores pré-definidas. rras coloridas, seguir o padrão de cores da Swatches. rras de gráficos pb devem ter 10% de preto quando houver texto e 50% figura devem estar no mesmo idioma do artigo. tar dentro de caixas de texto com 2 mm de distância nas extremidades. áfico deve estar em "Sentence case". everá ter 1 ponto de Stroke. 50 Mm 150 Mm tam figuras ex: a , devem estar no canto superior direito com 2 mm Figuras 9-14. Aglaothamnion herveyi: 9) aspecto geral; 10) detalhe da porção basal com corticação, mostrando filamento rizoidal (fr) e ramo adventício midades da figura. descendente (ra); 11) célula vegetativa uninucleada (seta); 12) râmulo com tetrasporângio séssil; 13) detalhe dos ramos terminais férteis com espermatângios; e 14) ramo fértil com gonimolobo. Figuras 9-14. Aglaothamnion herveyi: 9) habit; 10) detail of the basal portion with cortication, showing rhizoidal filament (fr) and descending adventitious branch (ra); 11) uninucleate cell (arrow); 12) branch with sessil tetrasporangia; 13) detail of the terminal branch with spermatangia; and 14) branch with gonimolobe. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn02008042008 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 94 Nunes, J.M.C. & Guimarães, S.M.P.B. seis, tetraedricamente divididos, solitários, com 30-40 µm de diâmetro e 45-53 µm de comprimento. Gametófitos dióicos. Ramos espermatangiais ramificados várias vezes, espermatângios agrupados sobre um pedicelo, formados adaxialmente na porção subapical das células dos ramos de última ordem, um por célula; espermatângios com 2-3 µm de diâmetro. Ramo carpogonial com quatro células, dispostas em “U” quando maduro. Carposporófito com quatro gonimolobos, dois grandes e dois pequenos, esféricos com 100-220 µm de diâmetro. Material examinado: BRASIL, BAHIA, Conde, Barra do Itariri, J.M. de C. Nunes, 05.VII.1997, (ALCB 57680, 60642); Sítio do Conde, J.M de C. Nunes., 04.VIII.1997, (ALCB 57660); Entre Rios, Subaúma, J.M de C. Nunes & A. Minervino Netto, 05.V.2000, (ALCB 65113); Ilhéus, Gravatá, J.M de C. Nunes & A. Minervino Netto, 25.VIII.2000, (ALCB 57616, 57643, 57663, 57762, 60909); J.M de C. Nunes e col., 09.II.2001, (ALCB 57659, 57737, 60912, 60913); Itacaré, Engenhoca, J.M de C. Nunes. & A. Minervino Netto, 23.VIII.2000, (ALCB 57664); Salvador, Stella Maris, J.M de C. Nunes, 09.VII.2002, (ALCB 60881); Santa Cruz de Cabrália, Arakakaí, J.M de C. Nunes & G.M. Lyra, 09.III.2001, (ALCB 57642, 57661); Uruçuca, Serra Grande, J.M de C. Nunes, 08.X.95, (ALCB 60986); Vera Cruz, Penha, J.M de C. Nunes & S.M.P.B. Guimarães, 05.XI.2002, (ALCB 57644). Exemplares coletados no mediolitoral, epilítica e epífita em formações recifais e costões rochosos. Crescem sobre Centroceras clavulatum (C. Agardh in Kunth) Mont. in Durieu de Maisonneuve, Corallina panizzoi Schnetter, Gelidiella acerosa (Forssk.) Feldman & Hamel, Gelidiopsis variabilis Grev. Ex J. Agardh) F. Schmitz, Halimeda discoidea Decne., Haliptilon subulatum (J. Ellis & Sol.) H.W. Johans., Haloplegma duperreyi Mont., Heterosiphonia gibbesii Aregood, Jania adhaerens J.V. Lamour. e Laurencia arbuscula Sond.. Esses exemplares estão associados a Anadyomene stellata (Wulfen in Jacq.) C. Agardh e Wrangelia argus (Mont.) Mont. O gênero Aglaothamnion Feldm.-Maz., foi descrito para acomodar as espécies uninucleadas de Callithamnion Lyngb. As c aracterísticas nucleares e reprodutivas que definiram Aglaothamnion foram consideradas inconsistentes por alguns autores, sendo motivo de controvérsia a respeito de sua validade como gênero. Alguns deles como Dixon & Price (1981) e Womersley (1998) não reconhecem o gênero Aglaothamnion, considerando que a forma do ramo carpogonial não está associada com a condição uni ou multinucleada das células vegetativas. L´Hardy-Halos & Rueness (1990), L’Hardy-Halos & Maggs (1991), Aponte et al. (1994) e Aponte et al. (1997) concluíram que somente a característica nuclear é suficientemente válida para separar esses dois gêneros. Neste trabalho, seguiu-se estes últimos autores reconhecendo os dois gêneros, ou seja, células de Aglaothamnion uninucleadas e de Callithamnion plurinucleadas. Aglaothamnion herveyi se distingue facilmente de A glaothamnion boergesenii (Aponte & D.L. Balantine) L’Hardy‑Halos & Rueness. e de A. cordatum (Børgesen) Feldm.‑Maz devido à presença de corticação nos eixos principais (Aponte et al. 1994). Aglaothamnion felipponei (M. Howe) Aponte, D.L. Ballantine & J.N. Norris e A. herveyi são espécies que se confundem (Aponte et al. 1997). Ambas foram descritas por Howe, a primeira para o Uruguai (Howe & Taylor, 1931) e a segunda para as Bermudas (Howe 1918). A. felliponei foi referida (como Callithamnion felipponei M. Howe) para a região sul e sudeste do Brasil (Joly 1957, 1965, Oliveira Filho 1969, Cordeiro-Marino 1978, Yoneshigue 1985). As principais diferenças entre Aglaothamnion herveyi e A. felipponei, segundo Aponte et al. (1994), estão no padrão http://www.biotaneotropica.org.br de ramificação dos ramos principais e últimos ramos laterais. Em A. herveyi, a ramificação dos últimos ramos é mais consistentemente dística quando comparada com a ramificação de A. felipponei. Adicionalmente, A. herveyi apresenta filamentos rizoidais originando ramos adventícios descendentes, como observado nos espécimes estudados. Porém, em A. feliponei esses ramos estão ausentes. Ambas as espécies possuem pedicelos sustentando os ramos espermatangiais, um caráter único entre os representantes da tribo Callithamnieae. Ramificação principal radial, ramos secundários voltados para o eixo principal, com râmulos dispostos alternadamente conferindo ao talo um aspecto corimboso e filamentos rizoidais originando ramos adventícios descendentes, são características que aproximam nossos exemplares de A. herveyi descrito para o Caribe por Aponte et al. (1997). Distribuição geográfica: Oceano Atlântico (Caribe – Cuba, Colômbia, Bermuda e Flórida). Primeira referência para o Atlântico sul. Crouanophycus latiaxis (I.A. Abbott) Athanas. Nova Hedwigia 67: 517. 1998. 2. Antithamnionella latiaxis I.A. Abbott. Phycologia 18: 220. 1979. (Figuras 15-23). Talo filamentoso, com até 1 cm de altura, composto por eixo ereto e prostrado, fixo ao substrato por rizóides basais digitados, originados de células axiais e células basais dos ramos verticilados; eixo ereto com 20-40 µm de diâmetro, ecorticado, de cada célula axial originam-se três ramos verticilados, subdicotomicamente ramificados, voltados para os eixos de crescimento indeterminado, formação de novos eixos independentemente, como um quarto ramo lateral no verticilo de três râmulos; células glandulares ausentes, tetrasporângios esféricos a oblongados, tetraedricamente divididos, sésseis, inseridos adaxialmente nas células basais dos ramos, com 28-47 µm de diâmetro e 35‑65 µm de comprimento. Estruturas espermatangiais localizados nas células apicais dos ramos, compostas por uma única célula suportando verticilos de 1-4 células mãe do espermatângio, cada uma produzindo 1-3 espermácios. Carposporófitos originados nas porções apicais dos eixos axiais, com dois gonimolobos, um grande, com 40-60 x 50-80 µm e outro um pouco menor, com 30-40 x 35-60 µm. Material examinado: BRASIL, BAHIA, Vera Cruz, Penha, J.M. de C. Nunes, S.M.P.B. Guimarães & M.T. Fujii, 05.XI.2002, (ALCB 57637). Exemplares coletados no mediolitoral, em ambiente recifal. Crescendo sobre Amphiroa fragilissima. Foram coletados exemplares tetraspóricos, femininos e masculinos. O gênero Crouaniella Athanas. foi criado para acomodar duas espécies tropicais das costas da América Central e regiões vizinhas: Crouaniella latiaxis (I.A. Abbott) Athanas. na costa atlântica e C. mcnabii (E.Y. Dawson) Athanas. na costa pacífica. Contudo, o gênero Crouaniella é um antigo homônimo do nome de um fungo, Crouaniella (P.A. Saccardo) Lambote. Por essa razão, Athanasiadis (1998) propôs o “nomen novum” denominado Crouanophycus. Crouanophycus caracteriza-se por apresentar: número consis tente de três ramos verticilados por célula axial; desenvolvimento de rizóides das células axiais do eixo; formação de novos eixos como um quarto ramo lateral no verticilo de três râmulos; a divisão subdicotômica dos eixos verticilados e a produção de tetrasporângios nas células basais dos ramos sem afetar a ramificação. Tetrasporângios esféricos (em Crouanophycus mcnabbi) http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn02008042008 95 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Rodofíceas do litoral brasileiro 16 15 Figuras - Biota Neotropica r)/ Symbol (Medium) tamanho 7. m 0.5 de Stroke. a "Dados gráficos" com 0.6 de Stroke. rosa dos ventos na imagem original, substituir pela padrão (Paleta Symbols). ráficos deverão utilizar a escala de cores pré-definidas. rras coloridas, seguir o padrão de cores da Swatches. rras de gráficos pb devem ter 10% de preto quando houver texto e 50% rz figura devem estar no mesmo idioma do artigo. tar dentro de caixas de texto com 2 mm de distância nas extremidades. 50 Mm áfico deve estar em "Sentence case". everá ter 1 ponto de Stroke. 50 Mm tam figuras ex: a , devem estar no canto superior direito com 2 mm midades da figura. mplate de Figuras - Biota Neotropica 18 17 es Arial (Regular)/ Symbol (Medium) tamanho 7. ário" - linhas com 0.5 de Stroke. as pertencente a "Dados gráficos" com 0.6 de Stroke. pre que houver rosa dos ventos na imagem original, substituir pela padrão (Paleta Symbols). s as figuras e gráficos deverão utilizar a escala de cores pré-definidas. ncimento de barras coloridas, seguir o padrão de cores da Swatches. ncimento de barras de gráficos pb devem ter 10% de preto quando houver texto e 50% o não. os na tabela ou figura devem estar no mesmo idioma do artigo. ndas devem estar dentro de caixas de texto com 2 mm de distância nas extremidades. o da figura ou gráfico deve estar em "Sentence case". la dos mapas deverá ter 1 ponto de Stroke. s que representam figuras ex: a , devem estar no canto superior direito com 2 mm ância das extremidades da figura. 50 Mm 50 Mm 19 20 Figuras - Biota Neotropica r)/ Symbol (Medium) tamanho 7. m 0.5 de Stroke. a "Dados gráficos" com 0.6 de Stroke. rosa dos ventos na imagem original, substituir pela padrão (Paleta Symbols). ráficos deverão utilizar a escala de cores pré-definidas. rras coloridas, seguir o padrão de cores da Swatches. rras de gráficos pb devem ter 10% de preto quando houver texto e 50% figura devem estar no mesmo idioma do artigo. tar dentro de caixas de texto com 2 mm de distância nas extremidades. gm áfico deve estar em "Sentence case". everá ter 1 ponto de Stroke. tam figuras ex: a , devem estar no canto superior direito com 2 mm midades da figura. 300 Mm 50 Mm Figuras 15-20. Crouanophycus latiaxis: 15) detalhe da ramificação verticilada no talo; 16) ramificação do talo e origem do rizóide (rz); 17) tetrasporófito com tetrasporângios originados nas células periaxiais sem afetar o padrão de ramificação; 18) tetrasporângios originados nas células periaxiais dos ramos verticilados; 19) aspecto geral do exemplar feminino; e 20) carposporófito com dois gonimolobos (gm). Figures 15-20. Crouanophycus latiaxis: 15) detail of the whorl-branchs in the axial cells ramification; 16) ramification and rhizoid (rz); 17) tetrasporophyte with tetrasporangia borne on periaxial cells without affecting the branch ramification; 18) oblongates tetrasporangia borne on periaxial cells of the whorl branch; and 19) habit of the female plant; and 20) carposporophyte with two gonimolobos (gm). http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn02008042008 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 96 Nunes, J.M.C. & Guimarães, S.M.P.B. 21 20 Mm 22 5 Mm 23 são típicos de Crouanieae, contudo tetrasporângios oblongados (em C. latiaxis) ocorrem na maioria dos membros de Dohrnielleae. Células glandulares ausentes, como na maioria dos gêneros “crouanióides”, aparentemente devido a uma redução dessas células glandulares. Abbott (1979) também reportou (mas não ilustrou) tetrasporângios “ocasionalmente pedunculados e células glandulares inconspícuas, usualmente adaxiais, localizadas nas células basais das pínulas, ocasionalmente com uma segunda célula glandular nas células distais adjacentes”. Nenhuma dessas características foram observadas nos espécimes tipo examinados por Abbott (1979). Detalhes da pós-fertilização e desenvolvimento do carposporófito são desconhecidos. Contudo, Abbott (1979) reportou cistocarpos terminais na coleção tipo. Athanasiadis (1996) realizou estudos de filogenia com exemplares da família Ceramiaceae e verificou que Antithamnionella e Crouanophycus separam-se em clados distantes um do outro, reforçando a hipótese de que se trata de gêneros distintos, confirmado pelas peculiaridades morfológicas externas desses dois gêneros. As espécies de Antithamnionella apresentam em comum as seguintes características: eixos eretos originados lateralmente a partir de eixos prostrados; ramos laterais substituindo um ramo verticilado, inconsistência em número de râmulos por verticilos e presença de células ganglionares sésseis. Características essas que claramente diferencia de Crouanophycus. Os exemplares baianos foram identificados como Crouanophycus latiaxis por apresentar: três ramos verticilados por célula axial, podendo originar um quarto ramo que dará origem a um novo eixo; desenvolvimento de rizóides das células axiais do eixo; divisão subdicotômica dos eixos verticilados e a produção de tetrasporângios oblongados originados nas células basais dos ramos sem afetar a ramificação, localizados nas células proximais dos ramos, estruturas espermatangiais compostas por uma única célula suportando verticilos de 1-4 células mãe do espermatângio, cada uma produzindo 1-3 espermácios, além da ausência de células glandulares, concordando com as descrições de Abbott (1979), Bucher & Norris (1995) e Athanasiadis (1996) e diferenciando das espécies de Antithamnionella (A. atlantica, A. boergesenii e A. breviramosa) referidas para o litoral brasileiro. Crouanophycus latiaxis foi coletada no infralitoral superior, 3-12 m, sobre Codium e Dictyota, incluindo gametófitos femininos, estruturas espermatangiais dos talos masculinos foram encontradas nas células apicais dos ramos e foram mencionados como sendo compostas por uma única célula suportando verticilos de 1-4 (6) células mãe do espermatângio, cada uma produzindo (1) 2 (3) espermácios. Embora estes padrões não sejam claramente ilustrados, os mesmos são diferentes do que é conhecido nas espécies de Antithamnionella. Esses talos férteis ocorreram na Martinica, Lesser Antilhes e foram descritos por Bucher & Norris (1995) como Antithamnionella. Estas características coincidem com os exemplares baianos. Distribuição geográfica: Oceano Atlântico (Caribe - Porto Rico). Primeira referência para o Atlântico sul. 3. Grallatoria reptans M. Howe. The Bahama flora: 560. 1920. (Figuras 24-26). 50 Mm Figuras 21-23. Crouanophycus latiaxis: 21) detalhe do gonimolobo; 22) detalhe do ramo espermatangial; e 23) arranjo do ramo espermatangial. Figures 21-23. Crouanophycus latiaxis: 21) detail of the gonimolobe; 22) spermatangial branch; and 23) disposition of the spermatangial branch. http://www.biotaneotropica.org.br Talo filamentoso, unisseriado, organização dorsiventral, com até 1 cm de altura, composto de eixo prostrado de crescimento indeterminado, de onde partem ramos eretos de crescimento determinado. Eixos prostrados com 50-65 µm de diâmetro e ramificação oposta; ramos eretos de crescimento determinado com 20-35 µm de diâmetro, ramificados de modo alternado ou verticilado abaixo e pseudodicotômico acima, com 4-8 células http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn02008042008 97 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Rodofíceas do litoral brasileiro 24 200 Mm 25 100 Mm 26 axiais em comprimento. Dois rizóides pluricelulares são originados por segmento nas células axiais dos eixos prostrados, com 15-20 µm de diâmetro e extremidades digitadas. Tetrasporângios tetraédricos, pedicelados, distribuídos alternadamente, com 25‑47 µm de diâmetro. Material examinado: BRASIL, BAHIA, Vera Cruz, Penha, J.M. de C. Nunes, S.M.P.B. Guimarães & M.T. Fujii, 05.XI.2002, (ALCB 57614, 57615). Exemplares coletados no mediolitoral, em ambiente recifal. Crescendo sobre coralinácea incrustante e Amphiroa anastomosans Weber Bosse. Howe (1920) descreveu o gênero Grallatoria, baseado em G. reptans, porém, não incluiu ilustração do novo táxon. Como conseqüência, o gênero foi pobremente entendido (Abbott, 1976) e devido a esse fato, alguns exemplares foram incluídos em um gênero semelhante, Callithamniella Feldm.-Maz. Feldmann-Mazoyer (1938) descreveu o gênero Callithamniella baseado em duas espécies. Abbott (1976) transferiu C. tingitana (Schousb. ex Bornet) Feldm.-Maz. e C. flexilis Baardseth, para o gênero Grallatoria. Contudo, com base nos padrões de ramificação de G. reptans, Schneider (1984) e Yoneshigue (1985) consideraram Callithamniella como um gênero distinto. Wynne & Ballantine (1985) e Yoneshigue (1985) segregaram estes dois gêneros com base nos seguintes caracteres: padrão de divisão do tetrasporângio (cruciado em Callithamniella; tetraédrico em Grallatoria); padrão de ramificação dos eixos determinados (alterno em Callithamniella; sucessivamente oposto e verticilado em Grallatoria); rizóides (unicelulares em Callithamniella; pluricelulares em Grallatoria); número de rizóides por segmento (um em Callithamniella e dois em Grallatoria). Atualmente somente uma espécie de Grallatoria é reconhecida, G. reptans. Grallatoria reptans era conhecida somente na sua localidade tipo (Bahamas), até que Abbott (1976) a reportou para as Ilhas Virgens. Mais tarde, Wynne & Ballantine (1985) coletaram exemplares em Porto Rico, Stegenga & Vroman (1987) em Curaçao, Sansón (1994) nas Ilhas Canárias e Schneider & Searles (1997) nas Bermudas. Os espécimes estudados foram identificados como Grallatoria reptans por apresentarem ramos determinados com 4-8 células axiais em comprimento, rizóides multicelulares e digitados, cada segmento originando dois rizóides e tetrasporângios tetraedricamente divididos. Sendo o gênero monoespecífico, as características da espécie são as do próprio gênero. Somente duas espécies de Callithamniella são referidas para o Brasil: Callithamniella tingitana (Schousboe) Feldmann-Mazoyer por Joly (1965) para o litoral norte de São Paulo e C. flexibilis Baardseth por Yoneshigue (1985) na áera de ressurgência de Cabo Frio, estado do Rio de Janeiro. Distribuição geográfica: Oceano Atlântico (Ilhas Canárias e Caribe - Bahamas). Primeira referência para o Atlântico sul. Gelidiales, Gelidiaceae 1. Gelidiella sanctarum Feldmann & Hamel. Rev. Gén. Bot. 46:539. 1934. (Figuras 27-30). 100 Mm Figuras 24-26. Grallatoria reptans: 24) aspecto geral mostrando o eixo rastejante com rizóides e ápice do ramo de crescimento indeterminado (seta); 25) rizóides multicelulares com extremidades digitadas (seta); e 26) ramos verticilados com tetrasporângios (setas). Figuras 24-26. Grallatoria reptans: 24) habit of creeping axis with rhizoids and indeterminate branch (arrow); 25) multicellular rhizoids with digitate extremity (arrows); and 26) whorl branch bearing tetrasporangia (arrows). http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn02008042008 Talo crescendo em densos tufos, cor escura, quase negra, 2 a 4 cm de altura, com porção estolonífera de onde partem eixos eretos cilíndricos a comprimidos, medindo 200-300 µm de diâmetro; célula apical saliente. Ramificação alterna a irregular, eixos pouco ramificados na porção inferior e abundantemente ramificados acima. Râmulos com ápice agudo. Porção estolonífera cilíndrica, não muito evidente, com 120-220 µm de diâmetro, fixa ao substrato por rizóides unicelulares de comprimento variado, com 4-5 µm de diâmetro. Em corte transversal da região mediana http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 98 Nunes, J.M.C. & Guimarães, S.M.P.B. iguras - Biota Neotropica 28 27 Symbol (Medium) tamanho 7. 0.5 de Stroke. Dados gráficos" com 0.6 de Stroke. sa dos ventos na imagem original, substituir pela padrão (Paleta Symbols). cos deverão utilizar a escala de cores pré-definidas. s coloridas, seguir o padrão de cores da Swatches. s de gráficos pb devem ter 10% de preto quando houver texto e 50% ura devem estar no mesmo idioma do artigo. dentro de caixas de texto com 2 mm de distância nas extremidades. co deve estar em "Sentence case". erá ter 1 ponto de Stroke. m figuras ex: a , devem estar no canto superior direito com 2 mm dades da figura. iguras - Biota Neotropica 50 Mm 500 Mm 30 29 Symbol (Medium) tamanho 7. 0.5 de Stroke. Dados gráficos" com 0.6 de Stroke. sa dos ventos na imagem original, substituir pela padrão (Paleta Symbols). cos deverão utilizar a escala de cores pré-definidas. s coloridas, seguir o padrão de cores da Swatches. s de gráficos pb devem ter 10% de preto quando houver texto e 50% ura devem estar no mesmo idioma do artigo. dentro de caixas de texto com 2 mm de distância nas extremidades. co deve estar em "Sentence case". erá ter 1 ponto de Stroke. 25 Mm 100 Mm m figuras ex: a , devem estar no canto superior direito com 2 mm Figuras 27-30. Gelidiella sanctarum: 27) aspecto geral; 28) vista superficial das células corticais; 29) corte transversal do talo na região mediana; e 30) vista dades da figura. superficial do ramo com estiquídios tetrasporangiais intercalares (setas). Figures 27-30. Gelidiella sanctarum: 27) habit; 28) superficial view of the cortical cells; 29) cross section of thallus in the median region; and 30) superficial view of the branch with intercalary stichidia tetrasporangia (arrow). do talo, região cortical com 2 camadas de células pequenas, de formato irregular; em vista superficial, células dispostas irregularmente, medindo 2-5 x 4-5 µm. Em corte transversal da região mediana do talo, região medular com 4-6 camadas de células grandes, arredondadas, de paredes espessas, com 10-14 µm de diâmetro, formando fileira de células na região central do talo. Tetrasporângios esféricos e irregularmente divididos, com 28‑37 µm de diâmetro, distribuídos em fileiras paralelas regulares, longos estiquídios, cilíndricos, simples ou ramificados, ovalados, intercalares nos eixos principais e terminais em ramos jovens, com 170-420 x 800-1500 µm. Não foram observados exemplares masculinos nem femininos. Material examinado: BRASIL, BAHIA, Conde, Barra do Itariri, J.M. de C. Nunes, 05.VII.1997, (ALCB 65174). Rio Grande do Norte, Natal, Praia do Meio (5° 46’ 45.60” S e 35° 11’ 34.67” W), Y. Ugadim, 20.XII.1989, (SPF 9021). Para o litoral brasileiro são referidas atualmente 5 espécies de Gelidiella: G. acerosa (Forssk.) Feldmann & Hamel, G. hancockii E.Y. Dawson, G. ligulata E.Y. Dawson, G. taylorii A.B. Joly e G. trinitatensis W.R. Taylor. Santelices (2004) segregou algumas espécies do gênero Gelidiella para o recém criado gênero Paviphycus, dentre elas, G. pannosa Feldmann & Hamel (citadas para o Brasil), considerando-a como sinônimo de P. tenuissimus http://www.biotaneotropica.org.br ( Feldman & Hamel) Santel. [G.tenuissima]. Recentemente Afonso-Carrillo et al. (2007) transferiram uma outra espécie, (também citada para o Brasil) G. setaceae para P. setaceus (Feldmann) Afonso-Carrillo, Sanson, Sangil & Diaz-Villa. Os exemplares estudados foram identificados concordando com as descrições de Gelidiella sanctarum reportadas na literatura (Feldmann & Hamel, 1934, Taylor 1960, Maggs & Guiry 1987, Guiry & Womersley 1992, Ganzon-Fortes 1994, Kraft & Abbott 1998). Das espécies citadas para o Brasil, G. trinitatensis é a que mais se assemelha a G. sanctarum, porém difere dessa por apresentar região medular com 5-7 camadas de células, tetrasporângios tetraédricos distribuídos em fileiras paralelas em forma de “V”, estiquídios terminais nos eixos principais ou ramos laterais. Distribuição geográfica: Oceano Atlântico (Marrocos e Caribe) e Oceano Índico (Ilhas Seychelles). Primeira referência para o Atlântico sul. Rhodymeniales, Lomentariaceae 1. Gelidiopsis repens (Kütz.) Weber Bosse. Siboga Exped. Monogr. 59: 425-426. 1928. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn02008042008 99 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Rodofíceas do litoral brasileiro 31 Børgesen (1952) identificou este táxon pela primeira vez como Gelidiopsis scoparia (Mont. & Millardet) F. Schmitz para as Ilhas Maurício, mais tarde transferiu o táxon para G. acrocarpa (Harv.) F. Schmitz. Norris (1987) considerou G. acrocarpa como sinônimo taxonômico de G. repens (Wynne 1995). Distribuição geográfica: Oceano Pacífico (Japão, Taiwan, Vietnam, Filipinas, Fiji, Samoa e Polinésia Francesa) e Oceano Índico (Indonésia, Índia, Sri Lanka, Tanzânia, Ilhas Seychelles, Ilhas Maurícios, Austrália e Nova Zelândia). Primeira referência para o Atlântico. Agradecimentos Ao PICDT – CAPES pela concessão da bolsa de Pós-Graduação ao primeiro autor. Aos anônimos revisores pela valiosa e criteriosa revisão do manuscrito. Referências Bibliográficas 2 cm 33 32 ABBOTT, I.A. 1976. 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Gelidiopsis repens: 31) habit; 32) detail of the apex region of thallus; and 33) superficial view of the apex region showing zone of meristematic cell. Gelidium repens Kütz. Tab. Phyc. 18: 21. 1868. (Figura 31‑33). Talo em densos tufos, consistência firme, com até 5 cm de altura, vermelho. Fixa-se ao substrato por um sistema rizomatoso cilíndrico, de onde partem ramos eretos achatados, palmados e profundamente divididos; medindo 130-180 µm de espessura e 500-650 µm de largura. Em corte transversal, região cortical com 2-3 camadas pigmentadas; região medular com várias camadas de células maiores, também pigmentadas. Não foram coletados exemplares férteis. Material examinado: BRASIL, BAHIA, Cairú, Morro de São Paulo, S.M.P.B. Guimarães, 24.X.1995, (ALCB 57755). Os exemplares estudados diferenciam-se de Gelidiopsis planicaulis (W.R. Taylor) W.R. Taylor e G. variabilis (Grev. Ex J. Agardh) F. Schmitz, espécies referidas para o Brasil, pela presença de um sistema rizomatoso cilíndrico originando ramos eretos achatados, palmados e profundamente divididos. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn02008042008 APONTE, N.E., BALLANTINE, D.L. & NORRIS, J.N. 1994. Culture studies on the morphology and life history Aglaothamnion herveyi (M. Howe) comb. nov., with notes on A. felliponei (M. Howe) comb. nov. (Ceramiaceae, Rhodophyta). Phycologia 33(2):231-238. APONTE, N.E., BALLANTINE, D.L. & NORRIS, J.N. 1997. Aglaothamnion halliae comb. nov. and A. collinsii sp. nov. (Ceramiales, Rhodophyta): resolution of nomenclatural and taxonomic confusion. J. Phycol. 33(3):81-87. ATHANASIADIS, A. 1996. Morphology and classification of the Ceramioideae (Rhodophyta) based on phylogenetic principles. Opera Bot. 128:1-216. ATHANASIADIS, A. 1998. Crouanophycus Athanasiadis, nom. nov. [≡ Crouaniella 1996, nom. illeg.], a new genus of the Crouanieae (Ceramiales, Rhodophyta). 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Recebido em 01/08/07 Versão Reformulada recebida em 11/11/08 Publicado em 28/11/08 http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn02008042008 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Nicho ecológico e aspectos da história natural de Phyllomedusa azurea (Anura: Hylidae, Phyllomedusinae) no Cerrado do Brasil Central Evellyn Borges de Freitas1, Crizanto Brito De-Carvalho1, Renato Gomes Faria1,5, Renato de Carvalho Batista2, Cássio de Carvalho Batista2, Welington Araújo Coelho3& Adriana Bocchiglieri4 Departamento de Biologia, Universidade Federal de Sergipe – UFS, Cidade Universitária Prof. Aloísio de Campos, Jardim Rosa Elze, CEP 49100-000, São Cristóvão, SE, Brasil 2 Faculdades Integradas da Terra de Brasília – FTB, Av. Recanto das Emas, Quadra 203, Lote 31 S/N, CEP 72610-300, Brasília, DF, Brasil, www.ftb.edu.br 3 Campus I, Universidade Católica de Brasília – UCB, Q.S. 07, Lote 01, Estrada Parque Contorno – EPCT, Águas Claras, CEP 71966-700, Brasília, DF, Brasil, www.ucb.br 4 Departamento de Ecologia, Campus Darcy Ribeiro, Universidade de Brasília – UnB, Asa Norte, CEP 70919-970, Brasília, DF, Brasil, www.unb.br 5 Autor para correspondência: Renato Gomes Faria, e-mail: [email protected], [email protected], www.ufs.br 1 FREITAS, E.B., DE-CARVALHO, C.B., FARIA, R.G., BATISTA, R.C., BATISTA, C.C., COELHO, W.A. & BOCCHIGLIERI, A. Ecological niche and aspects of the natural history of Phyllomedusa azurea (Anura: Hylidae, Phyllomedusinae) in the Cerrado of Central Brazil. Biota Neotrop. 8(4): http://www.biotaneotropica. org.br/v8n4/en/abstract?article+bn02108042008 Abstract: Aspects of the ecology and natural history of Phyllomedusa azurea were investigated in an area of Central Brazilian Cerrado between April, 2006, and February, 2007. Observations were conducted between 6:00 PM and 5:00 AM. The study focused on spatial, temporal, and trophic niches, morphometry and reproduction. Most animals were recorded vocalizing in places dominated by herbaceous vegetation and an open canopy. The main substrates used were bushes and trees, and animals were seen perched most often between 0.5 and 1.0 m of height. Spatial niche breadth was 2.91 and 3.83 for substrate and perch height, respectively. Most animal were sighted close to lentic water bodies, usually up to 0.50 m. It is possible that these characteristics are related primarily to the phylogeny of the genus and secondarily to the specific needs of the species and the local availability of resources. The bushes and trees were used by the species mainly as sites of vocalization and oviposition. Specimens of Phyllomedusa azurea was sighted most frequently between 8:00 PM and 9:00 PM. Estimated temporal niche breadth (activity period) was 4.68. Prolonged reproductive pattern was also observed predominantly in the months with higher temperature and higher humidity (September to February). The diet consisted of eleven items. The most important prey taxon for the females was Orthoptera (IVI = 63), whereas for the males, it was Araneae (IVI = 33). The breadths numeric and volumetric of the trophic niche, was respectively 1.80 and 1.16, for females, and 4.03 and 3.92, for males. Males and females differed in size (SVL) and mass, with the females being larger and heavier. The sizes of smaller reproductive individuals males and females were 34.64 and 40.33 mm, respectively. Differences in size may be related to different investments in reproduction by the two sexes. Keywords: ecology, niche, habitat use, time activity, diet, sexual dimorphism. FREITAS, E.B., DE-CARVALHO, C.B., FARIA, R.G., BATISTA, R.C., BATISTA, C.C., COELHO, W.A., BOCCHIGLIERI, A. Nicho ecológico e aspectos da história natural de Phyllomedusa azurea (Anura: Hylidae, Phyllomedusinae) no Cerrado do Brasil Central. Biota Neotrop. 8(4): http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/ pt/abstract?article+bn02108042008 Resumo: Aspectos da ecologia e da história natural de Phyllomedusa azurea foram estudados em uma área de cerrado do Brasil Central, entre abril de 2006 e fevereiro de 2007. As observações foram realizadas entre as 18:00 e 5:00 h. Os aspectos investigados são referentes aos nichos espacial, temporal e trófico, morfometria e reprodução. A maioria dos animais vocalizou em locais com predominância do estrato herbáceo e de dossel aberto. Os principais substratos utilizados foram arbustos e árvores. Com relação às alturas de empoleiramento, os animais foram encontrados principalmente em locais entre 0,50 e 1,00 m de altura. As amplitudes de nicho espacial (substrato e altura de empoleiramento) foram respectivamente 2,91 e 3,83. A maioria dos animais foi encontrada próxima a corpos d’água lênticos, normalmente até 0,50 m. É possível que essas características estejam primariamente relacionadas com a filogenia do gênero e secundariamente às necessidades particulares da espécie e à disponibilidade local de recursos. Os arbustos e árvores utilizados pela espécie servem como sítios de vocalização e ovoposição. Os espécimes de Phyllomedusa azurea foram localizados principalmente entre às http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn02108042008 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 102 Freitas, E.B. et al. 20:00 e 21:00 h. A largura de nicho temporal estimada (horário de atividade) foi de 4,68. Padrão reprodutivo prolongado foi também observado, predominando nos meses de maior temperatura e umidade (setembro a fevereiro). A dieta constituiu-se de 11 itens, sendo que o item mais importante para as fêmeas foi Orthoptera (IVI = 63) e para os machos Araneae (IVI = 43). As amplitudes numérica e volumétrica do nicho trófico foram respectivamente 1,80 e 1,16, para fêmeas, e 4,03 e 3,92, para machos. Machos e fêmeas diferiram em tamanho (CRC) e massa, com as fêmeas sendo maiores e mais pesadas. Os tamanhos dos menores indivíduos reprodutivos de machos e fêmeas foram 34,64 e 40,33 mm, respectivamente. Diferenças no tamanho podem estar relacionadas a distintos investimentos na reprodução pelos dois sexos. Palavras-chave: ecologia, nicho, uso de habitat, horário de atividade, dieta. Introdução Material e Métodos Phyllomeduza azurea Cope, 1862 foi recentemente revalidada sendo incluída no grupo de P. hypochondrialis (Caramaschi 2006). Está distribuída do leste da Bolívia, Paraguai até o norte da Argentina e em áreas de influência das regiões do Pantanal e Cerrado no Brasil Central, ocorrendo nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais e no estado de São Paulo (Frost 2008, Prado et al. 2008). É uma espécie que possui porte médio para o grupo e, como outras espécies do gênero, deposita seus ovos na vegetação que margeia corpos d’água (Bastos et al. 2003, Caramaschi 2006). O hábito de P. azurea é caracterizado como arborícola, possuindo adaptações morfológicas que beneficiam o mesmo, como o primeiro dedo da mão e o primeiro e segundo dos pés oponíveis aos demais (Caramaschi & Cruz 2002, Caramaschi 2006) e, mesmo tendo a capacidade para saltar, os representantes deste gênero são normalmente observados caminhando lentamente sobre galhos e folhas em busca de alimento ou locais para repouso (Duellman & Trueb 1994). Informações sobre a dieta de P. azurea são muito escassas e baseadas em uma pequena amostra (Dure 1999). Os principais itens listados por esta autora para a área de Corrientes – Argentina de uma amostra de nove estômagos foram Diptera, Homoptera e Hymenoptera, respectivamente. Para o Cerrado não existe até o momento informações publicadas sobre a dieta desta espécie. Os modos de forrageamento e a composição da dieta em anuros são importantes fatores para a compreensão de suas interações ecológicas (Anderson & Marthis 1999). Em geral os anfíbios são insetívoros, podendo também se alimentar de outros pequenos invertebrados (Eterovick & Sazima 2004). A dieta está diretamente relacionada a aspectos morfológicos e fisiológicos que contribuem para a localização, identificação, captura e ingestão de uma ampla variedade de presas (Pough et al. 2004). A seleção de presas depende também de sua disponibilidade estacional, podendo variar em quantidade e qualidade ao longo do ano. Por isso, os anuros são considerados em geral, oportunistas na escolha de suas presas, estando suas dietas normalmente associadas às proporções das mesmas no ambiente em que vivem (Duellman & Trueb 1994). Mesmo com o crescente número de trabalhos relacionados à ecologia de anfíbios nos últimos anos (e.g. Rodrigues et al. 2003, 2005, Silva et al. 2005, De-Carvalho et al. 2008, Lucas et al. 2008), há carência de informações básicas sobre a biologia da maior parte das espécies do Cerrado (Brites et al. in press). Poucas informações (e.g. Rodrigues et al. 2007, Prado et al. 2008) foram geradas para Phyllomedusa azurea desde sua revalidação por Caramaschi (2006). Dessa forma, com o presente estudo, buscamos aumentar o conhecimento sobre a biologia de P. azurea em área de Cerrado, no que diz respeito ao uso dos recursos espaciais, alimentares e temporais, sendo apresentadas também algumas informações sobre os aspectos reprodutivos dessa espécie. Phyllomedusa azurea foi estudada em uma área de Cerrado pertencente à fazenda Porta do Céu (16° 13’ 50” S e 48° 04’ 49” W), município de Novo Gama, GO. Com uma área de 582,3 ha, a fazenda mantém fitofisionomias típicas do Cerrado como matas de galeria, cerrado sensu strictu e campos em bom estado de conservação. O clima é sazonal com duas estações bem definidas: inverno seco que compreende o período de abril a setembro e verão chuvoso de outubro a março (Eiten 1972). A precipitação média anual fica entre 1.500 a 1.700 mm (Nimer 1989). As coletas foram realizadas por duas pessoas, sendo adotadas duas noites consecutivas a cada semana entre os meses de abril de 2006 a fevereiro de 2007, totalizando 94 dias de campo. O método utilizado foi o de busca ativa (Crump & Scott 1994), entre as 18:00 e 5:00 h em duas áreas brejosas, um fragmento de mata de galeria e três lagoas. Na primeira noite de cada semana foram vistoriadas duas lagoas e uma das áreas brejosas, e na segunda noite as demais áreas. Procurou-se manter esforços de coleta próximos para cada área estudada. Os animais coletados foram acondicionados separadamente em sacos plásticos, cada um contendo uma etiqueta de identificação. No momento do encontro foram tomadas algumas informações como hábitat, se o animal estava em atividade de vocalização, horário, substrato utilizado, estrato predominante da vegetação (herbáceo, arbóreo, arbustivo, etc.), característica do dossel (aberto, intermediário ou fechado), altura de empoleiramento, distância até o corpo de água mais próximo e velocidade da água (corpo d’água lêntico ou lótico). Depois de coletados, os animais foram sacrificados com injeção de lidocaína 2%. A massa foi mensurada com o auxílio de um dinamômetro (precisão de 0,5 g) e 21 medidas (Figura 1) foram tomadas com um paquímetro digital (precisão de 0,01 mm): CRC (comprimento rostro-cloacal); largura e altura do corpo; comprimento, largura e altura da cabeça; diâmetro do tímpano e do olho; distâncias interocular, olho-narina e inter-nasal; comprimentos e larguras do braço, antebraço, coxa e perna e comprimentos da mão e do pé. Todas as medidas de estruturas pares foram tomadas do lado direito do corpo do animal. Todos os animais coletados foram depositados na coleção Herpetológica da UNB (CHUNB). Após serem medidos, os animais foram devidamente etiquetados, fixados em formalina 10% e conservados em álcool 70%. A condição reprodutiva (CR) dos animais foi verificada analisando-se as gônadas (fêmeas) e o saco vocal (machos), sendo atribuídas para cada sexo três classes: para as fêmeas, classe I – ovidutos desenovelados com tamanhos reduzidos e ovários pouco desenvolvidos, classe II – os ovidutos estão parcialmente enovelados e os ovários parcialmente desenvolvidos e classe III – os ovidutos são bastante enovelados e ovários bem desenvolvidos; para os machos, saco vocal reduzido (SVR) – não desenvolvido, intermediário (SVI) – parcialmente http://www.biotaneotropica.org.br http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn02108042008 103 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Ecologia de Phyllomedusa azurea DI DO N DIO D CC O CM DT ACA ACO C B CAB LAB CRC LCA LB E LP CP LC X LC X CC PE C Figura 1. Características morfológicas de Phyllomedusa azurea do município de Novo Gama, GO, Brasil. CC, comprimento da cabeça; ACA, altura da cabeça; LCA, largura da cabeça; DON, distância olho-narina; DIO, distância interocular; DO, diâmetro do olho; DI, distância internasal; DT, Diâmetro do tímpano; CRC, comprimento rostro-cloacal; ACO, altura do corpo; LC, largura do corpo; LB, largura do braço; CB, comprimento do braço; LAB, largura do ante-braço; CAB, comprimento do ante-braço; CM, comprimento da mão; LCX, largura da coxa; CCX, comprimento da coxa; LPE, largura da perna; CPE, comprimento da perna; CP, comprimento do pé. Figure 1. Morphological characteristics for Phyllomedusa azurea from the municipality of Novo Gama, GO, Brazil. CC, head length; ACA, head height; ACL, head width; DON, eye-nostril distance; DIO, interocular distance, DO, eye diameter; DI, internasal distance; DT, tympanum diameter; CRC, snout-vent length; ACO, body height; LC, body width, LB, arm width, CB, arm length; LAB, forearm width; CAB, forearm length, CM, hand length; LCX, thigh width; CCX, thigh length; LPE, leg width; CPE, leg length; CP, foot length. desenvolvido e evidente (SVE) – bem desenvolvido. Os animais considerados potencialmente reprodutivos foram os de classe III (fêmeas) e SVE (machos) (Mesquita et al. 2004). Em laboratório, os estômagos foram retirados e abertos e os seus conteúdos analisados sob microscópio estereoscópico. Os itens encontrados foram identificados com o auxílio de bibliografia especializada (Buzzi 2002), até o nível de ordem. As presas foram contadas e, aquelas encontradas inteiras, medidas com paquímetro, quanto ao maior comprimento e largura, para estimar seus volumes através da fórmula do volume do elipsóide (Magnusson et al. 2003): Volume = (π.comprimento.largura²)/6 (1) Um índice de valor de importância (IVI) foi calculado para verificar o quanto cada item alimentar participa na dieta de Phyllomedusa azurea, através da seguinte equação (Gadsden & Palácios-Orona 1997): IVI = (N%+V%)/2 (2) onde N é o número e V o volume de presas em cada categoria de item alimentar, todos em porcentagem. As amplitudes de nicho alimentar (B) para machos e fêmeas foram calculadas separadamente utilizando o índice de diversidade de Simpson (1949). O mesmo índice foi adotado no cálculo das http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn02108042008 amplitudes de nicho espacial (hábitat, substrato e altura de empoleiramento) e temporal (períodos do ano e horários) e, nestes casos, os dados de machos e fêmeas foram agrupados. Todas as variáveis morfométricas e as dimensões das presas foram log10- transformadas para aproximar a amostra de uma distribuição normal e reduzir os efeitos de escala. Variáveis tamanho-ajustadas (resíduos) foram geradas por meio de regressões lineares simples entre o CRC e cada variável tomada. Diferenças no tamanho e na forma de machos e fêmeas de P. azurea foram inicialmente investigadas por uma análise de componentes principais (ACP) das variáveis tamanho-ajustadas (Tabachnick & Fidell 2000). Os tamanhos dos corpos (CRC) foram então comparados entre os sexos por análise de variância (ANOVA) e a massa por análise de covariância (ANCOVA), tomando por co-variável o CRC. As proporções numéricas e volumétricas com que as categorias de presas foram utilizadas por cada sexo foram comparadas pelo teste de Kolmogorov-Smirnov e a preferência por locais com corpos d’água lênticos ou lóticos pelo teste de G com correção de Yates (Ayres et al. 2007). A análise de Correlação Canônica entre dois grupos de variáveis (comprimento e largura máximos de presas vs. comprimento, largura e altura da cabeça) foi aplicada para investigar as relações entre as dimensões das presas e as medidas da cabeça. Diferenças intersexuais com relação à posição vertical (altura de empoleiramento) http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 104 Freitas, E.B. et al. e distância do corpo d’água mais próximo foram testadas por análise de variância (ANOVA) (Zar 1999, Hill & Lewicki 2007). As análises estatísticas foram realizadas nos softwares Systat 12.0 (Wilkinson 1990) e BioEstat 5.0 (Ayres et al. 2007), com nível de significância de 5%. Resultados Foram coletados 56 espécimes de Phyllomedusa azurea (48 machos e 8 fêmeas). Um resumo dos dados morfométricos está disponível na Tabela 1. Machos e fêmeas diferiram em tamanho (CRC) (F1,54 = 51,543, P < 0,0001, N = 56) e massa (ANCOVA, F1,53 = 27,060, P < 0,0001, N = 56), com as fêmeas sendo maiores e mais pesadas (Tabela 1). Os resultados da análise dos componentes principais (ACP) mostraram diferenças adicionais (Tabela 2, Figura 2), porém os dois primeiros componentes acumularam menos de 40% da variação da análise. O primeiro componente principal está relacionado com a largura do antebraço, da perna e da cabeça (Tabela 2). Já o segundo componente relaciona-se com o comprimento do pé e da coxa (Tabelas 1 e 2; Figura 2). Phyllomedusa azurea foi encontrada principalmente em área brejosa (91%) com predomínio do estrato herbáceo (91%) e com característica de dossel aberto (61%). Os substratos mais utilizados foram arbustos (45%) e árvores (34%), onde foram observadas desde o solo até 2,5 m de altura, com predominância entre 0,5 e 1,0 m (39%) (Figura 3). Não foram verificas diferenças entre as alturas de empoleiramento adotadas por cada um dos sexos (ANOVA, F1, 52 = 0,441, P = 0,509, N = 56) e nem para as distâncias até os corpos d’água mais próximos (ANOVA, F1,54 = 0,252, P = 0,617, N = 56). Os espécimes foram observados em locais que normalmente não excediam 5,0 m do corpo d’água mais próximo, sendo mais comuns em locais com até 0,50 m da margem (Figura 4). Quanto à velocidade da água nas proximidades em que os animais foram encontrados, 79% dos indivíduos foram observados em locais com corpos d’água lênticos. Machos e fêmeas não diferem com relação à ocupação de ambientes lênticos ou lóticos (G = 0,6748, g.l. = 1, P = 0,4114) (Figura 5). A amplitude do nicho espacial referente ao tipo de hábitat, substrato e altura de empoleiramento foram respectivamente: 1,20; 2,91 e 3,83. Os indivíduos foram observados entre os meses de setembro de 2006 a fevereiro de 2007, sendo mais freqüentes nos meses de setembro e outubro, cujas médias de precipitação foram de 40,3 e 526,4 mm, de umidade relativa 49 e 80% e de temperatura 20 e 21.2 °C, respectivamente (Figura 6). Os horários de encontro variaram das 19:50 às 4:20 h, sendo mais freqüentes entre as 20:00 e 21:00 h (36%; Figura 7). As amplitudes de nicho temporal estimadas para períodos do ano e horários foram 4,68 e 4,92, respectivamente. Dos 56 espécimes coletados 54% estavam vocalizando, 32% parados e 8% em amplexo. Foram analisados 56 estômagos de P. azurea (48 machos e oito fêmeas) dos quais cinco estavam vazios e quatro em processo avançado de digestão. Os espécimes utilizaram 11 categorias de itens alimentares, tendo sido verificado também material vegetal e detritos, que consistiram de pequenos grânulos de minerais como Tabela 1. Medidas morfométricas de machos e fêmeas de Phyllomedusa azurea do município de Novo Gama, GO, Brasil. Medidas lineares são apresentadas em milímetros (mm) e a massa em gramas (g). Table 1. Morphometric measurements of male and female of Phyllomedusa azurea from the municipality of Novo Gama, GO, Brazil. Linear measurements are given in millimeters (mm) and weight in grams (g). Medidas morfométricas Massa Comprimento rosto-cloacal Largura do corpo Altura do corpo Comprimento da cabeça Largura da cabeça Altura da cabeça Diâmetro do tímpano Distância interocular Distância olho-narina Diâmetro do olho Distância internasal Comprimento do braço Largura do braço Comprimento do antebraço Largura do antebraço Comprimento da mão Comprimento da coxa Largura da coxa Comprimento da perna Largura da perna Comprimento do pé http://www.biotaneotropica.org.br Phyllomedusa azurea (N = 56) Machos (N = 48) _ x ± dp min-max 2,49 ± 0,41 1,80-3,70 36,45 ± 2,06 32,99-41,70 7,99 ± 2,26 2,77-13,59 6,53 ± 1,23 3,74-9,05 13,00 ± 1,92 3,29-16,70 10,71 ± 1,06 7,24-14,11 6,74 ± 1,54 3,95-12,06 1,86 ± 0,36 1,02-2,75 5,99 ± 0,90 1,49-7,43 2,59 ± 0,31 1,76-3,31 3,73 ± 0,68 1,44-5,29 3,16 ± 0,36 2,25-3,83 7,86 ± 1,29 2,64-9,61 1,65 ± 0,36 0,90-2,60 8,99 ± 0,79 7,22-10,53 2,50 ± 0,54 1,04-3,80 8,52 ± 1,24 2,24-10,51 12,49 ± 1,50 9,36-15,75 3,22 ± 0,73 1,36-4,90 14,05 ± 1,35 10,29-17,09 2,48 ± 0,54 1,11-3,39 22,01 ± 1,39 18,29-25,14 _ x ± dp 4,49 ± 0,74 42,33 ± 1,85 13,68 ± 3,17 8,64 ± 2,19 14,88 ± 1,54 11,98 ± 0,46 6,92 ± 1,21 2,14 ± 0,40 7,20 ± 0,54 3,02 ± 0,24 4,09 ± 0,65 3,45 ± 0,40 9,40 ± 1,02 1,56 ± 0,38 10,47 ± 0,67 2,37 ± 0,49 9,61 ± 0,75 14,42 ± 0,82 3,47 ± 0,67 16,45 ± 1,26 2,89 ± 0,37 24,03 ± 1,13 Fêmeas (N = 8) min-max 3,80-6,00 39,56-44,67 7,55-17,54 6,10-11,87 12,59-16,84 11,20-12,45 4,92-8,56 1,48-2,88 6,52-8,13 2,61-3,33 3,23-4,84 2,62-3,80 7,66-10,66 1,02-2,11 9,65-11,79 1,27-2,83 8,56-10,68 13,39-15,80 2,09-4,22 14,45-17,62 2,38-3,43 21,78-25,53 http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn02108042008 105 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Ecologia de Phyllomedusa azurea MF M M M –2 M M M MM MM M M M M M M Distância (m) M Fêmeas M –3 –3 –2 –1 0 1 2 Fator 1 Figura 2. Escores dos fatores para CPI e CPII das variáveis morfológicas tamanho ajustadas para machos (M) e fêmeas(F) de Phyllomedusa azurea do município de Novo Gama, GO, Brasil. Figure 2. The PC I and PC II factor scores for the size-adjusted morphological variables for male (M) and female (F) for Phyllomedusa azurea from the municipality of Novo Gama, GO, Brazil. Frequência das observações (%) 0 F 4,51-5,00 MM 20 4,01-4,50 M F –1 M 40 3,51-4,00 0 M MMF MM M MM F M F 3,01-3,50 M M M M 2,51-3,00 M 60 2,01-2,50 M 100 80 60 40 Machos Figura 4. Frequência relativa das observações de machos e fêmeas de Phyllomedusa azurea com relação à distância do corpo dágua mais próximo, no município de Novo Gama, GO, Brasil. Figure 4. Relative frequency of observations of male and female of Phyllomedusa azurea in relation distance from the nearnest water body from the municipality of Novo Gama, GO, Brazil. Frequência das observações (%) Fator 2 1 F M F 1,51-2,00 MM 1,01-1,50 M M 80 0,51-1,00 M 2 100 0,00-0,50 M Frequência das observações (%) 3 100 80 60 40 20 0 Lêntico Lótico Ambiente 20 Machos 0 0,00-0,50 0,51-1,00 1,01,1,50 1,51-2,00 2,01-2,50 Altura de empoleiramento (m) Fêmeas Machos Figura 3. Frequência relativa das observações de machos e fêmeas de Phyllomedusa azurea com relação à altura de empoleiramento na vegetação, no município de Novo Gama, GO, Brasil. Figure 3. Relative frequency of observations of male and female of Phyllomedusa azurea in relation to perch height on the vegetation from the municipality of Novo Gama, GO, Brazil. areia e pedras (Tabela 3). A dieta de machos e fêmeas constituiu-se respectivamente de 11 e três categorias de itens alimentares (Tabela 3). As categorias mais freqüentes foram, para os machos, material vegetal (38%) e Araneae (25%) e, para as fêmeas, material vegetal (75%), Hymenoptera e Orthoptera (ambos com 13%) (Tabela 3). Foram observadas diferenças significativas nas proporções numéricas em que as categorias de presas foram utilizadas por machos (m) e fêmeas (f) (Kolmogorv-Smirnov, Dmax = 0,7677, g.l. = 2, P < 0,0001; http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn02108042008 Fêmeas Figura 5. Freqüência relativa das observações de Phyllomedusa azurea com relação à velocidade da água, no município de Novo Gama, GO. Figure 5. Relative frequency of observations of Phyllomedusa azurea in relation the speed of the water from the municipality of Novo Gama, GO, Brazil. Bm = 4,03 e Bf = 1,80 ). Os machos ingeriram maiores proporções de Araneae (43%) e as fêmeas de Hymenoptera (67%) (Tabela 3). O volume consumido para cada categoria também diferiu entre os sexos (Kolmogorv-Smirnov, Dmax = 0,8788, g.l. = 2, P < 0,0001; Bm = 3,92 e Bf = 1,16), com os machos consumindo maiores volumes de Araneae (43%) e as fêmeas de Orthoptera (93%) (Tabela 3). Os itens mais importantes (IVI) para machos foram Araneae (43%) e para as fêmeas Orthoptera (63%) (Tabela 3). Não foi observada relação entre as medidas da cabeça e as dimensões das presas utilizadas por P. azurea (Tabela 4). Um resumo das condições reprodutivas de machos e fêmeas de Phyllomedusa azurea por classe de tamanho bem como dos volumes dos testículos encontra-se nas Tabelas 5 e 6. O comprimento rosto http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 106 Freitas, E.B. et al. Tabela 2. Escores dos cinco primeiros componentes principais das variáveis morfológicas tamanho- ajustadas de machos e fêmeas de Phyllomedusa azurea do município de Novo Gama, GO, Brasil. Valores mais significativos encontram-se em negrito. Table 2. First five principal component scores for the size-adjusted morphological variables of male and female of Phyllomedusa azurea from Novo Gama, GO, Brazil. Most significant values are in bold. Variáveis Altura do corpo Largura do corpo Altura da cabeça Largura da cabeça Comprimento da cabeça Diâmetro do tímpano Distância interocular Distância olho-narina Diâmetro do olho Distância internasal Largura do braço Largura do antebraço Comprimento do braço Comprimento do antebraço Comprimento da mão Largura da coxa Largura da perna Comprimento da coxa Comprimento da perna Comprimento do pé Componentes principais 1 2 3 0,408 –0,477 –0,242 0,553 –0,237 –0,361 0,361 –0,425 0,045 0,656 –0,330 0,036 –0,021 0,011 –0,697 0,395 0,333 0,090 0,574 –0,235 –0,139 0,206 0,242 –0,382 0,362 0,031 0,175 0,485 0,217 –0,069 0,564 0,024 0,456 0,743 –0,154 0,269 0,291 0,391 –0,023 0,419 –0,014 –0,604 0,097 0,305 0,167 0,593 –0,318 0,046 0,659 –0,075 0,315 0,437 0,601 0,014 0,520 0,447 –0,195 0,388 0,617 –0,041 Variância explicada pelos componentes 4,464 2,165 1,701 Porcentagem de variância explicada 22,322 10,827 8,503 cloacal (CRC) variou de 32,99 a 41,70 mm em machos e o menor indivíduo reprodutivo apresentou 34,64 mm. Para as fêmeas, o CRC variou de 39,56 a 44,67 mm e o menor indivíduo reprodutivo apresentou 40,33 mm. Discussão Os espécimes de Phyllomedusa azurea foram observados nos meses com maiores temperatura e umidade relativa do ar, ocupando principalmente as áreas abertas e brejosas com predomínio de vegetação herbácea. Provavelmente a dependência da água por esta espécie seja alta, e os locais escolhidos pelas mesmas, bem como o período no qual são mais avistadas, possam reduzir o risco de dessecação dos adultos bem como dos ovos, que são colocados sobre a vegetação marginal. Fatores como a umidade e a temperatura, são fortemente influenciados pelos regimes pluviométricos, sendo estes apontados como os principais fatores abióticos que interferem na atividade reprodutiva dos anuros de regiões tropicais (Duellman & Trueb 1994). A área presentemente estudada apresenta regime sazonal de chuvas, e a maioria das 28 espécies de anuros observadas (dados não publicados), incluindo P. azurea, estão reprodutivamente ativas no período de maior precipitação, corroborando com as informações de Haddad & Sazima (1992) sobre a atividade de anfíbios em ambientes com essas características. http://www.biotaneotropica.org.br 4 0,045 0,301 0,474 –0,281 –0,454 0,328 0,225 –0,203 0,491 0,060 –0,217 –0,295 0,117 0,285 0,174 –0,383 –0,180 0,086 –0,129 –0,151 5 –0,447 0,108 –0,248 –0,235 0,133 –0,206 0,424 –0,045 0,400 –0,625 0,126 0,218 –0,267 0,177 0,031 0,157 –0,078 0,188 0,102 –0,091 1,533 1,373 7,665 6,865 Os machos de P. azurea apresentaram padrão reprodutivo prolongado, segundo a classificação de Wells (1977), tendo sido observados vocalizando durante seis meses consecutivos (setembro a fevereiro). Segundo o autor, este padrão é caracterizado ainda pela chegada assincrônica de machos e fêmeas aos sítios reprodutivos. Esse mesmo padrão reprodutivo foi verificado em outras localidades como: Morrinhos, GO (setembro a abril; Borges & Juliano 2007), Serra da Bodoquena, MS (outubro a maio; Rodrigues et al. 2007), Corumbá, MS (dezembro a março; Ávila & Ferreira 2004) e Alexânia, GO (setembro a janeiro; Rocha 2005). De modo geral as estratégias reprodutivas em anfíbios anuros derivam de uma combinação de caracteres morfológicos, fisiológicos e comportamentais, adaptados a certas condições ambientais (Pombal 1995). A atividade noturna de P. azurea foi concentrada principalmente no primeiro período da noite, entre as 20:00 e 21:00 h. É possível que as temperaturas nesse período sejam mais favoráveis à atividade de vocalização de algumas espécies, como sugerido por Pombal (1997) para Physalaemus cuvieri e também por De-Carvalho (2008) para Leptodactylus fuscus e Leptodactylus mystacinus. Pombal (1997) acrescenta ainda que as fêmeas aptas à reprodução possam ser beneficiadas se os encontros com os machos ocorrerem no início da noite, pois assim teriam maior tempo para desovar reduzindo as chances de predadores visualmente orientados encontrarem e predarem o casal http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn02108042008 107 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 30 15 20 10 10 5 0 0 abr. maio jun. jul. ago. set. out. nov. dez. jan. fev. Meses de coleta Figura 6. Valores mensais das variáveis climáticas, tomadas na estação meteorológica mais próxima (Brasília) da Fazenda Porta do Céu, Novo Gama, GO entre abril 2006 e fevereiro de 2007. (-▲-) precipitação (-■-) umidade relativa do ar, (-o-) Temperatura mínima (-+-) média, (---) máxima e as barras representam as freqüências relativas mensais de Phyllomedusa azurea. Figure 6. Monthly values for climatic variables, obtained from the meteorological station (Brasília) nearest to the study site in Novo Gama, GO between April, 2006, and February, 2007: precipitation (-▲-); relative humidity (-■-); minimum (---), mean (––) and maximum (-♦-) temperatures. The bars represent the relative monthly frequencies of Phyllomedusa azurea. 