Aplicação do planejamento experimental (DOE) no processo de desenvolvimento de fitoterápicos na Indústria farmacêutica Julho/2015 1 Aplicação do planejamento experimental (DOE) no processo de desenvolvimento de fitoterápicos na Indústria farmacêutica Thiala Soares Josino da Silva MBA Gestão da Qualidade e Engenharia da Produção Instituto de Pós-Graduação - IPOG Fortaleza, Ceará, 11 de Agosto de 2014 Resumo A aplicação do DOE na Indústria é fundamental para o desenvolvimento de novos produtos e para o controle de processos. Um dos aspectos que deve ser observado para o conhecimento das substâncias ativas de plantas consiste na preparação de extratos vegetais, cuja obtenção pode ser feita através da realização de um planejamento fatorial. O trabalho objetivou avaliar a técnica de extração no preparo do extrato hidroalcoólico de folhas de Spondias mombin L., por meio da aplicação de estudos fatoriais, determinando, simultaneamente, a influência da temperatura e da concentração etanólica, tendo como respostas o teor de resíduo seco (RS) e o de fenóis totais (FT). O processo foi realizado seguindo um planejamento fatorial completo 22 com dois fatores: A – temperatura, 60°C e 27ºC; B – concentração etanólica, 70% e 30%. Os resultados foram analisados empregando-se o programa Minitab. Para RS, a temperatura foi a variável mais importante, enquanto que para FT, foi a concentração etanólica; para ambas as respostas os efeitos de interação entre os fatores A e B não foram significativos; e a temperatura influenciou tanto o RS quanto o teor de FT. Assim, sugere-se a combinação de 60ºC e 70% de etanol, para a otimização do processo de extração. Palavras-chave: Planejamento fatorial. Extração. Otimização de processo. Spondias mombin L.. 1. Introdução A palavra “otimizar” significa fazer tão perfeito, efetivo ou funcional quanto possível (SCHWARTZ, 1981). Variadas técnicas de planejamento experimental e análise estatística dos dados são utilizadas na otimização de diversos sistemas (CLARKE & KEMPSON, 1997). O planejamento fatorial é utilizado para se obter as melhores condições operacionais de um sistema, realizando-se um número menor de experimentos quando comparado com o método univariado (BRASIL et al, 2007; MONTGOMERY, 2004). Para Montgomery (2004), um experimento planejado é um teste, ou série de testes, no qual são feitas mudanças propositais nas variáveis de entrada de um processo, de modo a podermos observar e identificar mudanças correspondentes na resposta de saída. Para Campos (2003), o Planejamento de Experimentos (DOE - Design of Experiments) é constituído de um conjunto de técnicas estatísticas que proporcionam um método estruturado para planejar, executar e analisar experimentos. ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 9ª Edição nº 010 Vol.01/2015 julho/2015 Aplicação do planejamento experimental (DOE) no processo de desenvolvimento de fitoterápicos na Indústria farmacêutica Julho/2015 2 O planejamento fatorial tem como vantagem evitar dificuldades provenientes da possibilidade de que variáveis interajam entre si, proporcionando um meio em que os fatores envolvidos na reação ou no processo possam ser avaliados simultaneamente e a importância relativa de cada um destes possa ser determinada (ARMSTRONG & JAMES, 1996), devendo a escolha do fator ser pré-determinada pelo experimentador (BOLTON, 1990). A introdução da metodologia do planejamento experimental nos estágios iniciais do ciclo de desenvolvimento de um produto é, em geral, a chave para o sucesso do projeto, seu uso eficaz pode levar a produtos mais fáceis de serem fabricados, com maior confiabilidade e que têm desempenho de campo acentuado (MONTGOMERY, 2004). A aplicação dos Planejamentos Experimentais na Indústria é fundamental para o desenvolvimento de novos produtos e para o controle de processos. Nesta área é comum aparecer problemas em que se precisam estudar várias propriedades ao mesmo tempo e estas, por sua vez, são afetadas por um grande número de fatores experimentais. É papel de técnicas de planejamento de experimentos, auxiliar na fabricação de produtos com melhores características, na diminuição do seu tempo de desenvolvimento, aumentar a produtividade de processos e minimizar a sensibilidade a fatores externos (NETO et