Auto-Cicatrização de Redes MT sobre CEI 61850 Gonçalo Morgado Lopes Martins de Faria Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Electrotécnica e de Computadores Orientador: Prof. Doutor José Luís Costa Pinto de Sá Júri Presidente: Prof. Doutora Maria Eduarda de Sampaio Pinto de Almeida Pedro Orientador: Prof. Doutor José Luís Costa Pinto de Sá Vogais: Prof. Doutor José Manuel Dias Ferreira de Jesus Abril de 2014 Auto-Cicatrização de Redes MT sobre CEI 61850 Gonçalo Morgado Lopes Martins de Faria ii Agradecimentos Ao longo de todo o meu percurso académico fui acompanhado por um número infindável de pessoas que me apoiaram, educaram e incentivaram. A elas dedico o meu trabalho. Ao Professor José Luís Costa Pinto de Sá, por me ter propocionado trabalhar num tema inovador e extremamente motivante, pela infindável transmissão de conhecimento e experiência e por todo o apoio concedido ao longo deste projecto. Aos meus pais e à minha família, que me inspiram diariamente a querer ser melhor e a ultrapassar sempre os meus objectivos. Obrigado pela vossa disponibilidade, apoio incondicional, afecto e educação. Aos meus amigos. Eles sabem. iii Resumo Potenciado pela constante evolução das tecnologias de informação e comunicação, o conceito de redes inteligentes surge como um novo paradigma ao nível das redes de transmissão e distribuição de eletricidade. Uma das suas áreas fundamentais é a autocicatrização de redes de distribuição, cujo objectivo é a reconfiguração e balanceamento automático da rede, após a ocorrência de incidentes. Com a ultrapassagem dos principais entraves tecnológicos, através da normalização das comunicações (CEI 61850) e das linguagens de automatismos (CEI 61131), surge a necessidade de criar metodologias que permitam a implementação de um automatismo de auto-cicatrização seguro e fiável, capaz de operar ao nível da rede. Numa primeira fase são definidos os requisitos operacionais necessários e o princípio de funcionamento do automatismo global de auto-cicatrização, com recurso à utilização de estratégias de identificação de topologias dinâmicas. A metodologia desenvolvida foi posteriormente transcrita para automatismos definidos sobre Redes de Petri. Com o objectivo da criação de um mecanismo genérico e não circunscrito a uma rede específica, os automatismos criados são modulares permitindo a sua adaptação a diversas topologias e diferentes dimensões da rede de distribuição. O correto funcionamento dos automatismos foi comprovado através da utilização de ferramentas matemáticas de análise de Redes de Petri, sendo verificada a sua concordância com os requisitos definidos. Por fim, foram tecidas considerações sobre a implementação do automatismo de autocicatrização desenvolvido, tanto ao nível de sistemas e tecnologias de comunicação como ao nível da programação e implementação de automatismos em linguagens normalizadas, com o objectivo de demonstrar sua viabilidade. Palavras Chave Auto-Cicatrização, CEI 61850, Redes de Petri, Smart Grid, Automação, GOOSE iv Abstract Empowered by the evolution of information and telecommunication technologies, the concept of smart grid emerges as the new paradigm of transmission and distribution power grids. One of its main concepts is the development of a self-healing grid, enabling the grid to automatically reconfigure and rebalance after the occurrence of an incident. After the overcome of the main technological barriers, with the normalization of substation communications (IEC 61850) and automatism programming languages (IEC 61131), arises the need to develop methodologies that allow the design of a safe and reliable automatism, able to deliver self-healing capabilities to the grid. It was primarily defined the operational requirements and the operating principle of a selfhealing automatism, mainly based on the use of grid dynamic topologies identification strategies. The developed methodology was transcribed into an automatism modeled in Petri Nets (PN). With the purpose of developing a generic mechanism unlinked to a specific network. The designed automatisms are built in modules enhancing their capabilities to adapt to different operation topologies and grid dimensions. The correct execution of the automatisms was then verified using the mathematical tools available for Petri Net analysis, being confirmed the agreement of its behavior with the previously established operational requirements. In order to prove the existence of capable means to implement such an automatism, it was made some considerations regarding the existent technological means, focusing on both available communication systems and technologies for power grids and the implementation of automatisms in normalized programming languages. Keywords Self-Healing, IEC 61850, Petri Nets, Smart Grid, Automation, GOOSE v Lista de Conteúdos Resumo .......................................................................................................... iv Abstract .......................................................................................................... v Lista de Figuras .......................................................................................... viii Lista de Tabelas ............................................................................................ ix Lista de Acrónimos ........................................................................................ x 1 Introdução ................................................................................................. 1 1.1 1.2 1.3 2 Enquadramento ....................................................................................... 1 Objectivos ................................................................................................ 2 Organização da Dissertação ................................................................... 3 Automatismos e Redes de Petri ............................................................. 4 2.1 Funções de Proteção: Objectivos e Descrição ...................................... 4 2.1.1 Operação de Recurso em DU0 .............................................................. 4 2.1.2 Controlo Corretivo de Proteções (CCP) ................................................. 5 2.2 Introdução às Redes de Petri .................................................................. 7 2.2.1 Estrutura das Redes de Petri ................................................................. 8 2.2.2 Dinâmica das Redes de Petri ................................................................. 9 2.2.3 Redes de Petri Interpretadas ................................................................. 9 2.2.4 Propriedades das Redes de Petri......................................................... 10 2.3 Automatismos ........................................................................................ 11 2.3.1 Autómato de Transformador ................................................................ 11 2.3.2 Autómato de Barramento ..................................................................... 13 2.3.3 Recurso de Alimentação pelo deslastre de U=0 na MT ........................ 13 3 Princípios Operacionais da Auto-Cicatrização de redes MT .............. 15 3.1 Requisitos Operacionais ....................................................................... 15 3.2 Identificação de Topologias Dinâmicas ............................................... 16 3.2.1 Definição de Conceitos ........................................................................ 17 3.2.2 Operações sobre a rede ...................................................................... 18 3.2.3 Definição e Propagação de Atributos ................................................... 20 3.2.4 Identificação de topologias dinâmicas e Auto-Cicatrização .................. 20 3.3 Princípio de Funcionamento ................................................................. 21 3.3.1 Automatismo de Operação de Recurso (AOR)..................................... 21 3.3.2 Gestão da Auto-Cicatrização (GAC) .................................................... 21 3.3.3 Resolução de Conflitos ........................................................................ 23 3.3.4 Exemplo de Aplicação.......................................................................... 23 4 Especificação dos automatismos por Redes de Petri ........................ 29 4.1 Autómatos Modeladores ....................................................................... 30 4.2 Automatismo de Operação de Recurso (AOR) .................................... 32 4.2.1 Descrição do Automatismo .................................................................. 32 4.2.2 Interpretação da Rede de Petri ............................................................ 32 4.2.3 Resolução de Conflitos ........................................................................ 36 4.3 Automatismo de Gestão da Auto-Cicatrização (GAC) ......................... 37 4.3.1 Descrição do Automatismo .................................................................. 37 4.3.2 Interpretação da Rede de Petri ............................................................ 37 4.4 Automatismo Completo da Auto-Cicatrização..................................... 43 4.4.1 Integração entre GAC e AORs ............................................................. 44 4.4.2 Integração dos autómatos modeladores .............................................. 45 4.4.3 Análise Estrutural das Redes de Petri .................................................. 45 vi 5 Considerações sobre a implementação ............................................... 50 5.1 Implementação Normalizada ................................................................. 50 5.1.1 CEI 61131 ............................................................................................ 50 5.1.2 CEI 61850 ............................................................................................ 51 5.2 Arquitetura do Sistema.......................................................................... 52 5.2.1 CEI 61850: Comunicações entre Subestações .................................... 53 5.2.2 Conversão de Redes de Petri .............................................................. 56 5.2.3 Controlador Lógico ............................................................................... 57 5.3 Tecnologias e Infra estruturas de Comunicação ................................. 57 5.3.1 Fibras Ópticas ...................................................................................... 58 5.3.2 BPLC (Broadband Power Line Carrier) ................................................ 58 5.3.3 Tecnologias Móveis (GPRS/UMTS/HSPA/LTE) ................................... 58 5.3.4 WiMAX / WiGRID ................................................................................. 59 5.4 Sistemas de Comunicações: Considerações Finais ........................... 61 6 Conclusões e Trabalhos Futuros.......................................................... 63 6.1 6.2 Conclusões ............................................................................................ 63 Trabalhos Futuros ................................................................................. 64 Referências Bibliográficas .......................................................................... 65 Anexo A – Propriedades das Redes de Petri............................................. 67 A.1 Propriedades Dinâmicas das Redes de Petri ............................................ 67 A.2 Propriedades Estruturais das Redes de Petri ........................................... 69 Anexo B – RdP detalhadas de automatismos e autómatos ..................... 71 B.1 Autómato Modelador do Transformador ................................................... 71 B.2 Autómato Modelador do Barramento ........................................................ 72 B.3 Automatismo de Operação de Recurso .................................................... 73 B.4 Módulo de Ligação do Transformador ...................................................... 77 Anexo C – Análise Estrutural das Redes de Petri ..................................... 79 C.1 Análise Estrutural do AOR ......................................................................... 79 C.2 Análise Estrutural do GAC ......................................................................... 81 C.3 Análise Estrutural do Automatismo de Auto-Cicatrização ...................... 83 vii Lista de Figuras Figura 2.1- Exemplo da representação gráfica de uma Rede de Petri ..................................... 8 Figura 2.2 - Exemplo de conflitos: Escolha livre (t1 ou t2) e escolha imposta (t4) ................. 11 Figura 2.3 - RdP abstraída do autómato do transformador..................................................... 12 Figura 2.4 - RdP abstraída do autómato do barramento......................................................... 13 Figura 2.5 – RdP abstraída do recurso MT de uma barra isolada .......................................... 14 Figura 2.6 - RdP abstraída do recurso MT com barras acopuladas ....................................... 14 Figura 3.1 – Identificação dos CNs (1 a 9) no diagrama unifilar da rede. ............................... 17 Figura 3.2 – Identificação dos CPs (1 a 3) no diagrama unifilar da rede ................................ 18 Figura 3.3 - Identificação dos CPs após o fecho do disjuntor entre CN1 e CN2 .................... 19 Figura 3.4 – Identificação dos CPs após o fecho do disjuntor entre CN2 e CN3 ................... 19 Figura 3.5 - Fluxograma de funcionamento do automatismo de Auto-Cicatrização ............... 22 Figura 3.6 - Fluxo de informação entre GAC e AOR(s) .......................................................... 23 Figura 3.7 – Esquema unifilar da rede tipo do exemplo de aplicação .................................... 24 Figura 3.8 – Topologia normal de exploração da rede tipo ..................................................... 24 Figura 3.9 – (I) Topologia da rede tipo após defeito e isolamento do barramento CN20 ....... 25 Figura 3.10 – (I) Topologia da rede após a ação do automatismo de Auto-Cicatrização ....... 26 Figura 3.11 – (II) Topologia após o defeito interno e isolamento do transformador TR2 ....... 27 Figura 3.12 – (II) Topologia final após o fim da ação do automatismo de auto-cicatrização .. 27 Figura 4.1 – Ambiente de desenvolvimento do TINA 3.1.0 do LAAS-CNRS .......................... 30 Figura 4.2 – Rede de Petri interpretada do autómato de Linha .............................................. 30 Figura 4.3 - Rede de Petri interpretada do automatismo AOR (genérico) .............................. 33 Figura 4.4 – Rede de Petri interpretada do Controlo de CP (GAC) ........................................ 39 Figura 4.5 – Rede de Petri interpretada da Decisão de Realimentação (GAC)...................... 40 Figura 4.6 – Rede de Petri interpretada da Gestão da Auto-Cicatrização (GAC) .................. 42 Figura 4.7 – Interação entre o GAC (módulo CP1) e o AOR (RdP simplificada) .................... 44 Figura 5.1 – Linguagens da Norma CEI 61131-3 (adaptado de [3]) ....................................... 51 Figura 5.2 - Modelo OSI da CEI 61850 (extraído de [7])......................................................... 51 Figura 5.3 – Arquitetura: Automação e fluxo de informação ................................................... 52 Figura 5.4 - Arquitetura simplificada do sistema de informação ............................................. 56 Figura 5.5 – Comparação de Tecnologias de Comunicação (extraído de [24]) ..................... 62 Figura B.1 - Autómato completo, modelador do transformador (adaptado de [1]) ................. 71 Figura B.2 - Autómato completo, modelador do barramento MT (adaptado de [1]) ............... 72 Figura B.3 - Automatismo Op. de Recurso partindo de barra isolada (adaptado de [1]) ........ 74 Figura B.4 - Automatismo Op. de Recurso partindo de barras acopuladas (adaptado de [1]) 74 Figura B.5 - Módulo de Ligação do Transformador ................................................................. 77 Figura C.1 - Topologia utilizada para análise estrutural do AOR ............................................ 79 Figura C.2 - RdP do AOR do CN1, utilizada para a análise estrutural ................................... 80 Figura C.3 – Análise estrutural do automatismo de Auto-Cicatrização: Topologia ................. 83 Figura C.4 - Automatismo de Auto-Cicatrização de Redes MT (parte 1 de 2)........................ 86 Figura C.5 - Automatismo de Auto-Cicatrização de Redes MT (parte 2 de 2)........................ 87 viii Lista de Tabelas Tabela 2.1 – Interpretação da RdP do autómato do transformador ........................................ 12 Tabela 2.2 - Interpretação da RdP do autómato do barramento ............................................ 13 Tabela 4.1 - Interpretação da RdP do autómato de linha (Figura 4.2) .................................... 31 Tabela 4.2 –Interpretação da RdP do AOR genérico (Figura 4.3) .......................................... 34 Tabela 4.3 - Predicados associados às transições do AOR ................................................... 35 Tabela 4.4 – Predicados associados à escolha de realimentação pré-definida ..................... 36 Tabela 4.5 – Legendas utilizadas para identificação de lugares e transições ........................ 38 Tabela 4.6 - Interpretação da RdP do Controlo de CP (Figura 4.4) ....................................... 39 Tabela 4.7 - Predicados associados às transições do Controlo de CP .................................. 39 Tabela 4.8 - Interpretação da RdP da Decisão de Realimentação (Figura 4.5) ..................... 41 Tabela 4.9 - Predicados associados às transições da Decisão de Realimentação ................ 41 Tabela 4.10 - Relação entre autómatos modeladores e automatismos.................................. 45 Tabela 4.11 – Invariantes de Transições do AOR .................................................................. 46 Tabela B.1 - Interpretação da RdP do autómato modelador de transformador ...................... 71 Tabela B.2 - Interpretação da RdP do autómato modelador de barramento MT .................... 73 Tabela B.3 - Interpretação da RdP da OR com barra isolada (Fig. B.3) ................................. 75 Tabela B.4 - Interpretação da RdP da OR com barras acopuladas (Fig. B.3) ........................ 76 Tabela B.5 - Interpretação da RdP do módulo de ligação do transformador .......................... 77 Tabela C.1 - Autómatos Modeladores incluídos na análise estrutural do AOR ...................... 79 Tabela C.2 - Propriedades da RdP e Invariantes-P/T ............................................................. 80 Tabela C.3 – Evolução das propriedades dinâmicas do AOR ................................................ 81 Tabela C.4 - Propriedades estruturais do GAC ....................................................................... 82 Tabela C.5 – Evolução das propriedades dinâmicas do GAC ................................................ 82 Tabela C.6 - Autómatos e Automatismos incluídos na RdP completa .................................... 83 Tabela C.7 - Propriedades dinâmicas e estruturais da RdP ................................................... 