100 80 60 40 20 0 04:00-04:59 20 40 03:00-03:59 25 02:00-02:59 50 01:00-01:59 30 00:00-00:59 60 23:00-23:59 Frequência das observações (%) 0 22:00-22:59 20 10 21:00-21:59 30 20:00-20:59 50 40 19:00-19:59 60 18:00-18:59 70 em amplexo. A segunda metade da noite muitas vezes corresponde ao período de forrageamento (Haddad 1991) e a queda de temperatura pode também restringir a atividade dos indivíduos (Pombal 1997). As áreas abertas e brejosas da área estudada formam ambientes relativamente simples com pouca estratificação da vegetação. Nestes locais, arbustos e árvores foram os principais sítios de vocalização utilizados por P. azurea. Ambientes como estes, pouco diversificados, restringem o número de possíveis sítios de vocalização e de oviposição. Segundo Rossa-Feres & Jim (2001) a baixa complexidade estrutural pode constituir um fator limitante na diferenciação dos sítios de vocalização. Provavelmente na área de estudo, ambientes brejosos e com vegetação herbácea sejam os que mais favoreçam a Frequência das observações (%) 550 500 450 400 350 300 250 200 150 100 50 0 Temperatura (°C) Umidade relativa (%) 90 80 Precipitação (mm) Ecologia de Phyllomedusa azurea Horário da coleta Figure 7. Freqüência relativa do período de atividade de Phyllomedusa azurea do município de Novo Gama, GO, Brasil. Figure 7. Relative frequency of activity period in Phyllomedusa azurea from the municipality of Novo Gama, GO, Brazil. Tabela 3. Dieta de machos e fêmeas de Phyllomedusa azurea do município de Novo Gama, GO, Brasil. Freqüência (F) é o número de espécimes contendo um tipo de presa particular, (V) é o volume e (N) o número daquele tipo de presa. Table 3. Diet of male and female of Phyllomedusa azurea from the municipality of Novo Gama, GO, Brazil. Frequency (F) is the number of specimens containing a particular prey type, (V) is the volume, and (N) is the number of prey type. Categoria de presas Araneae Blattaria Coleoptera Crustacea Diptera Hemiptera Hymenoptera Isoptera Lepidoptera Orthoptera Psocoptera Material vegetal Digestão avançada Estômagos vazios Total B N 2 1 3 - N(%) 67 33 1,80 F 1 1 6 1 2 8 - Fêmeas N = 8 F(%) V(mm3) V(%) 13 2,06 7 13 26,36 93 75 28,42 - 1,16 http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn02108042008 IVI 37 63 36 - N 29 1 6 1 14 1 2 5 2 6 1 68 - N(%) 43 1 9 1 21 1 3 7 3 9 1 4,03 Machos N = 48 F F(%) V(mm3) 20 25 222,49 1 1 91,86 6 8 58,29 1 1 25,27 7 9 0,15 1 1 52,62 2 3 2,14 2 3 13,74 2 3 6 8 45,75 1 1 30 38 3 3 79 512,32 - - V(%) IVI 43 43 18 18 11 10 5 3 0,02 10,51 10 5,5 0,41 1,70 3 5 1,5 9 9 0,5 3,92 - http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 108 Freitas, E.B. et al. Tabela 4. Correlação canônica entre as dimensões das presas e da cabeça de Phyllomedusa azurea do município de Novo Gama, GO, Brasil. Table 4. Canonical correlation between prey size and head dimensions of Phyllomedusa azurea from the municipality of Novo Gama, GO, Brazil. Phyllomedusa azurea (N = 56) Coeficientes canônicos 2a variável Medidas da cabeça 1a variável canônica canônica Comprimento –0,80 0,59 Largura 0,46 0,85 Altura 0,47 –0,10 Medidas das presas Maior comprimento 0,23 0,97 Maior largura 0,74 0,66 P Variáveis canônicas Correlação c2 canônica I 0,49 10,63 0,10 II 0,39 4,05 0,13 Tabela 5. Porcentagem de fêmeas de Phyllomedusa azurea coletadas no município de Novo Gama, GO, de diferentes categorias de comprimento rostro-cloacal (CRC) em diferentes estágios reprodutivos, determinados pelo desenvolvimento do oviduto. I – ovidutos desenovelados com tamanhos reduzidos e ovários pouco desenvolvidos, II – os ovidutos estão parcialmente enovelados e os ovários parcialmente desenvolvidos, III – os ovidutos bastante enovelados e ovários bem desenvolvidos. Table 5. Percentage of female Phyllomedusa azurea from the municipality of Novo Gama, GO relative to the condition of the ovary and oviduct, by snout-vent length (SVL) in different reproductive stages, determined by the development of the oviduct. I - unconvoluted oviduct with reduced sizes and ovaries little developed, II - the oviduct are partly convoluted and ovaries partially developed, III - the oviduct is very convoluted and ovaries very developed. CRC (mm) I II III 39,56-41,26 - - 2 (25,0%) 41,27-42,97 1 (12,5%) 2 (25,0%) - 42,98-44,68 - 2 (25,0%) 1 (12,5%) Tabela 6. Porcentagem de machos de Phyllomedusa azurea do município de Novo Gama, GO, relacionado à condição do saco vocal, com média (desvio padrão) do volume dos testículos, pelo comprimento rostro-cloacal (CRC). SVR, saco vocal reduzido; SVI, saco vocal intermediário; SVE, saco vocal evidente. Table 6. Percentage of male Phyllomedusa azurea from the municipality of Novo Gama, GO relative to the condition of the vocal sac, with mean (standard deviation) of testes volume, by snout-vent length (SVL). SVR, reduced vocal sac; SVI, intermediary vocal sac; SVE, evident vocal sac. CRC (mm) SVR 32,99-35,89 35,90-38,80 38,81-41,71 5 (10,4%) 7 (14,6%) 2 (4,2%) Estado do saco vocal SVI 14 (29,2%) 10 (20,8%) 5 (10,4%) reprodução e permanência dessa espécie. Trabalhos realizados com Phyllomedusa azurea (ou P. hypochondrialis antes da revalidação para as áreas de Cerrado do Brasil Central e de influência do Pantanal por Caramaschi 2006) relatam a presença dessa espécie em locais com características semelhantes às presentemente registradas e/ou utilizando substratos similares (Bastos et al. 2003, Ávila & Ferreira 2004, Borges & Juliano 2007, Rodrigues et al. 2007). Outras espécies do gênero Phyllomedusa são também comumente encontradas nestas condições como P. tetraploidea (Bernarde & Anjos 1999), P. distincta (Pombal 1997) e P. tomopterna (Bernarde et al. 1999). Características morfológicas e comportamentais de P. azurea podem também contribuir para a escolha de determinados sítios dentre outros disponíveis na área. Segundo Caramaschi (1981) a utilização de determinados substratos pode ser limitada pela morfologia e tamanho das espécies. Phyllomedusa azurea bem como outras espécies do gênero possuem alguns de seus dedos oponíveis (Caramaschi 2006), adaptação essa que possibilita a utilização de galhos finos como poleiros. A preferência por substratos arbóreos e arbustivos verificados para P. azurea na área estudada está também relacionada ao modo reprodutivo, que envolve a deposição de ovos sobre a vegetação marginal de corpos d’água, onde ocorre o início do desenvolvimento dos embriões. Segundo Zug et al. (2001) os representantes do gênero Phyllomedusa depositam em torno de 100 a 150 ovos em folhas e ramos pendentes sobre a água, com os girinos aí formados terminando seu desenvolvimento nos corpos d´água. A ocorrência de ovos e girinos de P. azurea em ambientes distintos pode expor os indivíduos em desenvolvimento a diferentes tipos de predadores. Na área estudada foi observada a predação de um ninho desta espécie por percevejo. Segundo Duellman & Trueb (1994) ovos http://www.biotaneotropica.org.br SVE 3 (6,3%) 2 (4,2%) - Volume dos testículos (mm³) Esquerdo Direito media ± dp media ± dp 1,70 ± 0,69 2,17 ± 0,73 2,05 ± 0,79 2,53 ± 1,29 2,29 ± 0,77 2,20 ± 1,21 que são colocados suspensos na vegetação acabam ficando expostos a predadores que normalmente não ocorrem na água, servindo como fonte de energia de alto teor protéico para muitos predadores. Em estudo realizado com Phyllomedusa tarsius, P. tomopterna e P. bicolor, foi verificado que os principais predadores de ovos dessas espécies são besouros, moscas e mamíferos (Neckel-Oliveira & Wachlevski 2004). Já nos ambientes aquáticos peixes, larvas de libélulas, aranhas e baratas d’água podem representar predadores dos girinos e as vezes de adultos dos anfíbios (Hero et al. 2001, Toledo 2003, 2005, Menin et al. 2005, Sawaya et al. 2008). Além de substratos para a postura de ovos, arbustos e árvores foram utilizados por Phyllomedusa azurea como sítios de vocalização semelhante ao observado para esta espécie por Rodrigues et al. (2007) na Serra da Bodoquena, MS, por Borges & Juliano (2007) em Morrinhos, GO e por Rocha (2005) em Alexânia, GO. Este último autor relata inclusive a presença de machos de P. azurea vocalizando em alturas de até 2,5 m, semelhante aos registros obtidos para alguns machos no presente trabalho. Nenhum tipo de relação foi verificado entre o tamanho da cabeça e o das presas consumidas por P. azurea, embora a capacidade de abertura da boca e o tamanho do corpo já tenham sido apontados por Strussman et al. (1984) como importantes na seleção de tamanhos adequados de presas. Tradicionalmente os anuros são descritos como predadores generalistas, com comportamento oportunista de forrageamento (Duellman & Trueb 1994), sendo suas dietas constituídas predominantemente de artrópodes e refletindo a relativa abundância de presas no ambiente (Hirai & Matsui 1999). Representantes do gênero Phyllomedusa utilizam estratégias do tipo “senta-e-espera”, como relatado para P. burmeisteri (Bertoluci 2002). http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn02108042008 109 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Ecologia de Phyllomedusa azurea Phyllomedusa azurea teve sua dieta constituída por onze itens alimentares, incluindo artrópodes e material vegetal, apontando para um provável padrão generalista. Porém ao se analisar separadamente os sexos, as fêmeas tiveram sua dieta bem restrita, tendo Orthoptera como o principal item. Provavelmente esse recurso, dentre todas as categorias de presas consumidas por P. azurea, forneça maior retorno energético para as fêmeas, porém o número de estômagos analisados para indivíduos deste sexo impossibilita generalizações. Com relação à ingestão de material vegetal, Anderson & Marthis (1999) sugerem que a mesma acontece de forma acidental quando há captura de presas sobre o substrato, mas que esse material contribuiria com uma parcela nutricional na dieta e serviria ainda como fonte extra de absorção de água pelo organismo para prevenir a dessecação. Já Santos et al. (2004) sugerem que o material vegetal poderia ser ingerido ativamente pelos anuros de forma a auxiliar na eliminação de parasitas intestinais e exoesqueletos de invertebrados. Alguns indivíduos machos foram encontrados com os estômagos vazios, o que pode estar relacionado com a reprodução (Van Sluys & Rocha 1998). É conhecido na literatura que muitos machos de anuros podem permanecer em jejum durante o período reprodutivo, já que os mesmos passariam um período prolongado vocalizando em sítios diferentes daqueles utilizados para forrageamento (Duellman & Trueb 1994). A espécie é dimórfica com fêmeas maiores e mais pesadas que os machos, fato este provavelmente relacionado a um investimento diferenciado na reprodução entre os sexos. O maior tamanho das fêmeas em relação aos machos corrobora com os resultados obtidos para a mesma e para outras espécies do gênero (P. sauvagii e P. oreades) em áreas de Cerrado (Brandão 2002, Rodrigues et al. 2007). De acordo com Shine (1979) e Zug et al. (2001) o dimorfismo sexual em anuros é comum, sendo as fêmeas em geral maiores que os machos, podendo apresentar também diferenças em relação a coloração e a características morfológicas. Maior tamanho em fêmeas é em geral associado com a produção de ovos e fecundidade das mesmas (Crump 1974, Woolbright 1989). Com relação aos machos, se considerado o baixo custo investido para a produção de espermatozóides, um indivíduo pode ter pequeno porte e mesmo assim produzir uma grande quantidade de gametas. O tamanho dos machos em espécies que apresentam reprodução de período prolongado, como verificado na espécie deste estudo, pode também ser afetado pelos gastos energéticos com a vocalização, defesa do território e diferenças na dieta (Woolbright 1982). A população de Phyllomedusa azurea estudada apresentou atividade restrita aos meses de maior precipitação e umidade, padrão normalmente observado em espécies do Cerrado. Segundo Brites et al. (in press) neste bioma, os eventos reprodutivos tendem a ocorrer em épocas mais restritas do ano, normalmente nos meses mais quentes e chuvosos quando há a formação de ambientes temporários favoráveis ao desenvolvimento dos girinos. O padrão reprodutivo foi do tipo prolongado estendendo-se por vários meses. Como em outras espécies do gênero, P. azurea foi mais freqüente em locais próximos a corpos d’água de ambientes abertos e brejosos (e.g., P. oreades, P. sauvagii) (Brandão 2002, Rodrigues et al. 2007), sendo normalmente encontrada vocalizando sobre arbustos. Esses locais constituíram os principais sítios de vocalização e deposição de ovos de P. azurea, e são também utilizados por outros representantes do grupo de P. h ypochondrialis (Caramaschi 2006). Ambientes como os anteriormente citados favorecem o comportamento reprodutivo do grupo, que inclui a postura de ovos em ninhos construídos enrolando ou unindo uma ou mais folhas, que ficam suspensos sobre os corpos d’água (Cruz 1982, Caramaschi & Cruz 2002). Ao eclodirem os girinos completam seu desenvolvimento na água (Bastos et al. 2003). Dessa forma a escolha http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn02108042008 de substratos adequados sobre os corpos d’água é de extrema importância para o sucesso reprodutivo dessa espécie. Agradecimentos Agradecemos aos senhores Enrique Sevilla e Geraldo Barbosa por terem cedido a área da fazenda Porta do Céu para realização deste trabalho. A todos os colegas que auxiliaram em campo e em laboratório. Ao amigo Daniel Oliveira Santana pela elaboração da ilustração utilizada no trabalho. Aos professores Dr. Daniel Oliveira Mesquita e Dr. Stephen Francis Ferrari e ao amigo Dr. Frederico Gustavo França pelas críticas e revisão do texto. Ao IBAMA pela concessão da licença nº 02010.000583/2006-89. As Faculdades Integradas da Terra de Brasília por ter cedido o laboratório e equipamentos necessários à triagem do material. Referências Bibliográficas AYRES, M., AYRES Jr., M., AYRES, D.L. & SANTOS A.A. 2007. Bioestat 5.0. USP, São Paulo. ANDERSON, M.T. & MARTHIS, A. 1999. 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Marli Bergesch1,3, Clarisse Odebrecht1 & Øjvind Moestrup2 1 Instituto de Oceanografia, Universidade Federal do Rio Grande – FURG CP 474, CEP 96201-900, Rio Grande, RS, Brasil, e-mail: [email protected], http://www.furg.br/ 2 Biological Institute, University of Copenhagen, Øster Farimagsgade 2D 1353 Copenhagen K, Denmark, e-mail: [email protected], http://www.ku.dk/ 3 Corresponding author: Marli Bergesch, e-mail: [email protected] BERGESCH, M., ODEBRECHT, C. & MOESTRUP, Ø. 2008. Loricate Choanoflagellates from the South Atlantic coastal zone (~32 °S) including the description of Diplotheca tricyclica sp. nov. Biota Neotrop. 8(4): http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?article+bn02208042008. Abstract: The biodiversity of marine heterotrophic protists is poorly known in the South Atlantic coastal zone (~32 °S) especially regarding the nanoflagellates. The presence of loricate choanoflagellates was reported for the first time in the Patos Lagoon estuary and the adjacent coastal zone. Seventeen species of eleven genera of loricate choanoflagellates were observed between October 1998 and May 2000 in fixed water samples (lugol’s solution + glutaraldehyde) in a JEM 100-SX transmission electron microscope. Most species were recorded in euhaline and mixopolyhaline waters during the spring and summer, none in autumn and a few (four) in winter. The absence of choanoflagellates at the more sheltered inshore stations is due freshwater influence, and at the beach station, probably due the strong wave action. The probably cosmopolitan species Pleurasiga minima, Cosmoeca norvegica, C. ventricosa and Parvicorbicula circularis were present in spring or summer in the estuary channel and coastal area while Stephanoeca diplocostata which apparently prefers lower temperature, was recorded in winter. Calotheca alata and Campyloacantha spinifera are mainly temperate species and were present in spring. The new species Diplotheca tricyclica was recorded at the estuary channel in the summer 1999, in high salinity water. Keywords: nanoflagellates, taxonomy, heterotrophic protists, south Brazil. BERGESCH, M., ODEBRECHT, C. & MOESTRUP, Ø. 2008. Choanoflagelados Loricados da zona costeira do Atlântico Sul (~32 °S) incluindo a descrição de Diplotheca tricyclica sp. nov. Biota Neotrop. 8(4): http:// www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn02208042008. Resumo: A biodiversidade de protistas heterotróficos é pouco conhecida na zona costeira do Atlântico Sul (~32 °S), especialmente dos nanoflagelados. No presente estudo, foi registrada pela primeira vez a presença de coanoflagelados loricados no estuário da Lagoa dos Patos e na zona costeira adjacente. Dezessete espécies de onze gêneros de coanoflagelados loricados foram observadas em amostras de água fixadas (solução de lugol + glutaraldeido) coletadas entre outubro de 1998 e maio de 2000, e analisadas em microscópio de transmissão JEM 100-SX. A maior parte das espécies foi registrada em águas euhalinas e mixopolihalinas durante a primavera e o verão, nenhuma no outono e poucas (quatro) no inverno. A ausência de coanoflagelados nas estações mais protegidas deve-se a influência da água doce, e na estação da praia deve-se, provavelmente, a forte ação das ondas. As espécies, provavelmente cosmopolitas, Pleurasiga minima, Cosmoeca norvegica, C. ventricosa and Parvicorbicula circularis ocorreram na primavera ou no verão no canal principal do estuário e na área costeira, enquanto Stephanoeca diplocostata, que aparentemente prefere baixas temperaturas, foi registrada no inverno. Calotheca alata e Campyloacantha spinifera são principalmente de ambientes temperados e estiveram presentes na primavera. Uma espécie nova, Diplotheca tricyclica, foi registrada na área do canal principal do estuário, no verão de 1999, em águas de alta salinidade. Palavras-chave: nanoflagelados, taxonomia, protistas heterotróficos, sul do Brasil. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?article+bn02208042008 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 112 Bergesch, M. et al. Materials and Methods 1. Study area The Patos Lagoon in southern Brazil (Figure 1) is the world’s largest choked lagoon with a surface of 10,227 km2 (Asmus 1997). Choked lagoons are characterized by their high surface area and narrow mouth communicating with coastal waters. The estuary proper in the south comprises 10% of the lagoon area and presents highly variable hydrographic characteristics, due to short-term, seasonal and long-term fluctuations. Under El Niño events in the Pacific Ocean, http://www.biotaneotropica.org.br to s La go Brazil Pa The choanoflagellates are important nanoplankters in the cycling of matter through the microbial loop, as grazers of heterotrophic bacteria and autotrophic picoplankton (Thomsen et al. 1990, Arndt et al. 2000). As consumers, they ingest marine particulate organic carbon and thus make it available to higher levels of the food web. The loricate choanoflagellates (Family Acanthoecidae) are a relatively well circumscribed group of heterotrophic, filter-feeding protists found exclusively in marine and brackish habitats, comprising planktonic or attached unicellular and colony-forming species (Thomsen et al. 1991, Thomsen & Buck 1991). The species all possess a single flagellum whose movement is responsible for creating a water current that brings food particles towards the front end of the cell. The flagellaum is surrounded by a collar of tentacles which serves as a filter for food particles. The taxonomy of the Acanthoecidae is to a large extent based on the unique lorica, constructed from silicified rod-like units. The numerical and dimensional aspects of external coverings, the type of connections between costal strips, costal strip morphology, and the position of the protoplast in the lorica, are the main characteristics for species identification (Leadbeater 1981). Collar and protoplast morphology are additional important characteristics. The knowledge of choanoflagellate diversity is important to understand their role in the microbial food web, and the group is well circumscribed taxonomically in many parts of the world, more so than any other group of bacteriovores in the marine ecosystems (Thomsen et al. 1991). Most studies on choanoflagellates have been conducted in the Northern Hemisphere (Thomsen et al. 1991, 1995): the North Atlantic (Leadbeater 1972a, Throndsen 1974), the Indian Ocean (Andaman Sea) and Indo-Pacific (Thomsen & Boonruag 1983a, Thomsen & Boonruag 1983b, Thomsen & Moestrup 1983, Thomsen & Boonruag 1984). In the Southern Hemisphere, a striking similarity with the choanoflagellates of the North Atlantic was reported for New Zealand waters (Moestrup 1979, Thomsen & Moestrup 1983). In Antarctic waters the group comprised 10-40% of the total number of living marine nanoplankton (for a review, see Thomsen et al. 1997). In contrast, there is lack of information on choanoflagellate presence, abundance and biodiversity in the Southwest Atlantic. Their small size, slow sinking rate and delicate lorica structure render these forms easy to overlook during routine observations on preserved material (Throndsen 1997). In southern Brazilian waters, the size structure and composition of phytoplankton have been documented by several authors (Odebrecht & Abreu 1997, Odebrecht & Garcia 1997, Bergesch & Odebrecht 2001, Bergesch et al. 2008) but characterization of the heterotrophic community is still lacking. Here we present detailed information on loricate choanoflagellate species composition and distribution in the South Brazilian coastal waters, and the description of one new species of the genus Diplotheca (Thomsen & Buck 1991). Selected electron microscope micrographs are included. on Introduction Atlantic Ocean 31.7 1 2 Patos Lagoon 31.9 3 S.J.Norte 32.1 de ran oG i R 4 Atlantic Ocean 5 6 7 8 32.3 9 52.2 52.0 51.8 Figure 1. Map of Brazilian coastline showing the sampling stations. Figura 1. Mapa da área de estudo com os locais de coleta. freshwater discharge exceeds mean values in southern Brazil, and the opposite is observed during La Niña phenomena (Berlato & Fontana 2003). The second key factor is wind forcing with SE/SW wind pushing seawater into the estuary during low fluvial discharge, while NE wind favors fluvial discharge and causes salinity decrease in the lower lagoon. Periods of strong freshwater discharge with seawater intrusion induced by southerly winds cause vertical stratification and the formation of a saline wedge (Garcia 1997). Thermohaline conditions of the adjacent continental shelf are influenced by the freshwater outflow from the Patos Lagoon and La Plata River, and by tropical and subantarctic waters during summer and winter, respectively. Tropical waters transported by the Brazilian Current are the main outer shelf and slope waters, while on shelf diluted waters of subtropical and subantarctic origin prevail in winter and summer, respectively (Ciotti et al. 1995, Piola et al. 2000, Soares & Möller Jr. 2001). 2. Sampling Surface water samples were taken monthly between October 1998 and May 2000 at six stations (Figure 1, Table 1), (a) four stations (1-4) in the Patos Lagoon estuary (Lagoon, Laranjal, Mendanha, Museum), (b) one station (5) near its mouth in the main channel, (c) one station (6) at Cassino Beach, and (d) twice (February and October 2000) at standard depths (Niskin bottle, 5 L) at three stations (7-9) along a http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?article+bn02208042008 113 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Loricate Choanoflagellates from the South Atlantic Table 1. Geographic location of sampling stations. Tabela 1. Localização geográfica das estações de amostragem. Station (1) Lagoon (2) Laranjal (3) Mendanha (4) Museum (5) Main Channel (6) Cassino Beach (7) Coastal Shelf St.1 (8) Coastal Shelf St.2 (9) Coastal Shelf St.3 Mean Max Mín. Mean Max Mín. Mean Max Mín. Mean Max Mín. Mean Max Mín. Mean Max Mín. Mean Max Mín. Mean Max Mín. Mean Max Mín. Temperature 20.2 27.8 13.9 20.3 27.9 14.0 19.7 27.6 13.1 19.8 28.0 11.0 20.2 28.0 12.0 20.2 26.0 12.0 23.0 23.3 22.2 22.7 23.7 18.0 23.0 23.3 22.2 transect on the adjacent coastal shelf (Figure 1). Water temperature (using a thermometer in shallow waters and a CTD Sea Bird on the continental shelf) and salinity (Yellow Spring 33 SCT or CTD Sea Bird) were measured at each station. In the laboratory, one liter of water was prefiltered (20 µm) to remove larger particles, and the samples were fixed in brown glass flasks by addition of 10 mL of acidic Lugol’s solution and 10 mL of 25% glutaraldehyde (Mikroskopie MERCK, 25%) (final concentration 1% Lugol; 0.25% glutaraldehyde) following Jensen (1998). The fixed samples were left undisturbed to settle in cool and dark conditions for at least two days before removal of the supernatant. The concentrated sample was transferred to 60 mL brown flasks and stored in the dark, under refrigeration (4 °C). It was gently mixed, one drop transferred to the grids and left to dry, following the usual whole mount preparation of grids for TEM (Moestrup & Thomsen 1980). The grids were shadowcast with chromium at an angle of 20-30º using an Edwards E12E vacuum evaporator. One to three grids per sample were examined in a JEM 100-SX transmission electron microscope (TEM). Loricate choanoflagellates were identified in 21 samples, but broken or incomplete loricas were present in several others of the 198 analyzed samples (Bergesch et al. 2008). For the new species of Diplotheca, light microscope whole mounts were prepared on coverslips using the upside-down dryhttp://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?article+bn02208042008 Salinity 3.0 7.0 0.0 6.0 21.3 0.0 12.6 31.5 0.0 18.8 34.0 0.0 22.5 35.0 1.0 31.5 35.7 26.0 35.6 35.6 35.5 35.8 35.9 35.7 35.6 35.6 35.5 Latitude Longitude 31º 41’ 00’’ S 51º 53’ 30’’ W 31º 43’ 00’’ S 52º 03’ 00’’ W 31º 56’ 30’’ S 52º 05’ 00’’ W 32º 01’ 521’’S 52º 06’ 358’’ W 32º 15’ 00’’ S 52º 06’ 358’’ W 32º 12’ 00’’ S 52º 10’ 00’’ W 33º 28’ 69’’ S 51º 39’ 86’’ W 33º 07’ 940’’ S 51º 04’ 024’’ W 32º 15’ 00’’ S 52º 03’ 00’’ W mounting technique, which enables the use of immersion oil lenses (Thomsen & Moestrup 1983). The silicified costae of loricate choanoflagellates are readily visible in this type of preparation which usually allows for species identification. Results Sixteen species of choanoflagellates were identified, and one new species was described. The local distribution of species is summarized in Table 2. In addition, the material comprised some incomplete loricae, which could not be identified. The organisms size could usually but not always be measured because some lorica were incomplete or partially broken. Diplotheca tricyclica. Bergesch et Moestrup, sp. nov. (Figures 2‑11). 1. Diagnosis Cell solitary (Figure 2). The lorica is barrel-shaped, ca. 26 µm long and 13 µm in its widest part, composed of two chambers, one anterior and the other posterior, with a pedicel (Figures 2-4). The protoplast is located in the posterior chamber. The flagellum and collar tentacles protrude into the anterior chamber, which is about twice as long as the posterior chamber. The anterior chamber consists of nineteen longitudinal and two transverse costae. One series of costal http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 114 Bergesch, M. et al. Table 2. Choanoflagellate species observed in southern Brazilian coastal waters and respective station and season (W = Winter, Sp = Spring, Su = Summer, Au = Autumn). Tabela 2. Espécies de coanoflagelados observadas nas águas costeiras do sul do Brasil com a respectiva estação de coleta e estação do ano (Inverno, Primavera, Verão, Outono). Species Acanthocorbis sp. Calotheca alata Campyloacantha spinifera Cosmoeca norvegica C. subulata C. aff. ventricosa Diplotheca tricyclica Parvicorbicula circularis Pleurasiga minima Polyfibula elatensis Stephanacantha dichotoma Stephanoeca apheles S. cupula S. diplocostata S. urnula Stephanoeca sp. Syndetophyllum pulchellum Lagoon ● (Wi) - Laranjal - Mendanha ● (Wi, Sp) ● (Su) ● (Sp) ● (Sp) ● (Sp) - strips forms the anterior ring, and another is located in the midregion of the anterior chamber. The posterior chamber is separated from the anterior by transverse costae converging at the posterior end. The structure of the posterior chamber is difficult to see because of the tightly appressed costae and the presence of the protoplast. The longitudinal costal strips are of three types (Figures 5a-c). The anterior sets of longitudinal costal strips are also enlarged and an inflated proximal tip bears a small spine (Figure 5a). The second longitudinal costal strips are heteropolar and spatulate (7.3 x 1.3 µm), one extremity rod- shaped with enlarged ends, and the other broad and flattened with a thickened midrib and an elaborate pattern of perforations on both sides (Figure 5b). The posterior lorica chamber probably has a third type of costal strip, a broad and flattened heteropolar strip with a thick midrib approximately 7, 5 µm long (Figure 5c). The apical transverse costal strips (the anterior ring) have slightly enlarged ends (7.2 x 0.5 µm, Figure 5d). The pedicel is composed of four costal strips (5.8 x 0.5 µm) that comprise the fourth type of strip (Figure 5e). The complete cell (Figure 2) shows at the second transverse costae (anterior chamber) an accumulation of costal strips which are morphologically similar to those of the posterior chamber (third type), produced in preparation for the next division of the cell. The waist has also an accumulation of thicker strips with a convex side, as seen also in the posterior chamber of Diplotheca costata (Jackson & Leadbeater 1991). The sample containing D. tricyclica was collected in the main channel of the mouth of Patos Lagoon, in March 1999, when water temperature and salinity were 24 °C and 33.5, respectively. We found seven cells in LM dry mounts (Figure 6-11), but these did not contribute towards understanding the lorica details. The electron microscope preparations included an almost complete cell and part of the posterior chamber. This genus shows a high number of costal strip types in contrast to most choanoflagellates where the costal strips are morphologically uniform (Jackson & Leadbeater 1991). Number of organisms observed in the TEM: two. http://www.biotaneotropica.org.br Station Museu - Channel ● (Sp) ● (Sp) ● (Su) ● (Su) ● (Wi) ● (Wi) - Beach - Cont. Shelf ● (Sp) ● (Sp) ● (Sp) ● (Sp) ● (Su) ● (Su- Sp) ● (Su) ● (Su) 2. Holotype Figure 2. The sample has been deposited in the Federal University of Rio Grande Herbarium (HURG) under number HURG-11032. 3. Etymology Tricyclic: three rings, referring to the presence of three transverse costal rings. 4. Additional observations and comments The cell observed in Figure 2 shows at the second transverse costae (in the middle of the anterior chamber) an accumulation of costal strips morphologically similar to those of the posterior chamber (third type). The presence of these strips is related to the following cell division process. The waist has also an accumulation of thicker strips with a convex side. They differ from those present in a similar position in the posterior chamber of Diplotheca costata (Jackson & Leadbeater 1991). 5. Comparison with D. costata Diplotheca tricyclica differs from D. costata in (1) the presence of three rather than two transverse costal rings, (2) the presence of a pedicel, (3) the morphology of the costal strips in the third transverse ring (crescentic, rod-shaped in D. costata, wider and flattened in D. tricyclica). We include the new species in the genus Diplotheca because of the similarity in the longitudinal costal strips of the anterior chamber. The costal strips of the posterior chamber are also rather similar. In both species of Diplotheca, 2-3 longitudinal costal strips insert on each strip of the anterior costal ring, the anterior tips of the strips being slightly spatulate. 1. Acanthocorbis sp. (Hara et Takahashi 1984) (Figure 12) The lorica is 13,9 to 15,2 μm long with the posterior conical end composed of a high number of longitudinal costal strips (fourteen?). The anterior part is basket shaped and composed by http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?article+bn02208042008 115 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Loricate Choanoflagellates from the South Atlantic 3 2 4 m 5a 5b 5d 5e 4 4 m 4 m 5c 4 m 6 7 4 m 4 m 4 m 9 10 11 4 m 4 m 4 m Figures 2-11. Diplotheca tricyclica. 2-5) TEM. 6-11) LM (x1000). 2) Complete lorica. 3) Anterior chamber detail. 4) Schematic drawing of the complete lorica. 5 a-e) The costal strips: a) first longitudinal set of the anterior chamber; b) second longitudinal set of the anterior chamber; c) longitudinal set of the posterior chamber; d) transversal set of the anterior chamber; and e) pedicel. 6-11) cells in dry mounts. Figuras 2-11. Diplotheca tricyclica. 2-5) MET. 6-11. MO (x1000). 2) Lorica completa. 3) Detalhe da câmara anterior. 4) Desenho esquemático da lorica completa. 5 a-e) Peças costais: a) primeiro conjunto longitudinal da câmara anterior; b) segundo conjunto longitudinal da câmara anterior; c) conjunto longitudinal da câmara posterior; d) conjunto transversal da câmara anterior; e e) pedicelo. 6-11) células em “dry mounts”. sixteen (?) longitudinal costal strips. Between the anterior and posterior parts there is a transverse set of loosely costal strips. Incomplete organisms were observed in August (13 °C; salinity 28) and December 1999 (23 °C; salinity 14) at the station Mendanha. Number of organisms observed in the TEM: three. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?article+bn02208042008 2. Calotheca alata Thomsen et Moestrup 1983 (Figure 13) The lorica is ca. 12 µm long. Although it was not possible to count the number of coastal strips in the posterior chamber, cellular characteristics of the anterior lorica containing six longitudinal costae, individual costal strips 6 µm long and 1.5 µm http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 116 Bergesch, M. et al. wide, and costal strips of the anterior transverse ring 4.4 µm long and 1.3 µm wide, are all characteristic of C. alata. Found in December 1999 and October 2000, respectively, in the estuary main channel (22 °C; salinity 19) and on the continental shelf (13 °C; salinity 22). Number of organisms observed in the TEM: two. 3. Campylocantha spinifera (Leadbeater 1973) Hara et Takahashi 1987 (Figure 14) (Syn. Parvicorbicula spinifera Leadbeater 1973) In this species the anterior projections fuse into a transverse costal ring, forming L-shaped structures; in our material only part of this structure was left. Found in October 2000 at the continental shelf (13 °C; salinity 32). Number of organisms observed in the TEM: one. 4. Cosmoeca norvegica Thomsen 1984 (Figure 15) The cup-shaped lorica is composed by ten longitudinal and three transverse costae. The two anterior transverse costae have a spacing of approximately one costal strip (4 µm). Interconnections between longitudinal costal strips as well as those in the anterior and middle transverse costae are end-to-end joints. Found in October 2000, at the continental shelf (13 °C; salinity 32). Number of organisms observed in the TEM: one. 5. Cosmoeca subulata Thomsen in Thomsen and Boonruang 1984 (Figure 16) Lorica funnel-shaped ca. 12,9 μm long, composed of two transverse costal rings, overlaid externally by ten longitudinal costae with a reduction of costae number below the posterior transverse costae. The incomplete lorica makes it difficult to count the number of longitudinal costae. The anterior longitudinal costae, project shortly (less than one half) above the anterior transverse costal ring, which attaches at the joints between neighboring strips. Cosmoeca subulata closely resembles C. ceratophora, the main differences being the position and size of the posterior transverse costal rings: in C. subulata the rings are composed of six–seven costal strips, located at the level of the joints between the second and the third longitudinal costal strip, whereas in C. ceratophora the posterior transverse costal rings comprises only four costal strips and crosses at the joints between the third and the fourth longitudinal costal strips. Found in October 2000 (12° C; salinity 34). Number of organisms observed in the TEM: one. 6. Cosmoeca aff. ventricosa Thomsen and Boonruang 1984 (Figure 17). Lorica barrel-shaped, composed of twelve (?) longitudinal costae and three transverse rings. The two anterior costal rings are located in the anterior part of the lorica chamber, at the level of the joints between the second and the third longitudinal costal strip. The third transverse costal strip was not visible. The costal strips are shaped as narrow rods, and strips from the transverse and longitudinal costae are of the same length. Transverse costae are more heavily silicified and furnished with a slightly enlarged tip, which attaches the longitudinal costae. The lorica of this organism is similar to Cosmoeca ventricosa, but smaller (ca. 12,8 μm long), compared to 23-32 μm; and the comparison with C. ventricosa forms A, B, C and D was impaired as only one organism with an incomplete lorica was found in December 1999 at the estuary main channel (22 °C; salinity 19) (Thomsen & Boonruang 1984, Thomsen et al. 1990). Number of organisms observed in the TEM: one. 7. Pleurasiga minima Throndsen 1970 (Figure 18) The cell is ca. 7 µm long, has a long flagellum and amphorashaped lorica, eight (?) longitudinal costae and two equally wide, http://www.biotaneotropica.org.br circular transverse costal rings. The longitudinal costae join the transverse costae in their middle part. This species was observed in continental shelf samples in February 2000 at the surface (24 °C; salinity 36) and 75 m depth (18 °C; salinity 36), and in October 2000 at the surface (14 °C; salinity 32), and at 20 and 30 m depth (13 °C; salinity 32). Number of organisms observed in the TEM: seven. 8. Parvicorbicula circularis Thomsen 1976 (Figure 19) The cell is ca. 6 µm long and approximately 2 µm wide. The flagellum is ca. 15 µm long, and surrounded by a collar of tentacles measuring ca. 2.5 µm in length. Four longitudinal costae extend from the anterior costal ring to the antapex of the lorica. Only two of three costal strips could be observed in each longitudinal costa, probably due the cell observed being seen from the antapical side. Found in February 2000 at the continental shelf, 20 m depth (24 °C; salinity 35.7). Number of organisms observed in the TEM: one. 9. Polyfibula elatensis Manton (Manton et Bremer, 1981) (Figure 20) (Syn. Pleurasiga sphyrelata subsp. elatensis Thomsen 1978) Lorica ca. 19,3 μm long, has nine (?) longitudinal and three transverse costae. Longitudinal costae form a fringe projecting at the anterior end, each strip projecting for approximately half its length. The stipitate posterior end which characterizes this species was not observed. The number of longitudinal costal strips is higher than the seven- eight described by Manton and Bremer (1981). Found at the estuary main channel (23 °C; salinity 33). Number of organisms observed in the TEM: one. 10. Stephanacantha dichotoma Thomsen et Boonruang, 1983 (Figure 21). Lorica is ca. 13 µm long, composed of three different costal strips. The anterior transverse ring is composed of strips each measuring ca. 3.8 µm in length, with an upright spine at one end. Three longitudinal costal strips attach to the centre of each transverse costal strip. The longitudinal costal strips converge at the posterior end, joining with a flattened, ca. 3 µm long pedicel. Some parts of the lorica were not clear enough to allow for counting and measuring of the different types of costal strips. Found in February 2000 at the continental shelf, 50 m depth (24 °C; salinity 36). Number of organisms observed in the TEM: one. 11. Stephanoeca sp. Ellis 1930 (Figure 22). The cell observed is ca. 3 µm long, 2 µm wide and the flagellum 8 µm long. The lorica is approximately 13 µm long, and composed by eight (?) longitudinal costae, each formed of four (?) costal ribs. The anterior transverse costae encircle the lorica aperture, and the connection between transverse and longitudinal costae are of the T type. The second transverse costal ring is located at the widest part of the lorica, crossing the middle part of the second longitudinal strip (counting from the lorica opening). The costal ribs of the first and second transverse costa ring overlap about one third of their length. Found in December 1999 at station Mendanha (23 °C; salinity 14). Number of organisms observed in the TEM: one. 12. Stephanoeca apheles Thomsen et al. 1991 (Figure 23) Lorica ca. 14,1 μm long with anterior and posterior chamber separated by a waist-like constriction; the latter is smaller and contains the cell. The anterior chamber is expanded and contains the flagellum and collar. The lorica is composed of sixteen longitudinal costae, each costa composed of three costal strips, and http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?article+bn02208042008 117 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Loricate Choanoflagellates from the South Atlantic 12 13 4 Mm 4 Mm 14 15 4 Mm 16 4 Mm 19 18 4 Mm 17 4 Mm 4 Mm 4 Mm Figures 12-19. TEM 12) Acanthocorbis sp x2860. 13) Calotheca alata x3800. 14) Campyloacantha spinifera see L-shaped structures on the left side x4000. 15) Cosmoeca norvegica x2400. 16) C. subulata x2500. 17) C. aff. ventricosa x3000. 18) Pleurasiga minima x2500. 19) Parvicorbicula circularis x3600. Figuras 12-19. MET 12) Acanthocorbis sp x2860. 13) Calotheca alata x3800. 14) Campyloacantha spinifera, observe as estruturas em forma de “L” no lado esquerdo x4000. 15) Cosmoeca norvegica x2400. 16) C. subulata x2500. 17) C. aff. ventricosa x3000. 18) Pleurasiga minima x2500. 19) Parvicorbicula circularis x3600. two transverse costal rings. Found in July and December 1999 at the estuary main channel (14 °C; salinity 8) and station Mendanha (26 °C; salinity 32), respectively. Number of organisms observed in the TEM: three. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?article+bn02208042008 13. Stephanoeca cupula (Leadbeater 1972) Thomsen 1988 (Figure 24) (Pleurasiga cupula Ledbeater 1972) The lorica consists of two chambers separated by a waist. The posterior chamber contains the protoplast, while the flagellum http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 118 Bergesch, M. et al. and the collar are located in the anterior chamber. The anterior chamber is lined by eight longitudinal costae (each composed of three costal strips), which cross at approximately right angles to the (at least) three transverse costal rings. The apical transverse costa is located at the anterior opening and the others at the junctions between longitudinal costae. The space between the third transverse costa and the waist may be partially filled with additional transverse strips. The two anterior transverse costal rings are located externally to the longitudinal costae, and the third is overlaid externally by longitudinal costae. The interconnections between anterior longitudinal and transverse costal strips are three-point joints. The tip of each longitudinal costal strip attaches to a transverse costal strip approximately midway along its length, and there is considerable overlapping between transverse costal strips. The posterior chamber is formed by converging longitudinal costal strips and several transverse costal strips, some of which are spiraled. Found in December 1999 at station Mendanha (23 °C; salinity 23). Number of organisms observed in the TEM: one. 14. Stephanoeca diplocostata Elis 1930 Ledbeater 1972 (Figure 25). The lorica ca. 13,8 μm long and ca. 9 μm wide the anterior chamber. This species has a high number of longitudinal (fifteen) and transverse costae (seven). The posterior chamber is encircled by four transverse and the anterior chamber by three costae. The high number of costal strips gives the lorica a complex architecture, making counting of the costae difficult. Leadbeater (1972a) states that although the species appears somewhat disorganized in whole mounts, its general appearance, the distinction between anterior and posterior lorica chambers, the presence of thirteen to fifteen longitudinal costae inwardly curved at their anterior end, and the possession of a high number of transverse costae, are diagnostic features. Found in July 1999 at the estuary main channel (13.5 °C; salinity 32). Number of organisms observed in the TEM: one. 15. Stephanoeca urnula Thomsen 1973 (Figure 26) The lorica ca. 10,5 μm long, consists of one small posterior and one large anterior chamber. The anterior chamber is of a highly complicated construction, with sixteen longitudinal costae, attached to the costal curved strips forming the proximal part of the lorica. Four transverse costal rings encircle the lorica at its maximum diameter. The transition region between the anterior and posterior chambers seems to have few transverse costae, making it difficult to count the number of oblique oriented costal strips (more than twenty). Found at stations Lagoa (July; 14 °C; salinity 14) and Mendanha (December 1999; 23 °C; salinity 14). Number of organisms observed in the TEM: two. 16. Syndetophyllum pulchellum Thomsen et Moestrup 1983 (Figure 27). Cell ca. 3,6 μm long and 1,8 μm wide. The description of costal organization was impossible, as only one type of costae with broad strips, and heavily silicified midribs characteristic for this species, were observed. Found in February 2000 at surface water of the continental shelf (23 °C; salinity 36). Number of organisms observed in the TEM: one. Discussion The nanoflagellates are abundant in the estuarine and coastal areas of southern Brazil (Odebrecht & Abreu 1997, Odebrecht & Garcia 1997, Bergesch & Odebrecht 2001), and comprise several taxonomic http://www.biotaneotropica.org.br groups including haptophytes, prasinophytes, chrysophytes and pedinellids (Bergesch et al. 2008). The present article is the first report of loricate choanoflagellates in the area. Choanoflagellates were recorded in mixopolyhaline and euhaline waters during the spring and summer both at the continental shelf, in the Patos Lagoon estuary main channel and at the Mendanha embayment; a few were recorded in the winter. During summer, mixopolyhaline and euhaline waters are frequent in the estuary as a result of reduced continental freshwater discharge and the action of southerly winds forcing the coastal water through the main channel to reach the inner lagoon (Möller Jr. et al. 1996, Odebrecht et al. 2005). During summer, the coastal shelf is influenced by tropical water from the Brazil Current, with warm temperature (>20 °C), reduced nutrients and suspended matter, while in spring it is influenced by nutrient-rich cold water flowing northwards (Ciotii et al. 1995), and phytoplankton diatom blooms are then commonly observed in the Patos Lagoon estuary (Odebrecht & Abreu 1997). These conditions also seem to be favourable for the growth of choanoflagellates. In contrast, we did not observe choanoflagellates at the inshore stations Lagoon, Laranjal and Museum, and at Cassino Beach. Lagoon and Laranjal are mostly oligohaline to limnic (Bergesch 2003, Odebrecht et al. 2005). As members of the Acanthoecidae are exclusively marine and brackish organisms (Thomsen & Buck 1991), the absence in these stations can be explained by unfavorable low salinity water. The station Museum, although closer to the main channel, is located in the western area of the estuary where the marine influence is generally less than in the eastern side. This is reflected in zooplankton species distribution, which is significantly different in the eastern and western sides of the estuary depending on the marine influence (Montu et al. 1997). Also, the freshwater non-loricate colonial choanoflagellate Kentrosiga sp. was previously recorded in the Museum station, as an important picoplankton consumer (Hickenbick 2002). The absence of choanoflagellates at the beach station can be related to the high energy and turbulence from the action of waves in the surf-zone, probably destroying or dispersing the delicate cells. Most choanoflagellates found in our study present geographic distribution (Table 3). Pleurasiga minima is the most frequently reported species, occurring from the extreme environments in the Arctic and Antarctic to tropical waters. In our study it was found in spring and summer, in surface and deeper waters (30-75 m) of the continental shelf. Cosmoeca norvegica, C. ventricosa, Parvicorbicula circularis have been reported in many parts of the world and can also be expected to have a cosmopolitan distribution; they were present in spring or summer in the southern Brazilian coastal areas. Polyfibula elatensis observed by us in summer (23 °C) has been reported from climatic extremes, the North Alaska and Galapagos Islands. Manton & Bremer (1981) suggested that it temporarily enters the Arctic Sea via Bering Strait, but it generally prefers warm water, as the presence in the Red Sea initially suggested. In contrast, Stephanoeca diplocostata apparently prefers lower temperature as it is mainly reported at high latitudes like Greenland, Norway and the Antarctic (Thomsen 1982, Leadbeater 1972a, Marchant 2005); at lower latitude (36 °N, California; Thomsen et al. 1991) the temperature was low when it occurred (13 °C). In this study it was observed in the estuary main channel in winter (13.5 °C). Other species like Calotheca alata and Campyloacantha spinifera are largely temperate (Thomsen et al. 1991) and were observed in spring (13-22 °C). The new species Diplotheca tricyclica of the previous monotypic genus Diplotheca was observed in polyhaline waters at the estuary main channel in the summer 1999 (salinity 33.5; 24 °C). At this time, the phytoplankton was composed mainly of marine diatoms reinforcing the importance of the advection of marine water for the local distribution of choanoflagellates in the lagoon. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?article+bn02208042008 119 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Loricate Choanoflagellates from the South Atlantic 21 20 4 Mm 22 4 Mm 4 Mm 23 4 Mm 24 4 Mm 26 25 4 Mm 4 Mm 27 4 Mm Figures 20- 27. TEM 20) Polyfibula elatensis x2100. 21) Stephanacanta dichotoma x4000. 22) Stephanoeca sp. x2500. 23) S. apheles x4600. 24) S. cupula x4600. 25) S. diplocostata x1900. 26) S. urnula x3900. 27) Syndetophhyllum pulchellum x6000. Figuras 20- 27. MET 20) Polyfibula elatensis x2100. 21) Stephanacanta dichotoma x4000. 22) Stephanoeca sp. x2500. 23) S. apheles x4600. 24) S. cupula x4600. 25) S. diplocostata x1900. 26) S. urnula x3900. 27) Syndetophhyllum pulchellum x6000. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?article+bn02208042008 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 120 Bergesch, M. et al. Table 3. Geographic distribution of choanoflagellate species reported in the southern Brazilian coastal waters. - 14 - - 14 - 12 - - 5 25 - 20 20 20 16 - 2 2 - 16 16 11 - 19 19 - 9 - 16 16 16 - 2 - 5 - - 25 25 25 22 20, 14 - 10 - 19 - - - - - 5 25 - - - - - 2, 23, 24 - - 7 - 19 - 7 - - 8, 18 8, 18 1, 8, 18 1, 8, 18 - Polyfibula elatensis Stephanacantha dichotoma Stephanoeca apheles S. cupula S. diplocostata S. urnula Stephanoeca sp. Syndetophyllum pulchellum 15 7 - - - 25 15 - - 20 13, 20 - - 3, 21 - 17 10 - - 19 19 - - 8 - 8, 20 9, 14 14 12 6 5 - - - - - Thailand Galapagos Finland Egipt Adriátic 19 Sargasso Sea Mediterraneum - Red Sea - Antarctica - New Zealand - USA-California - Norway Alaska Acanthocorbis sp. Calotheca alata Campyloacantha spinifera Cosmoeca norvegica C. subulata C. aff. ventricosa Diplotheca tricyclica Parvicorbicula circularis Pleurasiga minima Greenland - Artic Denmark Species Equatorial Pacific Tabela 3. Distribuição geográfica das espécies de coanoflagelados registradas nas águas costeiras do sul do Brasil. - 16 16 - - 16*1 - References: 1) Buck& Garrison (1983); 2) Espeland & Throndsen (1986); 3) Leadbeater (1972a); 4) Leadbeater (1972b); 5) Leadbeater (1973); 6) Leadbeater, (1974); 7) Thomsen, 1978 in Manton & Bremer (1981); 8) Marchant (2005); 9) Moestrup (1979); 10) Thomsen. (1973); 11) Thomsen (1976); 12) Thomsen, 1978 in Espeland & Throndsen (1986); 13) Thomsen (1982); 14) Thomsen & Moestrup (1983); 15) Thomsen & Boonruang (1983b); 16) Thomsen, &. Boonruang, (1984); 17) Thomsen (1988); 18) Thomsen et al. (1990); 19) Thomsen et al. (1991); 20) Thomsen et al. (1995); 21) Thomsen et al. (1997); 22- 23) Throndsen (1970); 24) Throndsen (1974); 25) Vørs et al. (1995). *1 Thomsen & Pedersen unpublished in Thomsen & Boonruang (1984). It is worthwhile noting that loricate choanoflagellates were not observed during phytoplankton counting with the inverted microscope (magnification 400x) in lugol-fixed samples taken as duplicates samples of the present study (Bergesch 2003). The main difficulties are probably related to their delicate lorica structure and low sinking rate, which render these forms easy to overlook during routine observations of preserved material (Throndsen 1997). In contrast, Thomsen & Larsen (1992) mention that collar flagellates were easily observed in settled water samples from the Antarctic examined under the inverted microscope and on filters prepared for epifluorescence microscopy. The relatively high amount of detritus in the estuarine and coastal waters certainly hampered their detection in our samples, but the kind of fixative also plays a role. Better results are obtained using glutaraldehyde solely (Leakey et al. 2002) or glutaraldehyde combined with Lugol’s solution (Jensen 1998), the last as the most adequate for preserving the cell appendages. Thomsen (1982) mentions that the most relevant method to study choanoflagellates is in dry mounts. To roughly estimate the number of choanoflagellates in samples, Thomsen & Larsen (1992) suggest to use phase or Nomarski optics and “air-mounted” whole cell preparations, and to calibrate the technique with epifluorescence microscopy. http://www.biotaneotropica.org.br Thus, the abundance of choanoflagellates should be estimated using the light microscope whole dry mounts technique combined with epifluorescence microscopy in order to assess their contribution to the microbial loop in the southern Brazilian coastal waters. Acknowledgements We would like to thank the crew and Valnei Rodrigues for technical assistance during field work, Lisbeth Haukrogh and Dr. Helge Thomsen for the valuable help during EM preparation and choanoflagellates identification. The study was funded by the Brazilian Science Foundation CNPq (Long Term Ecological Research Program, and CO research fellowship), the Coordination and Planning Secretary of the State of Rio Grande do Sul (Mar de Dentro project) and by the Brazilian Ministry of Education CAPES/FURG/Graduate Program in Biological Oceanography, funding MB at Copenhagen University in a “sandwich” PhD program. References ARNDT, H., DIETRICH, D., AUER, B., CLEVEN, E., GRÄFENHAN, T., WEITERE, M. & MYLNIKOV, A.P. 2000. Functional diversity of http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?article+bn02208042008 121 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Loricate Choanoflagellates from the South Atlantic heterotrophic flagellates in aquatic ecosystems. 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(Dicksoniaceae), em floresta ombrófila mista no sul do Brasil Luciane Lubisco Fraga1, Luciano Basso da Silva1 & Jairo Lizandro Schmitt1,2 Programa de Pós-Graduação em Qualidade Ambiental, Laboratório de Botânica, Centro Universitário FEEVALE, RS 239, CP 2755, CEP 93352-000, Novo Hamburgo, RS, Brasil 2 Autor para correspondência: Jairo Lizandro Schmitt, e-mail: [email protected], www.feevale.br 1 FRAGA, L.L., DA SILVA, L.B. & SCHMITT, J.L. Composition and vertical distribution of epiphytic pteridophytes on Dicksonia sellowiana Hook. (Dicksoniaceae), in mixed ombrophylous forest in Southern Brazil. Biota Neotrop., 8(4): http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?article+bn03008042008 Abstract: Dicksonia sellowiana Hook., a tree fern species, is illegally extracted from the Mixed Ombrophylous Forest of southern Brazil, what changes the vegetation structure and reduces the availability of micro-habitats for epiphytic species. The composition and the vertical distribution of epiphytic pteridophytes were studied on D. sellowiana. The study was carried out in a Mixed Ombrophylous Forest area, at the Parque Municipal da Ronda in the State of Rio Grande do Sul, Brazil. One hundred and sixty four phorophytes were selected and their caudices were divided at intervals of 1 m, from the ground. At each interval the occurrence of pteridophyte species was recorded, and the frequency by phorophyte and by interval was calculated. Twenty species were recorded, from 13 genera and seven families, and habitual holoephiphytes predominated. The largest specific richness was found in Aspleniaceae (6) and in the Asplenium L. genus (6). The species with the highest relative frequency on the phorophytes were Trichomanes angustatum Carmich., Blechnum binervatum (Poir.) C.V. Morton & Lellinger and Vittaria lineata (L.) Sm.. Considering a sub-sample of 60 phorophytes, T. angustatum and B. binervatum had decreasing frequency of occurrence from the ground up to 4 m. The average richness was higher in the first three intervals. The richness found over the caudices of D. sellowiana represented 67% of the total epiphytic pteridophytes found in Mixed Ombrophylous Forest area, at the Parque Municipal da Ronda and this shows the importance of this host plant for the maintenance of epiphytic species in the forest environment. Keywords: species distribution, epiphytes, tree fern, Araucaria forest. FRAGA, L.L., DA SILVA, L.B. & SCHMITT, J.L. Composição e distribuição vertical de pteridófitas epifíticas sobre Dicksonia sellowiana Hook. (Dicksoniaceae), em floresta ombrófila mista no sul do Brasil. Biota Neotrop., 8(4): http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?article+bn03008042008 Resumo: A extração ilegal de Dicksonia sellowiana Hook., uma espécie de samambaia arborescente, da Floresta Ombrófila Mista, no sul do Brasil, modifica a estrutura da vegetação e reduz a disponibilidade de microhabitats para espécies epifíticas. A composição e a distribuição vertical de pteridófitas epifíticas foram estudadas sobre D. sellowiana. O estudo foi desenvolvido em área de Floresta Ombrófila Mista, do Parque Municipal da Ronda, no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Foram selecionados 164 forófitos e seus cáudices foram divididos em intervalos de 1 m, a partir do solo. Em cada intervalo, foi registrada a ocorrência de espécies de pteridófitas e foi calculada a freqüência por forófitos e por intervalos. Foram registradas 20 espécies, pertencentes a 13 gêneros e sete famílias, sendo que houve o predomínio de holoepífitos habituais. A maior riqueza específica foi encontrada em Aspleniaceae (6) e no gênero Asplenium L. (6). As espécies com maior freqüência relativa nos forófitos foram Trichomanes angustatum Carmich., Blechnum binervatum (Poir.) C.V. Morton & Lellinger e Vittaria lineata (L.) Sm.. Considerando uma sub-amostra de 60 forófitos, T. angustatum e B. binervatum apresentaram freqüência decrescente de ocorrência a partir do solo até 4 m de altura. A riqueza média foi maior nos três primeiros intervalos. A riqueza encontrada sobre os cáudices de D. sellowiana representa 67% do total de pteridófitas epifíticas encontradas na área de Floresta Ombrófila Mista, no Parque Municipal da Ronda e demonstra a importância dessa planta hospedeira para a manutenção de espécies epifíticas, no ambiente florestal. Palavras-chave: distribuição de espécies, epífitos, samambaia arborescente, floresta com Araucaria. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?article+bn03008042008 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 124 Fraga, L.L. et al. Introdução No mundo, os epífitos constituem um componente importante da biodiversidade das florestas tropicais, porém ainda pouco conhecido (Mucunguzi 2007). Eles são organismos que vivem todo seu ciclo de vida ou parte dele sobre outras plantas (forófitos), utilizando apenas o suporte mecânico de seus hospedeiros (Madison 1977, Benzing 1987, 1990). As pteridófitas constituem um grupo de plantas que merece atenção no ambiente epifítico, uma vez que de cerca de 9.000 a 12.000 espécies vivas distribuídas em todo o mundo (Tryon & Tryon 1982, Windisch 1992), 2.600 são epifíticas (Kress 1986). Dentre as estratégias adaptativas que favoreceram o epifitismo nessas plantas e que podem operar em diversas combinações, destacam-se: o rizoma filiforme, longo e ramificado, além de um sistema radicular reduzido e frondes pequenas (Dubuisson et al. 2003); ponto de saturação luminosa baixo; alta tolerância para desequilíbrio acentuado de nutrientes no substrato; dispersão de esporos pelo vento; poiquiloidria (Benzing 1987, 1990, Page 2002); e tricomas nas frondes (Müller et al. 1981) que podem completar a função de absorção realizada pelas raízes. Por outro lado, as pteridófitas arborescentes constituem microhabitat distinto para a existência de várias plantas epifíticas, incluindo espécies exclusivas ou que crescem preferencialmente sobre elas. Estas plantas hospedeiras não apresentam crescimento secundário, porém fornecem um suporte mecânico formado por uma densa camada de raízes adventícias ao redor de seu cáudice (Roberts et al. 2005). Na Costa Rica, Moran et al. (2003) encontraram maior riqueza e freqüência, além de sete espécies de pteridófitas exclusivas em cáudices de pteridófitas arborescentes. Na Venezuela, Cortez (2001) registrou 14 espécies de samambaias que crescem preferencialmente sobre pteridófitas arbóreas, das quais apontou duas espécies de Hymenophyllaceae como sendo epífitos específicos. Da mesma forma, no sul do Brasil, Schmitt & Windisch (2005) registraram 16 espécies de epífitos vasculares sobre Alsophila setosa Kaulf., das quais três eram de pteridófitas preferenciais ou específicas de samambaias arborescentes. No entanto, ainda poucos estudos tratam de epifitismo sobre samambaias arborescentes (Beever 1984, Rothwell 1991, Heatwole 1993, Medeiros et al. 1993, Cortez 2001, Ahmed & Frahm 2002, Roberts et al. 2005, Schmitt & Windisch 2005, Schmitt et al. 2005) ou comparando a composição específica de epífitos sobre pteridófitas arborescentes e angiospermas (Moran et al. 2003). Além das estratégias adaptativas das espécies, a distribuição vertical dos epífitos é determinada pela complexidade de microhabitats oferecidos pelas plantas hospedeiras (Benzing 1995). Essa complexidade é devida à luminosidade que decresce e à umidade que aumenta do dossel até o solo da floresta (Parker 1995), formando gradientes microclimáticos; à influência do substrato (Mucunguzi 2007), bem como às características específicas das plantas hospedeiras (Rudolph et al. 1998). Entretanto, a distribuição vertical dos epífitos foi discutida em apenas alguns desses trabalhos (Heatwole 1993, Schmitt et al. 2005). Dicksonia sellowiana Hook. (Dicksoniaceae) é uma samambaia arborescente que se encontra distribuída no continente americano ocorrendo desde o sul do México, na América Central, até a Venezuela, Colômbia, sul da Bolívia, Paraguai, Uruguai e sul e sudeste do Brasil, na América do Sul (Tryon & Tryon 1982). No Brasil meridional, a espécie é conhecida popularmente por “xaxim” e destaca-se no sub-bosque florestal como elemento característico da Floresta Ombrófila Mista (Fernandes 2000). A espécie apresenta cáudice geralmente ereto, atingindo cerca de 7 m de altura, envolvido por uma espessa bainha de raízes adventícias, ao longo de toda a sua extensão. A exploração econômica de D. sellowiana para fins de ornamentação e paisagismo (Windisch 2002) resultou na sua inclusão em Listas Oficiais de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (Portaria http://www.biotaneotropica.org.br IBAMA N° 37-N e Decreto Estadual n° 42.099) e no apêndice II da Convenção Internacional das Espécies da Flora e da Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (CITES). O desaparecimento de plantas adultas de Dicksonia sellowiana compromete a preservação da espécie em si, descaracteriza formações florestais (Fernandes 2000), principalmente áreas de Floresta Ombrófila Mista, e diminui a disponibilidade de microhabitats para várias espécies epifíticas (Schmitt et al. 2005). Esse estudo determina a composição e a distribuição vertical de pteridófitas epifíticas sobre D. sellowiana, em área de Floresta Ombrófila Mista, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Especificamente, ele (1) analisa a freqüência das espécies nos forófitos e nos intervalos de altura, enfatizando a categoria ecológica das plantas; e (2) compara a riqueza específica entre intervalos de altura nos forófitos. Material e Métodos Área de estudo - O trabalho de campo foi conduzido no Parque Municipal da Ronda (29° 26’ 52.22” S e 50° 32’ 44.08” O; s.n.m. 890 m), na região dos Campos de Cima da Serra (Rambo 1956), no município de São Francisco de Paula, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil. A área de estudo possui 120 ha, coberta parcialmente por Floresta Ombrófila Mista, caracterizada por apresentar Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze no estrato emergente e Dicksonia sellowiana, no sub-bosque florestal (Figura 1). O principal impacto antrópico sobre a vegetação local é a coleta de sementes de A. angustifolia (pinhão), embora haja indícios de corte ilegal de espécies arbóreas e de extração de D. sellowiana. O clima da região é do tipo temperado úmido, com chuvas durante todos os meses do ano. A precipitação média anual é de 2.468 mm e a temperatura média anual é de 14,1 °C (Moreno 1961). Procedimento amostral e analítico – Durante o ano de 2006, foram feitos inventários das espécies de pteridófitas através da observação direta das plantas sobre Dicksonia sellowiana ou com auxílio de binóculo. Espécimes representativos, férteis, foram coletados, identificados, herborizados, conforme procedimentos propostos por Windisch (1992) e incorporados ao Herbarium Anchieta (PACA), em São Leopoldo, RS. A identificação das espécies foi feita com base no sistema de classificação de Kramer & Green (1990), reconhecendo Pleopeltis Willd. e Microgramma C. Presl sensu Tryon & Tryon (1982). Os epífitos foram classificados quanto ao tipo de relação com o forófito em categorias ecológicas, propostas por Benzing (1990): holoepífitos habituais (presentes principalmente no ambiente epifítico); facultativos (ocorrem em ambiente epifítico como terrestre); acidentais (preferencialmente terrestres); hemiepífitos secundários (germinam no solo e, após estabelecimento do contato com o forófito, a porção basal do sistema radicular/caulinar sofre degeneração). Não foram considerados epífitos plantas que não completam todo o seu ciclo de vida sobre o forófito e lianas rizo-escandentes, que mantém forte conexão com o solo. Para o estudo quantitativo foram selecionados, aleatoriamente, 164 forófitos medindo no mínimo um metro de altura. Eles apresentavam distância mínima de 1 m entre si, ocupando cerca de 10 ha no interior da floresta. Os forófitos foram divididos em intervalos de um metro, a partir do solo e as espécies foram analisadas quanto a sua ocorrência em cada um desses intervalos. Para determinar as freqüências relativas percentuais por forófitos foi empregada a fórmula, adaptada de Waechter (1998): FRpi = 100. (Npi / ∑ Npi), onde Npi = número de unidades amostrais com a espécie i. A análise do percentual de ocorrência das espécies e da média de riqueza específica por intervalos foi realizada até quatro metros de altura do solo. Para tanto, foram incluídos apenas forófitos que apresentaram no mínimo quatro intervalos de altura, reduzindo para http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?article+bn03008042008 125 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Pteridófitas epifíticas sobre Dicksonia sellowiana Hook 60 o número de unidades amostrais. Entretanto, esse procedimento metodológico padronizou o número de intervalos analisados em cada altura, evitando que os resultados fossem influenciados pela diferença de pontos amostrados. A riqueza de espécies dos quatro primeiros intervalos de altura não apresentou distribuição normal e homocedasticidade e, portanto, foram comparadas entre si através do teste de Kruskal-Wallis, seguido do teste de comparações múltiplas de Dunn (Zar 1999), a um nível de significância de 5%. Para determinar como aumentou o número de espécies à medida que aumentou o número de intervalos amostrados, foi construída uma curva de rarefação, baseada nas unidades amostrais (Gotelli & Colwell 2001), para cada faixa de altura e para a amostra total, utilizando-se o programa estatístico Palaeontological Statistics – PAST (Hammer et al. 2003). A riqueza de Hymenophyllaceae e de Dryopteridaceae diminuiu com o aumento da altura dos forófitos (Figura 2). As três espécies com maiores freqüências relativas nos forófitos foram Trichomanes angustatum Carmich. (Hymenophyllaceae) com 33,25%; Blechnum binervatum (Poir.) C.V. Morton & Lellinger (Blechnaceae) com 29,31%; e Vittaria lineata (L.) Sm. (Vittariaceae) com 11,82% (Tabela 1). Considerando apenas os 60 forófitos com intervalos amostrados até 4 m de altura do solo, ocorreu uma redução na riqueza total de 6-7 Foram registradas 20 espécies de pteridófitas epifíticas (Tabela 1), pertencentes a 13 gêneros e sete famílias. As famílias com maior número de espécies foram Aspleniaceae (6 espécies), Dryopteridaceae, Polypodiaceae (4 espécies cada) e Hymenophyllaceae (3 espécies). As outras três famílias contribuíram com apenas uma espécie. O gênero com maior riqueza foi Asplenium L. (6 espécies), sendo que os demais gêneros apresentaram, no máximo, duas espécies. Houve predomínio dos holoepífitos habituais (12 espécies), seguido de holoepífitos acidentais (6 espécies), holoepífito facultativo e hemiepífito secundário (1 espécie cada). As famílias que apresentaram apenas holoepífitos habituais foram Polypodiaceae, Hymenophyllaceae e Vittariaceae. Por outro lado, Aspleniaceae apresentou o mesmo número de holoepífitos habituais (4 espécies) quando comparado com Polypodiaceae (Tabela 1). No estudo quantitativo, foram amostrados 534 intervalos de altura em 164 indivíduos, sendo registradas 778 ocorrências de pteridófitas epifíticas. Os forófitos mediram no mínimo 1 m, no máximo 7 m e em média 2,87 (±1,31) m de altura. O número de espécies sobre cada forófito individual variou de um a oito, sendo que a média foi 2,46 espécies por forófito. As famílias representadas em todos os intervalos de altura (0-7 m) foram Aspleniaceae e Blechnaceae. Ao contrário, Dennstaedtiaceae apresentou a menor amplitude vertical, ocorrendo apenas no primeiro intervalo. Dryopteridaceae, Hymenophyllaceae e Vittariaceae apresentaram uma amplitude vertical de 0-6 m e Polypodiaceae até 5 m. 5-6 a Classes de altura (m) Resultados n = 11 4-5 n = 28 n = 60 3-4 n = 107 2-3 n = 162 1-2 n = 164 0-1 2 0 4 6 8 10 12 14 16 Riqueza Asp Ble Dry Den Hym Vit Pol Figura 2. Riqueza de espécies de pteridófitas amostradas sobre Dicksonia sellowiana Hook. e sua partição entre famílias nos sete intervalos de altura. Acrônimos formados pelas letras iniciais do nome da família, conforme Tabela 1. Os valores de n referem-se ao número de amostras em cada intervalo de altura. Figure 2. Species richness of epiphytic pteridophytes sampled on Dicksonia sellowiana Hook. and it partition among families on seven height intervals. Acronyms formed by the initial letters of the family name, according to Table 1. The values of n refer to the number of samples in each height interval. N b SC n=2 O c L S RS Brasil Oceano Atlântico 0 500 m Figura 1. Localização da área de estudo a, b) no estado do Rio Grande do Sul, Brasil e c) imagem de satélite do Parque Municipal da Ronda, com indicação da área de aproximadamente 10 ha onde se concentrou a amostragem (Fonte: GoogleEarth). Figure 1. Location of the study site in the a, b) State of Rio Grande do Sul, Brazil and c) satellite image of the “Parque Municipal da Ronda”, pointing out the area of approximately 10 ha where the sampling most occurred (Source: Google Earth). http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?article+bn03008042008 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 126 Fraga, L.L. et al. Tabela 1. Famílias e espécies de pteridófitas epifíticas amostradas sobre Dicksonia sellowiana Hook. na área de Floresta Ombrófila Mista, São Francisco de Paula, estado do Rio Grande do Sul, Brasil, em ordem decrescente de freqüência relativa nos forófitos e suas categorias ecológicas (CE) de acordo com Benzing (1990). (Npi = Número de forófitos ocupados pela espécie epifítica i; FRpi = Freqüência Relativa da espécie epifítica i nos forófitos; ASP = Aspleniaceae; BLE = Blechnaceae; DEN = Dennstaedtiaceae; DRY = Dryopteridaceae; HYM = Hymenophyllaceae; POL = Polypodiaceae; VIT = Vittariaceae; ACI = Holoepífito acidental; FAC = Holoepífito facultativo; HAB = Holoepífito habitual; HES = Hemiepífito secundário). Table 1. Families and species of epiphytic pteridophytes sampled on Dicksonia sellowiana Hook. in the Mixed Ombrophylous Forest area, São Francisco de Paula, State of Rio Grande do Sul, Brazil, in decreasing order of relative frequency on phorophytes and their ecological categories (CE) according to Benzing (1990). (Npi = Number of phorophytes occupied by the epiphytic species i; FRpi = Relative frequency of epiphytic species i on phorophytes; ASP = Aspleniaceae; BLE = Blechnaceae; DEN = Dennstaedtiaceae; DRY = Dryopteridaceae; HYM = Hymenophyllaceae; POL = Polypodiaceae; VIT = Vittariaceae; ACI = accidental holoepiphyte; FAC = facultative holoepiphyte; HAB = habitual holoepiphyte; HES = secondary hemiepiphyte ). Espécies Trichomanes angustatum Carmich. Blechnum binervatum (Poir.) C.V. Morton & Lellinger Vittaria lineata (L.) Sm. Lastreopsis amplissima (C. Presl) Tindale Rumohra adiantiformis (G. Forst.) Ching Asplenium harpeodes Kunze Trichomanes anadromum Rosenst. Campyloneurum austrobrasilianum (Alston) de la Sota Asplenium incurvatum Fée Ctenitis submarginalis (Langsd. & Fisch.) Ching Hymenophyllum pulchellum Schltdl. & Cham. Asplenium scandicinum Kaulf. Asplenium gastonis Fée Campyloneurum nitidum (Kaulf.) C. Presl Dennstaedtia globulifera (Poir.) Hieron. Pecluma pectinatiformis (Lindm.) M.G. Price Asplenium claussenii Hieron. Didymochlaena trunculata (Sw.) Asplenium ulbrichtii Rosenst. Polypodium typicum Fée 20 para 14 espécies. A curva de rarefação baseada em número de unidades amostrais (Figura 3) não apresentou estabilização para nenhum dos quatro intervalos de altura analisados, bem como para a amostra total (4 m). A riqueza de espécies diferiu significativamente entre os intervalos de altura (H = 32,88; P < 0,001), sendo que o intervalo de 3-4 m apresentou menor riqueza do que os três primeiros intervalos (Tabela 2). Trichomanes angustatum apresentou freqüência decrescente de ocorrência nos quatro intervalos de altura analisados a partir do solo, porém mais acentuada no intervalo de 3-4 m. Da mesma forma o percentual de ocorrência de Blechnum binervatum diminuiu a partir do solo. Diferentemente das espécies anteriores, Vittaria lineata foi mais freqüente nos intervalos intermediários de altura (Tabela 3). Trichomanes anadromum Rosenst. foi a única Hymenophyllaceae que não apresentou freqüência decrescente da base em direção ao ápice dos forófitos, mas o pequeno número de ocorrências (n = 12) não permite generalizar este padrão. Dentre todas as espécies consideradas na análise de distribuição vertical, com mais de 10 ocorrências, Lastreopsis amplissima (C. Presl) Tindale foi a espécie que apresentou o maior percentual de ocorrência (84,62%) na primeira faixa de altura (Tabela 3). Discussão A diversidade encontrada sobre Dicksonia sellowiana representa 67% do total de pteridófitas epifíticas inventariadas por Fraga (2007) http://www.biotaneotropica.org.br Família HYM BLE VIT DRY DRY ASP HYM POL ASP DRY HYM ASP ASP POL DEN POL ASP DRY ASP POL CE HAB HES HAB ACI FAC HAB HAB HAB HAB ACI HAB HAB HAB HAB ACI HAB ACI ACI ACI HAB Npi 135 119 48 22 17 15 12 8 5 3 4 3 3 3 2 2 2 1 1 1 FRpi 33,251 29,310 11,823 5,419 4,187 3,695 2,956 1,970 1,232 0,739 0,985 0,739 0,739 0,739 0,493 0,493 0,493 0,246 0,246 0,246 Tabela 2. Riqueza média de pteridófitas epifíticas por intervalos de altura em Dicksonia sellowiana Hook. na área de Floresta Ombrófila Mista, São Francisco de Paula, estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Médias com mesma letra são iguais de acordo com o teste de Dunn (P < 0,001). (N = número de intervalos; DP = desvio-padrão). Table 2. Average richness of epiphytic pteridophytes for height intervals on Dicksonia sellowiana Hook. in the Mixed Ombrophylous Forest area, São Francisco de Paula, State of Rio Grande do Sul, Brazil. Averages with same letter do not differ according to the Dunn Test (P < 0,001). (N = number of height intervals; DP = Standard Deviation). Intervalos de altura (m) 0-1 1-2 2-3 3-4 N 60 60 60 60 Média (DP) 1,93 ± 0,78 (b) 1,93 ± 0,69 (b) 1,77 ± 0,85 (b) 1,12 ± 1,04 (a) na Floresta Ombrófila Mista, no Parque Municipal da Ronda. Ela demonstra a importância dessa espécie hospedeira para espécies epifíticas, no ambiente florestal. A espécie de maior freqüência (Trichomanes angustatum) é holoepífita habitual, que ocorre preferencialmente sobre cáudices de samambaias arborescentes (Schmitt & Windisch 2005). De uma maneira geral, as espécies de Hymenophyllaceae apresentaram uma http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?article+bn03008042008 127 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Pteridófitas epifíticas sobre Dicksonia sellowiana Hook 14 b 12 Nº espécies/intervalo 12 Nº espécies/intervalo 14 a 10 10 8 6 4 2 0 8 6 4 2 0 10 0 20 30 40 50 60 10 0 20 Intervalos 0-1 m 40 50 60 Intervalos 1-2 m 14 14 c d 12 Nº espécies/intervalo 12 Nº espécies/intervalo 30 10 10 8 6 4 2 0 8 6 4 2 0 10 0 20 30 40 50 60 10 0 20 Intervalos 2-3 m 40 50 60 Intervalos 3-4 m 16 e 14 Nº espécies/intervalo 30 12 10 8 6 4 2 0 0 10 20 30 40 50 60 Intervalos 0-4 m Figura 3. Curva de rarefação de espécies de pteridófitas epifíticas amostradas sobre 60 forófitos de Dicksonia sellowiana Hook. na área de Floresta Ombrófila Mista, São Francisco de Paula, estado do Rio Grande do Sul, Brasil. a) Intervalo de 0-1 m de altura; b) Intervalo de 1-2 m de altura; c) Intervalo de 2-3 m de altura; d) Intervalo de 3-4 m de altura e e) Intervalo total de 0-4 m de altura. As barras correspondem ao desvio-padrão associado. Figure 3. Rarefaction curve of species of epiphytic pteridophytes sampled on 60 phorophytes of Dicksonia sellowiana Hook. in the Mixed Ombrophylous Forest area, São Francisco de Paula, State of Rio Grande do Sul, Brazil. a) 0-1 m height interval; b) 1-2 m height interval; c) 2-3 m height interval; d) 3-4 m height interval and e) 0-4 m total height interval. The bars correspond to the associated standard deviation. Tabela 3. Distribuição percentual de ocorrência das pteridófitas epifíticas nos intervalos de altura amostrados sobre 60 forófitos de Dicksonia sellowiana Hook. na área de Floresta Ombrófila Mista, São Francisco de Paula, estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Acrônimos formados pelas letras iniciais do nome genérico e específico, conforme Tabela 1 (Nhi = Número de intervalos de altura ocupados pela espécie epifítica i). Table 3. Percentage distribution of occurrence of epiphytic pteridophytes on height intervals sampled on 60 phorophytes of Dicksonia sellowiana Hook. in the Mixed Ombrophylous Forest area, São Francisco de Paula, State of Rio Grande do Sul, Brazil. Acronyms formed by the initial letters of the generic and specific names, according to Table 1 (Nhi = Number of height intervals occupied by epiphytic species i). Intervalos de altura (m) 0-1 1-2 2-3 3-4 Nhi Tri Ble ang bin 30,36 31,89 29,84 29,31 26,18 22,42 13,62 16,38 191 116 Vit lin 9,61 30,77 36,54 23,08 52 Las amp 84,62 15,38 0 0 13 Tri ana 16,66 33,33 33,33 16,66 12 http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?article+bn03008042008 Asp har 28,57 28,57 28,57 14,29 7 Asp inc 0 0 18,33 81,66 3 Cam nit 33,33 0 33,33 33,33 3 Rum adi 0 0 33,33 66,66 3 Asp sca 0 50 50 0 2 Asp gas 0 0 50 50 2 Cte sub 0 100 0 0 1 Den glo 100 0 0 0 1 Pec pec 0 0 100 0 1 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 128 Fraga, L.L. et al. tendência de diminuição da freqüência e da riqueza a partir de 3 m de altura do solo, provavelmente em decorrência de serem sensíveis ao ressecamento e à alta luminosidade. Nos trabalhos realizados por Hietz & Hietz-Seifert (1995), Nieder et al. (1999) e Schmitt et al. (2005), as frondes de Hymenophyllaceae encontravam-se restritas ou foram também mais freqüentes nos menores intervalos de altura. As frondes membranosas, observadas nas espécies dessa família, que conseqüentemente são altamente higrófilas (Dubuisson et al. 2003) e apresentam ponto de saturação luminosa baixo (Benzing 1987), facilitam a sua maior ocorrência nos intervalos inferiores. A segunda espécie mais freqüente (Blechnum binervatum) é uma hemiepífita secundária, de crescimento reptante, que germina no solo e somente depois estabelece ligação com o forófito. Conseqüentemente, essa espécie colonizou extensas áreas dos forófitos, apresentando uma seqüência decrescente de ocorrência dos intervalos de menor para maior altura. A grande amplitude vertical de Blechnaceae decorreu apenas dessa espécie. Entretanto, a terceira espécie mais freqüente (Vittaria lineata) é holoepífita habitual e, similarmente ao observado por Schmitt et al. (2005), apresentou valores de freqüência maiores, em intervalos intermediários de altura. A quarta espécie mais freqüente (Lastreopsis amplissima) ocorreu apenas nos dois primeiros metros de altura no forófito, com uma freqüência expressivamente superior, no primeiro intervalo de altura, em decorrência de apresentar epifitismo acidental. Schmitt et al. (2005) citaram duas causas principais para explicar a maior ocorrência de L. amplissima em intervalos de menor altura: uma delas é a preferência pelo substrato terrícola, e a outra ao fato da base do cáudice ser extremamente alargado, favorecendo o acúmulo de matéria orgânica, que, ao se decompor, resulta em uma fina camada de solo, favorecendo o estabelecimento desse epífito acidental. A menor riqueza média registrada em Dicksonia sellowiana no intervalo de 3 a 4 m altura pode estar relacionada ao fato das espécies mais freqüentes na amostragem total (até 4 m), como Trichomanes angustatum, Blechnum binervatum e Lastreopsis amplissima apresentarem o menor percentual de ocorrência ou estarem ausentes nesse intervalo, conforme discutido anteriormente. Além disso, esse intervalo é o mais recente do forófito, ou seja, aquele que ofereceu, conseqüentemente, menos tempo para a colonização dos epífitos. O tempo de disponibilidade do substrato é um fator importante para a colonização dos forófitos pelas plantas epifíticas (Yeaton & Galdstone 1982). Considerando a altura total dos forófitos, o número mínimo de espécies de epífitos encontrados em D. sellowiana foi igual (1 espécie) e o número máximo (8), superior, comparado aos levantamentos realizados por Heatwole (1993), em Blechnum palmiforme (Thouars) C. Char. (5) e por Schmitt et al. (2005), em D. sellowiana (6). Porém, Heatwole (1993) registraram 3,1 de espécies de pteridófitas/cáudice, média maior àquela registrada em D. sellowiana. O número total de espécies de pteridófitas epifíticas encontrado sobre Dicksonia sellowiana foi superior ao registrado no levantamento (11 espécies) realizado por Schmitt et al. (2005), sobre essa mesma espécie, também em Floresta Ombrófila Mista, porém em um fragmento localizado dentro de um loteamento sub-urbano, em São Francisco de Paula. Nesse sentido, Johansson (1989) destacou que em fragmentos florestais as pteridófitas são proporcionalmente menos comuns que em florestas mais densas. A riqueza específica deste estudo foi maior que a registrada por Schmitt & Windisch (2005) para Alsophila setosa Kaulf. (Cyatheaceae) (14 espécies), em floresta estacional semidecidual, no estado do Rio Grande do Sul. Entretanto, A. setosa não desenvolve um manto de raízes adventícias no cáudice. A relação em que Dicksoniaceae apresenta maior número de espécies epifíticas do que Cyatheaceae foi apontada por Medeiros et al. (1993) e decorreu, possivelmente, da diferença de idade e de tipo de substrato oferecido http://www.biotaneotropica.org.br pelos forófitos. Além disso, as florestas ombrófilas do sul do Brasil são mais ricas em epífitos de que as florestas estacionais (Rambo 1954, Klein 1975, Roderjan et al. 2002), sendo que o mesmo se aplica para riqueza de filicíneas (Sehnem 1977, 1979). As famílias com maior número de espécies, Polypodiaceae, Aspleniaceae, Hymenophyllaceae e Dryopteridaceae (85% do total) estão entre as famílias epifíticas mais ricas no mundo (Madison 1977, Kress 1986, Benzing 1990) e nos neotrópicos (Gentry & Dodson 1997). Mesmo em outros levantamentos de pteridófitas epifíticas, com diferentes procedimentos amostrais e espécies forofíticas, pelo menos uma dessas famílias está entre aquelas de maior riqueza (de la Sota 1971, 1972, Labiak & Prado 1998, Cortez 2001, Moran et al. 2003, Schmitt & Windisch 2005). O gênero com maior número de espécies (Asplenium) também foi considerado mundialmente mais rico por Madison (1977) e Kress (1986), bem como no levantamento pontual realizado por Schmitt et al. (2005). A maior participação de holoepífitos habituais registrada no presente estudo também foi encontrada em levantamentos da pteridoflora epifítica realizados por de la Sota (1971, 1972), Labiak & Prado (1998) e Schmitt et al. (2005). O mesmo fato é comum também em levantamentos de epífitos vasculares, em geral, realizados no sul do Brasil, por Kersten & Silva (2001, 2002), Borgo & Silva (2003), no Paraná e por Aguiar et al. (1981), Waechter (1998), Rogalski & Zanin (2003), Gonçalves & Waechter (2003) e Schmitt & Windisch (2005), no Rio Grande do Sul. Este padrão observado sugere que a grande maioria das espécies encontradas na sinúsia epifítica apresenta, habitualmente, adaptações morfológicas e fisiológicas especializadas para ocupar esse tipo de ambiente. Os resultados desse estudo constituem a primeira descrição detalhada da composição e da distribuição vertical de pteridófitas epifíticas sobre Dicksonia sellowiana, no Parque Municipal da Ronda. O estudo aponta que a retirada dessa planta hospedeira (embora ilegal), na área de floresta ombrófila mista estudada, compromete a disponibilidade de habitat, especialmente para os holoepífitos habituais, que completam todo o seu ciclo de vida no ambiente epifítico, entre os quais estão Trichomanes angustatum e Trichomanes anadromum, que de acordo com Sehnem (1977), Bueno & Senna (1992) e Schmitt & Windisch (2005) ocorrem, exclusivamente ou preferencialmente, sobre esse tipo de forófito. Agradecimentos À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela concessão de bolsa para a primeira autora. Ao Centro Universitário Feevale pelo suporte técnico disponibilizado. À Prefeitura Municipal de São Francisco de Paula por conceder autorização para ingressar na área e executar a pesquisa, bem como pelo suporte logístico oferecido. À Ciliana Rechenmacher, ao Rodrigo Fleck e demais colegas de laboratório da primeira autora pelo grande auxílio prestado nos trabalhos de campo e de laboratório. Referências Bibliográficas AGUIAR, L.W., CITADINI-ZANETTE, V., MARTAU, L. & BACKES, A. 1981. Composição florística de epífitos vasculares numa área localizada nos municípios de Montenegro e Triunfo, Rio Grande do Sul, Brasil. Iheringia, Sér. Bot. 28: 55-93. AHMED, J. & FRAHM, J.P. 2002. Moosgesellschaften auf baumfarnstämmen in südostbrasilien. Trop. Bryol. 22: 135-178. BEEVER, J. 1984. Moss epiphytes of tree ferns in a warm temperature forest, New Zealand. J. Hattori Bot. Lab. 56: 89-95. BENZING, D.H. 1987. Vascular epiphytism: taxonomic participation and adaptative diversity. Ann. Missouri Bot. Gard. 74(2): 183-204. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?article+bn03008042008 129 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Pteridófitas epifíticas sobre Dicksonia sellowiana Hook BENZING, D.H. 1990. 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Recebido em 16/03/08 Versão Reformulada recebida em 08/12/08 Publicado em 22/12/08 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Allometric models for estimating the phytomass of a secondary Atlantic Forest area of southeastern Brazil Déborah Moreira Burger1,2 & Welington Braz Carvalho Delitti1 Departamento de Ecologia, Instituto de Biociências Universidade de São Paulo – USP Rua do Matão, Travessa 14, n° 321, Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira, CEP 05508-090 São Paulo, SP, Brazil 2 Corresponding author: Déborah Moreira Burger, email: [email protected] 1 BURGER, D.M. & DELITTI, W.B.C. Allometric models for estimating the phytomass of a secondary Atlantic Forest area of southeastern Brazil. Biota Neotrop., 8(4): http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/ abstract?article+bn03308042008 Abstract: The purpose of this study was to develop and validate equations to estimate the aboveground phytomass of a 30 years old plot of Atlantic Forest. In two plots of 100 m2, a total of 82 trees were cut down at ground level. For each tree, height and diameter were measured. Leaves and woody material were separated in order to determine their fresh weights in field conditions. Samples of each fraction were oven dried at 80 °C to constant weight to determine their dry weight. Tree data were divided into two random samples. One sample was used for the development of the regression equations, and the other for validation. The models were developed using single linear regression analysis, where the dependent variable was the dry mass, and the independent variables were height (h), diameter (d) and d2h. The validation was carried out using Pearson correlation coefficient, paired t-Student test and standard error of estimation. The best equations to estimate aboveground phytomass were: lnDW = –3.068+2.522lnd (r2 = 0.91; sy/x = 0.67) and lnDW = –3.676+0.951ln d2h (r2 = 0.94; sy/x = 0.56). Keywords: biomass, allometry, carbon, secondary Atlantic Forest, forest biomass estimation. BURGER, D.M. & DELITTI, W.B.C. Modelos alométricos para estimativa de fitomassa de Floresta Atlântica secundária no sudeste do Brasil. Biota Neotrop., 8(4): http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/ abstract?article+bn03308042008 Resumo: O objetivo deste estudo foi desenvolver e validar modelos preditores para a fitomassa epigéa de uma área de Floresta Atlântica secundária. Em duas parcelas de 100m2, 82 árvores foram cortadas, ao nível do solo, e anotadas suas medidas de altura e diâmetro. As folhas foram separadas dos ramos para determinação do massa fresca da porção foliar e lenhosa. Amostras de cada fração foram secas em estufa a 80 °C, até massa constante, para determinação do massa seca. As árvores foram distribuídas em duas amostras aleatórias, sendo uma utilizada para o desenvolvimento das equações de regressão, e a outra para validá-las. Os modelos foram desenvolvidos através da análise de regressão linear simples, tendo como variável dependente a massa seca (DW) e, como variáveis independentes a altura (h), o diâmetro (d) e o quadrado do diâmetro multiplicado pela altura (d2h). A validação foi analisada através da comparação entre os valores obtidos em campo e os estimados pelas equações, através da análise de correlação intraclasse de Pearson e teste t-Sudent pareado. As melhores equações para estimar o massa seca das árvores foram: lnDW = –3,068+2,522lnd (r2 = 0,91; sy/x = 0,67) e lnDW = –3,676+0,951ln d2h (r2 = 0,94; sy/x = 0,56). Palavras-chave: biomassa, alometria, regressão, Mata Atlântica, floresta secundária. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?article+bn03308042008 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 132 Burger, D.M. & Delitti, W.B.C. Introduction The Brazilian Atlantic Forests known as Mata Atlântica is the biome that recovered the Brazilian coast before the European colonization. The Atlantic Forest is a mosaic of ecosystems with a complex structure and hight biodiversity and endemism. The Atlantic Dominion includes dense tropical rain forest and areas of coastal flooded forest, lowland, submontane and montane forests. It taked up about 1.1million km2 but today it is one of the most threaten biomes due to human activities as forest clearance for agriculture and pasture, construction of highways, mining and charcoal production. The forest remnants have survived in areas of difficult access (Joly et al. 1999). The restoration and preservation of these ecosystems can have a relevant role in the global carbon cycle. Knowledge about the biomass is necessary for the estimation of carbon reserves, which is currently very important and demanded for climate change issues. Due to the large extension of the Brazilian territory, Brazil plays a significant role in the global carbon balance, accounting for 4 to 5% of total carbon emissions to the atmosphere, related to land use changes (Schroeder & Winjum 1995). However, the precision of estimates of C stores and of carbon fixation depends on the adequate estimates of the biomass for each type of ecosystem. Biomass is unusually measured directly in forest ecosystems due to the difficulties inherent in this type of study, such as its high cost and the need to cut the vegetation. Biomass estimations are based on predictive models that were previously developed on the basis of direct measurement using destructive methods. Specific models for the various ecosystems are necessary to minimize errorr in biomass estimates (Rochow 1974, McWillian et al. 1993). Predictive models are elaborated based on regression analysis between tree mass (generally given in dry weight) and their dimensional data, such as height and diameter. Various types of regression models and different combinations of variables have been used in the development of predictive models of phytomass for tropical ecosystems (Folster et al. 1976, Golley et al. 1978, Saldarriaga et al. 1988, Brown et al. 1989, Overman et al. 1994, Moreira-Burger & Delitti 1999, Chave et al. 2001, Chave et al. 2005, Delitti et al. 2006. These models have been applied to quantify nutrient stores, accumulated organic material and potential carbon reserves, to determine vegetation growth rate after perturbation, and to identify determinants of variation in biomass. The biomass of Atlantic forests has only been evaluated through indirect methods, using equations developed for other tropical forests. Delitti & Burger (1998) estimated the phytomass in various areas of the Atlantic Forest, testing 25 models developed for tropical forests using data from phyto-sociological surveys. Based on these studies, it was concluded that the Atlantic forest has a maximum accumulation of above-ground biomass of 350 Mg.ha–1. Secondary and disturbed forests have less than 200 Mg.ha–1, and in extreme cases of perturbation, the forests accumulate less than 100 Mg.ha–1. However, the precision of the estimates of Atlantic Forest biomass can only be evaluated with the development of specific models, or the validation of models published for other tropical forests, through comparison with directly obtained data. This type of study is becoming increasingly difficult, as the Atlantic Forest, and its various physiognomies, are being reduced to areas protected by legislation. In this study, it was possible to take advantage of a rare opportunity to conduct a study of a destructive nature in this type of vegetative formation, due to the deforestation of portions of this vegetation that was undertaken to widen the Imigrantes highway, in the state of São Paulo. Due to their location inside the Serra do Mar State Park, and the difficult access, these portions were well-preserved forest a remnant was sampled for this study. Within this context, the objective of the study http://www.biotaneotropica.org.br was to develop and validate predictive models for the above-ground phytomass of the Atlantic Forest. Material and Methods 1. Study area The study area is located at 23° 55’ 13’’ S and 46° 31’ 54’’ W in the Serra do Mar State Park, São Paulo, at an altitude of approximately 570 m. Field work was carried out in August 2000, in an area designated to be cleared for the construction of a highway descending from the Imigrantes Highway. Sampling was carried out in an area made available by the Imigrantes Consortium and closely followed the recommendations and limits established by the highway construction project. The study area lies within the Atlantic Forest Domain, defined by Decree 750, February 10, 1993 (Brasil 1993). The vegetation is classified as Dense Ombrophylus or Tropical Pluvial, according to the classification of Veloso et al. (1991). Although it is a secondary forest area, vegetation was dense, with trees as tall as 30 m and overlapping canopies that restricted the penetration of sunlight into the understory. With a complex vertical structure, vegetation was composed of many species of bushes and trees distributed in various strata, as well as lichens, mosses, pteridophytes, vines, and epiphytes covering the larger trees. In the 1970s, the area was affected by the disposal of soil material extracted from the road construction causing tree fall and the perturbation of the original soil. After this perturbation, vegetation naturally recovered, therefore it could be considered as a secondary formation, approximately 30 years old. Topography is rolling hills. According to the Parque Estadual da Serra do Mar soil map (Rossi & Pffeifer 1991), dominant soils are Alic Cambisols and Alic Red-yellow Latosols, with loamy texture. The climate in the region is hot and moist. According to information provided by ECOVIAS, the company responsible for the operation of the highway, the mean annual temperature in the study area during the period 2000 to 2005 was 18.7 °C. The mean monthly temperature during the coldest month (August) was 16.1 °C, and of the hottest month (February), 20.8 °C. Data collected by the Departamento de Águas e Energia Elétrica - DAEE (1952 to 1996) at the pluviometric station nearest the study area (station E3-153, Curva da Onça) indicate a mean annual precipitation of 3,400 mm, and seasonal variation, with the lowest precipitation in winter (June to August). Mean monthly precipitation in the driest month (June) was 116 mm and in the moistest month (January) 441 mm. 2. Sampling and methods of analysis Above-ground phytomass was measured using the destructive method (Whittaker et al. 1974, Chapman 1976, Golley et al. 1978), involving the cutting and weighing of all trees exceeding 1.5 m in height on two 10 x 10 m plots (100 m2). In this area was harvest 82 trees whose height range from 1.9 to 27.9 m and diameter range between 1.6 and 47.8 cm. Tree diameter was calculated from the measurement of perimeters breast height and at the base using a common measuring tape. Trees were cut at ground level using a chain saw, then heights were measured using a tape measure. Leaves were manually separated from the trunks and branches, and the fresh weight of each portion weighed with a manual scale to a precision of 200 g. From each tree, sub-samples were taken of a slice of trunk near the base, a portion of branches, and a portion of leaves, and were appropriately labeled. All sub-samples collected in the field were taken to the laboratory, oven-dried (80 °C) until constant weight to determine water content and dry weight (kg) of each tree. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?article+bn03308042008 133 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Phytomass of a secondary Atlantic Forest To develop and validate regression equations to estimate tree dry weight, the data on 82 trees collected from the two study plots were used. The trees were randomly separated into two independent samples composed of 41 trees each. One sample was used to develop the regression equations (sample 1), and the other to validate the equations (sample 2), as proposed by Snee (1977). In this study, total dry weight (DW, kg) was used as the dependent variable and diameter (d, cm), height (h, m), and diameter squared times height (d2h, cm2m) as independent variables. The variables were described using means, standard deviations, and maximum, minimum, and median values. Scatter diagrams were generated for all variables, using the original variables initially, then with the dependent variable transformed, next with the independent variables transformed, and finally, with all variables transformed. The scatter diagrams of the raw variables indicated that the model that adjusts well to these data is the power function. To obtain estimates of the parameters of the power function (Y = aXb) natural logarithms were applied to the function (lnY=lna+blnX). The logarithmic transformation of the data stabilizes the effects of the increase in variance of the biomass with increasing tree size (heteroscedasticity) (Zar 1974), enabling the use of parametric statistical analyses, such as regression, in studies of this nature (Beauchamp & Olson 1973). The scatter diagrams of the transformed dependent variable and the transformed independent variables showed a linear relationship between them, indicating that a linear regression could be adjusted to the transformed values (Vieira 2004). Various models have been developed for tropical forests employing linear regression analysis with logarithmic transformation of the data (Jordan & Uhl 1978, Saldarriaga et al. 1988, Brown et al. 1989, Martinez-Yrizar et al. 1992, Scatena et al. 1993, Overman et al. 1994, Santos 1996, Higuchi et al. 1998). Thus, in the modeling process for this study, only transformed data was used for both variables. Pearson’s correlation analysis was conducted on the variables. To increase the precision of the phytomass estimates, different variables can be introduced into the regression equation as long as there is no co-linearity among them. The high correlation between the variables makes it impossible to separate the effects of the independent variables on the dependent variable in a multiple regression analysis. Several authors reported high correlation between tree diameter and height, and above-ground biomass (Jordan & Uhl 1978, Overman et al. 1994). Thus, the equations were obtained through simple linear regression analysis, after testing co-linearity between selected variables. Linear regression analysis was applied on the dependent and independent variables that presented a linear relationship, identified in the scatter diagrams. The models that showed bias in the analysis of the residuals were excluded. In the second stage, validation analysis of the equations was carried out. Using the data from sample 2, Student’s paired t-test was applied to compare the means of the real values obtained in the field survey to those estimated using the equations. Pearson’s intra-class correlation coefficient (ricc) was also calculated for comparison of the real values and those estimated by the equations. Following these phases of modeling and validation, the most appropriate models were defined using the following selection criteria: highest coefficients of determination (r2), lowest standard errors of the estimates (sy/x), highest intra-class correlation coefficients (ricc) found in the validation, greater similarity of means, and 95% confidence intervals between the real values and those estimated using the equations, according to visual analysis and the application of the model. In the final stage, simple regression analysis was done using all the data from all the trees sampled (n = 82), with the independent variables being the predictor variables in the models developed, validated, and selected in the first phase of the study. The criteria for selecting the best model were the highest determination coefficient, standard deviation, and better residuals distribution. Available models in the literature were validated for the sudied vegetation, through the comparison between estimated biomass for sample 2 trees and the values obtained in the field.A significance level of 5% was used in all the analyses. All statistical analyses (descriptive analysis, correlation analysis, simple and multiple regression analyses) were carried out using Statistica for Windows® (version 6.0) and Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) for Windows® (version 8). Results The equations from the first step in the work were developed using sample 1 data, which was composed of 41 trees with diameters, varying from 1.6 to 47.8 cm, with a mean of 8.5 cm. The height of trees varied between 2.3 to 27.9 m, with a mean of 7.0 m. Distribution parameters of the variables used in the study are presented in Table 1. Notice that the median values are generally close to the means, with the exception of dry weight (lnDW). The matrix of the Pearson’s linear correlations among all the variables (Table 2) shows a strong correlation between the independent variables, as reported in similar studies (Overman et al. 1994). The models resulting from the simple linear regression analysis are presented in Table 3. All are statistically significant (p < 0.001), as can be observed by the confidence interval of the regression coefficient (CI 95% b) of each model. Analysis of residuals for the equations showed that the errors presented a normal distribution and no bias. In the validation of the equations, the data from sample 2 were used. This was composed of 41 trees with heights varying between Table 2. Matrix of the Pearson’s linear correlations among the variables used in the modeling process. Tabela 2. Matriz de correlação linear de Pearson entre as variáveis utilizadas no processo de modelagem. Variables ln(DW) ln(d) ln(h) ln(d2h) ln(DW) 1.00 - ln(d) 0.97 1.00 - ln(h) 0.96 0.95 1.00 - ln(d2h) 0.97 1.00 0.97 1.00 p < 0.001 Table 1. Distribution parameters of the variables used in the study, referring to sample 1, used in the development of the predictive models (n = 41). Tabela 1. Parâmetros de distribuição das variáveis de estudo, referentes a amostra 1, utilizada no desenvolvimento dos modelos preditores (n = 41). Variables lnDW (kg) ln d (cm) ln h (m) ln d2h (cm2m) Mean (sd) 1.2 (2.4) 1.7 (0.9) 1.7 (0.6) 5.1 (2.4) Minimum –2.5 0.5 0.8 2.1 Maximum 7.8 3.9 3.3 11.1 Median 0.5 1.5 1.5 4.4 n = number of trees used in the modeling process; sd = standard deviation; d = diameter (cm); DW = dry weight (kg); h = height (m). http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?article+bn03308042008 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 134 Burger, D.M. & Delitti, W.B.C. Table 3. Description of the models elaborated using simple linear regression, with the Natural logarithm of dry weight (lnDW) in kilograms (kg) as the dependent variable. Tabela 3. Descrição dos modelos elaborados através da análise de regressão linear simples, tendo como variável dependente o logarítmo neperiano da massa seca (lnDW) em quilogramas (kg). Predictor variable a (sd) b (sd) sy/x CI 95% b r2 F ln d (cm) ln h (m) ln d2h (cm2 m) –3.217 (0.215) –5.041 (0.310) –3.794 (0.206) 2.562 (0.112) 3.591 (0.169) 0.964 (0.037) 0.632 0.675 0.552 [2.335; 2.789] [3.250; 3.933] [0.890; 1.037] 0.931 0.921 0.947 522.4 451.9 696.7 p < 0.001; a = constant of the equation or linear coefficient of the line; b = regression coefficient; sd = standard deviation; CI = confidence interval; r2 = coefficient of determination; F statistic; sy/x = standard error. Table 4. Pearson’s intra-class correlations coefficient (ricc) among the means of the dry weights of the trees in sample 2, obtained from the equations developed, and the real means obtained in the field. Results of Student’s paired t-test (p) comparing real dry weight of the trees in sample 2 and the dry weight estimated by the equations. Tabela 4. Índice de correlação intraclasse de Pearson (ricc) entre as médias de massa seca das árvores da amostra 2, obtidas pelas equações desenvolvidas, e os valores médios reais, obtidos em campo. Resultado do teste t-Student pareado (p) para comparação entre a massa seca real das árvores da amostra 2 e a massa seca estimada pelas equações. Description of the model Equation Field lnDW = –3.2169 + 2.5620 ln(d) lnDW = –5.0406 + 3.5914 ln(h) lnDW = –3.7961 + 0.9636 ln(d2h) ricc (p < 0.001) p 0.854 0.868 0.908 0.29 0.69 0.33 Validation Mean (sd) Median 27.27 (77.97) 18.94 (38.67) 24.86 (63.50) 20.80 (44.02) 2.09 2.20 2.76 2.11 Min.-Max. 25-75 (%) 0.08-421.73 0.13-145.35 0.06-338.43 0.17-170.44 0.70-6.40 0.59-9.00 0.58-12.38 0.54-10.14 DW = dry weight (kg); d = diameter (cm), h = height (m), p = descriptive level of Student’s paired t-test; ricc = Pearson’s intra-class correlation coefficient. Table 5. Description of the final models elaborated using simple linear regression analysis, based on the total number of trees sampled (n = 82), with Natural logarithm of dry weight (lnDW) in kilograms (kg) as the dependent variable. Tabela 5. Descrição dos modelos finais elaborados através da análise de regressão linear simples, a partir do total de árvores amostradas (n = 82), tendo como variável dependente o logarítmo neperiano da massa seca (lnDW) em quilogramas (kg). Predictor variable a (sd) b (sd) sy/x CI 95% b r2 F ln d (cm) ln h (m) ln d2h (cm2 m) –3.068 (0.167) –4.707 (0.236) –3.676 (0.153) 2.522 (0.091) 3.384 (0.130) 0.951 (0.028) 0.672 0.714 0.558 [2.342; 2.703] [3.124; 3.643] [0.896; 1.007] 0.906 0.894 0.935 773.3 675.5 1157.3 p < 0.001; a = constant of the equation or linear coefficient of the straight line; b = regression coefficient; sd = standard deviation; CI = confidence interval; r2 = coefficient of determination; F statistic; sy/x = standard error. 1.9 m and 20.6 m, with a mean of 6.6 m. The mean diameter was 7.4 cm, varying from 1.6 to 24.5 cm. Estimated biomass values from the models did not significantly differ from expected values (Figure 1, Table 4). All the models presented high intra-class correlation coefficient (ricc). Student’s paired t-test indicated no significant differences between the means of the estimated dry weights for the trees and those found in the field (Table 4). In spite all models were satisfactory, no sufficient data are available to to discriminate between them. Considering that the variables used generated models appropriate for estimating phytomass of the Atlantic Forest, the final models were adjusted through simple linear regression analysis using all the information from all the trees collected (n = 82) in the field (Table 5). Despite being very similar to those developed using sample 1, they reflect all the variation in the dimensions of the trees represented in this study. Mean height of the 82 trees was 6.8 m, ranging from 1.9 to 27.9 m. Mean diameter was 8.0 cm, ranging between 1.6 and 47.8 cm. The equations were statistically significant (p < 0.001) and showed no tendencies in the analysis of residuals. The model with height as the predictor variable presented the lowest coefficient of determination and the largest standard error of the estimate. Considering the criteria established, the models whose predictor variables http://www.biotaneotropica.org.br were diameter (lnDW = –3.068+2.522lnd) and diameter squared times height (lnDW = –3.676+0.951ln d2h) were considered to be predictors of above-ground phytomass in the Atlantic Forest under conditions similar to those found in the local study. Table 6 shows a validation of models selected from the literature. Estimated dry weight for trees of sample 2, when calculated using equations developed for secundary wet forests (Scatena et al. 1993; Brown et al. 1989) or primary wet forests (Chave et al. 2001, Overman et al. 1994), were not statistically different from the real mean. However, they significantly differed when the used equations were developed for moist forests. Discussion Two models were considered as good predictors for phytomass of Mata Atlântica: ln DW = –3.068+2.522lnd and lnDW = –3.676+0.951lnd2h. The first one has the advantage of only requireing one variable, diameter that is easily measured in the field and less subjected to sampling errors. The second model adds the requirement of tree height which is not always available in forest samplings owing to the difficulty of getting accurate measurements. In spite of this limitation, this equation could be considered appropriate to estimate http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?article+bn03308042008 135 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Phytomass of a secondary Atlantic Forest Table 6. Pearson’s intra-class correlations coefficient (ricc) among the means of the dry weights of the trees in sample 2, obtained from the equations from the literature and the real means obtained in the field. Results of Student’s paired t-test (p) comparing real dry weight of the trees in sample 2 and the dry weight estimated by the equations. Tabela 6. Índice de correlação intraclasse de Pearson (ricc) entre as médias de massa seca das árvores da amostra 2 obtidos pelas equações da literatura e os valores médios reais, obtidos em campo. Resultado do teste t-Student pareado (p) para comparação entre a massa seca real das árvores da amostra 2 e a massa seca estimada pelas equações. Description of the model Equation Life zone (*) ricc (p < 0.001) p Validation Mean (sd) Median Min-Max 25-75 (%) Field W - - 27.27 (77.97) 2.09 0.08-421.73 0.70-6.40 lnDW = –2.39+2.48 ln(d) 2 lnDW = –2.14+2.41 ln(d) 3 lnDW = –3.30+0.94 ln(d2h) 1 lnDW = –3.28+0.95 ln(d2h) 4 lnDW = –3.84+1.04 ln(d2h) 2 lnDW = –2.19+2.54 ln(d) 5 lnFW = –1.49+2.55ln(d) 3 lnDW = –3.11+0.97 ln(d2h) W W W W W M M M 0.852 0.850 0.906 0.907 0.915 0.853 0.854 0.909 0.35 0.20 0.77 0.48 0.08 0.01 0.01 0.01 33.35 (66.60) 35.83 (70.30) 28.87 (60.32) 30.99 (65.01) 36.50 (80.57) 49.62 (100.74) 49.76 (101.23) 44.14 (93.90) 4.35 5.09 3.15 3.30 2.81 5.93 5.89 4.33 0.29-249.31 0.36-262.37 0.27-232.84 0.28-251.17 0.19-315.21 0.36-378.29 0.36-380.27 0.34-636.97 1.23-16.97 1.49-19.17 0.84-14.67 0.87-15.55 0.66-15.21 1.62-24.0 1.60-23.92 1.11-21.13 1 (Scatena et al. 1993), 2(Chave et al. 2001), 3(Brown et al. 1989), 4(Overman et al. 1994), 5(Higushi et al. 1998) DW = dry weight (kg); FW = fresh weight (kg); d = diameter (cm), h = height (m), p = descriptive level of Student’s paired t-test; ricc = Pearson’s intra-class correlation coefficient; W = wet life zone; M = moist life zone; (DW = 0.49FW), (*) the same criteria used by Chave et al. 2005. 1 60 95% Cl (mean of dry weigth) 50 40 30 20 10 0 Field InPSxInd InPSxInh InPSxInd2h Figure 1. Means of dry weights (kg) and respective 95% confidence intervals (CI), according to the estimates resulting from the equations developed in this study, applied to sample 2. Figura 1. Médias de massa seca (kg) e respectivos intervalos de 95% de confiança (CI), segundo as estimativas das equações desenvolvidas neste estudo, aplicadas na amostra 2. Mata Atlântica phytomass for similar conditions as those of the study area, owing to the fact of its showed the highest determination coefficient (r2 = 0.935) and the lowest standard error. Further to tree size defined by its height and diameter, other factors should be considered in phytomass estimations. In this study, we validated models available in the literature that used height and diameter as predicting variables, similar to those developed in the sampled forest. Validation results indicate that model application should consider forest type (dry, moist or wet) for which the model was developed. In spite that forest type is not the major factor in http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?article+bn03308042008 determining the quantity of accumulated organic matter by trees, forest type has influence in allometric relationships (Brown et al. 1989, Chave et al. 2005). Developed models for moist life zones (Chave et al. 2001 and Higushi et al. 1998) produced higher estimates of tree dry weight for sample 2 trees, and therefore were not appropriated for the study area. According to Brown at al. (1989), for a given diameter, moist life zone trees show higher biomass than wet life zone because they tend to be taller. Therefore, moist life zone equations tend to over-estimate biomass in other forest types. In the next step, this research would investigate the influence of wood density in the determination of biomass for Mata Atlântica trees. Chave et al. (2005) considered that tree diameter is the most relevant variable for predicting biomass in tropical forests, followed by wood density. The large species richness and the lack of knowledge of wood density for tropical forest trees would difficult wood density use. However, Chave et al. (2006) indicated that the identification of tress at the genus level would be enough for using wood density in predicting models. New studies in the various Mata Atlântica formations should include that variable, in the perspective of increasing biomass estimates accuracy. Conclusions The models developed and validated in this study explain about 90% of the variance in the dry weight (kg) of the trees, which generates a good estimate of this ecosystem descriptor. Information contained in different forest surveys, such as height and diameter of trees, can be used to estimate biomass. In spite of the limitations, and taking in account it is a secondary forest area, this information can contribute to estimates of carbon stores and exchanges, illustrating the role of the Atlantic Forests in the global carbon balance, as well as providing the basis for decisions regarding the management and recovery of these ecosystems. Acknowledgements We are grateful to Consórcio ECOVIAS for providing research facilities and to its staff members who considerably helped collecting the material in the field. http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 136 Burger, D.M. & Delitti, W.B.C. References BEAUCHAMP, J.J. & OLSON, J.S. 1973. Corrections for bias in regression estimates after logarithmic transformation. Ecology 54(6): 1403-1407. BRASIL. 1993 Decreto nº 750, de 11 de fevereiro de 1993. 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Recebido em 25/11/07 Versão Reformulada recebida em 05/12/08 Publicado em 18/12/08 http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?article+bn03308042008 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 137 Inventários As borboletas (Lepidoptera, Papilionoidea) do Campus Universitário Darcy Ribeiro (Distrito Federal, Brasil) Carlos Eduardo Guimarães Pinheiro, Ivan Constantinov Malinov, Thiago Oliveira Andrade, Jonas Brochado Maravalhas, Marcelo Brito Moussallem de Andrade, Luis Paulo Aguiar de Deus, Luiz Gustavo Perrut Pedrosa & Gabriel Vargas Zanatta......................................................139 Ictiofauna epígea e subterrânea na área cárstica da Serra do Ramalho, nordeste brasileiro, com listas de peixes troglóbios e troglófilos no Brasil George Mendes Taliaferro Mattox, Maria Elina Bichuette, Sandro Secutti1 & Eleonora Trajano...................................145 Mamíferos do Parque Estadual do Desengano, Rio de Janeiro, Brasil Thiago Carvalho Modesto, Flávia Soares Pessôa, Maria Carlota Enrici, Nina Attias, Tássia Jordão-Nogueira, Luciana de Moraes Costa, Hermano Gomes Albuquerque & Helena de Godoy Bergallo...........................................................................................153 Oligochaeta (Annelida: Clitellata) em córregos de baixa ordem do Parque Estadual de Campos do Jordão (São Paulo - Brasil) Guilherme Rossi Gorni & Roberto da Gama Alves...........................................................................................................161 Anfíbios da Marambaia: um remanescente naturalmente isolado de restinga e Floresta Atlântica do Sudeste do Brasil Hélio Ricardo da Silva, André Luiz Gomes de Carvalho & Gabriela Bueno Bittencourt-Silva........................................167 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 As borboletas (Lepidoptera, Papilionoidea) do Campus Universitário Darcy Ribeiro (Distrito Federal, Brasil) Carlos Eduardo Guimarães Pinheiro1,3, Ivan Constantinov Malinov1, Thiago Oliveira Andrade1, Jonas Brochado Maravalhas1, Marcelo Brito Moussallem de Andrade1, Luis Paulo Aguiar de Deus1, Luiz Gustavo Perrut Pedrosa2 & Gabriel Vargas Zanatta2 Departamento de Zoologia, Instituto de Biologia, Universidade de Brasília – UnB, CEP 70910-900, Brasília, DF, Brasil, e-mail: [email protected] 2 Departamento de Engenharia Florestal, Faculdade de Tecnologia, Universidade de Brasília – UnB, CEP 70910-900, Brasília, DF, Brasil 3 Autor para correspondência: Carlos Eduardo Guimarães Pinheiro, e-mail: [email protected] 1 PINHEIRO, C.E.G., MALINOV, I.C., ANDRADE, T.O., MARAVALHAS, J., MOUSSALLEM, M., DEUS, L.P.A., PEDROSA, L.G.P. & ZANATTA, G. 2008. The butterflies (Lepidoptera, Papilionoidea) of the University Campus Darcy Ribeiro (Distrito Federal, Brasil). Biota Neotrop. 8(4): http://www.biotaneotropica.org.br/ v8n4/en/abstract?inventory+bn00608042008. Abstract: The Brazilian cerrado, the second largest bioma in this country, is now constituted only by fragments of vegetation that together correspond to less than 20% of its original vegetation. This study investigates the butterfly fauna found in fragments of cerrado sensu stricto and gallery forest of the University Campus Darcy Ribeiro. A list containing 128 butterfly species, corresponding to approximately 25% of all Papilionoidea found in the Distrito Federal is presented. Some factors affecting the species richness of butterflies in the study sites are also discussed. Keywords: cerrado vegetation, conservation, habitat fragmentation, inventory. PINHEIRO, C.E.G., MALINOV, I.C., ANDRADE, T.O., MARAVALHAS, J., MOUSSALLEM, M., DEUS, L.P.A., PEDROSA, L.G.P. & ZANATTA, G. 2008. As borboletas (Lepidoptera, Papilionoidea) do Campus Universitário Darcy Ribeiro (Distrito Federal, Brasil). Biota Neotrop. 8(4): http://www.biotaneotropica.org. br/v8n4/pt/abstract?inventory+bn00608042008. Resumo: O cerrado brasileiro, considerado o segundo maior bioma do país em extensão territorial, encontra-se atualmente constituído apenas por fragmentos de vegetação que em conjunto representam menos de 20% de sua vegetação original. Neste trabalho nós investigamos a fauna remanescente de borboletas em fragmentos de cerrado sensu stricto e mata ciliar do campus universitário Darcy Ribeiro. No total foram encontradas 128 espécies correspondendo a aproximadamente 25% da fauna de borboletas do Distrito Federal. Alguns fatores que afetam a riqueza de espécies de borboletas nas áreas de estudo são também discutidos. Palavras-chave: cerrado, conservação, fragmentação de habitat, inventário. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?inventory+bn00608042008 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 140 Pinheiro, C.E.G. et al. http://www.biotaneotropica.org.br As localidades amostradas no campus incluem a Reserva do Centro Olímpico (RCO) que além de cerrado sensu stricto (aprox. 