al., 2001). Qualquer processo farmacêutico que tenha, no mínimo, dois parâmetros, como temperatura e velocidade, os quais possam ter um valor mínimo e máximo atribuído e uma resposta igualmente mensurável, com limites de especificação determinados, é passível de ser estudado mediante o uso do DOE (DA SILVA, 2007). Diversos são os autores que estão aplicando o planejamento de experimentos na área farmacêutica como ferramenta no desenvolvimento de novos processos ou produtos e no aprimoramento de processos ou produtos já existentes. Podemos destacar alguns como exemplo: - Uso do planejamento experimental para otimizar os fatores do processo de granulação em leito fluidizado em escala semi-industrial (RAMBALI, 2001). - Avaliação e otimização simultânea das características de peletes, utilizando um planejamento fatorial 33 (PATERAKIS, 2002). - Planejamento fatorial, caracterização físico-química e atividade de nanopartículas de ciprofloxacina-PLGA (DILLEN, 2004). - Aplicação da metodologia de planejamento de experimentos no desenvolvimento e otimização de método de liberação de fármacos (KINCL, 2005). - Aplicação do planejamento experimental estatístico para estudar as variáveis que influenciam o processo de revestimento na formulação de lipossomas de lidocaína (GonzalezRODRIGUES, 2007). - Planejamento de processo aplicado na otimização da produção de pós por compressão direta por meio de um processo de fabricação contínua (GONNISSEN, 2008). - Entender o efeito do tamanho de partícula da lactose sobre as propriedades de formulações PSI utilizando o planejamento experimental (GUENETTE, 2009). - Desenvolvimento Tecnológico de Soluções Extrativas Hidroetanólicas das Flores de Calendula officinalis L. empregando Planejamento Fatorial (SOUZA et al., 2010). ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 9ª Edição nº 010 Vol.01/2015 julho/2015 Aplicação do planejamento experimental (DOE) no processo de desenvolvimento de fitoterápicos na Indústria farmacêutica Julho/2015 3 - Otimização das condições de extração de senosídeos por soluções hidroetanólicas das folhas de Senna alexandrina MILL empregando planejamento fatorial (SEVERO et al., 2013) As plantas medicinais são potenciais fontes de moléculas bioativas com mecanismos de ação inovadores e estruturas diferenciadas, características que tem impulsionado pesquisas visando desenvolvimento de medicamentos fitoterápicos pela indústria farmacêutica (ELISABETSKY, 2004). A Associação Brasileira das Empresas do Setor Fitoterápico, Suplemento Alimentar e de Promoção da Saúde (ABIFISA) relata que segundo a Organização Mundial de Saúde, aproximadamente 80% da população mundial utiliza-se de algum medicamento derivado de plantas medicinais. Pesquisas também demonstram que 91,9% da população brasileira já fez uso desses produtos, sendo que 46% cultivam em casa alguma espécie de planta medicinal. Atualmente, estima-se que o mercado brasileiro de fitoterápicos movimente cerca de R$ 1 bilhão por ano (ABIFISA, 2011). O uso de fitoterápicos na medicina humana quer seja como prática tradicional, complementar ou alternativa à alopatia, vem sendo estimulado legalmente no Brasil principalmente após 2006 através do reconhecimento dos benefícios garantidos pelo uso seguro, eficaz, qualificado e racional e com a aprovação da Política Nacional de Plantas medicinais e fitoterápicos (BRASIL; 2006). Esse estímulo é fundamentado nas vantagens largamente atribuídas aos fitoterápicos como custos reduzidos e valorização das tradições populares, bem como a comprovação, através dos avanços das pesquisas, dos efeitos sinérgicos decorrentes dos vários constituintes químicos presentes em uma espécie vegetal e da associação de mecanismos por constituintes agindo em alvos moleculares diferentes, contribuindo na eficácia terapêutica (YUNES; CALIXTO, 2001; LAPA et al., 2004; ELISABETSKY, 2004; SIXEL; PECINALLI, 2005). Um dos aspectos que deve ser observado para o conhecimento das substâncias ativas de plantas consiste na preparação de extratos vegetais, a fim de isolar seus constituintes químicos ativos (CECHINEL & YUNES, 1998). Um dos métodos que pode ser considerado adequado para a análise químico-farmacológica é a preparação de extratos hidroetanólicos 50% por maceração. Este extrato é análogo