84 ix Lista de Acrónimos AMI Automatic Meter Infrastructure AOR Automatismo de Operação de Recurso AT Alta Tensão BPLC Broadband Power Line Carrier BT Baixa Tensão CCP Controlo Corretivo de Proteções CEI Comissão Electrotécnica Internacional CN Connectivity Node CP Connectivity Part DEI Dispositivos Electrónico Inteligente DF Deslastre por Mínimo de Frequência DU0 Deslastre por Tensão Zero GAC Automatismo de Gestão da Auto-Cicatrização GOOSE Generic Object Oriented Substation Event GRE Generic Routing Encapsulation IL Instruction List IP Internet Protocol LAAS Laboratoire d’Analyse et d’Architecture dês Systèmes LAN Local Area Network LD Ladder Logic MPLS Multi Protocol Label Switching MT Média Tensão OR Operação de Recurso ORD Operador da Rede de Distribuição OSI Open Systems Interconnection PLC Programmable Logic Controller PT Posto de Transformação (MT/BT) RA Religação Automática RdP Rede de Petri SAS Sistema de Automação de Subestação SCCP Sistemas de Comando Controlo e Proteção SEE Sistema de Energia Eléctrica SFC Sequential Function Chart SoftPLC Software PLC ST Structured Text VLAN Virtual Local Area Network WAN Wide Area Network x 1 Introdução 1.1 Enquadramento A crescente evolução das tecnologias de informação e comunicação tem potenciado o rápido desenvolvimento dos Sistemas de Comando, Controlo e Proteção (SCCP), conduzindo a uma gestão otimizada das redes de transmissão e distribuição de energia eléctrica, com acrescida fiabilidade. Neste contexto surge o conceito de smart grid ou rede inteligente, que retirando partido dos novos avanços tecnológicos tem como principais objectivos a automatização, optimização, monitorização e interoperação de diversos processos decorrentes da gestão e exploração do sistema de energia eléctrica. Um dos componentes integrantes deste novo conceito é a auto-cicatrização das redes de energia (self-healing grid), cujo objectivo é a reconfiguração e o balanceamento automático da rede após a ocorrência de algum defeito ou incidente decorrentes da exploração normal da rede. A maioria das falhas de alimentação de cargas ocorre devido a curto-circuitos na rede de distribuição. A ocorrência de defeitos na rede de transmissão não resulta tipicamente em falhas (prolongadas) de alimentação de cargas, uma vez que este tipo de redes é explorado numa configuração malhada com um regime de contingência de pelo menos N-1. Por outro lado, as redes de distribuição (níveis de tensão entre 10kV e 30kV) são tipicamente exploradas com uma configuração radial, pelo que a falha de um elemento da rede conduz necessariamente à interrupção do serviço. Ainda assim, é normalmente possível a transferência, pelo menos em parte, da carga alimentada pelo elemento em falha para uma fonte alternativa com capacidade adequada para fornecer energia aos circuitos sem alimentação, até que seja reparada a avaria do equipamento. Este tipo de operação é atualmente efetuada manualmente pelo operador do sistema, implicando que a reconfiguração da rede seja por vezes morosa com prejuízo do cliente final. A automatização deste processo conduz assim a uma redução substancial dos tempos de reposição da carga afectada levando a uma melhoria da qualidade de serviço. O tema da reconfiguração automática no âmbito de uma subestação encontra-se já estudado e inclusivamente implementado, sendo disso evidência a especificação de um automatismo de Operação de Recurso pelo Professor Doutor José Luís Costa Pinto de Sá na sua Tese de Doutoramento, “Automatismos Comunicantes em Subestações de Distribuição” [1], em 1988. Também a aplicação do conceito de auto-cicatrização a toda uma rede se encontra em estudo há quase duas décadas, tendo sido primeiramente formulado no contexto de um 1 projeto conjunto entre o Electric Power Research Institute e o Departamento de Defesa Norte-Americano em 1998. No entanto, a implementação deste tipo de sistemas tem sido alvo de diversas dificuldades, maioritariamente técnicas, nomeadamente ao nível da integração de equipamentos de diferentes fabricantes, devido à diversidade de linguagens de programação de automatismos e de protocolos de comunicação, na sua maioria proprietários, bem como as limitações de velocidade e capacidade de transmissão de dados dos meios de comunicação a longa distância. Com a normalização das linguagens de programação de autómatos (CEI 61131) e dos protocolos de comunicação para subestações (CEI 61850) bem como o constante desenvolvimento das TIC e de grandes infra estruturas de comunicações móveis e fixas, encontram-se reunidas as condições necessárias para o desenvolvimento e implementação de sistemas capazes de efetuar a auto-cicatrização de redes de energia eléctrica. Atualmente existem múltiplos projetos de desenvolvimento de sistemas capazes de efetuar o restauro automático da rede, como é o caso do Intelliteam da S&C Electric Company, encontrando-se a sua maioria em fase de testes e prototipagem, principalmente em microredes ou sistemas em ilha. Em simultâneo encontram-se também em desenvolvimento e crescente expansão as infra estruturas de comunicações dedicadas a redes de energia. Nesta área distingue-se a instalação da rede fixa de fibra óptica nas linhas de transmissão (OPGW – Optical Ground Wire) bem como o estudo da aplicação de redes móveis (tecnologias comerciais ou especificas) aos sistemas de energia. Ao nível das redes móveis, têm sido estudadas e desenvolvidas aplicações das diversas tecnologias, maioritariamente para aplicação em redes de medição automática de contadores de energia (AMI – Automatic Meter Infrastructure), existindo já diversos operadores de distribuição com projetos, ainda em teste, nesta área. 1.2 Objectivos O principal objectivo deste trabalho é o desenvolvimento de uma metodologia segura e fiável de reposição automática em serviço de redes de Distribuição de energia em Média Tensão (MT) utilizando as normas internacionais de comunicação e programação de automatismos. Para tal, propõe-se numa primeira fase definir o princípio de funcionamento de um sistema que cumpra o objectivo supramencionado, bem como todos os requisitos e condições operacionais do mesmo. Propõe-se de seguida traduzir estes princípios de funcionamento em Redes de Petri, tendo em vista a especificação de um automatismo de auto-cicatrização de redes MT que possa ser posteriormente implementado sob uma das linguagens normalizadas de programação previstas na norma CEI 61131-3. Destaca-se ainda que o presente trabalho não se limita a 2 uma rede de Distribuição específica, pretendendo assim constituir uma metodologia aplicável, com reduzidas alterações, a qualquer rede MT. É assim importante prestar especial atenção à versatilidade e adaptabilidade de todo o sistema. Além disso, pretende-se ainda tecer considerações sobre a implementação do automatismo desenvolvido, analisando tanto a arquitetura do sistema como as necessidades de infra estruturas de comunicações. Para tal, é definida uma arquitetura de implementação do automatismo através da CEI 61131-3. Ao nível dos sistemas de informação, é discutida a sua implementação sobre a CEI 61850, não sendo no entanto objectivo deste trabalho, a elaboração de ficheiros descritivos nem a definição de funções específicas. No final são ainda discutidas as necessidades de comunicações que o sistema acarreta bem como as tecnologias de comunicações, atualmente existentes ou ainda em testes. É assim feita uma análise conjunta de infra estruturas de comunicações móveis e fixas, das suas características e da sua adaptabilidade ou não ao automatismo de auto-cicatrização de redes MT. 1.3 Organização da Dissertação O presente trabalho encontra-se dividido em seis capítulos e três anexos, estando organizado segundo a metodologia de desenvolvimento do projeto, começando por um enquadramento e introdução dos conceitos utilizados, continuado pela definição dos princípios de funcionamento e a sua especificação e finalizando nas considerações específicas da sua implementação. No Capítulo 2 é efetuada uma abordagem aos automatismos existentes no contexto de uma subestação, e mais relevantes no enquadramento deste trabalho, sendo ainda feita uma introdução sumária à especificação de automatismos por Redes de Petri. No Capítulo 3 são definidos os princípios operacionais de um automatismo de autocicatrização no âmbito de uma rede MT, sendo descrito o princípio de funcionamento global do sistema bem como a definição de condições e propriedades específicas de um automatismo desta natureza. No Capítulo 4 os princípios operacionais definidos anteriormente são traduzidos em propriedades e automatismos concretos, procedendo-se à especificação do automatismo global através de Redes de Petri. No Capítulo 5 são por fim discutidas algumas hipóteses de implementação e tecidas considerações ao nível da implementação física no cômputo de um projeto de automação como ao nível da adequabilidade das tecnologias de comunicação atualmente existentes e previstas no SEE. As hipóteses colocadas têm sempre como base a interoperabilidade de sistemas e a normalização dos mesmos, tanto ao nível da automação (CEI 61131) como ao nível das comunicações (CEI 61850). 3 2 Automatismos e Redes de Petri 2.1 Funções de Proteção: Objectivos e Descrição As funções de automatismos dentro de uma subestação são diversas. Apresentam-se nesta descrição as principais funções existentes, sendo detalhadas as funções mais ligadas ao objectivo deste trabalho, nomeadamente ao nível da gestão de barras e transformadores: Controlo Corretivo de Proteções e Operação de Recurso. Pelas suas características estas funções contêm semelhanças com as operações necessárias para uma reposição automática ao nível de uma rede MT. Deslastre / Reposição por mínimo de Tensão (DU0): Esta função responde à falta de alimentação numa barra da subestação, correspondendo inicialmente ao deslastre de todas as saídas dependentes dessa barra e posteriormente à reposição em serviço das mesmas, de forma gradual após a normalização da alimentação da barra. Operação de Recurso: Associada à função anterior, o recurso corresponde a uma reconfiguração topológica da subestação de modo a permitir a realimentação da barra com “Tensão Zero” por uma fonte alternativa disponível, seja ela uma barra vizinha, um transformador ou ainda uma subestação vizinha. Deslastre / Reposição por mínimo de frequência: A função atua sobre as saídas MT de cada subestação, provocando o seu deslastre ou reposição, respondendo a uma queda de frequência geralmente devido ao desequilíbrio entre as potências gerada e consumida. Controlo Corretivo de Proteções (CCP): Esta função visa colmatar as limitações de uma filosofia de proteções nos casos de topologia de paralelo de transformadores, defeitos em barramentos MT ou defeitos quase-simultâneos. 2.1.1 Operação de Recurso em DU0 A operação de recurso consiste na realimentação de uma barra MT a partir de uma fonte alternativa em boas condições. Esta fonte pode ser um transformador, uma barra vizinha com alimentação, por meio da ligação do disjuntor de interligação de barras ou ainda uma outra subestação através da ligação dos disjuntores de uma linha de interligação entre subestações. A operação de recurso implica deste modo a alteração topológica de exploração da subestação ou ainda, em última análise a alteração da topologia de exploração da rede. Para que a operação de recurso se efetue, é necessário a verificação das seguintes condições: Condição 2.1: A barra a realimentar estar sã, não possuindo defeito de isolamento. 4 Condição 2.2: As fontes recorridas encontrarem-se igualmente sãs e em condições de alimentarem a referida barra. Condição 2.3: O isolamento da barra em questão ter sido provocado por uma causa que não uma manobra voluntária por parte do operador. A satisfação da terceira condição implica que qualquer desligação de origem não identificada como proveniente de um automatismo ou do disparo de uma proteção deve ser considerada como uma possível manobra voluntária por parte de um operador. As condições 1 e 2 são satisfeitas pelas seguintes condições: Condições para que uma barra seja considerada religável: A barra ter sido isolada pelo disparo dos disjuntores do transformador de alimentação devido à atuação do relé de mínimo de tensão ou deslastre por tensão zero na AT, ou ainda pelas proteções contra defeitos internos do transformador. Em caso de disparo voluntário dos disjuntores do transformador e interbarras, a barra só deverá ser considerada religável caso seja ressalvada como sã pelo Controlo Corretivo de Proteções ou pela subfunção de Pesquisa de Barras Defeituosas. Condições para que um transformador seja considerado religável: O transformador foi isolado pelos disjuntores de alimentação da barra que este alimenta pela função Pesquisa de Barra Defeituosa, a qual não ressalvou a religabilidade da barra (defeito ocorreu na barra). O transformador foi isolado pela proteção contra defeitos externos e o CCP não ressalvou a religabilidade da barra. (Defeito ocorreu na barra). O transformador não foi isolado pelo disparo voluntário dos disjuntores do mesmo. Condições para que uma barra vizinha seja recorrível: A tensão na barra encontra-se normalizada e não se encontra em curso nenhuma operação de isolamento da mesma. Condições para que uma subestação vizinha seja recorrível: A barra na subestação vizinha é recorrível e a linha de interligação entre as duas barras encontra-se em bom estado, o que corresponde aos disjuntores da linha não terem disparado por nenhuma função de proteção devido a defeito na linha. Não ocorreu o disparo manual dos disjuntores da linha por um operador. 2.1.2 Controlo Corretivo de Proteções (CCP) Esta função visa colmatar as limitações de uma filosofia coordenada de proteções nos casos de topologia com paralelo de transformadores, defeitos em barramentos MT, saídas com proteções avariadas e defeitos quase-simultâneos em saídas MT. 5 Defeitos de Isolamento com Paralelo de Transformadores Problema: Tipicamente os disjuntores das saídas MT não possuem poder de corte suficiente para as potências resultantes do paralelo, impedindo este tipo de exploração nas subestações. Resolução: O CCP efetuará todas as tentativas necessárias de corte do paralelo de transformadores mal seja detectada a ocorrência de qualquer ativação de uma proteção na subestação. O conceito de exploração em paralelo poderá agora ocorrer com transformadores em diferentes subestações por intermédio da linha de interligação. Esta é uma situação que poderá ocorrer após o restabelecimento normal de tensão durante o processo de transferência de alimentação. Defeitos de isolamento nas barras MT Os defeitos em barramentos MT podem facilmente ser identificados caso se tire partido da topologia de exploração radial. Estando as proteções de transformadores colocadas em série com as proteções das linhas, o disparo da primeira proteção sem o disparo da segunda só pode significar que o curto-circuito se encontra no barramento ou que alguma proteção da saída se encontra inoperacional, caso em que a proteção do transformador deverá atuar como reserva. Dada a coordenação cronométrica das proteções, a proteção do transformador necessita de esgotar uma temporização desnecessária. A existência de uma subfunção de Pesquisa de Barras Defeituosas permite o isolamento da barra defeituosa. A função baseia o seu funcionamento na desligação dos disjuntores de interbarras tendo em vista o isolamento da origem do defeito, atuando por isso de forma rápida e seletiva, evitando os típicos mecanismos de encravamento de proteções. Defeitos de isolamento quase-simultâneos em saídas MT Problema: Em situação de tempestade podem ocorrer curto-circuitos em linhas aéreas com diferenças de poucos décimos de segundo. Embora elimináveis pelo disparo das proteções da linha, podem causar o não rearme da proteção de reserva, conduzindo ao disparo dos disjuntores do transformador (perda de seletividade). Solução: A ativação da proteção de qualquer saída MT do barramento desencadeará a observação dos acontecimentos por parte do CCP. Se a ativação for seguida de disparo e desligação efetiva da saída, segue-se uma pausa para cobrir o rearme do transformador. Se após esta pausa o rearme não se efetuar e existir outra saída com proteção ativa, o ciclo de observação repete-se. 6 A partir desse instante se ocorrer o disparo da proteção do transformador durante o tempo de ativação de qualquer saída ou durante a pausa de cobertura do rearme da proteção do transformador, o CCP ressalvará o estado da barra como religável. A barra não será considerada religável se: o O disjuntor da proteção da saída em conjunto com do transformador não se tiverem desligado durante a pausa atribuída para essa desligação. o O disparo da proteção do transformador tiver ocorrido durante o período de ativação da 1.ª saída ou durante o período de rearme da mesma. 2.2 Introdução às Redes de Petri As Redes de Petri (RdP) tiveram a sua génese em 1962 com a Dissertação de Doutoramento de Carl Adam Petri, desde então, têm sido continuamente desenvolvidas e aplicadas nas mais diversas áreas do conhecimento. A teoria das Redes de Petri permite a modelação e representação matemática de um sistema e a subsequente análise da sua estrutura e comportamento dinâmico. A adopção das Redes de Petri para modelação e análise de sistemas complexos de controlo apresenta claras vantagens: Capacidade de representar explicitamente dependências e independências causais em conjuntos de acontecimentos. Representação de sistemas em diversos níveis de abstração Possibilidade de interface gráfica Representação do paralelismo em sistemas concorrentes Existência de métodos matemáticos formais para análise dos sistemas representados Em [1] encontra-se a justificação aprofundada para utilização de Redes de Petri na especificação de sistemas de controlo em Subestações. Refere-se no entanto que a capacidade de validar matematicamente o bom funcionamento dos automatismos representa uma das suas principais vantagens. Este facto é especialmente relevante em sistemas com automatismos em paralelismo temporal, em que a possibilidade de funcionamentos incorretos é de difícil previsão. Apresenta-se de seguida uma síntese das definições fundamentais das Redes de Petri [1] [2] com o objectivo de convencionar os conceitos utilizados ao longo deste trabalho, a qual não pretende, contudo, ser uma introdução completa à teoria das Redes de Petri . 7 2.2.1 Estrutura das Redes de Petri Definição 2.1: A estrutura de uma Rede de Petri, R, é definida por R = (P, T, I, O, 0), em que: 𝑃 = {𝑝1 , 𝑝2 , … , 𝑝𝑚 } ,é um conjunto finito de lugares; 𝑇 = {𝑡1 , 𝑡2 , … , 𝑡𝑛 } ,é um conjunto finito de transições; 𝐼: 𝑇 × 𝐿 → 𝑃∞ ,é a função de “lugar precedente”; 𝑂: 𝑇 × 𝐿 → 𝑃∞ ,é a função de “lugar sucessor”; 𝜇0 : 𝑃 → 𝑁0 ,é a marcação inicial. As funções I e O estabelecem as ligações entre transições e lugares por intermédio de arcos direcionados. Estas funções podem ser representadas na forma matricial [𝐼] e [𝑂] com dimensão 𝑛 × 𝑚, em que os elementos I(t, p) e O(t, p) representam o peso dos arcos com números inteiros não-negativos. Estabelece-se assim a matriz de incidências: [𝐶] = [𝑂] − [𝐼]. Uma marcação µ pode ser representada por um vector coluna de dimensão m, que estabelece a associação de marcas (tokens) a lugares. Graficamente, uma Rede de Petri pode ser representada por um grafo bi-partido (Figura 2.1), em que os lugares são representados por círculos e as transições por barras (ou rectângulos) e as funções I e O por arcos orientados unindo lugares a transições e transições a lugares. O peso do arco é representado por uma etiqueta junto ao mesmo. A representação gráfica da marcação de uma Rede de Petri (estado) é feita pela ausência ou presença de um ou mais pontos no interior dos círculos (lugares). A marcação de um lugar Pi é representada por µ(Pi). Figura 2.1- Exemplo da representação gráfica de uma Rede de Petri 8 2.2.2 Dinâmica das Redes de Petri Cada marcação de uma Rede de Petri denomina-se por estado, o conjunto de todas as marcações possíveis corresponde ao espaço de estados. No entanto, importa agora definir como evolui o estado da Rede de Petri. Definição 2.2: Uma transição 𝑡𝑗 ∈ 𝑇 diz-se disparável se ∀𝑝𝑖 ∈ 𝑃: µ(𝑝𝑖 ) ≥ # (𝑝𝑖 , 𝐼(𝑡𝑗 )). Isto é, se todos os lugares precedentes da transição têm uma marcação, superior ou igual, ao peso dos arcos incidentes. Definição 2.3: O disparo de uma transição 𝑡𝑗 ∈ 𝑇 resulta numa nova marcação da Rede de Petri definida por: µ𝑖+1 (𝑝𝑖 ) = µ𝑖 (𝑝𝑖 ) − # (𝑝𝑖 , 𝐼(𝑡𝑗 )) + # (𝑝𝑖 , 𝑂(𝑡𝑗 )) . Esta operação corresponde à execução de duas tarefas: retirar as marcações dos lugares precedentes e acrescentar marcações nos lugares sucessores. 2.2.3 Redes de Petri Interpretadas Uma Rede de Petri interpretada define-se como um rede sobre a qual é possível atribuir um significado aos seus elementos nos termos da especificação prevista. Definição 2.4: Uma Rede de Petri interpretada é constituída por uma RdP 𝐶 = (𝑃, 𝑇, 𝐼, 𝑂, µ0 ), num domínio operacional 𝐷𝑂𝑃 = (𝐷, 𝑂𝑃, 𝑃𝑅) e duas funções 𝜓 e 𝜙 que estabelecem a relação entre o domínio operacional e o domínio de controlo (rede de Petri), em que: 𝐷 ,conjunto de estados do domínio operacional; 𝑂𝑃 = {𝑜𝑝1 , 𝑜𝑝2 , … , 𝑜𝑝𝑠 } ,conjunto de operadores; 𝑃𝑅 = {𝑝𝑟1 , 𝑝𝑟2 , … , 𝑝𝑟𝑠 } ,conjunto de predicados sobre D, definidos por 𝑝𝑟𝑗 : 𝐷 → {𝒱, ℱ} , em que 𝒱 e ℱ representam os valores lógicos de “verdadeiro” e “falso”; 𝜙: 𝑃 → 𝑂𝑃 ,associa a cada lugar da RdP um estado do domínio operacional; 𝜓: 𝑇 → 𝑃𝑅 × 𝑂𝑃 ,associa a cada transição da RdP um par (predicado, operador). O estado de um sistema representado por rede de Petri interpretada é assim dado pelo par (𝑑, µ) em que 𝑑 ∈ 𝐷 e µ é a marcação associada aos lugares. Pode assim estabelecer-se a relação dinâmica entre o domínio de controlo (RdP) e o domínio operacional. Aquando de uma marcação µ, todas as operações associadas por 𝜙 aos lugares que receberam a marcação são ativadas. Por outro lado, uma transição t é transponível se os seus lugares de entrada contiverem as marcações necessárias e o par 𝜓(𝑡) for verificado pelo estado atual do domínio operacional. 9 2.2.4 Propriedades das Redes de Petri Nesta secção é feito um breve sumário das propriedades estruturais e dinâmicas das redes de Petri e da sua importância na especificação de automatismos. No Anexo A, define-se com maior detalhe essas mesmas propriedades. Limitada – Uma rede diz-se k-limitada se para qualquer marcação possível a partir da marcação inicial, o número de marcas de total da rede é inferior ou igual a k. Binária – Uma rede diz-se binária se for limitada com k=1. Reinicializável – Uma rede diz-se reinicializável se a partir da marcação inicial µ 0, existir uma sequência de transições a partir de uma marcação µ que reconduza a µ 0. Vivacidade – Uma rede diz-se viva se não existir nenhuma transição que não possa vir a ser transposta. Segurança – Uma rede diz-se segura se para todo o espaço de estados originado a partir de uma marcação inicial µ0, não existe mais do que um token em cada lugar da RdP. Determinismo – Todos os conflitos existentes nas RdP (ver Definição 2.7) são sempre resolvidos, o que implica a complementaridade dos predicados das transições em conflito. Num sistema de controlo a verificação destas propriedades é de extrema importância, nomeadamente a capacidade de reinicialização do automatismo, a segurança e a vivacidade da rede que o define, garantindo assim a inexistência de deadlocks. Definição 2.5: Define-se como invariante de lugares (P-invariant) um conjunto de lugares cuja soma das suas marcações se mantém constante para todas as marcações possíveis. Definição 2.6: Define-se como um invariante de transições (T-invariant) uma sequência de transições que não alteram a marcação da rede. Podem ser assim considerados como ciclos no espaço de estados da rede. A análise dos invariantes tem especial interesse na verificação do bom funcionamento de sistemas de controlo, nomeadamente aquando da existência de acontecimentos em concorrência ou de operações que não podem ocorrer em simultâneo. Para isso é necessária uma análise estrutural da rede, com especial foco nos invariantes de lugar, e tendo sempre em consideração a interpretação da RdP. Definição 2.7: Duas transições encontram-se em conflito se possuírem pelo menos um lugar precedente comum. A resolução dos conflitos pode ser de escolha livre ou escolha imposta, tal como se exemplifica na Figura 2.2. Em redes de Petri interpretadas a resolução de conflitos, especialmente os de escolha livre, é efetuada através da especificação dos predicados associados a cada transição. 