8 ha), contém ainda uma área de mata ciliar (2 ha) e várias áreas originalmente ocupadas por vegetação de cerrado e atualmente apresentando diferentes estágios de sucessão ecológica, a Estação Experimental de Biologia (EEB), que contém uma área de cerrado sensu stricto (3 ha) e uma pequena área de mata junto à Represa do Paranoá, e a região do arboreto, que também inclui áreas de cerrado sensu stricto (2 ha) e uma pequena mata ciliar (0.5 ha) ao longo de um córrego cuja nascente se encontra no Parque Olhos D’Água, em área adjacente ao campus (Figura 1). As amostragens da fauna de borboletas foram realizadas mensalmente por Pinheiro em 2004 e 2005 na RCO e outras localidades do campus; por Pinheiro, Malinov e Oliveira em 2006 e 2007 na RCO (amostragens semanais); e por Pinheiro e os demais autores deste trabalho em janeiro de 2008 na EEB, RCO e na região do Arboreto (amostragens diárias). Essas amostragens foram realizadas com redes entomológicas e armadilhas contendo iscas de banana fermentada em caldo de cana (uma ilustração desse tipo de armadilha pode ser encontrada em DeVries 1987). Todos os espécimes coletados foram incluídos na Coleção Entomológica da Universidade de Brasília. Espécies com distribuições geográficas presumidas ou encontradas apenas em regiões vizinhas à área do campus não foram incluídas na nossa listagem. A classificação adotada segue Lamas (2004). Resultados e Discussão Uma lista das borboletas (Papilionoidea) encontradas no campus universitário Darcy Ribeiro com suas respectivas classificações e habitats em que foram observadas ou capturadas é apresentada na Tabela 1. No total foram obtidas 128 espécies, correspondendo a aproximadamente 25% de todos os Papilionoidea encontrados no Distrito Federal (Emery et al. 2006). Estes valores mostram claramente que os fragmentos de vegetação existentes no campus ainda contém uma riqueza de espécies de borboletas relativamente alta. Devido à predominância da vegetação de cerrado sensu stricto nestes fragmentos, a maior parte das espécies encontradas (n = 68 ou 3 4 do Pa ra no á 5 ep re sa O cerrado é atualmente reconhecido como um dos biomas terrestres com maior diversidade de animais de todo o planeta, incluindo lepidópteros (Brown Jr. & Mielke 1967a, b, Brown Jr. & Gifford 2002). Apesar de toda essa riqueza o cerrado vem sofrendo um intenso processo de destruição e transformação de sua paisagem natural devido à urbanização e implantação de atividades agrícolas – geralmente envolvendo grandes monoculturas, criação de gado e a produção de carvão, restando na atualidade apenas fragmentos ou ilhas de vegetação equivalentes a menos de 20% da área originalmente ocupada (Myers et al. 2000). Estudos recentes mostram que a fragmentação de um bioma pode levar a perda em biodiversidade, especialmente no caso de invertebrados (DeVries et al. 1999, Hill et al. 2001, Lewinsohn et al. 2005, Pacheco & Vasconcelos 2007). Sendo assim, é necessário voltar a nossa atenção para esses fragmentos de vegetação, pois além de representarem tudo o que restou de um determinado bioma, também constituem a única esperança para a conservação da fauna ainda existente e para qualquer tentativa que vise à recuperação da vegetação original em determinadas regiões. Neste trabalho nós investigamos a fauna de borboletas (Papilionoidea) encontrada em fragmentos de vegetação de cerrado localizados no campus universitário Darcy Ribeiro da Universidade de Brasília. Inaugurado em 21 de abril de 1962 o campus ocupa uma área de 3.950.579 m2 na Asa Norte de Brasília, junto às margens da Represa do Paranoá (15° 44’ 6’’- 15° 46’ 30’’ S e 47° 53’ 6’’- 47° 51’ 18’’ W; 750-800 m de altitude), apresentando uma localização intermediária entre algumas das unidades de conservação mais importantes do Brasil central, como o Parque Nacional de Brasília, a Área de Proteção Ambiental do Gama e Cabeça de Veado e a Estação Ecológica de Águas Emendadas. Desde a sua inauguração a área do campus vem sofrendo um intenso processo de transformação de suas paisagens naturais. Entretanto, pouco se tem feito para a conservação da vegetação nativa e da fauna dessa área, restando hoje apenas algumas manchas de cerrado sensu stricto - o tipo de vegetação predominante no local (veja Goodland 1971, Eiten 1972, Oliveira-Filho & Ratter 2002 para uma descrição dos tipos fisionômicos de vegetação de cerrado) e pequenas manchas de matas ciliares próximas a nascentes. Uma tentativa para se conservar a fauna e flora da região foi a criação de uma reserva na área do Centro Esportivo Universitátio, atualmente conhecida como Reserva do Centro Olímpico. Entretanto, pouco se iguras - Biota fez pela Neotropica implantação efetiva dessa reserva que tem estado sempre sujeita à presença de plantas invasoras, animais domésticos, residentes Symbol (Medium) tamanho 7. clandestinos e depósitos de lixo, além de sofrer anualmente a ação 0.5 de Stroke. de incêndios de grandes proporções. Dados gráficos" com 0.6 de Stroke. Apesar de todos esses problemas alguns estudos de fauna desa dos ventos na imagem original, substituirnos pelaúltimos padrão (Paleta Symbols). senvolvidos no campus anos têm mostrado que esses cos deverão utilizar a escala de cores pré-definidas. fragmentos de vegetação podem ainda suportar uma grande riqueza s coloridas, seguir o padrão de da (com. Swatches. de espécies. M.cores Bagno pess.) observou aproximadamente 180 s de gráficos pb devem ter quando houver texto e 50% espécies de10% avesdenapreto região do campus, correspondendo a aproximadamente 40% de todas as aves do Distrito Federal, sugerindo que os ura devem estar no mesmo idioma do artigo.ainda existentes podem desempenhar um fragmentos de vegetação dentro de caixas de bastante texto comrelevante 2 mm de distância nas extremidades. papel na conservação da fauna local. Neste trabalho nós"Sentence apresentamos co deve estar em case". uma listagem das borboletas (Papilionoidea) do erá ter 1 pontocampus. de Stroke.Nossos objetivos são: 1) conhecer a fauna de borboletas do campus permitir o desenvolvimento de 2diferentes tipos de pesquisas m figuras ex: a , devemeestar no canto superior direito com mm científicas envolvendo a mesma; 2) permitir que a diversidade de dades da figura. espécies encontrada possa ser monitorada em estudos futuros; e 3) incentivar a criação e a manutenção de reservas e áreas de conservação nos fragmentos de vegetação de cerrado ainda existentes. Material e Métodos O S N L R Introdução 2 1 Cerrado sensu stricto Mata 1,2 Reserva do Centro Olímpico 3 Estação experimental 4 Arboreto 5 Parque Olhos d'Água Figura 1. Localização das áreas de cerrado sensu stricto e mata ciliar no Campus Universitário Darcy Ribeiro, Brasília, Distrito Federal. Figure 1. Locations of cerrado sensu stricto and gallery forest areas in the University Campus Darcy Ribeiro, Brasília, Distrito Federal. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?inventory+bn00608042008 141 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 As borboletas do Campus Universitário Darcy Ribeiro Tabela 1. Lista das borboletas (Papilionoidea) do Campus Universitário Darcy Ribeiro, Brasília, Distrito Federal. Habitats incluem: CSS (cerrado sensu stricto), MC (mata ciliar), AS (área em sucessão) e J (jardins). Table 1. List of butterflies (Papilionoidea) of the University Campus Darcy Ribeiro, Brasília, Distrito Federal. Habitats include: CSS (cerrado sensu stricto), MC (gallery forest), AS (successional fields) e J (gardens). Família/subfamília/tribo/espécies Habitats PAPILIONIDAE Papilioninae - Troidini 1 MC Battus crassus crassus (Cramer, 1777) 2 Battus polydamas polydamas (Linnaeus, CSS, MC, AS J 1758) 3 MC Parides anchises foetterlei (Rothschild & Jordan, 1906) Papilioninae - Papilionini 4 Heraclides anchisiades capys (Hübner, CSS, MC, AS, J [1809]) 5 Heraclides thoas brasiliensis (Rothschild CSS, MC, AS, J & Jordan, 1906) PIERIDAE Coliadinae 6 CSS Anteos clorinde (Godart, [1824]) 7 CSS Anteos menippe (Hübner, [1818]) 8 CSS, AS Phoebis argante argante (Fabricius, 1775) 9 CSS, AS Phoebis philea philea (Linnaeus, 1763) 10 Phoebis sennae sennae (Linnaeus, 1758) CSS, AS, J 11 Aphrissa statira statira (Cramer, 1777) CSS, AS, J 12 Pyrisitia leuce leuce (Boisduval, 1836) CSS, AS 13 Pyrisitia nise tenella (Boisduval, 1836) AS 14 Eurema albula albula (Cramer, 1775) CSS, AS, J 15 Eurema deva doris (Röber, 1909) CSS, AS 16 Eurema elathea elathea (Cramer, 1777) CSS, AS, J 17 Eurema phiale paula (Röber, 1909) CSS, AS, J Pierinae - Pierini 18 Appias drusilla drusilla (Cramer, 1777) CSS, AS, J 19 Ascia monuste orseis (Godart, 1819) CSS, AS, J LYCAENIDAE Polyommatinae 20 Leptotes cassius cassius (Cramer, 1775) CSS, AS 21 Hemiargus hanno (Stoll, 1790) CSS 22 Zizula cyna (Edwards, 1881) CSS Theclinae - Eumaeini 23 Theritas triquetra (Hewitson, 1865) CSS 24 Arawacus ellida (Hewitson, 1867) MC 25 Cyanophrys herodotus (Fabricius, 1793) CSS 26 Bistonina mantica (Druce, 1907) CSS 27 Strymon mulucha (Hewitson, 1867) CSS 28 Tmolus echion (Linnaeus, 1767) CSS 29 Nicolaea socia (Hewitson, 1868) CSS 30 Olynthus essus (Herrich-Schäffer, [1853]) CSS Riodinidae Euselasiinae - Euselasiini 31 Euselasia mys cytis Stichel, 1919 CSS Riodininae - Riodinini 32 Lyropteryx terpsichore terpsichore CSS Westwood, 1851 http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?inventory+bn00608042008 Tabela 1. Continuação... Família/subfamília/tribo/espécies 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 Lasaia agesilas agesilas (Latreille, 1809) Riodininae - Symmachiini Symmachia hippodice Godman, 1903 Riodininae - Tribo Incertae Sedis Apodemia paucipuncta Spitz, 1930 Riodininae - Nymphidiini Ariconias glaphyra (Westwood, 1851) Synargis calyce (C. Felder & R. Felder, 1862) Synargis agle (Hewitson, [1853]) Synargis gela (Hewitson, [1853]) Nymphidium leucosia leucosia (Hübner, [1806]) Nymphidium lisimon (Stoll, 1790) Theope eudocia Westwwod, 1851 Theope pieridoides C. Felder & R. Felder, 1865 Theope terambus (Godart, [1824]) Riodininae - Stalachtini Stalachtis phlegia phlegetontia (Perty, 1833) NYMPHALIDAE Libytheinae Libytheana carinenta (Cramer, 1779) Danainae - Danaini Danaus gilippus gilippus (Cramer, 1775) Danaus eresimus plexaure (Godart, 1819) Danaus erippus (Cramer, 1775) Lycorea halia discreta Haensch, 1909 Ithomiinae - Tithoreini Tithorea harmonia pseudethra Butler, 1873 Aeria elara elarina (Oberthür, 1879) Ithomiinae - Mechanitini Methona themisto (Hübner, 1818) Thyridia psidii hippodamia (Fabricius, 1775) Mechanitis lysimnia lysimnia (Fabricius, 1793) Mechanitis polymnia casabranca Haensch, 1905 Ithominae - Napeogenini Hypothyris ninonia daeta (Boisduval, 1836) Ithomiinae - Ithomiini Ithomia agnosia agnosia (Hewitson, [1855]) Placidina euryanassa (C. Felder & R. Felder, 1860) Ithomiinae - Dircennini Dircenna dero dero (Hübner, 1823) Episcada hymenaea centralis (Brown & Mielke 1970) Ithomiinae - Godyridini Habitats CSS CSS CSS CSS CSS CSS CSS CSS MC MC CSS CSS CSS, MC, J MC MC, J MC, J MC, J MC MC MC MC MC MC MC MC MC MC MC MC http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 142 Pinheiro, C.E.G. et al. Tabela 1. Continuação... 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 Família/subfamília/tribo/espécies Hypoleria lavinia consimilis Talbot, 1928 Hypoleria sarepta goiana d’Almeida, 1951 Brevioleria seba emyra (Haensch, 1905) Mcclungia cymo salonina (Hewitson, 1855) Heterosais edessa (Hewitson, [1855]) Pseudoscada erruca (Hewitson, 1855) Pseudoscada acilla quadrifasciata Talbot, 1928 Morphinae - Morphini Grasseia menelaus coeruleus (Perry, 1810) Morpho helenor achillides (C. Felder & R. Felder, 1867) Morphinae - Brassolini Brassolis sophorae laurentii Stichel, 1925 Caligo illioneus illioneus (Cramer, 1775) Satyrinae - Satyrini Cissia terrestris (Butler, 1866) Euptychia westwoodi Butler, 1867 Hermeuptychia hermes (Fabricius, 1775) Pareuptychia ocirrhoe ocirrhoe (Fabricius, 1777) Paryphthimoides phronius (Godart, [1824]) Paryphthmoides poltys (Prittwitz, 1865) Praefaunula armilla (Bulter, 1867) Yphthimoides ochracea (Butler, 1867) Yphthimoides yphthima (C. Felder & R. Felder, 1867) Yphthimoides celmis (Godart, [1824]) Charaxinae - Anaeini Siderone galanthis (Cramer, 1775) Biblidinae - Biblidini Byblis hyperia nectanabis (Fruhstorfer, 1909) Eunica bechina (Hewitson, 1852) Eunica cuvierii (Godart, 1819) Hamadryas laodamia laodamia (Cramer, 1777) Hamadryas amphinome amphinome (Linnaeus, 1767) Hamadryas februa (Hübner, [1823]) Hamadryas feronia feronia (Linnaeus, 1758) Temenis laothoe ssp. Dynamine agacles agacles (Dalman, 1823) Callicore astarte selima (Guenée,1872) Callicore sorana sorana (Godart, [1824]) Diaethria clymena janeira (C. Felder, 1862) http://www.biotaneotropica.org.br Tabela 1. Continuação... Habitats MC MC MC MC 96 97 98 99 MC MC MC 100 101 MC 102 103 MC 104 J MC 105 106 CSS MC AS MC MC MC CSS AS AS 107 108 109 110 111 112 113 114 AS 115 CSS 116 MC CSS CSS MC 117 118 119 MC, CSS 120 CSS CSS 121 CSS MC CSS CSS MC 122 123 124 125 126 127 128 Família/subfamília/tribo/espécies Nymphalinae - Coeini Colobura dirce dirce (Linnaeus, 1758) Historis odius dious Lamas, 1995 Smyrna blomfildia blomfildia (Fabricius, 1781) Tigridia acesta latifascia (Butler, 1873) Nymphalinae - Nymphalini Vanessa braziliensis (Moore, 1883) Vanessa myrinna (Doubleday, 1849) Nymphalinae - Kallimini Junonia evarete evarete (Cramer, 1779) Anartia amathea roeselia (Eschscholtz, 1821) Anartia jatrophae jatrophae (Linnaeus, 1763) Siproeta stelenes stelenes (Linnaeus, 1758) Nymphalinae - Melitaeini Chlosyne lacinia saundersi (Doubleday, [1847]) Eresia eunice esora Hewitson, 1857 Eresia lansdorfi (Godart, 1819) Ortilia dicoma (Hewitson, 1864) Ortilia ithra (Kirby, 1900) Phystis simois simois (Hewitson, 1864) Tegosa claudina (Eschscholtz, 1821) Limenitidinae - Limenitidini Adelpha iphiclus ephesa (Ménétriés, 1857) Adelpha cytherea aea (C. Felder & R. Felder, 1867) Adelpha thoasa gerona (Hewitson, 1867) Heliconiinae - Argynnini Euptoieta hegesia meridiania Stichel, 1938 Heliconiinae - Acraeini Actinote discrepans d’Almeida 1958 Actinote parapheles Jordan, 1913 Actinote pellenea pellenea Hübner, [1821] Heliconiinae - Heliconiini Agraulis vanillae maculosa (Stichel, [1908]) Dione juno suffumata (Brown & Mielke, 1972) Dryadula phaetusa (Linnaeus, 1758) Dryas iulia alcionea (Cramer, 1779) Eueides isabella dianasa (Hübner, [1806]) Eueides aliphera aliphera (Godart, 1819) Heliconius ethilla narcaea Godart, 1819 Heliconius erato phyllis (Fabricius, 1775) Heliconius sara thamar (Hübner, [1806]) Habitats MC CSS MC MC, J J CSS, J CSS CSS, AS, J CSS, AS, J MC MC, J MC MC, J CSS J CSS MC, J CSS CSS CSS CSS, AS MC, CSS CSS MV, CSS CSS, AS, J CSS, MC, AS CSS, J MC, J CSS, MC MC MC, J MC, J MC, J http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?inventory+bn00608042008 143 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 As borboletas do Campus Universitário Darcy Ribeiro 53,13%) ocorreu neste tipo de vegetação, estando aí incluída a maioria dos Pieridae, Lycaenidae, Riodinidae e Nymphalidae (especialmente Biblidinae e Limenitidinae). Muitas dessas espécies (especialmente Pieridae e alguns Nymphalidae) também foram observadas em áreas abertas originalmente ocupadas por cerrado sensu stricto e atualmente apresentando diferentes estágios de sucessão ecológica. Outra parte considerável das espécies (n = 57 ou 44,5%) foi encontrada nas matas ciliares (especialmente Danainae, Ithomiinae, Morphinae e Heliconiinae), sendo que uma proporção menor dessas espécies também foi observada nos jardins do campus (n = 30 ou 23,4%). Alguns Papilionidae como Heraclides thoas brasiliensis, H. anchisiades capys e Battus polydamas polydamas foram observadas em todos os ambientes amostrados. Além das espécies citadas na Tabela 1, podemos ainda esperar que novos registros de espécies sejam adicionados à nossa lista - uma relação de Papilionoidea que ocorrem em áreas próximas ao campus pode ser encontrada em Emery et al. (2006), Pinheiro (2006) e Pinheiro & Emery (2006). Entre os grupos que esperamos obter novos registros estão os Lycaenidae, que contrariamente à maioria das borboletas são mais abundantes durante a estação seca (obs. pessoal) e contém muitas espécies com parte de seu ciclo de vida ocorrendo nos botões florais de várias plantas do cerrado, o que dificulta em muito a sua detecção pelos métodos de amostragem mais clássicos (Lewinsohn et al. 2005) e vários Riodinidae cuja biologia e plantas-hospedeiras só recentemente passaram a ser investigadas (Diniz & Morais 1995, 1997, Diniz et al. 2001). Várias borboletas típicas de matas ciliares, como Grasseia menelaus, Morpho helenor achillides (Morphinae), Caligo illioneus illioneus (a borboleta coruja; Brassolini), Lycorea halia discreta (D anainae), Byblis hyperia nectanabis, Hamadryas laodamia laodamia, Diaethria clymena janeira (Biblidinae) e Siproeta stelenes stelenes (Nymphalinae) foram raramente observadas, não parecendo constituir populações estáveis nestes locais. Outras espécies como Heliconius erato phyllis, H. sara thamar e H. ethilla narcaea (Heliconiinae) formam apenas pequenas populações na RCO e EEB, nem sempre presentes ao longo de todo o ano. Essa baixa riqueza de espécies e de indivíduos encontrada nas matas ciliares provavelmente ocorre em função de vários fatores, como a ausência ou raridade de plantas-hospedeiras, da pequena área que esse tipo de vegetação ocupa na região do campus e das condições ambientais que prevalecem nesse habitat, como um pequeno grau de sombreamento (grandes áreas sombreadas constituem uma condição necessária para o aparecimento de diversos grupos de borboletas, como os Charaxinae e vários Satyrinae, Nymphalinae, Papilionidae, Riodinidae e Lycaenidae, encontradas no Brasil central apenas em matas ciliares mais densas; Pinheiro & Ortiz 1992; Pinheiro 2005) e baixa umidade relativa do ar, que afeta fortemente a ocorrência dos Ithomiinae, um grupo de borboletas que se abrigam nos locais mais sombreados e com maior umidade relativa durante o período da seca - maio a setembro (DeVries 1987, Brown Jr. 1992). Além desses fatores, a ocorrência de incêndios durante o período mais seco do ano provavelmente prejudica o aparecimento de um grande número de borboletas. Para exemplificar a forte influência que o fogo exerce sobre a comunidade de borboletas foi constatado que, seis meses após a ocorrência de um grande incêndio na mata da RCO, ocorrido em agosto de 2007, nenhuma das espécies comumente observadas naquele local durante a época de chuvas, como vários Ithomiinae e Heliconiinae, foi encontrada. De forma semelhante, várias espécies comumente encontradas nas áreas de cerrado do campus em 2004 e 2005, como Siderone galanthis, Colobura dirce dirce, Temenis laothoe, Junonia evarete evarete, Eunica bechina, E. cuvierii, Historis odius dious, Smyrna blomfildia blomfildia, Vanessa braziliensis e Vanessa myrinna não foram observadas nos levantamentos de fauna mais recentes (2006 a 2008). Esses resultados http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?inventory+bn00608042008 sugerem que a ocorrência de incêndios nas áreas de mata ciliar e cerrado sensu stricto do campus podem estar mesmo causando uma perda na riqueza de espécies de borboletas, restando no local apenas as espécies com maior capacidade de dispersão e colonização de novos habitats (Hill et al. 2001). De fato a riqueza de espécies de borboletas no campus poderia ser bem maior caso algumas medidas fossem tomadas, como: 1) um maior controle sobre as queimadas que anualmente ocorrem em toda a região, com a formação de aceiro e a remoção de plantas invasoras como o capim, que favorecem a expansão do fogo entre as manchas de vegetação existentes; 2) o estabelecimento de áreas visando à regeneração da vegetação original de cerrado; 3) a introdução de plantas típicas do bioma cerrado em várias localidades onde a vegetação original foi quase totalmente removida e, especialmente, junto às pequenas manchas de mata ciliar na RCO, EEB e Arboreto – aumentando a área atual ocupada por matas no campus; 4) a remoção do lixo e dos animais domésticos presentes; e 5) um maior controle na entrada e no fluxo de pessoas. Estas medidas certamente aumentariam não apenas o número de borboletas, mas de toda a flora e fauna presente no campus. Agradecimentos Somos gratos a Keith S., Brown Jr., André V. L. Freitas, Paulo C. Motta e Mirma M. Casagrande pela colaboração na identificação de espécies ocorrida ao longo dos últimos anos e pela enriquecedora troca de idéias. Referências Bibliográficas BROWN Jr., K.S. 1992. Borboletas da Serra do Japi: diversidade, habitats, recursos alimentares e variação temporal. In Historia Natural da Serra do Japi: ecologia e preservação de uma área florestal no sudeste do Brasil (L. Morellato, org.). Unicamp, Campinas, p. 142-187. BROWN Jr., K.S. & GIFFORD, D.R. 2002. Lepidoptera in the cerrado landscape and the conservation of vegetation, soil, and topographical mosaics. In The cerrados of Brazil: ecology and natural history of a neotropical savanna (P.S. Oliveira & R.J. Marquis eds.). Columbia Univ. Press, New York, p. 201-217. BROWN Jr., K.S. & MIELKE, O.H.H. 1967a. Lepidoptera of the Central Brazil Plateau. I. Preliminary list of Rhopalocera: Introduction, Nymphalidae, Libytheidae. J. Lepid. Soc. 21(2):77-106. BROWN Jr., K.S. & MIELKE, O.H.H. 1967b. 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Recebido em 15/05/08 Versão reformulada recebida em 30/09/08 Publicado em 09/10/08 http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?inventory+bn00608042008 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Surface and subterranean ichthyofauna in the Serra do Ramalho karst area, northeastern Brazil, with updated lists of Brazilian troglobitic and troglophilic fishes George Mendes Taliaferro Mattox1, Maria Elina Bichuette2, Sandro Secutti1 & Eleonora Trajano1,3 Departamento de Zoologia, Instituto de Biociências da USP, CP 11461, CEP 05422-970, São Paulo, SP, Brazil, e-mail: [email protected], [email protected] 2 Departamento de Ecologia e Biologia Evolutiva, Universidade Federal de São Carlos –UFSCar, Via Washington Luis, Km 235, CP 676, CEP 13565-905, São Carlos, SP, Brazil, e-mail: [email protected] 3 Corresponding author: Eleonora Trajano, e-mail: [email protected] 1 MATTOX, G.M.T., BICHUETTE, M.E., SECUTTI, S. & TRAJANO, E. Surface and subterranean ichthyofauna in the Serra do Ramalho karst area, northeastern Brazil, with updated lists of Brazilian troglobitic and troglophilic fishes. Biota Neotrop., 8(4): http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?inventory+bn00 708042008 Abstract: After an ichthyofaunistic survey in several epigean (surface) water bodies of the Serra do Ramalho, southern Bahia, conducted in May 2007, 44 species were recorded; in addition, three non-troglomorphic (normally eyed and pigmented) and two troglomorphic species were recorded only in caves, totaling 49 species of fishes for the area, which represents a little more than one fourth of the total registered in the literature for the entire Rio São Francisco basin. In these caves, which have been studied since 2005, eight non-troglomorphic species were sampled and their presence in both epigean and subterranean habitats, associated to the lack of morphological differences, indicate that they may be either troglophiles (species encompassing individuals able to live and complete their life cycle either in the surface or in the subterranean environment), trogloxenes (individuals regularly found in subterranean habitats, but which must return periodically to the surface in order to complete their life cycle) or even accidental in caves. In addition, two troglomorphic species (with reduced eyes and melanic pigmentation when compared to close epigean relatives), belonging respectively to the genera Rhamdia and Trichomycterus, were recorded exclusively in caves, thus classified as troglobites. Interestingly, no epigean representative of the genus Trichomycterus was collected. The new data are integrated into updated lists of Brazilian troglobitic and troglophilic fishes, based on published data and new records recently confirmed. Keywords: Bahia State, caves, troglobites, troglophiles, freshwater fishes. MATTOX, G.M.T., BICHUETTE, M.E., SECUTTI, S. & TRAJANO, E. Ictiofauna epígea e subterrânea na área cárstica da Serra do Ramalho, nordeste brasileiro, com listas de peixes troglóbios e troglófilos no Brasil. Biota Neotrop., 8(4): http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?inventory+bn00708042008 Resumo: Um levantamento ictiofaunístico em corpos d´água epígeos (superficiais) da Serra do Ramalho, sul da Bahia, realizado em maio de 2007, resultou no registro de 44 espécies; além destas, três espécies com olhos e pigmentação normais (não-troglomórficas) e duas espécies troglóbias foram encontradas apenas em cavernas, perfazendo um total de 49 espécies na Serra do Ramalho, o que representa pouco mais de um quarto do total registrado na literatura em toda a bacia do Rio São Francisco. Nas cavernas desta área, que vêm sendo intensivamente investigadas desde 2005, oito espécies de peixes não-troglomórficos foram registradas. Sua presença tanto no meio epígeo como no subterrâneo, aliada à ausência de diferenciação morfológica, indica que estas últimas podem ser troglófilas (espécies com indivíduos capazes de viver e completar o ciclo de vida tanto no ambiente superficial como no subterrâneo), trogloxenas (espécies com indivíduos encontrados regularmente em cavernas, mas que devem sair periodicamente ao meio epígeo para completar seu ciclo de vida) ou mesmo acidentais em cavernas. Por outro lado, duas espécies troglomórficas (com redução de olhos e pigmentação melânica quando comparadas com aparentados epígeos próximos), pertencentes respectivamente aos gêneros Rhamdia e Trichomycterus, foram encontradas exclusivamente em cavernas, o que justifica sua classificação como troglóbias (espécies exclusivamente subterrâneas). É interessante notar que nenhum representante epígeo do gênero Trichomycterus foi capturado. Os novos dados são integrados em listas atualizadas de peixes troglóbios e troglófilos no Brasil, baseadas tanto em dados publicados como em novos registros confirmados recentemente. Palavras-chave: Bahia, cavernas, troglóbios, troglófilos, peixes de água doce. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?inventory+bn00708042008 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 146 Mattox, G.M.T. et al. Introduction Study Area The Serra do Ramalho karst area is situated in southwestern Bahia State (BA), Middle Rio São Francisco basin (Figure 1). According to Köppen (1948), the climate is defined as tropical dry, “Aw” type, characterized by a dry winter (March to October) and an annual precipitation around 640 mm (Instituto Nacional de Meteorologia/ INMET, http://www.inmet.gov.br/html/clima/mapas/?mapa=prec). The native vegetation of the region consists of Caatinga (mesophytic and xeromorphic forests), interspersed with Cerrado (a savannah-like vegetation). The Serra do Ramalho is dominated by a plateau formed by carbonatic (limestone) rocks of the Bambuí Group (Auler et al. 2001). This plateau extends for kilometers and forms large cave systems in the region, distributed in two sections, the lower plateau, to the south, and the upper plateau, to the north. The caves focused in this work, Enfurnado Cave (13° 38’ 45.47” S and 44° 12’ 7.11” W), on the upper plateau, and Água Clara (13° 48’ 2.83” S and 43° 57’ 4.76” W) and Lapa dos Peixes (13° 49’ 21.78” S and 43° 57’ 24.39” W) caves, on the lower plateau, are formed basically by river conduits (large in the Enfurnado and Água Clara and small in Lapa dos Peixes). These conduits are subject to accentuated decrease in the water level along the dry seasons, resulting in a strong seasonality in the ecosystems dynamics. Epigean (surface) localities: Six different epigean localities were sampled for fishes and are numbered below. All collection sites http://www.biotaneotropica.org.br 0 10 km W E S en orr r ive te R N Bom Jesus da Lapa C Santa Maria da Vitória 2 4 er Fo Descoberto 5 6 Upper Plateau 7 Coribe Fran cisco Rive r iv oR os rm 3 98 São The Rio São Francisco basin is the third largest Neotropical drainage and is enclosed in an area of more than 630.000 km2 (Sato & Godinho 1999). Its ichthyofauna began to be studied in the late XVIII and early XIX centuries, with descriptions of a few new species from this basin, culminating in the classic work by Lütken (1875) on fishes from Rio das Velhas, one of the main tributaries of the Rio São Francisco (Britski et al. 1984, Britski 2001). In recent times, ichthyological surveys have yielded a little more than 180 fish species occurring in the drainage, most of them belonging to the orders Characiformes and Siluriformes (Britski et al. 1984, Sato & Godinho 1999, Alves & Pompeu 2001, Costa 2002). Even though the ichthyofauna of Rio São Francisco has been studied for more than 200 years, new species from this drainage are still being described nowadays and the taxonomy of certain taxa is far from being totally resolved (e.g., Lima & Britski 2007). More than 20 species of Brazilian subterranean fishes are known to present the classical troglomorphisms related to the hypogean life, i.e., reduction of eyes and/or pigmentation at least at some degree beyond that observed in their epigean (surface) congeners, indicating a troglobitic (exclusively subterranean) status. In addition, several non-troglomorphic fishes have also been recorded in caves, being either troglophilic (species able to establish self-sustained populations both in epigean and in subterranean habitats), trogloxenic (found in both epigean and subterranean habitats, but each individual must return periodically to the surface in order to complete its life cycle) or accidentals (Bichuette & Trajano 2003). Because the primary criterion to classify subterranean organisms into those categories is distributional, the occurrence also in surface habitats precluding the troglobitic status, a first step to determine the troglobitic, troglophilic or other condition for organisms found in hypogean habitats is the comparison with the local epigean fauna. Therefore, an ichthyofaunistic survey in several epigean water bodies was conducted in May 2007. Herein we present the results of ichthyofaunistic surveys in hypogean and epigean water bodies in the Serra do Ramalho karst area and adjacencies, Bahia State. Cocos Lower Plateau Serra do Ramalho Carinhan ha River 1 Montalvânia 72° 9° 32° 34° 9° 32° 72° 34° Figure 1. Serra do Ramalho location, Rio São Francisco basin, State of Bahia. The numbers refer to the collecting localities, as listed in the text. Figura 1. Localização da Serra do Ramalho, bacia do Rio São Francisco, Bahia. os números referem-se aos locais de coleta, como listados no texto. were sampled during the daytime, and localities 2, 3 and 5 were also sampled during sunset. 1)Rio Itaguari (14° 15’ 53.00” S and 44° 31’ 28.00” W), tributary of Rio Carinhanha, affluent of Rio São Francisco. São João de Porto Alegre Village, Town of Cocos, BA. It is a fast flowing, medium sized river, approximately 15 m wide, with bottom covered by rocks and pebbles and dense vegetation along margins; 2)Rio Correntes (13° 15’ 43.40” S and 44° 06’ 6.40” W), affluent of Rio São Francisco. Town of Santa Maria da Vitória, BA. It is a fast flowing river with some calmer areas, approximately 40 m wide, with bottom covered by sand and mud and dense vegetation along margins, interrupted by some muddy beaches; 3) Rio Formoso (13° 35’ 16.00” S and 44° 18’ 13.00” W), tributary of Rio Correntes, affluent of Rio São Francisco. Colônia do Formoso Village between Descoberto and Santa Maria da Vitória, Town of Coribe, BA. It is a fast flowing, medium sized river, approximately 15 m wide, with bottom covered by mud, sand and pebbles and dense vegetation along margins. 4) Riacho Lagoa Grande (13° 33’ 41.00” S and 44° 17’ 37.00” W), tributary of Rio Correntes, affluent of Rio São Francisco. Town of Coribe, BA. Small winding stream, one or two meters wide, with slow flowing waters and sandy bottom with pebbles, and dense vegetation along margins. The stream is crossed several times by the dirt road between Descoberto and Santa Maria da Vitória, BA; 5)Riacho do Morro Furado (13° 37’ 07.00” S and 44° 14’ 45.00” W), tributary of Rio Volta Pedra, tributary of Rio Correntes, affluent http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?inventory+bn00708042008 147 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Surface and cave fish in Serra do Ramalho of Rio São Francisco. Town of Coribe near Descoberto Village, BA. It is a stream flowing out of Gruta do Morro Furado, three or four meters wide. In its upper reaches, where it slowly flows from the cave, the stream has a low light environment with soft mud bottom and no vegetation. As the stream leaves the cave and light increases, vegetation becomes more abundant along margins, bottom becomes more rocky and water flows faster. In this region, the river also has some slow flowing pools, approximately 2 m deep, rocky bottom and dense vegetation along margins; 6) Dam in Riacho Verde (13° 37’ 7.50” S and 44° 14’ 44.90” W), tributary of Riacho Pitubas, Descoberto Village near Town of Coribe, BA. Lentic environment with muddy bottom and dense vegetation along margins. Cave localities: Hypogean streams in three caves were sampled: 7)Gruna do Enfurnado Cave (13° 38’ 45.47” S and 44° 12’ 7.11” W), Descoberto Village, Twon of Coribe, located in the upper plateau of Serra do Ramalho. Cave with 7.560 m of passageways, is one of the largest in the upper plateau. Two streams, one possibly autochthonous, fed by subterranean water, and one allochthonous, cross respectively the distal and the proximal ends of the base-level conduit (the lowest regional erosional level, corresponding generally to a major river that represents the upper limit of the phreatic zone). These streams connect only during very heavy rains, most of the time there are only discontinuous water pools in the intermediate galleries. Connections with the epigean drainage are unknown; 8)Gruna da Água Clara Cave (13° 48’ 2.83” S and 43° 57’ 4.76” W), Agrovila 23 Village, Town of Carinhanha, located in the lower plateau of Serra do Ramalho. Cave with 13.880 m of passageways, is one of the largest in the lower plateau, also formed by two streams, one possibly autochthonous (vadose tributary) and one allochthonous. During the rainy season, a large stream crosses the Gruna da Água Clara and, after a winding open air percours of about 4 km, it enters the main conduit of the Lapa dos Peixes; 9) Lapa dos Peixes Cave (13° 49’ 21.78” S and 43° 57’ 24.39” W), Agrovila 23 Village, Town of Carinhanha, located in the lower plateau of Serra do Ramalho. Cave with 7.020 m of mapped passageways, with a main conduit crossed by a temporary stream (9) and some upper, mostly dry conduits. Upstream into the upper conduits there is a small permanent vadose tributary (9*) fed by infiltration water and disappearing into the ground. Methods Collections in epigean sites were carried on using hand nets, trawl seines, cast seines and gill nets of various sizes and small meshes, during one 12 days long field trip, in early May, 2007. Although different localities were not accessed with exactly the same methods, effort was made in order to sample all habitats in each location. Fishes were killed by over-anesthesia in a solution of benzocaine, fixed in formalin 4% and later transferred to ethanol 70%. Specimens were identified to the species level whenever possible and deposited in the ichthyological collection of the Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, São Paulo state (MZUSP). The relative frequency of the species was calculated in terms of number of individuals of each species in relation to the total collected, expressed in percentage. The species were then classified into four categories, according to their abundance: rare species, less than 1% of relative abundance; uncommon species, 1-6% of relative abundance; common species, 6-12% of relative abundance; very common species, more than 12% of relative abundance. Collections in caves were made using hand nets and minnow traps baited with bovine liver. Specimens for taxonomic and anatomical studies were killed and preserved according the procedures described above for epigean fishes. Table 1. List of species recorded in the Serra do Ramalho. Families are presented in systematic order following Reis et al. (2003), species in alphabetical order within each family. Troglomorphic species are highlighted in bold. Localities: Epigean: 1 - Rio Itaguari; 2 - Rio Correntes; 3 - Rio Formoso; 4 - Riacho Lagoa Grande; 5 - Riacho do Morro Furado; 6 - Dam in Riacho Verde; Caves: 7 - Gruna do Enfurnado; 8 - Gruna da Água Clara; 9 - Lapa dos Peixes. Tabela 1. Lista das espécies registradas na Serra do Ramalho. Famílias apresentadas em ordem sistemática segundo Reis et al. (2003) e espécies em ordem alfabética em cada família. Espécies troglomórficas destacadas em negrito. Localidades: Epígeas: 1 - Rio Itaguari; 2 - Rio Correntes; 3 - Rio Formoso; 4 - Riacho Lagoa Grande; 5 - Riacho do Morro Furado; 6 - Represa em Riacho Verde; Cavernas: 7 - Gruna do Enfurnado; 8 - Gruna da Água Clara; 9 - Lapa dos Peixes. Táxon CLUPEIFORMES Engraulidae Anchoviella vaillanti CHARACIFORMES Parodontidae Parodon hilarii Curimatidae Curimatella lepidura Steindachnerina elegans Prochilodontidae Prochilodus costatus Anostomidae Leporinus sp. Schizodon knerii Schizodon sp. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?inventory+bn00708042008 Locality 1 x - 2 x - Epigean 3 4 x x x x x x x x x x 5 x - 6 - 7 - Caves 8 x - 9 x - http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 148 Mattox, G.M.T. et al. Table 1. Continued... Táxon Crenuchidae Characidium cf. zebra Characidium sp. Characidae Astyanax bimaculatus Astyanax fasciatus Astyanax lacustris Astyanax sp. Brycon orthotaenia Bryconamericus stramineus Bryconops cf. affinis Hasemania sp. Hyphessobrycon sp. Moenkhausia costae Moenkhausia santaefilomenae Myleus micans Myleus sp. Orthospinus franciscensis Piabina argentea Salminus franciscanus Serrapinus heterodon Serrapinus sp. Tetragonopterus chalceus Acestrorhynchidae Acestrorhynchus lacustris Erythrinidae Hoplias malabaricus Hoplias sp. SILURIFORMES Trichomycteridae Trychomycterus sp. n. Callichthyidae Hoplosternum littorale Loricariidae Hypostomus cf. francisci Hypostomus sp. Otocinclus sp. Rineloricaria sp. Pseudopimelodidade Lophiosilurus alexandri Heptapteridae Pimelodella sp. Rhamdia enfurnada Rhamdia sp. Pimelodidae Pimelodus maculatus Auchenipteridae Parauchenipterus sp. GYMNOTIFORMES Sternopygidae Eigenmania cf. trilineata SYNBRANCHIFORMES Synbranchidae Synbranchus marmoratus PERCIFORMES Cichlidae Cichlasoma sanctifranciscense Cichlasoma lepidota Tilapia rendalii http://www.biotaneotropica.org.br Locality x x x x x x - x x x x x x x x x - Epigean x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x - x x x x x - x x x x x x - Caves x - x x x x x - http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?inventory+bn00708042008 149 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Surface and cave fish in Serra do Ramalho Results and Discussion 1. Epigean ichthyofauna The list of species recorded in the Serra do Ramalho is presented in Table 1. A total of 725 specimens of 44 species were sampled at the epigean collection sites. Three species were collected in five different localities (Astyanax bimaculatus, Astyanax sp., and Characidium sp.) and two were collected in four distinct localities (Bryconops cf. affinis and Leporinus sp.). All other species were collected in three or fewer localities. According to the relative abundance, two species were considered very common (Bryconops cf. affinis and Astyanax bimaculatus, 18.2 and 14.9%, respectively), two species were considered common (Astyanax sp. and Characidium sp., 8% and 6.8%, respectively), 15 species were considered uncommon and the remaining 25 species were considered rare, i.e. occur in less than 1% of relative abundance. In addition, three non-troglomorphic species were sampled only in caves (Astyanax fasciatus, Rhamdia sp. and Pimelodella sp.), but they are likely to occur in the surface as well. Among the 49 species herein listed for Serra do Ramalho area, one, Tilapia rendalli, is an exotic species introduced from Africa. All the identified species were previously reported to Rio São Francisco basin, although some of them are not referred to occur in the drainage according to recently published catalogues (Reis et al. 2003, Buckup et al. 2007). This is the case of Bryconops cf. affinis, the most common species sampled in the present work and which is restricted to the coastal streams of the Guyana shield according to Reis et al. (2003), and of Rineloricaria sp., which is not referred as occurring in Rio São Francisco basin in the catalogues (Reis et al. 2003, Buckup et al. 2007). Nevertheless, they both have been previously reported for the drainage by Sato & Godinho (1999), the former under the name Creatochanes affinis, a junior synonym (Géry 1977). Rineloricaria sp. was also registered by Alves & Pompeu (2001) in this drainage, while Sato & Godinho (1999) cited two other species, R. lima and R. steindachneri. The most diverse family in this survey was Characidae, with 19 registered species representing almost one half of the whole fauna sampled. Besides Characidae, two other families have a large number of species in the Rio São Francisco basin, the siluriform family Loricariidae (Sato & Godinho 1999, Alves & Pompeu 2001) with only four species sampled in the present study, and the cyprinodontiform family Rivulidae (Costa 2002), which was not sampled in this survey, although efforts were employed by including temporary ponds in the sampled points. Fifteen among 49 sampled species, approximatelly 33% of the diversity accessed, were not identified to the species level. Four other species were not securely identified, receiving “cf.” in their identification which indicates that the taxonomic knowledge about these taxa is still not well developed. Lists of species published in recent times also present many taxa identified only to the genus level (e.g., Sato & Godinho 1999, Alves & Pompeu 2001). The relative large number of unidentified taxa reflects undescribed or poorly known species. Either way, these taxa reinforce the need for further systematic investigations regarding the fishes from Rio São Francisco basin. The 47 non-troglomorphic species recorded after a few collections in the Serra do Ramalho represents a little more than one fourth of the total registered in the literature (Britski et al. 1984, Sato & Godinho 1999, Alves & Pompeu 2001, Costa 2002) for the whole Rio São Francisco basin. Our collecting localities were all relatively well preserved, even those near Santa Maria da Vitória town, where people use to bath and wash clothes. Therefore, the http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?inventory+bn00708042008 ichthyofauna in the presently studied area may be considered rich and well representative of the original one, worthy strongly of conservation efforts. 2. Subterranean ichthyofauna Eight species were recorded in caves of Serra do Ramalho (Table 1), including six non-troglomorphic (Prochilodus costatus, Astyanax bimaculatus, Astyanax fasciatus, Hoplias malabaricus, Rhamdia sp. and Pimelodella sp.) and two troglomorphic (Rhamdia enfurnada and Trichomycterus sp. n., as in the list above). Troglomorphic catfishes have been previously found in two cave systems in the Enfurnado karst area: the heptapterid Rhamdia enfurnada, from Gruna do Enfurnado, its type-locality and only known habitat, at the upper plateau of the Serra do Ramalho (Bichuette & Trajano 2005), and an undescribed species of Trichomycterus, occurring in at least two caves, the Água Clara Cave and a small vadose tributary inside the Lapa dos Peixes, in the lower plateau. Therefore, we concentrated our studies on these caves. The absence of records of such fishes in surface water bodies supports their status as troglobites. During the rainy season, a large stream crosses the Gruna da Água Clara and, after a winding open air reach of about 4 km, it enters the main conduit of the Lapa dos Peixes, also crossing it and flowing in the direction of the Rio São Francisco. On these occasions, many fishes from the large epigean Rio São Francisco tributaries go upstream, entering both caves, in a phenomenon locally called “arribada” (which means the act of “going up”). When the dry season comes, the stream partially dries up, leaving isolated pools inside the caves where the fish are trapped; it is a local tradition to capture these fish to eat. After a collection in two of these pools near the main entrance (stream sinkhole) of the Lapa dos Peixes, carried out in September 2007, the following species were sampled: Astyanax bimaculatus (1 specimen), Astyanax fasciatus (10 specimens), Prochilodus costatus (2 specimens), Pimelodella sp. (1 specimen) and Rhamdia sp. (2 specimens). It is noteworthy that no Pimelodella or Rhamdia catfish were captured in the epigean habitats in the Serra do Ramalho, BA. Troglomorphic Trichomycterus catfish were observed only in a small vadose tributary inside the Lapa dos Peixes, isolated from the main conduit at least during the dry seasons. A few Pimelodella and one Rhamdia small specimens were also repeatedly found in this tributary. These individuals were probably originated from the main conduit populations, which reached the tributary during exceptionally high waters and became stranded when the water returned to the normal level. Although the subadult Pimelodella catfish survived during several months in good physical conditions, probably feeding in the cave, they eventually disappeared from the tributary. In Gruna do Enfurnado, in addition to the troglobitic Rhamdia enfurnada, some dozens of normally eyed and pigmented individuals of Hoplias group malabaricus were regularly observed. The generally good physical condition of these fish and their permanence in the same sites during months or even years indicate that they are feeding, and possibly also reproducing in the cave, since small specimens were also seen. This, allied to the apparent isolation of the subterranean drainage, indicates that these erythrinids may be troglophilic in the Gruna do Enfurnado. Updated lists of Brazilian troglobitic and troglophilic fishes are presented respectively in Tables 2 and 3, with data on localities and habitat types (according to Trajano 2001). So far, 24 subterranean troglomorphic fish species have been recorded in Brazil. Among these, six occur in drainages belonging to the Rio São Francisco basin in Minas Gerais and in Bahia States (Table 2): Stygichthys typhlops, Trichomycterus itacarambiensis, Rhamdiopsis sp. from http://www.biotaneotropica.org.br http://www.biotaneotropica.org.br Alto Rio Ribeira, SP São Domingos, GO Serra do Ramalho, BA Serra da Bodoquena, MS Chapada Diamantina, BA Campo Formoso, BA Cordisburgo, MG Delta do Amazonas Rondônia Igatu, BA Igatu, BA Posse, GO São Domingos, GO São Domingos, GO São Domingos, GO São Domingos, GO Bonito, MS Serra do Ramalho, BA Itacarambi, MG Posse, GO São Domingos, GO Bonito, MS São Domingos, GO Jaíba, MG Locality Upper Ribeira Upper Tocantins, Amazon Upper São Francisco Paraguai Paraguaçu Middle São Francisco Upper São Francisco Amazon delta Upper Madeira, Amazon Paraguaçu Paraguaçu Upper Tocantins, Amazon idem idem idem idem Paraguai Upper São Francisco Upper São Francisco Upper Tocantins, Amazon Upper Tocantins, Amazon Paraguai Upper Tocantins, Amazon Upper São Francisco Drainage (main river basin) Base-level streams Vadose tributary Base-level streams Base-level streams Upper phreatic zone (caves) Upper phreatic zone (cave) Base-level stream Phreatic zone (alluvial fan) Phreatic zone (alluvial fan) Vadose tributary Vadose tributary Base-level stream Vadose tributaries Epikarst Base-level stream Vadose tributaries Flooded caves Vadose tributaries Base-level stream Base level streams Base-level streams Flooded cave Base-level stream Upper phreatic zone (fissures) Habitat **cited as Trichomycterus sp. 2 in Trajano (1997, 2003); ***cited as Trichomycterus sp. 3 in Trajano (2003); ****L. M. Cordeiro, pers. comm.. (2008); and *****cited as “new genus” in Trajano (1997, 2003) 16 17 18 19 20 21 22 23 24 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 5 3 4 2 1 Taxon CHARACIFORMES, incertae sedis Stygichthys typhlops Brittan & Böhlke, 1965 GYMNOTIFORMES Eigenmannia vicentespelaea Triques, 1996 SILURIFORMES Loricariidae Ancistrus cryptophthalmus Reis, 1987 Ancistrus formoso Sabino & Trajano, 1998 Callichthyidae Aspidoras cf. albater* Trichomycteridae Copionodon sp. * Glaphyropoma spinosum Bichuette, Pinna & Trajano, 2008 Ituglanis mambai Bichuette & Trajano, 2008 I. bambui Bichuette & Trajano, 2004 I. epikarsticus Bichuette & Trajano, 2004 I. passensis Fernández & Bichuette, 2002 I. ramiroi Bichuette & Trajano, 2004 Trichomycterus sp. 1** Trichomycterus sp. 2*** Trichomycterus itacarambiensis Trajano & Pinna, 1996 Heptapteridae Pimelodella kronei (Miranda Ribeiro, 1907) Pimelodella spelaea Trajano, Reis & Bichuette, 2004 Rhamdia enfurnada Bichuette & Trajano, 2005 Rhamdia sp.**** Rhamdiopsis sp. 1***** Rhamdiopsis sp. 2 (= Taunayia sp.) Rhamdiopsis sp. 3 Phreatobius cisternarum Goeldi, 1904 Phreatobius dracunculus Shibatta, Muriel-Cunha & de Pinna, 2007 Tabela 2. Lista atualizada das espécies de peixes troglóbios no Brasil, com localidades (área cárstica ou município, Estado), bacias hidrográficas e tipos de hábitat (Trajano 2001). Baseado em Trajano (1997, 2003), Trajano & Bichuette (2005) e novos registros confirmados (assinalados com um asterisco). Table 2. Updated list of Brazilian troglobitic fishes, with localities (karst area/county, State) and types of habitat (Trajano 2001). Based on Trajano (1997, 2003), Trajano & Bichuette (2005) and new records confirmed (marked with one asterisk). 150 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Mattox, G.M.T. et al. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?inventory+bn00708042008 151 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Surface and cave fish in Serra do Ramalho Table 3. Updated list of Brazilian troglophilic fishes, with localities (karst area/county, State) and types of habitat (Trajano 2001). Based on Bichuette & Trajano (2003) and new records confirmed (marked with asterisk, locality including cave). Tabela 3. Lista atualizada das espécies de peixes troglófilos no Brasil, com localidades (área cárstica ou município, Estado), bacias hidrográficas e tipos de hábitat (Trajano 2001). Baseado em Bichuette & Trajano (2003) e novos registros confirmados (assinalados com um asterisco, localidade incluindo a caverna). 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 Táxon CHARACIFORMES Erythrinidae Erythrinus sp. Hoplerythrinus unitaeniatus (Agassiz, 1829) Hoplias cf. malabaricus (Bloch, 1794) GYMNOTIFORMES Gymnotidae Gymnotus cf. carapo* Linnaeus, 1758 SILURIFORMES LORICARIIDAE Isbrueckerichthys alipionis* (Gosline, 1947) Hypostomus sp.* TRICHOMYCTERIDAE Trichomycterus sp. A* Trichomycterus sp. B* Trichomycterus aff. mimonha* Costa, 1992 HEPTAPTERIDAE Imparfinis hollandi Haseman, 1911 Pimelodella cf. vittata.* (Lütken, 1874) Pimelodella transitoria Miranda Ribeiro, 1907 Rhamdia sp.* Locality Drainage (main river basin) Habitat Altamira-Itaituba, PA São Domingos, GO Upper Xingu, Amazon Upper Tocantins, Amazon Base-level stream Base-level stream Serra do Ramalho, BA1 Upper São Francisco Base-level stream Cordisburgo, MG 2 Upper São Francisco Base-level stream Alto Rio Ribeira, SP3 São Domingos, GO 4 Upper Ribeira Upper Tocantins, Amazon Vadose tributary Vadose tributary Mambaí, GO 5 Cordisburgo, MG 2 Montes Claros, MG 6 Upper Tocantins, Amazon Upper São Francisco Upper São Francisco Base-level stream Vadose tributary Base-level stream São Domingos, GO Cordisburgo, MG 2 Alto Rio Ribeira, SP Upper Tocantins, Amazon Upper São Francisco Upper Ribeira de Iguape Base-level stream Base-level stream Base-level streams Varzelândia, MG 7 Upper São Francisco Base-level stream Enfurnado cave; 2Morena cave; 3Santana cave; 4São Bernardo cave; 5Penhasco and Nova Esperança caves; 6Lapa do Zu cave; and 7Zé Avelino cave. 1 Cordisburgo, Rhamdia enfurnada and Trichomycterus sp. from Serra do Ramalho, in the Upper Rio São Francisco basin, and Rhamdiopsis sp from Campo Formoso, in the Middle Rio São Francisco basin. The Brazilian basin with more troglobitic fish species is the upper Rio Tocantins basin, with nine species (seven in the São Domingos County and two in the Posse County, both in Goiás State). The upper Rio São Francisco, including Serra do Ramalho, is also distinguished by the occurrence of six among the 13 troglophilic fish populations recorded for Brazil (Table 3). Acknowledgements We are most grateful to Osvaldo T. Oyakawa and Janice MurielCunha, from the Museu de Zoologia, who carried out the epigean collections and identifications together with GMTM. Special thanks are also due to the cavers of the Grupo Bambui de Pesquisas Espeleológicas, especially to Ezio Rubbioli, Vitor Moura, Lilia Senna Horta and Augusto Auler, who generously shared information on the cave fauna from the Serra do Ramalho (as from many other Brazilian karst areas) and guided us to these caves, and to the students and biologists who helped with the fieldwork, especially Ana Luiza Feigol Guil and Vanessa Felice. This study was suported by the Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP, Projeto Temático # 2003/00974-5. ET is partially supported by the Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq (fellowship # 302174/2004-4). Permission for collections was given by IBAMA (permissions 051-DIFAP/IBAMA, 09/05/2006, and 151/2006-CGFAU). http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?inventory+bn00708042008 References ALVES, C.B.M. & POMPEU, P.S. 2001. Peixes do Rio das Velhas: passado e presente. SEGRAC, Belo Horizonte. 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Data Received 06/04/08 Revised 06/08/08 Accepted 13/10/08 http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?inventory+bn00708042008 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Mamíferos do Parque Estadual do Desengano, Rio de Janeiro, Brasil Thiago Carvalho Modesto1,5, Flávia Soares Pessôa1, Maria Carlota Enrici2, Nina Attias2, Tássia Jordão-Nogueira3, Luciana de Moraes Costa4, Hermano Gomes Albuquerque1 & Helena de Godoy Bergallo2 Pós-graduação em Ecologia e Evolução, Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, Rua São Francisco Xavier, 524, Maracanã, CEP 20550-900, Rio de Janeiro, RJ, Brasil 2 Laboratório de Ecologia de Pequenos Mamíferos, Departamento de Ecologia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, Rua São Francisco Xavier 524, Maracanã, CEP 20550-900, Rio de Janeiro, RJ, Brasil 3 Pós-graduação em Ecologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Ilha do Fundão, Cidade Universitária, CEP 21941-901, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, www.ppgeco.biologia.ufrj.br 4 Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Instituto de Biologia Animal, Km 47 da antiga Rio-São Paulo, Seropédica, CP 74503, CEP 23851-970, Rio de Janeiro, RJ, Brasil 5 Autor para correspondência: Thiago Carvalho Modesto, e-mail: [email protected], www.ppg-ecoevol.uerj.br 1 MODESTO, T.C., PESSÔA, F.S., ENRICI, M.C., ATTIAS, N., JORDÃO-NOGUEIRA, T., COSTA, L.M., ALBUQUERQUE, H.G. & BERGALLO, H.G. Mammals of Desengano State Park, Rio de Janeiro, Brazil. Biota Neotrop. 8(4): http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?inventory+bn01408042008 Abstract: Even after the devastation of large part of its forests, Rio de Janeiro State still harbors a rich terrestrial mammal fauna. However, information on the distribution and abundance of mammal species in the State is still scarce. This study aims to survey the mammals of the Desengano State Park, located on the northern part of Rio de Janeiro, one of the least studied and most altered regions of the State. The inventory was conducted using Sherman, Tomahawk, and pitfall traps for non-volant small mammals, mist nets for bats, camera traps, sightings and reports of residents and officials of the Park for large mammals. We recorded 56 species of mammals, of which 15 are on the list of threatened fauna of Rio de Janeiro State and 10 on the list of Brazilian threatened fauna, including Brachyteles arachnoides. The most abundant species were the bat Sturnira lilium and the rodent Akodon serrensis. Moreover, Thaptomys nigrita, a rodent not commonly captured in the State, was relatively abundant in the Desengano State Park. Results indicate that the park harbors 33.7% of the species of mammals known to occur in the State, highlighting the importance of the area for the conservation of Rio de Janeiro fauna. Keywords: Atlantic Forest, biodiversity, Brachyteles arachnoides, mammals, Thaptomys nigrita. MODESTO, T.C., PESSÔA, F.S., ENRICI, M.C., ATTIAS, N., JORDÃO-NOGUEIRA, T., COSTA, L.M., ALBUQUERQUE, H.G. & BERGALLO, H. G. Mamíferos do Parque Estadual do Desengano, Rio de Janeiro, Brasil. Biota Neotrop. 8(4): http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?inventory+bn01408042008 Resumo: Mesmo após a devastação de grande parte das suas matas, o Estado do Rio de Janeiro ainda abriga uma grande riqueza de mamíferos terrestres. Contudo, informações sobre abundância e distribuição da mastofauna do Estado ainda são escassas. Este estudo tem como objetivo inventariar os mamíferos do Parque Estadual do Desengano, localizado na região norte do Estado do Rio de Janeiro, uma das regiões menos amostradas e mais alteradas do Estado. O inventário foi realizado utilizando armadilhas do tipo Sherman e Tomahawk, e armadilhas de queda para os pequenos mamíferos não-voadores, redes de neblina para os morcegos, armadilhas fotográficas, avistamentos e relatos de moradores e funcionários do Parque para os mamíferos de maior porte. Nós registramos 56 espécies de mamíferos, das quais 15 constam na lista da fauna ameaçada de extinção do Estado do Rio de Janeiro e 10 na lista da fauna brasileira ameaçada de extinção, incluindo Brachyteles arachnoides. As espécies mais abundantes foram o morcego Sturnira lilium e o roedor Akodon serrensis. Além disso, Thaptomys nigrita, roedor normalmente pouco capturado no Estado, foi relativamente abundante no Parque Estadual do Desengano. Nossos resultados indicam que o Parque abriga 33,7% das espécies de mamíferos com ocorrência conhecida para o Estado, destacando a importância da área para a conservação da fauna do Rio de Janeiro. Palavras-chave: biodiversidade, Brachyteles arachnoides, mastofauna, Mata Atlântica, Thaptomys nigrita. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?inventory+bn01408042008 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 154 Modesto, T.C. et al. Materiais e Métodos 1. Área de estudo O Parque Estadual do Desengano está localizado nos municípios de Santa Maria Madalena, São Fidélis e Campos dos Goytacazes (21° 45’ S 41° 41’ W e 22° 00’ S 42° 00’ W) (Figura 1). Com uma área de 22.400 ha, compreende porções características de Floresta Ombrófila Densa Submontana, Montana e Campos de altitude. O ponto mais alto do Parque, o Pico do Desengano, atinge 1.750 m. O clima da região é estacional, com inverno seco e verão úmido. Contudo, o caráter estacional perde força com o aumento da altitude (Radam Brasil 1983). Criado em 28 de dezembro de 1983 através do Decreto Estadual nº 7.121, o Parque Estadual do Desengano representa um dos maiores remanescentes de Floresta Ombrófila Densa da Mata Atlântica (Moreno et al. 2003). Esta região fitogeográfica atualmente encontra-se bastante fragmentada devido ao desenvolvimento de atividades agropecuárias, principalmente o plantio de cana-de-açúcar e pastagem (Moreno et al. 2003). 2. Coleta e análise de dados O inventário de mamíferos foi realizado em área de Floresta Ombrófila Densa madura e de difícil acesso, na faixa altitudinal compreendida entre 1.060 e 1.425 m, no período incluído entre os dias 27 de maio de 2006 e 2 de junho de 2006. Nós capturamos os roedores e marsupiais utilizando armadilhas do tipo Sherman e Tomahawk (90 no solo e 36 em árvores) em três diferentes trilhas. As http://www.biotaneotropica.org.br N O L S 22° 0' 0" S Parque Estadual do Desengano 23° 0' 0" S As maiores concentrações urbanas brasileiras ocorrem ao longo da costa, região esta que presenciou um longo histórico de ciclos econômicos que datam do século XVI (Bergallo et al. 2000). Esta porção do país abriga o Bioma Mata Atlântica, um dos maiores centros de biodiversidade mundial, intensamente devastado pelo extrativismo, plantações de café e cana de açúcar, pecuária e mais recentemente pelo processo de industrialização (Bergallo et al. 2000, Mittermeier et al. 2005). Estima-se que no ano 2000 o Estado do Rio de Janeiro abrigava apenas 16,73% de sua cobertura original de Mata Atlântica (Fundação SOS Mata Atlântica/INPE 2001). Mesmo após a devastação de grande parte das suas matas, o Estado do Rio de Janeiro ainda abriga uma grande riqueza de mamíferos terrestres com 166 espécies (Rocha et al. 2004). Este valor corresponde a 66,4% das espécies de mamíferos com ocorrência conhecida para a Mata Atlântica (Reis et al. 2006). Segundo Bergallo et al. (2000), a mastofauna do Estado é pouco conhecida devido a escassez de inventários faunísticos e a problemas taxonômicos. A carência de informações sobre a ocorrência e distribuição de espécies no Estado cria lacunas de conhecimento que dificultam o manejo adequado de sua biodiversidade. Uma dessas lacunas ocorre na porção norte do Estado, onde os remanescentes florestais sofrem forte pressão antrópica e estão protegidos em poucas unidades de conservação de proteção integral (Rocha et al. 2003). Nesta região encontra-se um dos maiores remanescentes florestais do Estado, o Parque Estadual do Desengano. A região do Parque abriga um expressivo número de aves, com aproximadamente 410 espécies (SEMA 2001). Todavia, o conhecimento dos mamíferos da área se restringe a apenas um levantamento dos primatas da região (Vaz 1998). O presente estudo tem como propósito inventariar os mamíferos do Parque Estadual do Desengano, analisando aspectos da estrutura da comunidade de pequenos mamíferos, contribuindo assim para incrementar o conhecimento da fauna do Estado do Rio de Janeiro. 