Celestina Silepo A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DO PRIMEIRO CICLO DO ENSINO SECUNDÁRIO EM ANGOLA. O CASO DO INSTITUTO GARCIA NETO (1975-2009). Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em História e Educação sob a orientação rientação do Prof. Doutor Luís Antunes Grosso Correia FACULDADE DE LETRAS U N IV ERS ID ADE DO P ORT O 2011 6 À memória de minha filha Nataniela Isidora Silepo Paquisse. À memória de meu pai Celestino Seculuma. 7 8 Agradecimentos Este projecto de pesquisa não teria sido elaborado sem a colaboração e orientação do Professor Doutor Luís Grosso Correia, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. A sua dedicação e encorajamento ensinaram-me que a organização, o rigor e o trabalho contínuo são fundamentais na investigação científica, às quais devo profundo reconhecimento e gratidão. Aos meus professores de mestrado, os Doutores Maria José Moutinho Santos e Luís Alberto Marques Alves, por me terem ajudado a adquirir novos saberes e, sobretudo, a nunca deixar de questionar aquilo que desconheço. Aos meus colegas de mestrado, pelos vários momentos que passamos juntos e por todo conhecimento que partilharam comigo. Ao Ministério da Educação de Angola, em especial a todos que trabalham para as áreas da Direcção Nacional de Formação de Quadros e Gabinete Jurídico, pela obtenção de documentos que garantiram a fiabilidade dos dados apresentados. A direcção da escola de formação de professores do II ciclo do ensino secundário nº 3031, antigo Instituto Garcia Neto, particularmente na pessoa do seu director, o Dr. Álvaro Aldemiro, pelo apoio prestado durante a recolha de material que serviu de base ao presente estudo. A todas as pessoas que directa ou indirecta contribuíram para a efectivação desse trabalho de pesquisa o meu reconhecimento. A todas as pessoas que dão significado à minha vida e que nos momentos mais difíceis estiveram sempre ao meu lado, dando-me força e coragem, muito embora, naquelas horas sublimes em que precisavam do meu afecto e carinho, não estivesse disponível para atendê-las: minha mãe Valentina Nanganjo, minha filha Belizaria Celestina Silepo Paquisse Canivete e minha neta Nataniela Silepo Paquisse Canivete. 9 10 RESUMO O presente trabalho versa a temática da cultura organizacional escolar numa perspectiva da história da educação. Toma por objecto de estudo a formação de professores em Angola, especificamente com o caso do Instituto Garcia Neto, em Luanda, no período histórico de 1975 a 2009. O estudo da formação de professores consistiu na análise dos currículos da formação de professores do 1º ciclo do ensino secundário de maneira a contribuir para o desenvolvimento da pessoa do professor e a sua integração social, de maneira a caracterizar a situação do Instituto Normal Garcia Neto, no que se refere aos perfis de entrada e de saída dos seus formandos, analisando os mecanismos utilizados durante a preparação do processo de ensino-aprendizagem. Ainda visou-se comparar os dados quantitativos da formação de professores do IGN no período de 1978 a 2009, constatar a organização do processo docente educativo do Instituto e analisar a participação dos alunos no cumprimento dos planos curriculares. O universo documental deste trabalho de investigação foi recolhido no Instituto Normal Garcia Neto, situado na rua Albano Machado nº 82 em Luanda, Ministério da Educação de Angola, Arquivo Nacional da Torre do Tombo, na Universidade de Coimbra e Museu do Forte de Peniche. A metodologia da investigação assentou na análise documental, entrevista a alguns directores, professores e alunos do Instituto e na análise sociográfica de gerações de alunos admitidos Palavras-chave: Angola, Formação de Professores, Profissão Docente, Instituto Garcia Neto. ABSTRACT This work studies the subject of the school organizational culture in a historical perspective. It analyses the teacher training in Angola, specifically the case of the Garcia Neto Institute (IGN), in Luanda, in the period from 1975 to 2009. This study will examine the curricula of teacher education of the 1st cycle of secondary education, offered by the in IGN, in order to contribute to the development of the individual teacher and social integration. Our units of analysis will deal with the profiles of input and output of the graduates, examining the mechanisms, the curricula and the students profiles of IGN’s initial teacher training course, from 1978 to 2009. The documental corpus of this research was collected at the IGN archive, the Angola's Ministry of Education, the Portuguese National Archives (Torre do Tombo), the University of Coimbra and Museum of the Fort of Peniche, Portugal. The research involved the methodology of documental analysis, interviews of some principals, teachers and students of the IGN and the social analysis of the admitted students. Keywords: Angola, Teacher training, Teacher Profession, Garcia Neto Institute. 