às tinturas realizadas na cultura popular, onde se misturam as partes ativas das plantas com bebidas alcoólicas (CECHINEL & YUNES, 1998). A obtenção de uma solução extrativa padronizada requer o conhecimento de suas propriedades tecnológicas e/ou físico-químicas, e dos fatores que as influenciam, criando condições para avaliar a manutenção e a reprodutibilidade de sua qualidade. Desta maneira, é necessário detectar e estudar os efeitos de tais fatores, os quais podem ser estimados através da realização de um planejamento fatorial. A realização de uma análise fatorial com objetivo de otimizar formulações farmacêuticas emprega modelos estatísticos que permitem assegurar o resultado, diminuindo a possibilidade de erros aleatórios (MONTGOMERY, 1991; DAVIES, 1993; MORGAN, 1995). Conhecida popularmente como cajazeira (LORENZI, 2000), a Spondias mombin L. é uma árvore (Figura 1) de porte elevado, frutífera, com casca do tronco muito rugosa, onde destacam-se pedaços grossos de súber, conhecidos pelo nome de caracas. As folhas, são compostas, decíduas, alternadas, imparipinadas, com 20 – 45 cm de comprimento. O fruto é ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 9ª Edição nº 010 Vol.01/2015 julho/2015 Aplicação do planejamento experimental (DOE) no processo de desenvolvimento de fitoterápicos na Indústria farmacêutica Julho/2015 4 uma drupa de cor amarelo-alaranjada, de sabor ácido, ovóide e oblongo com 3,2 a 4,0 cm de comprimento e 2,5 cm de largura. As flores pequenas, fragantes, esbranquiçadas, podem ser femininas, masculinas e bissexuais, dispostas em panícula com 15 a 30 cm de comprimento (MORTON, 1987; MATOS, 1998). No Brasil, as cajazeiras são encontradas isoladas ou agrupadas, notadamente em regiões da Amazônia e da Mata Atlântica e nas zonas mais úmidas dos Estados do Nordeste, principalmente na faixa litorânea e nas serras, e de forma espontânea e subespontânea, em matas, campos de pastagens e pomares domésticos (SOUZA et al, 2000). Todas as partes da planta S. mombin têm sido utilizadas pela medicina tradicional. O decocto das frutas é bebido como um diurético e febrífugo. A goma é utilizada como expectorante e para expelir vermes (RODRIGUES & HASSE, 2000). O suco das folhas trituradas e o pó de seca folhas são usadas como cataplasmas em feridas e em inflamações. O decocto do caule e das folhas é usado como emético, antidiarréico e no tratamento de disenteria, hemorróidas, gonorréia e leucorréia (AKUBUE, et al., 1983). O chá das flores e das folhas é feito para aliviar estomatites, uretrite, cistite e inflamação da garganta (VILLEGAS et al., 1997). O extrato das folhas é indicado como antiviral, agindo sobre o vírus da herpes labial, da angina herpética e contra o vírus Cockisquii, responsável pelos surtos periódicos de aftas dolorosas especialmente em crianças (HARRI E MATOS, 2008). A atividade de S. mombin sobre o vírus Coxsakii B2 e Herpes Simples 1, responsáveis pelas crises de aftas dolorosas e pela herpes labial, respectivamente, foi determinada e atribuída à presença de quatro substâncias da planta, sendo dois taninos: geraniina e galoilgeraniina, compostos polifenólicos, (Figura 2) (CORTHOUT et al., 1991), e dois ésteres do ácido caféico (CORTHOUT et al., 1992). O trabalho objetivou avaliar a técnica de extração, na preparação do extrato hidroalcoólico de folhas de cajazeira (S. mombin). Apresentando como vantagem a extração da máxima quantidade de princípio ativo com o mínimo de recursos e tempo, a maximização dos resultados foi obtida por meio da aplicação de estudos fatoriais, determinando, simultaneamente, a influência da temperatura e da concentração etanólica e tendo como forma de avaliação o teor de resíduo seco (RS) e o de fenóis totais (FT). A B C D Figura 1 – Cajazeira (Spondias mombin L.). A. Árvore; B. Flores; C. Frutos; D. Sementes Fonte: Spondias mombin - Ação anti-herpes e anti-virótica (http://www.padetec.ufc.br/novapagina/vendas/cajazeira/cajazeira.php. Acesso em: 19 dez. 2013) ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 9ª Edição nº 010 Vol.01/2015 julho/2015 Aplicação do planejamento experimental (DOE) no processo de desenvolvimento de fitoterápicos na Indústria farmacêutica Julho/2015 5 Figura 2 - Taninos elágicos isolados de folhas e caule de S. mombin. 