Universidade Católica de Santos Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gestão de Negócios CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA INFLUÊNCIA DOS VALORES NO DESEMPENHO EMPRESARIAL Eduardo Wilson Assêncio Santos - SP 2008 ii Universidade Católica de Santos Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gestão de Negócios CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA INFLUÊNCIA DOS VALORES NO DESEMPENHO EMPRESARIAL Eduardo Wilson Assêncio Di ssertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gestão de Negóci os da Uni versi dade Catól i ca de Santos – UNISANTOS,desenvol vi da sob a ori entação do Prof. Dr. João Eduardo Prudênci o Ti noco,como requi si to para obtenção do títul o de Mestre em Gestão de Negóci os. Área de concentração:Organi zação e Gestão. Santos - SP 2008 iii DadosInternacionaisdeCatalogação SistemadeBibliotecasdaUniversidadeCatólicadeSantos-UNISANTOS SibiU _________________________________________________________________________ A257c Assêncio,Eduardo Títulodadissertação:CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA INFLUÊNCIA DOS VALORES NO DESEM PENHO EM PRESARIAL /EduardoW ilsonAssêncio-Santos: [s. n. ]2008. 117f. ;30cm.(Dissertação de Mestrado -Universidade Católica de Santos,Program a em Gestão de Negóci os) I.AssêncioEduardo.II.Título. CDU 65. 01(043. 3) _________________________________________________________________________ iv CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA INFLUÊNCIA DOS VALORES NO DESEMPENHO EMPRESARIAL Eduardo Wilson Assêncio Esta di ssertação foij ul gada e aprovada pel o Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gestão de Negóci os da Uni versi dade Catól i ca de Santos como requi si to parci alpara a obtenção do títul o de Mestre em Gestão de Negóci os. Coordenadordo Curso: Prof. Dr. Getul i o Kazue Akabane Ori entador: Prof. Dr. João Eduardo Prudênci o Ti noco BANCA EXAMINADORA: Profa. Dra. Marl yCaval canti Prof. Dr. Leo Tadeu Robl es Prof. Dr. João Eduardo Prudênci o Ti noco v AGRADECIMENTOS Agradeço a minha esposa Cristina,pel o companheirismo,paciência e encoraj amento nesta j ornada,que abriu mão de boa parte de suas prerrogativas por amor a mim. Agradeço ao Prof. Dr. João Eduardo Prudêncio Tinoco, pel os consel hos, orientações e dedicação diante de um tema que exigiu muita concentração del e para que os resul tados pudessem contribuir para o conhecimento humano. Agradeço a João Al ves Veríssimo,por ter patrocinado meus estudos e a João Carl os Veríssimo por ter encoraj ado a enfrentar este desafio,diante de imensos desafios que a sua empresa exigiu, j untamente com os col egas de trabal ho do Moinho Paul ista. Agradeço aos professores e col egas mestrandos do programa de mestrado da Unisantos. vi DEDICATÓRIA Dedico este trabal ho à Cristina,minha amada esposa,e para meus queridos fil hos Diego e Bruna. O que um homem mortalpoderia desej ar mais em vida! Dedico a Deus,acima de tudo,autor e consumador da vida,a quem toda gl ória pertence,e conserva-me a saúde e a vida,dando-me sabedoria para conduzir meus dias sobre a Terra,enquanto esperamos pel a desej ado porvir que nos é preparado,onde viveremos em Sua presença e de nosso senhor Jesus Cristo, seu Fil ho Amado, que graciosamente foi dado para resgate daquel es que O buscam. Dedico o a meus pais,pel a minha vida,pel o ensino,pel o carinho. "Acima de tudo guarde o seu coração,pois del e depende toda a sua vida" (Bíbl ia – Nova Versão Internacional-Provérbios 4:23) vii RESUMO A di ssertação teve como obj eti vo pri nci palpesqui sar,anal i sare aval i arval ores i ndi vi duai s, ori gi nados de val ores humanos e seus desmembramentos no desenvol vi mento dos val ores col eti vos, enfocando sua i nfl uênci a no ambi ente organi zaci onal ,i denti fi cando como esses i nfl uenci am e i mpactam seus resul tados econômi cos. Ademai s,procurou-se associ aros val ores com os comportamentos em uma empresa al i mentíci a,expl i ci tando quai s val ores e de que forma el es operam no ambi ente organi zaci onal , buscando estabel ecer os i mpactos no desempenho produti vo desta empresa e,como conseqüênci a no seu desempenho econômi co. A empresa passou porforte processo de re-estruturação organi zaci onale veri fi cou-se como os val ores i mpactaram nesse processo de mudança. A metodol ogi a adotada consi sti u numa pesqui sa expl oratóri a e no desenvol vi mento de um Estudo de Caso Úni co. No que tange à pesqui sa expl oratóri a empreendeu-se l ei turas em obras de di versos pesqui sadores,dentre outros,Rokeach (1968,1973,1981),Ingl ehart(1991, 1994), Schwartz (1990, 1992, 1995), Tamayo e Schwartz (2001, 2005), W eber (1958),Senge (1994),Genel ot(1992),Mori n (1999),Perei ra “etal ”(2005)e Borges (2005). Quanto ao Estudo de Caso Úni co,uti l i zou-se a metodol ogi a estabel eci da por Yi n (2004,2005),estruturada sobre um processo de re-estruturação organi zaci onal da empresa Moi nho Paul i sta,l ocal i zada em Santos. Real i zou-se pesqui sa de campo, uti l i zando dados numéri cos,anál i se observatóri a de eventos,entrevi stas envol vendo trabal hadores, médi a e al ta gerênci a, di reção e aci oni stas, com o obj eti vo de entender os val ores presentes nos processos vi venci ados por essa empresa. A pesqui sa de campo foiestruturada com base no model o de “Inventári o de Val ores de Schwartz”(SVI),apl i cada na empresa,que foial vo de experi ênci a do pesqui sador, com a fi nal i dade de,a parti rdas medi das encontradas,correl aci onaros val ores que esti veram presentes no processo de desestruturação e posteri or recuperação econômi ca desta empresa. A metodol ogi a para i nventari ar val ores com base em Schwartz consi sti u de entrevi stas,com o uso de questi onári o desti nado a i denti fi car os val ores predomi nantes dos vári os grupos que consti tuem a empresa,dentre os 60 val ores que compõem os dez ti pos moti vaci onai s determi nados porSchwartz. Esses ti pos moti vaci onai s determi nantes de uma estrutura de val ores possuem 2 ei xos: ei xo autotranscendênci a xautopromoção e conservação xabertura às mudanças. Os resul tados al cançados propi ci aram i denti fi caruma empresa com predomi nânci a de autotranscendênci a, ori entada para val ores col eti vos que vi sam o bem-estar do grupo em detri mento das premi ssas pessoai s. Em oposi ção os i ndi víduos apresentaram bai xa val ori zação de el ementos vol tados para a autopromoção. Os val ores domi nantes foram segurança fami l i ar,trabal ho e harmoni a i nteri ore os de menor rel evânci a foram poder soci al , respei to à tradi ção, reconheci mento soci al , autori dade e i nfl uente. De forma compl ementar, a pesqui sa permi ti u comparar a i nfl uênci a dos val ores a determi nadas ci rcunstânci as às quai s os i ndi víduos estão suj ei tos,tai s como i dade,grau de i nstrução e gênero. Cotej ou -se os val ores do grupo al vo com os do grupo gerenci al , constatando-se neste úl ti mo grupo predomi nânci a de val ores vol tados à abertura e às mudanças,o que os caracteri za como l i derança do processo de re-estruturação a que a empresa foisubmeti da. Concl uio trabal ho a veri fi cação de apl i cabi l i dade do Inventári o de Schwartz no ambi ente empresari al ,fornecendo bases para formatação de estratégi as vol tadas ao cresci mento humano, como mei o de conqui star mai or adesão dos i ndi víduos às metas de produti vi dade e cresci mento da organi zação. viii Pal avras-chave: Val ores; Schwartz; ti po moti vaci onal ; autotranscendênci a; comportamento,desempenho;produti vi dade;agregação de resul tado. ix ABSTRACT The mai n obj ecti ve of thi s di ssertati on was to research, assay and eval uate the i ndi vi dual val ues ori gi nated from the human val ues and how they l ead to the devel opment of col l ecti ve val ues, focusi ng on the i nfl uence of the organi zati onal envi ronmentand i denti fyi ng how they i nterfere on the economi calresul t. Ital so ai med atmaki ng associ ati ons between val ues and behavi ori n a food company,expl ai ni ng whi ch val ues and how these val ues pl aya rol ei n the organi zati onalenvi ronment. The aforementi oned company has undergone a deep process of re-organi zati onal structuri ng and i twas i denti fi ed how the val ues i nterfered on the changi ng process. The method adopted was an expl oratory research and the performi ng ofan Onl y Case Study. To conductthe expl oratory research i twas fi rstnecessary to study the work ofseveralresearchers such as Rokeach (1968,1973,1981),Ingl ehart(1991, 1994),Schwartz (1990,1992,1995),Tamayo and Schwartz (2001,2005),W eber (1958), Senge (1994), Genel ot (1992), Mori n (1999), Perei ra “et al ” (2005) and Borges (2005), among others. The Onl y Case Study was devel oped under the methodol ogy establ i shed by Yi n (2004, 2005), structural i zed on a process of organi zati onalredefi ni ti on ofthe company Moi nho Paul i sta,l ocated i n Santos. Fi el d research was conducted usi ng numeri cal data, observatory anal ysi s of events, i ntervi ews i nvol vi ng work force personnel ,average and hi gh managementpeopl e, di recti on and sharehol ders,wi th the obj ecti ve to understand the val ues presenti n the processes the company deal twi th. The fi el d research was structural i zed based on the modelof“Inventory ofVal ues ofSchwartz”(SVI),appl i ed to the company,whi ch was partofthe practi calexperi ence ofthe researcher,wi th the purpose of,from the performed measurements, correl ati ng the val ues that had been present i n the di sorgani zati on process and posteri or economi c recovery of thi s company. The methodol ogy to i nventory val ues based on Schwartz consi sted ofi ntervi ews,uti l i zi ng a properquesti onnai re to i denti fy the predomi nantval ues ofthe severalgroups that consti tute the company,amongstthe 60 val ues thatcompose the ten moti vati onal types determi ned from Schwartz. These moti vati onal types defi ne a structure of val ues wi th 2 branches:sel f-transcendence versus sel f-promoti on and conservati on versus wi l l i ng to change. The resul ts al l owed us to i denti fy a predomi nance ofsel ftranscendence,ori ented towards col l ecti ve val ues thatai m atthe wel l -bei ng ofthe group to the detri mentofthe personalpremi ses. On the otherhand,the i ndi vi dual s showed a l ow val uati on ofel ements di rected towards sel f-promoti on. The domi nant val ues were fami l y safety,work and i nternalharmony and the l ess val ued were soci al power, respect to tradi ti on, soci al recogni ti on, authori ty and i nfl uence. Al so, the research al l owed us to compare the i nfl uence of the val ues under determi ned ci rcumstances whi ch the i ndi vi dual s are subj ected to, such as age, degree of i nstructi on and gender. The val ues ofthe whol e group were compared wi th the ones ofthe managementgroup,showi ng i n thi sl astone a predomi nance ofval ues dri ven towards changes,whi ch characteri zes i tas the l eaders ofthe reorgani zati on process whi ch the company was submi tted to. The veri fi cati on of the appl i cabi l i ty of the Inventory ofSchwartz i n the organi zati onalenvi ronmentconcl udes the presentwork, provi di ng a basi s forthe creati on ofdi recti ve strategi es ai mi ng atthe human growth, as way to conquergreateradhesi on ofthe i ndi vi dual s to the producti vi ty goal s and growth ofthe organi zati on. x Key words: val ues, Schwartz, moti vati onal types, sel f-transcendence, behavi or, performance,producti vi ty,resul t. xi Figuras Fi gura 1:Interrel açõesentre val ores. .......................................................... 16 Fi gura 2:Contínuo do comportamento humano. .......................................... 18 Fi gura 3:Mapa de Val ores de Ingl ehart. ...................................................... 24 Fi gura 4:Val oresde sobrevi vênci a vs. Val ores de Bem-estar. .................... 26 Fi gura 5:Bem-estarsubj eti vo pornívelde desenvol vi mento econômi co e herança hi stóri ca dassoci edades. ................................................ 26 Fi gura 6:Estrutura teóri ca da rel ação entre val ores. ................................... 28 Quadros Quadro 1:Os val orese seusextremosde Ari stótel es. ................................. 19 Quadro 2:Val oresTermi nai se Instrumentai sde Rokeach. ......................... 20 Quadro 3:Li sta dosTi pos Moti vaci onai sda escal a de Tamayo e Schwartz (1993). .......................................................................................... 31 xii Gráficos Gráfi co 1:Di stri bui ção etári a da amostra pesqui sada. ................................. 49 Gráfi co 2:Di stri bui ção porgrau de escol ari dade. ......................................... 49 Gráfi co 3:Estrutura de ti posmoti vaci onai s da empresa. ............................. 58 Gráfi co 4:Estrutura da rel ação de val oresda empresa. .............................. 58 Gráfi co 5:Val ores da empresa conforme Schwartz(1992).......................... 59 Gráfi co 6:Hi erarqui a dos Val ores da empresa conforme Schwartz(1992)e correl ação com vari ança e com +/-1 desvi o padrão .................. 60 Gráfi co 7:Estrutura Comparati va dos ti posmoti vaci onai s da empresa e do grupo gerenci al . .......................................................................... 79 Gráfi co 8:Comparação da estrutura de val ores da empresa e do grupo gerenci al . .................................................................................... 80 Gráfi co 9:Val ores de mai orsemel hança entre o grupo gerenci ale a médi a dosfunci onári os . ........................................................................ 82 Gráfi co 10:Val oresde mai ordi ferença entre o grupo gerenci ale a médi a dosfunci onári os. ......................................................................... 83 Gráfi co 11:Estrutura Comparati va dosti posmoti vaci onai sda empresa por grau de i nstrução. ....................................................................... 84 Gráfi co 12:Comparação da estrutura de val ores da empresa grau de i nstrução. .................................................................................... 85 Gráfi co 13:Estrutura comparati va de ti posmoti vaci onai s porfai xa etári a. .. 88 Gráfi co 14:Comparação da estrutura de val ores da empresa porfai xa etári a. .......................................................................................... 88 Gráfi co 15:Estrutura comparati va de ti posmoti vaci onai s porfai xa etári a.... 90 Gráfi co 16:Comparação da estrutura de val ores da empresa porfai xa etári a. .......................................................................................... 90 Gráfi co 17:Estrutura de val ores comparati va porgênero. ........................... 91 Gráfi co 18:Comparação das pesqui sas de Tamayo (2007)e o presente estudo. ........................................................................................ 93 Gráfi co 19:Comparação das pesqui sas de Tamayo (2007)e o presente estudo. ........................................................................................ 94 Gráfi co 20:Comparação das pesqui sas de Tamayo (2007)e o presente estudo (escal a corri gi da). ........................................................... 95 Gráfi co 21:Comparação das pesqui sas de Tamayo (2007)e o presente estudo (escal a corri gi da). ........................................................... 95 xiii Tabelas Tabel a 1:Demonstrati vo de Resul tadosda Empresa. ................................. 8 Tabel a 2:Demonstrati vo de Resul tados– Moi nho Paul i sta Ltda (em mi l haresde reai s). ........................................................................ 9 Tabel a 3:Li sta de val ores pessoai s da escal a de Tamayo e Schwartz (1993). .......................................................................................... 34 Tabel a 4:Correl ação entre val ores e perguntas do questi onári o de aval i ação. ..................................................................................... 50 Tabel a 5:Grau de i mportânci a dos val oresde Schwartz. ............................ 54 Tabel a 6:Produti vi dade e a Contri bui ção dasmudanças na Qual i dade Laboralpara o Cresci mento Econômi co entre osanosde 1973 e 1984. ......................................................................................... 86 Apêndices Apêndi ce 1:Questi onári o para el aboração do Perfi lde Val oresPessoai s de Schwartz. ............................................................................ 113 Apêndi ce 2:Tabel a de dados do Perfi lde Val ores Pessoai s de Schwartz apl i cado ao Moi nho Paul i sta. ................................................... 117 xiv SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 1 1.1.Tema e situação do problema ....................................................... 1 1.2.Objetivos da Pesquisa................................................................... 4 1.2.1. Obj eti vo Geral . ......................................................................... 4 1.2.2. Obj eti vos Específi cos. .............................................................. 4 1.3.Relevância do tema........................................................................ 4 1.3.1. Pressupostosteóri cos. ............................................................. 5 1.3.2. Pressupostosempíri cos. .......................................................... 7 1.4.Estrutura da Dissertação............................................................... 10 2. CONCEITUAÇÃO DOS VALORES....................................................... 11 2.1.Relação entre valores, comportamentos e ação.......................... 15 2.2.Análise estruturada dos valores.................................................... 18 2.2.1. Escal a de Val oresde Rokeach – RVS. ................................... 19 2.2.2. Mapa de val ores de Ingl ehart. ................................................. 22 2.2.3. Inventári o de Val oresde Schwartz(SVS). ............................... 27 2.2.4. Perfi lde Val oresPessoai s (PQ -Portraits Questionnaire). ..... 31 2.3.Valores Individuais e Valores Coletivos....................................... 37 2.4.Relação entre Valores e Cultura Organizacional......................... 38 2.5.Valores e resultados das organizações........................................ 42 3. METODOLOGIA DA PESQUISA............................................................ 46 3.1.A empresa pesquisada................................................................... 47 3.2.A aplicação do inventário de Schwartz (SVS).............................. 48 xv 4. ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS................................................... 57 4.1.Elementos de dominância de valores na organização............... 61 4.1.1. Fatoresde Autotranscendênci a. .............................................. 61 4.1.2. Fatoresde Conservação. ......................................................... 68 4.2.Elementos não dominantes nos valores na organização.......... 70 4.2.1. Fatoresde Autopromoção. ...................................................... 70 4.2.2. Fatoresde Abertura a Mudanças. ........................................... 78 4.3.Análise dos valores gerenciais e comparação com os valores dos funcionários............................................................................. 79 4.4.Análise dos valores nos diferentes graus de escolaridade....... 83 4.5.Análise dos valores por faixa etária............................................. 87 4.6.Análise dos valores nos diferentes gêneros............................... 89 4.7.Consistência das análises............................................................. 92 4.7.1. Convergênci as com asanál i ses. ............................................. 96 4.7.2. Di vergênci as com as anál i ses. ................................................ 97 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................... 98 5.1.Limitações e Recomendações para futuras pesquisas............... 103 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 105 xvi 1 1. INTRODUÇÃO 1.1. Tema e situação do problema Os fundamentos determi nantes dos sucessos ou fracassos das organi zações são temas presentes no di a-a-di a dos gestores, aci oni stas, i nvesti dores e col aboradores que compõem esta comuni dade e outros agentes i nteressados. O uso de ferramentas gerenci ai s tem-se apri morado ao l ongo dos anos, vi sando qual i fi car e quanti fi car, com mai or acuraci dade possível , os fatores determi nantes do desempenho organi zaci onal : Organi zação e Métodos, Admi ni stração por Obj eti vos, Qual i dade Total , Sei s Si gmas, Oceano Azul , Reengenhari a,Gestão porCompetênci as,Model o das ci nco forças de Porter(1998), dentre mui tosoutros. A estes model os, a práti ca e os estudos de casos regi stram resul tados posi ti vos que os transformam em referênci a para as organi zações na busca da sobrevi vênci a,como mei o de al teração de seu patamarde competi ti vi dade. A pergunta chave aos gestores organi zaci onai s é: quai s são os fatores críti cos de sucesso? As respostas são buscadas nas ferramentas gerenci ai s propostas. Os val ores organi zaci onai s,ori gi nados dos val ores humanos,têm si do pouco evi denci ados como i nstrumentos de gestão para desempenho, pel a grande subj eti vi dade que permei a o tema, apreci ado mui to mai s por psi cól ogos soci ai s (Shal om Schwartz, Al varo Tamayo, Mi l ton Rokeach), ci enti stas soci ai s (Edgar Mori n),ci enti stas pol íti cos (Ronal d Ingl ehart),admi ni stradores de recursos humanos, do que porgestoresde negóci os. Em seu processo anal íti co para sol ução dos probl emas,os gestores abstraem ou subesti mam aspectos de quanti fi cação ou qual i fi cação mai si ntri ncados, pel a di fi cul dade em se associ arestes aspectos às causas que ori gi naram os probl emas. Os val ores são al gunsdos aspectos suj ei tosa este processo de abstração. Mori n (1990),desenvol ve o concei to da “patol ogi a do saber”,destacando que os i ndi víduos si mpl i fi cam as si tuações do coti di ano na busca de propor sol uções para os probl emas. Esta si mpl i fi cação do pensar,mui to comum nas ferramentas de gestão tradi ci onai s,produz mui tas vezes di stanci amento das causas dos probl emas, que são compl exos,i ndi cando múl ti pl asabordagens. 2 Agui ar(2006),também no contexto da compl exi dade de Mori n,observa nas organi zações o fenômeno do reduci oni smo do pensamento. Identi fi ca como comum a tendênci a de se compreender a organi zação a parti r de um úni co fator: o especi al i sta de marketi ng a entende como sendo a i magem que el a (organi zação) passa para o cl i ente; o setor fi nancei ro tende a entender a organi zação excl usi vamente a parti rdosfatoresfi nancei ros,e assi m pordi ante. Quando atua a redução,i gnora-se a di versi dade e busca-se um padrão úni co. Nas organi zações é comum observar-se programas de mudança organi zaci onal , fundamentados no pri ncípi o do reduci oni smo. Genel ot(1992,na tradução de Agui ar,2006,p.8) descreve a respei to dos val ores organi zaci onai s: O obj eti vo é a redução das di versi dades de crenças, val ores e comportamentos dos i ndi víduos às crenças, val ores e comportamentos estabel eci dos pel a organi zação (empresa). Procura-se cri ar padrões que devem ser adotados e segui dos por todos na organi zação. Como exempl o de pensamento si mpl es podese ci tar a organi zação quando el a é entendi da como um si stema soci alonde predomi na um conj unto de crenças e val ores comuns, defi ni dos e control adospel a própri a organi zação. A di versi dade de crenças e val ores é consi derada um fator de desordem e de turbul ênci a (caos)na organi zação pori sto deve ser el i mi nado. Caracteri zando assi m o pensamento si mpl es. Todavi a ao el i mi nar as di versi dades a organi zação el i mi na a possi bi l i dade de seus membros (os i ndi víduos) desenvol verem sua competênci a refl exi va e maturi dade emoci onal . A organi zação ao estabel ecer padrões de pensamento, de senti mentos e de comportamento i mpede a competênci a de cri are i novardos i ndi víduos. El a i mpede o desenvol vi mento do capi talde conheci mento reduzi ndo-o a padrões de conheci mento estabel eci dos poruma pequena el i te pensante. Genel ot(1992,na tradução de Agui ar,2006,p.8)compl ementa: Não podemos mai s raci oci narsobre um model o úni co,nem se referi r a val ores col eti vamente di vi di dos. Os val ores não desapareceram, mas são carregados pel os i ndi víduos de manei ras bem di versi fi cadas, fragmentadas e evol uti vas. Essa fragmentação condena os gerentes a uma corri da exausti va em busca de novos métodos e na adaptação das parti cul ari dades. Os responsávei s não podem mai s querer mobi l i zar seu pessoal em torno de val ores col eti vos de uma manei ra estável . Devem escutar as moti vações di versas dos i ndi víduos que el es di ri gem e i nventarnovas fórmul as de organi zação do trabal ho evol uti vas e di ferenci adas. Tomando-se como base Tamayo e Mendes(2001),que defi nem val ores como “pri ncípi os que gui am a vi da da organi zação”,dei xarde consi derara profundi dade 3 deste tema no di agnósti co de desempenho organi zaci onal , seri a uma abstração desmedi da. No presente estudo,procura-se tratar este assunto,enfocando a i nfl uênci a dos val ores no ambi ente organi zaci onal . Al ém da abordagem qual i tati va, mai s freqüentemente encontrada nos pesqui sadores do tema, i ntroduz-se a anál i se estruturada dos val ores, que teve como pesqui sadores Schnei der (1917),Rokeach (1968),Ingl ehart(1991,1994) e Schwartz(1990). No desenvol vi mento anal íti co desta pesqui sa,parti cul arcontri bui ção provém dos estudos do pesqui sadorShal om H. Schwartz,Ph.D. em psi col ogi a soci alpel a Mi chi gan-Ann Arbor e professor e pesqui sador,desde 1979,na Uni versi dade Hebrai ca em Israel . Schwartz é um dos pesqui sadores pi onei ros em comportamento pró-soci ale al truísta. Sua pesqui sa i ncl uiestudos sobre desenvol vi mento e conseqüênci as de um conj unto di versi fi cado de ati tudes comportamentai s e ori entações,como crenças rel i gi osas,ori entações pol íti cas,grupo soci al ,comportamento de consumi dores,e concei tuação de val ores humanosem di ferentes cul turas. Desenvol veu entre 1990 e 1994, um model o estruturado de medi ção de val ores conheci do como Inventári o de Val ores de Schwartz (SVS – “Schwartz Val ues Survey”)que aborda,de forma rel ati vamente compl eta,val ores uni versai s, cul turai s e o si stema estruturado sob os quai s estes val ores se i nterrel aci onam (SCHW ARTZ e BILSKY, 1990, SCHW ARTZ, 1990, 1992, 1994; SCHW ARTZ e HUISMANS,1995;ROCCA e SCHW ARTZ,1997;Schwartz,“etal ”,2001). O SVS gera um conj unto de dados quanti fi cávei s sobre os val ores que traduzem o comportamento de um determi nado grupo soci al ,traduzi ndo-se numa ferramenta el uci dati va de anál i se predi ti va das açõesi ndi vi duai s e col eti vas. Desta forma,têm-se as premi ssas para a gestão estruturada de val ores,poi s a medi ção de val ores (i ndi cadores) desencadei a anál i ses de causas (ori gem) e pl anosde ações. Entende-se que o estudo da gestão de val ores organi zaci onai s pode contri bui r com i mportantes, por que não di zer atri butos determi nantes do desempenho econômi co destasorgani zações. 