10 As propriedades enunciadas são condições necessárias mas insuficientes para a verificação do correto funcionamento das RdP uma vez que reportam unicamente a redes de Petri não interpretadas, sendo como tal é necessário ter em consideração o domínio operacional da mesma. Uma rede de Petri interpretada pode não verificar as mesmas propriedades que uma rede de Petri simples, pois está sujeita a um conjunto de estados, operadores e predicados que poderão não ser fisicamente realizáveis. Figura 2.2 - Exemplo de conflitos: Escolha livre (t1 ou t2) e escolha imposta (t4) A análise das redes de Petri é assim apenas um primeiro passo na verificação do bom funcionamento dos automatismos, não dispensando uma análise posterior da estrutura de interpretação da RdP. 2.3 Automatismos Nesta secção são apresentadas as RdP presentes em [1], onde se encontram especificados o automatismo de Operação de Recurso e os autómatos modeladores de equipamentos existentes nas subestações, nomeadamente de Transformadores e Barramentos. Para além dos automatismos referentes a funções de proteção existentes nas subestações, existem diversos equipamentos que se podem encontrar em diferentes situações de funcionamento, influenciando a operação dos automatismos. É assim necessário a criação de autómatos que modelem os diferentes estados bem como as sequências que levaram os equipamentos aos mesmos. No Anexo B encontram-se detalhadas as RdP da Operação de Recurso, autómatos modeladores e automatismos elementares associado à manobra dos equipamentos de corte. 2.3.1 Autómato de Transformador Na Figura 2.3 encontra-se apresentada a RdP associada ao autómato de transformador. Na Tabela 2.1 encontram-se descritos os estados e predicados associados a cada lugar e a cada transição respectivamente. 11 Figura 2.3 - RdP abstraída do autómato do transformador Tabela 2.1 – Interpretação da RdP do autómato do transformador Semântica dos Lugares T1 Transformador em Serviço T2 Transformador Fora de Serviço T3 Transformador Religável Predicados das Transições t1 Ligação dos aparelhos de corte que delimitam o transformador t2 Disparo por defeito interno do transformador ou desligação por comando do operador t3 Ligação dos aparelhos de corte que delimitam o transformador t4 Disparo pela proteção do transformador contra defeitos externos ou devido à sequência “Disparo pelo relé de mínimo de Tensão > Regresso de Tensão na AT”. 12 2.3.2 Autómato de Barramento Na Figura 2.4 encontra-se apresentada a RdP associada ao autómato de barramento. Na Tabela 2.2 encontram-se descritos os estados e predicados associados a cada lugar e a cada transição respectivamente. Figura 2.4 - RdP abstraída do autómato do barramento Tabela 2.2 - Interpretação da RdP do autómato do barramento Semântica dos Lugares B1 Transformador em Serviço B2 Transformador Fora de Serviço B3 Transformador Religável Predicados das Transições b1 Ligação dos aparelhos de corte que delimitam o barramento b2 Disparo pela proteção do transformador contra defeitos externos ou desligação por comando do operador b3 Ligação dos aparelhos de corte que delimitam o transformador b4 Isolamento por defeito interno do transformador ou desligação pela ação do relé de mínimo de tensão. b5 Interligação por parte do operador a outro barramento religável ou classificação do barramento como religável pelo operador 2.3.3 Recurso de Alimentação pelo deslastre de U=0 na MT A especificação do automatismo tal como apresentada em [1] prevê uma configuração de rede em que existem dois barramentos distintos com um transformador acoplado a cada um, existindo ainda a possibilidade de os dois barramentos se encontrarem acoplados por intermédio de um disjuntor interbarras. 13 A partir desta configuração são assim previstas duas situações iniciais distintas, tendo cada situação uma RdP diferenciada. Apresentam-se nesta secção as duas RdP de forma sucinta, bem como as respectivas interpretações. Figura 2.5 – RdP abstraída do recurso MT de uma barra isolada Na Figura 2.5 encontra-se representada a operação de recurso com situação de partida de barra isolada. A condição RECA representa a situação inicial, a partir da qual existem duas formas distintas de recurso, a ligação do transformador com ou sem sucesso (rec3 e rec4) ou a ligação do disjuntor interbarras (rec5 e rec6). A reposição de tensão pode ainda ser efetuada por comando exterior (rec2). A transição rec1 representa a situação de barras interligadas. Figura 2.6 - RdP abstraída do recurso MT com barras acopuladas Caso a situação de partida seja a de barras interligadas (Figura 2.6), as duas opções distintas de recurso são a ligação de um dos dois transformadores (rec8 e rec10). As restantes transições representam situações insucesso na ligação dos transformadores (rec9 e rec10), a reposição da tensão por comando externo (rec8a) ou ainda o desacoplamento das duas barras por abertura do disjuntor interbarras (rec28). 14 3 Princípios Operacionais da Auto-Cicatrização de redes MT A função de operação de recurso, no âmbito de uma subestação, executada por intermédio de um automatismo, encontra-se atualmente já implementada, sendo utilizada em diversas redes de distribuição. O desafio atual consiste no alargamento desse automatismo confinado a uma subestação a toda a rede de distribuição tendo em vista a alimentação total ou parcial da carga afectada e a minimização dos tempos de restauro da rede. A solução apresentada no Capítulo 2 e presente em [1] é adaptável para situações topológicas diferentes, com um maior número de barramentos. No entanto o nível de complexidade que tal acarreta e a não modularização do automatismo inviabiliza a sua extensão a toda a rede de distribuição. Se numa subestação as diferentes topologias e configurações de exploração eram já um desafio, quando o problema é alargado a toda uma rede, as combinações possíveis aumentam de forma imensurável. Deste modo é essencial um método que não só se adapte às diferentes topologias existentes, mas também às mudanças de configurações e incidentes decorrentes da exploração da rede. Ao longo deste capítulo é descrita uma metodologia de resolução do problema mencionado, enunciando os requisitos do sistema e descrevendo o seu método de funcionamento. 3.1 Requisitos Operacionais No cômputo de uma rede de energia eléctrica, os elementos existentes, tal como as suas características, são variados. É assim importante a sua definição e categorização. Numa primeira abordagem, são excluídos desta análise todos os elementos de ligação direta às cargas. O automatismo de Auto-Cicatrização tem como objectivo a realimentação aos barramentos e Nós da rede, sendo a posterior ligação das cargas efetuada pelo respectivo automatismo de reposição de cargas. Após esta primeira simplificação, existem na rede os seguintes elementos: Linhas Barramentos Aparelhos de Corte e Seccionadores Transformadores Estes elementos podem ser classificados em três categorias distintas: Nós: Barramentos e linhas ou secções de linhas Ligação: Aparelhos de corte e seccionadores Alimentação: Transformadores ou outras fontes de energia 15 A partir das três categorias abstractas mencionadas é possível construir uma qualquer rede de energia eléctrica de Média Tensão. Os requisitos operacionais de uma Operação de Recurso no âmbito de uma subestação foram já especificados em (2.1.1). No entanto, a generalização da Operação de Recurso a uma rede conduz à necessidade de requisitos adicionais de modo a assegurar a segurança, a fiabilidade e o bom funcionamento de toda a operação: Condição 3.1: Sendo as redes de distribuição de topologia radial, é necessário que qualquer operação não comprometa este princípio através da criação de circuitos em anel (malhas). Condição 3.2: Tipicamente, cada circuito independente da rede tem um único ponto de alimentação, salvo alguns casos em que possa ocorrer exploração com transformadores em paralelo. Deste modo, é necessário assegurar que apenas um dos elementos de cada circuito independente efetue a Operação de Recurso. Condição 3.3: Numa rede, existem diversos elementos que poderão estar desligados por opção de exploração (ex.: linhas de interligação entre subestações), podendo ser ligados em caso de necessidade. No entanto, esses elementos poderão encontrar-se fora de serviço por razões, que exigem que os mesmos não sejam ligados em qualquer circunstância (ex.: manutenção da Linha). É assim necessário assegurar que não ocorrem operações de ligação indevidas sobre esses equipamentos. Condição 3.4: No cômputo de uma subestação existem diversos automatismos em funcionamento simultaneamente, sendo que os incidentes que os iniciam têm um carácter aleatório. Assim, é necessário que qualquer ação sobre os equipamentos respeite dois requisitos fundamentais, de modo a salvaguardar a segurança da operação: A manobra de qualquer equipamento só é efetuada se todos os automatismos que atuam sobre esse equipamento concordarem. A manobra final desse equipamento só é realizada após o término da ação de todos os automatismos que atuam sobre o equipamento. 3.2 Identificação de Topologias Dinâmicas A topologia estática de uma rede é definida pelo diagrama unifilar da mesma, consistindo na disposição dos vários elementos: barramentos, linhas, transformadores, disjuntores e seccionadores. A topologia de exploração (ou dinâmica) dessa mesma rede consegue-se tendo em conta a posição de todos os elementos de ligação (seccionadores, disjuntores,...), isto é, tendo em consideração os seus dois estados complementares: aberto ou fechado. A principal dificuldade na extensão do automatismo de operação de recurso apresentado em [1] a toda uma rede de distribuição é a capacidade de prever todas as situações que poderão advir das múltiplas topologias de exploração. 16 Neste sentido, torna-se essencial a adopção de um método capaz de identificar a topologia de uma rede de distribuição de forma dinâmica. Só com uma solução deste tipo é possível a criação de um automatismo capaz de efetuar uma operação de recurso ao nível da rede de forma eficaz. Neste subcapítulo é apresentada a metodologia descrita em [5], desenvolvida por KlausPeter Brand e Wolfgang Wimmer. Ainda que a solução possa ter outras funcionalidades (nomeadamente de proteção), são aqui apresentados apenas os conceitos essenciais do seu funcionamento sobre os quais se desenvolverá o automatismo de auto-cicatrização de redes MT. 3.2.1 Definição de Conceitos Os dois conceitos fundamentais presentes nesta metodologia são o de Connectivity Node (CN) e o de Connectivity Part (CP). Definição 3.1: Classifica-se como CN qualquer elemento que se encontre na categoria de Nó, definida anteriormente em 3.1, i.e. qualquer elemento passível de ser conectado electricamente, tais como barramentos, linhas ou segmentos de linhas. A cada um destes elementos é atribuído um número de identificação único na rede (CN1, CN2,...) sendo esta identificação armazenada em DEIs. Adicionalmente, cada equipamento referencia todos os CNs a que se encontra conectado. Com esta abordagem define-se a identificação da topologia estática da rede, isto é, a partir das referências aos terminais de cada equipamento de ligação é possível construir o diagrama unifilar da rede. Na Figura 3.1 exemplifica-se a atribuição de CNs aos diversos elementos, numa rede constituída por três barramentos, uma linha de interligação e duas linhas de saída com vários segmentos. Figura 3.1 – Identificação dos CNs (1 a 9) no diagrama unifilar da rede. 17 Definição 3.2: Classifica-se como CP um conjunto de nós (CNs) electricamente ligados entre si por intermédio de equipamentos de ligação no estado fechado. Cada CN existente na rede é designado a um CP. Tal como os CNs, cada CP possuí um número identificador único. A diferença entre CNs e CPs é que os CNs conectados entre si por meio de um aparelho de ligação no estado fechado possuem o mesmo identificador de CP. Naturalmente, numa rede, o número de total de CNs é constante enquanto o número total de CPs é variável, consoante o estado de cada um dos equipamentos de corte e seccionamento. Com a identificação dos CPs consegue-se a identificação da topologia de exploração (dinâmica) da rede. Na Figura 3.2 apresenta-se o mesmo exemplo, com algumas diferenças ao nível do estado dos aparelhos de ligação e com a resultante identificação dos diferentes CPs. Figura 3.2 – Identificação dos CPs (1 a 3) no diagrama unifilar da rede Adicionalmente cada equipamento de ligação contém a referência dos CPs que se encontram em cada um dos seus terminais. Se o aparelho estiver fechado o identificador será o mesmo para os dois terminais, caso este esteja aberto, o identificador será diferente. Existem diversas formas de obter um identificador único e dinâmico para os CPs, no curso deste trabalho seguiu-se a filosofia de que o identificador será o mínimo de todos os CNs conectados entre si. Sendo único o identificador de cada CN, então o identificador de CP também o será, uma vez que cada Nó só poderá pertencer a uma Connectivity Part. 3.2.2 Operações sobre a rede Para qualquer operação sobre os aparelhos de corte e ligação da rede é necessária uma atualização dos CPs afectados por essa mesma operação. Quando ocorre uma manobra de ligação entre dois CPs, o equipamento de ligação tem associado a cada um dos terminais os respectivos identificadores. Após a operação, o menor 18 dos dois é comunicado ao terminal oposto, sendo este posteriormente propagado aos restantes elementos. Para o caso de uma desligação, o procedimento é idêntico. A Figura 3.3 e a Figura 3.4 ilustram um exemplo de duas ligações entre CPs, primeiro através do fecho do disjuntor entre o barramento CN1 e a linha CN2 e posteriormente através do fecho do disjuntor entre a linha CN2 e o barramento CN3. A Figura 3.3 ilustra a ligação entre o barramento CN1 e a linha CN2. O equipamento de ligação entre CN1 e CN2 contém as referências CP1 e CP2, comunicando o identificador CP1 ao elemento CN2. Após a ligação, o CP2 é eliminado, sendo integrado no CP1. Figura 3.3 - Identificação dos CPs após o fecho do disjuntor entre CN1 e CN2 Após a operação ilustrada na Figura 3.3, é agora efectuada uma nova ligação entre a linha CN2 e o barramento CN3. O procedimento é idêntico no entanto, neste caso o identificador CP1 é comunicado a todos os elementos anteriormente pertencentes ao CP3 (CN3, CN4, CN5 e CN9). Como resultado final, toda a rede se encontra interligada sob um identificador comum: CP1 (Figura 3.4). Figura 3.4 – Identificação dos CPs após o fecho do disjuntor entre CN2 e CN3 19 3.2.3 Definição e Propagação de Atributos Conjuntamente com o identificador de CP é possível propagar diversos atributos dos diferentes Nós. Os atributos necessários dependem dos requisitos das funções a implementar. No caso em estudo será importante a propagação do potencial a que se encontra o CP: sob tensão, desconectado, ligado à terra ou ainda se este é desconhecido. Poderão ainda ser úteis outras informações como a distância eléctrica à alimentação, dependendo estas dos critérios da operação de recurso a implementar. A forma de propagação destas informações depende em parte do sistema de comunicações adoptado, no entanto as mensagens GOOSE definidas na CEI 61850 constituem um meio eficaz de transmissão deste tipo de informação. A temática da implementação e comunicação será abordada no Capítulo 5. 3.2.4 Identificação de topologias dinâmicas e Auto-Cicatrização Após a ocorrência de um defeito na rede, seja ele um curto-circuito numa linha, num transformador ou num barramento (entre outros), diversos elementos da rede (barramentos, linhas...) ficam sem alimentação embora continuem interligados entre si. Para efetuar o restauro dos Nós afectados é apenas necessário que um dos elementos interligados encontre uma fonte alternativa de alimentação em condições de fornecer energia a todo o circuito. De facto, é imperativo que apenas um dos elementos interligados se ligue a uma fonte alternativa. Um sistema capaz de efetuar o restauro da rede respeitando as condições anteriores necessita assim de conhecer que elementos estão interligados entre si e quais desses elementos possuem potenciais fontes alternativas. A técnica de identificação de topologias dinâmicas revela-se assim uma ferramenta de bastante utilidade para um sistema com estas características: Através do conhecimento dos CPs, é possível identificar que elementos estão interligados entre si. Sabendo que elementos estão interligados é possível descriminar qual deles efetuará a Operação de Recurso. Encontra-se assim assegurado que cada CP tem apenas uma fonte de alimentação (Condição 3.2). Os possíveis circuitos em anel são facilmente identificáveis: se um equipamento de ligação aberto tiver o mesmo identificador de CP nos seus dois terminais, então esse mesmo equipamento de ligação não poderá ser fechado (Condição 3.1). Esta situação é visível na Figura 3.4, no equipamento de corte entre os nós CN5 e CN6. 20 3.3 Princípio de Funcionamento A necessidade da Operação de Recurso resulta da falta de alimentação de um determinado Nó (ou conjunto de Nós), que é detectada pela falta de tensão no(s) mesmo(s). Uma vez isoladas as causas da falta de alimentação é ativado o mecanismo de auto-cicatrização. Este mecanismo é constituído por dois blocos fundamentais: Automatismo de Operação de Recurso (AOR) e Gestão da Auto-Cicatrização (GAC). 3.3.1 Automatismo de Operação de Recurso (AOR) O primeiro bloco consiste num conjunto de automatismos independentes (conjunto de AORs), cada um pertencente a um Nó. O funcionamento de cada um destes automatismos é semelhante ao do automatismo descrito em (2.3.3). Em cada AOR estão representadas todas as ligações possíveis do Nó que o automatismo controla, sendo ainda efetuadas todas as verificações e operações necessárias ao fecho dos equipamentos de ligação para cada uma das opções possíveis. Podemos assim estabelecer os objectivos de cada AOR independente: 1. Determinar quais as ligações possíveis que se encontram em condições de servir como alternativa de alimentação. 2. Caso exista mais do que uma alternativa (local), decidir qual a melhor. 3. Efetuar as operações necessárias para o fecho dos equipamentos de ligação Cada um dos elementos deste bloco tem assim uma característica local, recebendo inputs e enviando ordens de comando apenas sobre os equipamentos diretamente relacionados com o Nó sobre o qual exerce o controlo. 3.3.2 Gestão da Auto-Cicatrização (GAC) Cada um dos elementos do automatismo da operação de recurso opera apenas localmente não tendo qualquer informação sobre o restante estado da rede nem da configuração com que esta se encontra. Deste modo, uma vez que a ligação de um Nó a uma fonte alternativa, automaticamente fornece alimentação a todos os restantes Nós que a eles estejam conectados, é necessário um mecanismo de encravamento e decisão que impeça a ligação de vários Nós simultaneamente. Este mecanismo de encravamento é o segundo bloco do sistema de auto-cicatrização, funcionando como integrador de todos os restantes automatismos e tem como objectivos: 1. Registar todos os Nós sem alimentação e em condições de serem religados. 2. Determinar quais os Nós que se encontram interligados (análise topológica) 3. Para cada grupo de Nós interligados definir qual o Nó que efetuará a tentativa de realimentação. Através da descrição dos objectivos de cada um dos automatismos conclui-se que o processo de decisão sobre qual a fonte alternativa a ser utilizada é efetuado em dois tempos, 21 primeiro ao nível do automatismo integrador (GAC) sobre qual o Nó a efetuar a operação de recurso e, posteriormente, ao nível do automatismo do Nó (AOR), sobre qual das possíveis opções será efetuada a ligação. Na Figura 3.5 encontra-se a sequência de ações da operação de auto-cicatrização. A verde encontram-se as ações efetuadas pelo automatismo integrador (GAC) e a laranja as ações efetuadas pelo automatismo AOR. Figura 3.5 - Fluxograma de funcionamento do automatismo de Auto-Cicatrização Na Figura 3.6 encontram-se representados de forma genérica os inputs e outputs do automatismo, estabelecendo-se a relação hierárquica entre os dois tipos de automatismos. Excluem-se no entanto as informações de cariz operacional dos equipamentos e do sistema necessárias ao funcionamento dos mesmos. Por fim, é ainda importante referir que o GAC efetua a gestão de realimentação de toda uma rede e como tal poderão ocorrer situações de pedidos de realimentação quase simultâneos em pontos distintos da mesma. A gestão destes pedidos pode no entanto ser efetuada em paralelo, sendo enviados os comandos de realimentação para diferentes AOR que efetuam as operações necessárias, salvaguardando sempre as condições operacionais mencionadas em 3.1. 22 Figura 3.6 - Fluxo de informação entre GAC e AOR(s) 3.3.3 Resolução de Conflitos No decorrer da operação do automatismo é possível a existência de conflitos que se refletem nas decisões dos dois automatismos. Primeiramente ao nível da escolha de qual o Nó do CP a efetuar a realimentação (caso este não se encontre isolado) e posteriormente ao nível do AOR sobre qual a fonte de alimentação alternativa a utilizar (caso exista mais que uma). Torna-se assim necessária a definição de critérios que permitam aos automatismos efetuar as decisões. Estes critérios podem ser diversos e dependentes de rede para rede ou ainda de Nó para Nó, devendo por isso ser deixados como parametrizáveis pelo operador. Apresentam-se de seguida algumas opções possíveis: Distância eléctrica até à fonte de alimentação Capacidade da fonte suportar toda a carga Percentagem de carga dos Transformadores Predefinição de ordem de prioridades pelo operador Outros ou combinações dos anteriores. 