1. Geraniina; 2. Galoilgeraniina Fonte: CORTHOUT et al., 1991 2. Materiais e métodos 2.1. Material vegetal Foram utilizadas folhas secas de Spondias mombin L. pulverizadas fornecidas pelo Parque de Desenvolvimento tecnológico da Universidade Federal do Ceará. 2.2. Preparo do extrato As extrações foram feitas usando as folhas pulverizadas de S. mombin por 4 horas. A concentração droga/solvente utilizada foi 10g das folhas pulverizadas para 100mL de solução hidroalcoólica. Duas temperaturas de extração foram usadas 27 ± 2°C e 60 ± 5°C, e duas concentrações etanólicas: 30% e 70 % (v/v). 2.3. Planejamento fatorial para otimização da extração das folhas de S. mombin O processo extrativo foi realizado de acordo com a Tabela 1, a qual apresenta a matriz de planejamento para um planejamento fatorial completo 22 com dois fatores. Os fatores e os níveis estudados foram: A – temperatura nos níveis 60°C e 27ºC (respectivamente 1 e -1); B – concentração etanólica nos níveis 70% e 30% (respectivamente 1 e -1). Como parâmetros de análise foram utilizados a determinação do resíduo seco (RS) e o teor de fenóis totais (FT). Os resultados foram analisados estatisticamente empregando-se o programa Minitab. As determinações foram realizadas com 3 repetições, totalizando 12 ensaios. Ensaio 1 Temperatura (ºC) 27 Concentração etanólica (%) 30 ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 9ª Edição nº 010 Vol.01/2015 julho/2015 Aplicação do planejamento experimental (DOE) no processo de desenvolvimento de fitoterápicos na Indústria farmacêutica Julho/2015 6 2 3 4 60 27 60 30 70 70 Tabela 1- Matriz de planejamento fatorial 22 para estudar a influência da temperatura e da concentração etanólica no processo extrativo de folhas de S. mombin Fonte: Dados produzidos pelo o autor (2014) Nos planejamentos de dois níveis costuma-se identificar os níveis superior e inferior com os sinais (+) e (-), respectivamente (NETO, 2003). Usando essa notação, observasse que os ensaios 2 e 4 na Tabela 1 correspondem ao nível (+) da temperatura, enquanto os ensaios 1 e 3 correspondem ao nível (-). No caso da graduação alcoólica, os ensaios 1 e 2 correspondem ao nível (-), enquanto os ensaios 3 e 4 correspondem ao nível (+). Assim, a matriz de planejamento fatorial 22, na forma codificada, para estudar a influência da temperatura e da graduação alcoólica no processo extrativo é expressa como na “Tabela 2”. Ensaio 1 2 3 4 Temperatura (ºC) + + Concentração etanólica (%) + + Tabela 2- Matriz codificada de planejamento fatorial 22 para estudar a influência da temperatura e da concentração etanólica no processo extrativo de folhas de S. mombin Fonte: Dados produzidos pelo o autor (2014) 2.4. Determinação do teor de resíduo seco Foram transferidos 10mL de extrato para placa de Petri, os quais foram evaporados até secura em banho de temperatura e posteriormente dessecados em estufa a 105ºC, por 3 horas. Após dessecar, a amostra foi esfriada em dessecador e pesadas. O resíduo seco foi calculado em porcentagem sobre o volume inicial (10mL). 2.5. Determinação do teor de fenóis totais A dosagem de fenóis totais deu-se com o emprego do reagente de Folin-Ciocalteau. Este é composto por dois ácidos, o fosfotunguístico e o fosfomolibídico, cujo tungstênio e molibdênio apresentam estado de oxidação 6+. Na presença de agentes redutores, como os compostos fenólicos, a média do estado de oxidação desses íons encontra-se entre 5 e 6, formando os chamados tungstênio e molibdênio de coloração azul cuja intensidade é medida por espectrofotometria. Alíquotas (100µL) das soluções amostra (extrato hidroetanólico de S. mombin) e padrão de trabalho (ácido gálico) foram transferidas para balão volumétrico de 10mL onde foram adicionados 0,5mL do reagente de Folin-Ciocalteau 1N e 4mL de água ultra-pura. Após alcalinizar o meio (1,25mL de Na2CO3 a 20%), o volume foi completado com água ultra-pura. Decorrido 40min, à temperatura ambiente e ao abrigo da luz, realizou-se leitura espectrofotométrica (715nm). 