4 1.2. Objetivos da Pesquisa 1.2.1.Objetivo Geral • Identi fi caros val ores presentes na organi zação e buscarcorrel ações de i nfl uênci a em seus resul tados econômi cos. 1.2.2.Objetivos Específicos • Identi fi carde forma estruturada e mensurávelos val ores de uma empresa, testando, desta forma, a apl i cabi l i dade do Inventári o de Val ores Organi zaci onai s de Schwartzem ambi ente empresari al ; • Correl aci onar os val ores da al ta admi ni stração e os val ores dos trabal hadores,da empresa al vo de estudo,i denti fi cando convergênci as e di vergênci as na busca de resul tados econômi cos; • Identi fi car,para a empresa,al vo do estudo,quai s os val ores presentes que representam ri scos e oportuni dades à sua sustentabi l i dade e competi ti vi dade; • Veri fi cara i nfl uênci a de fatores como i dade,gênero,grau de i nstrução e ci rcunstânci asda vi da nos val ores. 1.3. Relevância do tema Para j usti fi car-se a i mportânci a do presente estudo, tomou-se por base pesqui sas real i zadas sobre o assunto,descri tas ao l ongo deste desenvol vi mento. Ini ci a-se a argumentação através de pressupostos teóri cos,onde se obteve dados de estudi osos que evi denci am rel ação econômi ca entre gestão de val ores e desempenho organi zaci onal . Compl ementam-se, em pressupostos empíri cos, dados experi mentai s do autor que despertou o i nteresse por uma anál i se estruturada dos val ores, com obj eti vo de aprofundar a anál i se de casos vi venci ados,em que as respostas de natureza gerenci alno âmbi to fi nancei ro, técni co e operaci onal , não subsi di aram sufi ci entes concl usões para j usti fi car expressi vas al terações de desempenho em duas organi zações. Entende-se estarno estudo de val ores boa parte das respostas que fundamentem mudanças cul turai si mpactantes como as vi venci ados. 5 Uma das empresas tornou-se obj eto de estudo de caso para a proposta de pesqui sa enunci ada. 1.3.1.Pressupostos teóricos A parti rda aval i ação de autores (l i stados na seqüênci a deste tópi co)sobre a ampl i tude dos efei tos dos val ores no ambi ente organi zaci onal ,i denti fi ca-se grande convergênci a de pensamento quanto à i mportânci a do entendi mento e apl i cação da gestão de val ores. A despei to de não ser propósi to desta di ssertação, aval i ar o grau de desenvol vi mento nos estudos de val ores pel as ci ênci as soci ai s apl i cadas no Brasi l , consi dera-se apenas que exi stem autores que se propuseram a esti marcerca de mei o sécul o de atraso brasi l ei ro em rel ação à Europa (LAVILLE e DIONE,1999). Levando-se em conta que o al to nívelde desenvol vi mento soci ale econômi co destes países está l i gado, tanto ao desenvol vi mento tecnol ógi co como ao das ci ênci as soci ai s,exi ste uma grande oportuni dade de pesqui sa em temas rel ati vos à i nfl uênci a de aspectos das ci ênci as soci ai s apl i cadas sobre o desempenho das organi zações. O’ Donnel l(2006),expl i cou que o Great Pl ace to W ork Institute real i za uma das poucas pesqui sas exi stentes sobre o i mpacto da práti ca de val ores nos retornos fi nancei ros das organi zações. Anal i sando val ores de credi bi l i dade,respei to,j usti ça, orgul ho e col aboraci oni smo, a pesqui sa mostra cl aramente a rel ação entre um ambi ente de trabal ho saudável ,baseado na práti ca destes val ores,e os resul tados das empresas. Entre 1990 e 2000, uti l i zando dados da Frank Russel l Co., a pesqui sa acompanhou 57 organi zações que freqüentavam regul armente a l i sta das "100 Mel hores". Comparando os retornos destas empresas e a médi a i ndustri alDow Jones no mesmo período,veri fi cou que el as cresceram quase quatro vezes mai s, em dezanos,em comparação com empresas si mi l ares que não constavam da l i sta. Benefíci os adi ci onai s foram i denti fi cados que refl etem resul tados econômi cos: candi datos mai s qual i fi cados buscam estas empresas, i denti fi ca-se menor rotati vi dade,poi s poucos querem sai r,redução de custos médi cos,mai s al to nívelde sati sfação e fi del i dade dos cl i entes, mai si novação e cri ati vi dade: l i berdade de expressão. 6 Col l i ns e Porras (1995) constatam a ocorrênci a de grande esforço na construção e preservação de val ores, no estudo de 18 empresas centenári as consi deradas bem sucedi das. Estas empresas buscaram comuni carde forma cl ara seus val ores, de forma que todos compreendessem seu contexto de crenças, permi ti ndo-l hes i denti fi cação com a cul tura e os obj eti vos organi zaci onai s. Esta i denti fi cação depende de acei tação dos i ndi víduos. Champi on (1985)ressal ta a i nfl uênci a dos val ores no desempenho,sati sfação e produti vi dade dos grupos de trabal ho. Quando as pessoas comparti l ham certos i nteresses e ambi ções com outras pessoas de seu grupo, têm certamente uma rel ação mai s compatível com el as. No contexto organi zaci onal , este comparti l hamento gera padrões de produti vi dade mai s si nérgi cos. Kotter e Heskett (1994) escl arecem que os val ores são ti dos como comparti l hados quando i nteresses e metas são acei tos e assumi dos pel a mai ori a dos parti ci pantes da organi zação, e tendem a mol dar o seu comportamento, persi sti ndo,com freqüênci a,mesmo quando mudam osmembros da organi zação. Frei tas (1991) e Bowman (1996) sal i entam que as organi zações bemsucedi das têm nos val ores comparti l hados uma grandiosa fonte de força. Os empregados sentem-se moti vados porque a vi da organi zaci onaltem si gni fi cado para el es. Os di ri gentes geral mente trabal ham no senti do de fortal ecer a cul tura organi zaci onalatravés da geração e manutenção de val ores fortes e comparti l hados, que i mpul si onem ações no senti do de sustentarsua mi ssão,e ori entarseus grandes obj eti vos,metase estratégi as organi zaci onai s. Em matéri a para a revi sta Management,edi ção de março/abri lde 2000,o expresi dente da empresa GeneralEl ectri c,Jack W el ch,demonstra sua vi são sobre os val ores e sua i mportânci a nos resul tados. No seu processo de sel eção e retenção de l íderes,al ém do aprovei tamento dos que geram resul tados,i ndependentemente de serem parti l hadores ou não de val ores,Jack W el ch também destacou aprovei taros l íderes parti l hadores de val ores,mesmo não sendo geradoresdi retos de resul tados. Na década de 80,com um faturamento de U$ 25 bi l hões porano,el e demi ti u 150 mi lempregados de um totalde 425 mi l . Já na década de 90,com 275 mi l funci onári os a empresa faturava U$ 60 bi l hões porano,refl exo de sua vi são de que a organi zação preci sa de pessoasconectadas com os val ores organi zaci onai s. Thomas Peters e RobertW aterman,autores do l i vro "In search ofexcel ence”, 1982,consi deram que a excel ênci a – os bons resul tados – é um fatorcul tural . O 7 val or“qual i dade”deve serval orcul turaldi fundi do consci entemente na organi zação. Estudaram di versas empresas e rel aci onaram o sucesso del as com a i ntegração entre estruturas, si stemas de admi ni stração e cul turai s. A cul tura é consi derada nessa anál i se como forma de control aros comportamentos i ndi vi duai s,uma forma de i ntegraros obj eti vos i ndi vi duai s aosobj eti vos da organi zação. Al guns autores como Gaul ej ac e Aubert(1991),contestam estes processos de di fusão cul tural , afi rmando ser i sto mani pul ação para a produti vi dade. Os resul tados ocorrem no curto prazo,masnão pereni zam. Esta abordagem,a pri ncípi o como um contraponto,não contradi z o fato de que efeti vamente a cul tura afeta o resul tado, e porque não di zer que o reforça. Quando trata do propósi to da mudança cul turalcomo i nstrumento de mani pul ação, consi dera também que a organi zação se move porval ores,tanto para o bem como para o mal . A mani pul ação em si é conseqüênci a dos val ores cul turai s dos i ndi víduos que promovem a mudança e porserem i denti fi cados pel os componentes da organi zação como val ornão acei to pel a comuni dade tem-se a pereci bi l i dade do ambi ente moti vaci onale a subseqüente redução de produti vi dade. 1.3.2.Pressupostos empíricos A experi ênci a do pesqui sadordi z respei to à gestão empresari al ,por25 anos, em empresas naci onai s de grande porte (Cosi pa, Intermédi ca), empresa mul ti naci onal de grande porte (Bunge) e empresa naci onal de gestão fami l i ar (Moi nho Paul i sta). Incorpora pri ncípi os bási cos de re-estruturação organi zaci onalna busca de resul tados,através do estabel eci mento de estratégi as,desmembramento em metas obj eti vas,anál i se dos probl emas e determi nação do pl ano de ação para sua sol ução,padroni zação de processos e uti l i zação de ferramentas moti vaci onai s no tratamento dos recursos humanos. Si stemati zação semel hante tem si do uti l i zada por grande número de empresas,com mai orou menordesempenho de resul tados. Nos úl ti mos 10 anos, o autor acumul ou sucessi vos casos de substanci al al teração de desempenho,que refl eti ram resul tados concretos na rentabi l i dade dos negóci os. Estes resul tados despertaram parti cul ari nteresse em reconheceratravés de anál i se ci entífi ca, quai s os fatores que afetaram o ambi ente organi zaci onal , 8 promovendo al terações comportamentai s que desencadearam no ati ngi mento de metas de mel hori a. Em todos os casos,o uso das ferramentas gerenci ai s como i ndi cadores de desempenho,método de anál i se e sol ução de probl emas,pl anej amento de metas, dentre outros,entendeu o autorque j usti fi cavam parci al mente os resul tados obti dos, mas i nsufi ci entes em si para escl arecer as causas da substanci al mudança de desempenho destasorgani zações. O pri mei ro caso (Tabel a 1)apresenta a empresa A,do segmento de servi ços de saúde,que não será obj eto dosestudosora propostos. Foiconsi derada porconsti tui rum caso de rápi da e expressi va mudança de desempenho,vi venci ado pel o pesqui sador,que consi derou estaro tema presente i ntri nsecamente rel aci onado ao processo de re-estruturação organi zaci onal . Os dados apresentados são públ i cos,di vul gados poragênci as ofi ci ai s (ANS – Agênci a Naci onalde Saúde Compl ementar),na quala substanci almudança de desempenho ocorreu de forma si gni fi cati va em 2002,onde se i ni ci ou um processo de mudanças organi zaci onai s. Esta empresa,a despei to de resul tados não expressi vos,anteri ores a 2001,não carregava passi vos i mportantesdenotando razoávelsaúde fi nancei ra. Tabel a 1:Dem onstrati vo de Resul tados da Em presa A 2004 ! " # $ # % & ' ! ( ! # ) ! " $ ) ! " # " " *) ) # +, " " ) ' ! # ) " +, " ) " $ ! -$ ! . / 0 ! " "%& 2003 2002 2001 $ $ Fonte:ANS – Agênci a Naci onalde Saúde Supl em entar. Di sponívelem : http://www.ans.gov.br/portal /si te/perfi l _dados_setor/consoper.asp?reg=317501&porte=grande 9 Num segundo caso (Tabel a 2), o resul tado econômi co semel hantemente contundente,ocorreu na empresa Moi nho Paul i sta Ltda.,di ferenci ando do pri mei ro caso com rel ação ao estági o anteri or ao processo de re-estruturação,i ni ci ado ao fi nalde 2004,porse tratarde empresa i ndustri al(demandante de grande vol ume de capi tal de gi ro) e por acumul ar prej uízos anteri ores com el evado nível de endi vi damento. No processo de mudanças,a operação dos negóci os,geradora e demandadora de recursos fi nancei ros,em função do nívelde endi vi damento e da ausênci a de crédi to,requereu uma gestão mui to estruturada de curto prazo com forte associ ação a apropri ado pl anej amento de exíguos recursos fi nancei ros,num pri mei ro momento. Tabel a 2:Dem onstrati vo de Resul tados – Moi nho Paul i sta Ltda. (em m i l hares de reai s) 2007 -$ ! ' %& 1 2 # & ' $ # 3 1 4 1 2 # & ' ! 5 " $ ) 6( ! # & ' ! " ( # " ! 6 ) ' ( ! # ) ! " "%& 2006 $ 2005 $ $ 2004 $ $ $ $ $ Fonte:Dados l evantados na em presa pel o autor(2007). Estes casos ti veram como fatores comuns,um processo de re-estruturação gerenci ale al teração da base cul turalda organi zação, al terada pel os val ores e crenças de seus gestores. Val ores novos foram i mpl ementados e val ores tradi ci onai s da organi zação foram reforçados e serão enfocados no estudo detal hado do caso da empresa Moi nho Paul i sta. 10 1.4. Estrutura da Dissertação Esta di ssertação está estruturada em ci nco capítul os que obj eti vam desenvol vero tema que i nti tul a este trabal ho. No segundo capítul o, trata-se da abordagem teóri ca que fundamenta o estudo,onde se concei tua o tema sob a óti ca de di ferentes autores,observando a evol ução hi stóri ca deste conheci mento. Destacam-se neste detal hamento as teori as e os autores que desenvol veram model os estruturados de medi ção de val ores que ori entam a pesqui sa de campo e estudos de caso que fornecem os dados anal íti cos para o presente estudo. No tercei ro capítul o detal ha-se a preparação e apl i cação da pesqui sa de campo com base no “Inventári o de Val ores de Schwartz”e apresentam-se as bases para o estudo de caso da Empresa Moi nho Paul i sta, referenci ada no capítul o pri mei ro. No quarto capítul o desenvol ve-se a anál i se pormenori zada dos dados l evantados na pesqui sa de campo,com vi sta a buscas as respostas às questões que permei am este estudo, procurando-se entender os val ores que ori entam o comportamento da comuni dade aval i ada, e como esta di nâmi ca ocorre determi nação dosfatores de produti vi dade e competi ti vi dade da organi zação. Ai nda neste capítul o, aval i am-se os dados col etados na anál i se de caso, confrontando os resul tados reai s do Moi nho Paul i sta com sua respecti va estrutura de val ores,de forma a i gual mente buscarresponderasperguntas da pesqui sa. O qui nto capítul o compl ementa o presente trabal ho,concl ui ndo os pontos de mai or destaque observado durante todo o desenvol vi mento,abordando l i mi tações da pesqui sa e propondo estudos compl ementares para desenvol vi mento do tema. conti nui dade do 11 2. CONCEITUAÇÃO DE VALORES Eti mol ogi camente,a pal avra val orprovém do l ati m val ere,que si gni fi ca,que tem val or,que tem i mportânci a (HOLANDA,2004). Al go consi derado i mportante pel o i ndi víduo e,portanto,i nfl uenci a seu comportamento. A apl i cação do termo é ampl amente encontrada no ambi ente das ci ênci as exatas,destacando-se os usos na economi a,na engenhari a,na físi ca,dentre outros. Nas demai s ci ênci as,como bi ol ógi cas e humanas,o uso do termo é freqüentemente encontrado como el emento de quanti fi cação de parâmetros. A despei to da mul ti pl i ci dade concei tuala que a pal avra val orremete,não se apontam di vergênci as entre os i nteressados no estudo do desempenho econômi co das organi zações em rel ação aos val ores de natureza monetári a,mui to uti l i zados pel a contabi l i dade. São parâmetros que bem servem à anál i se causa - efei to do desempenho daquel a enti dade. Por outro l ado, os pesqui sadores das ci ênci as soci ai s apl i cadas buscam entendere encontraranal ogi as entre o i mpacto de vari ávei sl i gadas à componente humana nas organi zações e de que forma sua estrutura mentali mpacta no resul tado das empresas,revel ada porcomportamentosi ndi vi duai s e col eti vos. Um concei to fundamental na contabi l i dade empresari al , na asserti va de Ti noco (1996,p. 13)é assi m abordado: a gestão de recursos humanos, combi nada com a gestão de recursos físi cos e tecnol ógi cos,quando real i zada com efi ci ênci a e efi cáci a,agrega val orpara a Enti dade,ou sej a,provoca acrésci mo de l ucro e,porconsegui nte,acrésci mo de Patri môni o Líqui do e no Ati vo. Esta abordagem consi dera que exi stem recursos nas empresas que,no caso os recursos humanos, apesar de não expl i ci tamente l i stados no bal anço e demonstrati vos de resul tados, podem agregar val or aos negóci os da enti dade, podendo gerarl ucro. É neste ponto que o presente desenvol vi mento consi dera os val ores l i gados ao serhumano,como al vo de seusestudos. Para i sto, buscar-se-á nas ci ênci as soci ai s apl i cadas o entendi mento do i mpacto do serhumano no resul tado das organi zações,estudando-se os val ores que são a base da estrutura comportamentaldosi ndi víduos. 12 O Cl ub de Rome, organi zação não governamental , concentradora dos pensamentos sobre i novação e i ni ci ati va, consti tuída por ci enti stas, economi stas, homens de negóci o,chefes de estado,abrangendo ci nco conti nentes (di sponívelem o,2008),em http://www.cl ubofrome.org,acesso em dez.2008 -tradução de Assênci rel atóri o à UNESCO,de 1987,defi ni u val orescomo: O concei to de val or refere-se a duas i déi as contrastantes. Num extremo fal amos de val ores econômi cos baseados em produtos, ri queza, preços – coi sas al tamente materi ai s. Em outro contexto, entretanto,a pal avra val oradqui re um si gni fi cado abstrato,i ntangível e não-mensurável . Entre estes val ores espi ri tuai s estão l i berdade, paz,j usti ça,i gual dade. Um si stema de val ores é um grupo de val ores i nterconectados que formam um si stema e reforçam um ao outro. Estão ancorados na rel i gi ão e nas tradi ções humani stas. Para ser mai s exato,é necessári o di sti ngui r cl aramente as di ferenças entre el es e o modo como se apl i cam. Em mui tos casos exi ste forte associ ação com obj eti vos éti cos,mas exi stem di ferenças de opi ni ão sobre as regras de conduta... Em qual quer soci edade, serão encontrados di ferentes si stemas de val ores coexi sti ndo – mas não paci fi camente – l ado a l ado. Val ores transcendem o aspecto monetári o. Estão presentes no di a-a-di a das organi zações. Afetam seu resul tado a despei to de não consi derados nas aval i ações econômi castradi ci onai s. Entre 1960 e 1970,Rokeach (1968)apl i cou-se ao estudo dos val ores,sendol he atri buído especi alcrédi to na defi ni ção e entendi mento dos val ores i ndi vi duai s. Para el e,mai s do que qual queroutro concei to,os val ores são o fundamento dos estudos das ci ênci as soci ai s. No decorrerde seus estudos,afi rmou que os val ores são a pri nci pal vari ável dependente no estudo de cul tura, soci edade e personal i dade, e a pri nci pal vari ável i ndependente no estudo das ati tudes e comportamentos. Rokeach (1973) defi ne val or como uma crença duradoura em um model o específi co de conduta ou estado de exi stênci a,que é pessoal mente ou soci al mente adotado,e que está embasado em uma conduta preexi stente. Os val ores podem expressaros senti mentos e o propósi to de nossas vi das,tornando-se mui tas vezes a base de nossasl utase dosnossoscompromi ssos. Robbi ns (1999), afi rma que os val ores consi stem nas convi cções que fundamentam as escol has dos i ndi víduos por um modo de conduta, nas vári as si tuações da vi da,entre di ferentes opções possívei s de comportamento,ori entando a ação para o que el ej ul ga serbom,certo e desej ável . 13 Dessa forma,val oré uma concepção,expl íci ta ou i mpl íci ta,úni ca para cada i ndi víduo,que i nfl uenci a suas escol has ao l ongo da vi da,em termos de trabal ho, comportamento, ati tudes, ações. El a é construída com base no que o homem acredi ta sercorreto,bom,desej ável . Os val ores estão i ntri nsecamente rel aci onados à hi erarqui a do comportamento,o que i ncl uias necessi dades de cada pessoa e as normas com asquai sel a concorda ou se suj ei ta (VILLENA,2006). Garci a (1999)apresenta al gumas característi cas dosval ores: •Bipolaridade:é uma característi ca i nerente ao val or. El e sempre é bi pol ar. O que si gni fi ca que para todo val or exi ste um contra-val or, o bem se contrapõe ao mal ,o bel o ao fei o,e assi m pordi ante. •Implicação recíproca:querdi zerque a real i zação de um val ori nfl uenci a, di reta ou i ndi retamente,a real i zação de outros val ores. •Necessidade de sentido:o val orestabel ece um posi ci onamento do homem perante al go ou para al guém. Conduz o i ndi víduo numa di reção reconheci da como fi m. É devi do a essa característi ca que os val ores são reconheci dos como fatoresdetermi nantesda conduta humana. • Preferência ou prioridade: qual quer val or pode ser reconheci do como moti vo ou fi m da conduta humana. Cabe ao i ndi víduo ou soci edade estabel ecerseu si stema de val ores,ordenando-os hi erarqui camente,o que vaidetermi narsua concepção do mundo e da vi da. •Objetividade:pri mei ramente a autora defi ne como obj eto tudo aqui l o que pode ser suj ei to a um j uízo. Os val ores,apesar de não possuírem uma obj eti vi dade no pl ano do ser,possuem uma obj eti vi dade rel ati va no pl ano do deverser. Se não exi sti sse essa obj eti vi dade rel ati va dos val ores nada teri a senti do para o homem. • Historicidade: si gni fi ca que os val ores não são real i dades absol utas. Dependem do processo hi stóri co-cul turalda humani dade. São frutos das açõesdo homem na natureza. •Impossibilidade de se esgotar e inexorabilidade:querdi zerque o val or não esgota sua real i dade,não é reduzi do ao real . Poi s se coi nci di rcom a real i dade perde sua essênci a que é sempre superara real i dade. 14 No pensamento de Kahn (1978, p. 54) val ores “são as j usti fi cações e aspi raçõesi deol ógi cas mai s general i zadas”. Mi tchel l(1983)defi ni u val ores como “uma constel ação compl eta de ati tudes, crenças, opi ni ões, esperanças, medos, preconcei tos, carênci as, desej os e aspi raçõesde uma pessoa que,j untos,governam como el a se comporta”. Deale Kennedy (1988)destacam que os val ores afetam fortemente a ação das pessoas. Nos val ores estão as convergênci as de i nteresses da organi zação e dos i ndi víduos. Em sua teori a dos val ores,Schwartz (1992) i denti fi ca val ores bási cos que i ndi víduos de todas as cul turas reconhecem. Seus estudos i denti fi cam as característi cas pri nci pai s,que abrange todosos val ores: •Val ores são crenças:i ntri nsecamente l i gadas à emoção. •Val ores são um construto moti vaci onal :referem-se a obj eti vos desej ávei s que as pessoasse empenham em obter. •Val ores transcendem si tuações e ações específi cas:são obj eti vos abstratos (honesti dade,obedi ênci a) •Val ores gui am a sel eção e aval i ação de ações,pol íti cas,pessoase eventos: são padrões ou cri téri os de aval i ação. •Os val ores são ordenados pori mportânci a rel ati va:são hi erarqui závei s. Pesqui sador dos val ores humanos, Shal om H. Schwartz (1994, p.21), descreve val ores como “desej ávei s... metas... que operam como pri ncípi os que ori entam a vi da de uma pessoa”. Para Tamayo e Mendes (2001,p. 39)val oressão “pri ncípi os que gui am a vi da da organi zação”. Porextensão,defi ni u-se o concei to de si stema de val ores em que os val ores são pri ori zados em uma pessoa a parti r da i ntensi dade com que ocorrem e do desej o do i ndi víduo. Cada pessoa possuiseu si stema característi co de val ores, ori gi nári o de experi ênci as parti cul ares com os agentes que afetam suas vi das,como ambi ente cul tural ,famíl i a,dentre outros. 15 2.1. Relação entre valores, comportamentos e ação Pel as di ferentes abordagens na defi ni ção do concei to de val ores por di ferentes pesqui sadores, em comum, têm-se o desdobramento da rel ação dos val ores como moti vadore ori entadordo comportamento dos i ndi víduos. Desde os anos 70 exi ste a convi cção de ser possível predi zer o comportamento das pessoas a parti r das pri ori dades que el as dão aos val ores (Tamayo,2005). Rokeach (1968), grande estudi oso dos val ores, abri u uma perspecti va i mportante ao estudo do tema quando abordou a previ si bi l i dade do comportamento em função dos val ores e afi rmou:“o conheci mento dos val ores de uma pessoa nos deveri a permi ti rpredi zercomo el a se comportará em si tuações experi mentai s e em si tuações da vi da real ”. Os val ores permei am as escol has que as pessoas fazem em di ferentes si tuações de suas vi das. Esta asserti va desvenda uma i mportante área de oportuni dade das organi zações quando estudam os val ores, i denti fi cando comportamentos previ sívei s, defi ni dores de sua sobrevi vênci a. A parti r de um estruturado banco de i nformações,a gestão dos val ores poderá funci onarcomo forte el emento adi ci onalnasdefi ni ções de di retri zes estratégi cas. Segundo Bardie Schwartz (2003),a manei ra naturalde persegui ros val ores é de comportarde acordo com as suas metas real i zando atos que promovem a sua obtenção. Tamayo e Porto (2005)descrevem as rel ações entre val ores nas di mensões de especi fi ci dade e do nívelde abrangênci a do val or. Val ores específi cos,como famíl i a,educação,rel i gi ão e l azer,a parti rdas experi ênci as i ndi vi duai s com estes val ores,têm desenvol vi da sua base de val ores gerai s. À medi da que os i ndi víduos se associ am em organi zações,i nsti tui ções,grupo ou com uma soci edade tem-se o surgi mento de novos e compl exos si stemas de val ores comparti l hados com outros i ndi víduos. A fi gura 1 procura ti pi fi carestas rel ações. 