LIMEIRA, SEXTA-FEIRA, 17 DE MAIO DE 2013 4 - GAZETA DE LIMEIRA A Quando surgiu essa paixão pelas corridas? Comecei a correr logo que me formei em Jornalismo na Unesp de Bauru, em 2005. Foi completamente por acaso, nunca havia pensado em correr na minha vida. Estava terminando a faculdade, trabalhando, não sabia direito o que iria fazer e uma amiga sugeriu que tentássemos correr, meio de brincadeira. Eu comecei, ela parou e eu continuei. Corrida é assim, você começa e quando vê não consegue parar mais. Danilo Gullo F erreira Médico Repressão e criação H á alguns dias, assisti num programa de TV, em horário nobre, a apresentação de uma cantora (se é que podemos assim chamá-la) que se autodenominava “a rainha do funk”. Música horrível e letra sem nenhum conteúdo. Tudo bem, alguns poderão dizer que gosto não se discute, que a música pode até ser boa para alguns ouvidos. Concordo, porém continuo a afirmar que a letra não tinha nenhum conteúdo. Daí comecei a pensar e tentar me lembrar de músicas brasileiras, de qualquer ritmo, que tivessem letras bem elaboradas, com mensagens que nos acrescentam algo, que nos fazem pensar. Minha conclusão foi de que o momento onde houve maior criatividade por parte dos compositores foram os anos de ditadura militar e os primeiros anos de regime democrático que sucederam o período dos militares no poder. As canções com duplo sentido, aquelas compostas Arquivo Pessoal www.mundoplug.com.br Acredito que de 15 a 20 países, mas acabo ficando muito tempo nos locais porque as provas são longas. Na primeira vez que fui para a África do Sul, fiquei 21 dias porque fiz cobertura de uma ultramaratona e de uma ultramaratona de bicicleta. Só não fui para a Oceania. E essas provas mais tradicionais, você pensa em cobrir? A primeira cobertura internacional que fiz foi a Maratona de Chicago, que não cheguei a correr. Mas confesso que essas provas mais tradicionais não me atraem muito. Como jornalista, prefiro ir para as provas que as pessoas não vão, para contar para elas como é. Kelsen Fernanddes Divulgação limeirense Marina Gomes, de 30 anos, descobriu a corrida quase que por acaso, quando terminava a graduação em Jornalismo pela Unesp (Universidade Estadual Paulista), em Bauru, no ano de 2005. Com as dúvidas que permeiam a cabeça de todo recém-formado, ela recebeu o convite de uma amiga para começar a correr, e nunca mais parou. Marina fez da corrida seu passaporte para conhecer o mundo. Depois de passar pela redação de uma revista especializada, a jornalista limeirense se tornou freelancer e já disputou provas em quatro continentes, visitando em torno de 20 países, para descrever as experiências vividas na disputa ou simplesmente acompanhando outros atletas. Além do trabalho específico de corridas, Marina cobre ainda provas de ciclismo e aproveita que conhece lugares exóticos nos quatro cantos do globo terrestre para escrever também sobre turismo para um portal de notícias. Apaixonada por provas diferenciadas e com um grau de dificuldade maior, a limeirense, que mantém o blog Corre Mundo, onde conta suas experiências, ainda espera o chamado de uma das revistas para disputar sua primeira prova em 2013. Enquanto aguarda, Marina conversou com o PLUG. Confira a seguir entrevista na íntegra. Como é a troca com os outros corredores e os outros Marina (à direita) em jornalistas? prova na Argentina Por cobrir provas mais diferentes, acabo muitas vezes sendo a única jornalista brasileira e tenho mais contato com jornalistas de outros países. Todo mundo se ajuda, é muito bacana. Já cobri outras áreas e tem Jornalista limeirense fez das corridas seu passaporte para conhecer outros países e culturas competição ruim entre jornalistas de veículos concorE o trabalho para as re- turismo para o