3.3.4 Exemplo de Aplicação Apresenta-se nesta subsecção um exemplo de demonstração do funcionamento do automatismo de auto-cicatrização numa rede tipo genérica. No decorrer do exemplo são apresentadas diversas ocorrências sobre o sistema, defeitos sobre linhas, barramentos e ainda fontes de alimentação (ao nível dos transformadores e da AT). O esquema unifilar da rede tipo considerada encontra-se na Figura 3.7. São consideradas três subestações, totalizando cinco transformadores AT/MT. Apresentam-se ainda na rede cinco postos de transformação (PT) genéricos para a rede de distribuição de baixa tensão (BT). Não se encontram no entanto representados na rede os transformadores MT/BT ou ligações diretas a cargas, quer por parte dos barramentos das subestações quer por parte dos PTs. 23 Na Figura 3.8, encontra-se o esquema unifilar da rede na condição normal de exploração, conseguido através da consideração da posição dos diversos disjuntores e seccionadores presentes. Em todas as figuras estão também representadas as identificações dos diversos CN presentes na rede, bem como as identificações de CP atendendo às diversas topologias de exploração que a rede apresenta. Figura 3.7 – Esquema unifilar da rede tipo do exemplo de aplicação Figura 3.8 – Topologia normal de exploração da rede tipo Na imagem apenas figuram os CP dos nós interligados, os elementos a negro encontram-se isolados, no entanto possuem igualmente um identificador de CP, sendo este igual ao seu identificador de CN. 24 Situação 1: Defeito no barramento CN20 - CP10 Após a ocorrência do defeito no barramento entram em atuação os automatismos de proteção próprios da subestação, efectuado o isolamento do barramento, tanto das cargas que este alimenta como do transformador. Esta ação provoca a falta de alimentação dos barramentos CN12 e CN10, bem como uma alteração topológica da rede. Observa-se assim a criação de dois novos CP, o CP12 constituído pelo CN12 e CN13 e um novo CP20 constituído unicamente pelo barramento CN20 fora de serviço. Ocorre ainda uma alteração ao anterior CP10, passando este a ser unicamente constituído pelo CN10 e CN22. A nova situação encontra-se representada na Figura 3.9. Figura 3.9 – (I) Topologia da rede tipo após defeito e isolamento do barramento CN20 Com isolamento do elemento da rede em defeito, entra em funcionamento o automatismo de auto-cicatrização com o objectivo de restaurar a alimentação ao CP10 e CP12. Enumeramse agora os passos que levam à concretização deste processo: 1. Os nós CN10, CN12, CN13 e CN22 comunicam ao GAC a sua necessidade de realimentação, sendo distribuídos pelos respectivos CP. 2. O GAC define o CN12 e o CN10 como os elementos sobre os quais será efetuada a operação de recurso do CP12 e CP10 respectivamente, uma vez que os restantes elementos não possuem fontes alternativas. 3. São ativados o AOR10 e o AOR12. 4. O AOR10 define como melhor alternativa (e única) a ligação ao CP8 por intermédio do fecho dos disjuntores de linha do nó CN9. 25 5. O AOR12 possui duas ligações alternativas: a alimentação pelo CP1 ou a ligação pelo CP8;a Sendo optada a decisão de realimentação através do CP1 por intermédio da ligação dos disjuntores de linha do nó CN11. 6. Após a confirmação de regresso de tensão aos diferentes nós, o automatismo entra em repouso. 7. São atualizados os identificativos de CP dos novos elementos agora interligados. A configuração final da rede e respectivas identificações, encontra-se na Figura 3.10. Figura 3.10 – (I) Topologia da rede após a ação do automatismo de Auto-Cicatrização Situação 2: Defeito no transformador TR2 (CP5) A partir da situação anterior (considerando que o barramento CN20 ainda se encontra fora de serviço), ocorre agora um defeito interno no transformador TR2. São acionados os mecanismos próprios e isolado o defeito através da abertura dos disjuntores do transformador MT e AT (não visível na imagem). O CP5 encontra-se agora sem alimentação (Figura 3.11). Entra assim em funcionamento o automatismo de auto-cicatrização através do pedido de realimentação dos respectivos elementos: CN5, CN6 e CN17. A sequência do automatismo é assim semelhante à da situação anterior: 1. Os nós CN5, CN6 e CN17 comunicam a necessidade de realimentação. 2. Existem agora quatro alternativas de alimentação (assinaladas a verde na Figura 3.11): CP1 através da ligação do disjuntor interbarras entre CN1 e CN17, CP1 através da ligação dos disjuntores do nó CN3, CP15 através da ligação dos disjuntores do nó CN16 e CP15 através da ligação dos disjuntores do nó CN18. a Não existindo uma definição formal de um único critério de decisão, por questões de simplicidade da explicação considera-se como preferencial a ligação ao CP com menor identificativo. 26 Partindo do critério utilizado anteriormente (min[CP] e min[CN]), o GAC define o nó CN17 como o elemento sobre o qual será efetuada a realimentação. 3. É ativado o AOR17. 4. O AOR17 define como melhor alternativa a ligação do disjuntor interbarras para o CN1 em detrimento da ligação do nó CN16. 5. Fecho do disjuntor interbarras. 6. Após confirmação do regresso de tensão a todos os nós, o automatismo entra em repouso. 7. São atualizados os identificativos de CP dos novos nós. A configuração final da rede encontra-se na Figura 3.12. Figura 3.11 – (II) Topologia após o defeito interno e isolamento do transformador TR2 Figura 3.12 – (II) Topologia final após o fim da ação do automatismo de auto-cicatrização 27 A configuração final obtida na Figura 3.12 parece sugerir uma distribuição desigual da carga da rede, no entanto, importa referir dois aspectos: O automatismo tem como principal função a rápida realimentação dos nós afectados, podendo a topologia ser posteriormente alterada pela ação manual do operador. O critério de decisão da realimentação utilizado neste exemplo não contempla nenhuma base de cariz eléctrico ou de exploração. Evidencia-se assim a necessidade de uma definição clara dos critérios de decisão do automatismo por parte de cada operador da rede (ORD). 28 4 Especificação dos automatismos por Redes de Petri No Capítulo 3 foram descritos os princípios de funcionamento do automatismo de AutoCicatrização tendo por base um sistema de identificação de topologias dinâmicas. É agora necessário traduzir esses princípios num conjunto de automatismos e autómatos especificados em redes de Petri, que interagindo entre si, são capazes de comportar o volume de informações requeridos e satisfazer os requisitos operacionais enunciados. Adicionalmente é ainda necessário que estes automatismos sejam suficientemente flexíveis e modulares, tendo em vista a sua fácil adaptação a uma qualquer rede, independentemente da sua topologia ou da sua dimensão. São assim apresentados neste Capítulo um autómato que modela as linhas presentes na rede e dois automatismos que gerem toda a informação e executam todas as operações necessárias: Autómato de Linha Automatismo de Operação de Recurso (AOR) Automatismos de Gestão da Auto-Cicatrização (GAC) A especificação destes automatismos será formalizada em redes de Petri ordinárias (RdP), sendo utilizado o software TINA 3.2.0 (Novembro de 2013) do LAAS-CNRS – Laboratoire d’Analyse et d’Architecture dês Systèmes para proceder à análise formal das mesmas. O software apresenta diversas características que facilitam a representação das RdP, bem como variadas ferramentas para proceder à sua análise, tais como: Reachability analysis – Permite a verificação das propriedades de vivacidade, limitação, reinicialização e segurança das RdP. Structural analysis – Permite a verificação de todos os invariantes de lugar e transições presentes na RdP. Stepper Simulator – Permite simular as marcações passo a passo na RdP apresentada, auxiliando na depuração de erros de funcionamento da rede. Apresenta-se de seguida o ambiente de desenvolvimento do programa TINA na Figura 4.1. 29 Figura 4.1 – Ambiente de desenvolvimento do TINA 3.1.0 do LAAS-CNRS 4.1 Autómatos Modeladores As barras, transformadores e linhas de interligação de subestações podem encontrar-se em diferentes situações de funcionamento. É assim necessária a criação de autómatos que modelem os diferentes estados bem como as sequências que levaram os equipamentos a esses estados. No Capítulo 2 e no Anexo B foram já apresentados os autómatos de barramentos e transformadores descritos em [1], no entanto, devido às suas características as linhas que efetuam a interligação entre subestações e postos de transformação, apresentam algumas especificidades que carecem de modelação específica, tal como se apresenta de seguida (Figura 4.2 e Tabela 4.1). Figura 4.2 – Rede de Petri interpretada do autómato de Linha 30 Tabela 4.1 - Interpretação da RdP do autómato de linha (Figura 4.2) Semântica dos Lugares L1 Linha em Serviço L2 Linha Fora de Serviço L3 Linha Religável L4 Linha Fora de Serviço mas Religável Semântica das Transições l1 Ligação dos disjuntores de linha l2 Abertura dos disjuntores; Defeito na linha l3 Disjuntores de linha fechados mas linha com tensão zero l4 Disjuntores de linha fechados e linha com tensão l5 Abertura dos disjuntores e linha ligada à terra ou ativação das proteções de linha l6 Abertura dos disjuntores de linha, proteções de linha em repouso l7 Disjuntores de linha abertos; linha não ligada à terra e proteções em repouso l8 Linha comissionada. Impossibilidade de ligação da linha. l9 Fecho dos disjuntores de linha, linha em tensão. O modelo de linha apresenta-se estruturalmente idêntico ao modelo de barramento. É no entanto necessário adicionar um novo estado, o de Fora de Serviço mas Religável, representado no autómato da Figura 4.2 pelo lugar L4. Os barramentos de uma subestação encontram-se por norma em serviço sendo que alteração do seu estado decorre tipicamente de um defeito ou anomalia na exploração da rede. Por conseguinte não é relevante considerar um estado em que o barramento se encontra fora de serviço por opção de exploração, podendo ser religado no caso de uma operação de recurso. Já na modelação de linhas MT esta situação não se verifica. Tal como foi mencionado anteriormente as redes a este nível de tensão são exploradas radialmente, no entanto, construtivamente a rede poderá ser malhada, levando a que diversas linhas se encontrem Fora de Serviço, não pela ocorrência de defeitos mas por opções de exploração. Estas linhas constituem assim ligações alternativas que poderão ser colocadas ao serviço em caso de necessidade. Torna-se assim relevante a discriminação das causas que levaram à abertura dos disjuntores da linha, sendo necessário distinguir se a linha poderá ou não ser colocada novamente ao serviço. 31 4.2 Automatismo de Operação de Recurso (AOR) 4.2.1 Descrição do Automatismo O Automatismo de Operação de Recurso efetua as operações e verificações necessárias para a ligação dos equipamentos de seccionamento e corte, tendo em vista a realimentação de um determinado nó e possivelmente a subsequente realimentação de vários outros elementos da rede. Tal como foi referido na secção 3.3.1, cada AOR é específico de cada nó ou CN, estando este responsável pela operação sobre os equipamentos que permitem a ligação deste aos elementos adjacentes. Dependendo do nó sobre o qual o automatismo se encontra responsável poderão ser várias as opções de recurso: Transformador Barramento o Por intermédio de um disjuntor de interbarras o Por intermédio da ligação de uma linha Linha (ou secção de linha) O automatismo tem que ser adaptável às diferentes topologias estáticas e configurações possíveis. Como tal, cada uma das anteriores ligações possíveis descritas constituí um módulo de ligação, sendo um AOR composto por um ou mais módulos sobrepostos a uma estrutura base idêntica para todos os nós (inicialização e finalização do automatismo). 4.2.2 Interpretação da Rede de Petri Na Figura 4.3 encontra-se representada a Rede de Petri interpretada do Automatismo de Operação de Recurso. Esta rede representa um automatismo genérico em que se encontram representados os diferentes módulos possíveis, ligação de uma linha, ligação de um disjuntor de interbarras ou ainda ligação de um transformador. O automatismo é ativado através da sua condição inicial RECA, partindo da qual, existem neste exemplo cinco opções distintas de evolução do estado do automatismo. As transições rec1 e rec2 representam a reposição de tensão por comando exterior e a ausência de opções de religação para este nó respectivamente. As três restantes transições rt1, rb1 e rl1 representam as diferentes opções de recurso genéricas, ligação do transformador, ligação a um barramento através do fecho de um disjuntor interbarras e ligação a um barramento por intermédio da ligação de uma linha respectivamente. Estas três transições e os lugares e transições subsequentes definem assim os três módulos principais de opções de religação. 32 Figura 4.3 - Rede de Petri interpretada do automatismo AOR (genérico) Nota: Os lugares a tracejado são exteriores ao automatismo, pertencendo aos autómatos de linha, barramento e transformador (L, B e T). Os lugares RT1, RB1 e RL1 correspondem à ligação dos aparelhos de corte e seccionamento necessários para execução da operação. As transições que lhes seguem correspondem ao sucesso e insucesso dessas ligações, refletindo assim o sucesso ou insucesso da operação. Os lugares B1Y, B1Z e T3 garantem que as fontes recorridas se encontram sãs e em condições de servirem como alternativa, salvaguardando a Condição 2.2. Em caso de sucesso, é iniciada uma pausa de verificação de regresso de tensão, sendo posteriormente ativado o local AOR.SUC, que corresponde ao término de operação do AOR com sucesso de realimentação. Em caso de insucesso, é ativado o local AOR.FAIL, correspondendo este ao término de operação do AOR sem sucesso de realimentação. A semântica de cada lugar e de cada transição encontram-se descritos na Tabela 4.2. 33 Tabela 4.2 –Interpretação da RdP do AOR genérico (Figura 4.3) Semântica dos Lugares RECA Condição inicial de ativação do AOR RT1 Liga Transformador (disjuntores AT e MT) RT2 Sucesso de ligação do transformador RT3 Insucesso de ligação do transformador RB1 Liga disjuntor interbarras RB2 Sucesso de ligação do disjuntor interbarras RL1 Liga linha (ambos os disjuntores de linha) RL2 Sucesso de ligação da linha RL3 Insucesso na ligação da linha AOR.SUC Término da operação do AOR com sucesso na operação de recurso AOR.FAIL Término da operação do AOR com insucesso na operação de recurso Semântica das Transições rt1 Comando de ligação do Transformador rt2 Lançamento da pausa para retorno do relé de mínimo de tensão rt3 Falha na ligação do Transformador rt4 Fim da pausa para retorno do relé de mínimo de tensão rb1 Comando de fecho do disjuntor interbarras rb2 Lançamento da pausa para retorno do relé de mínimo de tensão rb3 Falha no fecho do disjuntor interbarras rb4 Fim da pausa para retorno do relé de mínimo de tensão rl1 Comando de fecho dos disjuntor da linha rl2 Lançamento da pausa para retorno do relé de mínimo de tensão rl3 Falha no fecho do(s) disjuntor(es) da linha rl4 Fim da pausa para retorno do relé de mínimo de tensão rec1 Reposição de tensão por comando exterior rec2 Todas as opções de religação encontram-se indisponíveis Na Tabela 4.2 encontram-se expressas apenas as condições necessárias para a transposição das transições. É no entanto necessária a tradução destas em predicados constituídos pela composição de variáveis lógicas. Apresenta-se assim na Tabela 4.3 os predicados associados às transições do AOR. 34 Tabela 4.3 - Predicados associados às transições do AOR Predicados das Transições rt1 ̅̅̅̅̅ 𝑐𝑢9. 𝑡𝑓𝑣1 rt2 𝑜𝑝𝑟𝑒𝑐1 rt4 𝑐𝑟𝑒𝑐1 rb1 ̅̅̅̅̅. 𝑐𝑝𝑏𝑜𝑘 𝑐𝑢9 rb2 𝑜𝑝𝑟𝑒𝑐1 rb4 𝑐𝑟𝑒𝑐1 rl1 ̅̅̅̅̅. 𝑙𝑓𝑣 𝑐𝑢9 rl2 𝑜𝑝𝑟𝑒𝑐1 rl3 ̅̅̅̅̅. 𝑙𝑓𝑓 𝑐𝑢9 rl4 𝑐𝑟𝑒𝑐1 rec1 𝑐𝑢9 rec2 ̅̅̅̅̅̅̅̅ + ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ ̅̅̅̅̅̅ + ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ ̅̅̅̅ + ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ ̅̅̅̅̅. (𝑐𝑝𝑏𝑜𝑘 𝑐𝑢9 𝑐𝑖𝑛𝑡𝑑𝑢1). (𝑡𝑓𝑣1 𝑐𝑖𝑛𝑡𝑑𝑢2). (𝑙𝑓𝑣 𝑐𝑖𝑛𝑡𝑑𝑢7) Legenda: Cu9 – Tensão na barra normal, 𝑈 ∈ [𝑈𝑚𝑖𝑛 ; 𝑈𝑚𝑎𝑥 ] t(x)fv1 – Disjuntor x ligável, em que 𝑥 ∈ {𝐴𝑇, 𝑀𝑇}, podendo a forma ser expansível nos diversas variáveis que determinam a capacidade de fecho do disjuntor oprec1 - 𝑡𝑟𝑒𝑡𝑜𝑟𝑛𝑜 ; Lançamento da pausa para retorno do relé de mínimo de tensão crec1 - 𝐹𝑡𝑟𝑒𝑡𝑜𝑟𝑛𝑜 ; Fim da pausa para retorno do relé de mínimo de tensão cintdu1 – 𝜇(B1) = 1; Barra em serviço cintdu2 – 𝜇(T3) = 1; Transformador Religável cintdu7 - 𝜇(L4) = 1; Linha Fora de Serviço mas Religável cpbok – disjuntor interbarras ligável l(x)fv – disjuntor de linha x ligável, em que 𝑥 ∈ {1, 2}, determinando os disjuntores dos dois extremos da linha. l(x)ff – falha no fecho do disjuntor de linha x, em que 𝑥 ∈ {1, 2}, determinando os disjuntores dos dois extremos da linha. Encontram-se assim definidos os blocos principais de todos os AOR existentes. A RdP aqui apresentada, representa um automatismo genérico para um nó com três opções distintas de realimentação. No entanto, cada um destes módulos pode ser replicado ou subtraído consoante a as diferentes opções topológicas de cada CN. Esta facilidade de adaptação do automatismo representa uma das suas principais vantagens, permitindo a sua utilização para uma qualquer rede, independentemente da sua configuração, ou ainda a sua expansão ou redução perante uma remodelação da rede, sem a necessidade de restruturar totalmente o automatismo. 35 4.2.3 Resolução de Conflitos Após a inicialização do AOR, partindo da condição RECA, verifica-se um conflito entre as transições rec1, rec2, rt1, rb1 e rl1. A resolução deste conflito entre transições é feita através dos predicados das mesmas. Os predicados enunciados na Tabela 4.3 apenas traduzem as condições estruturais para que seja possível efetivar uma operação sobre o equipamento. Deste modo, é sempre necessário definir parâmetros adicionais que permitam a resolução dos conflitos. Tal como foi referenciado na secção 3.3.3, existem diversos critérios que tornam preferenciais certas ligações a outras, das quais se apresentam algumas a título de exemplo: 1. Ordem de preferência pré-definida: por exemplo, só é ligado o disjuntor interbarras se a ligação ao transformador estiver indisponível ou não for efetuada com sucesso, e só é efetuada a ligação da linha de interligação caso as duas opções anteriores não sejam possíveis. Poderão ainda ser definidas contingências ou planos de ação no caso da falha de um equipamento em particular. 2. Distância eléctrica à alimentação: Caso seja possível conhecer a distância eléctrica à alimentação, a ordem de preferência poderá ser ajustada de modo a tentar realimentar pela menor distância possível de modo a diminuir as perdas e minimizar as quedas de tensão. 3. Percentagem de Carga: Tendo por base o conhecimento da carga alimentada pelo CN a ser realimentado antes da ocorrência do defeito, é útil saber se a fonte alternativa tem capacidade de alimentar a totalidade da carga e, caso haja várias alternativas com essa possibilidade, qual delas apresentaria um melhor rendimento, tendo em vista uma maior estabilidade do SEE. Com o objectivo de exemplificar a resolução de conflitos entre transições define-se agora os predicados das transições rt1, rb1 e rl1 do AOR da Figura 4.3, tendo em consideração um critério de ordem pré-definida: 1.º Transformador, 2.º Interbarras, 3.º Linha (Tabela 4.4). Tabela 4.4 – Predicados associados à escolha de realimentação pré-definida Predicados das Transições rt1 ̅̅̅̅̅ 𝑐𝑢9. 𝑡𝑓𝑣1 rb1 ̅̅̅̅̅ 𝑐𝑢9. 𝑐𝑝𝑏𝑜𝑘. (𝑐𝑖𝑛𝑡𝑑𝑢2. ̅̅̅̅̅̅ 𝑐𝑡𝑣1 + 𝑐𝑖𝑛𝑡𝑑𝑢4 + 𝑐𝑖𝑛𝑡𝑑𝑢3) rl1 ̅̅̅̅̅̅̅̅ . 𝑐𝑖𝑛𝑡𝑑𝑢1 + 𝑐𝑖𝑛𝑡𝑑𝑢5 ̅̅̅̅̅. 𝑙𝑓𝑣). (𝑐𝑖𝑛𝑡𝑑𝑢2. 𝑐𝑡𝑣1 ̅̅̅̅̅̅ + 𝑐𝑖𝑛𝑡𝑑𝑢4 + 𝑐𝑖𝑛𝑡𝑑𝑢3). (𝑐𝑝𝑏𝑜𝑘 (𝑐𝑢9 + 𝑐𝑖𝑛𝑡𝑑𝑢6) Legenda: cintdu3 – 𝜇(T4) = 1; Transformador fora de serviço por falta de 𝑈𝐴𝑇 cintdu4 – 𝜇(T2) = 1; Transformador fora de serviço por avaria cintdu5 – 𝜇(B3) = 1; Barra Religável cintdu6 – 𝜇(B2) = 1; Barra fora de serviço 36 4.3 Automatismo de Gestão da Auto-Cicatrização (GAC) 4.3.1 Descrição do Automatismo Na secção 4.2 foi detalhado o funcionamento do AOR, no entanto, para uma rede com N Nós existem N AORs, sendo assim necessário um mecanismo de encravamento e decisão que controle o funcionamento dos AOR tendo em consideração a topologia dinâmica da rede. É nesta perspectiva que surge o automatismo de Gestão da Auto-Cicatrização (GAC). O GAC é composto por dois componentes principais, o Controlo de CP e a Decisão de Realimentação. O Controlo de CP efetua a análise topológica da rede, permitindo assim determinar quais os Nós que se encontram interligados. A Decisão de Realimentação, partindo da análise topológica efetuada e através da parametrização dos critérios de realimentação, efetua a decisão de qual o AOR a inicializar e a efetuar a operação de recurso, de modo a restaurar a alimentação do CP. Tal como o AOR, também o GAC tem uma estrutura modular, permitindo a fácil adaptação do automatismo a qualquer rede bem como à sua alteração. O Controlo de CP é constituído por N módulos, em que N é o número total de CNs da rede. Cada módulo representa o estado do respectivo CN, gerindo o CP do mesmo. Quando um Nó se encontra sem alimentação e no estado religável, o módulo determina qual o CP atribuído ao Nó e regista o pedido de realimentação para a componente de Decisão de Realimentação. A Decisão de Realimentação é constituída por N módulos, em que N é o número total de CNs da rede. Cada módulo representa o estado de um CP e decide sobre qual dos CNs pertencentes ao mesmo será efetuada a operação de recurso por parte do respectivo AOR. Cada um dos módulos é inicializado quando o número de pedidos provenientes do Controlo de CP for igual ao número de Nós pertencentes ao CP. Encontra-se assim garantida a Condição 2.1, isto é, que apenas se efetua a realimentação de um Nó ou conjunto de Nós se todos eles tiverem sido ressalvados como religáveis. Após a sua inicialização é efetuada a escolha de qual o AOR a inicializar, assegurando assim a Condição 3.2. Consoante o resultado da operação do AOR, com ou sem sucesso, o módulo finaliza a sua ação, regressando ao estado de repouso ou reinicializando o processo de decisão. 4.3.2 Interpretação da Rede de Petri A complexidade e dimensão da RdP do GAC é proporcional à dimensão da rede eléctrica que o automatismo controla. Sendo a RdP modular, tem lugares e transições semelhantes, variando apenas o elemento da rede a que estes se referem. Deste modo é conveniente a adopção de um método sistematizado de rotulagem das transições e lugares. Na Tabela 4.5 encontra-se o sistema adoptado para todos os autómatos e automatismos. 