3. Resultados e discussão ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 9ª Edição nº 010 Vol.01/2015 julho/2015 Aplicação do planejamento experimental (DOE) no processo de desenvolvimento de fitoterápicos na Indústria farmacêutica Julho/2015 7 Este trabalho teve como objetivo encontrar, realizando planejamento e análises estatísticas de experimentos, as melhores condições operacionais do processo de extração por solução hidroetanólica de folhas de Spondias mombin L. Segundo Massart et al (1988) os fatores podem ser divididos em duas categorias, quantitativos e qualitativos. Portanto, para o presente estudo a concentração etanólica e a temperatura são fatores quantitativos, uma vez que são valores numéricos e expressam a quantidade deste fator. Para fazer um planejamento fatorial completo realizam-se experimentos em todas as possíveis combinações de níveis dos fatores e cada um desses experimentos, em que o sistema em estudo é submetido a um conjunto de níveis definido é um ensaio experimental (NETO, 2003). Tal fato pode ser verificado ao analisar a matriz de planejamento apresentada na “Tabela 1” deste artigo. A análise do teor dos principais componentes biologicamente ativos em matériasprimas de origem vegetal ou de fitoterápicos é uma etapa essencial para a segurança e eficácia de sua utilização na elaboração de produtos farmacêuticos (WILLIAMSON, 2001), portanto uma das respostas analisadas foi o teor de fenóis totais, tendo também o teor de sólidos totais extraídos (resíduo seco) como segundo parâmetro de resposta. Os resultados observados nos ensaios realizados em todas as quatro possíveis combinações dos níveis escolhidos são apresentados na “Tabela 3”. Os experimentos foram realizados em triplicata, resultando em 12 ao total, com o intuito de se estimar o erro experimental de uma resposta individual. A Figura 3a, 3b e 3c mostra, respectivamente, o gráfico de Pareto dos efeitos padronizados em p = 0,05, os efeitos principais para a resposta RS e a interação entre os fatores A (temperatura) e B (concentração etanólica). No gráfico de Pareto, os efeitos para a resposta RS que se localizam à direita da linha tracejada (p=0,05) foram significativos. No gráfico dos efeitos principais, pode-se observar o aumento da resposta com a variação dos fatores e no gráfico das interações é possível observar se há interação dos fatores e qual a melhor resposta a partir da variação dos dois fatores. Analisando-se os gráficos da figura 3, pode-se dizer que a temperatura (fator A) utilizada na preparação dos extratos foi a variável mais importante do processo global da extração para a resposta RS, que a concentração etanólica (fator B) também contribuiu de forma significativa, porém em menor grau, para a otimização do processo. Além disso, as figuras demonstram que o melhor sistema extrativo para a resposta RS é aquele que emprega a temperatura de 60ºC com concentração etanólica de 70% e que não há interação entre os fatores. A Figura 4a, 4b e 4c mostra, respectivamente, o gráfico de Pareto dos efeitos padronizados em p = 0,05, os efeitos principais para a resposta FT e a interação entre os fatores A (temperatura) e B (concentração etanólica). No gráfico de Pareto, os efeitos para a resposta FT que se localizam à direita da linha tracejada (p=0,05) foram significativos. No gráfico dos efeitos principais, pode-se observar o aumento da resposta com a variação dos fatores e no gráfico das interações é possível observar se há interação dos fatores e qual a melhor resposta a partir da variação dos dois fatores. Experimentos A B RS (mg) FT (mg/mL) ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 9ª Edição nº 010 Vol.01/2015 julho/2015 Aplicação do planejamento experimental (DOE) no processo de desenvolvimento de fitoterápicos na Indústria farmacêutica Julho/2015 8 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 + + + + + Níveis + + + + + + - 23,5 28,3 35,7 28,2 30,0 32,5 22,8 25,4 21,6 23,2 27,9 22,2 16,80 17,42 23,61 17,97 22,21 22,76 12,11 19,16 16,88 14,88 14,80 13,35 Fatores A: Temperatura -1 27ºC 1 60ºC B: Concentração etanólica 30% 70% Tabela 3 - Resultado experimental do planejamento fatorial completo 2 2 Fonte: Dados produzidos pelo o autor (2014) ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 9ª Edição nº 010 Vol.01/2015 julho/2015 Aplicação do planejamento experimental (DOE) no processo de desenvolvimento de fitoterápicos na Indústria farmacêutica Julho/2015 9 Figura 3: a- Gráfico de Pareto para os efeitos padronizados em p= 0,05 para RS; b- Efeitos