UOL, por- programar para uma deter- te morrendo na linha de che- rentes. Na Capadócia, ficaque as provas são realiza- minada prova. vistas? gada. Gosto muito das pro- mos superamigos. Conheci umas revistas das em locais muito bacavas de montanha. Nelas, especializadas em corrida nas. Posso me dar ao luxo Tem algum tipo de prova você fica completamente Qual a próxima prova no capara tentar entender melhor de escolher as provas e pro- que você costuma fazer perdido, não é como as pro- lendário? Não tenho nada em viso treinamento e comecei a curo locais diferentes, exó- mais? Já disputou uma ma- vas de rua, com percurso trabalhar para essas publi- ticos, onde as pessoas não ratona? demarcado e nas quais você ta. A última foi na PataNunca corri porque sou corre com um monte de gen- gônia, em novembro. Estou cações. Foi aí que realmen- vão sempre. te uni a corrida com meu muito indisciplinada para te. Nessa da Turquia a gen- querendo ir para o Quênia trabalho e comecei a correr Como é sua rotina de cor- treinar. Até meia maratona te corria em formações ro- para ver o centro de treinaconsigo correr sem treinar chosas e não tinha nada. A mento dos corredores para mais para poder trabalhar redora? melhor. Entrei tanto nesse Sou indisciplinadíssima. direito. Até porque tenho Bakiye Duran, uma turca mostrar e tentar entender de mundo que fui fazer mes- Como jornalista, as provas que trabalhar quando aca- que era a campeã da pro- onde saem tantos campeões. trado baseado em ciências acabam aparecendo de úl- ba a prova. O dia em que va, me olhou, viu que eu do esporte e corridas. tima hora. Às vezes, a gen- correr uma maratona será estava em dificuldade e de E no Brasil, já correu a São te chega um dia antes. Te- para mim mesma. repente tirou uma cordinha Silvestre? Normalmente é difícil, Como freelancer, você dis- nho um treino médio, que não sei de onde, amarrou puta as provas e escreve me dá alguma base. Já Tem alguma prova que te em mim e começou a me porque gosto de viajar no para as revistas? aconteceu de viajar em três marcou? puxar. Ela só parou de me Ano Novo. Este ano decidi Quando me tornei free- dias para disputar uma Tem muita coisa. É re- ajudar quando chegamos a correr para ter a prova no lancer, comecei a escrever meia maratona. É realmen- almente muito marcante uma estação e disse que iria currículo. É muito legal, para a “Sport Life” e a te em cima da hora e não cada linha de chegada para parar por ali. Foi incrível. você dá risada os 15 quilômetros, vai fazendo amiza“Contra Relógio”. Faço al- consigo me planejar, pois minha história pessoal e as gumas matérias sobre ciclis- dependemos de patrocínio histórias que vejo. Já vi de Quantos países já conhe- des, tirando foto. A corrida realmente é uma festa. mo também e escrevo sobre para viajar. É raro eu me tudo, gente casando e gen- ceu com esse trabalho? O mundo sob seus pés para “driblar” a rígida censura do regime militar, são um belo exemplo. Músicas como “Cálice”, “Apesar de você”, “Pra não dizer que não falei das flores” e “Alegria alegria” são verdadeiras pérolas da música popular brasileira. Também a rebeldia da juventude roqueira dos anos 80 produziu obrasprimas como “Brasil”, “Que país é esse?”, “Alagados”, “Homem primata”, “Até quando esperar”, dentre tantas outras que falavam sobre política, corrupção, sociedade e até amor, sempre de forma inteligente e perspicaz. É claro que naqueles anos também tinha muita porcaria, músicas ruins e cantores medíocres, que geralmente faziam parte daquelas “one hit bands” ou, traduzindo, bandas (ou cantores) de um único sucesso, que apareciam de maneira meteórica e da mesma forma sumiam do mapa. Geralmente eram músicas dançantes, com refrão fácil e letras simples, lançadas por gravadoras e empresários apenas