16 Fi gura 1:Interrel ações entre val ores Fonte:El aborado a parti rde Tam ayo e Porto (2005). Os val ores favorecem o apareci mento de comportamentos adaptati vos a ambi entes vari ávei s, e aumentam a fl exi bi l i dade do i ndi víduo para enfrentar ambi entes novos,sem a necessi dade de especi fi caruma resposta comportamental para cada si tuação (TAMAYO e PORTO,2005). Observa-se nesta abordagem um caráter de mutabi l i dade e adaptabi l i dade dos val ores com a vari ação do ambi ente a que o i ndi víduo fi ca suj ei to ao l ongo de sua vi da. Com si mi l arabordagem,Charon (1999)afi rma que os i ndi víduos são gui ados porval ores que são desenvol vi dos em i nteração com outrosi ndi víduos. Brai thwai te (1994) e Schwartz (1992) concordam que não exi stem val ores negati vos e posi ti vos propri amente di tos. Identi fi cam que val ores competem entre si e a escol ha porum val ornão necessari amente excl uiseu val orconcorrente. Nas si tuações do coti di ano i ndi vi dualou organi zaci onal ,entende-se que nos processos deci sóri os tem-se normal mente uma competi ção de val ores i nfl uenci ando as anál i ses que,porsua vez,determi narão o rumo da deci são. Ou sej a,a despei to das componentes técni cas envol vendo a si tuação, os val ores dos i ndi víduos envol vi dos poderão se sobrepuj ar sobre os aspectos de natureza técni ca ou normati va. Este é o contexto que trata o fi l ósofo francês Comte-Sponvi l l e (2005)quando aborda uma hi erarqui a de abordagens do pensamento humano na tomada de 17 deci são,ou sej a,a exi stênci a de uma esfera éti ca,moral ,regul atóri a (ou normati va) e técni ca. Esta hi erarqui a apontari a para o fato de que os probl emas têm vári as abordagens,devendo preval ecera abordagem di retamente rel aci onada ao probl ema e,neste contexto a sol ução deveri a sertomada,sob ri sco de se promover,o que Compte-Sponvi l l e (2005)denomi na “ti rani a”e “fal so angel i smo”. Na “ti rani a”o i ndi víduo trata um probl ema de uma esfera superi orna esfera i nferi or. Exempl i fi ca-se como tratar um roubo (de abordagem moral ) na esfera técni ca,ou sej a,o i ndi víduo pegou di nhei ro de outro porque não ti nha nenhum. No “fal so angel i smo” têm-se o tratamento i nverso, no qualprobl emas na esfera i nferi orsão tratados em esfera superi or. O própri o títul o do l i vro de ComteSponvi l l e (2005),“O capi tal i smo é moral ?”é uti l i zado como exempl o,ao abordaro fato de capi tal i smo serum fenômeno técni co,ori undo das trocas entre as pessoas para supri r necessi dades mútuas e é freqüentemente tratado no âmbi to moralou éti co. Schwartz (2001)i denti fi ca quatro di ferentes processos que expl i cam como os val ores podem i nfl uenci ar nos comportamentos,ao que denomi nou processos de l i gação. São el es: • Ati vação de val ores: os val ores preci sam ser ati vados para afetar o comportamento, conforme Verpl anken e Hol l and (2002, “apud” Schwartz,2001,op. ci t.,p. 80); • Val ores como fonte de moti vação: ações se tornam mai s atraentes na medi da em que promovem o ati ngi mento de obj eti vos val ori zados,conforme Feather(1988,“apud”Schwartz,2001,l oc. ci t.,p. 81); • Val ores i nfl uenci am na atenção,percepção e i nterpretação de si tuações: funci onam como fatores de pri ori zação, conforme Schwartz, Sagi ve Boehnke (2000,“apud”Schwartz,2001 “apud”,op. ci t.,p. 82); • Val ores i nfl uenci am no pl anej amento das ações, conforme Gol l wi tzer(1996,“apud”Schwartz,2001,l oc. ci t.,p. 82). Para Rokeach (1973) os val ores representam predi sposi ções para ações e possuem três componentes bási cos sob os quai so i ndi víduo busca a manutenção de um equi l íbri o consi stente:cogni ti vo (bom ou rui m,verdadei ro ou fal so,desej ável ou i ndesej ável ); afeti vo (provoca afeto de mai or ou menor i ntensi dade); e 18 comportamental (l eva à ação). Propõe uma cadei a de rel ações entre cul tura, soci edade, personal i dade, gerando val ores, que defi nem comportamento e conseqüentemente a ati tude dosi ndi víduos. CULTURA SOCIEDADE PERSONALIDADE VALORES COMPORTAMENTOS AÇÕES Fi gura 2:Contínuo do com portam ento hum ano Fonte:El aborado a parti rde Rokeach,1973. 2.2. Análise estruturada dos valores Os val ores da soci edade,i ndi vi duai s e organi zaci onai s transcendem a hi stóri a escri ta. Os pri mei ros regi stros do pensamento humano encontrados em pi nturas nas paredes de cavernas (25.000-30.000 a.C.)ou “pedras de contagem”(cerca de 7.000 a.C)ou mesmo i nscri ções escul pi das de confi guração numéri ca (4.100-3.800 a.C), remetem os hi stori adores e arqueól ogos a deci frá-l os como el ementos de val ori zação de natureza numéri ca,comemorati va ou ri tual ísti ca (RYAN,2007). Em agosto de 1799, foiencontrada a famosa “Pedra de Roseta”,no Egi to, próxi mo de Al exandri a,datada de 196 a.C.,cuj os hi erógl i fos foram deci frados,em 1822, pel o pesqui sador francês Jean-Françoi s Champol l i on, tratam de val ores soci ai s,poi s se tratava de um decreto em honra ao reiPtol omeu (tal vez Ptol omeu V, 205 a 108 a.C.). Na Gréci a anti ga,osfi l ósofos permearam seu pensarsob a óti ca da éti ca e os val ores uni versai s. Ari stótel es (1983), expoente dessa fase, aponta para a i mportânci a da moderação, como sendo val or essenci al . Destaca que a vi rtude moralse expressa no control e dos senti mentos naturai s,e que os bons val ores estão na busca e boa escol ha do efeti vo bal anço entre doi s extremos. Os extremos são característi cos do víci o. O Quadro 1 rel aci ona as vi rtudes apontadas por Ari stótel es (1983), correl aci onando-as com as apl i cações extremas das vi rtudes, pol ari zando víci os de excesso e de fal ta. 19 VÍCIO (Falta) Covardi a Val enti a tol a Desprezo Insensi bi l i dade Desavergonhado Sovi ni ce Ni ggardl i ness Humi l dade excessi va Indi ferença Virtude (moderação) Coragem (confi ança) Coragem (medo) Ami zade Temperança Modésti a Li beral i dade Magni fi cênci a Prazer Autocontrol e VÍCIO (Excesso) Impetuosi dade Covardi a Baj ul ação Auto-i ndul gênci a Ti mi dez Desperdíci o Vul gari dade Vai dade,egoísmo Iraci bi l i dade Quadro 1:Os val ores e seus extrem os de Ari stótel es Fonte:El aborado a parti rde Ari stótel es (1983). Schnei der (1917) foio pri mei ro pesqui sador a propor o estabel eci mento e rel aci onamento entre ti pos de val ores,i denti fi cando sei s di ferentes categori as de val ores. Nos úl ti mos 30 anos, foram desenvol vi dos i nstrumentos de pesqui sa de val ores,que têm si do ampl amente uti l i zados,testados e acei tos,contando com o pi onei ri smo de Rokeach (1973). Embora ai nda estej a em uso (JOHNSTON, 1995; MCCARTY e SHRUM, 2000), o model o de Rokeach i nspi rou seu sucessor di reto, Schwartz (1990), no desenvol vi mento de um i nstrumento que rapi damente ganhou reconheci mento e uso i ntensi vo (BRAITHW AITE, 1994; SCHW ARTZ e HUISMANS, 1995; SCHULTZ e ZELEZNY,1999;STERN,DIETZ e GUAGNANO,1998;BOEHNKE,STROMBERG, REGMI,RICHMOND e CHANDRA,1998;SCHW ARTZ,“etal ”,2001;ROCCA “etal ”, 2002;BARDI e SCHW ARTZ,2003). 2.2.1.Escala de Valores de Rokeach – RVS Este i nstrumento de pesqui sa de val ores denomi nado "Rokeach Val ue Survey" (RVS), é composto por duas l i stas com dezoi to val ores cada: Val ores Termi nai se Val ores Instrumentai s (Rokeach,1971). Os val ores instrumentais são os val ores base para o atendi mento dos obj eti vos desej ados. São útei s somente quando determi nam comportamentos acei távei s. Estes são os freqüentemente di scuti dos quando se trata de morale éti ca. Os val ores i nstrumentai s moderam e aj ustam a cami nhada para a real i zação de obj eti vos,assegurando que as ações sej am soci al mente acei távei s. Assi m são os 20 mel hores val ores que se pode desenvol verpara cri arsoci edades bem sucedi das. Os val ores tai s como a desonesti dade e o egoísmo destroem soci edades e,numa vi são evol uci onári a,não são bons para o futuro da humani dade. Os exempl os de val ores i nstrumentai si ncl uem:honesti dade,cordi al i dade e coragem. Os val ores terminais são coi sas que real mente val ori za-se. Isto é,o l ugar onde “val ores”e “val or”convergem. São os val ores de desti no que se querati ngi r. Os exempl osde val ores termi nai s são:fel i ci dade,sal vação e prosperi dade. VALORES TERMINAIS VALORES INSTRUMENTAIS 1. Um mundo de paz Li vre de guerras e confl i tos,vi da harmoni osa com a famíl i a,vi zi nhos,no trabal ho 2. Segurança fami l i ar Segurança das pessoas da famíl i a, 2. Responsável das pessoasqueri das 3. Fel i ci dade 4. Harmoni a i nteri or 5. Ami zade verdadei ra Contentamento, sati sfação,al egri a, estarde bem com a vi da Li vre de confl i tos i nteri ores,estarem pazconsi go. Camaradagem ínti ma,fazerami gos verdadei ros,com quem possa contare que possam contar com você 1. Honesto Si ncero, verdadei ro Assume assuas obri gações, fi dedi gno,de confi ança 3. Pol i do Cortês,educado 4. Amoroso Afetuoso, cari nhoso 5. Capaz Competente, efi ci ente 6. Ani mado Al egre,j ovi al 6. Auto-respei to Auto-esti ma 7. Igual dade Fraterni dade, oportuni dades i guai s, 7. Prestati vo di rei tos i guai s 8. Sabedori a Uma compreensão adul ta da vi da 9. Segurança naci onal Segurança do país, proteção contra ataques Trabal hando para o bem-estardos outros Conti do,com autodomíni o, 8. Auto-control ado prudente, ponderado Li mpo,arrumado, 9. Asseado bemapresentável 21 10. Sal vação Uma vi da eterna, sal va,espi ri tual i dade, 10. Coraj oso terfé em deus Inti mi dade sexuale espi ri tual ,equi l íbri o 11. Amormaduro emoci onal , senti mento duradouro,respei to. Contri bui ção duradoura,auto12. Um senti mento real i zação,estar de real i zação sati sfei to com si mesmo,gostarda vi da que l eva Independênci a,l i vreescol ha,poderfazer 13. Li berdade as coi sas como você quere gosta Pronto a defenderseus val ores,suas i déi as,suas vontades 11. Independente Autoconfi ante, auto-sufi ci ente, poderfazeras coi sas porsi 12. Tol erante Di sposto a perdoaroutros, acei tarascoi sas como são 13. Imagi nati vo Ousado,cri ati vo 14. Prazer Uma vi da agradável , sati sfação pessoal 14. Obedi ente 15. Uma vi da confortável Uma vi da próspera, di nhei ro,bens, conforto materi al . 15. Lógi co 16. Um mundo de bel eza Bel eza da natureza e da arte 16. Intel ectual 17. Reconheci mento soci al Tero respei to das demai s pessoas,ser admi rado pel os outros 17. Li beral 18. Uma vi da exci tante Uma vi da esti mul ante,ati va, não-monótona,não roti nei ra,com desafi os a serem venci dos 18. Ambi ci oso Respei toso,sabe obedeceràs ordensde superi ores Raci onal , consi stente,que tem raci ocíni o rápi do Intel i gente, pensati vo, estudi oso Mental i dade aberta,acei tar opi ni õese ati tudes di ferentes da sua, serfl exível Trabal hador i ncansável ,com aspi rações Quadro 2:Val ores Term i nai s e Instrum entai s de Rokeach. Fonte:El aborado a parti rde Rokeach (1973). O processo de medi ção estatísti ca dos val ores numa organi zação se desenvol ve através da aval i ação de um grupo de pessoas al vo da pesqui sa que se 22 submeterão a um questi onári o que aborda os 18 val ores termi nai s e os 18 val ores i nstrumentai s rel aci onados no quadro 2. Cada val or é pontuando, na aval i ação i ndi vi dual com 1 quando o val or l he for pouquíssi mo i mportante, 2 para pouco i mportante,3 para i mportante ou 4 para mui to i mportante. Ao fi naldo processo o aval i ado deve escol herdentre os val ores da l i sta que atri bui u o val or4,o val orao qualatri bui u mai orpri ori dade,e atri bui r-l he a pontuação 5. Este será o val orque mai ori mportânci a é dada pel oi ndi víduo. A concepção dos val ores humanos foiformul ada a parti rde ci nco suposi ções, a saber,(ROKEACH,1973,“apud”PASQUALI e ALVES,2004): 1. Número total de val ores que as pessoas possuem é rel ati vamente pequeno; 2. Todosos homensem di ferentes graus possuem osmesmos val ores; 3. Val ores são organi zados em forma de si stemas de val ores; 4. Os antecedentes dos val ores humanos podem ser procurados na cul tura,soci edade,i nsti tui ções soci ai s e personal i dade; 5. As i mpl i cações dos val ores humanos podem ser mani festam vi rtual mente em todos os fenômenos que os ci enti stas soci ai s possam vi ra consi derarcomo i mportantes para a i nvesti gação e compreensão do comportamento humano. 2.2.2.Mapa de valores de Inglehart Ronal d Ingl ehart,ci enti sta pol íti co da Uni versi dade de Mi chi gan,foium dos i deal i zadores da Pesqui sa Mundi alde Val ores (“W orl d Val ues Survey”-W VS),onde é di retor, que consi ste uma rede gl obalde ci enti stas soci ai s. Esta organi zação desenvol ve desde 1981 pesqui sas públ i cas de val ores representati vas,abrangendo 80 soci edades,em todos os conti nentes,cobri ndo 85% da popul ação mundi al . As pesqui sas da W VS,com anál i ses trans-cul turai s detal hadas ao l ongo do tempo têm produzi do evi dênci as de mudanças soci ai s pel o mundo. Ingl ehart(1977)concebe os val ores como i ndi cadores de mudanças cul turai s. Veri fi cou que os val ores estão rel aci onados aos modos de produção,ou sej a,as transformações das soci edades oci dentai s pós-modernas estão rel aci onadas com as modi fi caçõesna hi erarqui a de val ores dessassoci edades. 23 Apresenta doi s conj untos de val ores: materi al i stas e pós-materi al i stas. As condi ções de produção capi tal i sta pós-revol ução i ndustri alno i níci o do sécul o XX, vi abi l i zaram a emergênci a dos val ores materi al i stas cuj o desenvol vi mento i nfl uenci ou o desenvol vi mento do capi tal i smo nas soci edades i ndustri ai s, destacando-se os países da Améri ca do Norte e da Europa Oci dental . Estes val ores materi al i stas são reconheci dos de forma pri ori tári a em soci edades que apresentam bai xo nívelde desenvol vi mento soci al . Em soci edades pós-i ndustri ai s,com mai or estabi l i dade soci al ,tem-se veri fi cado o apareci mento de val ores pós-materi al i stas como preocupação ambi ental ,real i zação profi ssi onal ,pol íti ca,bem-estar. Ingl ehart(1997)demonstrou que pessoas mai s vel has dão mai orpri ori dade ao materi al i smo do que ao pós-materi al i smo. El e entende que este efei to se desenvol ve na adol escênci a, de forma que, quanto pi or foram as experi ênci as rel ati vas à segurança físi ca e econômi ca durante esta fase,mai ori mportânci a terão os val ores materi al i stas portoda a vi da. Adol escentes que vi venci aram prosperi dade e segurança nos úl ti mos 50 anos, pri ori zarão val ores pós-materi al i stas na fase adul ta. Ingl ehart (1991) apresenta uma al ternati va i nstrumental para medi ção de val ores materi al i stas e pós-materi al i stas. Os i ndi cadores materi al i stas aval i am a i mportânci a da segurança físi ca e econômi ca, enquanto os i ndi cadores pósmateri al i stas aval i am a i mportânci a da real i zação profi ssi onal ,da pol íti ca e do bemestari ndi vi dual . O mapa de val ores de Ingl ehart apresenta uma estrei ta correl ação dos val ores com as di ferentes cul turas. Os países foram di stri buídos em cl usters bem característi cos e previ sívei s. 24 Fi gura 3:Mapa de Val ores de Ingl ehart. Fonte:"W orl d Val ues Survey",di sponívelem http://m argaux.grandvi num .se/SebTest/wvs/arti cl es/fol der_publ i shed/arti cl e_base_54, acessado em 15. nov.2007. O mapa de val ores de Ingl ehartfoiconstruído a parti rdos dados col etados na Pesqui sa Mundi alde Val ores (“W orl d Val ues Survey”-W VS),sob coordenação do Insti tuto de Pesqui sa Soci alda Uni versi dade Mi chi gan,entre 1981 e 2001. Foram desenvol vi das com obj eti vo de mensuraras mai ores áreas do pensamento humano, compreendendo desde rel i gi ão,pol íti ca,economi a e vi da soci al . Demonstrado na fi gura 3, apresenta-se na forma bi di mensi onal , tendo como ei xo y os Val ores Tradi ci onal /Secul ar-Raci onal e no ei xo x os Val ores de Sobrevi vênci a / Autoexpressão. Estas duas di mensões expl i cam mai s de 70% da vari ação trans-cul turai s num fatorde anál i se de dez i ndi cadores e cada uma destas di mensões numa forte correl ação com escal as de outros i mportantes fatores. A di mensão dos val ores Tradi ci onai s / Secul ares-Raci onal representa o contraste entre soci edades que dão mai orou menori mportânci a à rel i gi ão. Outros fatores estão mui to próxi mos desta di mensão. Soci edades tradi ci onal i stas enfati zam ai mportânci a da rel ação pai -fi l ho e respei to à autori dade,adi ci onal mente a padrões absol utos e val ores fami l i ares tradi ci onai s,rej ei tando di vórci o,aborto,eutanási a e 25 sui cídi o. Estas soci edades apresentam al to nívelde patri oti smo e naci onal i smo. As soci edades com val ores secul ar-raci onai s apresentam preferênci asopostas. A segunda mai or di mensão da vari ação trans-cul turalestá rel aci onada à transi ção das soci edades i ndustri ai s para soci edades pós-i ndustri ai s, que trouxe pol ari zação entre val ores de sobrevi vênci a e de auto-expressão. A prosperi dade sem precedentes observada nas soci edades avançadas nas úl ti mas gerações denota um conti ngente popul aci onalcrescente que tem a sobrevi vênci a garanti da. Desta forma, suas pri ori dades mi gram de uma forte ênfase nos aspectos econômi cos e de segurança físi ca para concentração no bem estar,auto-expressão e qual i dade de vi da. Ingl eharte Baker(2000)evi denci aram que as ori entações para val ores tradi ci onai s mi graram para val ores secul ar-raci onai s em prati camente todas as soci edades i ndustri ai s. Quando a soci edade passa de i ndustri al i zada para soci edade do conheci mento,seus val ores mi gram para outra di reção,ou sej a,de val ores de sobrevi vênci a para val oresde auto-expressão. A pol ari zação entre val ores materi al i stas e pós-materi al i stas está no centro destas di mensões, refl eti ndo mudanças cul turai s em soci edades que têm com garanti da a sua sobrevi vênci a. Val ores de auto-expressão pri ori zam proteção ao mei o ambi ente, tol erânci a à di versi dade e demonstram crescente i nteresse em parti ci parde deci sões econômi cas e pol íti cas. Incl uem também val ores de cui dado com a i nfânci a,mudando a ênfase do trabal ho duro para val ores de cri ati vi dade e tol erânci a. Estes val ores de auto-expressão correl aci onam-se ao senso de bem estar,que vi abi l i za o desenvol vi mento de um ambi ente de tol erânci a,credi bi l i dade e moderação pol íti ca. Compl etando o quadro,estas soci edades tendem a apresentar al to padrão de credi bi l i dade i nterpessoal ,tendo-se as bases fundamentai s para a emergênci a e aperfei çoamento da democraci a (INGLEHART e BAKER,2000). 26 Fi gura 4:Val ores de sobrevi vênci a vs. Val ores de Bem-estar. Fonte:Ingl ehart,R (1997). Fi gura 5:Bem -estarsubj eti vo pornívelde desenvol vi m ento econôm i co e herança hi stóri ca das soci edades. Fonte:Ingl ehart,R (1997). 27 2.2.3.Inventário de Valores de Schwartz (SVS) A extensa pesqui sa de Schwartz nos anos de 1990,1992 e 1994,testada por repeti das vezes, foiampl amente di vul gada e reconheci da. O autor apresenta as bases estruturadas de um model o (SVS – “SchwartzVal ues Survey”,traduzi do como Inventári o de Val ores de Schwartz)que aborda,de forma rel ati vamente compl eta, val ores uni versai s,cul turai s e o si stema estruturado sob os quai s estes val ores se i nterrel aci onam (SCHW ARTZ e BILSKY, 1990, SCHW ARTZ, 1990, 1992, 1994; SCHW ARTZ e HUISMANS,1995;ROCCA e SCHW ARTZ,1997;Schwartz,“etal ”, 2001). Em 1992,Schwartz desenvol veu uma escal a de val ores com o obj eti vo de testaras hi póteses deri vadas de sua teori a,que busca expl i cara estrutura di nâmi ca de rel açõesentre val ores. Com esta estrutura,procura-se i denti fi carde que forma as ações na busca de um val or produz conseqüênci as que podem produzi r si nergi a ou confl i to com a busca de outrosval ores. No model o representado na fi gura 6,os val ores são representados em um círcul o,formando um conti nuum de moti vações que se rel aci onam com os val ores adj acentes. Poroutro l ado,também representam val ores que col i dem porserem contrári o aos val ores opostos. Como exempl o,a busca de novi dades e mudança (val ores de esti mul ação)tende a seropostos aos val ores de tradi ção,que busca a preservação de costumes anti gos e honrados,como estruturas organi zaci onai s demasi adamente grandes e manutenção de cargos que não agregam val or por respei to aos ocupantes. Poroutro l ado,os val ores de tradi ção são congruentesaosde conformi dade. 28 Fi gura 6:Estrutura teóri ca da rel ação entre val ores. Fonte:Inventári o de Val ores de Schwartz(SVS)-1992 Schwartz (1992) propôs um model o para i denti fi cação dos val ores que ori entam uma determi nada soci edade. Em função da i mportânci a atri buída aos di ferentes ti pos moti vaci onai s,forma-se uma estrutura de val ores que ori enta as ati tudes,opi ni ões e os pensamentos do serhumano. Este i nstrumento i ncl uii tens sel eci onados para abarcaros di versos aspectos do obj eti vo moti vaci onalque defi ne cada um dos10 ti posmoti vaci onai smai sa espi ri tual i dade. Em úl ti ma i nstânci a, tal estrutura dá senti do aos i nteresses que são pri ori tári os na vi da das pessoas,sendo estes cl assi fi cados como individuais (autodi reção, esti mul ação, real i zação, hedoni smo e poder), col etivos (benevol ênci a, conformi dade e tradi ção)ou mistos (segurança e uni versal i smo). Foi val i dado pel a apl i cação em 210 amostras de 67 países (TAMAYO e PORTO,2005,p. 33-34),total i zando 64.271 parti ci pantes,envol vendo:países ri cos como Áustri a, Canadá, Bél gi ca, Estados Uni dos, países da Áfri ca como Eti ópi a, Ni géri a, Áfri ca do Sul ; países da Améri ca do Sul , dentre el es o Brasi l , Chi l e, Venezuel a;países do Leste Europeu,do Ori ente e Ori ente médi o. Este model o permi ti u confi rmara estrutura teóri ca de val oresda fi gura 6. Foiuti l i zada a i nter-rel ação mul ti di mensi onaldos di versos val ores uti l i zando a técni ca da SSA “Simil arity Structure Anal ysis” (BORG e SHYE,1995;GUTTMAN, 29 1968). A SSA compreende uma cl asse de model os que representam si mi l ari dade entre enti dades, por exempl o: vari ávei s, i tens, obj etos, pessoas, etc., no espaço mul ti di mensi onalpara permi ti rentenderem-se as rel ações e padrões presentes nos dados l evantados. Esta técni ca de escal a não métri ca mapei a os i tens como pontos em um espaço mul ti di mensi onal ,talque a di stânci a entre os pontos refl ete as i nterrel açõesentre os i tens. Mai s semel hantesosi tens,mai spróxi mos estão. A estrutura desenvol vi da porSchwartz (1992,1994 e 2001),apresentada na fi gura 6, apresenta 2 di mensões, bi pol ares, ou sej a, consti tuídas de 2 pól os antagôni cos entre si . A pri mei ra di mensão refl ete a busca de mudança em oposi ção à estabi l i dade, expressando a moti vação da pessoa para segui r os seus própri os i nteresses i ntel ectuai s e afeti vos desafi ando a preservação de um estado de segurança de seus rel aci onamentos. Num extremo desta di mensão,estão os ti pos moti vaci onai s esti mul ação e autodetermi nação, com val ores l i gados a i novação, cri ação, autonomi a e abertura a desafi os nas vári as áreas da vi da. No outro extremo desta di mensão, encontram-se os ti pos moti vaci onai s de segurança, conformi dade e tradi ção,em que os i ndi víduos têm moti vação na busca de estabi l i dade,segurança, ordem soci al ,autocontrol e e respei to à tradi ção. A segunda di mensão pol ari za,de um l ado,a autotranscendênci a em oposi ção à autopromoção,determi nando extremos entre a busca dos i nteresses própri os (ego centrado)e os i nteresses dos outros (outro centrado). Num dos extremos,estão os ti pos moti vaci onai s uni versal i smo e benevol ênci a,determi nados porval ores vol tados aos resul tados col eti vos,do grupo,da organi zação,promovendo o bem-estardos outros. No outro pól o,a ênfase é com os seus própri os resul tados,sem preocupação com os resul tadoscol eti vos,em que os val ores evi denci ados são podere i nfl uênci a. O ei xo em que se defi nem as di mensões consi ste,portanto,numa escal a contínua de moti vações,caracteri zando a i ntensi dade que uma ou outra di mensão mani festa. Schwartz(1994),a parti rde suas pesqui sas,veri fi cou que: • Os resul tados da pesqui sa apói am fortemente a exi stênci a de um conj unto quase uni versalde val ores di ferenci ados pel o conteúdo moti vaci onal . • Apontam ai nda para a abrangênci a dos ti pos moti vaci onai s de val ores,em que i tens novos adi ci onados emergi am num dos ti pos moti vaci onai s,não i denti fi cando um novo ti po. 30 • Val ortem si gni fi cadossemel hantesem grupos di ferentes. • Os i tens moti vaci onai s se organi zam ao l ongo de um “continuum” (estrutura contínua,conj ugada),onde i tens próxi mos à l i nha de separação expressam ti posmoti vaci onai sde ambosos l adosda l i nha. • A estrutura de val ores pode refl eti r pul sões i natas. Lawrence e Nohri a (2002) propuseram 4 pul sões i natas, centrai s na natureza de todos os seres humanos,que desempenham um papelvi talem todas as escol has humanas: a)adqui ri r– buscar,control are manterrecursos materi ai s e de statuse experi ênci as prazerosas; b)formarl aços – formarrel aci onamentos soci ai s e desenvol ver compromi ssosde cui dadosmútuos; c)aprender– saber,compreender,acredi tar,apreci are entender o ambi ente e a simesmo vi a curi osi dade; d) defender – defender a si mesmo e a suas real i zações val ori zadas quando se percebe que estão em peri go. • Apl i cação da estrutura de val ores à Teóri ca da moti vação humana. 