principais para RS; cInteração entre os fatores A (temperatura) e B (concentração etanólica) para RS Fonte: Dados produzidos pelo autor (2014) ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 9ª Edição nº 010 Vol.01/2015 julho/2015 Aplicação do planejamento experimental (DOE) no processo de desenvolvimento de fitoterápicos na Indústria farmacêutica Julho/2015 10 Figura 4: a- Gráfico de Pareto para os efeitos padronizados em p= 0,05 para FT; b- Efeitos principais para FT; cInteração entre os fatores A (temperatura) e B (concentração etanólica) para FT Fonte: Dados produzidos pelo autor (2014) Analisando-se os gráficos da figura 4, pode-se dizer que a concentração etanólica (fator B) utilizada na preparação dos extratos foi a variável mais importante do processo global da extração para a resposta FT e que a temperatura (fator A) também contribuiu de forma significativa, mesmo que em menor grau, para a otimização do processo. Além disso, as figuras demonstram que o melhor sistema extrativo para a resposta FT é aquele que emprega a temperatura de 60ºC com concentração etanólica de 70% e que não há interação entre os fatores. Os resultados referentes a concentração etanólica estão de acordo com outros autores que sugerem que solventes com alta polaridade, como a água, e solventes com polaridade muito baixas, ou apolares, como hexano ou diclorometano, não são bons extratores (LIU et al., 2000). A água, considerada o solvente universal, em combinação com outros solventes orgânicos contribui para criar um meio moderadamente polar, o que favorece a extração de polifenóis (LAPORNIK et al., 2005; LIYANA-PATHIRANA; SHAHIDI, 2005). Entre os fatores principais, a passagem do nível inferior (27ºC) para o nível superior (60ºC) na temperatura utilizada no processo extrativo, proporcionou um aumento tanto no resíduo seco (RS) quanto no teor de fenóis totais (FT). Assim, o aumento da temperatura usada no processo extrativo influencia positivamente no RS e no teor de FT. ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 9ª Edição nº 010 Vol.01/2015 julho/2015 Aplicação do planejamento experimental (DOE) no processo de desenvolvimento de fitoterápicos na Indústria farmacêutica Julho/2015 11 Outra forma de se observar as condições de extração e seus efeitos, é a partir dos gráficos de contorno das figuras 5a e 5b e dos gráficos de superfície das figuras 6a e 6b. Nos gráficos de contorno, é possível ver quais as combinações adequadas dos níveis dos fatores para obtenção de determinadas faixas tanto de RS quanto de FT, esta análise torna-se útil quando há necessidade de avaliações rápidas e sem precisão. Nos gráficos de superfície, percebe-se a influência mais predominante de cada fator em cada resposta, para RS a influência é maior para temperatura, enquanto que para FT, é maior em relação a concentração etanólica; também é possível notar qual a melhor condição de operação para cada resposta. Figura 5: Gráficos de contorno: a- RS vs concentração etanólica e temperatura; b- FT vs concentração etanólica e temperatura Fonte: Dados produzidos pelo autor (2014) Figura 6: Gráficos de superfície: a- RS vs concentração etanólica e temperatura; b- FT vs concentração etanólica e temperatura Fonte: Dados produzidos pelo autor (2014) 4. Conclusão O planejamento fatorial aplicado na otimização do processo extrativo indicou a combinação das seguintes condições de operação para a otimização do processo de extração da Spondias mombin: temperatura de 60ºC e concentração etanólica de 70% na solução ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 9ª Edição nº 010 Vol.01/2015 julho/2015 Aplicação do planejamento experimental (DOE) no processo de desenvolvimento de fitoterápicos na Indústria farmacêutica Julho/2015 12 extrativa. Dessa forma, recomenda-se o planejamento fatorial previamente aos estudos em que se pretende desenvolver soluções extrativas. Os resultados experimentais obtidos podem ser extrapolados e aplicados à indústria, favorecendo a extração deste princípio ativo em larga escala Referências AKUBUE, P.I., G. C. MITTALAND C.N. AGUNA. Preliminary pharmacological study of some Nigerian Medical plants. J.Ethnopharmacol.,8:53-63, 1983 ARMSTRONG, N. Anthony, JAMES, Keneth. 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