21° 0' 0" S Introdução 0 15 30 60 44° 0' 0" O 90 43° 0' 0" O 120 km 42° 0' 0" O 41° 0' 0" O Figura 1. Mapa indicando a localização do Parque Estadual do Desengano no Estado do Rio de Janeiro. Os remanescentes de Mata Atlântica estão representados em cinza e as áreas protegidas por unidades de conservação em hachurado. Figure 1. Map showing the location of the Desengano State Park in the State of Rio de Janeiro. The remnants of Atlantic Forest are represented in gray and protected areas in conservation units in hatched. trilhas distavam mais de 100 m umas das outras e estavam localizadas, em sua maioria, em áreas de mata bem preservada com poucos trechos de áreas abertas, associadas a moradias. Em cada trilha foram colocadas 30 armadilhas no solo, espaçadas 40 m uma das outras. No quarto dia, as armadilhas do solo foram movidas 20 m para frente visando amostrar um maior número de microhabitats. As armadilhas nas árvores (12 em cada trilha) foram colocadas no mínimo a 2,5 m de altura e espaçadas 100 m uma das outras e mantidas no mesmo lugar durante todo o período de amostragem. As iscas utilizadas foram banana, pão untado com óleo de girassol, e uma mistura de banana, pasta de amendoim, fubá e óleo de sardinha. Apenas um tipo de isca foi utilizado em cada armadilha. As armadilhas ficaram abertas durante seis noites consecutivas, totalizando um esforço de 756 armadilhas/noite. Os roedores e marsupiais também foram amostrados por armadilhas de queda, utilizando 30 baldes de 40 litros divididos em três sistemas, cada um contendo 10 baldes espaçados cinco metros entre si e conectados por uma cerca guia. O esforço total das armadilhas de queda foi de 180 baldes/noite. Os sistemas de armadilhas de queda estavam em trilhas próximas às trilhas onde as demais armadilhas foram colocadas, guardando uma distância mínima de 30 m destas armadilhas convencionais. Os morcegos foram capturados com redes de neblina medindo 7, 9 e 12 m de comprimento e 2,5 m de altura, abertas antes do pôr do sol e fechadas depois de um período de seis horas (três noites) ou doze horas (quatro noites), totalizando um esforço de 6.700 m*hora. O número de redes utilizadas por dia variou entre sete e 12 redes. As redes foram abertas durante sete noites consecutivas alternando entre os pontos de um dia para outro, dando preferência a trilhas próximas a árvores em frutificação, refúgios e corpos d’água. Em cada dia as redes eram abertas de modo a cobrir a maior área possível. Os pequenos mamíferos capturados foram identificados, marcados, medidos, pesados, verificados quanto ao sexo e soltos no mesmo ponto de captura. Quando necessário dois indivíduos de cada espécie foram sacrificados (Licença número 89/05-RJ IBAMA). Os espécimes foram identificados no nível específico utilizando características morfológicas ou por cariótipo para algumas espécies de roedores. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?inventory+bn01408042008 155 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Mamíferos do Parque Estadual do Desengano Resultados Foram registradas 56 espécies de mamíferos na região amostrada, distribuídas em 18 famílias e oito ordens (Tabela 1). Registramos por meio de relatos de moradores e funcionários do Parque a presença de 17 espécies não detectadas pelos métodos convencionais utilizados em nossa amostragem, foram elas: Didelphis aurita (Wied-Neuwied, 1826), Bradypus variegatus Schinz, 1825, Bradypus torquatus Illiger, 1811, Cabassous tatouay (Desmarest, 1804), Dasypus septemcinctus Linnaeus, 1758, Dasypus novemcinctus Linnaeus, 1758, Alouatta sp., Leopardus pardalis (Linnaeus, 1758), Leopardus tigrinus (Schreber, 1775), Leopardus wiedii (Schinz, 1821), Lontra longicaudis (Olfers, 1818), Eira barbara (Linnaeus, 1758), Nasua nasua (Linnaeus, 1766), Procyon cancrivorus (G. [Baron] Cuvier, 1798), Tayassu pecari (Link, 1795), Dasyprocta leporina (Linnaeus, 1758) e Sphiggurus sp. (Tabela 1). Pelos métodos convencionais atestamos a presença de 39 espécies, sendo 15 registradas exclusivamente por redes de neblina, sete exclusivamente por armadilhas do tipo Sherman e Tomahawk, quatro exclusivamente de maneira casual, duas exclusivamente por armadilhas de queda e uma exclusivamente por armadilhas fotográficas (Tabela 1). Entre os morcegos capturados com redes de neblina, as espécies com maior número de capturas foram Sturnira lilium (E. Geoffroy, 1810) e Artibeus fimbriatus Gray, 1838 com 48 e 27 capturas respectivamente (Figura 2). Entre as espécies mais raras estiveram Anoura caudifer (E. Geoffroy, 1818), Artibeus lituratus (Olfers, 1818), Desmodus rotundus (E. Geoffroy, 1810), Lasiurus ega (Gervais, 1856), Myotis nigricans (Schinz, 1821), Myotis sp. e Platyrrhinus recifinus (Thomas, 1901) com duas capturas cada, e as espécies Artibeus jamaicensis Leach, 1821, Chrotopterus auritus (Peters, 1856) (Figura 3) e Lasiurus blossevillii (Lesson & Garnot, 1826) com uma captura cada. Entre os pequenos mamíferos não-voadores, as espécies mais capturadas nas armadilhas do tipo Sherman e Tomahawk foram Akodon serrensis Thomas, 1902 e os membros da tribo Oryzomyini com 41 e 26 capturas respectivamente (Figura 4). Entre as espécies mais raras estiveram Sciurus aestuans Linnaeus, 1766 e Oxymycterus dasytrichus (Schinz, 1821) com duas capturas cada e Marmosops paulensis (Tate, 1931) com apenas uma captura (Figura 4). Entre as espécies de pequenos mamíferos não-voadores mais capturadas http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?inventory+bn01408042008 60 50 40 Capturas 30 20 Arja Labo Chau Arli Laeg Plre Dero Myle Myni Anca Plli Ange Arfi 0 Cape 10 Stli Os pequenos mamíferos não-voadores foram depositados no Museu Nacional, UFRJ, e os morcegos foram depositados na coleção do Laboratório de Diversidade de Morcegos da UFRRJ. Nós registramos os mamíferos de maior porte de maneira casual, por avistamento, vocalizações, pegadas e fezes. Quatro armadilhas fotográficas foram colocadas na área em trilhas dentro da mata preservada e também na borda da mata, e periodicamente cevadas com banana e sardinha. As câmeras permaneceram na área por um período de 30 dias nos mesmos pontos. A classificação dos taxa e o nome científico das espécies seguiram Wilson e Reeder (2005). Para as espécies do antigo gênero Oryzomys a nomenclatura seguiu Weksler et al. (2006). Para analisar se houve diferença entre as armadilhas de queda e as armadilhas do tipo Sherman e Tomahawk quanto ao número de capturas das espécies, realizamos o teste não-paramétrico de Kolmogorov-Smirnov. Devido à dificuldade na identificação no campo de algumas espécies, optamos por agrupar os indivíduos do gênero Delomys e da tribo Oryzomyini para a elaboração dos gráficos e análises que utilizaram o número de captura das espécies. As análises estatísticas e gráficos foram produzidos no software SYSTAT 11. Espécies Figura 2. Número de capturas de cada espécie de morcego em redes de neblina no Parque Estadual do Desengano, RJ. Stli (Sturnira lilium ); Arfi (Artibeus fimbriatus); Cape (Carollia perspicillata); Plli (Platyrrhinus lineatus); Ange (Anoura geoffroyi); Myni (Myotis nigricans); Mysp (Myotis sp.); Laeg (Lasiurus ega); Anca (Anoura caudifer); Plre (Platyrrhinus recifinus); Arli (Artibeus lituratus); Dero (Desmodus rotundus); Chau (Chrotopterus auritus); Arja (Artibeus jamaicensis); Labl (Lasiurus blossevillii). Figure 2. Number of captures in mist nets for each species of bat in the Desengano State Park, RJ. Stli (Sturnira lilium ); Arfi (Artibeus fimbriatus); Cape (Carollia perspicillata); Plli (Platyrrhinus lineatus); Ange (Anoura geoffroyi); Myni (Myotis nigricans); Mysp (Myotis sp.); Laeg (Lasiurus ega); Anca (Anoura caudifer); Plre (Platyrrhinus recifinus); Arli (Artibeus lituratus); Dero (Desmodus rotundus); Chau (Chrotopterus auritus); Arja (Artibeus jamaicensis); Labl (Lasiurus blossevillii). Figura 3. Chrotopterus auritus. Foto: T. C. Modesto. Figure 3. Chrotopterus auritus. Photo: T. C. Modesto. nas armadilhas de queda estiveram Thaptomys nigrita (Lichenstein, 1828) (Figura 5) e as espécies do gênero Delomys com nove e quatro capturas respectivamente (Figura 4). Entre as espécies mais raras estiveram Monodelphis americana (Müller, 1776) e as pertencentes à tribo Oryzomyini, ambas com duas capturas cada. Houve diferença significativa entre os métodos de amostragem (armadilha de queda versus armadilhas do tipo Sherman e Tomahawk) quanto ao número de capturas das espécies registradas (KS = 0,5 p = 0,023) (Figura 4). Discussão Segundo nosso levantamento, o Parque Estadual do Desengano abriga uma parcela considerável da fauna de mamíferos, correspondendo a 22,4% das espécies de mamíferos conhecidas para http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 156 Modesto, T.C. et al. Tabela 1. Lista de espécies de mamíferos registradas no Parque Estadual do Desengano, Rio de Janeiro, apresentando a forma de registro, o grau de ameaça no Estado e no Brasil e o endemismo. Forma de registro: af (armadilha fotográfica); av (avistamento, pegadas e outros sinais de presença); cp (captura); pit (armadilha de queda); re (relato); rn (rede de neblina). Grau de ameaça: CP (Criticamente em perigo); DD (Deficiente em dados); EP (Em perigo); VU (Vulnerável); PA (Presumivelmente ameaçado). Graus de ameaça segundo Bergallo et al. (2000) e Machado et al. (2005), e endemismo segundo Fonseca et al. (1996). Table 1. List of the species of mammals recorded in the Desengano State Park, Rio de Janeiro, showing the form of record, degree of threat in State and in Brazil and endemism. Form of record: af (camera trap); av (sighting, footprints and other signs of presence); cp (capture); pit (pitfalls); re (reporting); rn (mist net). Degree of threat: CP (Critically in danger); DD (Deficient on data), EP (in danger); VU (Vulnerable); PA (Presumably threatened). Threat levels according to Bergallo et al. (2000) and Machado et al. (2005), and endemism according to Fonseca et al. (1996). Ordem/ Família/ Espécie Didelphimorphia Didelphidae Didelphis aurita (Wied-Neuwied, 1826) Gracilinanus microtarsus (Wagner, 1842) Marmosops paulensis (Tate, 1931) Metachirus nudicaudatus (É. Geoffroy, 1803) Monodelphis americana (Müller, 1776) Philander frenatus (Olfers, 1818) Pilosa Bradypodidae Bradypus torquatus Illiger, 1811 Bradypus variegatus Schinz, 1825 Cingulata Dasypodidae Cabassous tatouay (Desmarest, 1804) Dasypus novemcinctus Linnaeus, 1758 Dasypus septemcinctus Linnaeus, 1758 Primates Pitheciidae Callicebus personatus (É. Geoffroy, 1812) Atelidae Alouatta sp. Brachyteles arachnoides (É. Geoffroy, 1806) Chiroptera Phyllostomidae Anoura caudifer (E. Geoffroy, 1818) Anoura geoffroyi Gray, 1838 Artibeus fimbriatus Gray, 1838 Artibeus jamaicensis Leach, 1821 Artibeus lituratus (Olfers, 1818) Carollia perspicillata (Linnaeus, 1758) Chrotopterus auritus (Peters, 1856) Desmodus rotundus (E. Geoffroy, 1810) Platyrrhinus lineatus (E. Geoffroy, 1810) Platyrrhinus recifinus (Thomas, 1901) Sturnira lilium (E. Geoffroy, 1810) Vespertilionidae Lasiurus blossevillii (Lesson & Garnot, 1826) Lasiurus ega (Gervais, 1856) Myotis sp. Myotis nigricans (Schinz, 1821) Carnivora Felidae Leopardus pardalis (Linnaeus, 1758) Leopardus tigrinus (Schreber, 1775) http://www.biotaneotropica.org.br Forma de registro Grau de ameaça Rio de Janeiro Brasil Endemismo re cp cp af/cp pit af/cp PA PA - DD - x x x - re re - VU - x - re re re PA PA DD - - av VU VU x re av CP EP x rn rn rn rn rn rn rn rn rn rn rn VU - VU - x - rn rn rn rn - - - re re VU PA VU VU - http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?inventory+bn01408042008 157 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Mamíferos do Parque Estadual do Desengano Tabela 1. Continuação... Table 1 . Continued... Ordem/ Família/ Espécie Leopardus wiedii (Schinz, 1821) Puma concolor (Linnaeus, 1771) Família Mustelidae Eira barbara (Linnaeus, 1758) Lontra longicaudis (Olfers, 1818) Procyonidae Nasua nasua (Linnaeus, 1766) Procyon cancrivorus (G. [Baron] Cuvier, 1798) Artiodactyla Família Tayassuidae Tayassu pecari (Link, 1795) Rodentia Sciuridae Sciurus aestuans Linnaeus, 1766 Cricetidae Akodon serrensis Thomas, 1902 Cerradomys subflavus Wagner, 1842 Delomys dorsalis (Hensel, 1873) Delomys sublineatus (Thomas, 1903) Euryoryzomys russatus Wagner, 1848 Hylaeamys megacephalus Fischer, 1814 Nectomys squamipes (Brants, 1827) Oligoryzomys nigripes (Olfers, 1818) Oxymycterus dasytrichus (Schinz, 1821) Rhipidomys sp. Thaptomys nigrita (Lichtenstein, 1829) Caviidae Cavia sp. Cuniculidae Cuniculus paca (Linnaeus, 1766) Dasyproctidae Dasyprocta leporina (Linnaeus, 1758) Erethizontidae Sphiggurus sp. Echimyidae Euryzygomatomys spinosus (G. Fisher, 1814) Trinomys dimidiatus (Günther, 1877) a Mata Atlântica e 33,7% das espécies de mamíferos terrestres registradas no Estado do Rio de Janeiro (Rocha et al. 2004, Reis et al. 2006). Além disso, 13 espécies registradas no Parque são endêmicas de Mata Atlântica (Tabela 1, Fonseca et al. 1996). Em comparação a outras áreas do Estado do Rio de Janeiro amostradas com a mesma metodologia, o Parque Estadual do Desengano apresentou um número elevado de espécies de mamíferos: superior ao da Serra da Concórdia com 47 espécies e da RPPN Rio das Pedras com 39 espécies (Modesto et al. 2008, F. S. Pessôa, dados não publicados). De todas as espécies encontradas no Parque, 15 constam na lista da fauna ameaçada de extinção do Estado do Rio de Janeiro (Tabela 1), sete na categoria presumivelmente ameaçada, sete como http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?inventory+bn01408042008 Forma de registro re av Grau de ameaça Rio de Janeiro Brasil VU VU VU VU Endemismo - re re PA - - - re re - - - re EP - - av/cp - - - cp/pit cp/pit cp/pit cp/pit cp/pit cp/pit cp pit cp cp cp/pit VU - x x x x x av - - - af - - - re VU - - re - - - cp cp PA - - x vulneráveis e uma como criticamente em perigo (Bergallo et al. 2000). Da lista da fauna brasileira ameaçada de extinção registramos 10 espécies (Tabela 1), sendo duas na categoria deficiente em dados, sete na categoria vulnerável e uma na categoria em perigo (Machado et al. 2005). Brachyteles arachnoides consta como criticamente em perigo na lista de espécies ameaçadas do Estado do Rio de Janeiro e em perigo na lista da fauna brasileira ameaçada de extinção (Bergallo et al. 2000, Machado et al. 2005). Sua presença no Parque foi registrada por um pesquisador que trabalha com aves na semana anterior ao presente estudo (M. Vecchi, dados não publicados) e já havia sido reportada por Vaz (1998). Este autor relatou também a presença de Cebus nigritus (Goldfuss 1809), espécie não registrada durante nosso levantamento. http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 158 Modesto, T.C. et al. 45 Sherman + Tomahawk Armadilha de queda 40 35 Capturas 30 25 20 15 10 5 Olni Moam Eusp Nesq Mapa Grmi Scae Rhsp Oxda Phfr Menu De Thni Or Trdi Akse 0 Espécies Figura 4. Número de capturas de cada espécie de pequeno mamífero nãovoador em armadilhas do tipo Sherman e Tomahawk e em armadilhas de queda no Parque Estadual do Desengano, RJ. Akse (Akodon serrensis); Or (tribo Oryzomyini); Trdi (Trinomys dimidiatus); Thni (Thaptomys nigrita); De (gênero Delomys); Phfr (Philander frenatus); Menu (Metachirus nudicaudatus); Oxda (Oxymycterus dasytrichus); Scae (Sciurus aestuans); Rhsp (Rhipidomys sp.) Grmi (Gracilinanus microtarsus); Mapa (Marmosops paulensis); Nesq (Nectomys squamipes); Eusp (Euryzygomatomys spinosus); Olni (Oligoryzomys nigripes); Moam (Monodelphis americana). Figure 4. Number of captures of non-volant mammal species in Sherman and Tomahawk and in pitfall traps in the Desengano State Park, RJ. Akse (Akodon serrensis); Or (tribe Oryzomyini); Trdi (Trinomys dimidiatus); Thni (Thaptomys nigrita); De (genus Delomys); Phfr (Philander frenatus); Menu (Metachirus nudicaudatus); Oxda (Oxymycterus dasytrichus); Scae (Sciurus aestuans); Rhsp (Rhipidomys sp.) Grmi (Gracilinanus microtarsus); Mapa (Marmosops paulensis); Nesq (Nectomys squamipes); Eusp (Euryzygomatomys spinosus); Olni (Oligoryzomys nigripes); Moam (Monodelphis americana). Figura 5. Thaptomys nigrita. Foto: T. C. Modesto. Figure 5. Thaptomys nigrita. Photo: T. C. Modesto. Todas as espécies registradas por relatos dos funcionários e moradores do Parque são de ocorrência provável, pois apresentam grande extensão geográfica englobando a área amostrada (Eisenberg & Redford 1999). A presença de B. variegatus e B. torquatus em simpatria é possível, visto que a região é área de sobreposição da distribuição geográfica das espécies em questão. Além disso, a diferenciação entre essas espécies é facilitada devido à presença de uma grande concentração de pêlos longos e negros atrás do pescoço de B. torquatus e ausente em B. variegatus (Reis et al. 2006). http://www.biotaneotropica.org.br A região do Parque é provavelmente área de simpatria de Alouatta clamitans Cabrera, 1940 e Alouatta fusca (Geoffroy Saint-Hilaire 1812) (Gregorin 2006) e também de Sphiggurus villosus (F. Cuvier 1823) e Sphiggurus insidiosus (Olfers 1818). Não é possível a diferenciação entre estas espécies de maneira segura a partir dos relatos fornecidos e optamos por indicar apenas a presença dos gêneros. Acreditamos que a ausência de D. aurita entre as espécies capturadas deve-se às boas condições de preservação da vegetação do Parque. Fonseca & Robinson (1990), ao analisarem padrões na estrutura de comunidades de pequenos mamíferos, encontraram uma relação negativa entre a abundância deste marsupial e a de outros membros da comunidade de pequenos mamíferos em fragmentos de Mata Atlântica no Estado de Minas Gerais. T.C. Modesto (dados não publicados) também encontrou uma forte relação negativa entre a abundância e biomassa de D. aurita e a riqueza de espécies de pequenos mamíferos ao investigar nove localidades distintas no Estado do Rio de Janeiro. Entre os morcegos, S. lilium foi o mais freqüentemente capturado no Parque Estadual do Desengano. Um padrão semelhante foi descrito por J. L. Nascimento (dados não publicados) ao estudar a variação altitudinal na composição de morcegos do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, Estado do Rio de Janeiro. Este autor encontrou uma grande abundância de S. lilium na faixa dos 1.284 m de altitude, semelhante à porção amostrada no Parque Estadual do Desengano, e sugere que a exclusão mútua entre S. lilium e Carollia perspicillata (Linnaeus 1758) encontrada em seu trabalho ao longo do gradiente altitudinal ocorra em função de dietas semelhantes. As 116 capturas de morcegos apresentadas neste estudo estão longe das 1.000 capturas propostas por Bergallo et al. (2003) como o mínimo necessário para capturar a maioria dos membros da família Phyllostomidae em uma localidade. Portanto, é de se esperar que o número de espécies de morcegos no Parque Estadual do Desengano seja maior do que o obtido neste estudo. Thaptomys nigrita foi a espécie mais abundante nas armadilhas de queda e a terceira mais abundante nas armadilhas do tipo Sherman e Tomahawk. Se considerarmos que o grupo representado pela tribo Oryzomyini é composto por no mínimo três espécies, é provável que T. nigrita seja a segunda espécie mais abundante nas armadilhas do tipo Sherman e Tomahawk. A presença desta espécie na lista de espécies ameaçadas do Estado do Rio de Janeiro (Bergallo et al. 2000) na categoria vulnerável se deve provavelmente aos poucos registros desta em inventários faunísticos no Estado. Com o aumento na utilização de armadilhas de queda, T. nigrita, bem como outras espécies de hábito semi-fossorial, passaram a ser mais freqüentemente capturadas (Umetsu et al. 2006). Durante o período de amostragem pudemos perceber que vários indivíduos de T. nigrita eram capturados antes do crepúsculo, o que corrobora os resultados obtidos por Davis (1947) quanto ao hábito diurno descrito para esta espécie. Por ser um dos maiores remanescentes florestais do Estado do Rio de Janeiro, o Parque Estadual do Desengano pode ser uma área que favoreça a ocorrência de T. nigrita, já que alguns estudos têm sugerido que essa espécie é característica de matas contínuas e mais maduras (Pardini et al. 2005). Observamos uma diferença significativa entre armadilhas de queda e armadilhas do tipo Sherman e Tomahawk quanto ao número de capturas das espécies registradas, com espécies exclusivas em ambos os métodos. A utilização de um método de captura não seletivo como o de armadilhas de queda grandes (60 L) em geral aumenta o número de indivíduos e de espécies capturadas, sem deixar de capturar as espécies usualmente registradas em armadilhas tradicionais (Umetsu et al. 2006). Contudo, o tamanho das armadilhas de queda pode influenciar a eficiência destas armadilhas, sendo que algumas espécies de maior tamanho corporal ou com hábitos arborícolas podem escapar http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?inventory+bn01408042008 159 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Mamíferos do Parque Estadual do Desengano de armadilhas de queda menores (Umetsu et al. 2006). Portanto, a diferença e a complementaridade entre as metodologias de captura observadas neste estudo pode ter ocorrido devido ao menor tamanho do balde utilizado (40 L). Mesmo com o esforço amostral relativamente pequeno, a área do Parque Estadual do Desengano apresenta-se extremamente rica, abrigando uma porção representativa dos mamíferos da Mata Atlântica e do Estado do Rio de Janeiro. Acreditamos que muitas outras espécies pertencentes principalmente às ordens Chiroptera e Rodentia estão abrigadas na região do Parque Estadual do Desengano e que um aumento no esforço amostral adicionará mais espécies à lista de mamíferos do Parque. Concluímos que por estar inserida em uma região do Estado do Rio de Janeiro onde existem poucas unidades de conservação de proteção integral e que sofre forte pressão antrópica, o Parque Estadual do Desengano é de grande importância para a preservação da mastofauna do Estado do Rio de Janeiro. Agradecimentos Este trabalho foi financiado pelo Fundo de Parcerias para Ecossistemas Críticos (CEPF) e pela Aliança para Conservação da Mata Atlântica (Conservation Intenational – Brasil e SOS Mata Atlântica). Agradecemos ao Instituto Biomas pelo apoio dado ao trabalho de campo, a Débora Moraes de Oliveira, Wagner Silva Souza e Luciano Rodrigues de Almeida pela assistência durante as coletas. Agradecemos também a Lena Geise e Carlos Eduardo de Viveiros Grelle, que nos ajudaram com a identificação dos pequenos mamíferos e a Julia Lins Luz, a Renata Pardini e ao revisor anônimo pelas sugestões e críticas que ajudaram a melhorar a qualidade deste trabalho. Referências Bibliográficas BERGALLO, H.G., ROCHA, C.F.D., ALVES, M.A.S. & Van SLUYS, M. 2000. A fauna ameaçada de extinção do Estado do Rio de Janeiro. EdUERJ, Rio de Janeiro. BERGALLO, H.G., ESBÉRARDL, C.E.L., MELLO, M.A.R., LINS, R., MANGOLIN, R. & BAPTISTA, M. 2003. Bat species richness in atlantic forest: What is the minimum sampling effort? Biotropica 35(2):278-288. DAVIS, D.E. 1947. Notes on the life histories of some Brazilian mammals. Bol. Mus. Nas. 76:1-8. EISENBERG, J.F. & REDFORD, K.H. 1999. Mammals of the neotropics. The central neotropics: Ecuador, Peru, Bolivia, Brazil. The University of Chicago Press, Chicago. FONSECA, G.A.B., HERRMANN, G., LEITE, Y.L.R., MITTERMEIER, R.A., RYLANDS, A.B. & PATTON, J.L. 1996. 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Recebido em 21/05/08 Versão Reformulada recebida em 16/10/08 Publicado em 10/11/08 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Oligochaeta (Annelida: Clitellata) em córregos de baixa ordem do Parque Estadual de Campos do Jordão (São Paulo - Brasil) Guilherme Rossi Gorni1,2 & Roberto da Gama Alves1 Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas, Comportamento e Biologia Animal, Departamento de Zoologia, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF, CEP 36036-330, Juiz de Fora, MG, Brasil 2 Autor para correspondência: Guilherme Rossi Gorni, e-mail: [email protected], http://www.comportamento.ufjf.br 1 GORNI, G.R. & ALVES, R.G. 2008. Oligochaeta (Annelida: Clitellata) in headwater streams of the Parque Estadual de Campos do Jordão (São Paulo - Brazil). Biota Neotrop. 8(4): http://www.biotaneotropica.org.br/ v8n4/en/abstract?inventory+bn01608042008. Abstract: This study inventoried stream oligochaetes of the Campos do Jordão State Park (CJSP), São Paulo, Brazil. A total of 2302 individuals of three families (Naididae, Enchytraeidae, Turbificidae) were obtained. Seventeen species were inventoried: Achaeta sp., Allonais paraguayensis, Chaetogaster diastrophus, Nais communis, Nais variabilis, Pristina biserrata, Pristina leidyi, Pristina proboscidea, Pristinella jenkinae, Pristinella longidentata, Pristinella minuta, Pristinella notopora, Pristinella osborni, Pristinella sima, Aulodrilus limnobius, Bothrioneurum sp., and Limnodrilus hoffmeisteri. The total number of species found represents 24% of all oligochaetes species (70) recorded in diverse aquatic environments in Brazil, making this inventory very important given the poor knowledge of this group in Brazil. Keywords: aquatic oligochetes, mountain streams, species inventory, Campos do Jordão State Park - SP. GORNI, G.R. & ALVES, R.G. 2008. Oligochaeta (Annelida: Clitellata) em córregos de baixa ordem do Parque Estadual de Campos do Jordão (São Paulo - Brasil). Biota Neotrop. 8(4): http://www.biotaneotropica. org.br/v8n4/pt/abstract?inventory+bn01608042008. Resumo: O objetivo desse artigo foi inventariar as espécies de oligoquetos limnícolas que habitam córregos do Parque Estadual de Campos do Jordão (PECJ). As amostras revelaram 2302 indivíduos, distribuídos em três famílias (Naididae, Enchytraeidae, Tubificidae). Foram inventariadas 17 espécies, sendo elas: Achaeta sp., Allonais paraguayensis, Chaetogaster diastrophus, Nais communis, Nais variabilis, Pristina biserrata, Pristina leidyi, Pristina proboscidea, Pristinella jenkinae, Pristinella longidentata, Pristinella minuta, Pristinella notopora, Pristinella osborni, Pristinella sima, Aulodrilus limnobius, Botrioneurum sp. e Limnodrilus hoffmeisteri. O número total de espécies encontrado representa 24% de todas as espécies de oligoquetos registrados em diversos ambientes aquáticos no Brasil (70), evidenciando a importância deste trabalho, visto que há ainda grandes lacunas no conhecimento da fauna de oligoquetos límnicos no Brasil. Palavras-chave: oligoquetos aquáticos, córregos de montanha, inventário de espécies, Parque Estadual de Campos do Jordão - SP. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?inventory+bn01608042008 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 162 Gorni, G.R. & Alves, R.G. Introdução Trabalhos de levantamento faunístico têm como alvo conhecer espécies de um determinado ambiente e obter informações sobre sua distribuição e preferência de habitats, que por sua vez, podem subsidiar programas de conservação da biodiversidade (Agostinho et al. 2005). Segundo Rocha (2003), devido ao pequeno número de especialistas em taxonomia de microorganismos e invertebrados de água doce, o conhecimento sobre a biodiversidade desses grupos é ainda incompleta. No caso de oligoquetas límnicos, a escassez de estudos é ainda mais evidente, principalmente em ambientes aquáticos localizados em áreas de preservação. No Estado de São Paulo, estudos sobre invertebrados bentônicos em áreas protegidas estão relacionados principalmente à entomofauna bentônica (Melo & Froehlich 2001, Suriano 2003, Ribeiro & Uieda 2005, Roque 2005). Neste trabalho inventariamos as espécies de oligoquetas limnícolas de córregos do Parque Estadual de Campos do Jordão (São Paulo). Material e Métodos c a b 1. Área de estudo Os espécimes de Oligochaeta foram coletados no Parque Estadual de Campos do Jordão (PECJ), localizado ao norte do município de Campos do Jordão (SP) (22° 45’ S e 45° 39’ O), abrangendo uma área de aproximadamente 8172 ha. Pertencente ao conjunto litológico chamado de complexo cristalino, o parque apresenta seu ponto mais alto a 2007 m acima do nível mar, na borda Sudoeste do planalto. Sua parte mais baixa esta a aproximadamente 1030 m e corresponde ao vale do Rio Sapucaí-Guaçu (Seibert 1975) (Figura 1). O sistema de águas do PECJ é formado por cursos d’água componentes da bacia do Rio Sapucaí-Guaçu. Dele fazem parte os Riachos Canhambora, Campo do Meio, Galharada, Casquilho (e seu afluente, Riacho do Serrote) e Coxim, todos afluentes da margem direita do Rio Sapucaí-Guaçu; e à margem esquerda, o Córrego do Paiol, destaca-se como maior tributário (Seibert 1975, SchroederAraujo et al. 1986). Por serem ambientes de montanha, os riachos apresentam-se normalmente em corredeiras, contendo leitos pedregosos e pouco profundos, com águas frias, límpidas e oxigenadas (Seibert 1975, Schroeder-Araujo et al. 1986) (Figura 1). Dentre os afluentes da referida bacia, foram selecionados trechos dos córregos: Campo do Meio, Galharada e Serrote, para amostragens mensais, durante o período de maio de 2005 a maio de 2006. 2. Coleta de oligoquetas As coletas foram feitas em áreas erosionais e deposicionais (áreas de corredeiras e remansos) dos córregos, com um amostrador tipo “Surber” (McCafferty 1981, Bicudo & Bicudo 2004) com uma área de 0,0362 m2 e abertura de malha de 0,25 mm. O material coletado foi acondicionado em recipientes plásticos de 300 mL, e imediatamente fixado em solução de formol 10%. Encaminhadas ao laboratório, as amostras passaram por um minucioso processo de triagem feito sob microscópio estereoscópico. Para a identificação dos organismos utilizaram-se critérios taxonômicos adotados por Brinkhurst & Jamieson (1971), Righi (1984) e Brinkhurst & Marchese (1989). Os espécimes identificados foram conservados em álcool 70% e depositados na coleção de Anelídeos do Departamento de Zoologia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Minas Gerais, Brasil. http://www.biotaneotropica.org.br N O 0 2000 L S Figura 1. Mapa da área de estudo indicando a localização do Parque Estadual de Campos do Jordão, São Paulo, bem como sua hidrografia e os córregos onde foram efetuadas as amostragens (adaptado de Schroeder-Araujo et al. 1996 e Suriano 2003). a) Córrego Galharada; b) Córrego Campo do Meio; e c) Córrego Serrote. Figure 1. Map of the study area indicating the location of the State Park of Campos de Jordão, São Paulo, as well his hydrography and the streams where the samplings were made (adapted of Schroeder-Araújo et al. 1996 and Suriano 2003). a) Galharada Stream; b) Campo do Meio Stream; and c) Serrote Stream. Resultados e Discussão Em 232 amostras do substrato, foram inventariadas 17 espécies, distribuídas em três famílias (Naididae, Tubificidae e Enchytraeidae) (Tabela 1). A família Naididae que representou 62% dos táxons (n = 13) foi composta por cinco gêneros, Allonais, Chaetogaster, Nais, Pristina e Pristinella, sendo o último o de maior número de espécies registradas (6). A família Tubificidae foi representada pelos gêneros, Aulodrilus, Bothrioneurum e Limnodrilus. Entre os Enchytraeidae, além do gênero Achaeta, três morfotipos diferentes (não identificados) foram obtidos nas amostras. 1. Considerações sobre as espécies Enchytraeidae 1. Achaeta sp. (Cersnosvitov 1935) Espécie com peculiar característica de ausência de cerdas (Righi 1974). Previamente registrado nos estados de Minas Gerais e Mato Grosso (Brasil) (Righi 1974, 1981, respectivamente), sendo coletada no presente estudo em todos os córregos amostrados. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?inventory+bn01608042008 163 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Oligochaeta em córregos do Parque Estadual de Campos do Jordão Tabela 1. Ocorrência das espécies de Oligoquetos aquáticos nos Córregos Galharada, Campo do Meio e Serrote pertencentes ao Parque Estadual de Campos do Jordão (PECJ). Presença (x); Ausência (-). Table 1. Occurrence of aquatic oligochaetes in streams Galharada, Campo do Meio and Serrote in the Parque Estadual Campos do Jordão (PECJ). Presence (x); Absence (-). Espécies Parque Estadual de Campos do Jordão (PECJ) Galharada Campo do meio Serrote Enchytraeidae Enchytraeidae tipo sp1 Enchytraeidae tipo sp2 Enchytraeidae tipo sp3 Achaeta sp. Naididae Allonais paraguayensis Chaetogaster diastrophus Nais communis Nais variabilis Pristina biserrata Pristina leidyi Pristina proboscidea Pristinella jenkinae Pristinella longidentata Pristinella minuta Pristinella notopora Pristinella osborni Pristinella sima Tubificidae Aulodrilus limnobius Bothrioneurum sp. Limnodrilus hoffmeisteri Tubificidae (sem cerda capilar/ juvenil) x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x - x x x x x x x x x x x x Naididae 1. Allonais paraguayensis (Michaelsen 1905) Espécie amplamente distribuída, com registros na América do Sul, América do Norte, África, Ásia e Austrália (Righi 1984, Timm 1999, Pinder 2001). No presente estudo foi registrado apenas um espécime habitando o córrego Galharada. Autores como Trivinho-Strixino et al. (2000), Alves & Lucca (2000) e Pamplin et al. (2005) registraram esta espécie na Represa Bariri, localizada na região central do Estado de São Paulo (Brasil). 2. Chaetogaster diastrophus (Gruithuisen 1828) Espécie com ampla distribuição, sendo registrada na América do Sul, América do Norte, Europa, Ásia e Austrália. (Righi 1984, Brinkhurst & Marchese 1989, Pinder 2001, Nijboer et al. 2004). Dumnicka (1994) relacionou a ocorrência de C. diastrophus a ambientes de água limpa. No presente estudo foi registrada nos córregos Galharada e Serrote. Esta espécie foi registrada em Ipeúna (interior do Estado de São Paulo) sobre o dorso de larvas de Odonata (Corbi et al. 2004). 3. Nais communis Piguet, 1906 Espécie considerada cosmopolita e amplamente distribuída em diversos tipos de ambientes aquáticos, incluindo águas salobras (Righi 1984, Brinkhurst & Marchese 1989, Erséus et al. 1999, Lencioni et al. 2004), com preferência por substratos compostos por areia fina e material orgânico finamente fragmentado (Verdonschot 1999). Previamente registrada em ambientes aquátihttp://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?inventory+bn01608042008 cos do interior do Estado de São Paulo (Alves & Lucca 2000, Trivinho-Strixino et al. 2000) inclusive associada a colônias de esponjas (Corbi et al. 2005) e a molusco gastrópode Pomacea (Gorni & Alves 2006). No presente estudo a espécie foi registrada nos córregos Galharada e Campo do Meio. 4. Nais variabilis Piguet 1906 Espécie considerada cosmopolita (Lencioni et al. 2004) e com preferência por sedimentos compostos por areia fina com uma quantidade média de material orgânico ou areia grossa com baixas concentrações de matéria orgânica (Verdonschot 1999). Segundo Dumnicka (1976) esta espécie é comum em córregos de baixa ordem. No presente estudo, sete espécimes foram registrados habitando o córrego Galharada. Estudos prévios relatam a ocorrência desta espécie em ambientes aquáticos do Pantanal Mato-Grossense (Takeda et al. 2000) e sobre o dorso de larvas de Odonata (Ipeúna, Estado de São Paulo) (Corbi et al. 2004) 5. Pristina biserrata Chen, 1940 Espécie previamente registrada na Argentina (Brinkhurst & Marchese 1989), no Brasil, em trechos do Alto Rio Paraná (Montanholi-Martins & Takeda 1999), e na China (Timm 1999). No presente estudo foi registrada no córrego Galharada. 6. Pristina leidyi Smith 1896 Espécie cosmopolita, incomum, mas relativamente distribuída em águas superficiais da América do Sul, Central e do Norte (Brinkhurst & Marchese 1989, Wetzel & Taylor 2001). No presente http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 164 Gorni, G.R. & Alves, R.G. estudo foi coletada apenas no córrego Galharada. Esta espécie foi registrada por Gorni & Alves (2006) em associação com molusco gastrópode Pomacea no município de Araraquara (SP). 7. Pristina proboscidea Beddard 1895 Espécie registrada em varias localidades da América do Sul, região cento-sul da China e Austrália (Righi 1984, Brinkhurst & Marchese 1989, Timm, 1999, Pinder 2001). No presente estudo foi coletada apenas no córrego Galharada. No Brasil P. proboscidea foi registrada, por Takeda (1999) no Alto Rio Paraná, por Takeda et al. (2000) no Pantanal Mato-Grossense e por Corbi et al. (2005) no Estado de São Paulo. 8. Pristinella jenkinae (Stephenson 1931) Espécie com ocorrência em ambientes límnicos da América do Sul, América do Norte, Ásia, África e Austrália (Righi 1984, Timm 1999, Ohtaka 2001, Pinder 2001, Wetzel & Taylor 2001). Esta espécie foi encontrada por Alves et al. (2006) nos córregos Pinheirinho e Gouveia, ambos pertencentes à região central do Estado de São Paulo. No presente estudo foi registrada nos três córregos amostrados. 9. Pristinella longidentata (Harman 1965) Espécie registrada para a América do Sul e Central (Brinkhurst & Marchese 1989). Espécie previamente registrada no Brasil no Pantanal Mato-Grossense (Takeda et al. 2000), no Alto Rio Paraná (Montanholi-Martins & Takeda 1999, 2001) e no Rio Mogi-Guaçu (SP) (Alves & Strixino 2000). No presente estudo foi coletada no córrego Galharada. 10. Pristinella notopora Cersnosvitov 1937 Espécie registrada por Brinkhurst & Marchese (1989) na Argentina. Registrada por Montanholi-Martins & Takeda (1999) em trechos do Alto Rio Paraná. No presente estudo foi coletada nos três córregos amostrados. 11. Pristinella minuta (Stephenson 1914) Espécie anteriormente registrada na América do Sul (Brasil) (Righi 1984), na América do Norte e Ásia (Brinkhurst & Marchese 1989). No presente estudo foi registrada no córrego Galharada. 12. Pristinella osborni (Walton 1906) Espécie registrada na Austrália (Pinder 2001), na América do Sul e Central (Brinkhurst & Marchese 1989) e no Brasil (Pantanal Mato-Grossense) por Takeda et al. (2000). No presente estudo foi registrada apenas no córrego Galharada. 13. Pristinella sima (Marcus 1944) Espécie com ocorrência na América do Sul, China e Turquia (Brinkhurst & Marchese 1989; Timm 1999, Arslan & Sahin 2004). No presente estudo foi registrada nos córregos Galharada e Serrote. Segundo Brinkhurst & Marchese (1989), as espécies citadas anteriormente, P. minuta, P. osborni e P. sima, podem ser consideradas sinônimas devido à grande similaridade de suas características morfológicas, evidenciando a necessidade de uma profunda revisão da taxonomia do gênero. Contudo, o presente trabalho manteve-se conservador quanto à união destas três espécies em um só táxon, visto que ainda existem muitas dúvidas sobre a taxonomia do referido gênero. Tubificidae 1. Aulodrilus limnobius Bretscher 1899 Espécie amplamente distribuída, com registros na América do Sul, América do Norte, Europa e Ásia (Righi 1984, Brinkhurst & http://www.biotaneotropica.org.br Marchese 1989). Montanholi-Martins & Takeda (1999, 2001) registraram A. limnobius em regiões com sedimento arenoso no Alto Rio Paraná (Brasil). No presente estudo a espécie foi registrada nos córregos Galharada e Serrote. 2. Bothrioneurum sp. Stolc 1888 Segundo Brinkhurst & Marchese (1989), as espécies do gênero Bothrioneurum apresentam uma ampla distribuição. O gênero foi registrado em afluentes da Bacia do Ribeirão do Ouro (Araraquara - São Paulo) por Alves & Lucca (2000). No presente estudo foi registrado apenas no córrego Serrote. Devido à imaturidade sexual sua identificação ficou restrita ao nível de gênero. 3. Limnodrilus hoffmeisteri Claparède 1862 Espécie cosmopolita, provavelmente o oligoqueta aquático mais comumente coletado ao redor do mundo, ocorrendo em ampla variedade de ambientes aquáticos (Wetzel & Taylor 2001, Nijboer et al. 2004). Segundo Verdonschot (1989) e Marchese & Drago (1999) esta espécie ocorre em substratos enriquecidos organicamente, tolerando baixos níveis de oxigênio. A presença L. hoffmeisteri no presente estudo, juntamente com as informações da literatura comprovam a plasticidade desses organismos em habitar diferentes ambientes, que variam desde nascentes protegidas a ambientes poluídos. No presente estudo foi registrada nos córregos Galharada e Serrote. No Estado de São Paulo L. hoffmeisteri foi previamente registrada, por Alves & Lucca (2000), Alves & Strixino (2000), Pamplim et al. (2005), Alves et al. (2006) e Alves et al. (2008). Considerações Finais Os córregos do PECJ apresentam características de ambientes de montanha (corredeiras, leitos pedregosos, águas frias, etc.). Segundo Dumnicka (1994), estas características restringem a ocorrência dos vermes oligoquetos a uma pequena porcentagem da fauna total de macroinvertebrados bentônicos, provavelmente, por serem, os vermes oligoquetos, mais sensíveis às bruscas variações que acometem riachos desta natureza. De forma geral, podemos considerar a riqueza de espécies obtida no presente trabalho (17 espécies) proporcionalmente alta, representando cerca de um quarto do número total de espécies de oligoquetas límnicos já registrado para ambientes aquáticos brasileiros (70 espécies segundo Righi 2002). Tais resultados tornam este inventário de suma importância quando tratamos de um grupo de organismos tão pouco estudado. Agradecimentos À Márcia Spies e toda a equipe coordenada pelo Professor Dr. Cláudio Gilberto Froehlich da Universidade de São Paulo (Ribeirão Preto). Ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas - Comportamento e Biologia Animal/UFJF. Ao Programa Biota – FAPESP pelo auxílio concedido e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela bolsa de mestrado concedida ao autor. Este trabalho faz parte do projeto Biota-Fapesp “Levantamento e Biologia de Insecta e Oligochaeta Aquáticos de Sistemas Lóticos do Estado de São Paulo”. 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First records of freshwater oligochaetes (Annelida, Clitellata) from caves in Illinois and Missouri, USA. Journal of Cave and Karst Studies, 63(3): 99-104. Recebido em 18/08/08 Versão reformulada recebida em 14/11/08 Publicado em 19/11/08 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Frogs of Marambaia: a naturally isolated Restinga and Atlantic Forest remnant of southeastern Brazil Hélio Ricardo da Silva1,2, André Luiz Gomes de Carvalho1 & Gabriela Bueno Bittencourt-Silva1 Laboratório de Herpetologia, Departamento de Biologia Animal, Instituto de Biologia, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ, BR 465, Km 47, CP 74524, CEP 23851-970, Seropédica, RJ, Brazil, e-mail: [email protected], [email protected] 2 Corresponding author: Hélio Ricardo da Silva, e-mail: [email protected] 1 SILVA, H.R., CARVALHO, A.L.G. & BITTENCOURT-SILVA, G.B. 2008. Frogs of Marambaia: a naturally isolated Restinga and Atlantic Forest remnant of southeastern Brazil. Biota Neotrop. 8(4): http://www. biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?inventory+bn01808042008. Abstract: We report the results of a seven-year survey of the anurans of Marambaia, in the State of Rio de Janeiro, southeastern Brazil, where 24 species were recorded. The species represented nine families: Hylidae (10 species), Bufonidae (3), Leptodactylidae (3), Hylodidae (2), Microhylidae (2), Craugastoridae (1), Centrolenidae (1), Cycloramphidae (1), and Leiuperidae (1). We also present notes on the natural history and habitat usage by the anurans. Keywords: anura, insular community, species list. SILVA, H.R., CARVALHO, A.L.G. & BITTENCOURT-SILVA, G.B. 2008. Anfíbios da Marambaia: um remanescente naturalmente isolado de Restinga e Floresta Atlântica do Sudeste do Brasil. Biota Neotrop. 8(4): http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?inventory+bn01808042008. Resumo: Apresentamos os resultados de um estudo de sete anos sobre os anuros da Marambaia, Estado do Rio de Janeiro, sudeste do Brasil, onde 24 espécies representantes de nove famílias foram registradas: Hylidae (10 espécies), Bufonidae (3), Leptodactylidae (3), Hylodidae (2), Microhylidae (2), Craugastoridae (1), Centronelidae (1), Cycloramphidae (1) e Leiuperidae (1). Apresentamos também notas sobre a história natural e uso de habitat pelos anuros. Palavras-chave: anura, comunidade insular, lista de espécies. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?inventory+bn01808042008 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 168 Silva, H.R. et al. Introduction One peculiar characteristic of the geography of the State of Rio de Janeiro is the Restinga da Marambaia, which forms an east-west peninsular-like extension of the continent into the Atlantic Ocean (Figure 1). The Marambaia formation is composed of an island that approaches the continent through a sand dune extension, the actual restinga. The geological events that resulted in the formation of the restinga involved changes in relative sea level that took place in the Holocene, about five thousand years before the present (Roncarati & Menezes 2005). Like most coastal areas in the State of Rio de Janeiro, Marambaia has a long history of human occupation (Kneip & Oliveira 2005). Recent human uses have left marks of environmental degradation similar to those observed along the mainland coast of the state, which can be noticed by different degrees of logging – from clear cutting for agriculture, to selective timber removal. During the 18th and 19th centuries, Marambaia served as a stopping place for ships involved in the slave trade from Africa (Pereira et al. 1990). More recently, the Brazilian government has been using the area for military bases and training (Army, Air Force, and Navy). Through a cooperation program among different research centers, universities, and the military, efforts to understand some basic aspects of the local biodiversity has been possible on Marambaia. As an outcome of such efforts, a book edited by Menezes et al. (2005) presents the first comprehensive results of research on the aspects of the biodiversity and some physical characterization of the area. On Marambaia the flora has been more thoroughly investigated than the fauna (Menezes & Araujo 2005, Fraga et al. 2005, Conde et al. 2005), which has been limited to studies of the communities of bats (Costa & Perachii 2005) and dragonflies (Costa & Oldrini 2005). The first specimens of amphibians collected from Marambaia were deposited in the Coleção Eugenio Izecksohn (EI), housed at the Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (Izeckshon 1976), however a more thorough herpetological survey has not been conducted there until our recent efforts at describing the lizard community of the area (Carvalho et al. 2007, Carvalho & Araújo 2007). The list of anurans presented herein summarizes the continuation of our efforts to investigate the herpetological communities on coastal islands of southeastern Brazil, and reports our contribution toward their conservation. Materials and Methods 1. Study site The present work was conducted on Marambaia, Municipality of Mangaratiba, in the west portion of the State of Rio de Janeiro, southeastern Brazil (between 23° 04’ S, 44° 00’ W and 23° 02’ S, 44° 34’ W). The region encloses the Sepetiba Bay, and is comprised of an island, known as Ilha da Marambaia, linked to the continent through a sand dune formation approximately 40 km long called Restinga da Marambaia (Figure 1). Marambaia is an assemblage of different habitats that support a marked gradient of vegetational cover from the costal lowlands to higher altitudes - 640 m (Conde et al. 2005, Menezes & Araujo 2005). There are at least three distinct macro-habitat: mangrove, restinga (sand dune shrub and forested areas), and Atlantic Forest (Conde et al. 2005). The macroclimate of the region is classified as tropical by Köppen’s method, with rainy summers and dry winters (AW). In the coldest months (July-August) mean temperature is higher than 18 °C and of the hottest (January) is higher than 22 °C. Rain fall is abundant in the summer and scarce in http://www.biotaneotropica.org.br 21° Brazil 22° N W E S Atlantic Ocean 44° 43° 0 42° 23° 100 km N W 23° 02' 24.8" S and 43° 57' 12.4" W E S 12 7 23° 03' 24.8" S and 13 43° 59' 31.3" W 10 11 8 6 9 14 5 4 15 3 2 16 1 23° 05' 38.3" S and 43° 58' 12.9" W 0 2 km Figure 1. Map of the State of Rio de Janeiro, showing the location of Marambaia, which is enlarged and shown in more details. Numbers in the map of Marambaia represent collecting sites; a list of the species observed and or collected in each site is as follows: Rhinella ornata 5, 8 and 12, 13, 14; Rhinella pygmaea 14, Dendrophryniscus brevipollicatus 12 and 13; Haddadus binotatus 8 and 10, Hyalinobatrachium eurygnathum 8; Thoropa miliaris 2, 3, 8 and 10; Aparasphenodon brunoi 4, 8, 12, 13; Aplastodiscus albofrenatus 2, 8; Hypsiboas albomarginatus 4, 5, 6, 7, 11 and 12, Dendropsophus decipiens 5, Dendropsophus cf. oliveirai 5; Scinax cf. alter 3, 4, 5, 7, 8, 12, 13; Scinax cf. perpusillus 2, 12, 13; Scinax trapicheiroi 8, Scinax cf. x-signatus 5, 7, 12, 13, Xenohyla truncata 16; Hylodes cf. phyllodes 1, 9, 11; Crossodactylus gaudichaudii 1, 9, 11, Physalaemus signifer 8, 10, 11; Leptodactylus marmoratus 8 , 10, 11; Leptodactylus marambaiae 2, 3, 5, 6, 11, 12, 13, 14, Leptodactylus ocellatus 5, 6, 7, 8, 10, 11,12, 13, 14; Chiasmocleis cf. carvalhoi 8, 10, 11; Myersiella microps 8. Figura 1. Mapa do Estado do Rio de Janeiro mostrando a localização da Marambaia, que esta destacada em tamanho maior e mostra mais detalhes. Os números no mapa da Marambaia representam os sítios de coleta; a lista das espécies observadas para cada sítio é a seguinte: Rhinella ornata 5, 8 and 12, 13, 14; Rhinella pygmaea 14, Dendrophryniscus brevipollicatus 12 and 13; Haddadus binotatus 8 and 10, Hyalinobatrachium eurygnathum 8; Thoropa miliaris 2, 3, 8 and 10; Aparasphenodon brunoi 4, 8, 12, 13; Aplastodiscus albofrenatus 2, 8; Hypsiboas albomarginatus 4, 5, 6, 7, 11 and 12, Dendropsophus decipiens 5, Dendropsophus cf. oliveirai 5; Scinax cf. alter 3, 4, 5, 7, 8, 12, 13; Scinax cf. perpusillus 2, 12, 13; Scinax trapicheiroi 8, Scinax cf. x-signatus 5, 7, 12, 13, Xenohyla truncata 16; Hylodes cf. phyllodes 1, 9, 11; Crossodactylus gaudichaudii 1, 9, 11, Physalaemus signifer 8, 10, 11; Leptodactylus marmoratus 8 , 10, 11; Leptodactylus marambaiae 2, 3, 5, 6, 11, 12, 13, 14, Leptodactylus ocellatus 5, 6, 7, 8, 10, 11,12, 13, 14; Chiasmocleis cf. carvalhoi 8, 10, 11; Myersiella microps 8. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?inventory+bn01808042008 169 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Frogs of Marambaia the winter (no dry months). The annual mean precipitation is higher than 1200 mm (Mattos 2005). 2. Data collection Anurans were collected or observed from April 2002 to April 2008, both in the rainy (summer) and dry (winter) seasons, with 86 days of field work. An estimate of collecting effort is presented as a species discovery curve in Figure 2. During expeditions, specimens were searched for at night and during the day in the restingas, lowland, and hillside forests. To evaluate the spatial distribution of amphibians, each habitat was subdivided into eight smaller microhabitat units: creek, forest litter, ground bromeliad, humid rock faces, shrubby vegetation, swamps (in flooded areas and river mouths), temporary ponds, and trees. Most specimens were searched for when calling, detected visually, and hand captured. Bromeliads, which are abundant in the sand formations, were surveyed during the day. Five-hundred and forty bromeliads belonging to three species were surveyed in the search of frogs: Neoregelia cruenta (n = 400), Vriesia neoglutionosa (n = 90), and Aecmaea pectinata (n = 50). Terrestrial plants, growing on sand, from five different localities (Figure 1 - point 4, 5, 11, 12 and 13) were removed and carefully examined in search of frogs. In one of the hill-forest formations (Figure 1 - point 8), a 100 m long plastic fence with twenty 40-liter buckets, buried spaced every 5 m along the fence, was set and surveyed for four days, every month from April to December 2007 (the buckets were opened on the first day and closed on the last). With the exception of the two microhylids, Dendrophryniscus brevipollicatus Jiménez de la Espada, 1871 “1870”, two Dendropsophus, and Aparasphenodon brunoi MirandaRibeiro, 1920, all reproductive notes presented herein were based on direct observations of the species in the field. Data for these taxa was obtained from the literature. All amphibians collected were identified, fixed in 10% formalin and stored in 70% ethanol. Specimens obtained by this research are housed in the Herpetological Collection of the Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (RU), Seropédica, Rio de Janeiro, Brazil, and a list of the vouchers is presented in the Appendix. Results We encountered 24 species, representing nine families, during our sampling of Marambaia (Table 1). The species discovery curve indicates a low probability of finding additional species with increasing Accumulated richness 25 20 15 10 4 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 Collecting days Figure 2. Cumulative curve of anuran species by collecting days for Marambaia, Rio de Janeiro, Brazil. Figura 2. Curva cumulativa das espécies de anuros por dias de coleta na Marambaia, Rio de Janeiro Brasil. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?inventory+bn01808042008 effort. Additional records may be possible, however the effort to be applied must be tremenduous and has to take into account the dimensions of the area to be surveyed (Figure 1). Hylidae is the richest family, with 10 species, followed by Bufonidae (3), Leptodactylidae (3), Hylodidae (2), Microhylidae (2), Craugastoridae (1), Centrolenidae (1), Cycloramphidae (1), and Leiuperidae (1). These species are distributed unequally among habitats. Lowland and hillside forest areas include 12 and 15 species, respectively, while 12 species were found in restinga. Although the number of species may be similar in the three habitats, four species were found only in restinga, seven were found only in hillside forests, and just one species was found only in lowland forests. Regarding microhabitat usage, Rhinella ornata (Spix 1824) and Leptodactylus ocellatus (Linnaeus 1758) were present in all sampling sites. These frogs were more frequently found during the rainy season, at the peak of their reproduction in swamps, creeks, and temporary ponds, but individuals were also found during other periods of the year in or near swampy areas or in the forest litter. On one occasion we found both of these species in bromeliads during the day. In the restinga, the hylids Aparasphenodon brunoi, Scinax. cf. alter (B. Lutz 1973), S. cf. perpusillus (A. Lutz & B. Lutz 1939), S. cf. x-signatus (Spix 1824), and the bufonid Dendrophryniscus brevipollicatus were found more frequently in bromeliads during the day. In the hillside forest, only Aplastodiscus albofrenatus (A. Lutz 1924) (calling males) and Scinax cf. perpusillus were associated with bromeliads. The centrolenid Hyalinobatrachium eurygnathum (A. Lutz 1925) may be considered amongst the rarest species, with only a single individual being collected on a tree near a creek. Another rare species in the sample is the microhylid, Myersiella microps (Duméril & Bibron 1841), with only two specimens being recorded from the forest leaf litter. Leptodactylus marambaiae Izecksohn 1976 was found calling in lowland costal swamps and temporary ponds. Males were heard calling before dusk and at night during the rainy season. Hylodes cf. phyllodes Heyer & Cocroft 1986 and Crossodactylus gaudichaudii Duméril & Bibron 1841 are the two diurnal frog species of Marambaia. These frogs were found during the day perching and calling from rocks along creeks, and sometimes they were found co-occurring in the same sites. These species were observed in three different creeks on opposite sides of the island. The frogs of Marambaia represent several reproductive modes. Dendrophryniscus brevipollicatus and Scinax cf. perpusillus reproduce exclusively in bromeliads; Dendropsophus decipiens (A. Lutz, 1925) lay eggs on leaves hanging over water; Thoropa miliaris (Spix, 1824) calls, lay eggs, and has tadpoles over films of water on rock faces; Hylodes cf. phyllodes and Crossodactylus gaudichaudii are diurnal frogs and reproduce in creeks; Aplastodiscus albofrenatus also uses the creeks for reproduction, but calling and part of the courtship takes place in bromeliads near the rivers; Physalaemus signifer (Girard 1853) and Chiasmocleis cf. carvalhoi Cruz, Caramaschi & Izecksohn 1997 reproduce in temporary ponds inside the forest; and Haddadus binotatus (Spix 1824), Leptodactylus marmoratus (Steindachner 1867), and Myersiella microps reproduce in the forest leaf litter; Rhinella pygmaea (Myers & Carvalho 1952) and R. ornata reproduce in flooded areas near the mouth of creeks and rivers, the former being found only in the restinga. The remaining species reproduce explosively in temporary ponds or swamps. Discussion Although the State of Rio de Janeiro has been the point of entrance for several important expeditions since the 19th Century, and a list of amphibians exists for the state (Rocha et al. 2004a), regional invenhttp://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 170 Silva, H.R. et al. Table 1. List of families and species of anurans of Marambaia with indication of the number of specimens collected, habitat, microhabitat and reproduction site usage. Habitats: R = restinga, L = low land forest, H = hillside forest; Microhabitats: T = tree, S = swamp, B = ground bromeliad, F = forest litter, P = temporary ponds, C = creek, U = humid rock, V = shrubby vegetation. *Rare encounters. **Data from the collection housed in Museu Nacional (MNRJ). Data on reproduction was compiled from field observations and from Izecksohn & Carvalho-e-Silva (2001) e Carvalho-e-Silva et al. (2008). Tabela 1. Lista de famílias e espécies de anuros da Marambaia com indicação do número de espécimes coletados, habitat, microhabitat e sítio reprodutivo utilizado. Habitats: R = restinga, L = floresta de baixada, H = floresta de encosta; Microhabitats: T = árvore, S = brejo, B = tanque de bromélia, F = serapilheira, P = poça temporária, C = riacho, U = rocha úmida, V = vegetação arbustiva. *Encontros raros. **Dados coletados a partir da coleção herpetológica do Museu Nacional (MNRJ). Os dados sobre reprodução foram compilados a partir de observações de campo e a partir de Izecksohn, Carvalho-e-Silva (2001) e Carvalho-e-Silva et al. (2008). Species n R BUFONIDAE Rhinella ornata Rhinella pygmaea Dendrophryniscus brevipollicatus CRAUGASTORIDAE Haddadus binotatus CENTRONELIDAE Hyalinobatrachium eurygnathum CYCLORAMPHIDAE Thoropa miliaris HYLIDAE Aparasphenodon brunoi Aplastodiscus albofrenatus Hypsiboas albomarginatus Dendropsophus decipiens Dendropsophus cf. oliveirai Scinax cf. alter Scinax cf. perpusillus Scinax trapicheiroi Scinax cf. x-signatus Xenohyla truncata HYLODIDAE Hylodes cf. phyllodes Crossodactylus gaudichaudii LEIUPERIDAE Physalaemus signifer LEPTODACTYLIDAE Leptodactylus marmoratus Leptodactylus marambaiae Leptodactylus ocellatus MICROHYLIDAE Chiasmocleis cf. carvalhoi Myersiella microps 79 04 02 ● ● ● Habitat L H ● ● ● 40 ● ● ● ● ● ● * ▲ ▲ ▲ Swamp and temporary ponds Temporary ponds Bromeliad ▲ Forest litter ▲ ▲ ▲ ▲ * ● ● ▲ ▲ ● ● ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ● ● ▲ ▲ ● ● 10 05 U ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ V Creeks by the forest ▲ Water films over rocks Temporary ponds Creek ▲ Temporary ponds Temporary ponds ▲ Temporary ponds Temporary ponds Bromeliad Creek Temporary ponds Temporary ponds Creek Creek (1, 9, 10) 13 ● ● ▲ Forest temporary ponds 08 07 31 ● ● ● ● ▲ Forest litter Temporary ponds Swamp and temporary ponds ● ● ● 27 02 ● ● ● tories, describing the anurofauna of municipalities are scant. For the continental region near Marambaia, a list of amphibian communities has been published recently (Carvalho-e-Silva et al. 2008), being our only source for comparison with the continental fauna. Data is also available for a larger, nearby Island, Ilha Grande (Figure 1) and has been made available through publication of partial lists (Rocha et al. 2001) and personal communication (C.F.D. Rocha ). For the Municipality of Mangaratiba, which is located on the continent near Marambaia, Carvalho-e-Silva et al. (2008) found 41 spehttp://www.biotaneotropica.org.br ▲ ● ● ● ● Reproduction B ● 01 07 06 31 02 03 44 10 36 11 ** Microhabitat F P C S ● ● 42 T ▲ ▲ * ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ Forest temporary ponds Forest litter cies distributed in ten families, two of which (Amphignatodontidae and Phyllomedusidae) have not been found on Marambaia. Due to the process of insulation and the reduction of area (Roncarati & Meneses 2005), the community of frogs of Marambaia may have been depressed, and nowadays includes only a subset of that of the continent. On the other hand, the richness of 24 amphibian species recorded for Marambaia can be considered high when compared to that of the only other island surveyed in the coast of the State of Rio de Janeiro (Ilha Grande, with 20 species: Rocha et al. 2001, C.F.D. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?inventory+bn01808042008 171 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Frogs of Marambaia Rocha, personal communication). We are conducting a survey of 3 other islands in the area, which we already know have amphibians (Ilha da Gipóia, Ilha de Itacuruçá, and Ilha de Jaguanum). With this data we will be able to discuss the combined effects of island area, geography, and distance from the continent on the anuran communities and apply island biogeography models to understand this insular scenario. According to the species discovery curve, we may be near reaching the total richness for Marambaia. We may have missed a few species that are either cryptic, habitat specialists of resctricted local occurrence, or that are only active during a short period of time when special climatic conditions are observed. Among these we suspect that Brachycephalus didactylus (Izecksohn 1971), Flectonotus goeldii (Boulenger 1895), F. ohausii (Wandolleck 1907), and Stereocyclops parkeri (Wettstein 1934) could possibly be present on Marambaia. On the other hand, the absence of species that are common and easily detected by their advertisement call on the mainland, is not likely a result of insufficient sampling effort. The absence in Marambia of toads and frogs that reproduce at river mouths and flooded lowland areas on the continent, such as Arcovomer passarellii Carvalho 1954; Bokermannohyla circumdata (Cope 1871), Rhinella icterica (Spix 1824), R. schneideri (Werner 1894), Hypsiboas faber (Wied-Neuwied 1821), H. semilineatus (Spix 1824), Itapotihyla langsdorffii (Duméril & Bibron 1841), Scinax hayii (Barbour 1909), Trachycephalus mesophaeus (Hensel 1867), T. nigromaculatus Tschudi 1838, plus several leaf litter users, like Ischnocnema guentheri (Steindachner 1864), I. octavioi (Bokermann 1965), I. parva (Girard 1853), Proceratophrys appendiculata (Günther 1873), P. boiei (Wied-Neuwied 1865), and Zachaenus parvulus (Girard 1853), all present on the continent (Carvalho-e-Silva et al. 2008, and unpublished data) and on some of the neighboring larger islands (Ilha Grande, Rocha et al. 2001), may indicate the possibility that the reduction of area and loss of habitats from for reproduction due to the process of insulation are important factors that are contributed to amphibian extinctions in the area. At Marambaia, restinga and hillside forest are essential habitats for many of the frog species. Together, these habitats support 23 of the 24 species of amphibians of the area, with 17 and 29% of the species, respectively, occurring nowhere else. In the restinga, a large number of anurans could be found exclusively in bromeliads. The high density and diversity of bromeliad species seem to contribute to the high species richness of frogs, which use these plants as shelters throughout the year, and some also using them for reproduction (Rocha et al. 2000, 2004b). The small water bodies held between the leaves of these plants, known as phytotelmata (Varga 1928), have been recognized as important sources of water and shelter for different groups of animals (Richardson 1999, Greeney 2001, Lopes & Rios 2001, Lehtinen 2004). In the hillside forest, most of the anurans use streams, creeks, or the leaf litter. Several species are riparian or, in some degree, dependent on the streams that occur on the island of Marambaia and are absent in the restinga. Some of the rivers that drain the forest run to parts of the restinga, either forming a lake or passing through the sand banks directly to the sea. Hylodes cf. phyllodes, Crossodactylus gaudichaudii, Thoropa miliaris, Hyalinobatrachium eurygnathum, Scinax trapicheiroi (B. Lutz 1954), and Aplastodiscus albofrenatus are restricted to the areas along hillside forest streams, confirming a high degree of association of these species to these habitats (Izecksohn & Carvalho-e-Silva 2001, Hatano et al. 2002, Carvalhoe-Silva & Carvalho-e-Silva 2005). On Marambaia, T. miliaris was not found on coastal rock faces feeding on marine organisms, as has been reported for other localities (Sazima 1970), but it is dependent on films of water for its reproduction (Rocha et al. 2002). http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?inventory+bn01808042008 The majority of the frogs present in the lowlands are species commonly found in this habitat elsewhere in the State of Rio de Janeiro (Izecksohn & Carvalho-e-Silva 2001), also use restinga or hillside forest, and have their reproductive behavior associated with the mouths of rivers and creeks, flooded areas, or temporary ponds (Carvalho-e-Silva et al. 2008). In this category we have species including Rhinella ornata, Dendropsophus cf. oliveirai (Bokermann 1963), Hypsiboas albomarginatus (Spix 1824), S. cf. alter, S. cf. x-signatus, and Leptodactylus ocellatus. Therefore, although lowland areas have just one exclusive species, many depend on particular microhabitats present there for reproduction (Izecksohn & Carvalho-e-Silva 2001, Carvalho-e-Silva et al. 2008). Marambaia includes one endemic species, Leptodactylus marambaiae (Izecksohn & Carvalho-e-Silva 2001). This species, a member of the L. fuscus group (Heyer 1978), represents an intriguing biogeographic question, similar to that of Bothrops insularis (Serpentes), Cycloramphus faustoi Brasileiro, Haddad, Sawaya, & Sazima 2007, Scinax peixotoi Brasileiro, Haddad, Sawaya & Martins 2007, S. faivovichi Brasileiro, Oyamaguchi & Haddad 2007, Proceratophrys tupinamba Prado & Pombal 2008, and possibly Hylodes fredi Canedo & Pombal 2007 (Anura), all endemic to coastal islands either in the State of São Paulo (Marques et al. 2002, Brasileiro et al. 2007a, Brasileiro et al. 2007b), or Rio de Janeiro (Canedo & Pombal 2007, Prado & Pombal 2008). These coastal islands were all formed as a result of fluctuations in sea level, which started about 17,500 y.b.p (Suguio & Martin 1978, Martin et al. 1993), isolating some coastal mountains. Although there are endemic species on the islands, it is uncertain if they originated as a result of this event of insulation or of an older event. It is also puzzling that while on the continent L. fuscus is found in almost all lowland areas in the State of Rio de Janeiro, including coastal areas, it is not present on Marambaia which was once connected to the continent when sea level was lower (Andrade et al. 2003, Roncarati & Menezes 2005). Investigations of different aspects of the natural and evolutionary history of L. marambaiae are necessary so that we may understand this biogeographic conundrum. Others special cases are Rhinella pygmaea and Xenohyla truncata (Izecksohn 1959), which are species apparently restricted to restingas of Rio de Janeiro (Carvalho-e-Silva et al. 2000). Marambaia is the southernmost limit of distribution of both of these species (Carvalho-e-Silva et al. 2000, IUCN, Conservation International, and NatureServe 2006) and because of its relatively good conservation condition, may represent the best option for the maintenance of these species along the coast. If confirmed by the study of additional islands in the area, the relationship between area reduction — with consequent loss of some habitats, and impoverishment of the community —, of this archipelago may shed light on the understanding of the consequences of habitat fragmentation caused by human activities on the mainland and the subsequent loss of anuran species. The relationship between the process of insulation and the conservation of Atlantic Forest anurans seems obvious; selection of areas for conservation of anurans should take into consideration not only the size of the area, but also the diversity of microhabitats used as sites for anurans reproduction it contains. Acknowledgements Our activities on Marambaia are part of a cooperative accord between our University and the military base in the Island. Dr. Roberto de Xerez serves a liaison between the University and the Navy base. We are thankful to him for assigning our field trips with the military base Commander. We are also in debt to the Brahttp://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 172 Silva, H.R. et al. zilian Navy, especially the commanding officer of CADIM (Centro de Adestramento da Ilha da Marambaia) for the logistic support during field work; to the students and colleagues of the Laboratory of Herpetology of the Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro for their help in the field and laboratory. The MCT-CNPq (National Council for Scientific and Technological Development) provided support for this research through the grant process CNPq 471081/04-3. References ANDRADE, A.C.S., D O M I N G U E Z , J . M . 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The specimens are housed in the Herpetological Collection of the Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (RU). The only specimen of Xenohyla truncata from Marambaia is deposited in the herpetological collection housed in the Museu Nacional (MNRJ) Aparasphenodon brunoi RU 0062, RU 0104, RU 0143, RU 0144, RU 3531, RU 4862, RU 4867; Aplastodiscus albofrenatus RU 0078, RU 0159, RU 0253, RU 3502, RU 3758, RU 4297; Chiasmocleis cf. carvalhoi RU 0201, RU 0202, RU 3501, RU 3608, RU 3652, RU 3653, RU 3741, RU 3764, RU 4298, RU 4885, RU 4886, RU 4887, RU 4888, RU 4889, RU 4890, RU 4987, RU 4988, RU 4989, RU 5021, RU 5022, RU 5023, RU 5024, RU 5025, RU 5026, RU 5027, RU 5028, RU 5029; Crossodactylus gaudichaudii RU 0204, RU 0205, RU 0873, RU 1862, RU 1863; Dendrophryniscus brevipollicatus RU 0094, RU 0096; Dendropsophus decipiens RU 1327, RU 4872; Dendropsophus cf. oliveirai RU 0048, RU 0059, RU 0267; Haddadus binotatus RU 0026, RU 0037, RU 0058, RU 0061, RU 0071, RU 0076, RU 0077, RU 0123, RU 0184, RU 0263, RU 0264, RU 0265, RU 0868, RU 0869, RU 0870, RU 0871, RU 1318, RU 1753, RU 2698, RU 3503, RU 3504, RU 3607, RU 3620, RU 3649, RU 3651, RU 3671, RU 3682, RU 3767, RU 3768, RU 3769, RU 3770, RU 3875, RU 3894, RU 4293, RU 4294, RU 4876, RU 4877, RU 4878, RU 4895, RU 4896, RU 5217, RU 5218; Hyalinobatrachium eurygnatum RU 0046; Hylodes cf. phyllodes RU 0095, RU 0206, RU 0207, RU 0208, RU 0209, RU 0210, RU 0211, RU 1750, RU 1751, RU 2454; Hypsiboas albomarginatus RU 0068, RU 0101, RU 0115, RU 0116, RU 0117, RU 0118, RU 0170, RU 0171, RU 0172, RU 0173, RU 0174, RU 0175, RU 0176, RU 0177, RU 0178, RU 0179, RU 0180, RU 0181, RU 0182, RU 0187, RU 0188, RU 0189, RU 0190, RU 0472, RU 1326, RU 1368, RU 3759, RU 4863, RU 4883, RU 5286, RU 5287; Leptodactylus marambaiae RU 0069, RU 0119, RU 0120, RU 0121, RU 0122, RU 3535, RU 3569; Leptodactylus marmoratus RU 0097, RU 0099, RU 0102, RU 0255, RU 0259, RU 0384, RU 0385, RU 5019; Leptodactylus ocellatus RU 0131, RU 0132, RU 0133, RU 0134, RU 0135, RU 0136, RU 0137, RU 0138, RU 0139, RU 0140, RU 0141, RU 0155, RU 0156, RU 0157, RU 0158, RU 0192, RU 0193, RU 0194, RU 0195, RU 0196, RU 0197, RU 0198, RU 0199, RU 0200, RU 0251, RU 0350, RU 0471, RU 1322, RU 3763, RU 3881, RU 4864; http://www.biotaneotropica.org.br Myersiella microps RU 3681, RU 5292; Physalaeumus signifer RU 0033, RU 0050, RU 0098, RU 0383, RU 0872, RU 1323, RU 1861, RU 3876, RU 4884, RU 4897, RU 5020, RU 5216, RU 5289; Rhinella ornata RU 0072, RU, 0081, RU 0100, RU 0145, RU 0160, RU 0161, RU 0162, RU 0163, RU 0164, RU 0165, RU 0166, RU 0167, RU 0168, RU 0169, RU0183, RU 0191, RU 0467, RU 0468, RU 0469, RU 0470, RU 1736, RU 3644, RU 3645, RU 3646, RU 3737, RU 3738, RU 3739, RU 3760, RU 3761, RU 3762, RU 3874, RU 3882, RU 4837, RU 4838, RU 4839, RU 4840, RU 4841, RU 4842, RU 4843, RU 4844, RU 4845, RU 4846, RU 4847, RU 4848, RU 4849, RU 4850, RU 4851, RU 4852, RU 4853, RU 4854, RU 4855, RU 4856, RU 4857, RU 4858, RU 4859, RU 4860, RU 4861, RU 4880, RU 4881, RU 4882, 4891, RU 4892, RU 4893, RU 4894, RU 5030, RU 5212, RU 5213, RU 5214, RU 5215, RU 5267, RU 5268, RU 5269, RU 5270, RU 5271, RU 5272, RU 5273, RU 5274, RU 5275, RU 5276; Rhinella pygmaea RU 0070, RU 0751, RU 0752, RU 1839; Scinax cf. x-signatus RU 0029, RU 0030, RU 0034, RU 0042, RU 0043, RU 0045, RU 0142, RU 0252, RU 0355, RU 2466, RU 3766; Scinax cf. alter RU 0027, RU 0031, RU 0032, RU 0044, RU 0060, RU 0082, RU 0083, RU 0084, RU 0085, RU 0086, RU 0103, RU 0105, RU 0106, RU 0107, RU 0108, RU 0109, RU 0110, RU 0111, RU 0112, RU 0113, RU 0114, RU 0146, RU 0147, RU 0148, RU 0254, RU 0257, RU 0258, RU 0351, RU 0352, RU 0353, RU 0354, RU 0913, RU 1077, RU 1078, RU 1079, RU 1080, RU 1081, RU 1082, RU 1083, RU 1752, RU 3676, RU 3765, RU 4870, RU 4871; Scinax cf. perpusillus RU 0028, RU 0035, RU 1746, RU 1747, RU 1748, RU 1749, RU 1757, RU 1758, RU 1854 (two tadpole); Scinax trapicheiroi RU 0047, RU 0049, RU 0051, RU 0052, RU 0053, RU 0054, RU 0055, RU 0056, RU 0057, RU 0066, RU 0075, RU 0124, RU 0125, RU 0126, RU 0127, RU 0129, RU 0149, RU 0150, RU 0151, RU 0185, RU 0186, RU 0203, RU 0266, RU 1324, RU 1720, RU 1721, RU 1722, RU 1723, RU 1724, RU 1725, RU 3650, RU 4295, RU 4835, RU 4879, RU 5277, RU 5278; Thoropa miliaris RU 0039, RU 0040, RU 0041, RU 0063, RU 0064, RU 0065, RU 0067, RU 0073, RU 0074, RU 0079, RU 0080, RU 0152, RU 0153, RU 0154, RU 0260, RU 0261, RU 0262, RU 1319, RU 1320, RU 1321, RU 1731, RU 1732, RU 1733, RU 1734, RU 1737, RU 1738, RU 1739, RU 1740, RU 1741, RU 1742, RU 1754, RU 1796, RU 1842, RU 3605, RU 3606, RU 3883, RU 3884, RU 3895, RU 4296, RU 4899; Xenohyla truncata MNRJ 20031. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?inventory+bn01808042008 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 175 Revisões Temáticas Estado do conhecimento dos macroturbelários (Platyhelminthes) do Brasil Fernando Carbayo & Eudóxia Maria Froehlich...............................................................................................................177 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Estado do conhecimento dos macroturbelários (Platyhelminthes) do Brasil Fernando Carbayo1,3 & Eudóxia Maria Froehlich2 Escola de Artes, Ciências e Humanidades, Universidade de São Paulo – USP, Av. Arlindo Bettio, 1000, CEP 03828-000, São Paulo, SP, Brasil, e-mail: [email protected] 2 Departamento de Zoologia, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo – USP, Rua do Matão, Trav. 14, 321, Cidade Universitária, CEP 05508-900, São Paulo, SP, Brasil 3 Autor para correspondência: Fernando Carbayo, e-mail: [email protected] 1 CARBAYO, F. & FROEHLICH, E.M. 2008. State of knowledge of the macroturbellarians (Platyhelminthes) from Brazil. Biota Neotrop. 8(4): http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?thematicreview+bn01908042008. Abstract: In the last decades, international efforts have increased, with the aim of acquiring greater knowledge on worldwide biodiversity and to propose adequate conservation policies. Brazil has joined in these efforts, as is shown by recent publications on the state of knowledge of several taxa of organisms. The macroturbellarians (Polycladida and Tricladida, Platyhelminthes) are part of one of the less studied faunal groups, not only in Brazil but also in other regions of the world. In the present study we inventoried the knowledge on the diversity of Brazilian macroturbellarians and make a comparison with that from the rest of the world. We also analyze the accomplishments of Brazilian taxonomists dealing with macroturbellarians, with regard to the world context. Our results show that almost all of the 246 described species are from the South-eastern and Southern regions. The number of species will increase significantly when new samples are undertaken in biomes and regions still little or non-sampled, as well as in already explored areas. Brazil is relatively well provided with specialists in relation to other countries. Nonetheless, in view of the high numbers of estimated diversity, new samples should concur with the academic formation of new taxonomists. Keywords: Turbellaria, Tricladida, Polycladida, biodiversity. CARBAYO, F. & FROEHLICH, E.M. 2008. Estado do conhecimento dos macroturbelários (Platyhelminthes) do Brasil. Biota Neotrop. 8(4): http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?thematicreview+bn01908042008. Resumo: Nas últimas décadas tem crescido o esforço internacional para conhecer a biodiversidade mundial visando a criação de políticas públicas de conservação. O Brasil vem participando deste esforço, como evidenciam as recentes publicações sobre o estado do conhecimento de vários táxons de organismos. Os macroturbelários (Polycladida e Tricladida, Platyhelminthes) fazem parte da fauna mundialmente menos estudada. Neste trabalho inventariamos por regiões a diversidade da fauna brasileira conhecida de macroturbelários e comparamos esta diversidade com a do resto do mundo. Analisamos também a atividade dos taxonomistas brasileiros do grupo no contexto mundial. Os resultados mostram que praticamente a totalidade das 246 espécies nominais descritas procede das regiões Sudeste e Sul. O número de espécies deverá aumentar significativamente quando forem feitas novas coletas, tanto em biomas e regiões ainda pouco ou nada explorados quanto nas áreas já amostradas. O Brasil está, relativamente a outros países, bem provido de especialistas. No entanto, em face da grande diversidade estimada, as amostragens deveriam ocorrer concomitantemente com a formação de novos especialistas. Palavras-chave: Turbellaria, Tricladida, Polycladida, biodiversidade. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?thematic-review+bn01908042008 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 178 Carbayo, F. & Froehlich, E.M. Introdução Os macroturbelários são os Platyhelminthes de vida livre de maiores dimensões, o que significa, no âmbito de “Turbellaria” (grupo parafilético, cf. Ehlers 1985), animais com mais de um milímetro de comprimento do corpo, embora o tamanho mais freqüente seja de 1-10 cm. Há dois grupos taxonômicos com estas características, as subordens Polycladida e Tricladida. Neste trabalho trataremos da subordem Polycladida como um todo e da subordem Tricladida considerando separadamente cada uma das suas quatro infraordens, i.e., Maricola, Cavernicola, Paludicola e Terricola. Com exceção de “Paludicola”, grupo parafilético (Carranza et al. 1998), os outros quatro grupos são considerados monofiléticos. Polycladida são turbelários que se caracterizam por apresentar ovos endolécitos e um ramo intestinal principal do qual se irradiam numerosos ramos (Hyman 1951). São exclusivamente marinhos (Prudhoe 1985). Tricladida possuem ovos ectolécitos, intestino dividido em três ramos principais (Hyman 1951) e habitam ambientes aquáticos, límnicos ou marinhos, e ambientes terrestres. As quatro infraordens são classificadas de acordo com esses ambientes: Maricola, eminentemente em águas marinhas costeiras, com poucas espécies em água doce ou estuarinas (Sluys 1989); Cavernicola, em água doce de ambientes abertos ou de cavernas e no lençol freático (Sluys 1990); Paludicola, tipicamente de ambientes abertos de água doce, e Terricola, no meio terrestre úmido Na recente avaliação do estado do conhecimento da biodiversidade brasileira (Lewinsohn 2006) para a elaboração de políticas futuras de manejo e conservação da biodiversidade, os turbelários, como os outros grupos, não foram tratados exaustivamente. No presente trabalho o nosso objetivo é complementar essa avaliação com informações mais completas sobre a diversidade dos macroturbelários. Material e Métodos Resultados e Discussão 1. Publicações Encontramos um total de 186 publicações sobre macroturbelários brasileiros, sendo 91 sobre diversidade, 66 sobre biologia e morfologia, 25 sobre biologia aplicada e técnicas, e 4 sobre o estado do conhecimento (Tabela 1). Estes quatro últimos trabalhos são sinópticos ou dedicados apenas às espécies do estado de São Paulo. 2. Riqueza de espécies e endemismos de gêneros Existem 246 espécies (Tabela 2) (10,7% do total mundial) e 64 gêneros (20,6% do total mundial) de macroturbelários. Dezoito gêneros (5,8% do total mundial) são endêmicos do Brasil (Tabela 3). 3. Estado taxonômico das espécies No Brasil, o grupo mais rico em espécies conhecidas, Terricola, tem 24 espécies (15%) com posição taxonômica duvidosa, pendente de reexame do material-tipo e/ou do estudo de exemplares adicionais. Todas estas espécies estão abrigadas no gênero coletivo Pseudogeoplana Ogren & Kawakatsu 1990, criado justamente para espécies com dúvida. Algumas podem se revelar como sinônimos, outras como novas espécies, como já tem acontecido, especialmente, com as espécies de Graff (1899). Não identificamos problemas de identificação nos outros táxons, com exceção de um gênero monotípico de Maricola, Tiddles Marcus 1963, considerado incertae sedis (Sluys 1989). 4. Áreas amostradas Conhecem-se macroturbelários de 13 estados brasileiros, abrangendo 121 municípios, os quais representam 2,2% dos 5.560 municípios do país (IBGE 2001) (Figura 1). As regiões Sul e Sudeste incluem 88,4% dos municípios amostrados e 95,8% do total de registros (Tabela 4). Dos doze municípios litorâneos, dez são da região Sudeste (ES, RJ e SP) e dois da região Sul (PR). Fizemos duas buscas bibliográficas. Na primeira, sobre a fauna brasileira, consultamos livros e trabalhos completos publicados em periódicos científicos: a) diretamente em nossos acervos bibliográficos; e b) nas bases de dados Biological Abstracts e Zoological Record (Thomson Reuters) (agosto 2008) com as palavras-chave Brazil e Turbellaria, e/ou Polycladida, e/ou Tricladida. Classificamos os trabalhos da primeira busca em 4 categorias: diversidade (descrições de espécies, sistemática, listas de espécies, chaves de identificação, faunística, filogenia, biogeografia); biologia e morfologia (ecologia, reprodução, regeneração, desenvolvimento, morfologia funcional, ultraestrutura, citogenética); biologia aplicada e técnicas (toxicidade, espécies bioindicadoras, técnicas de estudo) e estado do conhecimento. Usamos o termo registro para indicar a citação de uma espécie num município. Com auxílio da ferramenta de georreferenciamento Quantum GIS v.0.11.0 (http://www.qgis.org), criamos um mapa com indicação de todos os municípios em que há registro de macroturbelários, adotando para todos os municípios as coordenadas geográficas do IBGE disponíveis em http://splink.cria. org.br/geoloc. Não contabilizamos espécies não formalmente descritas. Para comparar a atividade dos sistematas de macroturbelários do Brasil com a dos especialistas de outros países, fizemos uma segunda busca dos trabalhos publicados nos últimos cinco anos, nas mesmas bases de dados (Biological Abstracts e Zoological Record, agosto 2008), com os termos Tricladida and Taxonomy, e Polycladida and Taxonomy. Dos trabalhos encontrados selecionamos aqueles em que novos táxons são descritos. Seguimos a classificação taxonômica de Tyler et al. (2006) para os “Turbellaria”, e de Prudhoe (1985) para os Polycladida. Estimativas sobre a riqueza de macroturbelários brasileiros não existem. Polycladida. As 66 espécies deste grupo descritas –conhecidas de apenas 12 localidades (Figura 1) – devem representar uma pequena fração da riqueza real do grupo em face do relativamente pequeno esforço amostral. Até hoje, praticamente, só dois pesquisadores trabalharam com o grupo no Brasil, Ernst Marcus e Eveline du-Bois Reymond Marcus. Embora tivessem descrito mais de 60 espécies, novas para o Brasil ou novas para a ciência, as amostras foram basicamente manuais, em águas rasas e numa extensão de apenas 350 km da costa brasileira (du Bois-Reymond Marcus & Marcus 1968), abrangendo somente uma das duas regiões biogeográficas oceânicas brasileiras (Spalding et al. 2007). Não foram ainda amostrados os ca. 3.000 km da costa brasileira de recifes, desde o Maranhão até o sul da Bahia (Maida & Ferreira 1997), ecossistemas aos quais se atribui grande diversidade de Polycladida (Prudhoe 1985). Tricladida, Maricola. No Brasil, as mesmas limitações das amostragens de Polycladida aplicam-se a este outro grupo marinho. No mundo, a distribuição geográfica das espécies do grupo é muito pouco conhecida. Sluys & Kawakatsu (2005) identificaram várias áreas no planeta com riqueza de espécies relativamente alta, indicando o extremo sul da América do Sul como a de maior riqueza de espécies, e a costa do estado de São Paulo como a de maior número de endemismos. Esta última é praticamente a única região amostrada, no que diz respeito aos Maricola, de toda a costa brasileira. Considerando a http://www.biotaneotropica.org.br http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?thematic-review+bn01908042008 5. Estimativas de riqueza 179 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Macroturbellarians do Brazil Tabela 1. Publicações, em ordem alfabética de autor, sobre macroturbelários brasileiros, com indicação do assunto e do táxon principais abordados. div: diversidade; bio: biologia e morfologia; tec: biologia aplicada e técnicas; con: estado do conhecimento. Table 1. Publications, alphabetically ordered by author, dealing with Brazilian macroturbellarians. For each publication, the main subject and taxon is also indicated. div: diversity; bio: biology and morphology; tec: applied biology and technics; con: state of knowledge. Referência Assunto Almeida et al. (1988) Almeida et al. (1991) Alvarez & Almeida (1999) Alvarez & Almeida (2002) Alvarez & Almeida (2007) Anônimo (1987) Antunes et al. (2008) Ball (1969) Ball (1971) Baptista & Leal-Zanchet (2005) Baptista et al. (2006) Barros et al. (2006) Bell (1900) Benya et al. (2007) Blainville (1826) Böhmig (1887) Borelli (1898) Bueno-Silva & Fischer (2005a) bio bio bio bio bio div div div div div div tec div bio div div div bio Táxon principal Terricola Terricola Terricola Terricola Terricola Maricola Terricola Paludicola Paludicola Terricola Terricola Paludicola Terricola Paludicola Terricola Paludicola Paludicola Paludicola Bueno-Silva & Fischer (2005b) tec Paludicola Bueno-Silva & Fischer (2007) bio Paludicola Campos-Velho et al., 2004) Carbayo (2005) Carbayo (2006) Carbayo & Leal-Zanchet (2001) Carbayo et al. (2001) Carbayo et al. (2002) Carbayo & Leal-Zanchet (2003) Carbayo et al. (2008) Carlé (1935) bio tec div div tec tec div bio bio Paludicola Terricola Terricola Terricola Terricola Terricola Terricola Terricola Terricola Carvalho et al. (1975) Carvalho et al. (1984a) Carvalho et al. (1984b) Castro & Leal-Zanchet (2005) tec bio bio div Terricola Terricola Terricola Terricola Corrêa (1947) div Terricola Corrêa (1949) Corrêa (1958) Corrêa (1964) Darwin (1844) Diesing (1861) du Bois-Reymond Marcus (1951a) div div con div div bio Polycladida Polycladida Maricola Terricola Terricola Turbellaria du Bois-Reymond Marcus (1951b) div Terricola du Bois-Reymond Marcus (1955a) du Bois-Reymond Marcus (1955b) div div Polycladida Maricola, Terricola http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?thematic-review+bn01908042008 Tabela 1. Continuação... Referência Assunto du Bois-Reymond Marcus (1957) div Táxon principal Polycladida du Bois-Reymond Marcus (1958) du Bois-Reymond Marcus (1965) du Bois-Reymond Marcus & Marcus (1968) Falleni et al. (2006) Faubel (1983) Faubel (1984) Fernandes et al. (2003) Férussac (1821) Fick et al. (2006) Fiorentin & Friedrich (1985) Forneris (1999) Froehlich (1955a) Froehlich (1955b) Froehlich (1955c) Froehlich (1956a) Froehlich (1956b) Froehlich (1958) Froehlich (1959) Froehlich (1964) Froehlich (1966) Froehlich (1967) E.M. Froehlich (1955a) E.M. Froehlich (1955b) E.M. Froehlich (1985) E.M. Froehlich & Froehlich (1972) E.M. Froehlich & Leal-Zanchet (2003) Goeldi (1894) Graff (1896) Graff (1899) Guecheva et al. (2001) Guecheva et al. (2003) Guimarães & Hirano (1971) Guimarães & Hirano (1973) Guimarães et al. (1975) Hauser (1959a) Hauser (1959b) Hauser (1979) Hauser (1985) Hauser (1987) Hauser et al. (1979a) Hauser et al. (1979b) Hauser et al. (1979c) Hauser et al. (1980) Hauser & Friedrich (1982) Hauser & Heller (1983) Hauser & Santos (1985a) Hauser & Santos (1985b) Hauser & Santos (1985c) Heller (1985a) div div div Polycladida Polycladida Polycladida bio div div bio div div bio con div div bio div div div div con bio div div div tec div div div div div tec tec bio bio bio bio bio bio bio bio tec bio bio bio bio bio bio bio bio bio Terricola Polycladida Polycladida Terricola Terricola Terricola Paludicola Turbellaria Terricola Terricola Terricola Terricola Terricola Terricola Terricola Paludicola Terricola Terricola Terricola Terricola Terricola Terricola Terricola Terricola Terricola Terricola Paludicola Paludicola Paludicola Paludicola Paludicola Terricola Terricola Paludicola Paludicola Paludicola Paludicola Paludicola Paludicola Paludicola Paludicola Paludicola Paludicola Paludicola Paludicola Paludicola http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 180 Carbayo, F. & Froehlich, E.M. Tabela 1. Continuação... Referência Tabela 1. Continuação... Assunto Heller (1985b) Hensel (1980) Hyman (1955) bio bio div Jung et al. (1981) Kawakatsu (1989) Kawakatsu et al. (1976) Kawakatsu et al. (1980) Kawakatsu et al. (1981) Kawakatsu et al. (1982) Kawakatsu et al. (1983a) Kawakatsu et al. (1983b) Kawakatsu et al. (1984) Kawakatsu et al. (1985) Kawakatsu et al. (1986) Kawakatsu & E.M. Froehlich (1992) Kawakatsu et al. (1992) Kenk (1974) Knakievicz & Bunselmeyer (2008) Knakievicz et al. (2006) Knakievicz et al. (2007) Lacerda et al. (2005) Lau et al. (2007) Leal-Zanchet & Hauser (1999) Leal-Zanchet & Carbayo (2000) Leal-Zanchet & Carbayo (2001) Leal-Zanchet & E.M. Froehlich (2001) Leal-Zanchet & E.M. Froehlich (2006) Leal-Zanchet & Souza (2003) Leal-Zanchet & Baptista (2008) Leuck & Luz (1980) Lima (1981) Lima (1982) Lima (1984) Marcus (1946) Marcus (1947) bio div div div div div div div div div div div div div tec bio div tec tec bio div div div div div div bio tec tec tec div div Marcus (1948) div Marcus (1949) Marcus (1950) Marcus (1951) Marcus (1952) div div div div Marcus (1954) Marcus (1963) Martins (1970) Melo et al. (1995) div div div tec http://www.biotaneotropica.org.br Táxon principal Paludicola Paludicola Polycladida, Maricola, Terricola Paludicola Paludicola Paludicola Paludicola Paludicola Paludicola Paludicola Paludicola Paludicola Paludicola Paludicola Cavernicola Paludicola Paludicola Paludicola Paludicola Paludicola Paludicola Paludicola Paludicola Terricola Terricola Terricola Terricola Terricola Terricola Paludicola Paludicola Paludicola Paludicola Paludicola Polycladida, Maricola Maricola, Paludicola, Polycladida Polycladida Polycladida Terricola Polycladida, Terricola Polycladida Maricola Paludicola Paludicola Referência Melo & Andrade (2001) Moseley (1877) Ogren & Kawakatsu (1990) Ogren et al. (1997) Ogren & Kawakatsu (1998) Palma (1984) Pereira (1970) Prá et al. (2005) Preza & Smith (2001) Prudhoe (1985) Riester (1938) Rodrigues & E.M. Froehlich (1998) Santos & Hauser (1984) Sawaya & Ungareti (1948) Schirch (1929) Schultze & Müller (1857) Schultze (1857) Seitenfus & Leal-Zanchet (2004) Silva et al. (1997) Silveira (1969) Silveira (1970) Silveira (1973) Silveira (1974) Silveira (1998) Silveira & Corinna (1976) Sluys (1989) Sluys (1990) Sluys (1996) Sluys (1999) Sluys & Kawakatsu (2005) Sluys et al. (1997) Sluys et al. (2005) Smith (1960) Souza (1954) Souza & Hauser (1984) Souza & Leal-Zanchet (2002) Souza & Leal-Zanchet (2004) Souza et al. (2005) Steigleder & Hauser (1984) Valer (2001) Vara et al. (2001) Vara & Leal-Zanchet (2008) Veyl et al. (2002) Wiilland et al. (1998) Wiilland et al. (2004) Wirth & Heller (1985a) Wirth & Heller (1985b) Wirth & Heller (1985c) Wirth & Heller (1985d) Assunto tec div div div div bio tec tec tec div div con bio bio div div div tec tec bio bio bio bio bio bio div div div tec div div div div bio bio bio bio bio bio bio tec bio bio bio bio bio bio bio bio Táxon principal Paludicola Terricola Terricola Terricola Terricola Paludicola Tricladida Paludicola Paludicola Polycladida Terricola Turbellaria Paludicola Paludicola Terricola Terricola Terricola Terricola Paludicola Paludicola Paludicola Paludicola Paludicola Terricola Terricola Maricola Cavernicola Paludicola Terricola Maricola Paludicola Paludicola Polycladida Paludicola Paludicola Paludicola Terricola Paludicola Paludicola Paludicola Paludicola Paludicola Paludicola Paludicola Paludicola Paludicola Paludicola Paludicola Paludicola http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?thematic-review+bn01908042008 181 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Macroturbellarians do Brazil Tabela 2. Espécies de macroturbelários (Polycladida e Tricladida) e município de ocorrência no Brasil. Os nomes dos municípios foram atualizados. Com o asterisco * foram marcadas localidades não representadas na Figura 1. Table 2. Macroturbellarian species (Polycladida and Tricladida) and municipalities from where each species is known. The names of the municipalities are the presently used. The asterisk * indicates sites not plotted on the Figure 1. Ordem Polycladida Polycladida Polycladida Polycladida Polycladida Polycladida Polycladida Polycladida Polycladida Polycladida Polycladida Polycladida Polycladida Polycladida Espécie Acerotisa bituna Marcus 1947 Acerotisa leuca Marcus 1947 Adenoplana evelinae Marcus 1950 Alleena callizona Marcus 1947 Alloioplana aulica (Marcus 1947) Armatoplana leptalea (Marcus 1947) Callioplana evelinae Marcus 1954 Candimba divae Marcus 1949 Cestoplana salar Marcus 1949 Cestoplana techa du-Bois-Reymond Marcus 1957 Chromyella saga Corrêa 1958 Comoplana angusta (Verrill 1893) Cryptocelis lilianae (du Bois-Reymond Marcus 1958) Cycloporus gabriellae Marcus 1950 Polycladida Polycladida Polycladida Polycladida Polycladida Polycladida Polycladida Polycladida Polycladida Polycladida Polycladida Polycladida Polycladida Distylochus isifer (du Bois Reymond Marcus 1955) Distylochus martae (Marcus 1947) Duplominona tridens (Marcus 1954) Enchiridium evelinae Marcus 1949 Euplana hymanae Marcus 1947 Euprosthiostomum mortensenii Marcus 1948 Eurylepta neptis Du-Bois Reymond Marcus 1955 Eurylepta piscatoria (Marcus 1947) Eurylepta turma Marcus 1952 Hoploplana divae Marcus 1950 Hoploplana usaguia Smith 1960 Interplana evelinae (Marcus 1952) Itannia ornata Marcus 1947 Polycladida Polycladida Polycladida Polycladida Polycladida Polycladida Polycladida Polycladida Polycladida Polycladida Polycladida Polycladida Polycladida Polycladida Polycladida Polycladida Polycladida Polycladida Polycladida Latocestus brasiliensis Hyman 1955 Lurymare gabriellae (Marcus 1949) Lurymare matarazzoi (Marcus 1950) Lurymare utarum (Marcus 1952) Nonatona euscopa Marcus 1952 Notocomplana evelinae (Marcus 1947) Notocomplana syntoma (Marcus 1947) Notoplana divae Marcus 1948 Notoplana martae Marcus 1948 Notoplana megala Marcus 1952 Notoplana micheli Marcus 1949 Notoplana plecta Marcus 1947 Notoplana sawayai Marcus 1947 Notoplana syntoma Marcus 1948 Parviplana lynca (du-Bois Reymond Marcus 1958) Pentaplana divae Marcus 1949 Phaenocelis medvenica Marcus 1952 Phaenocelis medvenica Marcus 1952 Prolatocestus ocellatus (Marcus 1947) http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?thematic-review+bn01908042008 Município/Estado Guarujá/SP (Marcus 1947) Guarujá/SP (Marcus 1947) Ilhabela/SP (Marcus 1950) Guarujá/SP (Marcus 1947) Guarujá/SP (Marcus 1947) Guarujá/SP (Marcus 1947) Ilhabela/SP (Marcus 1954) Guarujá/SP (Marcus 1949) Guarujá/SP (Marcus 1949) Ilhabela/SP (Bois-Reymond Marcus 1957) Cabo Frio/RJ (Corrêa 1958) Guarujá/SP, São Vicente/SP (Marcus 1947) Ubatuba/SP (du Bois-Reymond Marcus 1958) Ilhabela/SP (Marcus 1950) Ubatuba/SP (Marcus 1952) Cananéia/SP (du Bois Reymond Marcus 1955b) Guarujá/SP (Marcus 1947) Ilhabela/SP (Marcus 1954) Guarujá/SP, Ilhabela/SP (Marcus 1949) Guarujá/SP (Marcus 1947) Santos/SP, São Vicente/SP (Marcus 1948) Ilhabela/SP (du Bois-Reymond-Marcus 1955b) Guarujá/SP (Marcus 1947) Ilhabela/SP, Ubatuba/SP (Marcus 1952) Ilhabela/SP (Marcus 1950) Ubatuba/SP (Smith 1960) Guarujá/SP, Itanhaém/SP (Marcus 1952) Guarujá/SP (Marcus 1947) Ilhabela/SP, Ubatuba/SP (Marcus 1952) São Francisco*/? (Hyman 1955) Ilhabela/SP (Marcus 1949) Ilhabela/SP (Marcus 1950) Ilhabela/SP (Marcus 1952) Matinhos/PR (Marcus 1952) Guarujá/SP (Marcus 1947) São Vicente/SP (Marcus 1947) Matinhos/PR, Santos/SP (Marcus 1948) Guarujá/SP, Santos/SP (Marcus 1948) Ilhabela/SP, Ubatuba/SP (Marcus 1952) Itapemirim (Marcus 1949) Guarujá/SP (Marcus 1947) Guarujá/SP (Marcus 1947) São Vicente/SP (Marcus 1948) Cananéia/SP (du-Bois Reymond Marcus 1958) São Vicente/SP (Marcus 1949) Ilhabela/SP (Marcus 1952) Ilhabela/SP (Marcus 1952) Guarujá/SP (Marcus 1947) http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 182 Carbayo, F. & Froehlich, E.M. Tabela 2. Continuação... Ordem Espécie Município/Estado Polycladida Prosthiostomum cynarium Marcus 1950 Ilhabela/SP (Marcus 1950) Polycladida Prosthiostomum gilvum Marcus 1950 Ilhabela/SP (Marcus 1950) Polycladida Pseudobiceros evelinae (Marcus 1950) Santos/SP (Marcus 1950) Polycladida Pseudoceros chloreus Marcus 1949 Ilhabela/SP (Marcus 1949) Polycladida Pseudoceros hispidus du-Bois Reymond Marcus 1955 Ilhabela/SP (du Bois-Reymond-Marcus 1955b) Polycladida Pseudoceros mopsus Marcus 1952 Ilhabela/SP (Marcus 1952) Polycladida Stylochoplana divae Marcus 1947 Guarujá/SP (Marcus 1947) Polycladida Stylochoplana leptalea Marcus 1947 Caravelas/BA (Marcus 1968) Guarujá/SP (Marcus 1947) Polycladida Stylochoplana selenopsis Marcus 1947 São Vicente/SP (Marcus 1947) Polycladida Stylochoplana walsergia du Bois-Reymond Marcus & Caravelas/BA (du Bois-Reymond Marcus & Marcus 1968) Marcus 1968 Polycladida Stylochus catus du-Bois Reymond Marcus 1958 Ubatuba/SP, Ilhabela/SP (du Bois-Reymond Marcus 1958) Polycladida Stylochus refertus du-Bois Reymond Marcus 1965 São Vicente/SP (du-Bois Reymond Marcus 1965) Polycladida Stylochus ticus Marcus 1952 Ilhabela/SP Ubatuba/SP (Marcus 1952) Polycladida Theama evelinae Marcus 1949 Ilhabela/SP (Marcus 1949) Polycladida Thysanozoon brochii (Risso 1818) Ilhabela/SP (Marcus 1949) Polycladida Triadomma curvum Marcus 1949 Ilhabela/SP (Marcus 1949) Polycladida Triadomma evelinae Marcus 1947 Guarujá/SP (Marcus 1947) Polycladida Zygantroplana henriettae Corrêa 1949 Ilhabela/SP Matinhos/PR Itapemirim/ES (Corrêa 1949) Polycladida Zygantroplana plesia Corrêa 1949 Antonina/PR (Corrêa 1949) Polycladida Acerotisa bituna Marcus 1947 Guarujá/SP (Marcus 1947) Maricola (Tricladida) Dinizia divae Marcus 1947 Guarujá/SP (Marcus 1947) Maricola (Tricladida) Leucolesma corderoi Marcus 1948 Guarujá/SP, Santos/SP (Marcus 1948) Maricola (Tricladida) Nerpa evelinae Marcus 1948 Guarujá/SP, São Vicente/SP (Marcus 1948) Maricola (Tricladida) Procerodes dahli Marcus & Marcus 1959 Haicabe*/? (Sluys 1989) Maricola (Tricladida) Puiteca camica du Bois-Reymond-Marcus 1955 Ubatuba/SP (du Bois-Reymond-Marcus 1955b) Maricola (Tricladida) Tiddles evelinae Marcus 1963 Cananéia/SP (Marcus 1948) Maricola (Tricladida) Vatapa gabriellae Marcus 1948 Guarujá/SP (Marcus 1948) Cavernicola (Tricladida) Rhodax evelinae Marcus 1946 São Paulo/SP (Marcus 1946) Paludicola (Tricladida) Bopsula evelinae Marcus 1946 Campos do Jordão/SP (Marcus 1946) Paludicola (Tricladida) Giradia biapertura Sluys 1987 São Sebastião do Caí/RS (Sluys et al. 1997) Paludicola (Tricladida) Girardia anderlani (Kawakatsu & Hauser 1983) São Francisco de Paula/RS (Knakievicz et al. 2007) Caçapava do Sul/RS (Knakievicz et al. 2007) Dois Irmãos/RS (Kawakatsu et al. 1976) Encruzilhada do Sul/RS (Kawakatsu et al. 1986) Erechim/RS (Knakievicz et al. 2007) Flores da Cunha/RS (Knakievicz et al. 2007) Salvador do Sul/RS (Knakievicz et al. 2007) Santa Maria/RS (Knakievicz et al. 2007) São Leopoldo/RS (Kawakatsu et al. 1983a) Severiano de Almeida/RS (Knakievicz et al. 2007) Uruguaiana/RS (Knakievicz et al. 2007) Viamão/RS (Knakievicz et al. 2007) Pelotas/RS (Kawakatsu et al. 1986) Paludicola (Tricladida) Girardia arndti Marcus 1946 Campos de Jordão/RJ (Marcus 1946) Morro Reuter/RS (Kawakatsu et al. 1986) http://www.biotaneotropica.org.br http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?thematic-review+bn01908042008 183 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Macroturbellarians do Brazil Tabela 2. Continuação... Ordem Espécie Município/Estado Paludicola (Tricladida) Girardia chilla (Marcus 1954) Salesópolis/SP (Sluys 1996) Paludicola (Tricladida) Girardia festae (Borelli 1898) Urucum*/MT (Borelli 1898) Paludicola (Tricladida) Girardia hypoglauca (Marcus 1948) São Paulo/SP (Marcus 1948) Paludicola (Tricladida) Girardia nonatoi (Marcus 1946) São Paulo/SP (Marcus 1946) Paludicola (Tricladida) Girardia paramensis (Fuhrman 1914) Medicilândia/PA, Altamira/PA (Kawakatsu & E.M. Froehlich 1992) Paludicola (Tricladida) Girardia schubarti (Marcus 1946) Botucatu/SP (Kawakatsu et al. 1983) Campos do Jordão/SP (Marcus 1946) Monte Alegre/SP (Marcus 1946) São Carlos/SP (Kawakatsu et al. 1982) Salesópolis/SP (Kawakatsu et al. 1976) São Paulo/SP (Marcus 1946) Nova Petrópolis/RS (Kawakatsu et al. 1980) Caxias do Sul/RS (Kawakatsu et al. 1980) Dois Irmãos/RS (Hensel 1980) Morro Reuter/RS (Kawakatsu et al. 1980) Erechim/RS (Knakievicz et al. 2007) Flores da Cunha/RS (Knakievicz et al. 2007) Harmonia/RS (Kawakatsu et al. 1980) Jacutinga/RS (Knakievicz et al. 2007) Júlio de Castilhos/RS (Kawakatsu et al. 1980) Montenegro/RS (Hensel 1980) Morro Reuter/RS (Kawakatsu et al. 1980) Novo Hamburgo/RS (Kawakatsu et al. 1980) Picada Café/RS (Kawakatsu et al. 1980) Santa Maria/RS (Knakievicz et al. 2007) Santo Ângelo/RS (Knakievicz et al. 2007) São Francisco de Paula/RS (Kawakatsu et al. 1986) São José dos Ausentes/RS (Knakievicz et al. 2007) São Leopoldo/RS (Kawakatsu et al. 1976) Sapiranga/RS (Hensel 1980) Severiano de Almeida/RS (Knakievicz et al. 2007) Uruguaiana/RS (Knakievicz et al. 2007) Pelotas/RS (Kawakatsu et al. 1986) Paludicola (Tricladida) Girardia tigrina (Girard 1850) Salvador/BA (Preza & Smith 2001) São Carlos/SP (Kawakatsu et al. 1982) Botucatu/SP (Kawakatsu et al. 1983b) São Paulo/SP (Marcus 1946) Arambaré/RS (Knakievicz et al. 2007) Arroio do Meio/RS (Kawakatsu et al. 1992) Salvador do Sul/RS (Kawakatsu et al. 1992) Glorinha/RS (Knakievicz et al. 2007) Porto Alegre/RS (Marcus 1946) São Francisco de Paula/RS (Kawakatsu et al. 1986) São Leopoldo/RS (Kawakatsu et al. 1980) Pelotas/RS (Kawakatsu et al. 1986) Paludicola (Tricladida) Girardia ururiograndeana (Kawakatsu, Hause & Ponce Arroio do Meio/RS Arroio Grande/RS (Kawakatsu et al. 1992) de Leon 1992) Terricola (Tricladida) Amaga righii (E.M. Froehlich 1972) Serra do Navio/AP (E.M. Froehlich & Froehlich 1972) Terricola (Tricladida) Bipalium kewense Moseley 1878 exótica e cosmopolita Terricola (Tricladida) Cephaloflexa araucariana Carbayo & Leal-Zanchet São Francisco de Paula/RS (Carbayo & Leal-Zanchet 2003) 2003 http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?thematic-review+bn01908042008 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 184 Carbayo, F. & Froehlich, E.M. Tabela 2. Continuação... Ordem Terricola (Tricladida) Espécie Cephaloflexa bergi (Graff 1899) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Choeradoplana bilix Marcus 1951 Choeradoplana catua Froehlich 1955 Choeradoplana ehrenreichi Graff 1899 Choeradoplana iheringi Graff 1899 Terricola (Tricladida) Choeradoplana langi (Graff 1894) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Choeradoplana marthae Froehlich 1955 Diporodemus hymanae Froehlich 1972 Dolichoplana carvalhoi Corrêa 1947 Endeavouria septemlineata (Hyman 1939) Terricola (Tricladida) Enterosyringa pseudorhynchodemus (Riester 1938) Terricola (Tricladida) Geobia subterranea Schultze & Müller 1857 Terricola (Tricladida) Geoplana (Barreirana) barreirana Riester 1938 Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Geoplana (Barreirana) cafusa Froehlich 1956 Geoplana (Barreirana) cassula E.M. Froehlich 1955 Geoplana (Barreirana) elegans (Darwin 1844) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Geoplana (Barreirana) zebroides Riester 1938 Geoplana (Geoplana) apeva Froehlich 1959 Geoplana (Geoplana) applanata Graff 1899 Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Geoplana (Geoplana) argus Graff 1899 Geoplana (Geoplana) arpi Schirch 1929 http://www.biotaneotropica.org.br Município/Estado Teresópolis/RJ (Schirch 1929) Ubatuba/SP (Froehlich 1956a) São Paulo/SP (Graff 1899) Santo André/SP (Marcus 1951) Mongaguá/SP (Marcus 1951) Santos/SP (Marcus 1951) Curitiba/PR (Froehlich 1956b) Paranaguá/PR (Froehlich 1956b) Morretes/PR (Froehlich 1956b) Blumenau/SC (Froehlich 1956b) Cambará do Sul/RS (Fick et al. 2006) Angra dos Reis/RJ (Marcus 1951) Teresópolis/RJ (Froehlich 1955a) Joinville/SC (Graff 1899) Nova Lima/MG (Riester 1938) Teresópolis/RJ (Graff 1899) Salesópolis/SP (Souza & Leal-Zanchet 2003) Ribeirão Pires/SP (Riester 1938) Cambará do Sul/RS (Fick et al. 2006) São Paulo/SP (Riester 1938) São Francisco de Paula/RS (Souza & Leal-Zanchet 2003) Taquara/RS (Graff 1899)São Leopoldo/RS (Froehlich 1959) Blumenau/SC (Graff 1899) Brusque/SC (Marcus 1951) Mongaguá/ SP (Froehlich 1955a) Serra do Navio/AP (Froehlich & Froehlich 1972) exótica e cosmopolita exótica São Paulo/SP, Campo Grande/MS, Florianópolis/SC, Maquiné/RS, São Lourenço do Sul/RS (Carbayo et al. 2008) Teresópolis/RJ (Riester 1938) São Paulo/SP (Marcus 1951) Blumenau/SC (Froehlich 1959) Teresópolis/RJ (Riester 1938) Mogi das Cruzes/SP (Marcus 1951) São Paulo/SP (Marcus 1951) Avaré/SP (Marcus 1951) Blumenau/SC (Schultze & Müller 1857) Teresópolis/RJ (Riester 1938) Rio de Janeiro/RJ (Froehlich 1956a) Ubatuba/SP (Froehlich 1956a) Ubatuba/SP (Froehlich 1956a) Teresópolis/RJ (E.M. Froehlich 1955a) Rio de Janeiro/RJ (Darwin 1844) Teresópolis/RJ (Riester 1938) Brusque/SC, Blumenau/SC (Froehlich 1959) Nova Lima/MG (Riester 1938) Santo Antônio de Pádua/RJ (Graff 1899) Teresópolis/RJ (Riester 1938) Nova Friburgo/RJ (Graff 1899) Maylasky/RJ (Schirch 1929) http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?thematic-review+bn01908042008 185 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Macroturbellarians do Brazil Tabela 2. Continuação... Ordem Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Espécie Geoplana (Geoplana) assu Froehlich 1959 Geoplana (Geoplana) beckeri Froehlich 1959 Geoplana (Geoplana) blaseri Schirch 1929 Geoplana (Geoplana) braunsi Graff 1899 Município/Estado Blumenau/SC, Pomerode/SC (Froehlich 1959) Salvador/BA (Froehlich 1959) RJ*, ES* (Schirch 1929) Amparo/SP (Froehlich 1958) Santos/SP (Graff 1899) Mogi das Cruzes/SP (Marcus 1951) Teresópolis/RJ (Schirch 1929) Geoplana (Geoplana) bresslaui Schirch 1929 Geoplana (Geoplana) burmeisteri Schultze & Müller Teresópolis/RJ (Schirch 1929) Rio de Janeiro/RJ (Schultze & Müller 1857) 1857 Ubatuba/SP (Froehlich 1956a) São Paulo/SP (Marcus 1951) Matinhos/PR (Froehlich 1956b) Blumenau/SC (Froehlich 1956b) Itajaí/SC (Froehlich 1956b) Brusque/SC (Froehlich 1956b) Apiaí/SP (Froehlich 1958) Geoplana (Geoplana) caapora Froehlich 1958 Ribeirão Pires/SP (Riester 1938) Geoplana (Geoplana) carinata Riester 1938 Juquiá/SP (Froehlich 1958) São Paulo/SP (Marcus 1951) Santos/SP (Marcus 1951) Mongaguá/SP (Marcus 1951) Pirassununga/SP (Froehlich 1958) Mogi das Cruzes/SP (Marcus 1951) Curitiba/PR (Froehlich 1956b) Morretes/PR (Froehlich 1956b) São Paulo/SP (Marcus 1951) Geoplana (Geoplana) carrierei Graff 1897 Santo André/SP (Marcus 1951) São Leopoldo/RS (Froehlich 1959) São Bento do Sul/SC (Hyman 1955) Geoplana (Geoplana) catharina Hyman 1957 Eldorado/SP (Froehlich 1956b) Geoplana (Geoplana) chita Froehlich 1956 Curitiba/PR (Froehlich 1956b) Pirassununga/SP (E.M. Froehlich 1955a) Geoplana (Geoplana) chiuna E.M. Froehlich 1955 São Paulo/SP (E.M. Froehlich 1955a) Geoplana (Geoplana) crioula E.M. Froehlich 1955 Araras*/MG (Riester 1938) Geoplana (Geoplana) dictyonota Riester 1938 Alto da Serra/SP (Marcus 1951) Geoplana (Geoplana) divae Marcus 1951 Vila Atlântica/SP (Marcus 1951) Geoplana (Geoplana) eudoxiae Ogren & Kawakatsu Teresópolis/RJ (Riester 1938) 1990 Geoplana (Geoplana) eudoximariae Ogren & Kawakatsu Teresópolis/RJ (Riester 1938) 1990 Mongaguá/SP (Marcus 1951) Geoplana (Geoplana) evelinae Marcus 1951 Santo André/SP (Marcus 1951) Nova Lima/MG (Riester 1938) Geoplana (Geoplana) ferussaci Graff 1899 Araras/MG (Riester 1938) Perto de Rio de Janeiro*/RJ Teresópolis/RJ (Schirch 1929) Ubatuba/SP (Froehlich 1956a) São Paulo/SP (Marcus 1951) Mogi das Cruzes/SP (Marcus 1951) Blumenau/SC (Graff 1899) RS* (Graff 1899) Teresópolis/RJ (Froehlich 1955b) Geoplana (Geoplana) fragai Froehlich 1955 Teresópolis/RJ (Schirch 1929) Geoplana (Geoplana) fryi Graff 1899 http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?thematic-review+bn01908042008 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 186 Carbayo, F. & Froehlich, E.M. Tabela 2. Continuação... Ordem Espécie Município/Estado Terricola (Tricladida) Geoplana (Geoplana) gaucha Froehlich 1959 Rio de Janeiro/RJ (Graff 1899) Salvador do Sul/RS (Froehlich 1959) São Leopoldo/RS (Antunes et al. 2008) Porto Alegre/RS (Froehlich 1959) Viamão/RS (Antunes et al. 2008) Terricola (Tricladida) Geoplana (Geoplana) glieschi Froehlich 1959 Iraí/RS (Froehlich 1959) Terricola (Tricladida) Geoplana (Geoplana) goettei Schirch 1929 Teresópolis/RJ (E.M. Froehlich 1955a) Terricola (Tricladida) Geoplana (Geoplana) hina Marcus 1951 Santo André/SP (Marcus 1951) Terricola (Tricladida) Geoplana (Geoplana) incognita Riester 1938 Teresópolis/RJ (Riester 1938) Terricola (Tricladida) Geoplana (Geoplana) itatiayana Schirch 1929 Resende/RJ (Schirch 1929) São Paulo/SP (Marcus 1951) Terricola (Tricladida) Geoplana (Geoplana) jandira Froehlich 1955 Teresópolis/RJ (Froehlich 1955b) Terricola (Tricladida) Geoplana (Geoplana) joia Froehlich 1956 São José dos Pinhais/PR (Froehlich 1956b) Terricola (Tricladida) Geoplana (Geoplana) ladislavii Graff 1899 Blumenau/SC (Froehlich 1959) Cambará do Sul/RS (Fick et al. 2006) São Francisco de Paula/RS (Carbayo et al. 2002) São Leopoldo/RS (Froehlich 1959) Taquara/RS (Graff 1899) Santa Maria/RS (Castro et al. 2005) Viamão/RS (Antunes et al. 2008) Terricola (Tricladida) Geoplana (Geoplana) livia E.M. Froehlich 1955 São Paulo/SP (E.M. Froehlich 1955a) Terricola (Tricladida) Geoplana (Geoplana) marginata Schultze & Müller Blumenau/SC (Schultze & Müller 1857) 1857 Terricola (Tricladida) Geoplana (Geoplana) marmorata Schultze & Müller Blumenau/SC (Schultze & Müller 1857) Pomerode/SC (Froehlich 1959) 1857 Terricola (Tricladida) Geoplana (Geoplana) matuta E.M. Froehlich 1955 Teresópolis/RJ (E.M. Froehlich 1955a) Terricola (Tricladida) Geoplana (Geoplana) metzi Graff 1899 Rio de Janeiro/RJ (Riester 1938) São Paulo/SP (Graff 1899) Ribeirão Pires/SP (Marcus 1951) Terricola (Tricladida) Geoplana (Geoplana) mirim E.M. Froehlich 1972 Serra do Navio/AP (Froehlich & E.M. Froehlich 1972) Terricola (Tricladida) Geoplana (Geoplana) multicolor Graff 1899 Teresópolis/RJ (Froehlich 1956a) Santo André/SP (Marcus 1951) Avaré/SP (Marcus 1951) Mogi das Cruzes/SP (Marcus 1951) São Paulo/SP (Graff 1899) Curitiba/PR (Froehlich 1956b) Guapiara/PR (Froehlich 1958) Ponta Grossa/PR (Froehlich 1958) Lapa/PR (Froehlich 1956b) Terricola (Tricladida) Geoplana (Geoplana) nigra Froehlich 1959 Taquara/RS (Froehlich 1959) Terricola (Tricladida) Geoplana (Geoplana) pavani Marcus 1951 Santo André/SP (Froehlich 1955c) Mogi das Cruzes/SP (Marcus 1951) Terricola (Tricladida) Geoplana (Geoplana) phocaica Marcus 1951 São Paulo/SP (Marcus 1951) Terricola (Tricladida) Geoplana (Geoplana) picta Froehlich 1956 Ubatuba/SP (Froehlich 1956a) Terricola (Tricladida) Geoplana (Geoplana) poca Froehlich 1958 Itanhaém/SP (Froehlich 1958) Terricola (Tricladida) Geoplana (Geoplana) polyophthalma Graff 1899 Matinhos/PR (Froehlich 1956b) Blumenau/SC (Graff 1899) Joinville/SC (Graff 1899) Pomerode/SC (Froehlich 1956b) Taquara/RS (Graff 1899) Terricola (Tricladida) Geoplana (Geoplana) preta Riester 1938 Teresópolis/RJ (Riester 1938) São Paulo/SP (Marcus 1951) http://www.biotaneotropica.org.br http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?thematic-review+bn01908042008 187 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Macroturbellarians do Brazil Tabela 2. Continuação... Ordem Espécie Município/Estado Terricola (Tricladida) Geoplana (Geoplana) pseudovaginuloides Riester Teresópolis/RJ (Riester 1938) 1938 Terricola (Tricladida) Geoplana (Geoplana) quagga Marcus 1951 Teresópolis/RJ (Froehlich 1956a) São Paulo/SP (Marcus 1951) Blumenau/SC (Froehlich 1959) Terricola (Tricladida) Geoplana (Geoplana) regia E.M. Froehlich 1955 Araraquara/SP (E.M. Froehlich 1955a) Terricola (Tricladida) Geoplana (Geoplana) riesteri Froehlich 1955 Araras/MG (Riester 1938) Teresópolis/RJ (Riester 1938) Terricola (Tricladida) Geoplana (Geoplana) rufiventris Schultze & Müller Blumenau/SC (Schultze & Müller 1857) 1857 Terricola (Tricladida) Geoplana (Geoplana) ruiva E.M. Froehlich 1972 Serra do Navio/AP (Froehlich & E.M. Froehlich 1972) Terricola (Tricladida) Geoplana (Geoplana) schubarti Froehlich 1958 Itanhaém/SP, São Paulo/SP (Froehlich 1958) Terricola (Tricladida) Geoplana (Geoplana) suva Froehlich 1959 Blumenau/SC (Froehlich 1959) Terricola (Tricladida) Geoplana (Geoplana) tamoia E.M. Froehlich 1955 Teresópolis/RJ (E.M. Froehlich 1955a) Terricola (Tricladida) Geoplana (Geoplana) tapira Froehlich 1958 Tapiraí/SP (Froehlich 1958) Terricola (Tricladida) Geoplana (Geoplana) taxiarcha Marcus 1951 São Paulo/SP (Marcus 1951) Mogi das Cruzes/SP (Marcus 1951) Ubatuba/SP (Froehlich, 1956a) Terricola (Tricladida) Geoplana (Geoplana) toriba Froehlich 1958 Juquiá/SP (Froehlich 1958) Terricola (Tricladida) Geoplana (Geoplana) trigueira E.M. Froehlich 1955 Teresópolis/RJ (E.M. Froehlich 1955a) Ubatuba/SP (Froehlich 1956a) Terricola (Tricladida) Geoplana (Geoplana) tuxaua E.M. Froehlich 1955 São Paulo/SP (E.M. Froehlich 1955a) Terricola (Tricladida) Geoplana (Geoplana) vaginuloides (Darwin 1844) Teresópolis/RJ (Riester 1938) Rio de Janeiro/RJ (Darwin 1844) São Paulo/SP (Marcus 1952) Itanhaém/SP (Froehlich 1958) Eldorado/SP (Marcus 1951) Terricola (Tricladida) Geoplana (Geoplana) yara E.M. Froehlich 1955 Teresópolis/RJ (E.M. Froehlich 1955a) Terricola (Tricladida) Geoplana franciscana Leal-Zanchet & Carbayo 2000 São Francisco de Paula/RS (Zanchet & Carbayo 2000) Cambará do Sul/RS (Fick et al. 2006) Terricola (Tricladida) Geoplana josefi Carbayo & Leal-Zanchet 2001 São Francisco de Paula/RS (Carbayo & Leal-Zanchet 2001) Cambará do Sul/RS (Fick et al. 2006) Terricola (Tricladida) Geoplana rubidolineata Baptista & Leal-Zanchet São Francisco de Paula/RS (Baptista & Leal-Zanchet 2005) 2005 Terricola (Tricladida) Issoca jandaia Froehlich 1955 São Paulo/SP (Froehlich 1955a) Terricola (Tricladida) Issoca piranga Froehlich 1955 Teresópolis/RJ (Froehlich 1955a) Terricola (Tricladida) Issoca potyra Froehlich 1956 Eldorado/SP (Froehlich 1958) Terricola (Tricladida) Issoca rezendei (Schirch 1929) Teresópolis/RJ (Schirch 1929) São Paulo/SP (Marcus 1951) Ubatuba/SP (Froehlich 1955a) Mongaguá/SP (Froehlich 1955a) Itanhaém/SP (Froehlich 1955a) Paranaguá/SP (Froehlich 1955a) Itajaí/SC (Froehlich 1955a) Blumenau/SC (Froehlich 1955a) Terricola (Tricladida) Issoca spatulata (Graff 1899) Blumenau/SC (Graff 1899) http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?thematic-review+bn01908042008 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 188 Carbayo, F. & Froehlich, E.M. Tabela 2. Continuação... Ordem Espécie Município/Estado Terricola (Tricladida) Kontikia orana Froehlich 1955 exótica Serra do Navio/AP (Froehlich & E.M. Froehlich 1972) Piraí/RJ (Froehlich 1955a) Ubatuba/SP (du Bois-Reymond-Marcus 1955b) São Paulo/SP (Froehlich 1955a) Itanhaém/SP (Froehlich 1955a) Mongaguá/ SP (Froehlich 1955a) Pirassununga/SP (Froehlich 1955a) Baía de Paranaguá/PR (Froehlich 1955a) Blumenau (Froehlich 1955a) Terricola (Tricladida) Notogynaphallia abundans (Graff 1899) São Leopoldo/RS (Antunes et al. 2008) Taquara/RS (Leal-Zanchet & E.M. Froehlich 2006) Poço das Antas/RS (Leal-Zanchet & E.M. Froehlich 2006) Novo Hamburgo/RS (Leal-Zanchet & E.M. Froehlich 2006) Tupandi/RS (Leal-Zanchet & E.M. Froehlich 2006) Campo Bom/RS (Leal-Zanchet & E.M. Froehlich 2006) Salvador do Sul/RS (Leal-Zanchet & E.M. Froehlich 2006) Glorinha/RS (Leal-Zanchet & E.M. Froehlich 2006) Viamão/RS (Antunes et al. 2008) Terricola (Tricladida) Notogynaphallia albonigra (Riester 1938) Teresópolis/RJ (Riester 1938) Terricola (Tricladida) Notogynaphallia atra (Schultze & Müller 1857) Blumenau/SC (Schultze & Müller 1857) Pomerode/SC (Froehlich 1956b) Brusque/SC (Froehlich 1956b) Lapa/PR (Froehlich 1956b) Terricola (Tricladida) Notogynaphallia caissara (E.M. Froehlich 1955) Teresópolis/RJ (E.M. Froehlich 1955) Rio de Janeiro/RJ (Carbayo 2006) Ubatuba/SP (E.M. Froehlich 1955) Ribeirão Pires/SP (Carbayo 2006) Itanhaém/SP (Carbayo 2006) Terricola (Tricladida) Notogynaphallia ceciliae E.M. Froehlich & Leal-Zanchet São Francisco de Paula/RS (Froehlich & Leal-Zanchet 2003) 2003 Terricola (Tricladida) Notogynaphallia ernesti Leal-Zanchet & E.M. Froelhich Jundiaí/SP (Leal-Zanchet & E.M. Froehlich 2006) São Paulo/SP (Marcus 1951) 2006 Curitiba (Leal-Zanchet & E.M. Froehlich 2006) São Francisco de Paula/RS (Leal-Zanchet & E.M. Froehlich 2006) Terricola (Tricladida) Notogynaphallia fita (Froehlich 1959) Terricola (Tricladida) Notogynaphallia froehlichae Ogren & Kawakatsu João Pessoa/PB (Riester 1938) 1990 Terricola (Tricladida) Notogynaphallia goetschi (Riester 1938) http://www.biotaneotropica.org.br Blumenau/SC (Froehlich 1959) Teresópolis/RJ (Riester 1938) Ubatuba/SP (Froehlich 1956a) São Paulo/SP (Marcus 1951) Santo André/SP (Marcus 1951) Mogi das Cruzes/SP (Marcus 1951) Mongaguá/SP (Marcus 1951) Guapiara/SP (Froehlich 1958) Eldorado/SP (Marcus 1951) http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?thematic-review+bn01908042008 189 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Macroturbellarians do Brazil Tabela 2. Continuação... Ordem Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Espécie Notogynaphallia graffi Leal-Zanchet & E.M. Froehlich 2006 Município/Estado Cambará do Sul/RS (Fick et al. 2006) São Francisco de Paula/RS (Leal-Zanchet & E.M. Froehlich 2006) Salvador do Sul/RS (Leal-Zanchet & E.M. Froehlich 2006) Três Coroas (Leal-Zanchet & E.M. Froehlich 2006) São Francisco de Paula/RS Notogynaphallia guaiana Leal-Zanchet & (Zanchet & Carbayo 2000) Carbayo 2000 Curitiba/PR (Froehlich 1956b) Notogynaphallia mourei (Froehlich 1956) Serra do Mar*, entre Curitiba e Paranaguá/PR (Froehlich 1956b) Santo André/SP (Froehlich 1959) Notogynaphallia muelleri (Diesing 1861) Blumenau/SC (Schultze & Müller 1857) Pomerode/SC (Froehlich 1959) Itajaí/SC (Froehlich 1959) Brusque/SC (Froehlich 1959) Blumenau/SC (Froehlich 1959) Notogynaphallia nataliae (Froehlich 1959) Notogynaphallia octostriata (Schultze & Müller 1857) Teresópolis/RJ (Schirch 1929) Blumenau/SC (Schultze & Müller 1857) São Paulo/SP (E.M. Froehlich 1955a) Notogynaphallia parca (E.M. Froehlich 1955) São Paulo/SP (Froehlich 1956b) Notogynaphallia plumbea (Froehlich 1956) Serra do Mar*, entre Curitiba/PR e Paranaguá/PR (Froehlich 1956b) Teresópolis/RJ (Schirch 1929) Notogynaphallia sexstriata (Graff 1899) São Paulo/SP (du Bois-Reymond Marcus 1951b) Brusque/SC (du Bois-Reymond Marcus 1951b) Taquara/RS (Graff 1899) Mogi das Cruzes/SP (Marcus 1951) Pasipha astraea (Marcus 1951) São Paulo/SP (Marcus 1951) Teresópolis/RJ (Riester 1938) Pasipha biseminalis (Riester 1938) Teresópolis/RJ (Riester 1938) Pasipha caeruleonigra (Riester 1938) São Paulo/SP (E.M. Froehlich 1955a) Pasipha chimbeva (E.M. Froehlich 1955) Belém/PA (Froehlich & E.M. Froehlich 1972) Pasipha hauseri (Froehlich 1959) São Leopoldo/RS (Froehlich 1959) Teresópolis/RJ (Froehlich 1955b) Pasipha oliverioi (Froehlich 1955) São Paulo/SP (Marcus 1951) Pasipha pasipha (Marcus 1951) Penha/PB (Riester 1938) Pasipha penhana (Riester 1938) São Paulo/SP (E.M. Froehlich 1955a) Pasipha pinima (E.M. Froehlich 1955) Teresópolis/RJ (E.M. Froehlich 1955a) Pasipha plana (Schirch 1929) Blumenau/SC (Froehlich 1955b) Pasipha pulchella (Schultze & Müller 1857) Pirassununga/SP (E.M. Froehlich 1955a) Pasipha rosea (E.M. Froehlich 1955) São Paulo/SP (E.M. Froehlich 1955a) São Simão/SP (Froehlich 1958) Lapa/PR (Froehlich 1956b) Teresópolis/RJ (Graff 1899) Pasipha splendida (Graff 1899) Rio de Janeiro/RJ (Froehlich 1956a) Pasipha tapetilla (Marcus 1951) Teresópolis/RJ (Froehlich 1956a) Pirassununga/SP (Marcus 1951) Ubatuba/SP (Froehlich 1956a) Blumenau/SC (Froehlich 1959) Itajaí/SC (Froehlich 1959) Santo André/SP (Marcus 1951) Pasipha trina (Marcus 1951) Blumenau/SC (Froehlich 1959) Pasipha velina (Froehlich 1955) Brusque/SC (du Bois-Reymond Marcus 1951b) Nova Lima/MG (Riester 1938) Pasipha velutina (Riester 1938) http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?thematic-review+bn01908042008 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 190 Carbayo, F. & Froehlich, E.M. Tabela 2. Continuação... Ordem Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Terricola (Tricladida) Espécie Pseudogeoplana bonita (Schirch 1929) Pseudogeoplana brasiliensis (Blainville 1826) Município/Estado Teresópolis/RJ (Schirch 1929) Rio de Janeiro/RJ (Graff 1899) Santos/SP (Graff 1899) Teresópolis/RJ (Riester 1938) Pseudogeoplana burri (Riester 1938) Teresópolis/RJ (Schirch 1929) Pseudogeoplana cardosi (Schirch 1929) RS* (Graff 1899) Pseudogeoplana collini (Graff 1899) Rio Doce*/RJ (Schirch 1929) Pseudogeoplana doederleini (Schirch 1929) BA* (Moseley 1877) Pseudogeoplana flava (Moseley 1877) Rio de Janeiro/RJ (Graff 1899) Pseudogeoplana goeldii (Graff 1899) Teresópolis/RJ (Schirch 1929) Pseudogeoplana lumbricoides (Schirch 1929) Pseudogeoplana marginata (Schultze & Müller 1857) Blumenau/SC (Schultze & Müller 1857) Pseudogeoplana maximiliani (Schultze & Müller Blumenau/SC (Schultze & Müller 1857) 1857) Blumenau/SC (Schultze & Müller 1857) Pseudogeoplana nephelis (Schultze & Müller 1857) Blumenau/SC (Schultze & Müller 1857) Pseudogeoplana olivacea (Schultze & Müller 1857) Pseudogeoplana pauloschirchi Ogren & Kawakatsu Teresópolis/RJ (Schirch 1929) 1992 Teresópolis/RJ (Riester 1938) Pseudogeoplana pavonina (Riester 1938) Blumenau/SC (Graff 1899) Pseudogeoplana perspicillata (Graff 1899) Rio de Janeiro/RJ (Riester 1938) Pseudogeoplana riedeli (Schirch 1929) Blumenau/SC (Graff 1899) Pseudogeoplana rostrata (Graff 1899) Teresópolis/RJ (Schirch 1929) Pseudogeoplana schirchi Ogren & Kawakatsu 1990 Teresópolis/RJ (Schirch 1929) Pseudogeoplana theresopolitana (Schirch 1929) Teresópolis/RJ (Riester 1938) Pseudogeoplana tricolor (Riester 1938) Blumenau/SC (Schultze & Müller 1857) Pseudogeoplana tristriata (Schultze & Müller 1857) Rio Doce* perto de Maylasky (Schirch 1929) Pseudogeoplana wetzeli (Schirch 1929) Blumenau/SC (Graff 1899) Rhynchodemus blainvillei Graff 1899 Santo André/SP (Marcus 1952) Rhynchodemus pellucidus Graff 1899 Blumenau/SC (Graff 1899) São Paulo/SP (Marcus 1952) Rhynchodemus piptus Marcus 1952 Rhynchodemus schubarti du Bois-Reymond Marcus Pirassununga/SP (du Bois-Reymond Marcus 1955b) 1955 Rhynchodemus scius du Bois-Reymond Marcus 1955 Serra do Navio/AP (Froehlich & E.M. Froehlich 1972) Porto Grande/AP (Froehlich & E.M. Froehlich 1972) Ubatuba/SP (du Bois-Reymond-Marcus 1955b) Pirassununga/SP (du Bois-Reymond-Marcus 1955b) Teresópolis/RJ (du Bois-Reymond Marcus 1955b) Rhynchodemus? hectori Graff 1897 Supramontana irritata Carbayo & Leal-Zanchet 2003 São Francisco de Paula/RS (Carbayo & Leal-Zanchet 2003) Mogi das Cruzes/SP (Froehlich 1955a) Xerapoa hystrix Froehlich 1955 São Paulo/SP (Froehlich 1955a) Curitiba/PR (Froehlich 1955a) Brusque/SC (Froehlich 1955a) Xerapoa una Froehlich 1955 enorme extensão das águas territoriais brasileiras, e a variedade de ambientes (costeiro, estuarino, recifal e ambientes mais profundos), pode se esperar que coletas nesses ambientes, ainda não amostrados, revelem numerosas espécies novas. Tricladida, Cavernicola. No Brasil nunca foram pesquisados ambientes de cavernas com o objetivo de coletar especificamente turbelários. Nas raras vezes em que foram coletados tricladidos, com uma única exceção, os animais eram imaturos. Os espécimes maduros, constituindo esta exceção, foram identificados (Kawakatsu & E. M. Froehlich 1992) como Girardia paramensis (Fuhrman 1914). Trata-se de uma espécie troglófila de Paludicola. A única espécie brasileira de Cavernicola, Rhodax evelinae Marcus 1946, é de ambientes abertos. Até pouco tempo conhecida apenas do estado de São Paulo, tem sido recentemente encontrada no Rio Grande do http://www.biotaneotropica.org.br http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?thematic-review+bn01908042008 191 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Macroturbellarians do Brazil Tabela 3. Números absoluto e relativo de gêneros e espécies de macroturbelários ocorrentes no Brasil e total de gêneros conhecidos no mundo Table 3. Absolute and relative numbers of genera and species of Brazilian macroturbellarians, and number of known genera in the world. Espécies no mundo Espécies no Brasil (% mundial) Gêneros no mundo Gêneros no Brasil (% mundial) Gêneros endêmicos (% mundial) Polycladida 931 66 (7,1) 155 37 (23,9) 7 (4,5) Maricola 95 7 (7,4) 38 7 (18,4) 3 (7,9) Cavernicola 5 1 (20,0) 4 1 (25,0) 1 (25,0) Paludicola 426 12 (2,8) 60 2 (3,3) 1 (1,7) Terricola 830 160 (19,3) 53 17 (32,1) 6 (11,3) Total 2287 246 (10,7) 310 64 (20,6) 18 (5,8) 1000 km N O L S 300 km Oceano Atlântico Figura 1. Municípios brasileiros com registros de Tricladida (círculos cinzas) e Polycladida (setas). A região meridional está ampliada para maior clareza. Figure 1. Brazilian municipalities with known Tricladida (gray circles) and Polycladida (arrows). For clarity purposes, the meridional region was amplified. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?thematic-review+bn01908042008 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 192 Carbayo, F. & Froehlich, E.M. Tabela 4. Municípios e registros (em parênteses) de macroturbelários, por região e por ambiente. Cada registro corresponde à citação de uma espécie em um município. Duas espécies (1,7% do total) marinhas, cujo estado de procedência não é conhecido, foram contempladas no cómputo geral de espécies. Table 4. Municipalities and records (in parentheses) of macroturbellarians, by region and environment. Each record refers to the citation of a species in a municipality. Two species (1.7% of the total number), from marine environment, whose region of sampling is unknown, were added to the total number of species. Ambiente Límnico Marinho Terrestre Brasil Brasil % Norte 2 (2) 0 (0) 3 (8) 5 (10) 4,1 (2,0) Nordeste 1 (1) 1 (2) 3 (4) 5 (7) 4,1 (1,4) Centro-Oeste 1 (1) 1 (1) 2 (2) 1,7 (0,4) Sul, em arrozais, nos canais de irrigação (Vara & Leal-Zanchet, com. pess.). Tricladida, Paludicola. A quase totalidade das espécies brasileiras deste grupo é conhecida das regiões Sudeste e Sul (Figura 1), em razão do maior esforço amostral realizado nessas regiões (Sluys et al. 1997). Exceção notável é a da espécie acima referida, G. paramensis. Originalmente encontrada em um riacho nos Páramos colombianos, no Brasil foi coletada em cavernas na bacia do rio Xingu, no estado do Pará (Kawakatsu & Froehlich 1992). Há ainda vastas regiões no país não amostradas, como indica a Figura 1. No Rio Grande do Sul há numerosos municípios amostrados, mas o número de espécies coletadas é pequeno quando comparado ao número dos terrícolos coletados nas mesmas regiões. Tricladida, Terricola. Este grupo, o mais rico em espécies descritas, será ainda acrescido de várias outras, à medida que o estudo em andamento de várias espécies, coligidas por vários pesquisadores em diversas localidades, for sendo terminado. Resultados preliminares de parte desse material, coletado em matas do sul do país, revelaram de 13 a 40 espécies por localidade (Leal-Zanchet & Carbayo 2000, Carbayo et al. 2002, de Castro & Leal-Zanchet 2005, Fick et al. 2006, Baptista et al. 2006, Antunes et al. 2008). Porém, como nesses trabalhos muitos dos animais têm ainda o status de morfoespécie, não é possível saber qual o número de espécies novas e o grau de endemicidade nas matas pesquisadas. Mesmo nas poucas localidades relativamente bem estudadas novas espécies podem ser encontradas. Por exemplo, apesar do grande esforço amostral realizado por E.M. e C.G. Froehlich e alunos, desde 1950, no início da construção da Cidade Universitária, no Butantan, São Paulo/SP, e em suas proximidades, ainda é possível encontrar pelo menos três espécies desconhecidas pela ciência (obs. pess.). Uma delas (descrição em fase de acabamento), ausente das primeiras coletas, e presente a partir dos anos 60, deve ter sido inadvertidamente introduzida com plantas ornamentais para os jardins (Carbayo et al. 2008). Sudeste 6 (15) 9 (82) 34 (205) 45 (302) 37,2 (60,4) Sul 31 (47) 2 (4) 36 (126) 62 (177) 51,2 (35,4) Total 43 (66) 14 (90) 77 (344) 121 (500) 100,0 (100,0) Tabela 5. Nacionalidade dos 39 autores que assinam os 25 artigos com novos táxons de macroturbelários publicados nos últimos cinco anos, e localização dos centros de pesquisa aos quais os autores estão vinculados. Table 5. Nacionality of the 39 authors that signed the 25 papers dealing with new macroturbellarian taxa published in the last 5 years, with the location of the research institutions to which the authors are associated. País Austrália Brasil Bélgica Holanda Rússia EUA Japão Argentina Reino Unido Espanha Itália Alemanha Coréia do Sul Nova Zelândia Uruguai Zimbábue Total Primeiro autor 4 4 1 5 2 1 2 2 2 1 1 25 Total de autores 7 4 3 3 4 4 2 1 1 3 2 1 1 1 1 1 39 Centros de pesquisa 3 3 3 2 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 25 Atualmente há três especialistas em taxonomia de Tricladida vinculados a núcleos de pesquisa no Brasil. Isso representa 0,65% dos 542 zoólogos taxonomistas brasileiros com vínculo estável (Marques & Lamas 2006). Nos últimos cinco anos estes pesquisadores descreveram seis espécies e propuseram dois gêneros de Terricola. Não há sistematas de Polycladida. No contexto mundial, nos últimos cinco anos foram propostos 59 novos táxons (48 espécies, 9 gêneros, 1 subfamília, 1 família), publicados em 25 trabalhos, 4 deles (16,0%) de autores brasileiros. Os trabalhos foram assinados por um total de 39 autores oriundos de 16 países (Tabela 5). O Brasil – junto da Rússia e dos EUA – é um dos países com maior número de taxonomistas, e, ao lado da Austrália, o que tem o maior número de centros de pesquisa. Os dados referentes à atividade taxonômica no contexto mundial estão super-estimados, uma vez que foram incluídos entre eles autores sem vínculo estável (graduandos ou pós-graduandos) e pesquisadores aposentados ou mortos. Os dados mostram a relativa vitalidade da atividade taxonômica no Brasil no que diz respeito aos macroturbelários, embora o número de especialistas seja ainda muito insuficiente para trabalhar a diversidade do grupo. A escassez de especialistas para determinar as espécies estende-se a muitos outros grupos de invertebrados, alguns mesmo sem especialistas, e até a alguns grupos de vertebrados (Marques & Lamas 2006, Migotto & Marques 2006, Lewinsohn 2006, Lewinsohn & Prado 2004, Amorim et al. 2002). Esta também é a realidade para plantas não vasculares (Giulietti et al. 2005) e bactérias (Lambais et al. 2006). São eloqüentes os doze séculos que, segundo estimativas de Lewinsohn & Prado (2006), seriam necessários para descrever toda a biodiversidade brasileira, se mantido o ritmo da atividade taxonômica do período 1978-1995 focalizado por eles. http://www.biotaneotropica.org.br http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?thematic-review+bn01908042008 6. Atividade taxonômica atual 193 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Macroturbellarians do Brazil Dentre as possíveis explicações para a escassez de taxonomistas de macroturbelários podemos citar os hábitos crípticos desses animais, sua relativa raridade e o trabalhoso e demorado processamento histológico exigido para seu estudo (Winsor 2001, Sluys & Kawakatsu 2005). Acrescente-se a isso, e de uma maneira geral para muitos outros táxons, o lento recrutamento de novos sistematas, em parte devido ao fascínio que outros ramos mais novos da Biologia têm exercido sobre os iniciantes. Rieger (1998), no longo artigo em que expõe, quase exaustivamente, a pesquisa multifacetada sobre os turbelários desenvolvida durante os últimos 100 anos, considera jovem ainda o estudo do grupo. E termina: “As phylogenetic studies show us how important turbellarians are in the broad scheme of animal evolution, they should be ever more interesting subjects for study”. BARROS, G.S., ANGELIS, D.F., FURLAN, L.T. & CORRÊA-JUNIOR, B. 2006. Utilização de planárias da espécie Dugesia (Girardia) tigrina em testes de toxicidade de efluente de refinaria de petróleo. J. Braz. Soc. Ecotoxicol. 1(1):67-70 Agradecimentos BORELLI, A. 1898. Viaggio del Dr. Enrico Festa nell’Ecuador e regione vicine. IX. Planarie d’acqua dolce. Boll. Mus. Zool. Anat. Comp. 13(322):1-6. Agradecemos a Fernando Portella de Luna Marques (USP) o auxílio para a confecção do mapa; a Ramon Arthur Clark pela revisão do inglês; a Adriano S. Melo (UFRGS), do corpo editorial, e a dois assessores anônimos, pelas valiosas sugestões que muito contribuíram para melhorar o artigo. FC tem o apoio da Fundación BBVA (Biocon 06/067) e da FAPESP (proc. 2007/03890-6). Referências Bibliográficas ALMEIDA, E.C.J.D., YAMADA, C.M. & FROEHLICH, E.M. 1988. Estudos cromossômicos em duas espécies de planárias terrestres: Geoplana abundans Graff e Issoca rezendei (Schirch) (Platyhelminthes, Tricladida, Terricola). Ciênc. Cult. Supl. 40:764-765. ALMEIDA, E.J.C.D., YAMADA, C.M. & FROEHLICH, E.M. 1991. Cytogenetic studies of two land planarian species from Brazil: Geoplana marginata and Issoca rezendei (Tricladida, Terricola). Hydrobiologia 227(1):169-173. ALVAREZ, L. & ALMEIDA, E.J.C.D. 1999. 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Leopoldensia 7(2):285‑291. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?thematic-review+bn01908042008 http://www.biotaneotropica.org.br Recebido em 15/06/08 Versão reformulada recebida em 04/11/08 Publicado em 26/11/08 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 199 Short communications Primeiro registro de larvas de Chironomus inquinatus Correia, Trivinho‑Strixino & Michailova (Diptera, Chironomidae) vivendo no casco do cágado Phrynops geoffroanus Schweigger (Testudines, Chelidae) na região Neotropical Thiago Simon Marques, Bruno de Oliveira Ferronato, Isabela Guardia, Ana Luiza Bonfin Longo, Susana Trivinho-Strixino, Jaime Bertoluci & Luciano Martins Verdade...........................................................................201 Deslocamentos do golfinho-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus) no estado do Rio de Janeiro, sudeste do Brasil Liliane Lodi, Leonardo Liberali Wedekin, Marcos Roberto Rossi-Santos & Milton César Marcondes............................205 Novos registros de espécies de mosquitos (Diptera: Culicidae) em Santa Catarina e Paraná (Brasil) Gerson Azulim Müller, Eduardo Fumio Kuwabara, Jonny Edward Duque, Mario Antônio Navarro-Silva & Carlos Brisola Marcondes.............................................................................................................................................................211 Ontogenia e aspectos comportamentais da larva de Phasmahyla guttata (Lutz, 1924) (Amphibia, Anura, Hylidae) Paulo Nogueira da Costa & Ana Maria Paulino Telles de Carvalho e Silva.....................................................................219 Notas sobre a distribuição, tamanho de grupo e comportamento do golfinho Tursiops truncatus (Cetacea: Delphinidae) na Ilha de Santa Catarina, sul do Brasil Leonardo Liberali Wedekin, Fábio Gonçalves Daura-Jorge, Marcos Roberto Rossi-Santos & Paulo César Simões-Lopes.................................................................................................................................................225 Ocorrência de Atelocynus microtis (Sclater, 1882) na Floresta Nacional do Jamari, estado de Rondônia Allyson Diaz Koester, Carlos Renato de Azevedo, Alexandre Vogliotti & José Maurício Barbanti Duarte......................231 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Primeiro registro de larvas de Chironomus inquinatus Correia, Trivinho‑Strixino & Michailova (Diptera, Chironomidae) vivendo no casco do cágado Phrynops geoffroanus Schweigger (Testudines, Chelidae) na região Neotropical Thiago Simon Marques1,2,4, Bruno de Oliveira Ferronato1, Isabela Guardia1,2, Ana Luiza Bonfin Longo1, Susana Trivinho-Strixino3, Jaime Bertoluci2 & Luciano Martins Verdade1 Laboratório de Ecologia Animal, Departamento de Ciências Biológicas, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo – USP, Av. Pádua Dias, 11, CP 09, CEP 13418-900, Piracicaba, SP, Brasil 2 Departamento de Ciências Biológicas, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo – USP, Av. Pádua Dias, 11, CP 09, CEP 13418-900, Piracicaba, SP, Brasil 3 Laboratório de Entomologia Aquática, Universidade Federal de São Carlos – UFSCar, Rod. Washington Luís, Km 235, CP 676, CEP 13565-905, São Carlos, SP, Brasil 4 Autor para correspondência: Thiago Simon Marques, e-mail: [email protected] 1 MARQUES, T.S., FERRONATO, B.O., GUARDIA, I., LONGO, A.L.B., TRIVINHO-STRIXINO, S., BERTOLUCI, J. & VERDADE, L.M. 2008. First record of Chironomus inquinatus larvae Correia, Trivinho-Strixino & Michailova (Diptera, Chironomidae) living on the shell of the side-necked turtle Phrynops geoffroanus Schweigger (Testudines, Chelidae). Biota Neotrop. 8(4): http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?shortcommunication+bn00508042008. Abstract: In this study we report for the first time the occurrence of Chironomus inquinatus larvae Correia, Trivinho-Strixino & Michailova living on the shell of the side-necked turtle, Phrynops geoffroanus Schweigger, possibly by the intense accumulation of sediment, in a polluted river of the Neotropics. Keywords: dispersal, polluted river, freshwater turtle, Diptera larvae. MARQUES, T.S., FERRONATO, B.O., GUARDIA, I., LONGO, A.L.B., TRIVINHO-STRIXINO, S., BERTOLUCI, J., & VERDADE, L.M. 2008. Primeiro registro de larvas de Chironomus inquinatus Correia, Trivinho-Strixino & Michailova vivendo no casco do cágado Phrynops geoffroanus Schweigger (Testudines, Chelidae). Biota Neotrop. 8(4): http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?short-communication+bn00508042008. Resumo: Neste estudo reportamos pela primeira vez a ocorrência de larvas de Chironomus inquinatus Correia, Trivinho-Strixino & Michailova vivendo no casco do cágado Phrynops geoffroanus Schweigger, possivelmente em função da intensa acumulação de sedimento, em um rio poluído da região Neotropical. Palavras-chave: dispersão, rio poluído, quelônio de água doce, larvas de Diptera. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?short-communication+bn00508042008 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 202 Marques, T.S et al. Introdução Associações de larvas de Chironomidae com outros animais aquáticos são freqüentes em diversas partes do mundo e os principais hospedeiros incluem Ephemeroptera, Plecoptera, Trichoptera, Megaloptera, Hemiptera, Odonata, Diptera, Mollusca e algumas espécies de peixes (Tokeshi, 1993). Schärer & Epler (2007) registraram a ocorrência de dois gêneros de Chironomidae marinhos vivendo nos cascos de tartarugas marinhas em Porto Rico. No Brasil, existem registros destas larvas vivendo sobre o corpo de poríferos, hidrozoários, moluscos, insetos e peixes (Roque et al. 2004). Contudo, associações com outros vertebrados aquáticos, como cágados e jacarés, permanecem ainda desconhecidas. Neste trabalho é relatado o primeiro registro de larvas de Chironomidae vivendo no casco de P. geoffroanus em um rio poluído na região Neotropical. Estes dados foram obtidos durante a execução de um projeto voltado para o estudo da ecologia desse quelônio. Apesar do cágado Phrynops geoffroanus apresentar ampla distribuição geográfica na América do Sul, poucos estudos descrevem aspectos de sua história natural (Medem 1960, Fachín-Terán et al. 1995, Souza & Abe 2000, Souza & Abe 2001). A espécie aparece freqüentemente associada a cursos d’água poluídos, onde pode ocorrer em grandes densidades populacionais (Souza & Abe 2001). Figura 1. Larvas de Chironomus inquinatus vivendo no casco do cágado Phrynops geoffroanus. Figure 1. Chironomus inquinatus larvae living on the shell of the Phynops geoffroanus turtle. Material e Métodos O Ribeirão Piracicamirim é um tributário do rio Piracicaba e sua microbacia estende-se por uma área de 133 km2 (Ometto et al. 2000). O clima da região é subtropical, e as características meteorológicas definem uma estação chuvosa (outubro a março) e uma estação seca (abril a setembro) (Ometto et al. 2000, Silveira et al. 2000). O ribeirão possui uma extensão de 24,6 km desde suas cabeceiras até a foz, no Rio Piracicaba, englobando três municípios: Piracicaba, Rio das Pedras e Saltinho (Ometto et al. 2000). Atualmente, este curso d’água é considerado poluído (Ecoar 2007), mesmo após a construção de uma estação de tratamento de esgoto em 1997, em função de lançamentos de esgotos clandestinos e de insumos químicos das plantações de cana-de-açúcar (Ometto et al. 2004). Os cágados foram capturados no trecho do ribeirão localizado no campus da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (22° 42’ 51” S e 47° 37’ 36” W), por meio de quatro redes de pesca (nylon; malha de 3 a 5 cm; 2 m de altura), distantes cerca de 4 m uma da outra e estendidas transversalmente durante o dia (Souza & Abe 2000) e vistoriadas a cada três horas. Foram realizadas 39 saídas a campo, entre novembro de 2005 e agosto de 2007. Os animais foram marcados individualmente por meio de transponders subcutâneos (Buhlmann & Tuberville 1998, Dixon & Yanosky 1999). As larvas de Chironomidae encontradas sobre os cágados e em seu conteúdo estomacal foram coletadas, fixadas em etanol 70% e identificadas ao nível de espécie no laboratório de Entomologia Aquática da Universidade Federal de São Carlos. Resultados e Discussão Durante a execução do trabalho supracitado, foram observadas larvas de Chironomus inquinatus vivendo no casco e, em menor escala, no corpo de Phrynops geoffroanus. Entretanto, a coleta de dados não ocorreu de forma sistematizada, e somente atentou-se para essa aparente associação quando foram capturados dois exemplares de aproximadamente 30 cm de comprimento de carapaça que possuíam uma camada de lodo sobre seus cascos, onde foram observadas muitas larvas de C. inquinatus (Figura 1). Exemplares de larvas e pupas da mesma espécie de Chironomidae foram encontradas no http://www.biotaneotropica.org.br seu conteúdo estomacal, além de também terem sido visualizadas em pedras e troncos no leito do rio. O cágado P. geoffroanus, comum em muitos rios urbanos, aparentemente está se beneficiando das mudanças ambientais, proliferandose nesses ambientes altamente poluídos. Outras espécies de quelônios aquáticos apresentam comportamentos semelhantes (Gibbons 1968, Moll 1976, 1980). As larvas de Chironomus inquinatus também são típicas de ambientes impactados, como rios que recebem resíduos agrícolas e efluentes domésticos ou industriais (Correia et al. 2006). Muitas espécies de Chironomidae e seus potenciais hospedeiros podem apresentar baixa tolerância a determinados impactos ambientais, e possivelmente a riqueza de associações pode ser menor em áreas impactadas (Roque et al. 2004). No entanto, não é o caso da associação entre as duas espécies aqui relatadas (P. geoffroanus e C. inquinatus), pois ambas aparentemente beneficiam-se com esses ambientes, proliferando-se em grande número, o que possivelmente favorece este tipo de associação. P. geoffroanus aparenta ter atividade predominantemente diurna. Observações no campo mostraram muitos indivíduos imóveis sob galhos ou troncos submersos durante a noite (Medem 1960). A permanência do cágado imóvel favorece o acúmulo de sedimentos sobre seu corpo, principalmente em um curso d’água poluído como é o Ribeirão Piracicamirim. Souza (1999) observou que o lodo se deposita rapidamente na carapaça de P. geoffroanus em rios poluídos, tal fato sugere que o casco dos cágados constitue-se em um ambiente favorável à colonização de larvas de Chironomidae (Figura 1). Estudos sobre a alimentação do cágado em locais degradados, incluindo o presente trabalho , mostram que o principal item de sua dieta são larvas de Chironomidae (Souza & Abe 2000). Apesar disso, a morfologia do P. geoffroanus possivelmente impede que os animais consigam capturar e ingerir as larvas de sua própria carapaça. Por outro lado, os sedimentos ricos em detritos orgânicos desses locais apresentam elevadas densidades populacionais de Chironomus. Estabelecer qual o tipo de interação envolvendo as larvas de Chironomidae e seus hospedeiros é comumente difícil devido ao pequeno conhecimento sobre sua biologia (Roque et al. 2004). Entretanto, as larvas podem estar se beneficiando da associação pela http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?short-communication+bn00508042008 203 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Larvas de Chironomus inquinatus vivendo no casco do cágado Phrynops geoffroanus diminuição do risco de predação, maior mobilidade, proteção contra distúrbios e oportunidade para alimentação (Tokeshi 1993, Schärer & Epler 2007). Tartarugas marinhas são capazes de dispersar larvas de dois gêneros de Chironomidae (Schärer & Epler 2007). Agradecimentos O projeto sobre a ecologia de Phrynops geoffroanus em corpos d’água antropizados foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP- Auxílio à Pesquisa Proc. Nº. 2005/00210-9). Esta fundação também concedeu bolsa de iniciação científica a Thiago S. Marques e Ana L.B. Longo. Isabela Guardia foi bolsista de iniciação científica do Conselho Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e Bruno O. Ferronato recebeu bolsa de mestrado da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Luciano M. Verdade e Jaime Bertoluci são bolsistas de produtividade do CNPQ. Os animais foram capturados sob licença do IBAMA/RAN (Processo 02010.000005/05-61). Referências Bibliográficas BUHLMANN, K.A. & TUBERVILLE, T.D. 1998. Use of passive integrated transponder (PIT) tags for marking small freshwater turtles. Chel. Conserv. Biol. 3(1):102-104. CORREIA, L.C.S., TRIVINHO-STRIXINO, S. & MICHAILOVA, P. 2006. 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Recebido em 06/07/08 Versão reformulada recebida em 16/09/08 Publicado em 07/10/08 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Movements of the bottlenose Dolphin (Tursiops truncatus) in the Rio de Janeiro State, Southeastern Brazil Liliane Lodi1,3, Leonardo Liberali Wedekin², Marcos Roberto Rossi-Santos² & Milton César Marcondes² ¹Instituto de Estudos da Ecologia de Mamíferos Marinhos, Rua Visconde do Rio Branco, 869, CEP 24020-006, Niterói, RJ, Brazil ²Instituto Baleia Jubarte, Rua Barão do Rio Branco, 26, CEP 45900-000, Caravelas, BA, Brazil 3 Corresponding author: Liliane Lodi, e-mail: [email protected] LODI, L, WEDEKIN, L.L., ROSSI-SANTOS, M.R. & MARCONDES, M.C. Movements of the Bottlenose Dolphin (Tursiops truncatus) in the Rio de Janeiro State, Southeastern Brazil. Biota Neotrop., (8)4: http:// www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?short-communication+bn00808042008 Abstract: Aiming to verify the movements of the bottlenose dolphin (Tursiops truncatus) at Rio de Janeiro State coast, southeastern Brazil, we performed a photoidentification comparison between the catalogued individuals of the Cagarras Archipelago (23° 02’ S and 43° 12’ W) in 2004 and 2006 (n = 26) and the images obtained (n = 179) during the Southeastern Cetaceans Expedition, conducted during months of June and November of 2005. Eight individuals (three females and five dolphins of unknown gender) identified in the Cagarras Archipelago were resighted in the Grande Island (23° 21’S and 44° 15’ W), about 100 km southwestwards from Cagarras Archipelago. The observed movements include distances commonly recorded for the species elsewhere and are probably related to search for prey. Keywords: Tursiops truncatus, resigthings, Rio de Janeiro state, southeastern Brazil. LODI, L, WEDEKIN, L.L., ROSSI-SANTOS, M.R. & MARCONDES, M.C. Deslocamentos do golfinho-narizde-garrafa (Tursiops truncatus) no estado do Rio de Janeiro, sudeste do Brasil. Biota Neotrop., 8(4): http:// www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?short-communication+bn00808042008 Resumo: Com o objetivo de verificar os deslocamentos do golfinho-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus) no estado do Rio de Janeiro, sudeste do Brasil, foi feita uma análise entre os indivíduos catalogados no arquipélago das Cagarras em 2004 e 2006 (n = 26) e as fotografias (n = 179) obtidas durante a Expedição Cetáceos do Sudeste, realizada em junho e novembro de 2005. Oito indivíduos (três fêmeas e cinco golfinhos de sexo indeterminado) identificados no arquipélago das Cagarras (23° 02’ S e 43° 12’ W) foram reavistados na Ilha Grande (23° 21’S e 44° 15’ W), aproximadamente 100 km a sudoeste do arquipélago. Os deslocamentos observados estão dentro das distâncias comumente registradas para a espécie e, provavelmente, são relacionados com a busca de recursos alimentares. Palavras-chave: Tursiops truncatus, reavistagens, deslocamentos, Rio de Janeiro. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?short-communication+bn00808042008 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 206 Lodi, L. et al. Introduction Coastal populations of the bottlenose dolphin, Tursiops truncatus (Montagu, 1821), may show a wide range of movements patterns, which include seasonal migration, stable residency and temporary residence with seasonal or yearly fidelity (e.g., Shane et al. 1986). Once distribution, movements, habitat use and home range for the species are influenced by the coastal habitat heterogeneity and its biological requirements, the environmental conditions may influence the prey distribution and consequently affect dolphins’ distribution, abundance and seasonal variations of different bottlenose dolphin populations worldwide (Shane 1980, Balance 1992, Felix 1997, Bearzi et al. 1997, Harzen 1998, Defran & Weller 1999, Bristow & Rees 2001, Bearzi 2005, Kerr et al. 2005). Despite the fact that T. truncatus is considered the most studied dolphin species, the information about movements and home ranges in the Western South Atlantic Ocean are still scarce. Movements of more than 300 km northwards were registered for six dolphins in the Península Valdés, Argentina (Würsig 1978). In Brazil, movements of five bottlenose dolphins were reported for the southern of Rio Grande do Sul and Santa Catarina States (Möller et al. 1994, Simões-Lopes & Fabián 1999) with distances ranging between 65 and 314 km. Bottlenose dolphins have been studied through video-identification and behavior observations in the Cagarras Archipelago (CA) since 2004. Dolphins occur in the archipelago in winter and spring seasons, and are typically observed foraging in groups of 15 individuals, but also in groups as large as 30 dolphins (Lodi 2005, and unpublished data). However, their movement patterns, site fidelity, residence and home range remain poorly known. Aiming to verify the movements of the T. truncatus at Rio de Janeiro State coast, this paper reports onto a photoidentification comparison between the catalogued individuals of the CA and the pictures obtained during the Southeastern Cetaceans Expedition (SCE). Material and Methods In the CA (23° 02’ S and 43° 12’ W) dolphins were observed during 30 surveys between August and November from 2004 and 2006. These surveys were conducted using a 10 m boat with a 40 hp diesel engine. Video-identification was made using the following digital camcorders: HI-8 Handycam Sony DCR-TRV330 with optical zoom 25x (2004); DVD Handycam Sony DCR-DVD101 (2005) and mini-DV Handycam Sony DCR-HC26 with optical zoom 20x and enlarger (2x) coupled with the lens (2006). Dolphins were individually identified naturally through photographs and/or video captured images of their dorsal fin, which generally lose tissue on the posterior edge. The pattern of scarification (number, shape and position of nicks and notches) on the back edge distinguishes most part of the individuals within a population permitting reliable identification of each individual (Hammond et al. 1990). The degree of residency of different bottlenose dolphins of the CA was established using a simple Residency Index (RI): number of sightings of the dolphin / total number of surveys (Simões-Lopes & Fábian 1999). The term residence was regarded here as the time spent by an animal in a particular area (Wells & Scott 1990). Adult dolphins accompanied by a calf (less than half the size of the adult) in at least five surveys were considered to be a female. The other dolphins were of unknown gender. The RI was calculated only for the dolphins from CA, where systematic research effort was carried on. The SCE comprised two phases, when during 56 days of effort more than 2.000 nautical miles were sampled. The first phase occurred from June 6th to 26th of 2005, and the second phase started on November 1st and lasted until December 5th of 2005. Photographs of http://www.biotaneotropica.org.br dorsal fins were collected with a digital camera Nikon D70 equipped with 70-300 mm lens. In the first phase a ship with 40 m was used, while on the second phase it was used a wooden trawler (15,5 m). The areas sampled during the SCE included mainly waters within the continental shelf of the States of Rio de Janeiro, Espírito Santo and Bahia, with occasional navigation in waters deeper than 200 m (Engel et al. 2007). Photographs obtained during SCE were enlarged to the largest size possible without distorting details of the back edge of dorsal fins. Functions of the software Adobe® Photoshop (such as overlap of images, manipulation of color, size and position) were used to aid in the comparison with the CA catalog. Results Twenty-six individuals were identified in the CA in 2004 (CA# 001 to CA#020) and 2006 (CA#021 to CA#026). The dolphins sighted in the CA in 2005 could not be individually identified because the poor quality of the images taken in this year. During SCE, nine groups of bottlenose dolphins were sighted (Figure 1), of which 134 photographs of apparent dorsal fins were obtained in Campos Basin (four groups) and 45 photographs in Grande Island (one group). These photographs were only analysed in order to find resightins and not to compile a catalog of individual dolphins. One group of bottlenose dolphins was sighted near Grande Island (23° 21’ S and 44° 15’ W) in November 24th of 2005 during the second phase of SCE. This group had more than 20 individuals including calves, and was observed foraging near fishing boats and mariculture. From the dolphins identified in the CA (n = 26), eight (seven in 2004 and one in 2006) were resighted in the group observed near Grande Island. Of the resighted dolphins, three were females and eight were of unknown gender. Distance between the two locations was approximately 54 nautic miles (~100 km) (Figure 1). From the 20 dolphins identified in 2004 in the CA, 12 (60%) were resighted in 2006 in the archipelago. The RI of the dolphins #001, #011, #012, #013, #017 and #018 in the CA varied from 0.3 to 1.0 in the two years of study, all of them were also observed near Grande Island in 2005. One dolphin (#15) was observed in the archipelago only in 2004 (RI= 0.5). Another dolphin (#021) resighted in Grande Island was observed in eleven surveys of the year 2006 in the CA (RI = 0.9) (Table 1). Despite the dolphins sighted in the CA in 2005 could not be individually identified, the last sighting in the area was in September 21st, of a group with 15 dolphins, including three calves. Discussion Movements of coastal populations of T. truncatus may range from short distances (25-65 km) (Ballance 1992) to long distances of up to 670 km (Wells et al. 1990). Movements of 4,200 km were reported for oceanic waters (Wells et al. 1999). According to Möller et al. (1994) and Simões-Lopes & Fabián (1999), the movements of T. truncatus in southern Brazil are probably related to their foraging behaviour, because they occurred mostly during the yearly mullet (Mugil sp.) migration, an important prey for this species’ diet. However, Möller et al. (1994) do not reject the possibility that these movements are also associated to dispersion related to genetic exchange between groups of adjacent areas. Albeit individual interchanges have been detected, Möller et al. (1994) and Simões-Lopes & Fabián (1999) consider that bottlenose dolphins from Imbé/Tramandaí (Rio Grande do Sul State) and Laguna (Santa Catarina State) belong to distinct subsets of a metapopulation. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?short-communication+bn00808042008 207 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Movements of Tursiops truncatus in the southeastern Brazilian coast Legend: Tursiops truncatus sightings during SCE Cagarras archipelago 22° State of Rio de Janeiro Campos basin 23° Atlantic Ocean T. truncatus resightings Grande island N W 0 200 m 44° 43° 200 km 42° 41° E 24° S 40° Figure 1. Sightings of Tursiops truncatus during the Southeastern Cetaceans Expedition and locality of resightings along the coast of the state of Rio de Janeiro, Brazil. Figura 1. Avistagens de Tursiops truncatus durante a Expedição Cetáceos do Sudeste e local das reavistagens ao longo da costa do estado do Rio de Janeiro, Brasil. The high RI (0.7 to 1.0) obtained for some individuals in the CA suggests that many dolphins were resident in the winter and spring in the archipelago, while others were more transient. Though the majority of individuals could not have their gender identified, the three identified females (#17, #18, #21) in the CA presented a high level of residence in the archipelago in 2004 and 2006. This result agree with previously reported for other areas such Sarasota, Florida (Wells 1991) and Laguna, southern Brazil (SimõesLopes & Fabián 1999). Wells (1991) states that adult males tend to range farther than adult females and possibly when they leave the community home range, they serve as a vector for genetic exchange between populations or sub-populations. In the present work, we identified movements of eight dolphins along a 100 km stretch of coast in the southeastern Brazilian coast. Open coastal habitats present a patchy and fragmented prey distribution when compared to estuarine systems, which provide enough nutrient resources to maintain a resident population. Distribution patterns inside a certain geographical area may reflect the oceanographic differences which directly or indirectly may affect the prey abundance and movement and, consequently, dolphin’s habitat use and movements. The fact that dolphins were observed foraging in both areas (CA and Grande Island) suggests that movements of T. truncatus in the study area may be linked to the distribution and abundance of feeding resources, offering new foraging areas to the dolphins to search for food. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?short-communication+bn00808042008 We did not find any resighting of dolphins sighted far from the coast (e.g., Campos Basin), suggesting that oceanic and coastal populations of T. truncatus may exist, with distinct ecological characteristics (Connor et al. 2000). However, a larger sampling effort is needed to study this matter. Due to the complex social structure and behavioral flexibility, more information about occurrence, movements, home range and residence would represent important tools for conservation purposes, besides providing important data about population structure/ interchange. Acknowledgements The present work is a result of the partnership between Instituto Baleia Jubarte/Humpback Whale Institute - Brazil and Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo M. de Mello (CENPES – PETROBRAS) through the “Marine Mammal and Sea Turtle Project” developed along the years 2004-2006. The Instituto de Estudos da Ecologia de Mamíferos Marinhos Project thanks AWARE Foundation and Tempo de Fundo Atividades Subaquáticas for the financial and logistic support in the CA field work. The support of Norsul Cia. de Navegação in the maintenance of the trawler “Tomara” was of fundamental importance to obtaining these results. Fábio DauraJorge and Paulo César Simões-Lopes provided important comments to the original manuscript. http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 208 Lodi, L. et al. Table 1. Residence Index (RI) for photo-identified bottlenose dolphins in the Cagarras Archipelago in the years of 2004 and 2006. Numbers indicate how many surveys the dolphins were sighted. * Dolphins resighted near Grande Island in November 24th, 2005. Tabela 1. Indice de Residência (IR) de golfinhos-nariz-de-garrafa no arquipélago Cagarras nos anos de 2004 e 2006. Os números indicam os levantamentos que os golfinhos foram avistados. * Golfinhos reavistados próximo a Ilha Grande em 24 de novembro de 2005. ID CA#001* CA#002 CA#003 CA#004 CA#005 CA#006 CA#007 CA#008 CA#009 CA#010 CA#011* CA#012* CA#013* CA#014 CA#015* CA#016 CA#017* CA#018* CA#019 CA#020 CA#021* CA#022 CA#023 CA#024 CA#025 CA#026 Aug. (n = 1) 1 1 - 2004 (n = 11 surveys) Sep. Oct. (n = 5) (n = 2) 5 1 3 1 2 5 2 3 3 3 5 1 2 1 2 2 5 1 5 3 1 5 2 5 4 1 4 1 3 - Nov. (n = 3) 3 2 3 3 3 1 1 1 2 3 3 1 2 3 2 3 1 - RI 2004 References BALLANCE, L.T. 1992. Habitat use patterns and ranges of the bottlenose dolphin in the Gulf of California, México. Mar. Mamm. Sci. 8(3):262‑274. BEARZI, G., NOTARBARTOLO-DI-SCIARA, G. & POLITI, E. 1997. Social ecology of bottlenose dolphins in Kvarneric (Northern Adriatic Sea). Mar. Mamm. Sci. 13(4):650-668. BEARZI, M. 2005. Aspects of the ecology and behaviour of the bottlenose dolphins (Tursiops truncatus) in Santa Monica Bay, California. J. Cetacean Res. Manage. 7(1):75-83. BRISTOW, T. & REES, E.I.S. 2001. Site fidelity and behaviour of bottlenose dolphins (Tursiops truncatus) in Cardigan Bay, Wales. Aq. Mamm. 27(1):1-10. CONNOR, R.C., WELLS, R.S., MANN, J. & READ, A.J. 2000. The Bottlenose Dolphin: Social Relationships in a Fission-Fusion Society. 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Data Received 31/01/08 Revised 25/09/08 Accepted 20/10/08 http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?short-communication+bn00808042008 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 New records of mosquito species (Diptera: Culicidae) for Santa Catarina and Paraná (Brazil) Gerson Azulim Müller1,3, Eduardo Fumio Kuwabara1, Jonny Edward Duque1, Mario Antônio Navarro-Silva1 & Carlos Brisola Marcondes2 Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná – UFPR, CP 19020, CEP 81531-980, Curitiba, PR, Brazil, www.ufpr.br 2 Departamento de Microbiologia e Parasitologia, Centro de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, CEP 88040-900, Florianópolis, SC, Brazil, www.ufsc.br 3 Corresponding author: Gerson Azulim Müller, e-mail: [email protected] 1 MÜLLER, G.A., KUWABARA, E.F., DUQUE., J.E., NAVARRO-SILVA, M.A. & MARCONDES, C.B. 2008. New records of mosquito species (Diptera: Culicidae) for Santa Catarina and Paraná (Brazil). Biota Neotrop. 8(4): http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?short-communication+bn01208042008. Abstract: We provide eight new mosquito species records for Santa Catarina (Limatus flavisetosus Oliveira Castro 1935, Mansonia flaveola (Coquillett 1906), Ma. titillans (Walker 1848), Psorophora forceps Cerqueira 1939, Sabethes xyphydes Harbach 1994, Toxorhynchites bambusicolus (Lutz & Neiva 1913), Tx. theobaldi (Dyar & Knab 1906) and Wyeomyia lassalli Bonne-Wepster & Bonne 1921) and three for Paraná (Ochlerotatus argyrothorax Bonne-Wepster & Bonne 1920, Uranotaenia pallidoventer Theobald 1903 and Wyeomyia pilicauda Root 1928). Additionally, we list all species in these eight genera recorded previously in the two states. The known distribution and possible epidemiological implications of the new species records are discussed. Keywords: Ochlerotatus, Psorophora, Sabethes, Toxorhynchites, Wyeomyia, Mansonia. MÜLLER, G.A., KUWABARA, E.F., DUQUE, J.E., NAVARRO-SILVA, M.A. & MARCONDES, C.B. 2008. Novos registros de espécies de mosquitos (Diptera: Culicidae) em Santa Catarina e Paraná (Brasil). Biota Neotrop. 8(4): http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?short-communication+bn01208042008. Resumo: Relatamos o primeiro encontro de oito espécies de mosquitos para Santa Catarina (Limatus flavisetosus Oliveira Castro 1935, Mansonia flaveola (Coquillett 1906), Ma. titillans (Walker 1848), Psorophora fórceps Cerqueira 1939, Sabethes xyphydes Harbach 1994, Toxorhynchites bambusicolus (Lutz & Neiva 1913), Tx. theobaldi (Dyar & Knab 1906) e Wyeomyia lassalli Bonne-Wepster & Bonne 1921) e três para o Paraná (Ochlerotatus argyrothorax Bonne-Wepster & Bonne 1920, Uranotaenia pallidoventer Theobald 1903 e Wyeomyia pilicauda Root 1928). Adicionalmente, apresentamos lista de todas as espécies destes oito gêneros com registro nos dois estados. A distribuição conhecida das espécies e sua possível importância epidemiológica são discutidas. Palavras-chave: Ochlerotatus, Psorophora, Sabethes, Toxorhynchites, Wyeomyia, Mansonia. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?short-communication+bn01208042008 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 212 Müller, G.A. et al. Introduction The dipteran family Culicidae includes several epidemiologically important insects, mostly related to the transmission of arboviruses and malaria parasites, but also to the annoyance caused by their bites (Consoli & Oliveira 1994). The Brazilian southern states of Santa Catarina and Paraná are included in the geographical distribution of several arboviruses (Forattini 2002), but information on the mosquito fauna is mostly restricted to those species related to malaria transmission, such as Anopheles (Kerteszia) spp. in Santa Catarina (e.g. Rachou & Ferraz 1951, Ferreira 1965) and Anopheles (Nyssorhynchus) spp. in Paraná (e.g. Guimarães et al. 1997). Knowledge of the distribution of mosquito species is essential for understanding the risks to human and animal health and the development of future control measures. The objective of the present paper is to present new records of several mosquito species of eight genera and list species in these genera previously recorded for Paraná and Santa Catarina states. Methods Mosquitoes were collected in nine different localities of Santa Catarina and Paraná States between 1999 and 2008 (Table 1). All localities belong to the Atlantic Forest biome, and are constituted by dense ombrophilous forest. The climate is tropical, with high temperatures (means higher than 22 °C) and high rain precipitation, well distributed thorough the year (Veloso et al. 1991). Except for Unidade de Conservação Ambiental Desterro (Florianópolis, SC), Floresta Nacional (Ibirama, SC) and Floresta do Palmito (Paranaguá, PR), all the studied localities are constituted by forest fragments smaller than 10 ha, highly influenced by human activities, either by agriculture or by the proximity of urban areas. All the forest fragments had several breeding places for mosquitoes, mostly phytotelmata (e.g. bromeliads), shallow pools on rocks and, in Ascurra, Indaial and Ibirama, marshes with aquatic plants. Five different methodologies were utilized for the daylight collections: Shannon trap without light, CDC-like trap baited by a hen, artificially drilled bamboo internodes, attracted by humans and collected by suction tubes and aspiration from the vegetation. Mosquitoes were identified using descriptions and keys of Lane (1953a, b), Correa & Ramalho (1956), Consoli & Oliveira (1994) and Forattini (2002). When necessary, specimens were compared with those of the Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (São Paulo, Brazil). All specimens were glued to card triangles on entomological pins and are located in the Departamento de Microbiologia e Parasitologia da Universidade Federal de Santa Catarina and in the Entomological Collection Padre Jesus Santiago Moure, Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná (DZUP). Genera and subgenera of Culicidae are abbreviated according to Reinert (1975), and Ochlerotatus was considered a valid genus (Reinert 2000), as recommended by Marcondes (2007). The subgenus Ochlerotatus is abbreviated as Och. according to Reinert et al. (2004). Results and Discussion Eleven species were recorded for the first time for the states of Santa Catarina and Paraná (Table 2). These new records are distributed in eight genera. A review of the literature indicated that 89 species included in these eight genera have been previously recorded in Paraná and Santa Catarina states (Table 3). Mansonia includes two subgenera: Mansonia, not recorded in the Neotropical Region, and Mansonioides, which had 15 species recorded from this region (Barbosa et al. 2007). From these, Ma. titillans (Walker, 1848) and Ma. flaveola (Coquillett, 1906) are widely distributed, from southern United States (Florida and Texas) to extreme south of Brazil, Argentina and Uruguay (Heinemann & Belkin 1977, Cardoso et al. 2005). Mansonia titillans (Walker 1848) was previously reported as vector of Venezuelan Encephalitiditis Virus (Méndez et al. 2001). Ochlerotatus includes 58 species in Central and South America (Reinert et al. 2005). The larvae of Oc. argyrothorax BonneWepster & Bonne 1920 develop in tree holes and shallow ponds on rocks (Pereira et al. 2005). Psorophora forceps Cerqueira, 1939 had been recorded in Mato Grosso do Sul, Espírito Santo and Rio de Janeiro states (Guedes et al. 1965). The present report from Santa Catarina considerably extends its known distribution. Uranotaenia pallidoventer Theobald, 1903 was reported in Amazonian Forest (Hutchings et al. 2005). It should be emphasized the absence of previous reports of Uranotaenia from Santa Catarina (Table 3). Among species developing in phytotelmata, Sa. xhyphides Harbach, 1994 had been reported for two municipalities of Rio Grande do Sul, the most southern state of Brazil (Cardoso et al. 2005). Since the mosquitoes referred by Prado (1935) in bamboos at São Paulo state as Sa. intermedius (Lutz, 1904) were considered as Sa. xhyphydes (Harbach 1994), Santa Catarina would be the third state to have this species reported. The distribution of Toxorhynchites (Lynchiella) includes, besides tropical regions, also other subtropical and temperate ones, differently from the other two subgenera (Collins & Blackwell 2000). Toxorhynchites theobaldi (Dyar & Knab 1906), besides occurring in bamboo internodes, can also be found in tree holes (Silva & Lozovei 1999). The present report adds to the recent reports by Paterno & Marcondes (2004), Marcondes et al. (2003, 2006) and Müller & Table 1. Localities of Santa Catarina and Paraná states where mosquitoes were collected. Tabela 1. Localidades dos Estados de Santa Catarina e Paraná onde os mosquitos foram coletados. Locality Ascurra, SC Floresta Nacional, Ibirama, SC Floresta do Palmito, Paranaguá, PR Governador Celso Ramos, SC Guabiruba, SC Indaial, SC Nova Trento, SC Unidade de Conservação Ambiental Desterro, Florianópolis, SC http://www.biotaneotropica.org.br Coordinate 26° 57’ 07” S and 49° 22’ 14” W 27° 02’ 23” S and 49° 27’ 29” W 25° 31’ 13” S and 48° 30’ 34” W 27° 18’ 53” S and 48° 33’ 33” W 27° 05’ 09” S and 48° 58’ 52” W 26° 53’ 39” S and 49° 13’ 34” W 27° 15’ 49” S and 48° 55’ 22” W 27° 31’ 51” S and 48° 30’ 44” W Altitude (a.s.l.) 86 m 330 m 2m 40 m 60 m 82 m 379 m 50-150 m http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?short-communication+bn01208042008 213 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Mosquitos of Santa Catarina and Paraná Table 2. New records of Culicidae species from the Brazilian southern states of Santa Catarina and Paraná. Tabela 2. Novos registros de espécies de Culicidae para os Estados do sul brasileiro de Santa Catarina e Paraná. Species Aedini Ochlerotatus argyrothorax Bonne-Wepster & Bonne, 1920 Psorophora forceps Cerqueira, 1939 Mansoniini Mansonia flaveola (Coquillett, 1906) Ma. titillans (Walker, 1848) Sabethini Limatus flavisetosus Oliveira Castro, 1935 Sabethes xyphydes Harbach, 1994 Wyeomyia lassalli Bonne-Wepster & Bonne, 1921 Wy. pilicauda (Root, 1928) Locality Date Paranaguá, PR, (FEP) 1♀ 29.VI.2005 Guabiruba, SC 1♀ 13.X.1998 Ascurra, SC Indaial, SC Rio do Sul, SC 1♀ 3♀ 2♀ 14.XI.1999 10.V.1999 20.X.1999 Ibirama, SC, (FLONA) Florianópolis,SC, (UCAD) Florianópolis,SC, (UCAD) 1♀ 1♂, from immature forms 1♀ 02.IV.2008 22.V.2005 12.IV.2007 Paranaguá, PR, (FEP) 17♀ 90♀ 13♀ 2♀ 2♀ 2♀ 2♀ 5♀ 2♀ 12♀ 26.I.2005 16.II.2005 30.III.2005 27.IV.2005 23.V.2005 24.VIII.2005 23.IX.2005 31.X.2005 23.XI.2005 29.XII.2005 3♀ 1♀ 30.X.2005 23.XI.2005 Florianópolis, SC, (UCAD) 2♂, from immature forms 25.II.2006 Florianópolis, SC, (UCAD) 1♂, from immature forms 14.II.2006 Uranotaeniini Uranotaenia pallidoventer Theobald, 1903 Paranaguá, PR, (FEP) Toxorhynchitini Toxorhynchites bambusicolus (Lutz & Neiva, 1913) Tx. theobaldi (Dyar & Knab, 1906) Quantity/sex Table 3. Species of Ochlerotatus, Psorophora, Mansonia, Limatus, Sabethes, Wyeomyia, Uranotaenia and Toxorhynchites reported in Santa Catarina and/or Paraná states. Tabela 3. Espécies de Ochlerotatus, Psorophora, Mansonia, Limatus, Sabethes, Wyeomyia, Uranotaenia e Toxorhynchites registrados para os Estados de Santa Catarina e/ou Paraná. Species Santa Catarina Paraná References Aedini x marcondes et al. (2003) Ochlerotatus (Ochlerotatus) albifasciatus (Macquart 1838) x Barbosa et al. (2003), Consolim et al. (1993), Lopes & Lozovei Oc. (Och.)crinifer (Theobald 1903) (1995), Lopes (2002a), Tissot & Silva (2008) x x Barbosa et al. (1993), Bona & Navarro-Silva (2008), Consolim Oc. (Och.) fluviatilis (Lutz 1904) et al. (1993), Guimarães et al. (2003), Lopes et al. (1993, 1995b), Lopes & Lozovei (1996), Lopes (1997b, c, 2002a, b), Marcondes et al. (2006), Silva (2002), Tissot & Silva (2008) x x Consolim et al. (1993), Guimarães et al. (2003), Marcondes Oc. (Och.) fulvus (Wiedemann 1828) et al. (2003), Tissot & Silva (2008) x Tissot & Silva (2008) Oc. (Och.) hastatus Dyar 1922 x Bona & Navarro-Silva (2008) Oc. (Och.) hortator (Dyar & Knab 1907) x Tissot & Silva (2008) Oc. (Och.) nubilus Theobald 1903 x Tissot & Silva (2008) Oc. (Och.) oligopistus Dyar 1918 x Guimarães et al. (2003) Oc. (Och.) pennai (Antunes & Lane 1938) x x Marcondes et al. (2003), Santos-Neto & Lozovei (2008), Oc. (Och.) rhyacophilus Costa Lima 1933 Tissot & Silva (2008) x x Barbosa et al. (2003), Bona & Navarro-Silva (2008), Guimarães Oc. (Och.) scapularis (Rondani 1848) et al. (2003), Lopes et al. (1995b), Lopes & Lozovei (1996), Marcondes & Paterno (2005), Paterno & Marcondes (2004), Sant’Ana & Lozovei (2001), Silva & Menezes (1996), Silva (2002), Tissot & Navarro-Silva (2004) http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?short-communication+bn01208042008 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 214 Müller, G.A. et al. Table 3. Continued... Species Oc. (Och.) serratus (Theobald 1901) Oc. (Och.) stigmaticus (Edwards 1922) Oc. (Och.) terrens (Walker 1856) Psorophora (Grabhamia) cingulata (Fabricius 1805) Ps.( Gra.) confinnis (Fabricius 1805) Ps. (Janthinosoma) albipes (Theobald 1907) Ps. (Jan.) albigenu (Lutz 1908) Ps. (Jan.) circumflava Cerqueira 1943 Ps. (Jan.) discrucians (Walker 1956) Ps. (Jan.) ferox (Humboldt 1819) Ps. (Jan.) johnstonii (Grabham 1905) Ps. (Jan.) lanei Shannon & Cerqueira 1943 Ps. (Jan.) lutzii (Theobald 1901) Ps. (Jan.) pseudomelanota Barata & Cotrim 1971 Ps. (Jan.) varipes (Coquillett 1904) Ps. (Psorophora) ciliata (Fabricius 1794) Santa Catarina Paraná References x x Barbosa et al. (1993, 2003), Bona & Navarro-Silva (2008), Consolim et al. (1993), Guimarães et al. (2003), Marcondes et al. (2006), Paterno & Marcondes (2004), Santos-Neto & Lozovei (2008), Tissot & Navarro-Silva (2004) x Barbosa et al. (1993) x x Barbosa et al. (1993), Consolim et al. (1993), Guimarães et al. (2003), Lopes (1997a, 2002a, b), Lopes et al. (2002), Marcondes et al. (2003), Santos-Neto & Lozovei (2008), Silva & Lozovei (1999), Tissot & Silva (2008) x Barbosa et al. (1993), Consolim et al. (1993), Lopes et al. (1993), Lopes & Lozovei (1996), Lopes (1997b, c, 2002a), Santos-Neto & Lozovei (2008), Tissot & Silva (2008) x Consolim et al. (1993), Lopes & Lozovei (1996), Lopes (2002a), Silva (2002), Tissot & Silva (2008) x Bona & Navarro-Silva (2008), Guimarães et al. (2003), Tissot & Silva (2008) x Consolim et al. (1993) x Lopes (2002a) x x Consolim et al. (1993), Lopes & Lozovei (1996), Lopes (2002a), Marcondes et al. (2006) x x Barbosa et al. (1993, 2003), Bona & Navarro-Silva (2008), Consolim et al. (1993), Guimarães et al. (2003), Marcondes et al. (2006), Paterno & Marcondes (2004), Tissot & Navarro-Silva (2004), Tissot & Silva (2008) x Consolim et al. (1993) x x Consolim et al. (1993), Marcondes et al. (2006) x x Marcondes et al. (2003), Tissot & Silva (2008) x Santos-Neto & Lozovei (2008) Ps. (Ps.) saeva Dyar & Knab 1906 Mansoniini Mansonia (Mansonia) amazonensis (Theobald 1901) Ma. (Man.) cerqueirai (Barreto & Coutinho 1932) Ma. (Man.) flaveola (Coquillett 1906) Ma. (Man.) fonsecai (Pinto 1932) x Barbosa et al. (1993), Guimarães et al. (2003) Consolim et al. (1993), Marcondes et al. (2006), Tissot & Silva (2008) Lopes (2002a) x Lopes (2002a), Teodoro et al. (1995) x Tissot & Silva (2008) x x Ma. (Man.) humeralis Dyar & Knab 1916 Ma. (Man.) iguassuensis Barbosa, Navarro-Silva & Sallum 2007 Ma. (Man.) indubitans Dyar & Shannon 1925 x x Teodoro et al. (1995) Bona & Navarro-Silva (2008), Tissot & Navarro-Silva (2004), Tissot & Silva (2008) consolim et al. (1993), Lopes (2002a), Teodoro et al. (1995) Tissot & Silva (2008) Ma. (Man.) pessoai (Barreto & Coutinho 1944) Ma. (Man.) pseudotitillans (Theobald 1901) Ma (Man.) titillans (Walker 1848) x Ma. (Man.) wilsoni (Barreto & Coutinho 1944) Sabethini http://www.biotaneotropica.org.br x x x x x x x x Barbosa et al. (2003), Consolim et al. (1993), Lopes (2002a), Teodoro et al. (1995) Barbosa et al. (2003), Tissot & Navarro-Silva (2004), Tissot & Silva (2008) Consolim et al. (1993), Lopes (2002a), Teodoro et al. (1995) barbosa et al. (2003), Consolim et al. (1993), Guimarães et al. (2003), Lopes et al. (1995b, c), Lopes & Lozovei (1996), Lopes (2002a), Teodoro et al. (1995), Tissot & Navarro-Silva (2004) Barbosa et al. (2003), Lopes (2002a), Marcondes et al. (2006), Teodoro et al. (1995), Tissot & Navarro-Silva (2004) http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?short-communication+bn01208042008 215 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Mosquitos of Santa Catarina and Paraná Table 3. Continued... Species Limatus durhamii Theobald 1901 Li. flavisetosus Oliveira Castro 1935 Sabethes (Peytonulus) aurescens (Lutz 1905) Sa. (Pey.) undosus (Coquillett 1906) Sa. (Sabethes) albiprivus Lutz 1903 Sa. (Sab.) batesi Lane & Cerqueira 1942 Sa. (Sab.) belisarioi Neiva 1908 Sa. (Sab.) purpureus (Theobald 1907) Sa. (Sabethoides) chloropterus (Humbold 1820) Sa. (Sabethinus) identicus Dyar & Knab 1907 Sa. (Sbn) indiogenes (Harbach 1994) Sa. (Sbn) intermedius (Lutz 1904) Sa. (Sbn) melanonymphe (Dyar 1924) Santa Catarina Paraná References x x Consolim et al. (1993), Guimarães et al. (2003), Lopes et al. (1987, 1993, 1995a), Lopes (1997a, b, c, 1999, 2002a), Marcondes et al. (2006), Paterno & Marcondes (2004), Silva (2002), Tissot & Navarro-Silva (2004), Tissot & Silva (2008) x Tissot & Silva (2008) x x Lozovei (1998, 2001), Marcondes & Mafra (2003), Marcondes et al. (2006), Paterno & Marcondes (2004), Tissot & Silva (2008), Zequi & Lopes (2001) x Tissot & Silva (2008) x x Guimarães et al. (2003), Paterno & Marcondes (2004) x Lozovei (1998, 2001) x x Consolim et al. (1993), Marcondes et al. (2006) x Barbosa et al. (2003), Guimarães et al. (2003), Tissot & Silva (2008) x Guimarães et al. (2003) x x x x x x x x Sa. (Sbn) xhyphydes Harbach 1994 Wyeomyia (Dendromyia) personata (Lutz 1904) Wy. (Exallomyia) tarsata Lane & Cerqueira 1942 Wy. (Phoniomyia) antunesi Lane & Guimarães 1937 Wy. (Pho.) bourrouli Lutz 1905 Wy. (Pho.) davisi (Lane & Cerqueira 1942) x x x Wy. (Pho.) edwardsi Lane & Cerqueira 1942 x x Wy. (Pho.) fuscipes Edwards 1922 Wy. (Pho.) galvaoi (Correa & Ramalho 1956) x x x Wy. (Pho.) incaudata Root 1928 x x Wy. (Pho.) lopesi (Correa & Ramalho 1956) Wy. (Pho.) mystes Dyar 1924 x x x Wy. (Pho.) pallidoventer (Theobald 1907) x x Wy. (Pho.) palmata (Lane & Cerqueira 1942) Wy. (Pho.) pilicauda (Root 1928) Wy. (Pho.) quasilongirostris (Theobald 1907) x x x x Wy. (Pho.) splendida Bonne-Wepster & Bonne 1919 Wy. (Pho.) theobaldi (Lane & Cerqueira 1942) Wy. (Pho.) tripartita (Bonne-Webster & Bonne 1921) Wy. (Prosopolepis) confusa (Lutz, 1905) Wy. (Wyeomyia) abebela Dyar & Knab 1908 x x marcondes et al. (2003) x x x http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?short-communication+bn01208042008 Guimarães et al. (2003), Lopes (2002a), Marcondes et al. (2006), Zequi & Lopes (2001) Lopes (2002a) Tissot & Silva (2008) Lozovei (1998, 2001), Lopes (2002a), Marcondes et al. (2003, 2006), Zequi & Lopes (2001) Tissot & Silva (2008) Lozovei (1998, 2001) Tissot & Silva (2008) marcondes et al. (2003), Paterno & Marcondes (2004) Bona & Navarro-Silva (2008), Muller & Marcondes (2006), Paterno & Marcondes (2004) Marcondes et al. (2003), Muller & Marcondes (2006), Tissot & Silva (2008) paterno & Marcondes (2004) Bona & Navarro-Silva (2008), Paterno & Marcondes (2004), Tissot & Silva (2008) Bona & Navarro-Silva (2008), Marcondes & Paterno (2005), Muller & Marcondes (2006), Paterno & Marcondes (2004) Bona & Navarro-Silva (2008) Guimarães et al. (2003), Paterno & Marcondes (2004), Tissot & Silva (2008) Muller & Marcondes (2006); Paterno & Marcondes (2004); Tissot & Silva (2008) paterno & Marcondes (2004) Muller & Marcondes (2006), Paterno & Marcondes (2004) Barbosa et al. (2003), Guimarães et al. (2003), Marcondes et al. (2003), Tissot & Navarro-Silva (2004), Tissot & Silva (2008) paterno & Marcondes (2004) x Bona & Navarro-Silva (2008), Paterno & Marcondes (2004) marcondes et al. (2003), Muller & Marcondes (2007) x x Guimarães et al. (2003) Bona & Navarro-Silva (2008) http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 216 Müller, G.A. et al. Table 3. Continued... Species Wy. (Wyo) limai Lane & Cerqueira 1942 Santa Catarina Paraná References x x Lozovei (1998, 2001), Lopes (2002a), Marcondes & Mafra (2003, 2006), Tissot & Silva (2008), Zequi & Lopes (2001) x x Lozovei (1998, 2001), Marcondes et al. (2003) Wy. (Wyo) lutzi (Costa Lima 1930) x Guimarães et al. (2003) Wy. aporonoma Dyar & Knab 1906 x marcondes et al. (2003) Wy. argenteorostris (Bonne-Wepster & Bonne 1920) x marcondes et al. (2003) Wy. cesari Del Ponte & Cerqueira 1938 x Lopes (2002a), Zequi & Lopes (2001) Wy. rooti (Del Ponte 1939) Uranotaeniini x Lopes (2002) Uranotaenia (Uranotaenia) apicalis Theobald 1903 x Santos-Neto & Lozovei (2008) Ur. (Ura.) calosomata Dyar & Knab 1907 x Lopes (2002a), Lopes et al. (2002) Ur. (Ura.) geométrica Lutz 1901 x Silva (2002), Tissot & Silva (2008) Ur. (Ura.) lowii Theobald 1901 x Santos-Neto & Lozovei (2008), Silva (2002); Ur. (Ura.) nataliae Lynch-Arribalzaga 1891 x Lopes & Lozovei (1995), Lopes (2002a) Ur. (Ura.) pulcherrima Lynch-Arribalzaga 1891 Toxorhynchitini x Marchon-Silva et al. (1996) Toxorhynchites (Ankylorhynchus) catharinensis (Costa Lima, Guitton, & Ferreira 1962) x Lozovei (1998, 2001) To. (Linchiella) bambusicolus (Lutz & Neiva 1913) x Lozovei (2001) To. (Lyn.) pusillus (Costa Lima 1931) x Silva & Lozovei (1996, 1999) To. (Lin.) theobaldi (Dyar & Knab 1906) Marcondes (2006) eight species new for Santa Catarina, besides three others for Paraná, which has been better studied, showing that the fauna of these southern Brazilian states is diversified and poorly known. This is specially marked for Wyeomyia (Phoniomyia), since 14 of the 21 known species were already reported from Santa Catarina. This group, which had only one new species (Wy. deanei Lourenço de Oliveira, 1983) described since 1956, certainly deserves a more thoroughly study. For instance, Anhembi arbovirus was isolated from Wy. pilicauda (Root 1928) in the littoral of São Paulo state (Souza Lopes et al. 1975). Acknowledgements CNPq granted a Ph. D. scholarship for GAM. Dr. Regiane Maria Tirone Menezes, of SUCEN/SES/SP, for checking some of the identifications and donation of related material (one female of Oc. hastatus/ oligopistus). Mr. Aristides Fernandes (Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo), for checking some identifications. This study is part of the Project “Internal dynamics of rain forest: specificity of animal-plant interaction” within the Brazilian-German program “Mata Atlântica”, and we acknowledge the financial support by BMBF (01LB0205) and CNPq (690143/01-0). BARBOSA, A.A., NAVARRO-SILVA, M.A. & SALLUM, M.A. 2007. Mansonia (Mansonia) iguassuensis sp. nov. (Diptera: Culicidae) from Brasil. Zootaxa, 1527:1-8. BONA, A.C.D. & NAVARRO-SILVA, M.A. 2008. Diversidade de Culicidae durante os períodos crepusculares em bioma de Floresta Atlântica e paridade de Anopheles cruzii (Diptera: Culicidae). Rev. Bras. Zool., 25(1):40-48. CARDOSO, J.C., CORSEUIL, E. & BARATA, J.M.S. 2005. Culicinae (Diptera, Culicidae) ocorrentes no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Rev. Bras. Entomol., 49(2):275-287. COLLINS, L.E. & BLACKWELL, A. 2000. 