11 LISTA DE ABREVIATURAS ADPP – Ajuda de Desenvolvimento de Povo para Povo AIGN – Arquivo do Instituto Garcia Neto ANC – Congresso Nacional Africano ATT- Arquivo da Torre do Tombo CITA – Centro de Informação e Turismo de Angola CPLP – Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa CFBD – Curso de Formação Básica Docente CMVF – Comissão Mista de Verificação e Fiscalização CCPM – Comissão Conjunta Politico Militar DNFQE – Direcção Nacional de Formação de Quadros e Ensino DGS – Direcção Geral de Segurança DGA – Direcção Geral de Arquivo EUA – Estados Unidos de América FESA – Fundação Eduardo dos Santos FNUAP – Fundo das Nações Unidas Para População FAA – Forças Armadas de Angola FNLA – Frente Nacional de Libertação de Angola GEPE – Gabinete de Estudos e Planificação Estatística IMNGN - Instituto Médio Normal Garcia Neto IGN – Instituto Garcia Neto JMPLA – JP- Juventude do Movimento Popular de Libertação de Angola – Juventude do Partido MPLA- Movimento Popular de Libertação de Angola MONUA – Organização das Nações Unidas Missão em Angola MED – Ministério de Educação ND – Nova Democracia OUA – Organização de Unidade Africana ONU – Organização das Nações Unidas OGE – Orçamento Geral do Estado 12 PUNIV – Pré – Universitário PRS – Partido de Renovação Social PNUD – Programa das Nações Unidas de Desenvolvimento PT – Partido do Trabalho PIDE – Polícia Internacioanl e de Defesa do Estado PCP – Partido Comunista Português RPA – Republica Popular de Angola SWAPO – Organização dos Povos do Sudoeste de África SADC – Comunidade para o Desenvolvimento da Africa Autsral RDC – Republica Democrática do Congo UNICEF – Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas para as Crianças UNITA – União Nacional para Independência Total de Angola URSS – União das Republicas Socialistas Soviéticas UNESCO – Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura 13 Índice Agradecimentos 5 Resumo e Abstract 7 Índice 9 Apresentação 11 Fontes e Metodologia de Pesquisa 16 Problemática da Pesquisa 19 Pistas do Trabalho 20 António Manuel Garcia Neto 21 Capítulo I - Evolução Política e Socioeducativa de Angola (1974-2009) 34 1.1.Evolução da Historia Política de Angola 36 1.2.Evolução Social 47 Capitulo II - Organização do Sistema Educativo Angolano 63 2.1.Estrutura Curricular do Sistema de Ensino de Base Regular 74 2.2.Recursos Humanos do Sistema de Educação em Angola 78 2.3. Perfil de Saída do Professor Formado no Instituto Garcia Neto 79 2.4 Currículo de Formação de Professores do 1º Ciclo do Ensino Secundário. 82 Capítulo III - Formação de Professores em Angola 91 3.1. Perspectivas de Formação de Professores em Serviço 104 Capitulo IV - O Instituto Garcia Neto 111 4.1.O Internato 113 4.1.2.A Logística 115 4.1.3. A Cantina Escolar 117 4.2.As Lideranças 117 4.3. A Organização e Gestão do Instituto Médio Normal Garcia Neto 119 4.4. O Corpo Docente 130 4.5 O Corpo Discente 138 Capitulo V- Apresentação e Análise dos Resultados da Pesquisa 154 5.1. Actividade Profissional dos Pais e Encarregados de Educação 158 5.2.Classificação Final dos Discentes do IGN na 9ªclasse 159 Conclusão 163 14 15 APRESENTAÇÃO O presente trabalho de investigação tem por objecto o estudo do caso da formação de professores do Instituto Normal de Educação Garcia Neto, em Luanda, Angola. A palavra formação significa, acto, efeito ou modo de formar. Neste caso dos cursos de formação de professores, desenvolvem acções, ministrando conteúdos, e competência para habilitar o professor para o exercício profissional docente. Para os autores ( Buckley. Caple, 1998) a formação deve ser um investimento planeado e sistemático que contribua para o desenvolvimento dos conhecimentos, aptidões e atitudes de que um indivíduo necessita para desempenhar uma tarefa de forma satisfatória. É uma parceria entre formando e formador, que trabalham, em conjunto, para atingir os níveis de aprendizagem necessários, de modo a dar resposta aos requisitos da tarefa. Para Ferry (1991), a formação aparece com um significado de “um processo de desenvolvimento individual destinado a adquirir ou aperfeiçoar capacidades" (1983: p. 36). Nessa perspectiva, a formação de professores diferencia-se de outras atividades de formação em três dimensões distintas: trata-se de uma formação dupla, combinando a formação acadêmica com a pedagógica; é um tipo de formação profissional; é uma formação de formadores, sendo necessário o isomorfismo entre