37 Tabela 4.5 – Legendas utilizadas para identificação de lugares e transições Descrição Exemplo O primeiro algarismo identifica o AOR a que se referem os lugares e transições, o 2º e o 3º (caso aplicável) os CN aos quais se vai efetuar a ligação, por fim o último elemento identifica o nome da transição ou lugar. (Utilização: AORs) O primeiro algarismo indica o CP a que se refere os lugares e transições, o segundo o CN e o terceiro elemento identifica o nome da transição ou lugar. (Utilização: GAC – Dec. de Real.) O primeiro algarismo identifica o CN a que se referem os lugares e transições e o último elemento identifica o lugar ou transição. (Utilização: GAC – Controlo CP) O primeiro elemento identifica o CP de referência e o ultimo o lugar ou transição em causa. (Utilização: GAC) Na Figura 4.4 encontra-se representada a RdP de um módulo do Controlo de CP. Este módulo representa um CN com identificador 3 (CN3). A preto, encontra-se a estrutura principal de cada módulo e a cinzento as extensões ao módulo, dependendo dos diversos identificadores de CP que este poderá ter. Por fim, a tracejado encontra-se o lugar pertencente ao autómato que modela o estado do Nó (B3 – Barramento Religável). A condição inicial do automatismo é representada pelo lugar CTRL. Quando o Nó se encontra sem alimentação e é ressalvado como religável, é determinado qual o CP em que o Nó se encontra, evoluindo para um dos lugares CP(x), sendo efetuado o registo de necessidade de realimentação. Os lugares intermédios CP(x)C indicam um estado de espera para confirmação do CP. Após a ocorrência e isolamento de um defeito, poderão ocorrer variações na topologia da rede que poderão levar a uma alteração dos identificadores de CP. Deste modo é necessária uma pausa para confirmar a ocorrência ou não dessa alteração. 38 Figura 4.4 – Rede de Petri interpretada do Controlo de CP (GAC) Caso o identificador de CP esteja incorreto, a RdP evolui no sentido inverso, por intermédio das transições cp(x)f e cpn(x) e elimina o pedido de realimentação no lugar CP(x)U. Na Tabela 4.6 descreve-se a semântica associada a cada lugar e transição da RdP. Tabela 4.6 - Interpretação da RdP do Controlo de CP (Figura 4.4) Semântica dos Lugares CTRL Condição inicial do módulo de Controlo de CP CP(x)C Confirma identificador x de CP CP(x)U Elimina pedido de realimentação CP(x) CN pertencente ao CPx e em condições de ser realimentado Semântica das Transições cp(x) U(CN[x]) = 0; CN pertence ao CP x; Lançamento de pausa de confirmação do identificador de CP. cp(x)s Fim da pausa de confirmação do identificador de CP cp(x)f U(CN[x]) = 0; CN não pertence ao CP x. cpn(x) Pedido de realimentação eliminado Na Tabela 4.7 encontram-se os predicados que traduzem as condições de transposição das transições indicadas na Tabela 4.6. Tabela 4.7 - Predicados associados às transições do Controlo de CP Predicados das Transições cp(x) ̅̅̅̅̅ 𝑐𝑢9 . 𝑐𝑛(y)𝑐𝑝(x). 𝑜𝑝𝑐𝑝 cp(x)s 𝑐𝑐𝑝 cp(x)f ̅̅̅̅̅ . ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ 𝑐𝑢9 𝑐𝑛(y)𝑐𝑝(x) 39 Legenda: cn(y)cp(x) – CN y pertence ao CP x opcp – tcpid; Lançamento da pausa de confirmação do identificador de CP ccp – Ftcpid; Fim da pausa de confirmação do identificador de CP Na Figura 4.5 apresenta-se a RdP interpretada de um módulo da Decisão de Realimentação, representando, neste caso, o controlo de realimentação do CP com identificador 1. A preto encontra-se representada a estrutura fundamental do módulo (o CP1 poderá ter no mínimo um CN associado), a cinzento encontram-se expansões possíveis ao módulo, através da introdução de novos CNs na rede, neste caso CN2 e CN3. A tracejado encontram-se os elementos associados ao Controlo de CP e autómatos de modelação do estado dos CN. Figura 4.5 – Rede de Petri interpretada da Decisão de Realimentação (GAC) A condição inicial ou estado de repouso do módulo encontra-se representada pelo lugar CP(x).END. Após a ocorrência e isolamento do defeito e posterior análise topológica de todos os Nós sem alimentação, a Decisão de Realimentação é inicializada através da transição CP(x).rec e marcação do lugar CP(x).REC. A decisão de qual dos Nós irá efetuar a realimentação de todo o CP é feita através da resolução do conflito entre as transições 1.1.rec, 1.2.rec e 1.3.rec, que representam a decisão de realimentar o CP através do Nó CN1, CN2 e CN3 respectivamente, através da ativação do AOR correspondente. 40 A resolução do conflito entre 1.1.rec, 1.2.rec e 1.3.rec, poderá, na realidade, não ser entre as três transições, mas sim entre apenas duas ou eventualmente não existir conflito, uma vez que só poderão ser ativadas as transições cujo CN associado se encontre com o identificador de CP que o módulo representa. No entanto, é imperativo que em cada módulo se encontrem representados todos os CNs que poderão eventualmente possuir o identificador de CP do mesmo. Os lugares posteriores indicam que a operação de recurso se encontra em curso, isto é, o AOR do Nó escolhido ainda não completou todas as suas operações. As transições 1.1.s, 1.2.s, 1.3.s, 1.1.f, 1.2.f e 1.3.f, representam respectivamente o sucesso e insucesso da operação de recurso por parte dos diferentes AORs. Caso a operação seja concluída com sucesso, tanto a Decisão de Realimentação como o Controlo de CP regressam ao seu estado de repouso, caso a operação tenha sido concluída com insucesso o processo de Decisão de Realimentação é reinicializado através da ativação da condição CP(x).REC. Na Tabela 4.8 encontra-se a semântica de cada lugar e transição da RdP da Figura 4.5. Tabela 4.8 - Interpretação da RdP da Decisão de Realimentação (Figura 4.5) Semântica dos Lugares (x).END Automatismo em Repouso / Fim da Auto-Cicatrização (x).(y).REC Operação de Recurso (AOR) em curso CP(x).REC Condição inicial da Decisão de Realimentação Semântica das Transições (x).(y).ret Nó y pertencente ao CP x em tensão U(CN[y]) > 0 CP(x).rec Todos os Nós do CP(x) pediram realimentação (x).(y).rec Ativação do AOR do Nó y pertencente ao CP x (x).(y).s Sucesso na OR do AOR do Nó y pertencente ao CP x (x).(y).f Insucesso na OR do AOR do Nó y pertencente ao CP x Na Tabela 4.9 encontram-se os predicados que traduzem as condições de transposição das transições indicadas na Tabela 4.8. Tabela 4.9 - Predicados associados às transições da Decisão de Realimentação Predicados das Transições (x).(y).ret 𝑐𝑢9 . 𝑐𝑛(y)𝑐𝑝(x) CP(x).rec 𝑐𝑝(𝑥)𝑎𝑙𝑙 (x).(y).rec ̅̅̅̅̅ 𝑐𝑢9 . 𝑐𝑛(y)𝑐𝑝(x) (x).(y).s 𝑐𝑢9 (x).(y).f ̅̅̅̅̅ 𝑐𝑢9 41 Legenda: cn(y)cp(x) – CN(y) com o identificador CP(x) cp(x)all – Todos os elementos pertencentes ao CP(x) efetuaram pedidos de realimentação A variável cp(x)all é uma variável composta e dinâmica, e tem como objectivo a certificação de que todos os CNs pertencentes ao CP em questão se encontram é condições de ser realimentados, isto é, efetuaram pedidos de realimentação, o que corresponde à presença de um token no lugar y.CP(x) do Controlo de CP. Uma vez que a composição é dinâmica, esta relação não pode ser explícita através de RdP. A variável em questão é assim dada por: 𝑁 ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ + 𝑐𝑖𝑛𝑡𝑑𝑢8(𝑦)) 𝑐𝑝(𝑥)𝑎𝑙𝑙 = ∏ (𝑐𝑛(𝑦)𝑐𝑝(𝑥) 𝑦=1 Em que: cintdu8(y) - 𝜇(y.CP(x)) = 1; CN(y) pertencente ao CP(x) pede realimentação Na Figura 4.6 encontra-se representada a RdP total do GAC para um sistema de três CNs, mostrando assim a relação entre os diversos módulos da Decisão de Realimentação e do Controlo de CP. Foram no entanto omitidas da figura, por uma questão de simplificação e representação, todas as ligações a outros automatismos (AORs) ou autómatos (B, T, L), bem como os lugares transitórios do Controlo de CP: CP(x)C e CP(x)U. Figura 4.6 – Rede de Petri interpretada da Gestão da Auto-Cicatrização (GAC) A rede é constituída por três módulos de Controlo de CP e três módulos de Decisão de Realimentação, construídos segundo os princípios enunciados anteriormente. 42 Importa no entanto destacar dois pontos relativamente à construção da rede global do GAC e à constituição de cada um dos módulos: A RdP global e cada um dos módulos foram definidos a partir do princípio da propagação do menor identificador de CP para todos os CNs pertencentes ao mesmo, tal como definido na secção 3.2. Partindo deste princípio, o número de elementos de cada módulo do Controlo de CP é crescente com o identificador do CN que este representa e o número de elementos de cada módulo da Decisão de Realimentação é decrescente com o identificador de CP que este representa. Esta dependência direta com o sistema de identificação de CP utilizado, leva a que diferentes abordagens possam originar diferentes RdP para o GAC. No entanto qualquer que seja a abordagem, poderá ser sempre representada pela junção dos módulos definidos anteriormente, desde que corretamente especificados: Cada módulo do Controlo de CP deverá considerar todos os identificadores de CP que o CN ao qual o módulo se refere pode obter. Cada módulo da Decisão de Realimentação deverá contemplar todos os CNs que poderão eventualmente pertencer ao CP que o módulo representa. Naturalmente, diferentes metodologias de identificação de CPs poderão conduzir a RdP mais ou menos complexas. No curso deste trabalho considerou-se sempre que o identificador de CP corresponde ao mínimo identificador de CN pertencente ao CP em causa, uma vez que permite a fácil compreensão da evolução dos estados, bem como uma sistematização simples das RdP construídas. A RdP global do GAC não reflete explicitamente que tipo de elemento da rede cada CN representa (barramento, linha, ...), essa diferenciação é feita ao nível dos autómatos dos elementos e dos AOR. A unificação dos diferentes elementos numa única representação de CN permite a completa modularização do GAC, facilitando deste modo a sua representação, bem como possíveis alterações a uma RdP existente (inclusão de novos elementos na rede ou substituição dos já existentes). 4.4 Automatismo Completo da Auto-Cicatrização A construção global do automatismo de Auto-Cicatrização efetua-se através da junção dos diversos automatismos anteriormente apresentados: GAC e vários AOR. A estes automatismos são ainda ligados todos os autómatos de modelação de barramentos, linhas e transformadores, bem como os automatismos próprios da ligação e desligação de equipamentos (transformadores, disjuntores e seccionadores). No Anexo C, apresentam-se as RdP dos diferentes automatismos e a RdP completa para um sistema de três CNs. 43 4.4.1 Integração entre GAC e AORs O automatismo GAC serve unicamente de controlo da realimentação dos diferentes CPs, determinando qual o CN que efetuará a realimentação. Esta decisão é então traduzida através da ativação de um dos diferentes lugares [x].[y].REC (ver Figura 4.5 e Tabela 4.8). Aquando da ativação deste lugar (transição [x].[y].rec), é também inicializado o AOR correspondente: lugar [y].RECA. Após o término da ação do AOR é necessária a verificação do resultado da operação: com sucesso ou com insucesso. Do lado do AOR, esta condição é traduzida na ativação dos lugares [y].AOR.SUC e [y].AOR.FAIL respectivamente. Do lado do GAC a continuidade da ação é feita através das transições [x].[y].s e [x].[y].f. (ver Figura 4.3 e Tabela 4.2). Os lugares do AOR são assim pós-condições e pré-condições das transições do GAC tal como se encontra representado na Figura 4.7. Deste modo, a integração dos dois automatismos é feita, colocando em paralelo cada AOR com o lugar [x].[y].REC correspondente. Figura 4.7 – Interação entre o GAC (módulo CP1) e o AOR (RdP simplificada) A Figura 4.7 mostra a interação entre o AOR (simplificado) do CN1 e o módulo do CP1 da Decisão de Realimentação do GAC. Caso existam mais opções de religação no módulo (ver Figura 4.5), cada uma destas fará as conexões necessárias aos respectivos AORs, à semelhança do apresentado na Figura 4.7. (ver Figura C.5). 44 4.4.2 Integração dos autómatos modeladores Os autómatos modeladores são integrados na RdP da Auto-Cicatrização em duas situações distintas: No GAC, ao nível do Controlo de CP, em que é feita a verificação da condição “Religável” dos diferentes CNs e posteriormente, em caso de sucesso, a passagem ao estado “Em Serviço”, e ainda nos AOR, em que é feita a verificação do estado “Em Serviço” dos barramentos a serem recorridos, bem como a verificação do estado religável dos equipamentos sobre os quais são feitas operações de ligação. (ver Figura C.4) Na Tabela 4.10 encontram-se os diferentes tipos de autómatos modeladores e a sua relação com os diferentes automatismos. Tabela 4.10 - Relação entre autómatos modeladores e automatismos Autómato Automatismos Operações GAC Operações AOR Barramento GAC / AOR Verificação / Alteração Verificação Linha GAC / AOR Verificação / Alteração Verificação / Alteração Transformador AOR - Alteração 4.4.3 Análise Estrutural das Redes de Petri Nesta secção são apresentadas as análises estruturais aos diversos componentes do automatismo bem como uma análise global do mesmo. A verificação das propriedades estruturais das RdP apresentadas neste capítulo tem como objectivo analisar de uma forma metódica o correto funcionamento lógico do automatismo. Naturalmente estas propriedades apenas asseguram a correção do domínio de controlo, nomeadamente ao nível de potenciais deadlocks. A verificação do domínio operacional não é possível através de uma metodologia matemática, estando principalmente dependente da interpretação de cada RdP. (ver Capítulo 2). Numa primeira abordagem serão analisados os automatismos separadamente, em conjunto com os autómatos modeladores correspondentes. Por fim será efetuada uma análise ao automatismo global, em que serão integrados o GAC, AORs e autómatos modeladores. Uma vez que a dimensão e complexidade da RdP é fortemente dependente da rede eléctrica que pretende controlar, serão testados diferentes automatismos representativos de redes com variadas complexidades, permitindo não só validar matematicamente o automatismo, como também apreciar a evolução da sua complexidade. Nesta secção serão apenas apresentados os principais resultados e conclusões das diferentes análises estruturais efectuadas. A descrição completa das redes e RdP utilizadas encontram-se no Anexo C. 45 Automatismo de Operação de Recurso (AOR) A análise estrutural do AOR foi e efetuada com base na RdP da Figura C.2, contendo esta dois módulos de ligação de linhas, um módulo de interbarras e um módulo de ligação do transformador. Para proceder à análise deste automatismo, foram adicionadas duas transições auxiliares aux1 e aux2, de modo a permitir a reinicialização do mesmo. Na (Tabela C.2) encontram-se as propriedades dinâmicas da RdP, bem como os invariantes de lugares e transições. A análise dos mesmos permite a verificação do correto funcionamento do automatismo. Os invariantes de lugar 1 a 6 da (Tabela C.2) estão unicamente relacionados com a interação do AOR com os autómatos modeladores (B, T e L) necessários para cada um dos módulos, o invariante 7 encontra-se relacionado com o funcionamento do AOR. O invariante 7, constitui um invariante global, incluindo todos os lugares pertencentes ao AOR, verificando-se assim a impossibilidade de ligação de diferentes fontes alternativas de forma simultânea, mesmo que estas se encontrem disponíveis. Este facto conduz à satisfação parcial da Condição 3.2, i.e. que cada circuito só poderá ter um único ponto de alimentação, mantendo assim a topologia de exploração radial. Adicionalmente podemos ainda deduzir que, dada a estrutura modular do AOR, o automatismo apresentará sempre um invariante global independentemente do número de módulos acopulados ao AOR, estando assim, sempre garantido o seu correto funcionamento. O paralelismo e exclusão mútua entre os diversos módulos pode ainda ser verificado através da análise dos invariantes de transições. Os invariantes presentes na Tabela 4.11 representam as diversas sequências que o automatismo poderá tomar até à sua reinicialização. Os restantes invariantes presentes na Tabela C.2 são referentes apenas a transições dos autómatos modeladores. Tabela 4.11 – Invariantes de Transições do AOR 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. Invariantes de Transições (abreviado) 10. {3.l1} {3.l3} {3.l6} {3.rl1} {3.rl3} {3.rl5} {1.rt1} {1.rt3} {1.rt5} {1.t1} {1.t4} aux2 aux2 aux2 rec2 11. {3.l3} {3.l5} {3.l7} {3.rl1} {3.rl2} {3.rl4} {1.rt1} {1.rt2} {1.rt4} {1.t4} aux1 aux1 aux1 rec1 12. {3.l3} {3.l6} {3.rl1} {3.rl2} {3.rl4} aux1 {2.l1} {2.l3} {2.l6} {2.rl1} {2.rl3} {2.rl5} 13. {3.l2} {3.l7} {3.rl1} {3.rl2} {3.rl4} aux1 aux2 14. {3.l7} {3.rl1} {3.rl3} {3.rl5} aux2 {2.l3} {2.l5} {2.l7} {2.rl1} {2.rl2} {2.rl4} 15. {6.rb1} {6.rb2} {6.rb4} aux1 aux1 16. {6.rb1} {6.rb3} aux2 {2.l3} {2.l6} {2.rl1} {2.rl2} {2.rl4} aux1 {2.l2} {2.l7} {2.rl1} {2.rl2} {2.rl4} aux1 {2.l7} {2.rl1} {2.rl3} {2.rl5} aux2 Os invariantes 1 e 3 representam o recurso ao transformador, com e sem sucesso. Os invariantes 5 a 14 representam o recurso a uma das duas ligações de linhas possíveis, com 46 e sem sucesso. O aparecimento de vários invariantes para cada uma das situações advém das diferentes sequências de acontecimentos que levaram o autómato de linha ao estado L4. Os invariantes 15 e 16 dizem respeito à realimentação através do fecho do disjuntor interbarras, com e sem sucesso. Por fim, os invariantes 2 e 4, representam a inexistência de alternativas de realimentação ou o restabelecimento da alimentação por parte do operador. Automatismo de Gestão da Auto-Cicatrização (GAC) A análise estrutural do GAC foi efectuada sem recurso a lugares ou transições auxiliares e sem ter em conta os autómatos modeladores, estes elementos serão tidos em conta aquando da análise do automatismo completo. Apresentam-se de seguida os invariantes calculados no Anexo C.2, para uma rede com três nós: 1. {1.1.REC} {1.2.REC} {1.3.REC} {CP1.END} {CP1.REC} 2. {2.2.REC} {2.3.REC} {CP2.END} {CP2.REC} 3. {3.3.REC} {CP3.END} {CP3.REC} 4. {1.1.REC} {1.CP1} {1.CP1C} {1.CP1U} {1.CTRL} 5. {1.2.REC} {2.2.REC} {2.CP1} {2.CP1C} {2.CP1U} {2.CP2} {2.CP2C} {2.CP2U} {2.CTRL} 6. {1.3.REC} {2.3.REC} {3.3.REC} {3.CP1} {3.CP1C} {3.CP1U} {3.CP2} {3.CP2C} {3.CP2U} {3.CP3} {3.CP3C} {3.CP3U} {3.CTRL} Os três primeiros invariantes são respeitantes ao módulo de Decisão de Realimentação de cada um dos CPs, 1 a 3 respectivamente. A presença de todos os lugares x.y.REC existentes em cada módulo da Decisão de Realimentação permite a conclusão de que apenas será inicializado o AOR de um dos diferentes nós presentes no CP. Esta conclusão, conjuntamente com o enunciado aquando da análise estrutural do AOR, conduz à satisfação completa da Condição 3.2. Os invariantes 4, 5 e 6 estão relacionados com cada um dos nós do GAC (CN1, CN2 e CN3 respectivamente). De cada um dos invariantes é possível retirar duas conclusões fundamentais ao funcionamento do GAC: A presença dos lugares CP1, CP2 e CP3 leva à conclusão de que cada Nó só pode ser considerado como pertencente a um e um único CP. A presença dos lugares 1.x.REC, 2.x.REC e 3.x.REC leva a um corolário da conclusão anterior: o AOR de cada um dos CNs não é passível de ser inicializado simultaneamente por dois módulos diferentes da Decisão de Realimentação. 47 Automatismo de Auto-Cicatrização (Completo) Para a análise estrutural do automatismo de Auto-Cicatrização foi utilizada uma rede constituída por dois barramentos CN1 e CN2, interligados por uma linha MT CN3 e alimentados pelos transformadores T1 e T2 respectivamente (Figura C.3). A análise estrutural revelou a existência de 24 invariantes de lugares e 78 invariantes de transições. Estes invariantes incluem os já anteriormente discutidos nas análises estruturais do GAC e dos AOR, bem como novos invariantes que permitem o estabelecimento de relações entre os diversos automatismos e autómatos. Para além dos invariantes já explanados anteriormente é importante referir alguns dos invariantes que estabelecem as relações entre os diferentes automatismos e autómatos. O invariante 22, engloba os módulos da linha CN3 dos diferentes AOR, bem como os diferentes lugares de inicialização e finalização dos diferentes AOR e módulos do GAC, o que leva à conclusão que, ainda que manobrável por diferentes automatismos, o seu fecho só poderá ser efetuado por um dos AOR. O invariante ao incluir os lugares CP1.REC, CP2.REC e CP3.REC permite ainda verificar que os diferentes módulos de linha só serão utilizados se pelo menos um dos barramentos não estiver com a operação de restauro em curso. Esta conclusão é ainda verificável através dos invariantes 3 e 7, referentes à interação dos barramentos CN1 e CN2 com diferentes módulos dos AOR: {1.1-3.RL1} {1.1-3.RL2} {1.1-3.RL3} {1.1.RT1} {1.1.RT2} {1.1.RT3} {1.AOR.FAIL} {1.AOR.SUC} {1.B1} {1.B2} {1.B3} {1.CP1} {1.CP1C} {1.CP1U} {1.RECA} {2.2-3.RL1} {2.2-3.RL2} {2.2-3.RL3} {3.3-1.RB1} {3.3-1.RB2} {1.1-3.RL1} {1.1-3.RL2} {1.1-3.RL3} {2.2-3.RL1} {2.2-3.RL2} {2.2-3.RL3} {2.2.RT1} {2.2.RT2} {2.2.RT3} {2.AOR.FAIL} {2.AOR.SUC} {2.B1} {2.B2} {2.B3} {2.CP1} {2.CP1C} {2.CP1U} {2.CP2} {2.CP2C} {2.CP2U} {2.RECA} {3.3-2.RB1} {3.3-2.RB2} Como podemos verificar, no invariante do barramento CN1, em que se incluem os lugares 1.B1, 1.B2 e 1.B3, encontra-se também representado o módulo de realimentação do CP2 por intermédio da linha CN3, representado pelos lugares 2.2-3.RL1, 2.2-3.RL2 e 2.2-3.RL3. Apesar do módulo não se encontrar diretamente relacionado com o barramento CN1, é imposta a condição de que nenhum dos restantes processos relativos ao barramento CN1 possa estar ativo. Este facto resulta do tratamento diferencial de realimentações entre barramentos por intermédio de um disjuntor interbarras ou por intermédio de uma linha, obrigando à dupla verificação do caminho para a alimentação: Linha religável e barramento em serviço. A mesma situação pode ser verificada no segundo invariante, desta vez para o barramento CN2, bem como no invariante 11 para a linha CN3. 