31 2.2.4.PERFIL DE VALORES PESSOAIS (PQ - Portraits Questionnaire) Schwartz desenvol veu em seu model o o que denomi nou “Perfi lde Val ores Pessoai s (PQ - Portraits Questionnaire)” (Schwartz “et al ”, 1999 e 2001), que consi ste num i nstrumento de medi ção dos 10 ti pos moti vaci onai s (como o SVS),que i ncl ui curtas descri ções verbai s de 40 pessoas. Cada perfi l descreve obj eti vos, aspi rações e desej os que i mpl i ci tamente apontam para a i mportânci a de um ti po moti vaci onal . A pesqui sa é real i zada através de perguntas de si mi l ari dade a um perfi l ,em que o pesqui sado se compara com el e. São dezos ti pos moti vaci onai si denti fi cadosporSchwartz(Quadro 3): Tipos Motivacionais de Schwartz Definição Objetivo que Derivado de o define necessidades (meta motivacional) Autodeterminação Sob a perspecti va psi col ógi ca,há Pensamento uma tendênci a em afi rmarque os e ação seres humanos nascem com o i ndependente desej o i ntrínseco de expl orar e entender a real i dade, al ém de experi mentarem el es mesmos como control ar com efeti vi dade os eventos e obterrecompensas através dessasati vi dades. Control e, domi nânci a, autonomi ae i ndependênci a Estimulação Deri vado das necessi dades Exci tação, físi cas por vari edade, a fi m de novi dade, manter um nível óti mo de desafi o ati vação, condi ci onado pel as experi ênci as soci ai s e que podem gerardi ferenças i ndi vi duai s. Tem si do associ ada, também, a necessi dade bi ol ógi ca de exci tamento e a aspectos da personal i dade de pessoas que ansei am pordesafi os. Vari edade e esti mul ação. 32 Tipos Motivacionais de Schwartz Definição Objetivo que Derivado de o define (meta necessidades motivacional) Hedonismo Deri vado do atendi mento das Prazerou fi cação necessi dades físi cas de forma grati agradável , onde a grati fi cação sensual psi col ógi ca é transformada em val orsoci al mente reconheci do,tal como a vi da confortável ou ao gozo na vi da. Orgâni cas e de prazer associ ado à sua sati sfação Realização Vi ncul ado à necessi dade de desenvol vi mento e obtenção de recursos para o cresci mento. É i mpresci ndívelpara obtenção de sucesso na atuação soci ale no funci onamento i nsti tuci onal . Sucesso pessoal (conforme padrões soci ai s) Sobrevi vênci a, demonstração de competênci a, ambi ção, aprovação soci al Poder Deri vado da função de coordenação soci al e vi ncul ado ao status que o i ndi vi duo tem na soci edade e o quanto pode control aros recursos no grupo de domíni o. Val or vastamente estudado por di versos teóri cos, aparecendo também como l i derança e autori dade. Statussoci al ou prestígi o, control e ou domíni o sobre pessoas /recursos Di ferenci ação de status, domi nação/ submi ssão, esti ma soci al . Segurança Associ ado à necessi dade bási ca de sobrevi vênci a e afastamento de ameaças à i ntegri dade físi ca do i ndi víduo. É também um val or que requer dos grupos a manutenção da segurança. Harmoni a, Bási cas estabi l i dade i ndi vi duai se da soci edade, grupai s. dos rel aci onamen tos e de si . Conformidade Vi ncul ado ao i nteresse dos outros para obtenção da preservação do si stema moraldo grupo e de toda a soci edade. Os val ores são i nternal i zados pel os i ndi víduos de forma consci ente. Restri ção de ações, i ncl i nações que vi ol am expectati vas/ normas soci ai s Rompi mento e prej udi cara i nteração e funci onamento dos grupos (i ni bi -l o). 33 Tipos Motivacionais de Schwartz Definição Objetivo que Derivado de o define (meta necessidades motivacional) Tradição Conj unto de val ores que se referem aos símbol os e práti cas que representam os grupos e são comparti l hados por seus membros, freqüentemente representados nos ri tos rel i gi osos, crenças e normas de comportamento e vi ncul ados a acei tação de costumes e i déi as do grupo soci al i mpostas ao i ndi víduo. Respei to, compromi sso e acei tação dos costumes ei déi as (cul turai s ou rel i gi osas) Comparti l hamento de rumose experi ênci as, sol i dari edade do grupo para sobrevi vênci a . Benevolência Associ ada aos cui dados que se tem para que não ocorra um col apso na i nteração soci ale manutenção do bem-estardo grupo,de forma que possa ocorrero cresci mento da col eti vi dade Preservação do bem-estar dos de seu contato pessoal . Afi l i ação, preocupação com o bemestardos outros. Universalismo ou Filantropia Deri vado de senti mentos de entendi mento, tol erânci a, bemestare proteção dos outros e que podem ser em razão da necessi dade de sobrevi vênci a dos grupos e dos i ndi víduos que se revel am quando as pessoas entram em contato com outras de fora do seu grupo de ori gem. Compreensã o, agradeci ment o,tol erânci a e proteção do bem-estarde todose da natureza. Sobrevi vênci a do grupo e dos i ndi víduos, acei tação dos di ferentes. Espiritualidade (considerado por Schwartz em 1992) Significado, Básica de dar coerência e sentido à harmonia vida. interior por meio da transcendênci a da real idade cotidiana. Quadro 3:Lista dos Tipos Motivacionais da escal a de Tam ayo e Schwartz(1993) Fonte:El aborado a partir de Tam ayo e Schwartz(1993). 34 Os 10 tipos motivacionais do quadro 3 foram desmembrados em 60 val ores, l istados e significados na tabel a 3,que se segue,descrevendo o significado apl icado a cada val or rel acionado. Tabel a 3:Lista de val ores pessoais da escal a de Tamayo e Schwartz(1993) Tipos Motivacionais de Schwartz Autodeterm inação Valores Relacionados 57 Curiosidade Interessado em tudo,espírito expl orador 17 Criatividade Unicidade,imaginação 5 Liberdade 44 Escol ha / autodeterminado 33 Independente 15 Estim ulação Hedonism o Auto-respeito /respeito próprio Liberdade de ação e pensamento Escol her os próprios obj etivos Ser auto-suficiente e autoconfiante Crença em seu próprio val or 39 Audacioso Procurar a aventura,o risco 27 Vida variada Cheia de desej os,novidades e mudanças 10 Vida excitante Experiências estimul antes 4 Prazer Satisfação de desej os 54 Vida de prazer Gostar de comer,sexo,l azer 59 Bem-sucedido Atinge suas metas 46 Capaz Ser competente,eficaz,eficiente 36 Ambicioso Realização Significado 41 Infl uente Trabal har arduamente,ter aspirações Exercer impacto sobre as pessoas e eventos 51 Intel igente Lógico,racional 53 Esperto Dribl ar obstácul os para conseguir o que quer 35 Tipos Motivacionais de Schwartz Valores Relacionados 3 Poder social Poder Significado Control e sobre os outros,domínio 29 Autoridade Direito de l iderar ou de mandar 13 Riquezas Posses materiais,dinheiro Preservador da imagem Imagem de respeito públ ica Preocupação e cuidado com a 18 Vaidade aparência 49 25 Reconhecimento social Respeito,aprovação dos outros Segurança 50 Limpo Ser asseado,arrumado 14 Segurança nacional Proteção de minha nação contra inimigos 16 Retribuição de val ores Quitação de débitos 9 Ordem social 24 Segurança da famíl ia 8 Senso de pertencer Tradição Proteção da famíl ia Sentimento de que os outros se importam comigo 45 Saudável Gozar de boa saúde física e mental 60 Obediente Cumpre obrigações e deveres 42 Conform idade Estabil idade da sociedade Respeito para com os pais e idosos Reverenciar pessoas mais vel has 12 Pol idez Cortesia,boas maneiras 22 Autodiscipl inado Resistência à tentação,autorestrição 47 Ciente dos l imites Submissão às circunstâncias da vida 55 Devoto Apegar-se fortemente à fé rel igiosa 38 Humil de Ser modesto,não se auto-promover 20 Respeito à tradição 34 Moderado 23 Privacidade Preservação de costumes ao l ongo do tempo Evitar sentimentos e ações extremadas O direito de ter um espaço pessoal 36 Tipos Motivacionais de Schwartz Valores Relacionados Significado 52 Prestativo /aj udador Trabal har para aj udar outros 48 Honesto Sinceridade,genuíno 58 Perdoador /indul gente Pronto a perdoar outros Benevolência 35 Leal Ser fielaos amigos e grupos 56 Responsável Ser fidedigno,confiável . 6 Trabal ho Modo digno de ganhar a vida 7 Vida espiritual Ênfase em assuntos não materiais, espirituais 30 Amizade verdadeira Amigos próximos e apoiadores 21 Amor maduro Profunda intimidade emocionale espiritual 11 Sentido da vida Um propósito na vida Protetor do meio ambiente Unidade com a 26 natureza 40 31 Um mundo de bel eza 37 Mente aberta Universalism o 32 Justiça social 28 Sabedoria 1 Igual dade Preservar a natureza Integração com a natureza Espl endor da natureza e das artes Ser tol erante a diferentes idéias e crenças Correção das inj ustiças,cuidado com o mais fraco Compreensão madura da vida Oportunidades iguais para todos 19 Mundo em paz Livre de guerras e confl itos 43 Sonhador Ter uma visão otimista do futuro 2 Harmonia interior Em pazconsigo mesmo Fonte:El aborado a partir de Tam ayo e Schwartz(1993). 37 2.3. Valores Individuais e Valores Coletivos Dentre diversos model os de tratamento dos val ores cul turais,o que mais se destaca entre os estudiosos é o que distingue individual ismo e col etivismo,que se referem às preferências ou prioridades dadas pel os membros de uma sociedade a determinadas metas axiol ógicas. INDIVIDUALISMO Segundo Triandis (1995)a prioridade dada às metas individuais em rel ação às col etivas constitui o núcl eo do individual ismo. Neste caso, as metas predominantes são aquel as vol tadas ao bem-estar e a promoção de si mesmo.Os val ores promovem a autonomia,independência. Os determinantes fundamentais do comportamento social são as necessidades e atitudes pessoais. No rel acionamento interpessoal enfatiza-se a anál ise dos custos e benefícios do rel acionamento (Triandis “etal ”,1995).Neste contexto,entende-se que o autor propõe que as necessidades humanas são os el ementos promotores dos rel acionamentos de forma que as pessoas aval iam os prós e contras da manutenção dos rel acionamentos em função de suas demandas. Para Morris e Peng (1994),o sucesso nos eventos da vida cotidiana,para os individual istas é atribuído a fatores internos e o fracasso a fatores externos. No trabal ho,atribuem o sucesso às suas próprias habil idades,capacidades e esforço,e o fracasso a fatores externos.As recompensas,portanto,tendem a ser distribuídas de forma igual itária. COLETIVISMO Caracteriza-se pel a preval ência das metas do grupo em rel ação às individuais. Nesta forma de sociedade col oca-se mais ênfase nos val ores que buscam a integridade do grupo e que estão a serviço do interesse da col etividade. Os determinantes fundamentais do comportamento socialsão as normas, deveres e obrigações.No rel acionamento interpessoalenfatizam a própria rel ação e as necessidades dos outros (Triandis “etal ”,1995). Para Morris e Peng (1994),o sucesso dos col etivistas é atribuído a fatores externos e o fracasso a fatores internos.No trabal ho,o sucesso é atribuído ao apoio dos outros e o fracasso a fatores como fal ta de habil idades e/ou de esforço pessoal . 38 Desta forma, as recompensas do sucesso tendem a ser distribuídas eqüitativamente. Val ores individuais e col etivos têm diferente importância entre os vários povos.A opção preferencialde uma sociedade definirá o comportamento de seus membros. A distribuição dos val ores na escal a de Schwartz (1992) os tipos motivacionais possuem orientações específicas para atendimento aos interesses individuais,col etivos ou mistos. Os val ores que servem a interesses individuais:hedonismo,real ização,poder social ,autodeterminação e estimul ação. Os val ores vol tados aos interesses col etivos: conformidade, tradição e benevol ência. Servem a interesses mistos (tanto col etivos como individuais):segurança e universal ismo. 2.4. Relação entre Valores e Cultura Organizacional O desenvol vimento dos estudos de Antropol ogia originou o termo “cul tura”, cuj a conceituação é variada,e suj eita as diferentes correntes de pensamento.Sua definição não se compl eta sem a consideração dos aspectos práticos a el a rel ativos. Os estudos de cul tura organizacionalforam inicial mente abordados por El ton Mayo,entre 1927 e 1932,em um ambiente fabril ,com ênfase nas infl uências do col etivo sobre o indivíduo. Bennis (1976,p.43) afirma que “...se a cul tura é al go,el a é um modo de viver,a forma como as pessoas autênticas vivem e crescem,a maneira como ideais e imperativos morais são transmitidos e infundidos”. Nos ambientes col etivos (sociedades,empresas)os val ores são transmitidos e compartil hados com os integrantes,e desta forma se tem a associação de cul tura (val ores compartil hados) e organização, promovendo o conceito de cul tura organizacional . Num período de grande despertar científico do tema nos anos 80, os pesquisadores Smircich (1983)e Morgan (1996)identificaram a partir dos estudos da época,duas abordagens na definição da cul tura organizacional .Numa del as,a organização teria uma cul tura,como componente presente na vida e nas ações da 39 organização,mutávelcom o tempo.Numa outra abordagem,a organização seria produto de um contexto cul tural ,da expressão dos membros que a constituem. Para Hofstede (1980) a cul tura é a programação col etiva da mente. Essa programação é desenvol vida desde a infância, na famíl ia e na escol a e, posteriormente, reforçada nas organizações e em outras instituições a que o indivíduo participar.As pessoas,diante das diferentes circunstâncias a que forem expostas,reagirão de acordo com o padrão de comportamento desenvol vido. Davis (1984, p.1) afirma: “cul tura corporativa é um padrão de crenças e val ores compartil hados”. Os indivíduos que compõem uma organização trazem em sua essência,um conj unto de val ores que foram formados ao l ongo de sua história,que retratam suas experiências famil iares, sociais, educacionais dentre outros aspectos da vida cotidiana. Ao incorporarem uma organização, compartil harão com os outros membros estes val ores e os associarão aos val ores considerados importantes pel a l iderança da organização formando a cul tura. Permite este enfoque, freqüente entre os estudiosos, proj etar questões quanto à cul tura,como sendo compartil hamento de val ores,e o desempenho,no sentido que esta confl uência de interesses,quando bem administrada,poderá gerar um ambiente sinérgico aos resul tados ou,no caso oposto,uma desestruturação que l eve ao col apso da própria organização. Na visão de Freitas (1991),os val ores constituem o coração da cul tura,pois estabel ecem os padrões que devem ser seguidos na empresa. Representam a essência da fil osofia da organização,pois fornecem um senso de direção para todas as pessoas que compartil ham desse ambiente, guiando o comportamento diário desses indivíduos.Pode-se dizer,portanto,que os val ores definem o que se espera dos empregados. A rel ação entre val ores e cul tura, é obj eto dos estudos de Real e (1994). Identifica um paral el ismo entre val ores e a história na formação da cul tura, considerando que os val ores estão associados à rel ação do indivíduo ou grupo com a história. Os val ores são entendidos como diferentes interpretações do homem sobre a natureza que o cerca,desenvol vendo-se ao l ongo de sua história. Para Real e (1994),o conhecimento e desenvol vimento dos val ores: • Ocorrem de forma racional : tem significado obj etivo e podem ser correl acionados no cicl o histórico; 40 • São rel ativos:têm como princípio de desenvol vimento a intuição emocional ; • São incompl etos:estão sempre suj eitos a aprofundamento de significado Ao l ongo da história, a visão do mundo se al tera pel a dominância de determinados val ores, promovendo diferentes manifestações cul turais. Estas mudanças são inconscientes,promovendo adaptação passiva. Segundo Real e (1994),o homem está submetido a uma contínua mudança de val ores ao l ongo da história,promovida pel a sua interação com um meio socialque, por um l ado infl uencia nestas mudanças de val ores (adaptabil idade passiva)e por l ado,este meio socialé produzido pel o próprio homem (produtor de mudança). No ambiente organizacional , as pessoas constituem um sistema interativo composto de um el emento formal e outro informal , que promovem a cul tura organizacional . O el emento formal consiste nos val ores dos dirigentes, que determinam a cul tura oficialda empresa (valores professados).O el emento informal é constituído pel os demais membros que constituem a organização que possuem distintas visões do mundo (valores efetivamente praticados). Este ambiente interno da organização recebe dinamicamente infl uências do ambiente externo,exigindo da empresa adaptação às demandas deste ambiente, procurando manter a coerência interna. Esta capacidade adaptativa é um fator decisivo na sobrevivência organizacional(Schein,1989). Ademais, Schein (1989) conceitua cul tura organizacional como sendo: “o conj unto de pressupostos básicos que um grupo inventou,descobriu ou desenvol veu ao aprender como l idar com os probl emas de adaptação externa e integração interna, e que funcionou bem o suficiente para serem transmitidos aos novos membros como a forma correta de perceber,pensar e sentir,em rel ação a esses probl emas.” Para Schein (1989)a cul tura organizacionalseria variávelcom o tempo,em função das experiências temporais de seus componentes. El a é percebida nos artefatos,l inguagem,mitos,arquitetura e demais exteriorizações físicas;é resul tado da adaptação ao ambiente e da integração interna;conj unto de premissas básicas institucionais. Segundo Tamayo e Mendes (2001,p.1)“os val ores têm um papeltanto em atender aos obj etivos organizacionais, quanto de atender às necessidades dos indivíduos”. 41 Necessidades atendidas de forma unil ateralensej am um processo de confl ito de interesses, oposto à sinergia de comportamentos, dando margem ao estabel ecimento de um cenário de redução de eficiência e eficácia no caso de empresas. Segundo Schwartz (1996),pode-se dizer que a cul tura consiste em el ementos compartil hados que constituem os padrões para perceber,pensar,agir e comunicar. Fazendo-se um paral el o com o PDCA (Pl anej ar, executar, checar e padronizar) do model o de gestão pel a qual idade total ,que estabel ece o cicl o de eventos do método de anál ise e sol ução de probl emas, a percepção e o pensamento, definidos pel o compartil hamento de val ores, são determinantes e correl atos respectivamente à col eta de dados e ao processo anal ítico para a propositura de al ternativas para a sol ução de probl emas nas organizações. Da mesma forma, o agir, como a forma de execução da al ternativa e o comunicar remetem ao processo de padronização,rel acionado com a divul gação dos resul tados,os quais,se positivos,determinarão padrões a serem observados por todos (treinamento) ou,em caso negativo,promoverão a revisão da anál ise, tendo-se um novo cicl o do model o. Triandis (1995)afirma que a cul tura é para a empresa o que a memória é para os indivíduos. As experiências pel as quais a empresa adquire ao l ongo do tempo. As situações às quais o indivíduo foi exposto ao l ongo de sua história demandaram-l he tomada de decisões promotora de resul tados (positivos ou negativos),que se tornam novas componentes da cul tura sob forma de val ores e crenças, gerando comportamentos, rituais ou ferramentas para a sol ução de probl emas semel hantes. Para Dupuis (1996),as ações dos indivíduos contribuem para a construção de sua sociedade. Estas ações ocorrem em contextos preexistentes que l hes são próprios, orientando suas ações. Quando inserido em determinado contexto, o indivíduo se depara com uma real idade j á construída,que irá interagir com suas ações, dando nova significação às suas atitudes, promovendo mudanças e orientações comportamentais para aquel e ambiente. Tamayo e Gondim (1996,p.64)distinguem os val ores pessoais dos val ores organizacionais: 42 Os val ores organizacionais não devem ser confundidos com os val ores pessoais dos membros da organização,nem com os val ores que el es gostariam que existissem na empresa. Seria fal ácia equacionar os val ores da organização com as final idades e metas dos seus membros.A organização tem um sistema de val ores que não é necessariamente idêntico aos de seus membros e que, incl usive,pode ser confl ituoso,em todo ou em parte,com o del es. Ingl ehart(1977)reconhece que as mudanças cul turais são identificadas pel a verificação dos val ores com sendo os indicadores deste processo. Aval ia-se a partir deste entendimento,que processo de mudança cul turalnas organizações está associado a um processo de revisão de val ores, onde determinados val ores são el iminados e novos val ores são incorporados,afetando a cul tura e,por sua vez,al terando o comportamento e atitudes da organização frente às situações que l he apresentam. 2.5. Valores e resultados das organizações Numa visão pragmática do ambiente empresarial , as organizações econômicas têm como princípio de gestão,abordar os el ementos que afetam a sua sobrevivência,na sua busca da perenização. Um val or contábil ,o l ucro,é premissa para a sobrevivência das organizações, sendo al vo da atenção de gestores,trabal hadores,sociedade e do governo. Em suas pesquisas Tinoco (1996,p.13),destaca a importância da agregação de val or como sendo incrementadora de l ucro,e conseqüentemente,do Patrimônio Líquido e do Ativo das empresas. Prossegue Tinoco (1996, p. vii) que determinados val ores não são reconhecidos pel a Contabil idade cl ássica,requerendo para sua aceitação que sej am mensuráveis, anal isáveis, aval iáveis e divul gáveis aos usuários da informação contábil . Reforça Tinoco (1996,p.21)que a contabil idade,na forma como foi feita no Brasil ,não atende ao preceito básico de evidenciação da situação das entidades, registrando basicamente as suas operações financeiras,não captando a inserção das empresas na vida social ,a forma como el as se rel acionam seus interl ocutores (empregados,comunidade,fornecedores,governo).Considera,ainda,que existem 43 outros aspectos não contábeis infl uentes nos fatores de sobrevivência organizacional . Reconhece Tinoco (1996)que existe uma debil idade no processo pragmático de aval iação de val ores da Contabil idade cl ássica,mencionando poeticamente Sir Matthew W ebster Jenkinson, retratando a indignação de Fl amhol tz (1999, p. 29) quando escreve,na tradução do pesquisador: Embora o nosso bal ancete sej a um model o do que um bal ancete deveria ser, Editado e regrado com grande precisão como toda edição deveria ser; Embora o agrupamento dos recursos sej a respeitávele cl aro, E os detal hes são superiores aos usual mente fornecidos; Embora os investimentos tenham sido aval iados ao val or presente, E o rel atório da auditoria demonstre que tudo está O.K.; Um recurso é omitido – e seu val or eu quero saber, O recurso é o val or do ser humano que fazo show. Na conceituação de ativos apresentada pel a “FASB – FinancialAccounting Standards Board” (Consel ho de Padronizações da Contabil idade Financeira), em seus pronunciamentos no “StatementofFinancialAccounting Concepts no.6 (USA)” (Padrões de Conceitos da Contabil idade Financeira no.6),de 1985,descreve: Ativos são prováveis benefícios econômicos futuros obtidos ou control ados por uma determinada entidade com resul tado de transações. Reforçam-se a as pesquisas de Tinoco (1996)quando j ustifica a importância de se considerar os recursos humanos como ativos da entidade. Se ativos são prováveis benefícios econômicos futuros, com a conceituação teórica até aqui desenvol vida, na qualos indivíduos possuem val ores que são as bases do seu comportamento, e que o comportamento promove a ação que desencadeia em resul tados econômicos,permite-se extrapol ar o raciocínio de que val ores estarem presentes nas bases dos resul tados econômicos futuros das empresas,compondo ativos organizacionais. 44 Uma organização não está constituída por partes físicas,mas por estruturas de eventos, de interações, de atividades por el a executadas (ALLPORT, 1962; SCHEIN, 1968). O prédio onde funciona, as pessoas que a integram e o equipamento técnico que util iza não constituem a sua estrutura.A sua verdadeira estrutura é constituída pel o seu próprio funcionamento. Segundo Katz e Kahn (1978),os principais componentes de uma organização são os papéis,as normas e os valores.Estes três el ementos definem e orientam o funcionamento da empresa. Nas organizações,o sistema de val ores atua como mediador na resol ução dos confl itos e na tomada de decisões, na medida em que proporciona uma organização de princípios e normas que aj udam na escol ha entre as al ternativas possíveis.Funciona como uma ampl a estrutura mentaldisponívelquando ocorrem situações, al go semel hante a um mapa mentalque pode orientar e conduzir o processo,com diferentes conj untos de val ores ao al cance do indivíduo (ROKEACH, 1973). Na escal a de val ores de Schwartz (1993), os indicadores apresentados correl acionam-se à ação para a produtividade organizacional , como o trabal ho, honestidade,criatividade,autodiscipl ina,rapidez,autodeterminação,dentre outros. No ambiente organizacional ,esta ação se expressa através do trabal ho,que de forma dinâmica é considerada por muitos autores como um valor básico dos indivíduos que constituem esta organização. O entendimento dos val ores associados ao trabal ho nas organizações passa ser de vitalimportância aos dirigentes e gestores,de forma a buscar al icerçar as estratégias sobre uma matriz de val ores que garantam a sobrevivência desta organização. Marx (1998) em seu l ivro “O Capital ”,dentre vasta l iteratura que produziu, teve como premissa a discussão de val ores,dos quais o “trabal ho”teve particul ar enfoque,que impactou a sociedade do início e transcorrer do sécul o XX. W eber (1958), na busca das bases de sucesso das sociedades mais prósperas do ocidente e,conseqüentemente para entendimento do insucesso de outras, aprofundou-se nos estudos dos val ores contidos no protestantismo da Reforma ocorrida na Europa Ocidental , tendo como grande expoente a doutrina Cal vinista. Rel acionou o rompimento do tradicional ismo através do movimento reformista como sendo o grande fator de al avancagem econômica dos países da Europa Ocidentale América do Norte. 