a formação de professores e a sua prática profissional. García (1999), analisando as diferentes perspectivas e tendências do conceito de formação de professores, adopta a perspectiva que considera a formação de professores como algo que se constitui de uma área de conhecimento e investigação, em que os professores aprendem e desenvolvem sua competência profissional, operando, assim, transformações na identidade e profissionalidade docente. Mais do que compreender a formação como mudança na capacidade profissional, entendemos que a formação também deve ser encarada na perspectiva da transformação do indivíduo humano. Assim, concordamos com Carvalho (2008) e com a sua análise sobre as diferenças entre o que 16 aprendemos e o que nos afecta como seres humanos. Para este autor a aprendizagem indica simplesmente que alguém atingiu o conhecimento algo que não sabia: uma informação, um conceito, uma capacidade. Mas não implica que esse, algo novo, que se aprendeu, nos transformou em um novo alguém. E essa é uma característica forte do conceito de formação: uma aprendizagem só é formativa na medida em que opera transformações na constituição daquele que aprende. É como se o conceito de formação indicasse a forma pela qual nossas aprendizagens e experiências nos constituem como um ser singular no mundo (Carvalho, 2008: p.1) Portanto, nem tudo o que aprendemos ou vivemos deixa traços que nos formam como sujeitos. Assim, qualquer experiência educativa deve possuir um caráter formativo, trazendo a responsabilidade constitutiva na formação de um sujeito. No entanto, no processo da formação, uma vez atingida o nível básico de proficiência, o formando inicial continua o seu desenvolvimento em termos de velocidade e precisão até alcançar o nível de um professor experiente. É um processo de formação e desenvolvimento que continua à medida que os formandos avançam para as tarefas profissionais. Podemos dizer que a formação é feita não só para adquirir competências, capacidades mas também no sentido de melhorar o desempenho no exercício de actividades específicas por exemplo o professor na sala de aulas. Segundo Nóvoa, a génese da profissão de professor tem lugar no seio de algumas congregações religiosas, que se transformaram em verdadeiras congregações docentes. O mesmo autor refere-se à unificação e hierarquização de todos grupos que se dedicavam à docência e à instituição dos professores como corpo profissional desde o século XVIII (Novóa, 1995, p.15,17). A profissão docente exerce-se a partir da adesão colectiva (implícita ou explícita) a um conjunto de normas e de valores (idem, p.19). No inicio do trabalho tínhamos escolhido um primeiro tema de pesquisa, mas por dificuldades ligadas ao acesso às fontes vimo-nos forçados a mudar para aquilo que caracterizou a nossa actividade laboral a qual estamos ligados directamente. As leituras efectuadas a partir de livros, como de Novóa e Schriewer (2000), serviram de base para a definição do objecto de estudo da investigação a 17 Formação de Professores em Angola. A partir desta definição, especificamos o estudo com o caso do Instituto Garcia Neto1, em Luanda, no período de 1975 a 2009, com o sentido de contribuir no estudo da história da educação em Angola. O estudo e análise de questões ligados a acontecimentos que marcaram a formação de professores não só depois da independência de Angola, em 11 de Novembro de 1975, mas também de alguns momentos que marcaram a formação de professores do período em que Angola era província do ultramar. Concordando com Sousa (2000, p.13) de que a escola, ao alargar o seu espectro de acção, para apanhar aquelas franjas sociais, económicas e geográficas, ancestralmente votadas ao abandono [e após a independência], exigiu um aumento considerável do número de professores. Eram necessários professores aqui e ali, eram necessários muitos professores para fazer face à explosão escolar decorrente duma nova política apostada na abertura e eficácia da educação. Ora sabemos que nem sempre às exigências de natureza quantitativa corresponde o esperado grau de qualidade, no fundo o tal grau de criatividade, espiritualidade, estética, elegância e saber. Na perspectiva de mostrar de onde viemos e onde nos situamos na política de formação de professores. O objectivo do nosso estudo consistiu na reflexão dos currículos da formação de professores do 1º ciclo do ensino secundário de maneira a contribuir para o desenvolvimento da pessoa do professor e a sua integração social, caracterizar a situação do Instituto Normal Garcia Neto, no que se refere ao perfil e perfis de entrada e saída dos seus formandos, analisando os mecanismos utilizados durante a