48 Além da interpretação dos invariantes de lugar e invariantes de transições efetuados, foram ainda verificadas com sucesso, em todas as redes, as seguintes propriedades essenciais à modelação de controladores em RdP: Deadlock-Free; Vivacidade Segurança Reinicialização Limitada 49 5 Considerações sobre a implementação No presente capítulo discutem-se as opções possíveis de implementação do automatismo descrito anteriormente. Não sendo efetuada a aplicação do sistema em ambiente laboratorial, são no entanto discutidos os requisitos técnicos necessários à sua implementação e as limitações das tecnologias existentes. Não se tem como objectivo a demonstração prática de todo o sistema, mas sim uma validação sustentada da existência de meios capazes de implementar o automatismo de Auto-Cicatrização proposto, ao nível de controladores lógicos, protocolos e tecnologias de comunicações. Serão utilizadas como base as metodologias e conclusões das dissertações de mestrado dos Engenheiros Rui Parreira e David Cerdeira, “Implementação Normalizada de Automatismos de Subestações de Energia especificados por Redes de Petri” [4] e “Smart Grids Implementação Distribuída, em Arquiteturas 61850 em Subestações de Energia, de Automatismos Programados segundo a norma 61131-3” [3], sendo ainda apresentadas considerações finais relativamente às tecnologias de comunicação atualmente existentes bem como as adaptações necessárias para a sua aplicação. 5.1 Implementação Normalizada Tendo como base deste a trabalho a descrição de um sistema de Auto-Cicatrização genérico capaz de operar ao nível da rede, interagindo com equipamentos de diversos fabricantes, tem-se como objectivo primário a adopção de arquiteturas assentes em normas internacionais, tanto ao nível das linguagens de programação de autómatos como ao nível dos protocolos de comunicações. 5.1.1 CEI 61131 A norma CEI 61131 – “Programmable Controllers” surgiu em 1993 com o objectivo de uniformizar o ambiente de programação de PLCs, fornecendo um conjunto de requisitos de compatibilidade para os novos sistemas de programação de autómatos, tanto ao nível de hardware como de software. A norma é composta por oito partes distintas, sendo a mais relevante para este trabalho a parte três (61131-3) onde são descritas as linguagens de programação de autómatos, constituídas por duas linguagens gráficas: Ladder e SFC – GRAFCET e duas linguagens textuais: Instruction List (IL) e Structured Text (ST), na Figura 5.1 encontram-se exemplos das quatro linguagens descritas pela CEI 61131-3. A norma CEI 61131-3 não consiste num conjunto rígido de regras a que todos os fabricantes terão necessariamente que obedecer de modo a serem compatíveis, mas sim um guia para a programação de PLCs devendo cada fabricante fornecer na sua documentação que partes da norma são compatíveis, que partes não se encontram implementadas e que partes são incompatíveis. 50 Ladder Diagram (LD) Sequential Function Chart (SFC-GRAFCET) Structured Text (ST) Instruction List (IL) Figura 5.1 – Linguagens da Norma CEI 61131-3 (adaptado de [3]) 5.1.2 CEI 61850 A norma CEI 61850 - “Communication Networks and Systems in Substations” surgiu em 2003 com o objectivo de criar um protocolo de comunicações normalizado baseado em Ethernet que permitisse a interoperabilidade entre dispositivos de diferentes fabricantes conectados a uma mesma rede de comunicações. Na parte 7-2 da CEI 61850 – “Abstract Communication Service Interface (ACSI)” é definido um serviço de comunicação: as mensagens GOOSE – “Generic Oriented Object Substation Event”, que permitem a transmissão de vários tipos de informação pelos diversos dispositivos físicos da rede. Este serviço é do tipo “anunciação”, baseado no princípio escritor/subscritor com comunicação peer-to-peer, permitindo por isso elevadas velocidades de transmissão de dados, adequadas ao controlo e monitorização em tempo real. Outra característica importante das GOOSE é o facto de serem mapeadas diretamente em Ethernet (Layer 2 do Modelo OSI), evitando por isso a necessidade de processamento das layers intermédias (Figura 5.2). Figura 5.2 - Modelo OSI da CEI 61850 (extraído de [7]) 51 5.2 Arquitetura do Sistema Em [6] foi apresentada uma metodologia para implementação de funções de comando e controlo para subestações especificadas em RdP sobre a CEI 61850, a qual foi parcialmente implementada em [3] e [4]. Por forma a ultrapassar a complexidade de uma implementação direta de controladores de RdP utilizando as mensagens GOOSE da CEI 61850, é proposta uma abordagem em que todo o domínio de controlo das RdP é centralizado num Function Block (FB) executado num controlador dedicado. Este controlador recebe os valores das variáveis necessárias ao seu funcionamento, calculados de forma distribuída através de lógica proposicional nos diversos DEIs e envia comandos de manobra para os equipamentos primários. As comunicações entre o controlador centralizado e os DEIs são efetuadas por meio de mensagens GOOSE. O sistema utiliza assim uma arquitetura mista, em que se encontra centralizado o processamento num único controlador utilizando uma das linguagens da CEI 61131-3 e é distribuída a criação dos predicados lógicos necessários ao seu funcionamento. As informações necessárias para a criação dos predicados lógicos são comunicadas aos diferentes DEIs de forma hardwired pelo equipamento primário na subestação, sendo posteriormente pré-processadas e comunicadas via GOOSE ao controlador central. O processo inverso é utilizado para comunicação dos comandos do controlador ao equipamento primário. A ilustração desta metodologia encontra-se na Figura 5.3. Figura 5.3 – Arquitetura: Automação e fluxo de informação Com efeito, não existe a necessidade da criação de predicados de forma distribuída nos diversos DEIs, no entanto, pode aproveitar-se a limitada lógica programável existente nos mesmos para a optimização da capacidade de processamento do controlador das RdP. Toda a arquitetura do sistema assenta assim nas duas normas fundamentais descritas anteriormente, a CEI 61131 para a definição do controlador lógico e a CEI 61850 para a definição de um sistema de comunicações configurável. 52 5.2.1 CEI 61850: Comunicações entre Subestações Criada inicialmente com o intuito de estabelecer um standard para comunicações dentro da subestação baseado em Ethernet LAN (Local Area Network), a primeira edição da CEI 61850 deixou de fora qualquer tipo de funções que por definição necessitam de estabelecer comunicações entre subestações, nomeadamente funções de proteção diferencial e teleproteção. Com o objectivo de colmatar esta necessidade foi publicada uma segunda edição, que incluía a parte 61850-90-1 para comunicações entre subestações. Atualmente, com o crescente desenvolvimento de sistemas de automação distribuída e aumento das necessidades de transmissão de informação, encontram-se em desenvolvimento novas partes da norma no formato de relatórios técnicos e não standards: 61850-90-2: “Using IEC 61850 between substations and control centres” 61850-90-5: “Using IEC 61850 for transmitting synchrophasor data, based on IEEE C37.118” 61850-90-6: “Using IEC 61850 for distributed automation” Mantendo o foco no objectivo deste trabalho, o problema consiste no desenho de uma arquitetura capaz de suprimir as necessidades de comunicações essenciais ao funcionamento do automatismo, mantendo simultaneamente tempos de transmissão aceitáveis. Naturalmente que é impossível definir a priori qual a arquitetura de telecomunicações a implementar, uma vez que seria necessário ter em consideração todos os outros tipos de informação a transmitir no contexto de um SEE. Esse é um trabalho a desenvolver por cada utility em particular, tendo em consideração o seu próprio sistema e necessidades. Podemos no entanto tecer considerações sobre a utilização da CEI 61850 nos diversos tipos de redes de comunicações bem como identificar as suas limitações e benefícios. Será dado especial foco sobre os sistemas mais comuns e sobre os quais incide grande parte da investigação. Uma das soluções mais estudadas atualmente é a utilização de WANs, proprietárias ou não, para as diferentes utilities como backbone de uma rede de comunicações. A sua grande capacidade de alcance e flexibilidade constitui um atrativo não só para comunicações no âmbito da automação e controlo, mas também de todo e qualquer tipo de informação relativa ao SEE, integrando as diversas subestações, centros de controlo e comando e centros produtores. O maior desafio é assim, a utilização dos serviços GOOSE da CEI 61850 através de uma rede deste tipo, cumprindo todos os requisitos de segurança, largura de banda e velocidade de transmissão. Sendo as mensagens GOOSE definidas na CEI 61850 do tipo multicast (one-to-many) mapeadas diretamente na layer 2 do modelo OSI (Ethernet) e portanto direcionadas para o 53 uso no interior de uma LAN, a sua utilização para comunicações externas levanta diversos problemas: A ethernet não é compatível com comunicações em larga escala. A ethernet não é um protocolo mapeável. Na Layer 2 as mensagens são direcionadas através da utilização de bridge tables, constituídas por mac addresses dos diversos elementos da rede cuja população, com elevadas quantidades de endereços, poderá destabilizar todo o sistema de comunicações. De facto, a transmissão de mensagens GOOSE para o exterior é limitada no interior da própria LAN pelos routers da subestação. Os routers são dispositivos instalados na rede, que examinam o tráfego de chegada e reencaminham a informação para o seu destinatário. Parte da sua função é assim bloquear a transmissão em multicast/broadcast das mensagens GOOSE para toda a WAN uma vez que impede o envio de qualquer mensagem que não seja mapeada por IP. Este problema é contornável através da utilização de técnicas que permitam o mapeamento de mensagens GOOSE por IP: Gateways – Utilizadas em sistemas que necessitem de baixa largura de banda, as gateways funcionam como replicadores de informação, em que o remetente converte a mensagem para o protocolo de transmissão, sendo esta posteriormente reconvertida para o formato original no receptor. Uma vez que se trata de um sistema de baixa largura de banda com necessidade de um equipamento específico não é viável a sua utilização para a este estudo, estando sobretudo direcionada para efeitos de teleproteção. Tunneling / Encapsulation – Consiste na transmissão de informação criada segundo um determinado protocolo que necessita de ser transmitida por um protocolo diferente. A informação é encapsulada por cabeçalhos que permitam o seu mapeamento, sendo posteriormente transmitida e reconvertida para o seu formato original no ponto de chegada. Aplicada às mensagens GOOSE, consiste na adição de IP headers que permitam o mapeamento da mensagem através da WAN, sendo posteriormente reconvertida no seu formato original no interior da LAN de cada subestação. O termo encapsulation refere-se ao processo de adição e subtração de cabeçalhos mapeáveis, enquanto que o termo tunneling engloba este processo bem como a criação de um caminho point-to-point para transmissão da informação. Os processos mais comuns são o GRE (Generic Routing Encapsulation) Tunneling, Layer 2 Tunneling Protocol e o MPLS (Multi Protocol Label Switching). Ainda que existam soluções para a transmissão de mensagens GOOSE através da WAN, é necessário assegurar que são cumpridos os requisitos de qualidade de serviço, inclusivamente nos períodos de maior tráfego. Sendo as mensagens GOOSE baseadas no 54 principio escritor/subescritor, não existe hipótese de confirmar que uma mensagem enviada por um determinado DEI foi recebida por todos os destinatários que subescreveram essa informação. Com o objectivo de assegurar que todos os destinatários recebem uma determinada informação, são enviadas múltiplas cópias da mesma mensagem com um intervalo de tempo variável e parametrizável. Ao nível de mensagens críticas, estas são enviadas a ritmo decrescente, começando tipicamente com intervalos de poucos milissegundos, até 1 a 2 segundos. Este facto, leva a uma proliferação do tráfego de mensagens por toda a rede de comunicações, especialmente aquando da existência de defeitos e operações na rede, altura em que os tempos de transmissão são especialmente críticos e o número de mensagens aumenta em larga escala. Assim, a reconfiguração dos routers e switches para permitir a transmissão deste tipo de mensagens através de toda a rede, incluindo as diversas subestações, significa que uma determinada mensagem publicada iria ser transmitida para todas as subestações e equipamentos conectados, gerando um quantidade desnecessária de tráfego e consumo de largura de banda, além de exigir uma maior capacidade de processamento dos DEIs existentes. Uma das soluções para o problema é a utilização de VLANs (Virtual Area Networks). VLAN é uma técnica de segmentação de diferentes elementos da rede através de software. A sua implementação permite que os equipamentos associados a uma determinada VLAN, ainda que conectados a uma rede com mais elementos, se comportem como se estivessem associados a uma única LAN. Uma vez que é implementada através de software, as VLANs são altamente flexíveis, permitindo ainda a configuração dos recursos disponíveis, como a alocação de uma largura de banda dedicada ou privilégios de acesso. A utilização de VLANs permite assim a utilização dos recursos existentes de forma mais eficiente, impedindo o congestionamento da rede global através de uma transmissão seletiva do tráfego proveniente das subestações (ou outros). Antes da utilização de um sistema WAN/VLAN é necessário ter consideração alguns problemas. Em [8] e [9] foram detalhados os seguintes: Um problema na layer 2 de qualquer uma das subestações conectadas à VLAN é propagado a todas as subestações pertencentes a essa mesma VLAN. Se o número de subestações interligadas for elevado poderá ainda ocorrer uma sobrecarga dessa rede específica, uma vez que todas as subestações recebem todas as mensagens GOOSE, independentemente de serem os destinatários finais ou não. A utilização de múltiplas VLANs para ultrapassar o problema mencionado, cria problemas de manutenção e gestão do sistema. 55 A rede deverá ser configurada por forma a assegurar que mensagens mais críticas são mapeadas através do caminho mais curto. É necessário assegurar que a rede possui largura de banda suficiente de modo a assegurar os requisitos de velocidade de transmissão e de mensagens “perdidas”. Apesar das questões mencionadas foram já instaladas algumas redes de comunicações utilizando este sistema, em redes de distribuição e transmissão e em escalas relativamente pequenas (algumas dezenas de subestações), mostrando assim a viabilidade da utilização da CEI 61850 fora do domínio de uma subestação. A abordagem descrita em [3], [4] e [6] previa a existência de um controlador central colocado horizontalmente em termos de rede de comunicações com os restantes DEIs. Aplicando os conceitos introduzidos de comunicação entre subestações podemos então definir que o controlador não terá necessariamente de ser integrado numa subestação, mas poderá ser, por exemplo, instalado no centro de comando da rede, sendo a sua ligação apenas dependente da arquitetura de comunicações projetada e tendo sempre como preferência os lugares com maior largura de banda. A Figura 5.4 representa uma configuração genérica do sistema. Figura 5.4 - Arquitetura simplificada do sistema de informação 5.2.2 Conversão de Redes de Petri O presente automatismo foi especificado utilizando RdP devido à capacidade de análise formal matemática das propriedades e funcionamento do sistema, bem como pela facilidade de interpretação gráfica de sistemas complexos. No entanto, as RdP não fazem parte das linguagens normalizadas da automação, pelo que os sistemas de controlo atualmente existentes não são programáveis segundo as suas especificações. 56 Existem diversos métodos de conversão de RdP para as diversas linguagens normalizadas, existindo inclusivamente software capaz de fazer a sua transcrição automática. Em [3] foi apresentado o programa SIPN Editor – Signal Interpreted Petri Nets, que através da descrição de uma Rede de Petri, permite efetuar a sua conversão para Instruction List (IL), permitindo ainda adicionar código IL específico, associado a cada uma das transições e lugares. Esta última propriedade é de extrema importância para a aplicação de Redes de Petri interpretadas em sistemas de automação, uma vez que a transposição de transições necessita da validação de determinadas expressões constituídas por varáveis booleanas (predicados lógicos), que terão de ser inseridas na forma de código. Adicionalmente, associado a cada lugar da RdP encontram-se ações a executar pelo automatismo, quer seja internamente ou através do envio de ações de execução para equipamentos externos. Mais uma vez é sempre necessária a introdução de código IL especifico a cada lugar. 5.2.3 Controlador Lógico Em [4], foram estudadas duas soluções distintas quanto ao controlador lógico em que seriam implementados os automatismos. A primeira solução consiste numa implementação distribuída, sendo utilizada a lógica programável dos DEIs existentes nas subestações. Esta abordagem verificou-se impraticável por duas razões fundamentais. A primeira reside na pequena quantidade de lógica programável que os DEIs têm disponível, sendo impossível programar automatismos com algum com grau de complexidade. A segunda, porque os DEIs seguem variadas normas de programação, sendo assim necessária a adaptação do código anteriormente convertido para CEI 61131-3 de acordo com as práticas dos diferentes fabricantes. A segunda solução, consiste na implementação centralizada de todo o automatismo num único equipamento. Este equipamento poderá ser um PLC convencional ou então um computador onde é executado um controlador lógico através de software (Soft-PLC). Independentemente do equipamento utilizado é necessário ter em consideração alguns requisitos: 5.3 Capacidade de suportar a totalidade do código do automatismo Suporte para a CEI 61131-3 Suporte para as necessidades de comunicação entre os diferentes equipamentos Suporte para a CEI 61850 Tecnologias e Infra estruturas de Comunicação No ponto anterior foram tecidas considerações sobre as possibilidades para uma arquitetura de implementação do automatismo de Auto-Cicatrização, tanto ao nível do sistema de controlo como do sistema de comunicações. 57 São agora discutidas algumas das tecnologias e infra estruturas de comunicações com maior relevância (layer 1 do modelo OSI), tanto para este estudo como para o projeto integrado de uma rede de comunicações que permita a implementação das diversas componentes de uma smart grid. 5.3.1 Fibras Ópticas As fibras ópticas são o melhor meio físico de transmissão de dados para todas as necessidades de comunicações. Além de oferecerem uma grande largura de banda e capacidade de transmissão não são susceptíveis a interferências electromagnéticas. Para além de serem já amplamente utilizadas em subestações, são já de uso corrente nas linhas de transmissão e distribuição de eletricidade. Os dois tipos de cabos mais comuns são o OPGW (Optical Power Ground Wire), utilizado como substituto de cabos de guarda e o ADSS (All Dielectric Self-Supporting), que não sendo tão robusto como o OPGW tem no entanto completa imunidade electromagnética podendo ser ligado diretamente ao condutor de uma das fases. A principal desvantagem no uso de fibras ópticas reside no custo elevado de instalação, nomeadamente no caso em que as linhas eléctricas se encontram já construídas (live line instalation). No entanto, no caso de novos investimentos apresentam o melhor rácio custobenefício. 5.3.2 BPLC (Broadband Power Line Carrier) A tecnologia BPLC utiliza as linha eléctricas como meio de comunicação de ondas de alta frequência, permitindo a transmissão de dados na ordem de alguns Mbps. A maior vantagem na utilização deste sistema consiste na utilização de infra estruturas já existentes como meio de comunicação, reduzindo consideravelmente os custos de investimento e de operação. No entanto, a relativa baixa capacidade de transmissão de dados impossibilita a sua utilização como backbone de um sistema integrado de comunicações, sendo ainda assim uma solução viável para o last mile access, possibilitando o acesso a locais remotos ou de difícil acesso. Para além das limitações de velocidade de transmissão, existem ainda dificuldades de nível técnico, tal como referido em [16], dado que este tipo de tecnologia utiliza o mesmo espectro de frequência que outros operadores licenciados podendo ocorrer interferências para ambas as partes. 5.3.3 Tecnologias Móveis (GPRS/UMTS/HSPA/LTE) A utilização de tecnologias móveis revela-se bastante atrativa para o desenvolvimento de uma rede de comunicações na área dos sistemas de energia, devido principalmente à sua grande área de cobertura. No entanto, revela-se impraticável a construção de um sistema proprietário com qualquer uma destas tecnologias, passando a solução pela utilização das redes comerciais atualmente existentes. 58 A sua utilização é assim essencialmente a extensão da cobertura de redes privadas de comunicações para atividades menos críticas ou para locais difícil acesso, nomeadamente para funções de monitorização ou de transmissão de leituras de contadores de energia. A sua aplicação a sistemas de automação distribuída encontra-se ainda em discussão. As tecnologias atuais permitem já velocidades de transmissão consideráveis, variando entre 50 kbit/s no GPRS, os 400 kbit/s no UMTS, os 10 Mbp/s no HSPA ou os 50 Mbp/s no LTE. Ainda assim, é necessário ter em consideração diversos factores antes da escolha de um sistema de comunicações móveis para utilização em redes de energia. A utilização de redes comercias tem associados problemas de segurança. Ainda que exista uma evolução ao nível de protocolos de segurança associados a cada uma das tecnologias, a transmissão de dados sensíveis deverá ser sempre considerada um risco. A velocidade de transmissão não se encontra assegurada para mensagens críticas, que necessitam de cumprir requisitos severos de latência. Uma vez que a gestão das redes é exterior ao proprietário das redes de distribuição, seria necessário reservar a priori uma largura de banda para transmissão de informação crítica. Por fim, é necessário ter ainda em consideração a tarifa de utilização do serviço, em função da largura de banda requisitada e a previsão de transmissão de dados. Só a partir daí seria possível efetuar uma análise custo-benefício comparativa, entre a utilização de redes comerciais e os restantes sistemas proprietários. 