45 Como il ustração, a visão protestante com rel ação ao val or “trabal ho”, entendendo ser o trabal ho uma dádiva divina ao homem e que através del e o homem l ouvaria ao Deus que o “chamou”a viver em sua presença em seus dias sobre a Terra, promoveu uma rel ação especial dos homens com seu trabal ho, associando a el e outros val ores como auto-motivação, honestidade, dedicação, criatividade, etc.. Esta rel ação produz proeminente fenômeno de produtividade. Associou-se a isto,o entendimento da “santidade do l ucro”,onde o homem tem obrigação de prosperar através do seu trabal ho. Em contrapartida,os val ores propostos pel a rel igião dominante até aquel e momento,o Catol icismo Romano,com grande apel o à “santidade da pobreza”(outro val or identificado) e a visão do trabal ho como “castigo divino”, são el ementos históricos e cul turais presentes no desenvol vimento econômico dos povos que mantiveram esta estrutura de val ores. Estas características foram cl aramente identificadas nas pesquisas de Ingl ehart(1991),detal hadas no item 2.5.2.no desenvol vimento teórico.No mapa de Ingl ehart, apresentado na figura 3, é evidenciado que a visão protestante, a concepção sobre o trabal ho,permeou o progresso nos países do norte da Europa e América do Norte, que apresentam os maiores índices de desenvol vimento econômico e nívelde satisfação com a vida. Este mapeamento feito por Ingl ehart,compactua com as pesquisas de W eber (1958)sobre a origem da riqueza das nações. 46 3. METODOLOGIA DA PESQUISA O proj eto de pesquisa desenvol ve-se,inicial mente,pel a expl oração conceitual proveniente dos autores das ciências sociais apl icadas que se concentraram ao l ongo da história no estudo e desenvol vimento desta área de conhecimento. Menciona-se inicial mente, dentre outros, Rokeach (1968, 1973, 1981), Ingl ehart (1991, 1994), Schwartz (1990, 1992, 1995), Tamayo e Schwartz (2001, 2005), W eber (1958),Senge (1994),Genel ot(1992),Morin (1999),Pereira “etal ”(2005)e Borges (2005). Com essa anál ise expl oratória pretende-se construir um conj unto de associações que permitam entender a infl uência dos val ores na vida das organizações. A dissertação envol ve uma anál ise de caso único,util izando a metodol ogia estabel ecida por Yin (2004, 2005), estruturada sobre um processo de reestruturação organizacional da empresa Moinho Paul ista, que gerou importante al teração nos resul tados econômicos. O presente trabal ho procurará escl arecer os val ores presentes nos processos vivenciados por esta organização,por meio de pesquisa de campo,util izando dados numéricos,anál ise observatória de eventos,entrevistas abrangendo trabal hadores, média e al ta gerência,direção e acionistas. Seguindo a proposição do model o de estudos de caso de Yin (2004,2005), na construção dos componentes da pesquisa,util iza-se a proposição teórica dos estudos de val ores, através da adoção de métodos cientificamente aceitos e considerados como instrumentos freqüentemente presentes nos l evantamentos estruturados dos sistemas de val ores organizacionais. Dentre as diversas teorias anal isadas,proponentes de model os estruturados de anál ise de val ores,destacam-se as referenciadas por Rokeach (1973),Ingl ehart (1997)e Schwartz(1990). A pesquisa de campo foi estruturada com base no model o de “Inventário de Val ores de Schwartz”(SVI),apl icada na empresa Moinho Paul ista,que foi al vo de experiência prática do autor, visando, a partir das medidas encontradas, correl acionar os val ores que estiveram presentes no processo de desestruturação e posterior recuperação econômica desta empresa. 47 A metodol ogia para inventariar val ores segundo Schwartz conduzida em pesquisa de campo,consistiu de entrevistas a questionário destinado a identificar os val ores predominantes dos vários grupos (etários,homens e mul heres,de diferentes graus de escol aridade, dentre outros) que constituem a empresa, dentre os 60 val ores que compõe os deztipos motivacionais determinados por Schwartz. Para orientar a pesquisa,um questionário foi preparado de forma a adaptar o j argão científico a uma l inguagem compatívelao nívelcul turale educacionaldos funcionários da empresa. Os dados catal ogados a partir do questionário apl icado produzem um mapa de val ores,suj eito à interpretação dos val ores predominantes que estão presentes no comportamento dos indivíduos. Esta tendência comportamentalserá confrontada com rel ação aos resul tados da empresa Moinho Paul ista, em diferentes situações passadas (diferentes resul tados),procurando-se desvendar quais os val ores presentes nestas situações. Como compl emento da anál ise, os val ores serão confrontados com as necessidades do negócio do Moinho Paul ista,no que se refere à compatibil idade dos val ores com as orientações estratégicas internas e as exigências do mercado (sociedade,cl ientes,governo). A teoria de Schwartz e a metodol ogia de apl icação encontram-se detal hadas no item 2.2.3.,bem como as bases para a el aboração do questionário de pesquisa que subsidiará os dados para anál ise dos val ores do grupo expl orado. 3.1. A em presa pesquisada Empresa constituída em 1929,na cidade de Santos,estado de São Paul o, contígua ao porto,fundada pel o Moinho Ingl ês,o Moinho Paul ista é uma indústria nacionalde moagem de trigo para a produção de farinhas de uso industrial(massas, biscoitos e pães),doméstico e “food service”. Em 1968, foi adquirida pel o Grupo Verpar, hol ding do Grupo J. Al ves Verissimo Ltda,empresa famil iar,originária do segmento atacadista que,na sua história migrou para os segmentos de varej o e industrial al imentício, também investindo na construção de “shopping centers”.Hoj e,concentra suas operações no Moinho Paul ista e em um “shopping center”. 48 O Moinho passou pel o período da regul amentação governamentaldo trigo (ABITRIGO,2005),Decreto-Lei n°210,de 1967 e o i nício dos anos 90,onde o governo brasil eiro promoveu control e da atividade de produção e comercial ização de grãos no país,associado ao control e de preços de produtos ao consumidor. Neste período, aspectos de competitividade, concorrência, modernização, qual idade ficaram defasados ao estado da arte do l ivre mercado internacional . Após a desregul amentação,o Moinho Paul ista investiu no aumento de sua capacidade de processamento de trigo e produção de farinha,fazendo com que ocupasse atual mente uma posição de destaque entre os 10 principais moinhos nacionais,frente a um totalde quase 190 existentes em todo Brasil . Detentor de uma marca importante Nita, ocupa posições de l iderança no interior do estado de São Paul o, e opera regional mente nos estados de Rio de Janeiro,Paraná,Santa Catarina,Minas Gerais,Mato Grosso do Sul ,Mato Grosso e Goiás. O Moinho Paul ista,no início dos anos 2000,após um período de estabil idade e sucesso empresarial , sofre um forte processo de descapital ização, que comprometeu seus resul tados econômicos de forma muito sensívelaté o ano de 2004. Em 2004, inicia um processo de re-estruturação organizacional , quando assume uma nova equipe gestora,dirigida pel o primogênito da terceira geração do grupo Veríssimo,promovendo forte al teração no model o gerencial . Em 2005 e 2006,a re-estruturação teve ênfase operacional ,na redução de custos para a mel horia da competitividade do negócio. Em 2007 promoveu sua reorganização financeira e fiscal , iniciando fase estruturada de expansão comercial ,com aumentos mais substanciais de vol umes de escal ael ançamento de novos produtos. 3.2. A aplicação do inventário de Schwartz (SVS) A teoria desenvol vida por Schwartz (1999 e 2001)apresenta um método que tem por obj etivo identificar os val ores preval entes em uma organização social ,no caso,o Moinho Paul ista,empresa al vo deste estudo. Dentre os indivíduos que compõem a estrutura do Moinho Paul ista, caracterizou-se uma amostra representativa,numericamente superior a 50% de seu 49 efetivo, que total izou 138 indivíduos componentes da organização, assim distribuídos: • Parque industrial :110 funcionários de um totalde 204 indivíduos • Vendas externas:28 de um totalde 31 indivíduos • Direção:4 indivíduos de um totalde 5,sendo que 3 participaram de todo o processo de re-estruturação da empresa. Os respondentes apresentam as seguintes características: • 11% mul heres e 89% homens; • idade média de 39 anos ( =10 anos e 9 meses): Gráfico 1:Distribuição etária da am ostra pesquisada Fonte:Pesquisador aos dados fornecidos pel o Moinho Paul ista (2008).. • Grau de escol aridade: Gráfico 2:Distribuição por grau de escol aridade Fonte:Pesquisador aos dados fornecidos pel o Moinho Paul ista (2008).. • Tempo médio de permanência na empresa:17,5 anos Para o l evantamento dos dados,obj etivando mensurar os 60 val ores l istados pel o método,desenvol veu-se um instrumento que buscasse de forma mais simpl es 50 possíveltranscrever os val ores sob forma de questões diretas,uma vez que esses são enunciados por pal avras que requerem níveleducacionalel evado e o públ ico al vo é constituído em maioria,como adiante detal hado,por indivíduos de precário níveleducacional ,que poderiam ter dificul dade em aval iar determinados enunciados de val ores como privacidade,pol idez,j ustiça social ,devoto,dentre outros. O instrumento proposto,denominado “Questionário para el aboração do Perfil de Val ores Pessoais de Schwartz”,apresentado no apêndice 1,constitui-se de 4 páginas contendo as 60 questões determinantes dos val ores. A tabel a 4 apresenta a correl ação entre os val ores aval iados e as questões real izadas. De forma a evitar fal has no entendimento,as questões foram formul adas uma a uma,verificando-se dos respondentes o correto entendimento do val or. Tabel a 4:Correl ação entre val ores e perguntas do questionário de aval iação. TIPO MOTIVACIONAL Autodeterm inação VALOR 57 Curiosidade Do interesse por al go novo. 17 Criatividade Da imaginação e a criatividade no trabal ho. 5 De se sentir l ivre,a vontade para dar opiniões. Liberdade Escol ha / 44 autodeterminado Independen33 te Autorespeito / 15 respeito próprio 39 Audacioso Estim ulação PERGUNTA:QUAL A IMPORTÂNCIA PARA VOCÊ? De decidir o que fazer para atingir o seu obj etivo. De decidir sozinho. De acreditar sempre que vai conseguir porque crê em si próprio De arriscar tentar coisas novas (desafio / aventura) 27 Vida variada De gostar de tarefas rotineiras. 10 Vida excitante De ter uma vida excitante com experiências interessantes. 4 Prazer De ter as suas vontades satisfeitas. 54 Vida de prazer Do prazer como meta principalda vida. Hedonism o 51 TIPO MOTIVACIONAL VALOR 59 Bemsucedido 46 Capaz Realização 36 Ambicioso 41 Infl uente De executar suas tarefas rapidamente e terminá-l as na hora certa. De querer aprender mais,saber mais,mesmo que não ganhe a mais. De gastar tempo,convencendo as pessoas a concordar com você. De acertar na maioria das vezes. 53 Esperto De procurar outras formas,para conseguir o que se quer. Poder social De gostar de control ar as pessoas 29 Autoridade De ser o chefe para comandar as pessoas. 13 Riquezas De ter muito dinheiro e bens materiais. Preservador 49 da imagem públ ica De não errar para ser respeitado. 18 Vaidade De se preocupar com a aparência. 25 50 14 16 Segurança De conseguir atingir os obj etivos 51 Intel igente 3 Poder PERGUNTA:QUAL A IMPORTÂNCIA PARA VOCÊ? 9 24 8 45 ReconheciDa opinião dos outros sobre você. mento social De estar sempre l impo e manter tudo Limpo arrumado Segurança De reforçar a proteção do Brasil ,contra nacional inimigos de guerra. Retribuição De quitar as dívidas assumidas. de val ores De não haver greves,boicotes e protestos Ordem social ameaçadores no país. Segurança Da famíl ia na sua vida. da famíl ia Senso de De saber que as pessoas se importam com pertencer você. De fazer exercícios físicos e ter momentos de Saudável l azer. 52 TIPO MOTIVACIONAL VALOR 60 Obediente PERGUNTA:QUAL A IMPORTÂNCIA PARA VOCÊ? De executar as tarefas conforme foi mandado. Respeito aos De respeitar as pessoas mais vel has (pais / pais e idosos avós /idosos) De apl icar as boas maneiras e ter simpatia 12 Pol idez pel as pessoas. Autodiscipl i- De resistir às tentações e se manter dentro 22 nado dos padrões. Ciente dos 47 De conhecer os seus l imites. l imites 42 Conform idade Tradição 55 Devoto De ser muito rel igioso (a) 38 Humil de De ser humil de (simpl es /não se autopromove) 20 Respeito à tradição De manter os costumes antigos. 34 Moderado Do revide (devol ver a agressão). 23 Privacidade De ficar só,sempre que assim quiser. 52 Prestativo / aj udador 48 Honesto 58 De estar sempre pronto para aj udar os outros. De nunca mentir,mesmo por uma boa causa. Perdoador / De perdoar as pessoas. indul gente 35 Leal De ser fielaos amigos e grupos. 56 Responsável De cumprir sempre os compromissos. Benevolência 6 Trabal ho Vida espiritual Amizade 30 verdadeira Amor 21 maduro Sentido da 11 vida 7 Do trabal ho em sua vida De aj udar as pessoas com ensinamentos espirituais. De possuir amigos verdadeiros. De ter um amor verdadeiro. De ter um obj etivo,que dê motivo para se estar vivo. 53 TIPO MOTIVACIONAL VALOR Protetor do 40 meio ambiente Unidade com 26 a natureza Um mundo 31 de bel eza Universalism o PERGUNTA:QUAL A IMPORTÂNCIA PARA VOCÊ? Do meio ambiente. De visitar parques ecol ógicos e passeios na natureza. Das bel ezas naturais do mundo e das artes (pinturas/fotos) De saber l idar com opiniões diferentes (não 37 Mente aberta criar confl itos) Justiça 32 De corrigir as inj ustiças cometidas. social 28 Sabedoria De viver a vida com confiança e determinação. 1 Igual dade De todos terem a mesma oportunidade. 19 Mundo em paz Do término das guerras e confl itos existentes no mundo. 43 Sonhador 2 Harmonia interior Que você dá ao seu futuro. Da pazinterior na sua própria vida. Fonte:Autor,a partir do Inventário de Val ores de Schwartz(1993). O efetivo entendimento do questionário foi previamente testado em um grupo heterogêneo de 22 indivíduos,aos quais foi submetido o questionário,em grupo, l iderado pel o pesquisador, assessorado por dois concl uintes (Ál varo Pereira e Hel ena Pereira) do curso de Administração de Empresas do Centro Universitário Monte Serrat(Unimonte – Santos SP). O questionário foi apl icado em uma sal a com uma mesa em “U”,sendo cada pergunta aval iada em conj unto,em que se promovia a questão e verificava-se o correto entendimento. A partir da identificação das discrepâncias de entendimento de al guns enunciados,o questionário foi revisado em 3 das 60 questões propostas,número considerado baixo pel a simpl icidade das questões. Uma vez identificado o grupo de pessoas a ser aval iado,são identificados as bases cul turais de formação de seus val ores, através do gênero, idade, nível educacional . 54 A cada val or apresentado,o entrevistado atribuirá um peso,variando de -1 a 7,cuj o nívelde importância é apresentado na tabel a 5. Tabel a 5:Grau de im portância dos val ores de Schwartz Grau de im portância Oposto aos m eus valores Sem im portância Muito pouco importante Pouco importante Im portante Mais que importante Bem importante Muito im portante Extrem am ente im portante Peso -1 0 1 2 3 4 5 6 7 Fonte:Schwartz(1993). Antes de iniciar a cl assificação dos val ores, o indivíduo pesquisado é apresentado a toda a l ista de val ores. Em seguida,é estimul ado,a partir da l ista a identificar prel iminarmente os val ores de grau de importância -1 e 7,ou sej a, quais os val ores que considera oposto às suas crenças e quais os val ores que considera extremamente importante. Os respondentes foram estimul ados a considerar com bastante precaução as graduações -1 e 7,deixando-as para os val ores de extrema aderência ou rej eição com seus padrões pessoais. Após isto,o entrevistado identifica pel o menos um val or de maior oposição (pontuação -1)e pel o menos um que considera extremamente importante para a sua vida (pontuação 7). A tabel a de dados dos respondentes sofre,por recomendação de Schwartz (2007)uma l impeza considerando: • Respondentes que efetuarem a mesma pontuação em mais de 35 val ores da l ista; • Respondentes que não pontuarem mais de 33,3% (4 graduações da escal a ou mais). Os dados l evantados são base da aval iação estatística,que fundamenta a preval ência de al guns val ores em rel ação a outros e orienta as concl usões sob as 55 dimensões cul turais do grupo anal isado, que impactarão o comportamento e as ações dessa comunidade. O processo anal ítico util izou ferramentas estatísticas simpl es por permitir um nívelde anál ises considerado suficiente para o propósito do presente trabal ho. Os val ores são priorizados em função de certos antecedentes básicos a serem considerados nas associações que buscam encontrar evidências de preponderância de val ores: a) Circunstâncias da vida: propiciam oportunidades aos indivíduos para expressar al guns val ores mais facil mente que outros (SCHW ARTZ,2001). Por exempl o, pessoas saudáveis podem mais facil mente perseguir val ores de poder. Pais de fil hos pequenos têm l imitado os val ores de estimul ação. Pessoas em empregos que comprometem sua l iberdade de escol ha aumentam a importância de val ores de autodeterminação em detrimento de val ores de conformidade (KOHN e SCHOOLER,1983). Indivíduos que sofrem dificul dades financeiras e privações sociais atribuem mais importância a poder e segurança do que indivíduos que vivem em rel ativo conforto e segurança (INGLEHART,1991). b) Educação: rel aciona-se mais positivamente com val ores de autodeterminação e mais negativamente com val ores de conformidade, tradição e segurança.A escol a promove o encoraj amento à l iberdade e fl exibil idade intel ectual , propício a autodeterminação e enfraquecendo conformidade e tradição. Sua capacitação permite aceitar desafios e encontrar trabal hos de maior compl exidade e remuneração,dando maior segurança financeira,expl icando a correl ação negativa com val ores de segurança. c) A Idade: rel aciona-se positivamente com tradição, conformidade e segurança e negativamente com hedonismo, estimul ação e real ização. Por outro l ado, val ores mudam de acordo com a faixa etária. Adol escentes têm os val ores de tradição, conformidade e segurança decrescidos nesta fase,pel a sua condição de conquista de um espaço na sociedade. Na adol escência, val ores de hedonismo e estimul ação são pronunciados. Com o envel hecimento físico, os val ores de tradição, 56 conformidade e segurança passam a crescer em importância, com redução da estimul ação e hedonismo. d) O gênero:rel aciona-se positivamente com universal ismo e benevol ência e negativamente com poder,estimul ação e real ização. Num detal hamento da infl uência do gênero sobre val ores,teóricos em sociol ogia, rel acionados “apud” Schwartz (2001, l oc. cit., p. 77), como Chodorow (1990), Mil l er (1976), Parson e Bal es (1955), dentre outros, atribuem diferenças de val ores aos papéis sociais distintos dos homens e mul heres.Compartil ham uma visão da mul her mais rel acional ,expressiva e comunale de homens como mais autônomo,instrumentale ativo.Isto os faz expressar propriedades axiol ógicas distintas.Mul heres enfatizam val ores de benevol ência mais que homens,que enfatizam mais poder, real ização e estimul ação. De conformidade com a estrutura circul ar de val ores,mul heres devem enfatizar o universal ismo,tradição e conformidade mais que os homens, que enfatizam hedonismo e autodeterminação. Na apl icação instrumental izada para identificação no ambiente social brasil eiro,a l iteratura considera a necessidade de aval iar a condição de baixa renda dos trabal hadores.Segundo Borges (2005)os aspectos sociais infl uem na estrutura de val ores,al ertando para a necessidade de desenvol vimento de formas de col eta específicas para pessoas de baixa instrução para se obter resul tados que permitam maior consistência nas anál ises. 57 4.ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS Os dados foram col etados dos questionários dos 138 participantes e tabul ados e tratados em pl anil ha Excel ,conforme apresentado no Apêndice 2. Para mel hor visual ização dos resul tados apontados no processo anal ítico, util izaram-se dois tipos de recursos gráficos: • Gráficos de radar:constituído de vários eixos axiais,convergindo para o centro,todos possuindo uma mesma escal a progressiva do centro para as extremidades. As l inhas de grade constituem-se pol ígonos concêntricos e em cada l inha de grade tem-se um gradiente de val or. • Gráficos de col unas. As anál ises estatísticas se fundamentaram em estatística simpl es, com cál cul os de: • média aritmética,simbol izada no decorrer do estudo por “”:orienta a aval iação mediana da popul ação aval iada; • desvio padrão, simbol izado por “ ”: indica o desvio em rel ação à média,apontando numa variação de + e – (range de 2 x ) engl oba pel o menos 75% do grupo aval iado,apontando para maior ou menor homogeneidade de pensamento dos aval iados sobre um determinado val or; • variança da média,simbol izada por “2”:representa o desvio padrão el evado ao quadrado, permitindo uma visual ização mais acentuada e abrangente da variação de pensamento do grupo em rel ação a um determinado val or. Os val ores organizacionais da empresa Moinho Paul ista compõem a configuração exibida através de 3 gráficos compl ementares:o gráfico 3 apresenta os 10 tipos motivacionais;o gráfico 4 demonstra os 4 fatores a estrutura de val ores;o gráfico 5 apresenta os 60 val ores da escal a de Schwartz, agrupados por tipo motivacionale hierarquizados (gráfico 6): 58 Gráfico 3:Estrutura de tipos m otivacionais da em presa. Fonte:O autor,com base no Moinho Paul ista,2008 Gráfico 4:Estrutura da rel ação de val ores da em presa. Fonte:O autor,com base no Moinho Paul ista,2008. 59 TIPOS MOTIVACIONAIS VALORES Universal ismo Benevol ência Tradição Conformidade Segurança Poder Real ização Hedonismo Estimul ação Autodeterminação Gráfico 5:Val ores da em presa conform e Schwartz(1992) Fonte:O autor,com base no Moinho Paul ista,2008. 60 )* '( +, - . /* * /0 - 0 / * ) * /* 1 2 * , - . /* 3 4$ 5 6 Gráfico 6:Hierarquia dos Val ores da em presa conforme Schwartz(1992)e correl ação com variança e com +/-1 desvio padrão. Fonte:O autor,com base no Moinho Paul ista,2008. 61 4.1 Elem entos de dom inância de valores na organização 4.1.1 Fatores de Autotranscendência A aval iação gl obalda popul ação anal isada indica a predominância de val ores vol tados para fatores de autotranscendência,característicos de uma comunidade vol tada aos interesses do bem-estar dos outros,para a sobrevivência do grupo,com aceitação das diversidades entre os indivíduos. Este perfilde autotranscendência,que se define pel os tipos motivacionais de benevol ência e universal ismo,na estrutura bipol ar apresentada por Schwartz (1992), ocorreu em oposição a baixo índice (os menores da aval iação) de val ores de autopromoção (l igados a poder e real ização). Os val ores associados aos tipos motivacionais a universal ismo e benevol ência apresentaram-se muito próximos na aval iação. A autotranscendência é um traço essencialda existência humana. Estes comportamentos vol tados ao bem sociale da famíl ia, ou sej a, aos interesses col etivos são opostos àquel es que servem interesses individuais (Schwartz,1992;Tamayo e Schwartz,1993).Isto é observado na figuras 9 e 10,que tem pontuação reduzida para a autoprom oção. Os val ores dominantes do universalism o foram:harmonia interior (=6,52; =0,80;2=0,64),sonhador (=6,04; =1,21;2=1,46)e protetor do meio ambiente ores de menor expressão de universal ismo (=5,78; =1,36; 2=1,85). Os val formam:mundo de bel eza (=3,95; =1,87;2=3,50) e unidade com a natureza (=4,11; =1,94;2=3,76).Estes val ores apresentaram baixa variança indicando homogeneidade de pensamentos dos respondentes quanto a estes val ores. Harm onia interior apresentou a segunda maior aval iação dentre os 60 val ores da escal a de Schwartz,concorrendo com a segurança famil iar e trabal ho, respectivamente o val or preval ente e o terceiro mais rel evante. Os indivíduos buscam uma situação de equil íbrio nas várias áreas da vida, envol vendo trabal ho,famíl ia,comunidade,amigos. A empresa,foco da pesquisa,tem seu desempenho dependente do estado de harmonia interior dos indivíduos,e seus resul tados são infl uenciados pel os níveis de equil íbrio percebido pel os trabal hadores entre as metas individuais e as metas organizacionais. 