com o propósito de ganhar dinheiro. Isso continua a acontecer, e talvez daqui a alguns meses ninguém mais ouça falar na tal rainha do funk. Mas hoje não temos tanta criatividade nem tantas poesias em forma de música, acho que dá para contar nos dedos as canções com conteúdo. Por isso tudo, fico me perguntando se, para despertar a criatividade, é necessária a re- pressão. Parece que agora que respiramos ares de liberdade, que podemos nos expressar livremente, sem censura (apesar de alguns parlamentares tentarem nos tirar esse direito através de PECs ridículas e mal intencionadas), nossa criatividade anda em baixa. Uma explicação que acho plausível é que, quando somos reprimidos, somos obrigados a pensar mais para encontrar meios de nos livrarmos dos repressores. Agora que somos uma democracia (ainda que mal acabada), precisamos estimular a criatividade dos jovens através da educação de qualidade, que estimula o senso crítico e faz pensar. Só assim veremos novos poetas, novos talentos natos, que ainda existem como no passado, porém precisam ser lapidados. Herivelto Zuccaratto P sicólogo Filhos H á um provérbio que diz: “Filho criado, trabalho dobrado”. Depende do ponto de vista. Pais superprotetores, ansiosos, controladores, temerosos, inseguros, medrosos, onipotentes, autoritários costumam criar seus filhos como extensão de seus desejos; impõem excessivamente os seus próprios valores, desvalorizando a iniciativa, a criatividade, o desenvolvimento das habilidades naturais dos filhos. Infantilizam, às vezes sem saber, para terem maior controle, causando atraso no desenvolvimento. Costumam queixar-se de que os filhos, apesar de adultos, continuam dando trabalho e preocupação, sendo dependentes afetivos e, em muitos casos, também financeiramente. Quando esses filhos casam, costumam nas dificuldades recorrer aos pais para ajudarem. Detestam as interferências da sogra, do sogro, mas são eles que abrem espaço quando, nas mínimas coisas, contam com a ajuda dos “mais velhos”. Embora seja comum, os pais, sogros, sogras reclamarem dessa dependência, também se sentem úteis fazendo a manutenção do comportamento, isto é, socorrendo a “qualquer dor de barriga”. Pais mais equilibrados, maduros, desenvolvidos, procuram criar seus filhos para a vida, não para servi-los, inclusive às suas neuroses. Reconhecem nos filhos o sujeito e a individualidade de cada um, e os ajudam a se desenvolver a partir das suas potencialidades, valorizando as escolhas adequadas, mostrando sua forma de ver o mundo, mas ao mesmo tempo permitindo o olhar do outro, sua própria forma de aprender. Pais problemáticos “pensam” em curto prazo, “resolvendo” as demandas da criação e educação dos filhos de forma mais “prática”, imediatista, sem se dar conta de que esses filhos terão o mundo para enfrentar, e que o âmbito doméstico é apenas uma referência dentre tantas possibilidades. Ou superprotegem, como forma de amor, mas que acaba por sufocar o crescimento, ou agem autoritariamente dentro do princípio militaresco de quem pode manda, quem tem juízo obedece, tornando a relação mais fácil de ser mane-jada, uma vez que esconde, reprime, amordaça os conflitos. É o modo mais fácil de criar, impondo o “respeito”. Epa! Mas não é então a ausência de autoritarismo que tem gerado gerações de filhos problemáticos, desrespeitosos, vagabundos etc.? Não! O que abre espaço para o desrespeito, ociosidade, problemas é a ausência de autoridade, das normas, das regras, combinadas e validadas pelos exemplos, ela consequência positiva. Filhos criados que levam ao trabalho dobrado são frutos de uma educação falha, que priorizou o criar e desvalorizou o educar. Pois filhos criados e educados são responsáveis, independentes, batalhadores, um orgulho para a família e uma