5.3.4 WiMAX / WiGRID O WiMAX ou Worldwide interoperability for Mircrowave Access é uma tecnologia rádio baseada no protocolo IEEE 802.16 (Broadband Wireless Access), que proporciona a criação de uma LAN sem fios com uma velocidade máxima de 10 Mbps (extensível até 50 Mbps com IEEE 802.16m). Ainda que a capacidade de transmissão de dados e a qualidade de serviço sejam inferiores às providenciadas por uma rede de fibra óptica, as tecnologias wireless ganham novo destaque com a necessidade de acomodar as novas aplicações nos sistemas de energia, nomeadamente automação e produção distribuída ou o AMI (Automatic Meter Infrastructure). Considerando as novas aplicações, existe a necessidade de a rede de comunicações e automação se expandir para fora do domínio da subestação, com cobertura de áreas substancialmente maiores e com múltiplos pontos de interação. É neste ponto que as tecnologias sem fios se tornam virtualmente as únicas possibilidades viáveis. Neste campo, a utilização da tecnologia WiMAX traz inúmeras vantagens para a utilização em sistemas de energia eléctrica, nomeadamente: (adaptado de [14]) 1. Rede Privada – O WiMAX é a única tecnologia wireless no mercado em que é possível implementar uma rede privada de larga escala baseada em standards 59 universais, o que conduz à conjugação da facilidade de controlo e fiabilidade de uma rede privada com a interoperabilidade de equipamentos baseados em standards. 2. Qualidade de Serviço – O WiMAX contém mecanismos embebidos que permitem a distinção entre diversos tipos de tráfego que poderão ser tratados de forma diferenciada ao nível das necessidades de largura de banda, velocidade mínima de transmissão, entre outros. 3. Escala – O WiMAX permite a criação de redes de larga escala com uma banda de frequência limitada, sendo possível a criação de uma rede com um único canal de frequência. Esta vantagem é particularmente relevante no caso de uma rede privada, em que o espectro de frequência disponível é limitado ou pode acarretar custos elevados. Ainda que oferecendo claras vantagens perante as restantes tecnologias móveis, existem alguns pontos que dificultam a implementação de uma rede WiMAX: (adaptado de [14]) 1. Access Service Network (ASN) Gateway – Com a utilização de redes comerciais, todo o tráfego necessita de ser mapeado com GRE Tunnel (ver 5.2.1), até ao ASN Gateway, implicando que todo o tráfego poderá ter de ser transmitido através de longas distâncias, ainda que o remetente e o destinatário se encontrem relativamente próximos. 2. O WiMAX suporta unicamente tráfego mapeado sobre IP, não permitindo assim a utilização de mensagens GOOSE diretamente sobre Ethernet. Se tal pode não ser um obstáculo no que toca a um backbone de informação, levanta algumas limitações na expansão da automação da subestação. Com o objectivo providenciar uma maior facilidade na constituição de redes privadas de WiMAX ao nível industrial e de utilities, constituiu-se uma nova tecnologia denominada por WiGRID, que baseada no WiMAX, responde a critérios e requisitos diferentes, especificados tendo em consideração as novas aplicações. Tendo em vista a utilização do WiGRID nos sistemas de energia foram estabelecidos requisitos pelo WiMAX Forum: System Profile Requirements for Smart Grid Applications [18]. Estes requisitos são o resultado de um benchmark de diversas utilities, bem como dos casos práticos já existentes utilizando a tecnologia WiMAX. A principal diferença é o mapeamento direto sobre Ethernet, permitindo assim a comunicação direta na layer 2 através de mensagens GOOSE. Foram ainda estabelecidos novos requisitos, nomeadamente ao nível de velocidade de transmissão, robustez, cobertura e segurança da rede. 60 5.4 Sistemas de Comunicações: Considerações Finais A escolha de uma infraestrutura de comunicações fiável, eficiente e segura é imprescindível para o sucesso da implementação de uma arquitetura de automação distribuída, bem como de automatismos como o apresentado ao longo deste trabalho. No entanto esta escolha não é linear e é fortemente dependente das características e necessidades de cada utility. Em [21] são definidos alguns dos factores que influenciam esta decisão: Cobertura geográfica necessária Capacidade de transmissão Velocidade de transmissão Disponibilidade e fiabilidade Segurança Preço A importância de cada um destes factores depende assim das necessidades específicas de cada utility, devendo cada implementação ser analisada caso a caso. É no entanto importante realçar que todas as tecnologias descritas anteriormente (com exceção do PLC) permitem a construção de uma arquitetura capaz de suportar todas as necessidades de comunicação inerentes à implementação do automatismo de auto-cicatrização descrito nos capítulos 3 e 4. De seguida, são descritos alguns casos práticos de arquiteturas de sistemas de comunicações, construídas com o objectivo de implementar algumas das funções inerentes ao conceito de smart grid. Em todos os exemplos as redes foram projetadas caso a caso, tendo em vista a satisfação de necessidades específicas. A empresa espanhola EPRESA, conjuntamente com a RuggedCom Siemens, desenvolveu uma das primeiras redes de comunicações integradas de modo a possibilitar a implementação de diversas funções, nomeadamente: Integração do AMI Automação distribuída Acesso em tempo real a câmaras de vídeo VoIP e Internet para utilizadores domésticos A solução adoptada consiste num backbone de comunicações com uma arquitetura de múltiplos anéis em fibra óptica que interligam múltiplas subestações (≈100) e o centro de comando operacional. De forma a complementar a sua rede de comunicações, o last mile access, principalmente para o AMI, automação distribuída e locais de maior dificuldade de acesso, foi efetuado através de outras tecnologias como o WiMAX, PLC e ADSL. Foram assim integradas, numa única solução, a maioria das tecnologias atualmente disponíveis no mercado. [22] 61 Com uma escala mais pequena, a A&N Electric Cooperative, implementou um sistema de FLIR (Fault Location, Isolation and Restoration) conjuntamente com a RuggedCom Siemens com o objectivo de melhorar a qualidade de serviço na rede. Ao nível das comunicações, a solução consistiu na extensão da LAN da subestação aos diversos disjuntores, seccionadores e aparelhos de medida disponíveis na rede. As informações dos diversos equipamentos são transmitidas utilizando mensagens GOOSE através de WiMAX, com velocidade e largura de banda suficientes para a satisfação dos requisitos de tempo para proteção. Por fim, outro caso de sucesso foi a implementação de sistemas de comunicação para proteção, comando e medida por parte da Southern California Edison Company, integrando numa única rede dezenas de subestações. A infraestrutura consiste em diversos anéis de fibra óptica conectando as principais subestações, bem como derivações em fibra óptica para as restantes subestações. Os locais sem acesso de fibra óptica são conectados através de canais microondas digitais [15]. Em todas as soluções foram ainda utilizadas VLANs para a segregação de tráfico e atribuição de largura de banda específica, consoante o tipo de informação e equipamentos. Ainda que as tecnologias e protocolos utilizados variem de solução para solução, bem como os requisitos de tempos de transmissão, é possível estabelecer alguma relação entre as diversas tecnologias no que respeita aos diversos parâmetros a ter em consideração na escolha de um sistema de comunicações. Na Figura 5.5 encontra-se uma tabela resumo de comparação, extraída de [24], entre diversas tecnologias e ao nível dos critérios anteriormente discutidos. Figura 5.5 – Comparação de Tecnologias de Comunicação (extraído de [24]) 62 6 Conclusões e Trabalhos Futuros 6.1 Conclusões A atual evolução dos sistemas de energia eléctrica no sentido de uma rede inteligente, pressupõe a criação de mecanismos que permitam o rápido restauro da rede em caso de incidentes, contribuindo assim para a melhoria da qualidade de serviço e a diminuição tanto do tempo de interrupção como da energia não fornecida. O objectivo principal deste trabalho é o desenvolvimento de uma metodologia que permita a criação de um automatismo capaz de implementar esta funcionalidade. Tendo como base a análise dos automatismos atualmente existentes em subestações, o produto final obtido permite o alargamento do domínio operacional desses automatismos a toda uma rede de distribuição. É ainda importante frisar que a solução desenvolvida tem um carácter genérico, pretendendo-se assim que esta metodologia não seja constrangida a uma rede de distribuição particular, com situações e requisitos específicos, mas que tenha um carácter global, adequando-se à generalidade das redes de distribuição em Média Tensão, sendo capaz de suportar as especificidades de cada uma através da sua correta parametrização. Assim, de acordo com os objectivos traçados para este trabalho, e seguindo a metodologia de especificação de automatismos, foram concretizados com sucesso os seguintes pontos: Estabelecimento dos requisitos operacionais – Os requisitos operacionais já existentes para a operação de recurso em subestações foram reformulados de modo a incluir as novas possibilidades de recurso. Foram ainda estabelecidos novos requisitos ao nível da rede, com o objectivo de garantir a segurança e fiabilidade da operação do automatismo de auto-cicatrização. Definição do princípio de funcionamento – Através da identificação de topologias dinâmicas, foram definidos os princípios de funcionamento de um automatismo de autocicatrização, capaz de satisfazer os requisitos operacionais delineados. Foram assim criados dois automatismos independentes que, conjuntamente são capazes de realizar a operação de recurso. O Automatismo de Operação de Recurso, responsável pelo comando dos aparelhos de corte e pela escolha de opções de ligação, e automatismo de Gestão da AutoCicatrização, responsável pela detecção de topologias dinâmicas da rede e pelo processamento de pedidos de realimentação. Especificação em Redes de Petri – Os automatismos descritos anteriormente foram especificados em Redes de Petri, traduzindo o seu correto funcionamento de acordo com os princípios operacionais definidos. Após a estruturação das Redes de Petri, foi efetuada a verificação da correção do modelo, através de uma cuidadosa análise das suas propriedades. Com a utilização de software 63 especifico, foi possível garantir a estabilidade das RdP através da limitação do número de marcações, a sua vivacidade e inexistência de deadlocks. Através da análise estrutural das RdP, ao nível de invariantes de transições e lugares, foi ainda possível garantir o seu correto funcionamento operacional, sendo observável a concordância entre a execução das mesmas e os requisitos definidos. Por fim, são tecidas considerações sobre as possibilidades de implementação de todo o automatismo, tendo em conta as normas internacionais de programação de controladores (CEI 61131) e de comunicações para subestações (CEI 61850). Foi assim desenvolvida uma arquitetura para implementação de um controlador lógico no qual é processado todo o funcionamento do automatismo. Esta arquitetura foi baseada nas conclusões de [4]. A extensão do domínio de operação a toda a rede de distribuição, envolve a transmissão de elevadas quantidades de informação em tempo real e com um espaço geográfico que se estende muito para além de uma subestação. Assim, com o objectivo de viabilizar a implementação do automatismo, foram discutidas as diversas possibilidades de utilização da norma CEI 61850 (mensagens GOOSE), fora do contexto da subestação, bem como os diversos meios de comunicação existentes, capazes de transmitir o volume informação necessário. Adicionalmente, foram ainda apresentados alguns sistemas de comunicação já implementados, evidenciando as tecnologias e arquiteturas utilizadas. 6.2 Trabalhos Futuros Ainda que a metodologia se encontre definida, torna-se agora necessário demonstrar o seu correto funcionamento operacional através da implementação de todo o sistema aplicado a uma rede específica. Para tal, destacam-se os seguintes passos: Implementação do controlador lógico, isto é, transcrever os automatismos definidos para CEI 61131-3 e executá-los num controlador lógico, quer em PLC (hardware) ou softPLC (software), segundo as metodologias definidas em [4], assegurando sempre a compatibilidade com a CEI 61850. Implementação em CEI 61850. Tendo por base uma rede real, efetuar a configuração de todo o sistema de comunicações, através das criação dos ficheiros SCD e ICD previstos na CEI 61850, à semelhança do trabalho efetuado em [3]. Estudo das tecnologias de comunicação. A utilização de mensagens GOOSE fora do domínio da subestação foi brevemente descrita ao longo deste trabalho, no entanto, sendo no entanto escassas as referências às suas reais possibilidades de utilização, nomeadamente os tempos de transmissão, dependendo dos sistemas utilizados, e qual a sua performance em função da tecnologia. 64 Referências Bibliográficas [1] J. L. Pinto de Sá, “Automatismos Comunicantes em Subestações de Distribuição”, Tese de Doutoramento, Universidade Técnica de Lisboa, Março 1988 [2] James L. Peterson, Petri Net Theory and the Modelling of Systems, Prentice-Hall, 1981 [3] D. Cerdeira, “Implementação Distribuída, em Arquiteturas 61850 em Subestações de Energia, de Automatismos Programados Segundo a Norma 61131-3”, Dissertação de Mestrado, Universidade Técnica de Lisboa, Novembro 2011 [4] R. Parreira, “Implementação Normalizada de Automatismos de Subestações de Energia especificados por Redes de Petri”, Dissertação de Mestrado, Universidade Técnica de Lisboa, Dezembro 2011 [5] K. P. Brand, W. Wimmer, “Use of distributed topology detection for applications in Substation Automation”, IEEE Bucharest Power Tech Conference, Junho 2009 [6] J. L. Pinto de Sá, R. 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Qureshi et al., “A communication architecture for inter-substation communication”, in IEEE 8th International Conference on Computer and Information Technology Workshops, 2008 © IEEE. doi: 10.1109/CIT.2008.Workshops.55 [20] K. John and M. Tiegelkamp, IEC 61131-3: Programming Industrial Automation Systems, Alemanha, Springer, 2001 [21] R. Uluski, G. Gilchrist (2000, Abril 1), Communications for Distributed Automation [Online]. Disponível em: http://www.elp.com [22] RuggedCom, EPRESA in Spain chooses RuggedCom for developing its Smart Grid [Online]. Disponível em: http://www.ruggedcom.com [23] LTE for Utilities, White Paper, Ericsson, Setembro 2013 [24] KEMA, Why Mobile for Smart Utilities?, GSM Association, Fairfax Virginia, Junho 2011 [25] A. Kostin, “Using Transition Invariants for Reachability Analysis of Petri Nets” in Petri Net, Theory and Applications, V. Kodric, I-Tech Education and Publishing, Vienna, Fevereiro 2008, pp. 534 66 Anexo A – Propriedades das Redes de Petri Neste anexo são detalhadas as propriedades das RdP bem como metodologias para a sua análise, aplicadas no contexto de verificação do funcionamento de automatismos. A.1 Propriedades Dinâmicas das Redes de Petri Acessibilidade (Reachability) A acessibilidade constitui o principal problema da análise de uma Rede de Petri: Definição A.1: Acessibilidade: Dada uma RdP 𝑅 = (𝑃, 𝑇, 𝐼, 𝑂, 𝜇0 ) e uma marcação 𝜇 ′ , µ′ ∈ ℛ(R, µ0 )? A função ℛ , representa todas as marcações acessíveis a partir da marcação inicial µ0 . Existem diversas formas de análise deste problema. A técnica mais utilizada, é a construção da Reachability Tree, que consiste em calcular iterativamente todas as marcações possíveis até regressar à marcação inicial ou a uma marcação já calculada. Apesar das diversas técnicas de redução desta árvore, o seu cálculo é extremamente dispendioso computacionalmente para redes extensas e não binárias, como é o caso das redes analisadas no Anexo C. Limitação Uma RdP diz-se limitada se, dada uma marcação inicial, para todo o espaço de estados possível, o número de tokens em cada lugar é sempre inferior ou igual a k. Definição A.2: Um lugar 𝑝𝑖 de uma RdP 𝑅 = (𝑃, 𝑇, 𝐼, 𝑂, 𝜇0 ) , considera-se k-limitada sse: ∀ 𝜇′ ∈ ℛ(𝑅, 𝜇0 ), 𝜇 ′ (𝑝𝑖 ) ≤ 𝑘 . Uma RdP considera-se k-limitada se todos os seus lugares verificarem a condição. Segurança / Rede Binária Um lugar de uma RdP considera-se seguro, se para todo o espaço de estados de uma dada marcação inicial, o número de tokens nesse mesmo lugar for sempre inferior ou igual a 1. Uma rede segura, é uma rede limitada com k=1. Definição A.3: Um lugar pi de uma RdP R = (P, T, I, O, µ0 ), considera-se segura sse: ∀ µ′ ∈ ℛ(R, µ0 ), µ′ (pi ) ≤ 1. Uma RdP considera-se segura se todos os seus lugares verificarem a condição. Conservação Uma RdP diz-se conservativa se o somatório ponderado de tokens se mantiver constante para todo o espaço de estados. Uma RdP diz-se estritamente conservativa se o somatório de tokens se mantiver constante para todo o espaço de estados. 67 Definição A.4: Uma RdP 𝑅 = (𝑃, 𝑇, 𝐼, 𝑂, 𝜇0 ) é estritamente conservativa se, ∀ µ′ ∈ ℛ(R, µ0 ), ∑ 𝜇′(𝑝𝑖 ) = ∑ 𝜇(𝑝𝑖 ) 𝑝𝑖 ∈𝑃 𝑝𝑖 ∈𝑃 Definição A.5: Uma RdP 𝑅 = (𝑃, 𝑇, 𝐼, 𝑂, 𝜇0 ) , com um vector 𝑤 = (𝑤1 , … , 𝑤𝑛 ), 𝑛 = |𝑃| é ′ conservativa se, ∀ µ ∈ ℛ(R, µ0 ), ∑ 𝑤𝑖 . 𝜇′(𝑝𝑖 ) = ∑ 𝑤𝑖 . 𝜇(𝑝𝑖 ) 𝑝𝑖 ∈𝑃 𝑝𝑖 ∈𝑃 Vivacidade A definição de vivacidade encontra-se extremamente próxima da ausência de bloqueios mortais (Deadlocks) numa RdP. Uma RdP diz-se viva se a partir de qualquer marcação obtida a partir da marcação inicial é possível, através de uma qualquer sequência de transições, disparar qualquer uma das transições da rede. Uma rede viva garante assim que não existe nenhuma transição que não possa vir a ser transposta, qualquer que seja a marcação obtida a partir da marcação inicial. A propriedade da vivacidade é por vezes de difícil análise, especialmente em sistemas complexos. Encontram-se assim estabelecidos diferentes níveis de vivacidade: Nível 0: Uma transição tj é de nível 0 se nunca poder ser transposta Nível 1: Uma transição tj é de nível 1 se for potencialmente transposta, isto é, existe uma marcação u’ que permite a transposição de tj. Nível 2: Uma transição tj é de nível 2 se para qualquer número n, existe uma sequência que permite a transposição de tj n vezes. Nível 3: Uma transição tj é de nível 3 se existir uma sequência infinita de transições em que tj é transposta infinitas vezes. Nível 4: Uma transição tj é de nível 4 se para qualquer marcação existir um sequência de transições que permita a transposição de tj. Uma RdP diz-se viva de nível-i se todas as suas transições tiverem um nível igual ou superior a i. Uma RdP diz-se viva, se todas as suas transições forem de nível 4. Reinicializável ou Reversível Uma RdP diz-se reinicializável se para qualquer marcação 𝜇 ′ ∈ ℛ(𝑅, 𝜇0 ) , existe uma sequência de transições que permite regressar à marcação inicial µ0 . É necessário ter em consideração que as propriedades de vivacidade e reversibilidade não são iguais, uma rede reinicializável não é necessariamente uma rede viva e vice-versa. 68 A.2 Propriedades Estruturais das Redes de Petri Ao contrário de todas as propriedades dinâmicas definidas anteriormente, as propriedades estruturais das Redes de Petri são independentes da sua marcação inicial µ0 . Considerando a equação fundamental da dinâmica das RdP 𝜇𝑖+𝑘+1 = 𝜇𝑖 + 𝐶. 𝑠̅ e considerando os vectores característicos 𝑓 e 𝜎, tais que: dim(𝑓) = (dim(𝑃) × 1), dim(𝜎) = (dim(𝑇) × 1) Podemos rescrever a equação fundamental da seguinte forma: 𝑓 𝑇 . 𝜇𝑖+𝑘+1 = 𝑓 𝑇 . 𝜇𝑖 + 𝑓 𝑇 . 𝐶. 𝑠̅ Considerando 𝑓 𝑇 . 𝐶 = 0 obtemos a seguinte relação: 𝑓 𝑇 . 𝜇𝑖+𝑘+1 = 𝑓 𝑇 . 𝜇𝑖 = 𝑐𝑡𝑒, ∀𝑖 ∈ ℕ Por outro lado, substituindo na equação fundamental 𝑠̅ por 𝜎 e considerando que 𝐶. 𝜎 = 0, obtemos a relação 𝜇𝑖+𝑘+1 = 𝜇𝑖 = 𝑐𝑡𝑒, ∀𝑖 ∈ ℕ Os vectores 𝑓 e 𝜎, não trivialmente nulos e que resolvam as equações mencionadas definem respectivamente os invariantes de lugares e invariantes de transições de uma determinada RdP. Definição A.6: Definem-se como invariantes de lugar os vectores 𝑓 que sejam a solução da equação: 𝑓 𝑇 . 𝐶 = 0, 𝑓 ≠ 0. Os invariantes de lugar, também designados como componentes conservativas, representam assim lugares de uma RdP cuja soma das marcações se mantém constante para todo o espaço de estados. A definição de invariantes de lugar permite assim estabelecer relações assertivas sobre as condições envolvidas, podendo ser utilizado nas mais diversas análises do funcionamento da rede. Sendo uma das mais importantes, a verificação de exclusão mútua entre lugares. Através da sua análise é possível provar que duas ações, que se pretendem mutuamente exclusivas, não ocorrem simultaneamente. Definição A.7: Definem-se como invariantes de transições os vectores 𝜎 que sejam a solução da equação: 𝐶. 𝜎 = 0, 𝜎 ≠ 0. Os invariantes de transições, também designados por componentes repetitivas estacionárias permitem a determinação de comportamentos repetitivos de uma RdP, permitindo a análise de reversibilidade de uma RdP, bem como a análise de sequências de transições cíclicas e repetitivas. 69 Estabelecem-se agora algumas definições adicionais relativas às propriedades estruturais: Definição A.8: Um invariante total (de lugares ou transições), é um invariante cujo suporte é todo o conjunto de lugares ou transições de uma rede. Definição A.9: Uma RdP é conservativa se tiver um invariante total de lugares, e é repetitiva estacionária se tiver um invariante total de transições. 70 Anexo B – RdP detalhadas de automatismos e autómatos Os autómatos e automatismos apresentados neste Anexo foram já detalhados em [1], apresentando-se aqui uma explanação sumária das suas RdP no contexto deste trabalho. B.1 Autómato Modelador do Transformador Na Figura B.1 encontra-se a representação completa de um autómato que modela um transformador e na Tabela B.1 a respectiva interpretação conforme apresentado em [1]. Figura B.1 - Autómato completo, modelador do transformador (adaptado de [1]) Tabela B.1 - Interpretação da RdP do autómato modelador de transformador Transição Predicados das Transições Legenda da Interpretação t1 𝑐𝑡2 ct1: UAT > 0 t2 ̅̅̅̅ 𝑐𝑡2 ct2: T(X) ligado; T=Transformador t3 𝑐𝑡2 ct3: UMT = 0 na barra a jusante t4 ̅̅̅̅. 