62 Al ves Fil ho e Araúj o (2001)em pesquisa util izando a Teoria da Expectativa de Victor Vroom,apl icada a um grupo de trabal hadores do Banco de Brasil ,no Rio Grande do Norte,verificou que os resul tados do trabal ho esperados pel os indivíduos estão rel acionados à j ustiça no trabal ho,exigências sociais,sobrevivência pessoale famil iar. A harmonia interior é um val or que se rel aciona com outros val ores como trabal ho e segurança famil iar,de forma que sua val orização tem por final idade o atendimento das necessidades desses val ores correl atos. São inúmeros os pesquisadores das ciências sociais,como Masl ow (1954), Herzberg (1966) e Mol l er (1993),dentre outros, que correl acionam produtividade organizacionalcom as necessidades e o desenvol vimento humano. É no âmago do atendimento de suas necessidades essenciais,rel acionado aos seus val ores mais preval entes, que os indivíduos harmonizam as várias situações de sua vida. Este aspecto é al tamente rel evante no ambiente empresarial .A harmonização das rel ações do indivíduo no trabal ho promove a motivação e a conseqüente mel horia de desempenho. Os aspectos de segurança famil iar, apesar de não estarem diretamente evidenciados de modo direto no ambiente empresarial , pel o fato de estar extremamente afinado com o desempenho do indivíduo,devem ser considerados nas proposições de estratégias motivacionais dos gestores. Sonhador,outro val or dominante,identifica que os indivíduos têm uma visão otimista do futuro. Esta crença dos funcionários e da direção desempenha importante função motivadora no processo de recuperação econômica do Moinho Paul ista.Promovem o desej o de buscar dias mel hores. Aspecto observado no processo e verificado por Rodrigues (1984)em suj eitos brasil eiros e por el e denominado “otimismo ingênuo”, remetem ao fato que os indivíduos podem ter uma visão otimista do futuro,sem consistente fundamentação real ista do contexto em que se encontram. Protetordo m eio am biente,val or de el evada pontuação,pertencente ao tipo motivacionaluniversal ismo, retoma a preocupação dominante do grupo aval iado com o bem sociale col etivo. Este val or expressado exige refl exão com rel ação a val ores professados e val ores praticados,uma vez que a consciência do val or pode estar restrita a uma 63 visão de si mesmo que eventual mente pode não expressar reais atitudes,mas um desej o de que as coisas assim o sej am. Ferreira Neto (2007,p.6)ao anal isar o meio ambiente como sendo um val or da sociedade brasil eira, considera que a popul ação não possui suficiente compreensão sobre o tema,conseqüentemente não agindo como agente vol untário de proteção do meio ambiente. No Brasil ,a despeito da l egisl ação vigente sobre o tem a,grande parte da popul ação ainda não expressa em seu cotidiano,o “val or m eio am biente”, protegido pel a Constituição Federal .A com preensão da dicotom ia existente entre o que dispõe a l egisl ação am bientalbrasil eira e o que a sociedade efetivam ente expressa acerca do tem a,pode ser feita pel a história,m arcada pel o extrativism o e pel os equívocos decorrentes da idéia de infinitude dos recursos naturais,que perm eia desde o período col onial . O fato de o grupo respondente aval iar como sendo de al ta rel evância a proteção do meio ambiente e não se observar atitudes coerentemente práticas com este discurso, indica que existe uma consciência do encaminhamento socialno sentido da escassez de recursos naturais e que isto se refl etirá em probl emas sociais num futuro próximo. Os efeitos estão sendo sentidos pel os indivíduos numa história recente de evidências de pol uição de mananciais,pel o custo pago pel a água,pel a propaganda dos órgãos de comunicação,pel a emergência do processo educativo nas escol as, pel o discurso das empresas que iniciam um processo de associar a proteção ambientalà responsabil idade social . A consciência dos indivíduos remete a uma preocupação crescente sobre o tema,razão da grande val orização apresentada na pesquisa el aborada. A prática dos val ores depende de carga educacionalque permita ao indivíduo entender seu papelsociale de que forma pode interferir e tornar-se um ator no processo de mel horias. Ações empresariais no sentido de educar os funcionários para sua participação no processo de mel horia e conservação ambiental ,pel o entendimento de que o indivíduo fazparte integrante deste meio ambiente e que a sua degradação está rel acionada ao comprometimento da sua sustentabil idade,consiste num meio promissor da empresa fazer convergir suas estratégias com as expectativas individuais de seus col aboradores, produzindo ambiente l aboral propício ao desenvol vimento econômicos. de práticas de maior produtividade, refl etindo resul tados 64 A deficiência educacional e, por extensão a deficiência da educação ambiental ,promovem aos indivíduos baixa identificação com a natureza,razão da baixa aval iação do val or unidade com a natureza (=4,11; =1,94;2=3,76) e m undo de beleza (=3,95; =1,87;2=3,50),conforme se apontou anteriormente, val ores estes l igados ao tipo motivacionaluniversal ismo que,em si,foi considerado entre os mais rel evantes entre os participantes. Os val ores dominantes de benevolência foram:trabal ho (=6,30; =1,08; 2=1,17),amor maduro (=5,97; =1,33;2=1,77),responsável(=5,85; =1,23; ores apresentaram 2=1,51)e sentido da vida (=5,80; =1,53;2=2,34).Estes val aval iação homogênea para os respondentes indicado pel a variança baixa. Os val ores menos expressivos de benevol ência formam: vida espiritual (=4,06; =2,27; 2=5,15) e honesto (=4,33; =2,05; 2=4,20). De forma contrária aos val ores de benevol ência maior aval iados,estes val ores aumentaram a variança na popul ação aval iada, indicando menor homogeneidade de pensamento do grupo quanto a val ores de vida espirituale honestidade. O trabalho,val or centralda benevol ência,obteve predominância a aval iação dos indivíduos respondentes do Moinho Paul ista, merecendo particul ar aval iação sobre seu envol vimento no processo de mel horia de produtividade organizacional . Tamayo e Paschoal(2003,p.35)consideram: O estudo da m otivação no trabal ho recebe interesse considerável na l iteratura internacionaldevido,provavel m ente,à sua estreita rel ação com a produtividade individual e organizacional . O probl em a da m otivação no trabal ho situa-se,inevitavel m ente,no contexto da interação dos interesses da organização com os interesses do em pregado. As duas partes envol vem -se num a parceria,na qualcada um a del as apresenta,expl icita e/ou im pl icitam ente,as suas exigências e dem andas. E ainda,Tamayo (2007,p.11)em seu estudo de hierarquização dos val ores brasil eiros,descreve acerca do val or trabal ho: Tam ayo e Schwartz (1993) m ostraram que el e se situa na região dos val ores a serviço de interesses col etivos e que sua m eta m otivacionalé a subsistência da fam íl ia. Na tradição da cul tura ocidental , o trabal ho é considerado,basicam ente,com o um a necessidade pessoalcuj a satisfação está associada à produtividade e ao sucesso. Teoricam ente, portanto, a expectativa era de que o "trabal ho"teria com o m eta m otivacionala procura do sucesso pessoalpor um a dem onstração de competência.A significação dada ao val or trabal ho pel os suj eitos da am ostra pode ser expl icada pel as condições gerais nas quais é executado o trabal ho no país.Necessário se constitui,porém ,sal ientar que,m esm o assim ,o trabal ho surgiu com o um dos val ores suprem os, o qual certam ente contradiz a opinião, m ais ou m enos general izada, de que o brasil eiro não val oriza suficientem ente o trabal ho. 65 Na citação de Tamayo (2007) a motivação do trabal ho tem grande importância para os brasil eiros e está diretamente associado à segurança da famíl ia. Esta associação é observada na organização e foi destacada no ambiente do Moinho Paul ista. Embora a l egitimidade de estar no centro dos interesses individuais, que se dispõe em doar-se, sacrificar-se em função de al go maior, o trabal ho é val or orientado para a renda famil iar, não sendo al vo das pessoas a conquista de suas ambições, a produtividade organizacional (TAMAYO e PASCHOAL,2003),ou meio de expressar sua competência obtendo poder sociale reconhecimento social(que apresentaram baixas pontuações -gráficos 5 e 6). Apesar da aval iação por média aritmética ser baixa,o variança destes val ores é el evada,indicando al ta variabil idade de pensamento. Num contexto em que a organização,fonte do trabal ho,e conseqüentemente da renda para garantia da segurança famil iar, fica ameaçada por condições desfavoráveis de competitividade, e sua sobrevivência é col ocada em risco, a aval iação permite inferir que os indivíduos, como demonstrado serem dominantemente vol tados aos val ores l igados aos interesses col etivos,tendem a associar-se na busca da sobrevivência da organização e,por extensão,garantir o seu trabal ho. Neste momento,tem-se um ambiente al tamente favorávelà impl ementação de mudanças.Este fator foi observado na re-organização do Moinho Paul ista. Por outro l ado,organizações em regime normalde competitividade têm como desafio contínuo mobil izar os trabal hadores ao mel horamento contínuo, numa situação em que o trabal ho é visto pel os indivíduos como fonte de renda. Al ves (2000)aponta o fato de que na evol ução das rel ações capital -trabal ho do desenvol vimento industrialnão desaparece a subordinação materialdo trabal ho ao capital ,mas sim,se restabel ece uma nova oposição entre o indivíduo e processo novo material , o que impl icaria considerar o surgimento de um o estranhamento,no quala subsunção real do trabal ho ao capital assumiria um novo sentido:subordinação formal -intel ectual(ou espiritual ). Destaca-se a visão de W eber (1958),ao aval iar a origem da riqueza das popul ações, associando-as às práticas protestantes, demonstrando poderosa correl ação entre espiritual idade,através das práticas desta crença,como fator de infl uência no comportamento do trabal ho. Em países de origem protestante o 66 trabal ho tem fortes correl ações com a crença protestante de “serviço a Deus”, al avancando a produtividade e gerando prosperidade.Por outro l ado,esta visão em países menos desenvol vidos,que não tiveram a mesma origem espiritual ,o trabal ho é observado com a característica de “castigo divino”,produz efeito inverso na busca dos indivíduos a fugir do sofrimento, refl etindo em baixa produtividade e baixo envol vimento organizacional .O trabal ho,mais uma vez,mostra-se como fonte de renda. A atenção da organização para os val ores individuais de segurança fam iliar assume importância nos proj etos de produtividade e mel horia de desempenho econômico. A organização também precisa desenvol ver uma rel ação com os trabal hadores em que seus pl anos de inovação,redução de custos,mel horia de qual idade,estão vol tados para a mel horia de produtividade e,desta forma,de forma cooperativa entre trabal hadores e empresa,conquistar condições mais favoráveis de manutenção de empregabil idade,mel hores remunerações e condições de trabal ho. A educação continuada para a produtividade,informando os indivíduos desta nova real idade em que o ambiente organizacionalse insere,passa a ser el emento importante a considerar nas rotinas organizacionais. Como el ementos auxil iares na compreensão do significado do amor maduro, aval iado com rel evância pel os respondentes nos estudos desenvol vidos,l ança-se mão do poema de Arthur da Távol a,em que “O amor maduro é a val orização do mel hor do outro”,“...é a regeneração de cada erro”,“...Não exige,dá”.Ou ainda, buscando histórica e tradicionaldescrição (BÍBLIA,2000,l ivro de ICoríntios,capítul o 13,p.920),encontra-se: O am or é paciente,o am or é bondoso.Não invej a,não se vangl oria,não se orgul ha.Não m al trata,não procura seus interesses,não se ira facil m ente, não guarda rancor.O am or não se al egra com a inj ustiça,m as se al egra com a verdade.Tudo sofre,tudo crê,tudo espera,tudo suporta. Am or m aduro,no contexto da pesquisa remete para a val orização de um rel acionamento íntimo, seguro, espiritual , em rel ação às pessoas que l he são próximas,em especiala parceira,ou parceiro. Não se verificou pel as pesquisas, empresas que abordem o tema amor maduro quando tratam de assuntos rel ativos ao desempenho.A identificação do 67 tema como instrumento de mel horia organizacionalnão foi verificada nas descrições detal hadas de val ores organizacionais,nem como parte da agenda dos gestores. Esta visão não encontra sustentação em Dietch (1978),cuj os estudos sobre o amor,observam correl ação entre a auto-real ização e o “amor S”(amor al truísta,não possessivo, mais admirador, que proporciona maior prazer e que resul ta na aceitação do próprio eu).Quanto maior o nívelde auto-real ização de um indivíduo, maior sua capacidade de oferecer “amor S”. Nas pesquisas de Bystronski (1995),os rel acionamentos íntimos satisfatórios estão identificados como a fonte mais importante de fel icidade pessoal . Desta forma,entende-se estar o amor maduro no fundamento da satisfação pessoal que, inegavel mente, afeta o desempenho individual no trabal ho e por conseqüência o desempenho empresarial . A aval iação permite aval iar que,abordar este assunto,através do processo educativo e de dinâmicas apropriadas,visando contribuir para que os funcionários desenvol vam suas rel ações amorosas, principal mente com o cônj uge, pode promover a mel horia na desempenho da empresa. Responsável, outro val or cl assificado com rel evância pel os indivíduos no contexto da benevol ência,demonstra que os respondentes imputam considerável importância ao seu papelpessoalna concretização de seus obj etivos. A mensuração do senso de responsabil idade deixa evidente que os indivíduos sentem-se responsáveis pel os resul tados de suas ações no âmbito das atribuições presentes que l he foram conferidas (função na empresa,famíl ia). Quando se confronta este val or com val ores diretamente associados,com autoridade (=3,18; =2,26;2=5,11),infl uente (=3,29; =2,23;2=4,97),poder social(=2,75; =2,67;2=7,13),reconhecimento social(=3,10; =2,27;2=5,15), ificados entre os de menor rel evância para e riqueza (=3,67; =1,95;2=3,80),qual os indivíduos considerados, remete a considerar que os indivíduos não estão dispostos a ampl iar seu nívelde responsabil idade assumida. Associado a isto a responsabil idade apresenta conotação mais l igada ao aspecto individual ista do que ao col etivo. Associa-se ao val or responsabil idade pessoal ,o demanda dos indivíduos por um posicionamento social mente responsávelda corporação. Estudo de casos desenvol vido por Machado (2002) em empresas como Sadia, Nestl é, Perdigão, Jari Cel ul ose e Orsa, identificam que, embora com 68 motivações distintas, estas empresas anal isadas percebem retornos positivos à imagem corporativa decorrentes das ações de responsabil idade social ,o que as l eva a incorporar este tema em seus pl anej amentos estratégicos e na gestão de seus negócios.Certamente,dentro de sua necessidade de l ucro para manutenção da vida da empresa,remete este estudo a considerar que ações de responsabil idade estão do centro vitaldos fundamentos de sobrevivência da empresa moderna. Sentido da vida,val or associado à benevol ência,apresenta-se como outro el emento de destaque ao grupo anal isado. A sociedade moderna permite ao indivíduo suprir quaisquer de suas necessidades de recursos para viver,exceto suprir ao indivíduo um sentido para viver,assunto al vo de estudo de Frankl(1990). Esta necessidade e val orização são verificadas no presente estudo. As pessoas precisam de uma bandeira,à qualpodem direcionar suas energias,atenção e sentido. Frankl(1990)teorizou que o indivíduo pode encontrar sentido para sua vida por três vias:doando-se ao trabal ho (tarefa),a al guém (pessoa)ou dedicando-se a uma situação de sofrimento.O ser humano não encontrará sentido na vida em al go abstrato,apenas em al go concreto. No âmbito do pl anej amento estratégico da empresa, a partir dos dados aval iados, entende-se que a busca abordar um sentido que guie a vida da organização e orientado a dar sentido à vida das pessoas que as satisfaça de forma pl ena,sob aspectos pessoal ,social ,fisiol ógico,histórico e transcendente. Este cuidado deve estar presente nas proposições da empresa,sob pena de frustar os indivíduos em promover orientações estratégicas dissonantes das aspirações mais profundas das pessoas.Esta busca de sentido col etivo deve ocupar a agenda dos gestores e estrutura formaldo pl anej amento empresarial . 4.1.2 Fatores de Conservação Aval iado de forma menos pontuada, mas muito próxima da os autotranscendência,foi a conservação (=4,83; =2,02;2=4,08),destacada pel tipos motivacionais segurança (=5,27; =1,83;2=3,35)e conformidade (=5,20; =1,71;2=2,92)apresentou a tradição (=4,03; =2,19;2=4,80)com uma baixa 69 quantificação media pel o grupo,com baixa variança atribuindo homogeneidade de aval iação a estes val ores. O tipo motivacional de segurança demonstra uma estrutura estável de aval iação de seus val ores. or No val or segurança da fam ília (=6,70; =0,73;2=0,53)destaca-se o val de maior preval ência da organização.Apresenta a mais al ta média de aval iação e a menor variança entre os 60 val ores anal isados. Esta aval iação permite considerar que quaisquer proj etos organizacionais que visem mel horar seus fatores de competitividade devem considerar a segurança famil iar como el emento determinante de seu sucesso. No processo de re-estruturação organizacionaliniciado em 2004 o val or foi extremamente importante para a recuperação econômica da empresa, pois os indivíduos se viram ameaçados na sua maior crença. Desta forma,os indivíduos se tornaram sensíveis à mudança que demandou maior empenho,responsabil idade e envol vim ento. Devidamente informados através de reuniões em grupos com a participação de todos os funcionários e organizações correl atas (sindicatos e fornecedores), todos tomaram ciência que o processo de re-estruturação demandaria esforços de redução de custos, incl usive diminuição do número de funcionários, e agora se observa estar esta decisão ferindo o maior princípio desta comunidade. O efeito da conscientização foi tão importante que a comunidade assimil ou 20% de redução de efetivo tendo como expectativa a sobrevivência organizacional . O número de ações trabal histas foi baixo em rel ação à média histórica da empresa. Como a estrutura de rel ação de Schwartz constitui-se num contínuo, o desenvol vimento de val ores refl ete nos val ores adj acentes. Ou sej a, o desenvol vimento do senso de segurança famil iar,pode refl etir em maior val orização para o senso de pertencer, l eal dade, responsabil idade, prestativo/aj udador, retribuição de val ores,dentre outros. 70 4.2 Elem entos não dom inantes nos valores na organização. 4.2.1 Fatores de Autoprom oção A Autoprom oção (=4,39; =2,20;2=4,84) foi o grupo motivacionalque apresentou a menor pontuação de val ores,tendo nos tipos motivacionais de Poder ização (=4,95; =1,91; 2=3,65) uma (=3,56; =2,33; 2=5,43) e Real discrepância importante. A despeito da estrutura bipol ar a estrutura de val ores de Schwartz (1992), contrapondo autrotranscendência e autopromoção como el ementos antagônicos, estudos desenvol vidos por Sil veira (2007, p. 176) em uma instituição brasil eira apontam para aspectos de que estes dois pól os apresentam série de compl ementaridades. Os indivíduos consideram que a auto-realização é conquistada de forma indireta, através de ações que promovam o bem-estar dos indivíduos que o circundam,quer na sua famíl ia,trabal ho ou comunidade em que vive. O tipo motivacionalpoderdestacou-se como o menor tipo motivacionaldentre os 10 aval iados.Os indivíduos cl assificaram de baixo interesse os val ores de poder social(=2,75; =2,67;2=7,13),reconhecimento social(=3,10; =2,27;2=5,15), autoridade (=3,18; =2,26;2=5,11)e riqueza (=3,67; =1,95;2=3,80). Por outro l ado,a variança destes val ores rel acionados a poder esta entre as mais el evadas,apontando para a existência de um grupo com el evada abertura a desenvol vimento de val ores de poder, constituído por aproximadamente 21% da popul ação como pontuação acima da média adicionada de um desvio padrão e, reduzindo-se um desvio padrão da média,observa-se que aproximadamente 17% da popul ação,orienta para el evada rej eição aos val ores de poder social ,autoridade, infl uência e reconhecimento social . O val or poder social apresentou 28% da popul ação com el evada rej eição a este val or. A média dos indivíduos não evidenciou apreciar o crescimento social .Não demandam poder nem reconhecimento. Não enfatizam aumentar seu nível de autoridade e riquezas. Arruda (2008), ao anal isar as possibil idades brasil eiras em se tornar uma grande potência econômica, descreve o que denomina “dil ema brasil eiro 71 fundamental ”:a situação de pobreza extrema vivida por um terço de sua popul ação impede a efetivação do seu potencialde crescimento. Na aval iação dos val ores organizacionais da empresa, grande parte dos participantes não mais se encontra em situação de excl usão econômica pel o patamar de remuneração em que conquistaram. Por outro l ado,correl acionando-se este fato com a assertiva de Arruda (2008) suas crenças de que ainda são excl uídos social mente encontram-se presentes e al gumas al ternativas são consideradas nesta anál ise: • Os indivíduos não buscam porque não sabem desenvol ver seu potencial ; • Os indivíduos não querem conquistar posições de poder. MORGAN (1996)detal ha de forma bastante discriminada as fontes de poder, considerando 14 aspectos:autoridade formal ,control e sobre recursos escassos,uso da estrutura organizacional ,regras e regul amentos,control e do processo decisório, control e do conhecimento e da informação,control e dos l imites,habil idades de l idar com incerteza,control e da tecnol ogia,al ianças interpessoais,control e das contraorganizações (ex. sindicatos), simbol ismo e administração do significado, sexo e administração das rel ações entre os sexos,fatores estruturais que definem o estágio da ação e o poder que j á se tem. A despeito de apresentar o poder de forma tão detal hada,em suas diversas fontes de expressão,MORGAN (1996)constata a dificul dade de precisar onde se origina a fonte de poder. Restringe-se a certificar que o poder se expressa na rel ação de dependência de um agente infl uenciador e de um infl uenciado. A baixa graduação por ser respeitado e admirado requer a aceitação de outras pessoas e grupos de referência,em oposição ao sentimento de real ização.A auto-estima negativa comumente se apresenta entre os indivíduos que se cl assificam neste grupo refl etindo uma visão pessimista do mundo e do futuro.A baixa escol aridade e a idade média el evada são atributos característicos de menores perspectivas de progresso econômico, podendo estar na origem desta baixa expectativa por respeito social . 72 A baixa pontuação atribuída para autoridade (=3,18; =2,26; 2=5,11) denota que, de certa forma, os indivíduos são pouco sensíveis ao comando, rej eitando el ementos organizacionais l igados à hierarquia. As pesquisas apontam para o fato de que os indivíduos não consideram como rel evantes a busca do crescimento pessoal com a conquista de posições de comando em que venha a exercer autoridade sobre processos e sobre outros indivíduos. Grosso modo, conforme o movimento histórico anarquista dos úl timos duzentos anos,anarquismo pode ser definido como uma ideol ogia pol ítica e social que acredita que os grupos humanos poderiam e deveriam existir sem autoridade instituída. Max Nettl au (“apud”Bonomo,2007,p.181)em seu l ivro “La anarquía a traves de los tiempos”,descreve: a autoridade,em suas diferentes form as,através do costum e,l ei,tradição, arbitrariedade, tem posto suas garras em m uitas inter-rel ações hum anas desde que o anim alhom em se “hum anizou”.A m archa para o progresso é a l uta para a l ibertação destas cadeias e obstácul os autoritários.Luta esta que acontece através dos tem pos, ou m el hor, das idades pel as quais a hum anidade passa. Observando-se a formação dos movimentos sindicais operários no início do sécul o XX,verifica-se ter ocorrido como conseqüência da imigração européia que acompanhou o processo de industrial ização. Estes imigrantes trouxeram para o Brasilideol ogias anarquistas,e se concentraram fortemente no eixo Rio-São Paul o, que detinha 51% da força de trabal ho industrialbrasil eira na época.Santos,onde se l ocal iza o Moinho Paul ista,foi porta de entrada desta imigração européia,e sua comunidade foi bastante infl uenciada pel a orientação anarquista daquel e tempo, orientação dominante no movimento sindicalaté a metade da década de 1930, quando sofreu drástico gol pe pel a ditadura de Getúl io Vargas com a impl ementação do sindical ismo control ado pel o estado e repressões. Dentre as características do movimento anárquico-sindicalsão encontrados el ementos ideol ógicos de rej eição à autoridade instituída,como el emento repressor e expl orador da cl asse operária. Tipifica a visão sindicaldeste momento da história da industrial ização de São Paul o,o artigo “Democracia e Sindicalismo”in Bol etim da Comissão Executiva do 3º. Congresso Operário de São Paul o,de 1 de agosto de 1920 (“apud”Bonomo,2007, p.305). 