preparação do processo de ensino – aprendizagem. Por outro lado, visou-se comparar os dados quantitativos da formação de professores do IGN, no período de 1978 – 2009, constatar a organização do processo docente educativo do Instituto e analisar a participação dos alunos no cumprimento dos planos curriculares. Para finalizar 1 Para melhor compreensão das diferentes nomenclaturas atribuídas ao Instituto após a sua abertura em 1978, o primeiro nome foi Instituto Normal de Educação Garcia Neto com a sigla (INE), mais tarde passou a designar-se Instituto Médio Normal Garcia Neto com a sigla (IMNGN), e, no período de 2007, a instituição adoptou, finalmente, a nomenclatura mais apropriada ao propósito para o qual foi criado ao receber a denominação que a caracterizou, ou seja, Escola de Formação de Professores do 2º Ciclo do Ensino Secundário Nº 3031 Garcia Neto. Neste cenário o nosso trabalho adoptou, para efeitos de citação de arquivos a sigla AIGN e para referências a sigla IGN. 18 procedemos a um criterioso levantamento bibliográfico que possibilitou fundamentar teoricamente as acções de formação de professores. As motivações que levaram a escolher o tema que nos propomos na nossa investigação foram, não só, pela contemporaneidade, pertinência e relevância do assunto, mas também pelo facto de trabalhar como professora, formadora de formadores e por ter mais de 20 anos de experiência e trabalho na carreira docente. Mas principalmente por na época de 1992 ter deixado a província de origem, província do Huambo por motivos de guerra e ter engrossado o êxodo da população estudantil para a província de Luanda. Neste período, pelo facto de Angola viver um período de guerra, houve um aumento estatístico da população ao nível da província de Luanda devido à mobilidade forçada das pessoas, o que originou maior concentração da população em Luanda (População deslocada). Ao conceituar e acompanhar o progresso da educação na compreensão da organização das escolas, no entendimento das formas a partir das quais são assimiladas as matérias indispensáveis para a vida (diversas disciplinas curriculares), a utilização educacional dessas disciplinas, buscando a obtenção de situações óptimas de educação para compensar as carências provocadas entre outros aspectos, pelo flagelo da guerra e a forma de condução de vida por si só, justificam este trabalho de pesquisa. Neste contexto, importa que o processo de formação de professores em Angola bem como as suas repercussões estruturais e pedagógicas no sistema educativo, na orientação para o aprofundar da educação ao serviço do exercício activo da cidadania. O contexto em que se insere o estudo é o período em que, após a independência de Angola, a 11 de Novembro de 1975, a lei constitucional angolana consagrou a educação como um direito para todos os cidadãos, independentemente do sexo, raça, etnia e crença religiosa. Em traços muito breves, traçaríamos as seguintes realizações do sistema educativo angolano: - Em 1977, dois anos após a independência nacional foi aprovado um novo sistema nacional de educação e ensino. - Em 1978 foi implementado o novo sistema de educação e ensino com os princípios gerais seguintes: igualdade de oportunidade no acesso e continuação dos estudos, gratuitidade do ensino a todos os níveis e 19 aperfeiçoamento constante do pessoal docente. O sistema era constituído por um ensino geral de oito classes (das quais as quatro primeiras, obrigatórias), por um ensino pré – universitário com seis semestres, um ensino médio de quatro anos (com dois ramos, técnico e normal) e um ensino superior. - Na década de 80 o maior impacto palpável do novo sistema de educação foi a explosão escolar a qual se traduziu numa grande afluência da população às escolas. - Em 1986, foi efectuado pelo Ministério da Educação um diagnóstico do sistema de educação que permitiu fazer um levantamento e auscultação das debilidades e necessidades do sistema. Com base nesse diagnóstico, chegou – se à conclusão da necessidade de uma nova reforma educativa e foi possível, então, traçar as linhas gerais para a mesma. - A partir de 1990, Angola abandonou a política educativa assente numa economia centralizada resultante de um (sistema político monopartidário), passando a adoptar o princípio da formação de recursos humanos no contexto de uma economia de mercado (sistema político multipartidário), permanecendo, contudo as dificuldades inerentes a um sistema educativo sujeito a pressão pela instabilidade político-militar e pela recessão económica. Centenas de infraestruturas escolares tinham sido destruídas e o corpo docente qualificado começou a abandonar o sector de educação, buscando melhores