𝑐𝑡4 ̅̅̅̅. 𝑐𝑡5 𝑐𝑡2 t5 ̅̅̅̅. 𝑐𝑡3. 𝑐𝑡4 ̅̅̅̅ 𝑐𝑡2 t6 𝑐𝑡1. 𝑐𝑡2 t7 ̅̅̅̅. 𝑐𝑡2 ̅̅̅̅ 𝑐𝑡1 t8 𝑐𝑡2. 𝑐𝑡5. ̅̅̅̅ 𝑐𝑡4 t9 𝑐𝑡2. 𝑐𝑡3. ̅̅̅̅ 𝑐𝑡4. ̅̅̅̅ 𝑐𝑡5 t10 ̅̅̅̅) 𝑐𝑡2. (𝑐𝑡4 + 𝑐𝑡5 t11 𝑐𝑡2. (𝑐𝑡4 + ̅̅̅̅ 𝑐𝑡3) ct4: Defeito interno no transformador ct5: Arranque de Defeito externo no transformador 71 Os lugares do modelo apresentado na Figura B.1 têm a seguinte legenda: T1: Em Serviço T2: Avariado ou sob operador T3: Religável T4: Dependente da U(AT) T5: Fora de Serviço T6: Em Disparo U < MIN T7: Em Disparo RTMP A RdP apresentada é passível de ser simplificada, conservando os lugares mais significativos. Utilizando as seguintes simplificações, obtém-se a RdP apresentada na Figura 2.3. 1. As transições t8 e t9 são substituíveis, arrastando a eliminação dos lugares T6 e T7; 2. As transições t10 e t11 são neutras; 3. O lugar T5 é redundante: m(T5) = m(T2)+m(T4); 4. O lugar T4 é substituível, arrastando consigo a eliminação da transição t6; 5. t5 torna-se idêntica a t5; 6. t7 torna-se neutra; B.2 Autómato Modelador do Barramento Na Figura B.2 encontra-se a representação completa de um autómato que modela um barramento MT e na Tabela B.2 a respectiva interpretação conforme apresentado em [1]. Figura B.2 - Autómato completo, modelador do barramento MT (adaptado de [1]) 72 Tabela B.2 - Interpretação da RdP do autómato modelador de barramento MT Transição Predicados das Transições Legenda da Interpretação b1 𝑐𝑏1 b2 ̅̅̅̅̅ 𝑐𝑏1. ̅̅̅̅̅ 𝑐𝑏4 b3 𝑐𝑏1 b4 ̅̅̅̅̅ 𝑐𝑏1. 𝑐𝑏4 b5 ̅̅̅̅̅ 𝑐𝑏1. 𝑐𝑏2. 𝑐𝑏3 cb4: defeito interno no transformador b6 𝑐𝑏4. 𝑐𝑏5. 𝑐𝑏6 topologicamente ligado à barra b7 ̅̅̅̅̅ 𝑐𝑏4 b8 𝑐𝑏1. ̅̅̅̅̅ 𝑐𝑏4. 𝑐𝑏6. 𝑐𝑏7 b9 ̅̅̅̅̅ 𝑐𝑏7 b10 ̅̅̅̅̅ 𝑐𝑏1. 𝑐𝑏7 cb1: Caminho de alimentação da barra a partir da AT estabelecido. cb2: Barra vizinha acopulada cb3: Barra vizinha religável cb5: Apenas uma fonte de alimentação se encontra ligada à barra cb6: Transformador ligado à barra: Relé contra defeitos externos inativo cb7: disparo do relé de min. de tensão Os lugares do modelo apresentado na Figura B.1 têm a seguinte legenda: B1: Em Serviço B2: Fora de Serviço B3: Religável B4: Em Defeito Interno B5: Com U = 0 A RdP apresentada é passível de ser simplificada, conservando os lugares mais significativos. Utilizando as seguintes simplificações, obtém-se a RdP apresentada em Figura 2.4. 1. As transições b6 e b8 são substituíveis, arrastando a eliminação dos lugares B4 e B5 2. As transições b7 e b9 tornam-se neutras 3. As transições b10 e b11 são idênticas, respectivamente, às transições b4 e b5 B.3 Automatismo de Operação de Recurso As figuras B.3 e B.4 representam o automatismo de Operação de Recurso de uma barra MT, partindo da situação de barra isolada ou barra acopulada (disjuntor interbarras fechado). As opções de recurso poderão ser o de um transformador topologicamente ligado à barra ou uma barra vizinha (caso a barra esteja isolada). Na Tabela B.3 encontra-se a interpretação das duas RdP, conforme apresentado em [1]. 73 Figura B.3 - Automatismo Op. de Recurso partindo de barra isolada (adaptado de [1]) Figura B.4 - Automatismo Op. de Recurso partindo de barras acopuladas (adaptado de [1]) 74 Tabela B.3 - Interpretação da RdP da OR com barra isolada (Fig. B.3) Predicados dos Lugares RECA Condição inicial do automatismo de OR FT1 Liga Transformador FBr Liga Disjuntor Interbarras FBP1 Liga Disjuntor Interbarras REC1 Sucesso (ligação do transformador) REC2 Insucesso (ligação do transformador) REC3 Confirma U>0 REC4 Confirma U>0 Predicados das Transições Rec1 𝑐2 Rec2 ̅̅̅ 𝑐2. 𝑐𝑢9. 𝑐𝑖𝑛𝑡𝑑𝑢1; 𝑜𝑝𝑢2 Rec3 𝑐𝑟𝑒𝑐1 Rec5 𝑐𝑟𝑒𝑐1 Rec6 𝑐𝑟𝑒𝑐1 Rec12 𝑜𝑝𝑟𝑒𝑐1 Rec14 𝑜𝑝𝑟𝑒𝑐1 Rec17 𝑜𝑝𝑟𝑒𝑐1 Rec18 𝑐2. ̅̅̅̅̅ 𝑐𝑢9. 𝑐𝑝𝑏𝑜𝑘 Rec19 ̅̅̅. 𝑐𝑢9 ̅̅̅̅̅. 𝑐𝑝𝑏𝑜𝑘. 𝑐𝑖𝑛𝑡𝑑𝑢4 𝑐2 Rec20 ̅̅̅. 𝑐𝑢9 ̅̅̅̅̅. 𝑐𝑝𝑏𝑜𝑘. 𝑐𝑖𝑛𝑡𝑑𝑢2. 𝑐𝑡𝑣1 ̅̅̅̅̅̅ 𝑐2 Rec21 ̅̅̅ 𝑐2. ̅̅̅̅̅ 𝑐𝑢9. 𝑐𝑡𝑣1 Legenda c2 – Barras X e Y interligadas cu9 – Tensão U na barra normal ( ) cintdu1 – m(B1)=1, barra em serviço opu2 – lançamento de temporização de confirmação de regresso de tensão crec1 – Fim da pausa de retorno do relé de mínimo de tensão cpbok – disjuntor de interbarras ligável cintdu4 – m(T2)=1, transformador fora de serviço por avaria cintdu2 – m(T3)=1, transformador religável cintdu3 – m(T4)=1, transformador fora de serviço por falta de UAT ctv1 – transformador fechável oprec1 – lançamento da pausa para retorno do relé de mínimo de tensão 75 Tabela B.4 - Interpretação da RdP da OR com barras acopuladas (Fig. B.3) Predicados dos Lugares RECAB Condição inicial do automatismo de OR FT1 Liga Transformador X FT2 Liga Transformador Y REC5 Sucesso (ligação do transformador X) REC6 Insucesso (ligação do transformador X) REC7 Sucesso (ligação do transformador Y) REC8 Insucesso (ligação do transformador Y) Predicados das Transições Rec28 𝑐2 Rec8a ̅̅̅̅̅. 𝑐𝑖𝑛𝑡𝑑𝑢1 𝑐2. 𝑐𝑢9 Rec26 𝑐2. ̅̅̅̅̅ 𝑐𝑢9. 𝑡1𝑣1 Rec27a 𝑐2. ̅̅̅̅̅ 𝑐𝑢9. 𝑡1𝑣1. 𝑐𝑖𝑛𝑡𝑑𝑢4. 𝑡2𝑣1 Rec27b ̅̅̅̅̅. 𝑡1𝑣1. 𝑡1𝑣2 𝑐2. 𝑐𝑢9 Rec22 𝑜𝑝𝑟𝑒𝑐1 Rec24 𝑜𝑝𝑟𝑒𝑐1 Rec8 𝑐𝑟𝑒𝑐1 Rec10 𝑐𝑟𝑒𝑐1 Na Figura B.3, as transições rec1 e rec2, correspondem à verificação da normalização da tensão na barra e à reposição da tensão por comando exterior, respectivamente. Na Figura B.4, as transições rec28 e rec8a, correspondem respectivamente à reposição de tensão por comando exterior e à alteração topológica através da abertura do disjuntor interbarras. A redução das RdP das figuras B.3 e B.4 conduz às RdP apresentadas no Capítulo 2, Figura 2.5 e Figura 2.6, respectivamente. 76 B.4 Módulo de Ligação do Transformador Na Figura B.5 encontra-se representado o módulo de ligação de um transformador, conforme apresentado em [1]. Na Tabela B.5 encontra-se a respectiva interpretação. Figura B.5 - Módulo de Ligação do Transformador Tabela B.5 - Interpretação da RdP do módulo de ligação do transformador Predicados dos Lugares LT1 Condição inicial do automatismo do módulo LT2 Liga AT do transformador LT3 Pausa LT4 Insucesso na Ligação do Transformador LT5 Liga MT do transformador Predicados das Transições Lt1 𝑡3𝑚; 𝑜𝑝𝑡 Lt3 ̅̅̅ 𝑡1. 𝑡𝑚𝑓𝑣1. 𝑜𝑝𝑓𝑚 Lt4 𝑡1. 𝑡𝑎𝑓𝑣1. 𝑡𝑚𝑓𝑣1. 𝑜𝑝𝑓𝑎 Lt5 ̅̅̅̅̅̅̅̅̅ 𝑡𝑚𝑓𝑣1 + (𝑡1. ̅̅̅̅̅̅̅̅ 𝑡𝑎𝑓𝑣1) Lt6 𝑡3𝑎. 𝑜𝑝𝑡 Lt7 𝑡2. ̅̅̅̅̅ 𝑡3𝑎 Lt8 𝑜𝑝𝑓𝑚 Lt9 ̅̅̅̅̅̅ 𝑡2. 𝑡3𝑚 77 Legenda t1 – transformador com disjuntor AT acessível t(x)fv1 – Disjuntor (x) ligável (x = {AT ou MT} (a,m)) opf(x) – ordem de ligação do disjuntor (x) e lançamento da temporização de fecho t3(x) – ordem de ligação executada opt3 – lançamento da temporização de passagem t2 – fim da temporização de ligação 78 Anexo C – Análise Estrutural das Redes de Petri C.1 Análise Estrutural do AOR Os diferentes AOR podem ter diversas configurações dependendo da topologia da rede, tal como foi explicitado no Capítulo 2, estas configurações são conseguidas através da adição e/ou subtração de diferentes módulos de ligação (transformador, Interbarras, linhas,...). Como tal, é impossível o estudo de todas as configurações possíveis, sendo possível no entanto extrapolar as propriedades dos AOR a partir de topologias base. Como objecto de estudo utilizou-se um AOR, afecto a um barramento CN1, com a topologia indicada na Figura C.1 e com características e ligações na Tabela C.1. A particularidade deste AOR é a incorporação de todos os módulos, permitindo assim um estudo completo. A RdP correspondente a este AOR encontra-se na Figura C.2. As transições aux1 e aux2, permitem a reinicialização do automatismo, representando as operações efectuadas pelo GAC. A cinzento e tracejado encontram-se representadas as ligações aos autómatos modeladores. Figura C.1 - Topologia utilizada para análise estrutural do AOR Tabela C.1 - Autómatos Modeladores incluídos na análise estrutural do AOR Autómatos Modeladores e Automatismos Elemento Designação Elemento Designação Transformador 1 Autómato 1.T Linha MT CN2 2.L Barramento CN4 Autómato 4.B Linha MT CN3 3.L Barramento CN5 Autómato 5.B Barramento CN6 6.B Da análise do AOR efetuada através do TINA resultou a computação dos invariantes de lugar e transições e a verificação das propriedades indicados na Tabela C.2. 79 Figura C.2 - RdP do AOR do CN1, utilizada para a análise estrutural Tabela C.2 - Propriedades da RdP e Invariantes-P/T Propriedades da RdP do AOR P T Estados Transições 34 60 6696 76986 Limitada Viva Reversível Invariantes de Lugar 1) {1.RT1} {1.RT2} {1.RT3} {1.T1} {1.T2} {1.T3} 2) {2.L1} {2.L2} {2.L3} {2.L4} {2.RL1} {2.RL2} {2.RL3} 3) {3.L1} {3.L2} {3.L3} {3.L4} {3.RL1} {3.RL2} {3.RL3} 4) {2.RL1} {2.RL2} {2.RL3} {4.B1} {4.B2} {4.B3} 5) {3.RL1} {3.RL2} {3.RL3} {5.B1} {5.B2} {5.B3} 6) {6.B1} {6.B2} {6.B3} {6.RB1} {6.RB2} 7) {1.RT1} {1.RT2} {1.RT3} {2.RL1} {2.RL2} {2.RL3} {3.RL1} {3.RL2} {3.RL3} {6.RB1} {6.RB2} {AOR.FAIL} {AOR.SUC} RECA 80 Invariantes de Transições 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. 32. 33. {1.t1} {1.t2} {1.t3} {1.t4} {4.b3} {4.b4} {5.b3} {5.b4} {6.b3} {6.b4} {1.rt1} {1.rt3} {1.rt5} {1.t1} {1.t4} aux2 aux2 rec2 {1.rt1} {1.rt2} {1.rt4} {1.t4} aux1 aux1 rec1 {2.l3} {2.l4} {2.l1} {2.l2} {2.l2} {2.l7} {2.l9} {2.l7} {2.l8} {2.l1} {2.l3} {2.l5} {2.l1} {2.l3} {2.l6} {2.l8} {2.l3} {2.l5} {2.l7} {2.l9} {2.l3} {2.l6} {2.l9} {2.l1} {2.l3} {2.l6} {2.rl1} {2.rl3} {2.rl5} aux2 {2.l3} {2.l5} {2.l7} {2.rl1} {2.rl2} {2.rl4} aux1 {2.l3} {2.l6} {2.rl1} {2.rl2} {2.rl4} aux1 {2.l2} {2.l7} {2.rl1} {2.rl2} {2.rl4} aux1 {2.l7} {2.rl1} {2.rl3} {2.rl5} aux2 34. 35. 36. 37. 38. 39. 40. 41. 42. {4.b2} {4.b3} {4.b5} {4.b1} {4.b2} {3.l3} {3.l4} {3.l1} {3.l2} {3.l2} {3.l7} {3.l9} {3.l7} {3.l8} {3.l1} {3.l3} {3.l5} {3.l1} {3.l3} {3.l6} {3.l8} {3.l3} {3.l5} {3.l7} {3.l9} {3.l3} {3.l6} {3.l9} {3.l1} {3.l3} {3.l6} {3.rl1} {3.rl3} {3.rl5} aux2 {3.l3} {3.l5} {3.l7} {3.rl1} {3.rl2} {3.rl4} aux1 {3.l3} {3.l6} {3.rl1} {3.rl2} {3.rl4} aux1 {3.l2} {3.l7} {3.rl1} {3.rl2} {3.rl4} aux1 {3.l7} {3.rl1} {3.rl3} {3.rl5} aux2 {5.b2} {5.b3} {5.b5} {5.b1} {5.b2} {6.rb1} {6.rb2} {6.rb4} aux1 {6.rb1} {6.rb3} aux2 {6.b2} {6.b3} {6.b5} {6.b1} {6.b2} Na Tabela C.3 encontram-se ainda simulações efetuadas a AORs com diversas topologias, com as propriedades dinâmicas de cada RdP, bem como o número de transições e marcações, permitindo assim observar a evolução da complexidade com o aumento da rede MT. Tabela C.3 – Evolução das propriedades dinâmicas do AOR Ligaçõesb Rede de Petri Análise de Acessibilidade P T Estados Transições T, B 14 22 42 167 T, 2xB 19 31 144 801 T, L 19 32 153 939 T, B, 2xL 34 60 6696 76986 T, B, 3xL 44 79 84240 1287144 2xT, B, 2xL 40 69 23976 306342 Propriedades Dinâmicas Limitada Viva Reversível C.2 Análise Estrutural do GAC À semelhança dos AOR, também o GAC poderá assumir diferentes formatos consoante o número de elementos da rede. Uma vez que esta RdP depende unicamente do número de elementos (CNs) da rede e não da sua topologia, as propriedades de uma rede genérica são facilmente extrapoláveis a partir de uma RdP consideravelmente pequena. b T- Ligação a transformador, L-Ligação de uma linha, B-Ligação a um barramento (interbarras) 81 Para efeitos de análise considera-se uma rede com apenas três elementos, CN1, CN2 e CN3, não sendo utilizados os autómatos modeladores de cada um. A RdP resultante encontra-se ilustrada na Figura 4.6, e a verificação das suas propriedades e computação de invariantes-P/T na Tabela C.4 e Tabela C.5. A evoluão da complexidade do GAC com o número de elementos pertencentes à rede encontra-se Tabela C.5. Tabela C.4 - Propriedades estruturais do GAC Invariantes de Lugar 1) {1.1.REC} {1.2.REC} {1.3.REC} {CP1.END} {CP1.REC} 2) {1.1.REC} {1.CP1} {1.CP1C} {1.CP1U} {1.CTRL} 3) {2.2.REC} {2.3.REC} {CP2.END} {CP2.REC} 4) {1.2.REC} {2.2.REC} {2.CP1} {2.CP1C} {2.CP1U} {2.CP2} {2.CP2C} {2.CP2U} {2.CTRL} 5) {3.3.REC} {CP3.END} {CP3.REC} 6) {1.3.REC} {2.3.REC} {3.3.REC} {3.CP1} {3.CP1C} {3.CP1U} {3.CP2} {3.CP2C} {3.CP2U} {3.CP3} {3.CP3C} {3.CP3U} {3.CTRL} 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. Invariantes de Transições 13. {1.3.ret} {3.cp1} {3.cp1s} {1.1.f} {1.1.rec} 14. {3.cp1} {3.cp1f} {3.cp1s} {3.cpn1} {1.2.f} {1.2.rec} 15. {2.3.ret} {3.cp2} {3.cp2s} {1.3.f} {1.3.rec} 16. {3.cp2} {3.cp2f} {3.cp2s} {3.cpn2} {1.1.ret} {1.cp1} {1.cp1s} 17. {3.3.ret} {3.cp3} {3.cp3s} {1.cp1} {1.cp1f} {1.cp1s} {1.cpn1} 18. {3.cp3} {3.cp3f} {3.cp3s} {3.cpn3} {2.2.f} {2.2.rec} 19. {1.3.rec} {1.3.s} {cp1.rec} {2.3.f} {2.3.rec} 20. {1.2.rec} {1.2.s} {cp1.rec} {1.2.ret} {2.cp1} {2.cp1s} 21. {1.1.rec} {1.1.s} {cp1.rec} {2.cp1} {2.cp1f} {2.cp1s} {2.cpn1} 22. {2.3.rec} {2.3.s} {cp2.rec} {2.2.ret} {2.cp2} {2.cp2s} 23. {2.2.rec} {2.2.s} {cp2.rec} {2.cp2} {2.cp2f} {2.cp2s} {2.cpn2} 24. {3.3.rec} {3.3.s} {cp3.rec} {3.3.f} {3.3.rec} Tabela C.5 – Evolução das propriedades dinâmicas do GAC N.º Nós c Rede de Petri P Análise de Acessibilidade T Estados Transições 1 7 9 9 16 2 18 26 143 537 3c 33 51 3257 18388 4 52 84 96611 737589 5 75 125 - - 6 102 174 - - 7 133 231 - - Propriedades Dinâmicas Limitada Rede para a qual foi efetuada a análise estrutural apresentada na Tabela C.4. 82 Viva Reversível C.3 Análise Estrutural do Automatismo de Auto-Cicatrização A análise estrutural da RdP do automatismo completo de Auto-Cicatrização, foi efetuado tendo por base uma rede constituída por dois barramentos, dois transformadores e uma linha de interligação entre os dois barramentos (Figura C.3). Deste modo, é possível incorporar todos os módulos existentes, sem aumentar excessivamente a complexidade total do automatismo. Figura C.3 – Análise estrutural do automatismo de Auto-Cicatrização: Topologia Na Tabela C.6, encontram-se todos os automatismos e autómatos utilizados para a construção da RdP completa. Na Figura C.4 e na Figura C.5 encontra-se a RdP completa do automatismo. De modo a reduzir a complexidade e melhorar a percepção da rede, na primeira figura representam-se apenas as ligações entre autómatos e automatismos, e na segunda figura encontram-se as ligações entre os AOR e o GAC. Tabela C.6 - Autómatos e Automatismos incluídos na RdP completa Autómatos Modeladores e Automatismos Elemento Designação Elemento Designação Transformador 1 Autómato 1.T AOR CN1 1.AOR Transformador 2 Autómato 2.B AOR CN2 2.AOR Barramento CN1 Autómato 1.B AOR CN3 3.AOR Barramento CN2 Autómato 2.B GAC GAC Linha MT CN3 Autómato 3.L A verificação das propriedades desta rede, bem como a computação dos invariantes de lugares e transições encontra-se na Tabela C.7. 83 Tabela C.7 - Propriedades dinâmicas e estruturais da RdP Propriedades da RdP do AOR P T Estados Transições 74 112 125028 1058100 Limitada Viva Reversível Invariantes de Lugar 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. {1.1.RT1} {1.1.RT2} {1.1.RT3} {1.T1} {1.T2} {1.T3} {2.2.RT1} {2.2.RT2} {2.2.RT3} {2.T1} {2.T2} {2.T3} {1.1-3.RL1} {1.1-3.RL2} {1.1-3.RL3} {1.1.RT1} {1.1.RT2} {1.1.RT3} {1.AOR.FAIL} {1.AOR.SUC} {1.B1} {1.B2} {1.B3} {1.CP1} {1.CP1C} {1.CP1U} {1.RECA} {2.2-3.RL1} {2.2-3.RL2} {2.2-3.RL3} {3.3-1.RB1} {3.3-1.RB2} {1.1.REC} {1.B1} {1.B2} {1.B3} {1.CP1} {1.CP1C} {1.CP1U} {2.2-3.RL1} {2.2-3.RL2} {2.2-3.RL3} {3.31.RB1} {3.3-1.RB2} {1.1-3.RL1} {1.1-3.RL2} {1.1-3.RL3} {1.1.RT1} {1.1.RT2} {1.1.RT3} {1.AOR.FAIL} {1.AOR.SUC} {1.CP1} {1.CP1C} {1.CP1U} {1.CTRL} {1.RECA} {1.1.REC} {1.CP1} {1.CP1C} {1.CP1U} {1.CTRL} {1.1-3.RL1} {1.1-3.RL2} {1.1-3.RL3} {2.2-3.RL1} {2.2-3.RL2} {2.2-3.RL3} {2.2.RT1} {2.2.RT2} {2.2.RT3} {2.AOR.FAIL} {2.AOR.SUC} {2.B1} {2.B2} {2.B3} {2.CP1} {2.CP1C} {2.CP1U} {2.CP2} {2.CP2C} {2.CP2U} {2.RECA} {3.3-2.RB1} {3.3-2.RB2} {2.2-3.RL1} {2.2-3.RL2} {2.2-3.RL3} {2.2.RT1} {2.2.RT2} {2.2.RT3} {2.AOR.FAIL} {2.AOR.SUC} {2.CP1} {2.CP1C} {2.CP1U} {2.CP2} {2.CP2C} {2.CP2U} {2.CTRL} {2.RECA} {1.1-3.RL1} {1.1-3.RL2} {1.1-3.RL3} {1.1.RT1} {1.1.RT2} {1.1.RT3} {1.2.REC} {1.3.REC} {1.AOR.FAIL} {1.AOR.SUC} {1.RECA} {CP1.END} {CP1.REC} {1.1.REC} {1.2.REC} {1.3.REC} {CP1.END} {CP1.REC} {1.1-3.RL1} {1.1-3.RL2} {1.1-3.RL3} {2.2-3.RL1} {2.2-3.RL2} {2.2-3.RL3} {3.3-1.RB1} {3.3-1.RB2} {3.32.RB1} {3.3-2.RB2} {3.AOR.FAIL} {3.AOR.SUC} {3.CP1} {3.CP1C} {3.CP1U} {3.CP2} {3.CP2C} {3.CP2U} {3.CP3} {3.CP3C} {3.CP3U} {3.L1} {3.L2} {3.L3} {3.L4} {3.RECA} {3.3-1.RB1} {3.3-1.RB2} {3.3-2.RB1} {3.3-2.RB2} {3.AOR.FAIL} {3.AOR.SUC} {3.CP1} {3.CP1C} {3.CP1U} {3.CP2} {3.CP2C} {3.CP2U} {3.CP3} {3.CP3C} {3.CP3U} {3.CTRL} {3.RECA} {1.1-3.RL1} {1.1-3.RL2} {1.1-3.RL3} {1.2.REC} {2.2.REC} {2.B1} {2.B2} {2.B3} {2.CP1} {2.CP1C} {2.CP1U} {2.CP2} {2.CP2C} {2.CP2U} {3.3-2.RB1} {3.3-2.RB2} {1.2.REC} {2.2.REC} {2.CP1} {2.CP1C} {2.CP1U} {2.CP2} {2.CP2C} {2.CP2U} {2.CTRL} {1.1-3.RL1} {1.1-3.RL2} {1.1-3.RL3} {1.1.RT1} {1.1.RT2} {1.1.RT3} {1.3.REC} {1.AOR.FAIL} {1.AOR.SUC} {1.RECA} {2.2-3.RL1} {2.2-3.RL2} {2.2-3.RL3} {2.2.RT1} {2.2.RT2} {2.2.RT3} {2.3.REC} {2.AOR.FAIL} {2.AOR.SUC} {2.RECA} {CP1.END} {CP1.REC} {CP2.END} {CP2.REC} {1.1.REC} {1.3.REC} {2.2-3.RL1} {2.2-3.RL2} {2.2-3.RL3} {2.2.RT1} {2.2.RT2} {2.2.RT3} {2.3.REC} {2.AOR.FAIL} {2.AOR.SUC} {2.RECA} {CP1.END} {CP1.REC} {CP2.END} {CP2.REC} {2.2.REC} {2.3.REC} {CP2.END} {CP2.REC} {1.1-3.RL1} {1.1-3.RL2} {1.1-3.RL3} {1.3.REC} {2.2-3.RL1} {2.2-3.RL2} {2.2-3.RL3} {2.3.REC} {3.3.REC} {3.CP1} {3.CP1C} {3.CP1U} {3.CP2} {3.CP2C} {3.CP2U} {3.CP3} {3.CP3C} {3.CP3U} {3.L1} {3.L2} {3.L3} {3.L4} {1.3.REC} {2.3.REC} {3.3.REC} {3.CP1} {3.CP1C} {3.CP1U} {3.CP2} {3.CP2C} {3.CP2U} {3.CP3} {3.CP3C} {3.CP3U} {3.CTRL} {1.1-3.RL1} {1.1-3.RL2} {1.1-3.RL3} {1.1.RT1} {1.1.RT2} {1.1.RT3} {1.2.REC} {1.AOR.FAIL} {1.AOR.SUC} {1.RECA} {2.2.REC} {3.3-1.RB1} {3.3-1.RB2} {3.3-2.RB1} {3.3-2.RB2} {3.AOR.FAIL} {3.AOR.SUC} {3.RECA} {CP1.END} {CP1.REC} {CP2.END} {CP2.REC} {CP3.END} {CP3.REC} {1.1.REC} {1.2.REC} {2.2.REC} {3.3-1.RB1} {3.3-1.RB2} {3.3-2.RB1} {3.3-2.RB2} {3.AOR.FAIL} {3.AOR.SUC} {3.RECA} {CP1.END} {CP1.REC} {CP2.END} {CP2.REC} {CP3.END} {CP3.REC} {1.1-3.RL1} {1.1-3.RL2} {1.1-3.RL3} {1.1.RT1} {1.1.RT2} {1.1.RT3} {1.AOR.FAIL} {1.AOR.SUC} {1.RECA} {2.2-3.RL1} {2.2-3.RL2} {2.2-3.RL3} {2.2.RT1} {2.2.RT2} {2.2.RT3} {2.AOR.FAIL} {2.AOR.SUC} {2.RECA} {3.3-1.RB1} {3.3-1.RB2} {3.3-2.RB1} {3.3-2.RB2} {3.AOR.FAIL} {3.AOR.SUC} {3.RECA} {CP1.END} {CP1.REC} {CP2.END} {CP2.REC} {CP3.END} {CP3.REC} {1.1.REC} {2.2-3.RL1} {2.2-3.RL2} {2.2-3.RL3} {2.2.RT1} {2.2.RT2} {2.2.RT3} {2.AOR.FAIL} {2.AOR.SUC} {2.RECA} {3.3-1.RB1} {3.3-1.RB2} {3.3-2.RB1} {3.3-2.RB2} {3.AOR.FAIL} {3.AOR.SUC} {3.RECA} {CP1.END} {CP1.REC} {CP2.END} {CP2.REC} {CP3.END} {CP3.REC} {3.3.REC} {CP3.END} {CP3.REC} 84 Invariantes de Transições 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. 32. 33. 34. 35. 36. 37. 38. 39. {1.1.f} {1.1.rec} {1.rec2} {1.cp1} {1.cp1f} {1.cp1s} {1.cpn1} {1.t1} {1.t2} {1.1.f} {1.1.rec} {1.1.rt1} {1.1.rt3} {1.1.rt5} {1.t1} {1.t4} {1.t3} {1.t4} {2.t1} {2.t2} {2.t3} {2.t4} {1.1.rec} {1.1.rt1} {1.1.rt2} {1.1.rt4} {1.1.s} {1.t4} {cp1.rec} {1.1.rec} {1.1.s} {1.rec1} {cp1.rec} {1.b1} {1.b2} {1.1.ret} {1.b2} {1.b5} {1.cp1} {1.cp1s} {1.b2} {1.b3} {1.b5} {1.1.ret} {1.b4} {1.cp1} {1.cp1s} {1.b3} {1.b4} {2.2.f} {2.2.rec} {2.2.rt1} {2.2.rt3} {2.2.rt5} {2.t1} {2.t4} {1.2.f} {1.2.rec} {2.2.rt1} {2.2.rt3} {2.2.rt5} {2.t1} {2.t4} {2.2.f} {2.2.rec} {2.rec2} {1.2.f} {1.2.rec} {2.rec2} {2.2.rec} {2.2.rt1} {2.2.rt2} {2.2.rt4} {2.2.s} {2.t4} {cp2.rec} {1.2.rec} {1.2.s} {2.2.rt1} {2.2.rt2} {2.2.rt4} {2.t4} {cp1.rec} {2.2.rec} {2.2.s} {2.rec1} {cp2.rec} {1.2.rec} {1.2.s} {2.rec1} {cp1.rec} {2.b1} {2.b2} {2.cp1} {2.cp1f} {2.cp1s} {2.cpn1} {2.cp2} {2.cp2f} {2.cp2s} {2.cpn2} {2.2.ret} {2.b2} {2.b5} {2.cp2} {2.cp2s} {2.2.ret} {2.b4} {2.cp2} {2.cp2s} {1.2.ret} {2.b2} {2.b5} {2.cp1} {2.cp1s} {1.2.ret} {2.b4} {2.cp1} {2.cp1s} {2.b2} {2.b3} {2.b5} {2.b3} {2.b4} {3.cp1} {3.cp1f} {3.cp1s} {3.cpn1} {3.cp2} {3.cp2f} {3.cp2s} {3.cpn2} {3.cp3} {3.cp3f} {3.cp3s} {3.cpn3} {3.3.ret} {3.cp3} {3.cp3s} {3.l3} {2.3.ret} {3.cp2} {3.cp2s} {3.l3} {1.3.ret} {3.cp1} {3.cp1s} {3.l3} {3.l3} {3.l4} {3.l1} {3.l2} 85 40. {2.2-3.rl1} {2.2-3.rl2} {2.2-3.rl4} {2.2.rec} {2.2.s} {3.l2} {3.l7} {cp2.rec} 41. {1.2.rec} {1.2.s} {2.2-3.rl1} {2.2-3.rl2} {2.2-3.rl4} {3.l2} {3.l7} {cp1.rec} 42. {1.1-3.rl1} {1.1-3.rl2} {1.1-3.rl4} {1.1.rec} {1.1.s} {3.l2} {3.l7} {cp1.rec} 43. {3.l2} {3.l7} {3.l9} 44. {2.2-3.rl1} {2.2-3.rl3} {2.2-3.rl5} {2.2.f} {2.2.rec} {3.l7} 45. {1.2.f} {1.2.rec} {2.2-3.rl1} {2.2-3.rl3} {2.2-3.rl5} {3.l7} 46. {1.1-3.rl1} {1.1-3.rl3} {1.1-3.rl5} {1.1.f} {1.1.rec} {3.l7} 47. {3.l7} {3.l8} 48. {3.l1} {3.l3} {3.l5} 49. {2.3.f} {2.3.rec} {3.3-2.rb1} {3.3-2.rb3} 50. {3.3-2.rb1} {3.3-2.rb3} {3.3.f} {3.3.rec} 51. {1.3.f} {1.3.rec} {3.3-2.rb1} {3.3-2.rb3} 52. {2.3.f} {2.3.rec} {3.3-1.rb1} {3.3-1.rb3} 53. {3.3-1.rb1} {3.3-1.rb3} {3.3.f} {3.3.rec} 54. {1.3.f} {1.3.rec} {3.3-1.rb1} {3.3-1.rb3} 55. {2.3.f} {2.3.rec} {3.rec2} 56. {3.3.f} {3.3.rec} {3.rec2} 57. {1.3.f} {1.3.rec} {3.rec2} 58. {2.3.rec} {2.3.s} {3.3-2.rb1} {3.3-2.rb2} {3.32.rb4} {cp2.rec} 59. {3.3-2.rb1} {3.3-2.rb2} {3.3-2.rb4} {3.3.rec} {3.3.s} {cp3.rec} 60. {1.3.rec} {1.3.s} {3.3-2.rb1} {3.3-2.rb2} {3.32.rb4} {cp1.rec} 61. {2.3.rec} {2.3.s} {3.3-1.rb1} {3.3-1.rb2} {3.31.rb4} {cp2.rec} 62. {3.3-1.rb1} {3.3-1.rb2} {3.3-1.rb4} {3.3.rec} {3.3.s} {cp3.rec} 63. {1.3.rec} {1.3.s} {3.3-1.rb1} {3.3-1.rb2} {3.31.rb4} {cp1.rec} 64. {2.3.rec} {2.3.s} {3.rec1} {cp2.rec} 65. {3.3.rec} {3.3.s} {3.rec1} {cp3.rec} 66. {1.3.rec} {1.3.s} {3.rec1} {cp1.rec} 67. {2.2-3.rl1} {2.2-3.rl3} {2.2-3.rl5} {2.2.f} {2.2.rec} {3.l1} {3.l3} {3.l6} 68. {1.2.f} {1.2.rec} {2.2-3.rl1} {2.2-3.rl3} {2.2-3.rl5} {3.l1} {3.l3} {3.l6} 69. {1.1-3.rl1} {1.1-3.rl3} {1.1-3.rl5} {1.1.f} {1.1.rec} {3.l1} {3.l3} {3.l6} 70. {3.l1} {3.l3} {3.l6} {3.l8} 71. {2.2-3.rl1} {2.2-3.rl2} {2.2-3.rl4} {2.2.rec} {2.2.s} {3.l3} {3.l5} {3.l7} {cp2.rec} 72. {2.2-3.rl1} {2.2-3.rl2} {2.2-3.rl4} {2.2.rec} {2.2.s} {3.l3} {3.l6} {cp2.rec} 73. {1.2.rec} {1.2.s} {2.2-3.rl1} {2.2-3.rl2} {2.2-3.rl4} {3.l3} {3.l5} {3.l7} {cp1.rec} 74. {1.2.rec} {1.2.s} {2.2-3.rl1} {2.2-3.rl2} {2.2-3.rl4} {3.l3} {3.l6} {cp1.rec} 75. {1.1-3.rl1} {1.1-3.rl2} {1.1-3.rl4} {1.1.rec} {1.1.s} {3.l3} {3.l5} {3.l7} {cp1.rec} 76. {1.1-3.rl1} {1.1-3.rl2} {1.1-3.rl4} {1.1.rec} {1.1.s} {3.l3} {3.l6} {cp1.rec} 77. {3.l3} {3.l5} {3.l7} {3.l9} 78. {3.l3} {3.l6} {3.l9} Figura C.4 - Automatismo de Auto-Cicatrização de Redes MT (parte 1 de 2) 86 Figura C.5 - Automatismo de Auto-Cicatrização de Redes MT (parte 2 de 2) 87