73 Um a l inha divisória – que é um abism o,se conservou,porém ,e cada vez m ais nítida, separando os hom ens im pl acavel m ente. Esse abism o é a propriedade privada o m ais forte esteio do poder e autoridade:e é el a que origina a expl oração do hom em pel o hom em e m antém no sécul o da l iberdade de consciência o privil égio iníquo do capital ism o. Considere o operário que só pel a organização revol ucionária do trabal ho, isto é, pel o sindical ism o,conseguirá vencer as sobrevivências funestas das odiosas eras de opressão e de tirania. Bonomo (2007) identifica um conj unto de eventos em que a formação do sindical ismo na cidade de Santos, São Paul o, recebeu, no início do sécul o XX, rel evantes infl uências anarquistas,cuj os refl exos,na rej eição a val ores individuais, como poder social , autoridade, infl uência, dentre outros, são observados neste trabal ho de pesquisa. Outro val or de consideravel mente baixa graduação média e mediano desvio padrão, obtidos nas pesquisas deste construto está no âmbito da conquista de posses materiais,que cl assificam o val or riqueza (=3,67; =1,95;2=3,80). Recorre-se consistentemente aos estudos de W eber (1958),que correl aciona o desenvol vimento dos países ocidentais com as premissas cristãs protestantes ou catól icas que orientam a busca pel a riqueza. No contexto cristão-protestante a busca pel a riqueza fundamenta-se no bom serviço a Deus,em mul tipl icar de maneira dedicada os bens que o indivíduo recebe para administrar em vida (conceito de mordomia), consistindo-se numa virtude humana. Na visão catól ica cristã, a riqueza não é enfatizada como uma virtude humana.Na Bíbl ia (2000,evangel ho segundo Lucas,capítul o 18,versícul os 24 a 27) está descrito: Vendo-o assim ,Jesus disse:“Com o é difícilaos que têm riquezas entrarem no Reino de Deus!Com efeito,é m ais fácilum cam el o entrar pel o buraco de um a agul ha do que um rico entrar no Reino de Deus!”Os ouvintes disseram: “Mas então, quem poderá sal var-se? Jesus respondeu: “As coisas im possíveis aos hom ens são possíveis a Deus. Considera-se também que os movimentos popul ares, promovidos por organizações governamentais e não governamentais, igrej as e associações beneficentes,consistentemente operam “a favor dos pobres”. Neste contexto, considera-se que os fundamentos rel igiosos do povo brasil eiro podem infl uenciar nesta aval iação. A preval ência da autotranscendência apresentou al guns contrapontos.Dos 20 val ores de componentes deste grupo,16 apresentaram pontuação intermediária 74 para al ta e 4 apresentaram tendência diferente dos demais val ores, com baixa pontuação: um mundo de bel eza (=3,95; =1,87; 2=3,50), unidade com a natureza (=4,11; =1,94;2=3,76),vida espiritual(=4,06; =2,27;2=5,15) e honesto (=4,33; =2,05;2=4,20).Estes fatores apresentaram de mediana para al ta variabil idade. Oriundos de camadas bem pobres da sociedade, com baixo nível educacional , muitos vindo de infância de desfavorável condição econômica, residindo na maioria das vezes em l ocais de pouca urbanização,com predominância de pessoas migrantes de interiores de estados do nordeste brasil eiro,o mundo l hes é apresentado como um l ocaldesarrumado,porque não dizer feio e sofrido. A natureza não é vista como fator favorável de sobrevivência. Muitos indivíduos foram obrigados a deixar suas origens pel a agressividade das condições ambientais (seca e cal or). A espiritualidade, na anál ise gl obale dos grupos que posteriormente se verificarão,se apresenta como um val or consistentemente baixo. Na opinião de Pierucci e Prandi (1996,“apud”MELO e PEREIRA,2005,l oc. cit,p.2), na sociedade m oderna, especial m ente, a popul ação urbana, por ser m oderna é profana;sua civil ização é desencantada,no sentido que Max W eber atribuiu a esta pal avra;el a prescinde do apel o ao sobrenatural .Suas instituições, seus governos, m ercados, escol as, m eios de com unicação, tudo é não-rel igioso. Não há um espaço indispensável para Deus nos m om entos m ais im portantes da vida quotidiana.O m odel o idealdo novo hom em e da nova m ul her da nova cidade é um m odel o não-rel igioso: com petência profissional , com petitividade, auto-suficiência, visibil idade socialsão val ores m uito importantes para este m odel o de conduta. Os dados apresentados demonstram efetivamente que espiritual idade é um val or enfatizado como de baixa importância. Os estudos de W eber (1958), identificam que os mais al tos níveis de desenvol vimento humano mundiais estão l igados à espiritual idade.Verifica que em determinadas sociedades, de formação espiritualna quala cul tura brasil eira se incl ui,apresentam fatores de exal tação à virtude da pobreza e a penúria do trabal ho, contrapondo-se à prosperidade.Desta forma,W eber (1958)col oca a espiritual idade na fundamentação das diferenças econômicas na qualesta aval iação de val or se insere,e os dados evidenciam menor busca por autodeterminação,competitividade, poder social . 75 No que se refere à honestidade,a metodol ogia de apl icação do inventário de Schwartz (1992)apontou baixa atribuição de rel evância nas aval iações feitas pel os respondentes. Menor pontuação em honestidade,no ambiente organizacional ,aponta para menor atribuição de importância dos respondentes a este val or em rel ação aos demais. Esta baixa val orização,permite inferir que os indivíduos são mais tol erantes a comportamentos individuais e organizacionais, intrinsecamente l igados a baixa honestidade, que não necessariamente expressam os extremos que a pal avra representa.Trata-se de comportamentos l igados à fal ta de transparência,mentira, omissão,desinteresse,dissimul ação,dentre outros aspectos sutis de abordagem. São estes aspectos que afetam a vida das empresas na sua produtividade, comprometendo seus custos,sua sustentabil idade e continuidade. Ao tratar do tema de transparência nas organizações,Batista “etal ”(2005) considera o impacto desta prática no comprometimento dos funcionários: é possíveltornar o funcionário um ser comprometido com a nova postura da empresa,o que significa trabal har com a verdade e a transparência em todas as ações empreendidas.Em outras pal avras, fazê-l o crer real mente nos benefícios da mudança. No caso da empresa aval iada, esta baixa graduação do val or, de forma indireta,através da atitude geraldos indivíduos,tem rel ações com o desempenho de al guns indicadores de produtividade,entre os quais se enumeram al guns possíveis: • El evado nívelde absenteísmo e afastamentos ao trabal ho (12,3% do rolde funcionários afastados); • Fal ta de cl areza nas informações,no estabel ecimento de metas obj etivas de produtividade, que geram baixo desempenho dos funcionários e fal ta de confiança nas rel ações hierárquicas. No processo de re-estruturação, a cl arificação de situação e a definição obj etiva de metas de mel horia, produziram como resul tados básicos: o Redução de 46% nos gastos fixos da empresa num período de 3 meses,equival ente a R$ 14,1 mil hões anuais,sem interferência nos níveis de qual idade e eficiência da empresa; o Redução de custos variáveis como energia el étrica, sobrepesos, rendimentos de produção,fretes,embal agens e insumos. 76 • Definições estratégicas desal inhadas com a real idade econômica dos negócios,com gastos desnecessários e investimentos desal inhados com as demandas estratégicas. Se por um l ado,a fal ta de honestidade potencial iza perda de desempenho da empresa,da mesma forma apresenta-se como grande oportunidade de gestão,onde se visl umbra mel horia de desempenho através da apl icação de programas que promovam o comportamento honesto, e sel eção adequada de pessoas na composição de seu rol . Visl umbra-se a importância da manifestação cl ara a todos os indivíduos de que honestidade é um val or fundamentalà sobrevivência organizacional . A estrutura de conservação aval iou-se com tendência muito próxima à autotranscendência, e apresenta no tipo motivacionaltradição (=4,16; =2,21; emento de discrepância com a segurança e conformidade. Este 2=4,88) um el aspecto revel a-se nas figuras 9 e 10. O tipo motivacionaltradição,teve menor aval iação nos val ores respeito à tradição (=3,07; =2,12; 2=4,49), moderação (=3,66; =2,52; 2=6,35) e oga aos val ores de baixa privacidade (=3,65; =2,14; 2=4,58). De forma anál graduação,a variança apresenta-se como el evada,indicando heterogeneidade de aval iação entre os respondentes. Respeito à tradição consiste num val or freqüentemente evidenciado pel os acionistas, proprietário do Moinho desde 1968, detentores de marca muito tradicional . Os dados apresentados remetem a fal ta de convergência entre a visão empresariale dos trabal hadores,indicando no respeito à tradição o segundo val or menos representativo para a popul ação anal isada. A tradição é al go que brota da comunidade e que se transforma em símbol o da sua própria sobrevivência (Durkheim,1954,“apud”TAMAYO,A.,2007,p.8.). Em sua obra Ensaios de Sociol ogia, Max W eber buscou compreender a Modernidade com a idéia de desil usão ou desencanto do mundo e extinção das formas tradicionais de autoridade e saber. Observando-se vários trabal hos de pesquisa acadêmica real izados sobre o tema,como Tamayo “etal ”(1998)e Tamayo (2007),caracterizando a orientação de 77 grupos no ambiente brasil eiro para a preservação e val orização de val ores tradicionais, verificou-se que convergem consistentemente para a negativa da rel ação de brasil eiros com este val or. Os comportamentos, desta forma, tendem a contrapor ou viol ar regras tradicional istas. Na pesquisa de Tamayo “etal ”(1998),que abordou os val ores de músicos brasil eiros, seria de se esperar desta comunidade como sendo pil ares de manutenção e estimul ação de el ementos tradicionais da sociedade, o que não ocorreu,e a tradição também se apresentou como sendo de baixa orientação para esta comunidade,comparado aos demais tipos motivacionais. Este val or requer refl exão, uma vez que o discurso vigente, de empresas moageiras,muitas del as fundadas há mais de meio sécul o,tendem a entender-se como mantenedora de tradições,e de ser entendida pel o mercado desta forma. Isto remete a entender que esta abordagem não é consistente. A modernidade, que se opõe à manutenção de tradições, associado a aspectos antropol ógicos da sociedade brasil eira l igados ao baixo grau de instrução, baixo estímul o à preservação de el ementos cul turais, enforcar a tradição na sustentação dos negócios não se apresenta como argumentação convincente. A Moderação,considerada por Aristótel es (1893),não apenas como um val or integrante de uma escal a,mas como val or essencial ,destaca que a virtude moralse expressa no control e dos sentimentos naturais, e que os bons val ores estão na busca e boa escol ha do efetivo bal anço entre dois extremos. Os extremos são característicos do vício. Na escal a de Schwartz (1992),este val or,condicionado ao tipo motivacional de tradição,sendo fator de conformidade,à l uz da pesquisa real izada,apresentouse como val or de baixa orientação aos componentes da comunidade estudada. Esta abordagem aristotél ica deveria ser considerada como essencialà vida organizacional .Os resul tados indicam tendência às atitudes extremas. A despeito de ser necessário aprofundamento nas origens desta carga de val ores dos funcionários do Moinho Paul ista,a indicação de sua baixa expressão, permite a estruturação de programas específicos para mel horia na orientação para este val or. No processo de re-estruturação da empresa,que requereu sol uções rápidas e radicais,o efeito desta baixa moderação pôde contribuir como componente eficaz de 78 al avancagem de resul tados,promovendo pl anos de ação obj etivos e com grande impacto na produtividade. Privacidade val or determinante do tipo motivacional tradição, apresentou baixa pontuação indicando consistência nesta popul ação,que pel a preval ência de autotranscendência, com el evada orientação para val ores col etivos conforme anteriormente l evantado,tem no val or privacidade,um compl emento adicionalde verificação desta tendência.A privacidade consiste na val orização do tempo para si, dos obj etivos individuais,da busca particul ar por crescimento.A comunidade ora anal isada não val oriza tais el ementos. 4.2.2 Fatores de Abertura à Mudanças Este fator motivacional abertura à mudanças (=4,69; =1,80; 2=3,24) demonstra uma val orização intermediária e homogênea,sendo hierarquicamente o segundo fator menos preval ente da organização. Seus tipos motivacionais indicam ser a estimul ação (=4,31; =1,84; 2=3,39) o grupo de menor importância aos respondentes e a autodeterminação (=5,12; =1,67;2=2,79)como sendo de grande orientação entre os respondentes. A baixa estim ulação (=4,31; =1,84;2=3,39),comparado aos demais tipos motivacionais,indicando um grupo com baixa abertura a mudanças,em função de desval orizar uma vida excitante,com desafios,experiências novas. No ambiente empresarial ,isto produz dificul dades,imposta por este grupo,no acol himento de propostas de mel horia,muitas vezes essenciais ao desenvol vimento e mel horia do desempenho da empresa. Al ternativa importante na busca de mudança deste perfilde val ores seria o processo educacional .Em vista do baixo nívelde escol aridade deste públ ico,tem-se como al ternativa a promoção de treinamentos internos e a recicl agem de posições dentro da empresa. Pel o fato das pessoas, no processo de re-estruturação organizacional , tiveram seus empregos comprometidos (exposição circunstancial ),seu baixo grau de instrução e idade,el as col ocaram em risco sua l iberdade de escol ha aumentando o val or de autodeterminação em detrimento de val ores de conformidade.Este efeito foi verificado por Kohn e School er (1983). 79 4.3 Análise dos valores gerenciais e com paração com os valores dos funcionários. Destacam-se na observação dos dados apresentados nos gráficos 6 e 7,que os gerentes e a direção da empresa expuseram características estruturais de val ores,em al guns aspectos,divergentes do conj unto gl obalda empresa,definidas pel os tipos motivacionais de autodeterminação (=5,63; =1,10; 2=1,21), estimul ação (=5,00; =1,35;2=1,82) e hedonismo (=5,13; =1,25;2=1,56), propondo que o grupo gerencial tem na sua estrutura de val ores, dominante abertura para m udanças (=5,25; =1,20;2=1,44),com baixa variança. Gráfico 7:Estrutura Com parativa dos tipos m otivacionais da em presa e do grupo gerencial . Fonte:Moinho Paul ista,2008. 80 Gráfico 8:Com paração da estrutura de val ores da empresa e do grupo gerencial . Fonte:O autor,com base no Moinho Paul ista,2008. O grupo gerencial congrega val ores que o tipifica como promotor de processos de mudanças,estando intrinsecamente disponíveis à busca de sol uções na busca de mel horias. O tipo motivacionalpoder apresentou a maior variação inferior ao grupo social anal isado, seguido pel o universal ismo (=4,88; =1,62; 2=2,62) e segurança etivas e com (=4,93; =1,30;2=1,69),apontando para características menos col menor preocupação com riscos em rel ação aos desafios que se l hes propõe.Tem, porém,na segurança da famíl ia (=6,50; =1,00;2=1,00)grande simil aridade com o grupo gl obal ,sendo este val or de grande preval ência neste grupo. Apresentam o poder (=2,62; =2,38;2=5,66)como o tipo motivacionalao qualatribui menor importância dentre os 10 propostos por Schwartz (1992),sendo incl usive inferior ao do grupo gl obaldos funcionários da empresa. Estas características evidenciam que,no processo de re-estruturação a que o Moinho Paul ista foi submetido,o grupo gerencialatuou como agente decisivo na promoção. Os dados também revel am que,em processos de drásticas mudanças,não se requer um número de pessoas el evado para conduzi-l o, e sim, um pequeno contingente que tenha as características próprias de val ores orientados para 81 mudanças,que não sej am orientados a mera busca de poder por cargo ou posição hierárquica. Os estudos rel ativos à l iderança têm sido al vo de muitos cientistas sociais, ganhando ênfase a partir dos anos 80 (Bryman,1996). Para Bryman (1996), principal característica seria promover val ores que forneçam significados que possam ser aceitos e compartil hados pel os indivíduos que constituem a organização,ao denominado “gestão do simból ico”.A partir de uma visão,própria do l íder,el e é capaz de dar direção (obj etivos)e propósito ao envol vidos. Zal eznik, “apud” Bryman (1996, p. 351), enfatizando a compreensão da gestão pel o simból ico,aponta os l íderes como àquel es que "mudam a forma das pessoas pensarem sobre o que é desej ável ,possívele necessário". O conceito de l iderança envol ve, em suas definições mais usuais, três el ementos: • Infl uência: capacidade de infl uir ou impactar o comportamento dos outros; • Grupal :é o grupo quem real izará o processo de mudança; • Obj etivo: são as metas que o grupo buscará atingir, a partir da infl uência dos l íderes. Esses el ementos tiveram destaque e foram apl icados na teoria e pesquisa sobre l iderança marcadamente até a metade dos anos 80.A partir de então,as definições empregadas util izam a idéia da "gestão do simból ico”. Pol êmica e distinção são verificadas entre os pesquisadores Bryman (1996), Kotter (1997)e Goodwin (2000),quanto aos papéis l igados à l iderança e gerência (ou administração),apesar de ambos estarem orientados ao processo de mudança. As definições apontam para um papel mais carismático, com foco no futuro (visionário)da l iderança enquanto a gerência se fundamentaria no funcionamento do sistema organizacional , atingindo metas com os recursos disponíveis (humanos, materiais,procedimentos).Os l íderes estariam mais preocupados com o “por que” enquanto os gerentes com o “como”,conforme Kets de Vries (1997). O conceito de l iderança eficaz desenvol vido por Kets de Vries (1997),verifica a necessidade que as duas habil idades (carisma e instrumental ização)sej am papéis desempenhados pel ol íder.Considera que gerente ou administrador pode ser dotado destas duas características. 82 Àl uz destas observações teóricas,observou-se no processo de recuperação econômica do Moinho Paul ista, l iderada pel os seus acionistas e diretores, que propuseram uma visão cl ara de que a empresa era suficientemente competente para se reerguer:a empresa precisa sobreviver. Paral el amente,foi constituído um grupo gerencial ,movido pel a mesma visão, que aportou fundamentos técnicos gerenciais para busca dos obj etivos específicos de qual idade e produtividade. O grupo, formado por funcionários e col aboradores externos, pel a suas necessidades fundamentais de manutenção de seu sustento,associaram-se a estes fundamentos gerenciais, promovendo uma onda de sinergia, tão forte em seus efeitos,que rapidamente reverteu de forma substancialos resul tados da empresa. Gráfico 9:Val ores de m aior sem el hança entre o grupo gerenciale a m édia dos funcionários. Fonte:O autor,com base no Moinho Paul ista,2008. O gráfico 9 expl icita os val ores que apresentam maior convergência entre o grupo gerenciale os funcionários. Verifica-se que os val ores de segurança famil iar,harmonia interior e trabal ho, aval iados anteriormente como essenciais a um processo de re-estruturação em momento de dificul dades econômicas,apresentaram-se al tamente convergentes. De modo semel hante,poder sociale riquezas,com baixa aval iação entre os respondentes, também apresentaram grande convergência entre os grupos 83 gerenciale funcionários.Estes val ores,quando se tornam de maior preval ência,são potenciais fontes de confl itos trabal histas,porém,nos momentos críticos de uma organização contribuem para que se foque nos fatores de sobrevivência. Estas anál ises remetem ao método proposto por Schwartz (1992),que pode ser util izado no al inhamento do perfilgerencialde acordo com as necessidades estratégicas da empresa,buscando indivíduos que atendam as demandas,ora de mudanças,ora de manutenção. Gráfico 10:Val ores de m aior diferença entre o grupo gerenciale a m édia dos funcionários. Fonte:O autor,com base no Moinho Paul ista,2008. O gráfico 10,demonstra hierarquicamente,as maiores diferenças de val ores entre o grupo gerenciale o gl obal . O grupo diretivo demonstra-se muito menos vaidoso,preocupado com sua imagem públ ica, com a l impeza, com o tratamento igual itário. Val oriza mais a natureza e é menos receoso dos confl itos. Por outro l ado val oriza mais que o grupo gl obal , a qual idade de vida, a moderação e a l iberdade. 4.4 Análise dos valores nos diferentes graus de escolaridade As aval iações consideraram a infl uência na base de val ores para diferentes níveis de formação escol ar, uma vez que o entendimento de Schwartz (1992) verificou ser este um fator que al tera a hierarquização dos val ores individuais e,por extensão,col etivos. 84 O grupo aval iado revel ou (através dos gráficos -10 e 11)que,quanto maior o grau de educação formaldo indivíduo,mais afeta positivamente a fl exibil idade dos respondentes ao processo de mudança e negativamente a autopromoção e com a conformidade ou conservação. Gráfico 11:Estrutura Com parativa dos tipos m otivacionais da em presa por grau de instrução. Fonte:O autor,com base no Moinho Paul ista,2008. 85 Gráfico 12:Com paração da estrutura de val ores da em presa grau de instrução. Fonte:O autor,com base no Moinho Paul ista,2008. Os dados observados convergem com a visão de Schwartz sobre o tema, entendendo que o processo educativo formalpromove o encoraj amento à l iberdade e fl exibil idade intel ectual , propício a autodeterm inação e enfraquecendo conform idade e tradição. Para Schwartz (1992) a capacitação permite aceitar desafios e encontrar trabal hos de maior compl exidade e remuneração,dando maior segurança financeira, gerando correl ação negativa com val ores de segurança. Este efeito também foi observado neste estudo,porém,com val orização al ta para os val ores de segurança, ocasionado por condições circunstanciais da empresa que, pel a fragil idade econômica que passou, proporciona insegurança aos indivíduos quanto à manutenção da sustentabil idade de sua famíl ia. Num mundo de acel erado processo de mutabil idade,os val ores rel acionados com a capacidade dos indivíduos de absorver, superar-se diante dos contínuos desafios que l he são apresentados passa a ser decisivo na sobrevivência das organizações. Senge (1994),desenvol veu o conceito da organização de aprendizagem,em que se impl ementa a cul tura do aprendizado como al avancadora de um processo de 86 mudanças e inovação contínuas.Propõe as cinco discipl inas fundamentais para o processo de inovação e aprendizagem:domínio pessoal ,model os mentais,visão compartil hadas,aprendizagem em grupo e pensamento sistêmico. Desta forma,a promoção do aprendizado contínuo deve fazer parte da vida organizacional . Sturm (1993) desenvol veu extensa e criteriosa pesquisa buscando correl acionar os efeitos da educação e treinamento no desempenho econômico dos países. Este estudo foi coordenado pel o Rand’ s Institute, organização que desenvol ve pesquisas com vistas a orientar pol íticas educacionais e de treinamento nos Estados Unidos. O estudo identificou direta correl ação entre educação e treinamento e desempenho econômico, estando entre os fatores com maior infl uência ao crescimento econômico, apresentando estudos correl atos que encontraram contribuições de 15-25% no crescimento do PIB per capita, que educação é responsávelpor 90% das mudanças de qual idade l aboral . Tabel a 6:Produtividade e a Contribuição das m udanças na Qual idade Laboralpara o Crescim ento Econôm ico entre os anos de 1973 e 1984. ! ! 0 9 7 7 8 ' " ! 0 9 7 : ! # ; " ' " ! 0 9 7 # < ! ! # " ! ! + " ! ; " ' "=> ? 9 * " @ A# / " +B* Fonte:Maddison (1987),“apud”Sturm (1993). Legenda:TFP = Fator Totalde Produtividade:taxa de crescim ento do PIB m enos taxas m édia de crescim ento de capitale de trabal ho. Os dados apresentados na tabel a 6 indicam as fontes de crescimento da produtividade l aboral , constituídas pel o crescimento da TFP, e do crescimento educacional (fator não incorporado pel a TFP). Países como França e Japão apresentaram grande correl ação entre educação e crescimento de produtividade,o que não ocorreu com a Al emanha,cuj o crescimento de produtividade está l igado a 87 fatores supl ementares e de qual idade l aboral , que estão l igados a educação informal . Nos Estados Unidos,devido à infl uência quase nul a da educação informal (fatores supl ementares) na produtividade, o aumento de produtividade dependeu diretamente da educação formal . Os dados remetem a aval iar que, quer educação formal , quer informal ,o impacto sobre a produtividade é cl aramente verificado e por extensão o desempenho econômico superior. Os resul tados da tabel a 6 denotam que quer por educação formal , quer informal ,afetam positivamente o resul tado econômico dos países. Propõe-se, desta forma, que no ambiente micro-econômico no qual a empresa se situa,as infl uência positivas da educação fazem parte fundamentalao seu desempenho. 4.5 Análise dos valores porfaixa etária. Este model o de discretização das anál ises indicou discretos el ementos determinantes da infl uência das faixas etária na hierarquia de val ores organizacionais,conforme gráficos 12 e 13. A faixa etária constituída por indivíduos com mais de 51 anos,grande maioria próximo da aposentadoria, com menor compromisso de crescimento profissional , criação de fil hos,mudanças de estil o de vida,apresentaram evidente característica de maior importância a considerar os val ores em suas vidas. Esta característica foi verificada pel o fato deste grupo ter aval iado quantitativamente com pontuação superior todos os tipos motivacionais,indicando uma comunidade que expressa sua atenção para os val ores,o que os orienta a desenvol ver mais seus val ores individuais e col etivos que as pessoas mais j ovens. Este aspecto remete ao fato de que indivíduos de maior idade são mais sensíveis à promoção do desenvol vimento de val ores. Discutem os temas rel evantes,fazem aval iação de comportamentos,discutem as circunstâncias sob a ótica dos val ores rel acionados. 88 Gráfico 13:Estrutura com parativa de tipos m otivacionais por faixa etária. Fonte:O autor,com base no Moinho Paul ista,2008. Gráfico 14:Com paração da estrutura de val ores da em presa por faixa etária. Fonte:O autor,com base no Moinho Paul ista,2008. 