bênção para a sociedade. Para anunciar aqui ou tirar dúvidas com nossos colunistas, entre em contato através do e-mail [email protected] ou pelo telefone 3451.0579. Se preferir, acesse o site www.mundoplug.com.br e lá você encontrará muito mais! GAZETA DE LIMEIRA - 5 LIMEIRA, SEXTA-FEIRA, 17 DE MAIO DE 2013 www.mundoplug.com.br 1- Pitbull & Christina Aguilera - Feel this moment / 2- Loreen - My heart is refusing me / 3- David Guetta ft. Sia She wolf/ 4- Ludacris ft. Usher - Rest of my life / 5- Pitbull ft. TJR - Don’t stop the party Confira as fotos das melhores baladas de Limeira e região Marcos P aulino Paulino Jornalista Álcool e hipocrisia A dolescente alcoolizado agora vira notícia no jornal. Desde que o mundo é mundo, a molecada entorna o caldo, o que significa que a dobradinha álcool-juventude é novidade nenhuma. Mas a legisla- ção vem endurecendo o cerco e prometendo acabar com a festa. Se antes já era proibido dar ou vender bebida alcoólica para menores, hoje quem insistir nessa burrada tem mais chance de acabar em cana. Deste modo, chama-se a atenção para o grave problema social que é a disseminação do álcool – entre outras drogas, diga-se – junto àqueles que ainda não têm estrutura emocional para lidar com ele. Quando um adolescente é flagrado bêbado, é porque alguém permitiu que ele bebesse, infringindo a lei. Donde vem o interesse mais recente da mídia para fatos como esse. Até aí, tudo bem. Contudo, a hi- pocrisia que ronda o assunto é tamanha, que torna notícias sobre jovens alcoolizados talvez um exagero. Afinal, a mesma sociedade que incentiva menores a beber quer cobrar o preço pelos estragos que se sucedem quando a estratégia deu certo. Vale, porém, uma pequena viagem no tempo para entender melhor a situação. Há alguns anos, era não apenas tolerado, mas até incentivado, que jovens bebessem. Principalmente no caso dos homens. Aqueles que não aceitassem o desafio dos adultos para virar um copo eram frouxos. E esses adultos em boa parte das vezes eram – e acho que ainda são – os próprios pais ou irmãos mais velhos. Beber está enraizado em nossa cultura, é um hábito que atravessa gerações familiares. Fumar também era. Todavia, em algum momento da história, a indústria começou a perder espaço para a saúde, e algumas medidas de prevenção e combate ao fumo conseguiram êxito. Agora, ninguém imagina mais lindas propagandas, com asas deltas e motos possantes, nas quais gente bonita e saudável aparecesse saboreando seu cigarrinho. Na verdade, soa surreal que um dia foi possível que anúncios como esses recheassem a programação das TVs e estampas- sem cartazes. Um dia talvez seja estranho que gatas de biquíni e musculosos sem camisa surjam na telinha matando com cara de prazer um copão de cerveja. A impressão, contudo, é que esse dia ainda está longe. Até porque, mais grave que isso, é o fato de que esportistas também tomem uma gelada em comerciais. Como um jovem que vê Ronaldo, o Fenômeno, bebendo não vai acreditar que beber seja fenomenal? Ou que não acredite nas benesses da cerveja quando treinadores sérios como Felipão e Mano Menezes, do alto do cargo de técnico da Seleção Brasileira, afiançam que a loira é trilegal? Enfim, é a mesma hipocrisia que proíbe a venda de cerveja nos estádios, mas permite que suas fabricantes deem nome a esses mesmos estádios. Ou que não permite que se beba e dirija, mas deixa as portas abertas para que os produtores de bebidas alcoólicas patrocinem corridas de automóveis. Aliás, sobre a questão da cerveja nos estádios, tenho uma sugestão: que se faça o mesmo que nas ruas ou rodovias e se lance mão do bafômetro. Quem estiver alcoolizado não entra no estádio e pronto. Pois, se beber lá dentro atenta contra a segurança, por que beber do lado de fora e entrar pode?