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Data Received 07/07/08 Revised 31/10/08 Accepted 04/11/08 http://www.biotaneotropica.org.br http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/en/abstract?short-communication+bn01208042008 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Ontogenia e aspectos comportamentais da larva de Phasmahyla guttata (Lutz, 1924) (Amphibia, Anura, Hylidae) Paulo Nogueira da Costa1,3 & Ana Maria Paulino Telles de Carvalho e Silva2 Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, Cidade Universitária, CP 68.044, CEP 21944-970, Rio de Janeiro, RJ, Brasil 2 Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UFRJ, CEP 22290-240, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, e-mail: [email protected] 3 Autor para correspondência: Paulo Nogueira da Costa, e-mail: [email protected], http://www.ipub.ufrj.br 1 COSTA, P.N. & CARVALHO-E-SILVA, A.M.T. Ontogeny and behavioral aspects of the larva of Phasmahyla guttata (Lutz, 1924) (Amphibia, Anura, Hylidae). Biota Neotrop., 8(4): http://www.biotaneotropica.org.br/ v8n4/en/abstract?short-communication+bn01508042008 Abstract: The genus Phasmahyla Cruz, 1990 is composed of small anurans, whose spawns are deposited on leaves above forested streams. Their tadpoles are neustonic and presents dorsal buccal funnel. In the city of Rio de Janeiro the genus is represented by P.guttata (Lutz 1924). Tadpoles of this species were collected in the Rio dos Macacos, Horto Florestal, Rio de Janeiro and their ontogenetical development were studied. Larvae hatch in the stage 25 (ca 16.5 mm), remaining in this stage until an average length of 18.4 mm. The buccal funnel grows from 1.9 mm (stage 25) to 7.1 mm (stage 40), been completely absorbed in the end of stage 42. The tail grows gradually until stage 41, when the tadpoles reach theirs biggest size (average length of 55.1 mm). In stage 41, tail start to be absorbed, disappearing completely in the stage 46. In the streams, the tadpoles are distributed in schools, constituted by tadpoles of several development stages. The composition of schools changed throughout the year. In the months of June and July the occurrence of newly hatched tadpoles was not observed, with the appearance of the first newly hatched in the month of August. A greater number of newly hatched tadpoles were observed in March, April and May. Five spawns were collected, all deposited in nests of leaves rolled into funnel shape. To make up the nests, the pair used only fresh leaves, which are longer than wide. Keyworks: Phyllomedusinae, spawning, tadpole, development. COSTA, P.N. & CARVALHO-E-SILVA, A.M.T. Ontogenia e aspectos comportamentais da larva de Phasmahyla guttata (Lutz, 1924) (Amphibia, Anura, Hylidae). Biota Neotrop., 8(4): http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/ pt/abstract?short-communication+bn01508042008 Resumo: O gênero Phasmahyla Cruz, 1990 é composto por pequenos anuros, cujas desovas são depositadas em folhas acima de córregos na mata. Seus girinos são neustônicos e apresentam funil bucal dorsal. Na cidade do Rio de Janeiro o gênero está representado por P.guttata (Lutz 1924). Girinos desta espécie foram coletados no Rio dos Macacos, Horto Florestal, Rio de Janeiro e sua ontogenia foi estudada. A larva eclode no estágio 25 (com cerca de 16,5 mm), permanecendo neste estágio até um comprimento médio de 18,4 mm. O funil bucal cresce de 1,9 mm (estágio 25) a 7,1 mm (estádio 40), sendo completamente absorvido no final do estágio 42. A cauda cresce gradualmente até o estágio 41, quando os girinos alcançam as maiores dimensões (comprimento médio de 55,1 mm). No estágio 41, a cauda começa a ser absorvida, desaparecendo completamente no estágio 46. Nos córregos, os girinos são distribuídos em cardumes, compostos por indivíduos de diferentes estágios de desenvolvimento. A composição dos cardumes variou ao longo do ano. Nos meses de junho e julho a ocorrência de girinos recém-eclodidos não foi observada, com o aparecimento dos primeiros recém-eclodidos em agosto. Um maior número de girinos recém-eclodidos foi observado em março, abril e maio. Cinco desovas foram coletadas, todas depositadas em ninhos de folhas enroladas em forma de funil. Para a confecção dos ninhos, o casal usou apenas folhas vivas, mais longas do que largas. Palavras-chave: Phyllomedusinae, desova, girino, desenvolvimento. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?short-communication+bn01508042008 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 220 Costa, P.N. & Carvalho-e-Silva, A.M.T. Introdução Material e Métodos As espécies da subfamília Phyllomedusinae Günther, 1858, distinguem-se dos demais hilídeos por apresentarem pupila vertical, locomoção em marcha, coloração verde, desova acima da superfície da água e girinos com espiráculo ventral (Cruz 1982). Esta subfamília distribui-se na América latina, do México à Argentina, e encontra-se dividida atualmente em sete gêneros: Agalychnis Cope, 1864, Cruziohyla Faivovich et al. 2005, Hylomantis Peters 1873, Pachymedusa Duellman 1968, Phasmahyla Cruz 1991, Phrynomedusa Miranda-Ribeiro 1923 e Phyllomedusa Wagler 1830. No Brasil são encontradas 36 espécies distribuídas em cinco gêneros (Frost 2008). O gênero Phasmahyla Cruz, 1990, é composto por animais de pequeno porte (comprimento rostro-anal de 29,0 a 45,5 mm) com saco vocal e fendas vocais ausentes, que desovam em ninhos de folhas enroladas e possuem girinos com funil bucal dorsal (Cruz 1990). Este gênero encontra-se distribuído na região da Mata Atlântica do sul da Bahia ao norte do Paraná e possui quatro espécies descritas: P. guttata (Lutz 1924), encontrada no litoral dos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e norte do Paraná; P. jandaia (Bokermann & Sazima 1978), encontrada em Minas Gerais; P. cochranae (Bokermann 1966), que ocorre no norte do Estado de São Paulo, sul do Estado de Minas Gerais e sudoeste do Estado do Rio de Janeiro e P. exilis (Cruz 1980), que ocorre no sul do Estado da Bahia e no Estado do Espírito Santo (IUCN 2008). Izecksohn & Carvalho-e-Silva (2001) abordam alguns aspectos do comportamento do girino, da vocalização e da reprodução de Phasmahyla guttata. Citam também, que essa espécie ocorre na Mata Atlântica da Serra do Mar e sofreu um declínio populacional nas últimas décadas. Como a maioria dos anfíbios possui forma larval aquática e adultos terrestres os processos seletivos que agem sobre as larvas e adultos podem agir isoladamente causando a divergência entre larvas de espécies afins e a convergência entre larvas de espécies afastadas (Dunn 1924). Estudos ontogenéticos em anuros podem contribuir para o esclarecimento das relações filogenéticas destes animais, constituindo uma importante ferramenta para elucidar questões taxonômicas entre os grupos. No presente trabalho é descrito o desenvolvimento do girino, aspectos da formação de cardume e a desova de Phasmahyla guttata. Excursões mensais para a Cachoeira dos Primatas (43° 14’ 35” W e 22° 58’ 01” S) no Município do Rio de Janeiro, foram realizadas de julho de 2004 a dezembro de 2005, para coleta (Licença IBAMA n. 13987) de girinos e procura de desovas. A altura em que as desovas estavam depositadas foi determinada e assim como em que região (adaxial ou abaxial) da folha foi depositada. Os girinos foram coletados com um puçá de plástico e acondicionados em sacos plásticos com água do local de coleta. No laboratório, os girinos foram anestesiados com cloretona a 0,25% e separados, sob microscópio estereoscópico, em diferentes estágios de desenvolvimento segundo Gosner (1960). As medições foram realizadas com um paquímetro (precisão de 0,1 mm) em cinco girinos de cada estágio, coletados no ambiente e fixados logo após a chegada ao laboratório. O desenvolvimento dos girinos, entre os estágios 25 a 39, foi analisado pela determinação dos seguintes caracteres morfométricos: comprimento total (Comp-tot), comprimento do corpo (Comp-Cor), comprimento da cauda (Comp-Cau), largura do corpo (L-C), altura do corpo (A-CO), altura da cauda (A-CAU), distância do espiráculo ao focinho (E-F), distância do espiráculo ao ânus (E-A), distância entre o olho e o focinho (O-F), distância interocular (O-O), distância entre o olho e a narina (O-N), distância internasal (N-N), distância da narina a extremidade do focinho (N-F), largura do funil bucal (L-FB) e diâmetro do olho (DO). Para girinos nos estágios 40 e 41 foram adicionadas as medidas do comprimento do fêmur (C-FE), comprimento da tíbia (C-TI), comprimento do tarso (C-TA) e comprimento do pé (C-PE), e para girinos nos estágios 42 a 46 foram adicionados as medidas do comprimento rostro-cloacal (CRC), o comprimento da cabeça (C-CA), a largura da cabeça (L-CA) comprimento do úmero (C-UM), comprimento do antebraço (C-AN), comprimento da mão (C-MA). A partir do estágio 43 não foram medidas a altura do corpo (A-CO), a altura da cauda (A-CAU), e a distância da narina ao focinho (N-F), e foi adotada a largura da boca (L-B) no lugar da largura do funil bucal (Figura 1). As medidas foram adaptadas de Duellman (1970). Três desovas encontradas foram fixadas e tiveram o número de ovos contados. Todo o material fixado (girinos, desovas e adultos) foi 42 41 10 mm 10 mm 43 44 10 mm 10 mm 45 46 10 mm 10 mm Figura 1. Vista lateral dos girinos de Phasmahyla guttata nos estágios 41, 42, 44, 45 e 46. Figure 1. Lateral view of the Phasmahyla guttata tadpoles in the stages 41, 42, 44, 45 and 46. http://www.biotaneotropica.org.br http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?short-communication+bn01508042008 221 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Ontogenia e comportamento da larva de Phasmahyla gutatata depositado na coleção do Laboratório de Biossistemática de Anfíbios (LABAN) da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) (lotes 3191, 3192, 3193, 3194, 2731). Os esquemas do desenvolvimento dos girinos e dos recém metamorfoseados foram realizados sob microscópio estereoscópico acoplado a uma câmara clara, no Laboratório Integrado de Microscopia e Análise de Imagens (LIMAI) da UNIRIO. A descrição da coloração dos animais foi realizada através do catálogo de cores para naturalistas de Smithe (1975). Os cardumes foram observados em horários variados do dia, entre julho de 2004 e dezembro de 2005, por períodos de tempo de 30 minutos a duas horas. Durante as observações foi anotado o número de indivíduos nos cardumes, a composição dos cardumes, a direção de deslocamento dos girinos e a distância entre eles. A distância entre os girinos nos cardumes foi medida no ambiente de coleta com o auxílio de uma régua. Todos os indivíduos dos cardumes foram capturados com um puçá e contados. Indivíduos de tamanhos muito diferentes foram coletados e levados ao laboratório para a determinação do estágio de desenvolvimento. Resultados Os girinos eclodem no estágio 25 com cerca de 16,5 mm e permanecem neste estágio até um comprimento médio de 18,4 mm. O maior girino no estágio 25 tinha 24,2 mm de comprimento total. O funil bucal cresce de um comprimento médio de 1,9 mm, no estágio 25, até alcançar um tamanho máximo médio de 7,1 mm, no estágio 40. A partir deste estágio o funil bucal começa a ser absorvido desaparecendo por completo no final do estágio 42. Neste estágio foram observadas as maiores variações no comprimento do funil bucal, de um comprimento máximo de 5,9 mm até seu desaparecimento, dando origem a uma boca de 3,9 mm (Figura 1). A cauda cresce de forma progressiva até o estágio 41, quando o girino alcança seu maior tamanho com um comprimento médio de 55,1 mm. A partir do estágio 41 a cauda começa a regredir, desaparecendo por completo no estágio 46 (Figura 1). No estágio 43 ocorre a maior variação do comprimento total com um comprimento máximo de 48,9 mm e mínimo de 32,7 mm, refletindo as variações sofridas no comprimento da cauda (Figuras 1 e 2). O corpo cresce rapidamente do estágio 25 ao 27, dobrando seu tamanho. A partir do estágio 27 o crescimento corpóreo é mais lento e contínuo, o corpo continua crescendo até a idade adulta (Figura 2). À medida que se aproxima da metamorfose (estágio 41), a região rostral do girino começa a tomar as características do adulto (Figuras 3 a 5). A distância interorbital cresce do estágio 25 ao estágio 39 e após este estágio começa a diminuir. A distância internasal cresce até o estágio 38, decrescendo de acordo com a proximidade da metamorfose. A distância entre o olho e a narina cresce até o estágio 30 e permanece quase que constante após este estágio (Figuras 4 e 5). No animal adulto as narinas e os olhos ficam mais próximos do focinho. A distância entre o olho e o focinho diminui acentuadamente assim que o animal sai da água, no estágio 42 (Figura 3). O comprimento da mão é maior que do antebraço no estágio 42. A partir do estágio 44 a mão passa a crescer de forma menos acelerada, com suas medidas igualando-se as do antebraço no estágio 45. No estágio 46 o comprimento do antebraço já é maior que o comprimento da mão (Figura 1). O recém metamorfoseado mede em média 19,3 mm de CRC. Os cardumes de P. guttata são compostos por indivíduos de estágios variados, sendo muitas vezes observados cardumes com girinos nos estágios 26 e 42. Os girinos são neustônicos e permanecem na superfície da água movimentando a ponta da cauda em um movimento flagelar, geralmente com o funil bucal em contato com a superfície da 60 comp-tot comp-cor comp-cau 50 Comprimento (mm) 40 30 20 10 0 25 26 27 28 29 30 31 32 34 35 36 37 38 Estágios de desenvolvimento 39 40 41 42 43 44 45 46 Figura 2. Valores médios de Comprimento total (Comp-tot), Comprimento do corpo (Comp- cor) e Comprimento da cauda (Comp-cau) dos girinos de P. guttata nos estágios 25 ao 46. Figure 2. Mean values for total length (Comp-tot), body length (Comp-cor) and tail length (Comp-cau) of tadpoles of P. guttata in stages 25 to 46. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?short-communication+bn01508042008 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 222 Costa, P.N. & Carvalho-e-Silva, A.M.T. água. Nos meses de junho e julho não foi observada a ocorrência de girinos recém eclodidos (com 16,5 mm), os quais foram registrados de março a maio e em agosto. Girinos de estágios mais avançados foram observados o ano todo. Os cardumes são bem organizados e podem variar de 15 a 30 indivíduos, com os girinos nadando sempre voltados para a mesma direção. Os girinos mantêm uma distância regular entre si, de cerca de 30 a 40 mm. Muitas vezes foram observados cardumes isolados formados apenas por girinos no estágio 25. Esses cardumes não se misturavam e devido ao pequeno número de girinos, homogeneidade de tamanho e de estágio de desenvolvimento entre eles, tais cardumes possivelmente são formados por indivíduos de uma mesma desova. Foram coletadas cinco desovas (Tabela 1), todas depositadas em ninhos de folhas enroladas em formato de funil, quatro delas pendentes sobre a água e uma pendente sobre uma rocha na margem do riacho. Duas desovas estavam depositadas na face adaxial e três na face abaxial das folhas. Para a confecção dos ninhos (Figura 6), o casal usou apenas folhas vivas (mais compridas do que largas), localizadas a uma altura de até 163 cm da superfície da água. Duas desovas foram encontradas abertas e não se desenvolveram, as desovas encontradas m folhas enroladas se desenvolveram normalmente. Uma desova foi mantida em cativeiro até sua eclosão. O último girino eclodiu 12 horas após a eclosão do primeiro. Os girinos eclodiram com cerca de 16,5 mm (Figura 6). Os ovos apresentavam coloração creme e estavam dispostos de forma aleatória formando uma massa compacta no interior da folha, sendo que em algumas desovas foram encontrados ovos em diferentes estágios de desenvolvimento. Os primeiros girinos a eclodirem saíram pelo fundo do funil. A eclosão da cápsula gelatinosa pelos girinos libera água, que vai aos poucos abrindo a desova, facilitando a saída dos demais girinos. Discussão Em alguns anuros o membro anterior esquerdo sai pela abertura do espiráculo (Duellman & Trueb 1996), mas isso não é possível para os Phyllomedusinae devido a seu espiráculo ventral. Os membros anteriores de P. guttata só aparecem quando a membrana opercular se rompe. 10 N-N O-N 9 O-O O-F 8 Distância (mm) 7 6 5 4 3 2 1 0 25 26 27 28 29 30 31 32 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 Estágios de desenvolvimento Figura 3. Valores médios de Distância internasal (N-N), Distância interorbital (O-O), Distância entre o olho e a narina (O-N) e entre olho e o focinho (O-F), nos estágios 25 a 46 dos girinos de P.guttata. Figure 3. Median of Internasal distance (N-N), Interorbital distance (O-O), Distance between eye and nostril (O-N) and between eye and snout (O-F), in stages 25 to 46 of P. guttata tadpoles. Tabela 1. Número de ovos e altura do sítio de desova de P. guttata no Rio dos Macacos, Rio de Janeiro. Table 1. Egg number and high of egg clutch site of P. guttata in Rio dos Macacos, Rio de Janeiro. Desovas egg clutch Data de coleta date of collection Nº de ovos number of eggs Distância da água em cm distance from the water in cm http://www.biotaneotropica.org.br 1 10/2004 68 155 2 05/2005 25 103 3 05/2005 21 163 4 09/2005 51 98 5 05/2006 47 110 http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?short-communication+bn01508042008 223 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Ontogenia e comportamento da larva de Phasmahyla gutatata 40 7,18 mm 41 7,18 mm 42 42 43 44 45 42 46 7,18 mm 7,18 mm 43 Figura 5. Vista lateral do desenvolvimento da região rostral, entre os estágios 42 a 46. Figure 5. Lateral view of the rostral portion development, between stages 42 to 46. 7,18 mm Figura 4. Vista dorsal das várias etapas de regressão do funil bucal nos estágios 40 a 43. Figure 4. Dorsal view of the various stages of regression of the buccal funnel in the stages 40 to 43. O único girino de P. guttata no estágio 37 observado por Cruz (1982), apresenta dimensões menores do que a média e igual ao menor tamanho registrado nos exemplares presentemente estudados. O girino de P. guttata apresenta o maior comprimento total entre os girinos de Phasmahyla conhecidos: P. cochranae, comprimento total de 43,0 mm e comprimento do corpo de 16 mm no estágio 36; P. jandaia comprimento total de 42,5 mm e comprimento do corpo de 14 mm no estágio 37; P. exilis comprimento total de 39,5 mm e comprimento do corpo de 13 mm no estágio 37 (Cruz 1982). O menor girino encontrado por nós no estágio 36 possuía 47,6 mm de comprimento total, com 13 mm de comprimento do corpo. Já no estágio 37, o menor tamanho encontrado foi 47,5 mm de comprimento total, com 13 mm de comprimento do corpo. Assim, os girinos de P. guttata são os maiores do gênero, sendo que sua cauda longa proporciona seu maior comprimento, pois o comprimento corpo é menor que o de P. jandaia e de P. cochranae e igual ao de P. exilis. Os girinos criados em laboratório cresceram menos do que os encontrados no riacho, por isso seu desenvolvimento não foi estudahttp://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?short-communication+bn01508042008 do. Fatores como temperatura da água, disponibilidade e qualidade do alimento podem estar relacionados a este fato. De acordo com Caramaschi & Jim (1983) variações nas dimensões corporais dos girinos ocorrem mesmo dentro de cada estágio e podem estar relacionadas ao crescimento do girino antes que mude de estágio ou a maior eficiência individual na tomada e na conversão de alimento. Os girinos são classificados como neustônicos (Altig & Mcdiarmid, 1999) e, segundo Lutz (1954), os girinos de P. guttata são gregários. Todos os Phyllomedusinae depositam seus ovos fora do ambiente aquático, entretanto nem todas as espécies usam folhas como ninho. Phrynomedusa fimbriata Miranda-Ribeiro 1923 e Phrynomedusa marginata (Izecksohn & Cruz, 1976), por exemplo, desovam em rochas ou troncos caídos sobre a superfície da água (Cruz 1990). Foram encontradas desovas depositadas tanto na face abaxial quanto na adaxial das folhas, diferente do observado por Bokermann & Sazima (1978) para P. jandaia, que deposita seus ovos na face abaxial das folhas, e por nós para a população de P. guttata em Mangaratiba, que desova na face adaxial das folhas. De acordo com Prado et al. (2000) o tamanho das fêmeas pode estar positivamente relacionado com o número de ovos produzidos, o que pode explicar a diferença na quantidade de ovos nas desovas observadas de P. guttata. http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 224 Costa, P.N. & Carvalho-e-Silva, A.M.T. a Referências Bibliográficas ALTIG, R. & MCDIARMID, R.W. 1999. Body plan: development and morphology. In Tadpoles: The Biology of Anuran Larvae (McDiarmid, R.W. & Altig, R. eds.). The University of Chicago Press, Chicago and London, p. 24-51. BOKERMANN, W.C.A & SAZIMA, I. 1978. Anfíbios da Serra do Cipó, Minas Gerais, Brasil. 4: Descrição de Phyllomedusa jandaia sp. n. Rev. Brasil. Biol. = Braz. J. Biol. 38(4):927-930. CARAMASCHI, U. & JIM, J. 1983. Observações sobre hábitos e desenvolvimento dos girinos de Phyllomedusa vaillanti Boulernger (Amphibia, Anura, Hylidae). Rev. Bras. Biol. = Braz. J. Biol. 43(3):261‑268. b CRUZ, C.A.G. 1980. Descrição de uma nova espécie de Phyllomedusinae do Estado do Espírito Santo, Brasil. Rev. Bras. Biol. = Braz. J. Biol. 40(4):683-687. CRUZ, C.A.G. 1982. Conceituação de grupos de espécies de Phyllomedusinae brasileiras com base em caracteres larvários (Amphibia, Anura, Hylidae). Arq. Univ. Fed. Rur. Rio de Janeiro 5(2):149- 171. CRUZ, C.A.G. 1990. Sobre as relações intergenéricas de Phyllomedusinae na Floresta Atlântica (Amphibia, Anura, Hylidae). Rev. Bras. Biol. = Braz. J. Biol. 50(3):709-726. DUELLMAN, W.E. 1970. The Hylid Frog of Middle America. Vol. 1. Monograph Museum of Natural History, University of Kansas, Kansas, p. 1-427. DUELLMAN, W.E. & TRUEB, L. 1996. Biology of amphibians. MacGrawKill Publishing Company, New York. DUNN, E.R. 1924. Some Panamanian frogs. Occ. Pap. Mus. Zool. Univ. Mich. 151:1-12. FROST, D.R. 2008. Aphibian Species of the World: an online reference. http:// research.amnh.org/herpetology/amphibia/index.html (último acesso em 15 julho 2002) IUCN. Conservation International, and NatureServe. 2006. Global Amphibian Assessment (GAA). <www.globalamphibians.org>. (último acesso em 17 maio 2008). Figura 6. a) Desova de P.guttata com girino recém eclodido e b) A seta indica uma folha enrolada, onde a desova de P.guttata é depositada. Figure 6. a) Egg clutch of P.guttata with newly hatched tadpoles and b) The arrow indicates coiled leaves, rolled into funnel shape, where the egg clutch of P.guttata is deposited. Pyburn (1980) mostrou que as folhas enroladas fornecem proteção contra dessecação para os embriões de Phyllomedusa hypocondrialis (Daudin, 1800) durante o desenvolvimento fora da água, o que pode explicar a perda das desovas encontradas em folhas abertas. Phasmahyla guttata, como as outras espécies do gênero, desova em folhas pendentes sobre a água. Produzem cerca de 20 a 70 ovos de cor creme, tanto na face abaxial quanto na adaxial, de folhas vivas mais compridas do que largas, localizadas a até cerca de 160 cm de altura da superfície da água. Os girinos são neustonicos (Altig & Mcdiarmid, 1999) e vivem em cardumes com girinos de diferentes tamanhos e estágios de desenvolvimento. http://www.biotaneotropica.org.br GOSNER, K.L. 1960. A simplified table for estaging anuram embryos and larvae with notes on identification. Herpetologica 16:183-190. IZECKSOHN, E. & CARVALHO E SILVA, S.P. 2001 Anfíbios do Município do Rio de Janeiro. Ed. UFRJ, Rio de Janeiro. LUTZ, A. 1924. Sur les Rainettes des environs de Rio de Janeiro. C. R. Soc. Biol. Paris 90:241. LUTZ, B. 1954. Anfíbios anuros do Distrito Federal. Mem. Inst. Oswaldo Cruz 52:155-197. PRADO, C.P.A., UETANABARO, M. & LOPES, F.S. 2000. Reproductive strategies of Leptodactylus chaquensis and Leptodactylus podicipinus in the Pantanal, Brazil. J. Herpetol. 34(1):135-139. PYBURN, W.F. 1980. The function of eggless capsules and leaf in the nests of the frog Phyllomedusa hypocondrialis (Anura, Hylidae). Proc. Biol. Soc. Wash. 93(1):153-167. SMITHE, F.B. 1975. Naturalist’s Color Guide. American Museum of Natural History, New York. Recebido em 22/09/08 Versão reformulada recebida em 11/11/08 Publicado em 12/11/08 http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?short-communication+bn01508042008 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Notas sobre a distribuição, tamanho de grupo e comportamento do golfinho Tursiops truncatus (Cetacea: Delphinidae) na Ilha de Santa Catarina, sul do Brasil Leonardo Liberali Wedekin1,2,4, Fábio Gonçalves Daura-Jorge1,2, Marcos Roberto Rossi-Santos2,3 & Paulo César Simões-Lopes1 Laboratório de Mamíferos Aquáticos – LAMAQ, Departamento de Ecologia e Zoologia, Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, Campus Universitário, s/n, CEP 88040-970, Florianópolis, SC, Brasil 2 Pós-graduação em Zoologia, Universidade Federal do Paraná – UFPR, Curitiba, PR, Brasil 3 Instituto Baleia Jubarte, Rua Barão do Rio Branco, 26, CEP 45900-000, Caravelas, BA, Brasil 4 Autor para correspondência: Leonardo Wedekin, e-mail: [email protected] 1 WEDEKIN, L.L., DAURA-JORGE, F.G., ROSSI-SANTOS, M.R. & SIMÕES-LOPES, P.C. 2008. Notes on the distribution, group size and behavior of the bottlenose dolphin, Tursiops truncatus (Cetacea: Delphinidae) in the coast of the Island of Santa Catarina, southern Brazil. Biota Neotrop. 8(4): http://www.biotaneotropica. org.br/v8n4/en/abstract?short-communication+bn01708042008. Abstract: The ecology of the bottlenose dolphin (Tursiops truncatus) is scarcely documented in Brazil. The objective of this article is to present information about the distribution, group size and behavior of T. truncatus collected oportunistically around the Island of Santa Catarina. Locality, date and time, group size and behavior were registered after each opportunistic sighting. Seventy-one groups were observed between 1989 and 2005, in all months of the year. The species was sighted along all the coast of the island, using a great variety of habitats including protected bays and exposed beaches. Group size varied from 1 to 200 individuals, with a mean group size of approximately 8 individuals (mode = 2). Interactions with three species of sea birds were also documented. Data presented here suggest that the species is common around the Island of Santa Catarina, has a great plasticity in habitat use, and a varied behavior repertoire. Keywords: bottlenose dolphin, Tursiops truncatus, behavior, group size, seabirds. WEDEKIN, L.L., DAURA-JORGE, F.G., ROSSI-SANTOS, M.R. & SIMÕES-LOPES, P.C. 2008. Notas sobre a distribuição, tamanho de grupo e comportamento do golfinho Tursiops truncatus (Cetacea: Delphinidae) na Ilha de Santa Catarina, sul do Brasil. Biota Neotrop. 8(4): http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/ abstract?short-communication+bn01708042008. Resumo: A ecologia do golfinho-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus) é pouco documentada no Brasil. O objetivo deste trabalho é fornecer dados sobre a distribuição, tamanho de grupo e comportamento de T. truncatus a partir de avistagens oportunistas realizadas nas adjacências da Ilha de Santa Catarina, sul do Brasil. Em cada observação de grupos da espécie foram registrados: localidade, data e hora, tamanho de grupo e comportamento. Foram observados 71 grupos entre 1989 e 2005, em todos os meses do ano. A espécie foi observada em toda região costeira da Ilha de Santa Catarina, utilizando uma grande variedade de hábitats. O tamanho de grupo variou entre 1 e 200 indivíduos, com uma média de aproximadamente 8 indivíduos (moda = 2). Interações com pelo menos três espécies de aves marinhas também foram observadas, além de outros comportamentos. Os dados obtidos sugerem que a espécie é comum ao longo da costa da Ilha de Santa Catarina, possui uma grande plasticidade no uso de hábitats, além de um conjunto variado de comportamentos. Palavras-chave: golfinho-nariz-de-garrafa, Tursiops truncatus, comportamento, tamanho de grupo, aves marinhas. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?short-communication+bn01708042008 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 226 Wedekin, L.L. et al. Introdução O golfinho-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus) (Montagu) ocorre tanto em águas costeiras quanto oceânicas, em todas as regiões tropicais e temperadas (Leatherwood & Reeves 1990). No Brasil a espécie está presente ao longo de toda a costa (Pinedo et al. 1992) e sua aparente ausência na região norte pode estar relacionada ao reduzido esforço amostral. O conhecimento a respeito das populações oceânicas desta espécie em águas brasileiras é praticamente inexistente, constando de observações pontuais (e.g., Baracho et al. 2007). No litoral do Estado de Santa Catarina a espécie pode ser frequentemente avistada em águas costeiras, penetrando na foz de rios, lagunas e manguezais (Simões-Lopes 1991, Simões-Lopes & Ximenez 1993). Com base em registros de encalhes ao longo da costa do Estado (Cherem et al. 2004), sua distribuição é aparentemente contínua. No entanto, a maior parte das informações sobre a espécie provém de estudos no litoral sul, direcionados à investigação da interação entre T. truncatus e pescadores artesanais (Simões-Lopes 1991, 1998, Simões-Lopes & Fabián 1999, Simões-Lopes et al. 1998). Uma população residente de T. truncatus pode ser avistada o ano inteiro na entrada do maior complexo lagunar da costa do Estado de Santa Catarina, adjacente à cidade de Laguna (Simões-Lopes & Fabián 1999). Indivíduos desta população interagem cooperativamente com pescadores artesanais durante, principalmente, a captura da tainha (Mugil sp.), um importante recurso alimentar para a espécie (SimõesLopes et al. 1998). Alguns indivíduos foram observados realizando deslocamentos de até 300 km de extensão ao longo da costa da região Sul do Brasil (Simões-Lopes & Fabián 1999), indicando a utilização de extensas áreas por alguns indivíduos da espécie. Nas imediações da Ilha de Santa Catarina e litoral central do estado, existe a descrição de um evento de interação agressiva entre T. truncatus e o boto-cinza-Sotalia guianensis (van Bénéden) (Wedekin et al. 2004). Excetuando-se este registro pontual, pouco foi relatado sobre a ocorrência e comportamento da espécie nas porções central e norte do Estado de Santa Catarina. O objetivo deste trabalho é fornecer dados sobre a distribuição, tamanho de grupo e comportamento de T. truncatus a partir de observações oportunistas realizadas nas adjacências da Ilha de Santa Catarina, sul do Brasil. neste estudo foram realizadas. Imediatamente ao sul da Ilha de Santa Catarina foi constatada uma área de possível ressurgência costeira em meses quentes do ano (Matsuura 1986). 2. Coleta e análise dos dados Os dados apresentados aqui foram obtidos a partir de esforço de observação oportunista, sem caráter sistemático direcionado à espécie. Na Baía Norte da Ilha de Santa Catarina as observações de T. truncatus foram realizadas a partir de uma embarcação de 5 m de comprimento durante um estudo sobre a ecologia de S. guianensis, entre os anos de 2000 e 2005 (Daura-Jorge et al. 2004, 2005, Wedekin et al. 2007). As outras avistagens foram realizadas por observadores familiarizados com observação de mamíferos marinhos na natureza, entre os anos de 1989 e 2005, geralmente a partir de pontos em terra. Foram registrados dados como localidade, data e tamanho de grupo. Para as observações de comportamento adotamos o método ad libitum (conforme Lehner 1996). Cada observação foi plotada em uma carta náutica digitalizada da Ilha de Santa Catarina utilizando o programa ESRI ArcView 3.1. Um grupo de botos foi definido como sendo qualquer conjunto de indivíduos observados próximos um do outro em aparente associação, geralmente engajados na mesma atividade e se movendo na mesma direção (adaptado de Shane 1990a). Foi considerada uma interação entre botos e aves quando as aves foram observadas voando e/ou mergulhando próximos a um grupo de botos. Ilha das Galés Baía de Tijucas Ilha do Arvoredo 27° 20' Material e Métodos Baía Norte 1. Área de estudo A Ilha de Santa Catarina está localizada no litoral central do Estado de Santa Catarina, sul do Brasil, entre as latitudes 26° e 30° S, e longitudes 48° 30’ e 50° W (Figura 1). O litoral na qual a Ilha de Santa Catarina está inserida encontra-se dentro da classificação “Costa Granítica do Sudeste” (Ekau & Knoppers 1999), composto por rochas graníticas do Embasamento Cristalino que formam morros e costões rochosos, intercalados por praias arenosas da Planície Costeira. Assim, o litoral apresenta-se recortado e contendo inúmeras ilhas próximas da costa, sendo a maior delas a Ilha de Santa Catarina, com mais de 400 km2 de área e aproximadamente 170 km de perímetro de costa. Duas baías de águas protegidas (Baías Sul e Norte) separam a Ilha de Santa Catarina e o continente, e nestas baías é possível encontrar marismas e manguezais. A costa da Ilha de Santa Catarina é caracterizada por possuir um regime de micromarés (Ekau & Knoppers 1999) e um ciclo sazonal de temperatura variando entre valores inferiores a 18° C no inverno e em torno de 24° C no verão (Absy & Zavialov 1999). A massa de água denominada “Água Costeira” (cf. Matsuura 1986) banha as áreas próximas da Ilha de Santa Catarina, onde as avistagens compiladas http://www.biotaneotropica.org.br Oceano Atlântico Ilha de Santa Catarina 27° 40' N Baía Sul O L S 0 0 48° 40' 20 km 48° 20' Figura 1. Registros de Tursiops truncatus nas adjacências da Ilha de Santa Catarina entre 1989 e 2005 (n = 71). Figure 1. Records of Tursiops truncatus in the surroundings of the Island of Santa Catarina between 1989 and 2005 (n = 71). http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?short-communication+bn01708042008 227 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Distribuição e comportamento de Tursiops truncatus no sul do Brasil Resultados 3. Interações com aves 1. Ocorrência e uso de hábitat Foram observados 71 grupos de Tursiops truncatus em toda região costeira da Ilha de Santa Catarina (Figura 1). A espécie foi observada tanto em águas protegidas das Baías Norte e Sul quanto em mar aberto de toda a porção leste da Ilha de Santa Catarina e nas suas porções continentais ao norte e ao sul. A espécie também foi observada nos canais das baías e em áreas mais internas e rasas, como as baías de sedimentação adjacentes aos manguezais do Saco Grande, Ratones e Itacorubi. Alguns registros (n = 5) foram realizados próximos de ilhas como Arvoredo e Galés, ao norte da Ilha de Santa Catarina. Outros registros foram realizados próximos a costões rochosos (n = 23), manguezais e marismas (n = 3), ou perto de zonas de arrebentação de praias arenosas (n = 17), na parte leste da ilha. Em pelo menos quatro ocasiões diferentes, a espécie foi observada no meio de cultivos de moluscos, próximo a poitas de embarcações e no cais municipal (trapiche) da Baía Norte. A espécie foi observada em todos os meses do ano (Figura 2). 2. Comportamento e tamanho de grupo Tursiops truncatus foi observado em praticamente todos os ambientes costeiros da Ilha de Santa Catarina, que são equivalentes aos ambientes costeiros de grande parte do litoral catarinense, do extremo norte, na divisa com o Estado do Paraná, até o Cabo de Santa Marta, no sul do Estado (Ekau & Knoppers 1999). As observações da espécie não estiveram associadas ou concentradas em entradas de rios ou canais das baías conforme se observa na Barra de Laguna (Simões-Lopes & Fabian 1999) ou na foz do Rio Itajaí-Açú (Lopes et al. 2002). Uma das populações de T. truncatus mais estudadas, da Baía de Sarasota na Flórida, também utiliza uma grande variedade de hábitats, incluindo águas rasas estuarinas e mais afastadas da costa (ver Connor et al. 2000). No Golfo da Califórnia a espécie também foi avistada em diferentes hábitats, incluindo ambientes estuarinos e não estuarinos, apesar de se concentrarem nos primeiros, em locais com fundo de areia e águas mais rasas (Ballance 1992). Para a região do Banco dos Abrolhos, na plataforma continental da costa leste do Brasil, Rossi-Santos et al. (2006) reportaram a ocorrência da espécie como um dos pequenos cetáceos mais abundantes e de distribuição mais ampla na região, freqüentando desde águas costeiras (mas geralmente além dos 12 km da linha de costa) até pontos mais distantes da costa, de maior profundidade. Sabe-se que T. truncatus é uma espécie generalista em relação ao uso de hábitat, e as avistagens apresentadas aqui também demonstram este aspecto ecológico. Tursiops truncatus é tido com uma espécie plástica com relação às estratégias de caça e forrageamento (Shane 1990b). O comportamento alimentar de T. truncatus pode ser direcionado a peixes solitários ou que andam em cardumes, e as atividades de caça e captura podem ser executadas por botos solitários ou em grupos, em toda a coluna d’água, com variabilidade intra e inter-populacional nas técnicas 16 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 Discussão Número de observações Número de observações Frequentemente (n = 7) foi possível observar T. truncatus em comportamento de alimentação visível da superfície, com saltos, exposição ou batidas de nadadeira caudal, deslocamentos rápidos, perseguições e captura de presas na superfície. Em pelo menos três ocasiões indivíduos de T. truncatus foram observados na superfície no momento da captura, com o peixe na boca. A espécie foi observada pescando tanto solitariamente quanto em grupo. Foram observados eventos de captura de presas que variaram de perseguições na zona de arrebentação, próximo de costões rochosos, utilizando a barreira física para arrebanhar cardumes, ou em áreas abertas com até 30 m de profundidade, sem barreiras ou obstáculos físicos. O tamanho de grupo variou entre 1 e 200 indivíduos (moda = 2; média = 8,04; DP = 24,35; Figura 3). O maior grupo, de 200 indivíduos foi observado entre a Ilha do Arvoredo e Deserta. Os maiores grupos avistados em áreas abrigadas foram de 12 indivíduos, na Baía Norte. Grupos menores e indivíduos solitários foram observados em toda a região costeira da Ilha de Santa Catarina. Em apenas quatro registros (7%) foram avistados grupos contendo pelo menos um filhote. Em cinco ocasiões foi possível observar grupos de T. truncatus interagindo com aves marinhas como o atobá-marrom (Sula leucogaster) (Boddaert), fragata (Fregata magnificens) Mathews, e a gaivota (Larus dominicanus) Lichtenstein (Tabela 1). A espécie mais frequentemente avistada interagindo com T. truncatus foi S. leucogaster, presente em mais de 80% dos registros de interação. Na maioria dos registros de interação (n = 4; 67%), os grupos de T. truncatus estavam em comportamento de pesca. Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Meses Set Out Nov Dez 14 12 10 8 6 4 2 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Tamanho de grupo 10 11 12 >12 Figura 2. Freqüência absoluta das observações de grupos de Tursiops truncatus nos diferentes meses do ano nas adjacências da Ilha de Santa Catarina entre 1989 e 2005 (n = 70). Figura 3. Freqüência absoluta dos tamanhos de grupo registrados nas observações de Tursiops truncatus nas adjacências da Ilha de Santa Catarina entre 1989 e 2005 (n = 68). Figure 2. Records of Tursiops truncatus groups in the surroundings of the Island of Santa Catarina by months of the year between 1989 and 2005 (n = 70). Figure 3. Absolute frequency of group sizes recorded for Tursiops truncates in the surroundings of the Island of Santa Catarina between 1989 and 2005 (n = 68). http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?short-communication+bn01708042008 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 228 Wedekin, L.L. et al. Tabela 1. Interações entre Tursiops truncatus e aves marinhas registradas nas adjacências da Ilha de Santa Catarina. Table 1. Interactions between Tursiops truncatus and seabirds observed near the Island of Santa Catarina. Data Número de botos Comportamento dos botos 23/05/2001 3 adultos pesca 3 Fregata magnificens 13/01/2002 1 adulto deslocamento 3 Sula leucogaster 27/12/2002 12 adultos pesca 4 F. magnificens e 1 S. leucogaster 09/02/2003 4 adultos pesca 2 S. leucogaster 27/12/2003 1 adulto deslocamento 4 S. leucogaster e 1 Larus dominicanus 07/01/2005 10 adultos pesca 6 S. leucogaster empregadas pelos animais (Connor et al. 2000). A grande variedade de hábitats que a espécie ocupa em águas adjacentes à costa da Ilha de Santa Catarina, a variação observada no tamanho de grupo, e os eventos de pesca observados, incluindo interações com aves, sugerem que este rico repertório comportamental de alimentação também ocorre no litoral de Santa Catarina. T. truncatus foi avistado ao longo de todo o ano na costa da Ilha de Santa Catarina. Isto também ocorre na Barra de Laguna, onde se observou que parte da população da espécie é residente (Simões-Lopes & Fabián 1999). Além das taxas de residência variarem entre diferentes indivíduos, sendo alguns mais residentes que outros, indivíduos foram observados realizando grandes deslocamentos (até 300 km) ao longo da costa do Estado de Santa Catarina e do Estado do Rio Grande do Sul (Simões-Lopes & Fabián 1999). Na costa da Austrália, Corkeron & Martin (2004) registraram movimentos de até 146 km para a espécie através de telemetria por satélite. O grau de residência dos grupos observados ao largo da Ilha de Santa Catarina e sua conexão com populações mais austrais ou setentrionais permanecem questões abertas para futuras investigações. O tamanho de grupo de T. truncatus pode variar bastante entre diferentes localidades, sendo que os encontrados na Ilha de Santa Catarina são próximos das menores médias de tamanho de grupo registradas para a espécie (Connor et al. 2000). Grupos maiores também foram observados em águas abertas e provavelmente trata-se de agregações ocasionais de caráter alimentar, ou ainda, no caso dos grandes grupos avistados próximos da Ilha do Arvoredo (de 200 indivíduos), agregações de uma possível população oceânica da espécie devido a sua distinta coloração (Paulo C. Simões-Lopes, obs. pess.). Isto concorda com a proposta de simpatria de duas subespécies de Tursiops no litoral do Estado de Santa Catarina (Barreto 2000) que têm nichos espaciais diferentes (Barreto & Beaumord 2002). A interação de T. truncatus com aves marinhas foi previamente relatada na literatura (e.g. Evans 1982). A ocorrência desta associação durante atividades de alimentação sugere um evento oportunista, porém com considerável importância como estratégia alimentar dentro do repertório comportamental das espécies envolvidas. As mesmas espécies de aves foram observadas interagindo com outra espécie de pequeno cetáceo na área, o boto-cinza, Sotalia guianensis (Rossi-Santos 1997, Piacentini 2003). Esta interação com o boto-cinza está sendo considerada, com base em nossas observações sistemáticas, como uma relação comensal, com benefícios para as aves e neutra para os botos. O mesmo padrão pode ser proposto para T. truncatus na área, apesar dos dados existentes não permitirem uma discussão mais profunda sobre a natureza desta relação. Os dados apresentados neste trabalho sugerem que a espécie é comum ao longo da região costeira da Ilha de Santa Catarina, possui uma grande plasticidade no uso de hábitats, além de um conjunto variado de comportamentos. http://www.biotaneotropica.org.br Número de indivíduos e espécie(s) de ave(s) Agradecimentos Agradecemos às seguintes pessoas: Alexandre Paro, Daniel dos Santos Lewis, Daniel Rossi Santos, Renato Schultz e Rodrigo Mohedano por gentilmente coletar e ceder dados sobre avistagens da espécie nas praias da Ilha de Santa Catarina. Paulo C. Simões-Lopes agradece a bolsa do CNPq/PQ (processo 304698/2006-7). Dois revisores anônimos fizeram valiosas contribuições ao manuscrito. Referências Bibliográficas ABSY, J.M. & ZAVIALOV, P.O. 1999. Seasonal cycle of air temperature above the Southwestern Atlantic Ocean. Atlântica 21:11-18. BALANCE, L.T. 1992. Habitat use patterns and ranges of the bottlenose dolphin in the Gulf of California, Mexico. Mar. Mamm. Sci. 8(3):262‑274. 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Pádua Dias, 11, CP 9, CEP 13418-900, Piracicaba, SP, Brasil 2 Floresta Nacional do Jamari, ICMBio /MMA, RO 452, km 7.5, Zona Rural, CEP 78937-000, Itapuã do Oeste, RO, Brasil 3 Núcleo de Pesquisa e Conservação de Cervídeos, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP, Via de acesso Prof. Paulo Donato Castellane, s/n, CEP 14884-900, Jaboticabal, SP, Brasil 4 Autor para correspondência: José Maurício Barbanti Duarte, email: [email protected] KOESTER, A.D., AZEVEDO, C.R., VOGLIOTTI, A., & DUARTE, J.M.B. Occurrence of Atelocynus microtis (Sclater, 1882) in the Jamari National Forest, Rondonia state. Biota Neotrop., 8(4): http://www.biotaneotropica. org.br/v8n4/en/abstract?short-communication+bn03108042008 Abstract: The Short-eared dog Atelocynus microtis is one of the most rare species of South America Canids. It is rarely reported in inventories or faunal surveys and the absence of captive animals also suggest a restrict distribution and low densities. Between August 16th 2006 and October 12th 2006, a photographic monitoring using camera traps (infrared-triggered), was carried out at the Jamari National Forest. This is a sustainable use conservation unity and has a management plan with its defined environmental zones. The Atelocynus microtis photos were captured in the Central-west and North-west areas of the Jamari National Forest, areas constituted by Dense Evergreen Forest with Open Evergreen Forest spots. The areas where the images of A. microtis were captured are in forest management zone and in mining zone, which still not exploited. Based on these facts, we suggest the management plan of this Conservation Unity took this finding into consideration and altered it, so this species could be better studied in the region, before its exploitation. As there are hardly any studies related to this species, this note becomes important, contributing to data about the A. microtis ecology. Keywords: Atelocynus microtis (short-eared dog), photographic monitoring, Jamari National Forest. KOESTER, A.D., AZEVEDO, C.R., VOGLIOTTI, A., & DUARTE, J.M.B. Ocorrência de Atelocynus microtis (Sclater, 1882) na Floresta Nacional do Jamari, estado de Rondônia. Biota Neotrop., 8(4): http://www. biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?short-communication+bn0310808042008 Resumo: O cachorro-de-orelhas-curtas Atelocynus microtis é uma das espécies mais raras de Canídeos Sulamericanos. Os relatos são muito raros e a inexistência de animais cativos também sugere distribuição limitada e densidades baixas. No período de 16 de agosto a 12 de outubro de 2006, foi realizado um monitoramento fotográfico na Floresta Nacional do Jamari, que é uma Unidade de Conservação de Uso Sustentável e possui plano de manejo com seu zoneamento ambiental definido. Os registros fotográficos de Atelocynus microtis foram obtidos nas regiões centro-oeste e noroeste da unidade, áreas formadas por Floresta Ombrófila Densa, com pontos de Floresta Ombrófila Aberta. As áreas onde foram capturadas as imagens fotográficas de Atelocynus microtis, estão em Zona de Manejo Florestal e em Zona de Mineração, por enquanto sem exploração. A partir destes fatos, a sugestão seria que o zoneamento ambiental desta Unidade de Conservação levasse em consideração este achado e fosse alterado para que a espécie fosse mais bem estudada na região antes da exploração das áreas. Como estudos relacionados a esta espécie são praticamente inexistentes, esta nota se torna importante, contribuindo com dados sobre a ecologia do A. microtis. Palavras-chave: Atelocynus microtis (cachorro-do-mato-de-orelhas-curtas), monitoramento fotográfico, Floresta Nacional do Jamari. http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?short-communication+bn03108042008 http://www.biotaneotropica.org.br Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 232 Koester, A.D. et al. Introdução Pertencente a Ordem Carnívora, o cachorro-de-orelhas-curtas, Atelocynus microtis, Sclater (1882), é a única espécie do seu gênero (Berta, 1986). Sua área de ocorrência se estende desde a Colombia, Bolívia, Equador, Peru e Brasil, até o norte do MatoGrosso (Nowak & Paradiso 1983, Berta 1986, Emmons & Feer 1997, Eisenberg & Redford 1999, Cheida et al. 2003). Berta (1986) cita a ocorrência da espécie na Venezuela, mas de acordo com Leite-Pitman & Willians (2004) essa informação não foi comprovada. O A. microtis está disperso, por grande parte da bacia amazônica, chegando à bacia do rio Paraguai, através do rio Araguaia-Tocantins (Emmons & Feer 1997, Paiva 1999), em regiões com até 1.000 m de altitude em relação ao nível do mar (Berta 1986, Peres 1991, Cheida et al. 2003, Leite‑Pitman & Willians 2004). Segundo Sillero-Zubiri & Hoffmann (2004) a espécie tem sido registrada em uma ampla variedade de habitats das terras baixas, incluindo floresta de terra firme, floresta inundada, bambuzal e mata ciliar ao longo dos rios. Os autores ainda relatam que em Cocha Cashu, visualizações e rastros da espécie estão principalmente associados aos rios e as enseadas dos mesmos. No Estado de Rondônia, M. Messias (com. pes.) informou a visualização de um indivíduo em floresta das terras baixas beirando a savana, na Estação Ecológica de Samuel. Além desta, no ano de 2007, A. R. D’ Amico (com pes.) visualizou a espécie em floresta primária das terras baixas e com influência hídrica marcante na Reserva Biológica Jaru. De acordo com Cabrera & Yepes (1960), Peres (1991) e Eisenberg & Redford (1999) a espécie possui dieta onívora e hábitos solitários, e foi apontada por estes autores como o menos gregário dos canídeos sul-americanos. Esta espécie ainda sofre ameaças por doenças transmitidas por animais domésticos e pela perda de habitat em decorrência da degradação das florestas (Cheida et al. 2003, Sillero-Zubiri & Hoffmann 2004). Estudos relacionados ao A. microtis são praticamente inexistentes (Peres 1991, Leite-Pitman & Willians 2004). Peres (1991) cita que a espécie é raramente relatada em inventários de fauna, e sua ocorrência é freqüentemente classificada como hipotética ou a confirmar. Por essas razões, a espécie encontra-se categorizada como DD (Data Deficient) pela IUCN (Sillero-Zubiri & Hoffmann 2004). Frente à escassez de dados sobre a espécie, o presente relato pretende contribuir para o conhecimento da espécie, adicionando mais uma localidade com ocorrência confirmada à distribuição geográfica da espécie. Material e Métodos 1. Área de estudo A Floresta Nacional do Jamari (FLONA do Jamari) situada no município de Itapuã do Oeste, no estado de Rondônia, é uma Unidade de Conservação Federal de Uso Sustentável (Sistema Nacional de Unidades de Conservação/SNUC, 2000). Possui 220.000 ha e sua situação fundiária está regularizada. Localizada no norte do estado de Rondônia (09° 00’ 00’’ a 09° 30’ 00’’ S / 62° 44’ 05’’ a 63° 16’ 54’’ W) é banhada pelas bacias dos rios Jacundá, Jamari e Preto do Crespo. Esta Unidade resguarda amostras da flora características da Amazônia sul-ocidental, região submetida a altas taxas de desmatamento. Juntamente com a Floresta Nacional do Jacundá (220.644 ha), a Estação Ecológica de Samuel (72.000 ha) e o Imóvel Manoa (73.079 ha), a Floresta Nacional do Jamari faz parte de uma área contínua bastante significativa de Floresta Amazônica (Floresta Tropical) no estado de Rondônia, Brasil. A área específica de estudo foram as regiões centro-oeste e noroeste da unidade. A formação vegetal que prevalece nestas áreas http://www.biotaneotropica.org.br é a Floresta Ombrófila Densa/Aberta das terras baixas, com fascinações de Floresta de Baixio. Esta formação vegetal recobre áreas de 70 a 160 m de altitude (Plano de Manejo da Floresta Nacional do Jamari, 2005). De acordo com a classificação de Koppen esta região possui clima do tipo Aw – Tropical chuvoso, com período seco bem definido durante o inverno. A média anual de precipitação pluvial varia de 2.200 e 2.600 mm por ano. A temperatura média anual fica entre 24 e 26 °C. 2. Monitoramento fotográfico No período de 16 de agosto a 12 de outubro de 2006, foi realizado um monitoramento fotográfico na Floresta Nacional do Jamari/ Ibama, inicialmente com o objetivo de estudar espécies da Família Cervidae. Para este estudo foram utilizadas 15 armadilhas fotográficas da marca Tigrinus® (modelo 4.0C, Timbó, SC, BRA.) e 05 da marca Cam Trak (South Inc., Watkinsville, GA, EUA.). Os pontos de instalação foram escolhidos dentre um conjunto de rotas previamente identificadas, em função dos indícios da presença de veados (pegadas, fezes, fruteiras reviradas). Todos os pontos foram georreferenciados com o auxílio de um GPS Garmin Plus III. Os equipamentos foram instalados a uma altura de 40 cm do solo e programados para registrar o dia e o horário de cada fotografia, funcionando em período integral, com um intervalo mínimo de 20 segundos entre fotografias subseqüentes. A verificação e manutenção do equipamento ocorreram semanalmente. Resultados Apenas duas ocorrências de A. microtis, foram registradas após um esforço amostral de 21.709,4 horas de monitoramento. As fotos foram obtidas nas coordenadas 09° 04’ 58.7’’ S / 063° 06’ 41.3’’ W e 09° 11’ 34.8’’ S / 063° 06’ 11.3’’ W, distantes 12 km uma da outra (Figura 1). Os registros ocorreram em área de floresta de terras baixas com forte influência hídrica, sob exemplares de Parkia multijuga (paricá) e Bellucia grossularioides (goiaba-de-anta) localizadas em zonas de Manejo Florestal e de Mineração ainda não exploradas na FLONA. As imagens (Figura 2) foram capturadas em dias e horários diferentes, sendo a primeira imagem registrada no dia 13/09/2006 as 15:29 h e a segunda registrada dia 20/09/2006 as 06:49 h. Outros mamíferos raros e ameaçados registrados nesse monitoramento fotográfico foram: Priodontes maximus, Myrmecophaga tridactyla, Panthera onca, Puma concolor e Leopardus pardalis. Discussão A Floresta Nacional do Jamari é uma Unidade de Conservação de Uso Sustentável (Sistema Nacional de Unidades de Conservação/ SNUC, 2000) e possui plano de manejo com seu zoneamento ambiental definido (Plano de Manejo da Floresta Nacional do Jamari, 2005). As áreas onde foram capturadas as imagens fotográficas de A. microtis, de acordo com o Plano de Manejo da Floresta Nacional do Jamari (2005), estão na Zona de Manejo Florestal (105.475 ha) e na Zona de Mineração (16.446 ha), por enquanto sem exploração. De acordo com Primack & Rodrigues (2001), a partir do momento em que uma área de proteção é legalmente estabelecida, ela deve ser eficazmente manejada se quisermos que a diversidade biológica seja mantida. Segundo os autores o ponto crucial é que as unidades de conservação, às vezes, precisam ser ativamente manejadas para evitar sua deterioração. Porém, deixam claro que as decisões sobre o manejo de uma unidade de conservação podem ser tomadas mais http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?short-communication+bn03108042008 233 Biota Neotrop., vol. 8, no. 4, Out./Dez. 2008 Atelocynus na Flona do Jamari eficazmente quando as informações são fornecidas por um programa de pesquisas. O fato da Floresta Nacional do Jamari, bem como as demais Unidades de Conservação e o Imóvel ao seu redor serem áreas bastante irrigadas por igarapés, corroboram as informações de Berta (1986) e Sillero-Zubiri & Hoffmann (2004), que sugerem que A. microtis a b 1:12.500.000 Floresta Nacional do Jamari c N W E está freqüentemente relacionado à ambientes aquáticos ou de florestas tropicais de grande umidade. Nowak & Paradiso (1983) acredita que A. microtis apresenta hábitos noturnos, enquanto Emmons & Feer (1997) sugerem hábitos diurnos e crepusculares. Para Cheida et al. (2003) e Leite-Pitman & Willians (2004), a espécie apresenta hábitos tanto diurnos como noturnos. Apesar do pequeno número de registros aqui apresentados, foi registrada apenas atividade diurna para a espécie. As informações sobre a biologia básica dos organismos têm um papel essencial na conservação (Primack & Rodrigues, 2001). Portanto, o desconhecimento sobre aspectos biológicos básicos de A. microtis pode comprometer o desenvolvimento de programas de conservação consistentes para a espécie. O presente trabalho contribui com essa lacuna de conhecimento, adicionando uma localidade importante à distribuição geográfica de A. microtis. Agradecimentos O trabalho de campo foi desenvolvido com o apoio financeiro da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), CNPq e FUNEP. Em especial agradecemos ao Sr. Dejesus Aparecido Ramos, pelo apoio no campo sem o qual o trabalho se tornaria mais lento e difícil. Referências Bibliográficas S BERTA, A. 1986. Atelocynus microtis. Mammal. Spec. 256:1-3. 1:50.000.000 1:800.000 Registros do Atelocynus microtis na Floresta Nacional do Jamari Floresta Nacional do Jamari Rondônia América do Sul Distribuição do Atelocynus microtis na América do Sul Figura 1. a) Distribuição do Atelocynus microtis na América do Sul (Berta, 1986), b) Localização da Floresta Nacional do Jamari no Estado de Rondônia, e c) Localização dos pontos onde Atelocynus microtis foi fotografado na Floresta Nacional do Jamari. Figure 1. a) Distribution of Atelocynus microtis in South America (Berta, 1986), b) Position of Jamari National Forest on Rondonia State, and c) Sampling sites of Atelocynus microtis on the Jamari National Forest. CABRERA, A. & YEPES, J. 1960. Mamíferos Sudamericanos. 2 ed. Editora Ediar, Buenos Aires. CHEIDA, C.C., NAKARO, E.O., QUADROS, J., COSTA, R.F. & ROCHA, F.M. 2003. Ordem Carnivora. In Mamíferos do Brasil. (N.R. Reis, A.L. Peracchi, W.A. Pedro & I.P. Lima, eds.). Londrina, p. 242-275. 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Recebido em 06/04/08 Versão Reformulada recebida em 19/11/08 Publicado em 29/12/08 http://www.biotaneotropica.org.br/v8n4/pt/abstract?short-communication+bn03108042008