89 O grupo da faixa etária de 31 a 40 anos apresentou a menor val orização de val ores dentre as anal isadas. Indicaram os mais baixos val ores de abertura à mudanças (=4,41; =1,91;2=3,65)e autopromoção (=4,25; =2,12;2=4,50). Este grupo,composto de adul tos na fase pós-j uventude,constitui-se de 75% dos integrantes com 2º.Grau de instrução ou inferior.Para este perfilde indivíduos, estar em uma idade em que a demanda por crescimento envol ve muita concorrência,estando iniciando a estruturação de sua famíl ia,com fil hos por criar, moradia por conquistar, competitividade empresariala desafiar, sua condição se torna bastante desfavorável ,pois suas perspectivas futuras l hes são apresentadas como cada vezmais difíceis. Os fatores que l he permitam autopromoção, principal mente no trabal ho, entendido por el e como o val or mais importante para suas conquistas,não l he são fatores motivacionais favoráveis,gerando desmotivação. Da forma equival ente, a condição competitiva deste grupo no ambiente empresarialem que se encontra o torna fortemente resistente às mudanças,pois estas mudanças col ocam sua empregabil idade em risco,uma vez que não detêm competências suficientes para competir com j ovens,com maior grau de instrução e menor comprometimento financeiro. Como componente estratégica da empresa,apenas sol ucionávelno médio prazo,a empresa deveria promover a mel horia do grau de instrução deste grupo, estimul ando-os e dando-l hes condições para retomar os estudos. Não há sol ução pl ausível caso não se consiga sua adesão ao processo educacional , sob pena de que a evol ução da empresa sofra l imitação do desenvol vimento futuro. Como estratégica compl ementar,a empresa deveria contribuir para promover que a faixa etária inferior (18 a 30 anos)sej a constituída de indivíduos com maior grau de instrução. 4.6 Análise dos valores nos diferentes gêneros As mul heres apresentaram menores estruturas de val ores para autotranscendência,conservação e autopromoção e l igeiramente superior abertura a mudanças do que os homens (gráfico 15). Da autotranscendência inferior dos homens se infere menor concentração aos interesses col etivos. 90 Nos tipos motivacionais demonstrados no gráfico 15,poder (=2,99; =2,25; 2 =5,06), universal ismo (=4,75; =1,99; 2=3,96) e tradição (=3,49; =2,29; heres 2=5,24) obtiveram pontuações expressivamente mais baixas entre as mul comparadas aos homens. Gráfico 15:Estrutura com parativa de tipos m otivacionais por faixa etária. Fonte:O autor,com base no Moinho Paul ista,2008. 91 Gráfico 16:Com paração da estrutura de val ores da em presa por faixa etária. Fonte:O autor,com base no Moinho Paul ista,2008. Gráfico 17:Estrutura de val ores com parativa por gênero. Fonte:O autor,com base no Moinho Paul ista,2008. O tipo motivacionalpoder baixo para o conj unto dos respondentes (=3,56; =2,33;2=5,43),foi ainda menor para as mul heres (=2,99; =2,25;2=5,06). No conj unto dos val ores vol tados ao poder,as mul heres apresentaram muito baixa pontuação para reconhecimento social (36% inferior) e autoridade (33% inferior)destes val ores na aval iação dos homens. Sil va (2006), ao aval iar a condição j urídica da mul her brasil eira, observa aspectos históricos de discriminação a que foram submetidas,considerando que este processo ainda conserva remanescentes fatores oriundos deste processo histórico,a despeito de um considerávelprocesso de evol ução dos direitos humanos e das l iberdades individuais. Entende-se que suas dificul dades de reconhecimento e conquista de posições de autoridade l hes parecem mais difíceis de serem conquistadas e estão l igados a estes antecedentes discriminatórios Heiner Biel efel dt(“apud”Sil va,2006)apresenta a interpretação comunitarista (ou col etiva – característica do grupo anal isado)que considera 92 os direitos hum anos procedem de contexto histórico-pol ítico e social concreto,tendem à val orização de val ores éticos tradicionais,em detrim ento de direitos individuais, val e dizer, em oposição ao pensam ento cl ássicol iberal individual ista. Este, ao contrário, corre o risco de não interpor obstácul os às m ais variadas form as discrim inatórias. A maior diferença entre val ores está no respeito à tradição (46% inferior aos homens). Este efeito é observado nos estudos de Santos (2008) ao anal isar a verbal ização discursiva das mul heres, com entrevistas, observando um discurso machista,ocorrendo de forma vel ada ou expl ícita.Entende a autora que isso ocorre como produto de uma dominação muito forte e por muito tempo dos homens sobre as mul heres,fazendo-as,apesar de não mais suj eitas à situação de submissão do passado, seus discursos ainda estão impregnados de discursos tradicional mente machistas. A própria mul her, mesmo sem ter consciência disso, reproduz enunciados machistas,oriundos de uma ideol ogia patriarcalque por muito tempo dominou as práticas sociais e determinou as diferenças entre os gêneros. Conforme Birman (1999): desde o sécul o XVIII, pel o m enos, se forj ou um conj unto de discursosm édico, fil osófico e m oral - que pretendiam del inear um a diferença de essência entre o m ascul ino e o fem inino. Antes disso, não havia absol utam ente,um a fronteira essencialentre as figuras do hom em e da m ul her, pois, desde Gal eno, no início da era cristã, a m ul her era considerada com o um hom em im perfeito,a quem fal tava cal or suficiente para ser um hom em (BIRMAN,1999:85-86). Os val ores de moderação e pol idez fazem parte dos tipos motivacionais de tradição e conformidade que caracterizam a estrutura de abertura a mudanças. Pel o apresentado até aqui,sobre as resistências femininas aos padrões que definem o model o tradicionalque l hes foi imposto, estes val ores também foram aval iados de forma inferior à ponderação feita pel os homens. 4.7 Consistência das análises Pereira (1986)apl icou a escal a de Rokeach buscando identificar a hierarquia dos val ores terminais ou instrumentais no Brasil . • Val ores terminais preval entes: l iberdade, equil íbrio interior, autorespeito, fel icidade e segurança da famíl ia. Os val ores de menor quantificação foram:sal vação,mundo de bel eza,vida excitante,prazer e segurança nacional . 93 • Val ores instrumentais dominantes: honesto, responsável , amoroso, capaz e al egre;os menos importantes:tol erante,obediente,prestativo, pol ido e ambicioso. Os gráficos 18 e 19 apresentam as tendências e variações encontradas neste estudo e nos estudos quando comparados à pesquisa de Tamayo (2007), que teve como obj etivo verificar a hierarquia dos val ores transcul turais e brasil eiros: Gráfico 18:Com paração das pesquisas de Tam ayo (2007)e o presente estudo Fonte:O autor,com base no Moinho Paul ista,2008.e Tam ayo (2007). 94 Gráfico 19:Com paração das pesquisas de Tam ayo (2007)e o presente estudo Fonte:O autor,com base no Pesquisador aos dados fornecidos pel o Moinho Paul ista (2008).e Tam ayo (2007). A amostra de Tamayo (2007) foi composta por 419 suj eitos, sendo 169 professores da escol a secundária privada e 250 estudantes universitários.Duzentos suj eitos eram do sexo mascul ino e 219 do feminino.A idade média foi de 26 anos ( =7,16). Apesar da escal a do trabal ho de Tamayo (2007)ser a mesma (-1 a 7),os respondentes foram estimul ados a l imitar suas respostas no interval o de 0 a 6, deixando os extremos restritos a um val or preval ente (7)e a um val or contrário (-1). Isto promoveu uma diferença a menor na aval iação de Tamayo (2007). A despeito disto, observa-se a evidência da mesma tendência dos tipos motivacionais anal isados na figura 22. Numa tentativa de aj uste de escal as,verifica-se que a média dos val ores de Tamayo (2007) foi de 0,96 e se aj ustar-se empiricamente as escal as para mel hor visual ização de tendência obteve-se,nos gráficos 20 e 21,as seguintes configurações: 95 Gráfico 20:Com paração das pesquisas de Tam ayo (2007)e o presente estudo (escal a corrigida) Fonte:O autor,com base no Pesquisador aos dados fornecidos pel o Moinho Paul ista (2008).e Tam ayo (2007). Gráfico 21:Com paração das pesquisas de Tam ayo (2007)e o presente estudo (escal a corrigida) Fonte:O autor,com base no Pesquisador aos dados fornecidos pel o Moinho Paul ista (2008).e Tam ayo (2007). 96 As variações observadas nos gráficos 20 e 21 (com escal a corrigida) permitem uma extrapol ação conceitualde que o método de Schwartz,apl icado a 2 grupos distintos dentro do contexto cul turalbrasil eiro,sendo uma del as produzida por Tamayo (2007),pesquisador de val ores,envol vido com as pesquisas el aboradas por Schwartz e com vários artigos publ icados sobre o tema,apresentou estruturas de val ores muito próximas,atestando a consistência da apl icação metodol ógica. Na figura 24 distinguem-se al guns tipos motivacionais como maior autodeterminação e menores graduações para conformidade e segurança no grupo anal isado por Tamayo (2007)em rel ação ao grupo do presente trabal ho. As variações são entendidas pel as distintas características dos grupos como menor idade (grupo j ovem de estudantes) e maior grau de instrução (predominantemente universitários)do grupo de Tamayo (2007)que atribui a este grupo menores graduações a val ores orientados para conservação e maior abertura a mudanças. 4.7.1 Convergências com as análises Procurou-se anal isar as convergências por fundamentação numérica e aquel as,que apesar de apresentarem pontuações distintas encontram consistência anal ítica nas fundamentações teóricas observadas. Os grupos anal isados apresentam várias convergências: • Estrutura dinâmica dos val ores com predominância da autotranscendência e menor para autopromoção; • Os tipos motivacionais menos expressivos são simil ares: tradição, poder e estimul ação; • Os tipos motivacionais universal ismo e benevol ência são igual mente convergentes,e a autodeterminação consistentemente superior para o grupo de Tamayo (2007); • O grupo anal isado por Tamayo (2007) em função do grau de escol aridade bem superior ao do Moinho Paul ista e de ter uma idade inferior,apresenta maior autopromoção,menor conservação (menores tipos motivacionais de segurança e conformidade),autodeterminação 97 sensivel mente superior (tipo motivacional preval ente), maiores hedonismo e real ização. 4.7.2 Divergências com as análises As principais discrepâncias verificadas encontram-se no âmbito dos val ores da escal a de Schwartz (1992). Os val ores privacidade, reconhecimento social e honestidade tiveram val orização superior no grupo anal isado por Tamayo (2007). A privacidade,val or associado à tradição,nas pesquisas de Schwartz (1992) deveria ser mais pronunciada em grupos mascul inos, mais idosos. A anál ise comparativa não apresenta esta tendência, conotando características específicas dos grupos,potencial mente produzidas por circunstâncias da vida.O grupo Moinho Paul ista, pel a al ta concentração de sindicatos, que promovem val ores col etivos, associado à grande concentração de migrantes,que simil armente se empenham nos interesses col etivos, e pel a vizinhança da tradição ao tipo motivacional benevol ência, sugerem indicativos das circunstâncias que podem gerar esta discrepância. O reconhecimento social encontra sustentação no grau de escol aridade superior ao grupo anal isado por Tamayo (2007). A honestidade,inferior no grupo Moinho Paul ista,encontra suporte anal ítico pel a al ta concentração de mul heres no grupo de Tamayo (2007). Os val ores de segurança da famíl ia e sonhador tiveram val orização superior no grupo Moinho Paul ista. A segurança famil iar fundamenta-se na idade média superior deste grupo (39 anos versus 26 anos) e pel o fato do grupo de Tamayo (2007) estar constituído de grande número de estudantes, que não constituíram estrutura famil iar que tenham que sustentar e apoiar. O val or sonhador,que deveria ser mais expressivo em grupos mais j ovens e com maior escol aridade, não demonstra suficiente fundamentação características circunstanciais dos grupos merecendo anál ise específica. nas 98 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O obj etivo desta dissertação foi o de pesquisar, anal isar e aval iar a contribuição da infl uência dos da anál ise estruturada de val ores nas empresas. A pesquisa associou uma matriz de val ores com um caso prático de reestruturação organizacional ,permitindo associações dos resul tados obtidos com o comportamento dos indivíduos, que tem como el emento propul sor os val ores individuais (ROKEACH,1973). A partir dos obj etivos propostos e dos estudos de campo real izados,com a real ização de entrevistas e a apl icação de questionário,j unto à popul ação obreira, gerenciale diretiva do Moinho Paul ista,l ocal izado em Santos,apoiado no Model o de Schwartz(SVI)é possíveltecer as seguintes considerações: • verificou-se que nos ambientes col etivos (sociedades,empresas)os val ores são transmitidos e compartil hados com os integrantes, e desta forma se tem a associação de cul tura (val ores compartil hados) e organização, promovendo o conceito de cul tura organizacional ; • no ambiente organizacional , as pessoas constituem um sistema interativo composto de um el emento formale outro informal , que promovem a cul tura organizacional . O el emento formal consiste nos val ores dos dirigentes, que determinam a cul tura oficial da empresa (valores professados). O el emento informalé constituído pel os demais membros que constituem a organização que possuem distintas visões do mundo (valores efetivamente praticados); • val ores individuais e col etivos têm diferente importância entre os vários povos.A opção preferencial de uma sociedade definirá o comportamento de seus membros; • com base na distribuição dos val ores na escal a de Schwartz (1992),observou-se que os tipos motivacionais possuem orientações específicas para atendimento aos interesses individuais,col etivos ou mistos; • os val ores que servem a interesses individuais são:hedonismo,real ização,poder social ,autodeterminação e estimul ação;os vol tados aos interesses col etivos são: conformidade,tradição e benevol ência;enquanto os que servem a interesses mistos (tanto col etivos,como individuais)são:segurança e universal ismo; 99 • na escal a de val ores de Schwartz (1993), os indicadores apresentados correl acionam-se à ação para a produtividade organizacional ,como o trabal ho, honestidade, criatividade, autodiscipl ina, rapidez, autodeterminação, dentre outros; • no ambiente organizacional ,esta ação se expressa pel o trabal ho,que de forma dinâmica é considerada por muitos autores como um valor básico dos indivíduos que constituem esta organização; • dentre os indivíduos que compõem a estrutura do Moinho Paul ista,caracterizouse uma amostra de 138 indivíduos componentes da organização, assim distribuídos: • Parque industrial :110 funcionários de um totalde 204 indivíduos • Vendas externas:28 de um totalde 31 indivíduos • Direção:4 indivíduos de um totalde 5,sendo que 3 participaram de todo o processo de re-estruturação da empresa; • amostra apresentou as seguintes características: • 11% mul heres e 89% homens; • Idade média de 39 anos ( =10 anos e 9 meses); • a aval iação gl obalda popul ação anal isada indica a predominância de val ores vol tados para fatores de autotranscendência,característicos de uma comunidade vol tada aos interesses do bem-estar dos outros,para a sobrevivência do grupo, com aceitação das diversidades entre os indivíduos; • esse perfilde autotranscendência,que se define pel os tipos motivacionais de benevol ência e universal ismo, na estrutura bipol ar apresentada por Schwartz (1992),ocorreu em oposição a baixo índice (os menores da aval iação)de val ores de autopromoção (l igados a poder e real ização); • A preval ência da autotranscendência apresentou al gumas contradições.Dos 20 val ores de componentes deste grupo,4 apresentaram tendência diferente dos demais val ores, com baixa pontuação: um mundo de bel eza, unidade com a natureza,vida espirituale honesto; • os val ores associados aos tipos motivacionais a universal ismo e benevol ência apresentaram-se muito próximos na aval iação; Responsável , outro val or cl assificado com rel evância pel os indivíduos no contexto da benevol ência, 100 demonstra que os respondentes imputam considerávelimportância ao seu papel pessoalna concretização de seus obj etivos; • em contrapartida,o pól o oposto à autotranscendência,a autopromoção,inferiuse da pesquisa haver um desequil íbrio neste eixo,com baixa autopromoção entre os envol vidos no proj eto, que rej eitam val ores como infl uente, autoridade, reconhecimento sociale poder social ; • os val ores mais importantes observados foram:a segurança famil iar,a harmonia interior e o trabal ho.Estes val ores operam de forma determinante e motivacional sobre todas as circunstâncias a que os indivíduos são expostos,quer no trabal ho ou na comunidade que participa fora do ambiente l aboral ; • Os val ores de maior aval iação neste proj eto apresentaram baixa variança, indicando homogeneidade de pensamento do grupo pesquisado quanto a estes fatores; • Os val ores de menor aval iação neste proj eto apresentaram al ta variança, indicando heterogeneidade de pensamento do grupo pesquisado quanto a estes fatores; • Sugerem os estudos do presente proj eto de pesquisa,que as organizações,na busca de mel horia de desempenho,têm,no envol vimento das pessoas a chave de seu sucesso. Infere-se que a integração vol untária dos funcionários aos proj etos organizacionais pode ser conquistada através da via indireta,desde que a empresa promova,de forma consciente e sincera a mel horia das condições de segurança famil iar,através de propostas de ações dirigidas a este fim; • Os val ores de menor preval ência formam:infl uente,autoridade,reconhecimento social ,respeito à tradição e poder social .Isto indica representativa tendência à rej eição a val ores individuais em detrimento dos col etivos.Esta característica tem origem no grau de instrução e nas circunstâncias de formação cul tural . • Os tipos motivacionais menores foram:poder social ,tradição e estimul ação.O grupo aval iado,de acordo com o Método de Schwartz,indicou baixa aspiração ao crescimento na esfera social , e não tem o poder como al vo pessoal .A tradição,mesmo a empresa pesquisada tendo mais que 80 anos de existência, não ser expressa como rel evante,a despeito de internamente se identificar que o entendimento gerencial é de que a observância da manutenção de tradição 101 rel ativa às marcas comercial izadas e à imagem corporativa, como fator competitivo é um conceito a ser enfatizado; • O grupo gerencialapresentou singul ar diferença do grupo geralde funcionários da empresa,com al ta abertura às mudanças.Infere-se que o processo de reestruturação organizacionalestá muito associado ao processo de l iderança.O grupo anal isado,apesar de evidenciar baixa abertura às mudanças,no processo de re-estruturação,tendo ameaçados seus val ores mais rel evantes de segurança famil iar e trabal ho, participaram do processo motivados pel as condições circunstanciais a que foram submetidos; • A escol aridade constitui-se num fator determinante de abertura às mudanças, principal mente no que se refere ao tipo motivacionalde autodeterminação.Esta característica afetou e afeta os resul tados organizacionais nas estratégias empresariais que demandam mudanças,muito freqüentes em processos de reestruturação, desenvol vimento de novos produtos e processos, modernização operacional ,dentre outros; • O inverso ocorreu na esfera do poder social , em que os indivíduos menos val orizaram este tipo motivacionalquanto maior seu grau de instrução,indicando a percepção de que as conquistas ocorrem por esforço e dedicação pessoal (autodeterminação e estimul ação); • Indivíduos de faixa etária superior (acima de 51 anos)se preocupam mais com sua estrutura de val ores que os demais indivíduos; • A faixa de 31 a 40 anos, apresentou a mais baixa abertura a mudanças e autopromoção,associando-se isto às suas baixas perspectivas de crescimento e dificul dade de manutenção de seus fatores de competitividade num mercado de trabal ho em constante mutação, que requer especial ização. Estes indivíduos tendem a rej eitar a mudança pois el a se l hes apresenta com al tamente desfavorável ; • As mul heres se apresentarem mais abertas às mudanças do que os homens.Em contrapartida menos autotranscendentes, menos autopromotoras e menos conservadoras.Os val ores aval iados pel as mul heres mais distintos dos homens formam (todos menos preval entes para el as): respeito à tradição, reconhecimento social , moderação, autoridade, um mundo de bel eza, j ustiça social ,pol ideze vida variada. 102 O inventário de val ores de Schwartz (1992), apl icado em ambiente empresarialapresentou-se como consistente instrumento na identificação de val ores organizacionais, permitindo identificar a tendências de comportamento do agrupamento socialpesquisado.Este método,ao fornecer indicadores rel acionados à previsibil idade comportamentalpermite ao gestor orientar estratégias e propor pl anos de mel horia de desempenho empresarial . Compl ementa estas considerações, a menção proposta por Tamayo e Paschoal(2003) de se estabel ecer metas específicas para desenvol vimento dos tipos motivacionais. O estudo dos val ores ora desenvol vido, sugere que todos os proj etos de desenvol vimento organizacional ,com vistas a um mel hor desempenho econômico da empresa,deveriam considerar os val ores preval entes deste grupo sociale cuidar para que não ocorram confl itos com os val ores de maior negação dos indivíduos. Como exempl o, menciona-se que a empresa deveria promover qual ificação do trabal ho,através do aumento do grau de instrução,quer formal ,quer informal ,e de forma didática,correl acionar à importância do envol vimento individualcomo meio de satisfação de suas necessidades de segurança famil iar. De outra forma,a empresa também teria como instrumento de promoção do aumento de sua produtividade, o direcionamento de proj etos no sentido dos famil iares dos funcionários,os quais,de forma vol untária,tenderão a integrar-se aos proj etos de mel horia organizacional . 103 5.1 Lim itações e Recom endações para futuras pesquisas O presente trabal ho encontrou,na sua pesquisa bibl iográfica,l imitações de abrangência de dados sobre apl icação das teorias de val ores confrontando-a com os resul tados de uma empresa.As aval iações encontradas restringiram-se a aspectos investigativos da existência,preval ência e fatores infl uentes na estrutura de val ores individuais e col etivos. O estudo de caso único restringe a general ização do trabal ho,que poderia ser ampl iada para um conj unto maior de empresas, quer do mesmo setor mercadol ógico ou mesmo de setores distintos,conduzindo a correl ações entre as diversas popul ações anal isadas. As características abordadas na popul ação pesquisada, l imitaram-se a aspectos etários,escol aridade e gênero,podendo ser ampl iada no sentido de se observar outras infl uências nos val ores, como rel igião, aspectos demográficos, tempo de empresa,orientações pol íticas,dentre outros. As pesquisas sobre val ores não se demonstraram matéria de grande aprofundamento na pesquisa apl icada no ambiente organizacional , como instrumento de definição de estratégias organizacionais para mel horia desempenho. O inventário de Schwartz,abre perspectivas rel evantes no desenvol vimento organizacional ,como ferramenta de medição de fatores de crescimento humano. Tomando-se como base a assertiva de Lavil l e e Dionne (1999),de que existe uma defasagem de cerca de meio sécul o no estudo de val ores no Brasil ,e o presente estudo,que em sua pesquisa bibl iográfica pode se testemunhar em parte com esta real idade, entende-se que o tema abre grandes perspectivas para a pesquisa acadêmica, com contribuições importantes à apl icação no ambiente organizacional ,trazendo mel horias à condição de vida das pessoas,a col etividade e ao país. No desenvol vimento deste estudo,foram util izadas ferramentas estatísticas simpl es (média aritmética, desvio padrão e variança da média). Os recursos matemáticos disponíveis disponibil izam model os aderentes para estudos na ampl itude das ciências sociais apl icada,como o software SPSS (Statistical Package for the Social Sciences), Openstat (desenvol vido por Bil l Mil l er da Iowa State University), dentre outros. Estes softwares permitem, para grandes conj untos de dados,efetuarem cál cul os estatísticos compl exos,visual izar resul tados,de forma 104 rápida permitindo uma apresentação e uma interpretação precisa dos resul tados obtidos. Este estudo remete a estudos de pesquisa posteriores, entre os quais se destacam: • Estudos de aprofundamento de anál ises estatísticas, util izando recursos matemáticos mais apurados (SPSS,Openstat,etc.) • Estudos comparativos de desempenho entre empresas com perfis de val ores distintos; • Estudos de verificação da matriz de val ores do inventário de Schwartz comparados com as estratégias de mel horia de desempenho organizacional ; • Verificação das mudanças na matriz de val ores individuais a partir da impl ementação de estratégias de mudanças: proj etos de treinamento, proj etos de mel horia de qual idade de vida dos funcionários e famil iares, programas de aumento de segurança l aboral ,dentre outros; • Apl icação do Perfil de Val ores Individuais de Schwartz no processo de sel eção de funcionários,média e al ta gerência na empresa; • Verificação da infl uência de circunstâncias da vida (ambiente cul tural , diferenças demográficas,rel igião,etc.)na hierarquia de val ores de diferentes agrupamentos sociais brasil eiros. Os l imites para o desenvol vimento de estudos nesta área do conhecimento, apresentam-se distantes do presente estágio de pesquisa,em especialda pesquisa apl icada ao desenvol vimento humano e social . 105 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABITRIGO.História do trigo.Disponívelno site da Associação Brasil eira da Indústria do Trigo,em http://www.abitrigo.com.br/,acessado em ago.2005. ALLPORT,G.Desenvolvim ento da Personalidade:considerações básicas para um a psicologia da personalidade.Traduzido por SIMON,H.A.(originalde 1955). São Paul o:Editora Herder,1962 ALVES,G..O novo e precário mundo do trabal ho -Reestruturação produtiva e crise do sindicalism o.São Paul o:Boitempo Editorial ,2000. ALVES FILHO,A.;ARAÚJO,M.A.D..Um estudo da força m otivacionaldos funcionários do Banco do Brasilà luz da Teoria da Expectativa.São Paul o: Caderno de Pesquisa em Administração,vol .8,nr.2,abr/j un 2001. 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