condições salariais e sociais. - A guerra pós–eleitoral em 1992 agravou ainda mais a situação, com a destruição massiva das infra–estruturas, a movimentação massiva de população em busca de segurança, o aumento da pobreza além de todas as consequências psicológicas e traumáticas que envolveu o conflito angolano. As assimetrias regionais eram evidentes pelo facto de uma forte concentração de alunos nas províncias do litoral, nomeadamente Luanda, Benguela e Huíla, enquadrarem a população escolar. - O quinquénio 1991 – 1995, fora definido pelo Ministério da Educação como o da preparação da reformulação do Novo Sistema Educativo e, no domínio da Cooperação Internacional conforme o Decreto nº 29/91 de 19 de Abril, era aprovado o Acordo de Cooperação nos Domínios da Educação, do Ensino, da Investigação Cientifica e da Formação de Quadros entre a Republica Portuguesa e a Republica Popular de Angola. 20 - Em 2001 a Assembleia Nacional da Republica de Angola aprovou a lei de bases nº13/01 de 31 de Dezembro do Sistema Educativo onde manifestou-se claramente a funcionalidade da estrutura de formação de professores. - O Ministério da Educação em parceria com o UNICEF em 2003 lançou o Programa de Formação de Professores em larga escala que visou o desenvolvimento de capacidades e atitudes no sector da educação para levar um milhão de crianças Angolanas à escola (http://www.unicef.pt/docs/pdf_arquivo/2003/03-1027_formacao_de_professores_em_angola.pdf). - A fim de permitir uma profunda reflexão e abordagem dos problemas ligados a educação e o ensino em Angola realizaram – se em 2005 workshops regionais entre Angola e Brasil sobre a Qualidade de ensino em Angola, tendo – se versado temas referentes: Gestão e Administração Escolar; Financiamento em Informática Escolar e Recursos Humanos; Género no contexto do Sistema como Factor de Desenvolvimento Sustentável do Pais; Importância dos Indicadores de Qualidade da Aprendizagem na Gestão do Sistema Educativo (FESA, 2005). A análise terá como referência o estudo do caso da formação de professores no IGN com ele desenvolveremos uma pesquisa de âmbito histórico, procurando compreender de que forma a problemática da formação de professores se faz sentir em Angola, dando, assim uma atenção especial, a um dos principais problemas do sistema educativo implementado em 1978: a falta de qualidade e quantidade do corpo docente. Assim, como baliza temporal propomo-nos a estudar o período desde 1975 a 2009 uma vez que engloba a ascensão da independência de Angola, da instauração da segunda república de Angola, (1992) e a realização das segundas eleições, (2008). Delimitamos este período histórico porque julgamos tratar-se de grandes mudanças ploíticosocioeconómicas e culturais não só do país mas também de África e da Europa, duma maneira geral. Fontes e metodologia de pesquisa Durante a execução de um trabalho monográfico torna-se necessário definir as unidades de análise a estudar. No sentido de tomarmos consciência daquilo que venha a ser o estudo do nosso trabalho e tendo em conta a pergunta de 21 partida (como se formam os professores em Angola especificamente do Instituto Normal de Educação Garcia Neto de Luanda e qual o seu perfil de saída?), seguimos as recomendações de Quivy e Campenhoudt, procurar “enunciar o projecto de investigação na forma de uma pergunta de partida, através da qual o investigador tenta exprimir o mais exactamente possível o que procura saber, elucidar, compreender melhor, ela deve respeitar três níveis de exigência: “ primeiro, exigências de clareza; segundo, exigências de exequibilidade; terceiro, exigências de pertinência, de modo a servir de primeiro fio condutor a um trabalho do domínio da investigação em ciências sociais” (2003,p.32,44). Neste sentido, foram realizadas leituras documentais em que se notou a falta de trabalhos académicos sobre o tema em Angola. O estudo teve como alicerces a documentação, consultada em vários arquivos. Em Angola, o nosso suporte de pesquisa foi o seguinte: arquivo da escola de formação de professores do 2ºciclo do ensino secundário Garcia Neto (adiante identificado por IGN). Muito embora a documentação não esteja organizada nem catalogada, foi onde se encontrou a maior parte de fontes que serviu de suporte para a presente dissertação, tais como: fichas individuais dos alunos com a 9ª classe; os relatórios semestrais e anuais; actas; planos de estudo; documentos orientadores sobre o funcionamento da educação; estatuto do Instituto Normal Garcia Neto e regulamento; fotografias dos alunos; Ministério da educação de Angola que, apesar de não possuir um arquivo ou uma biblioteca, possibilitou a investigação em algumas direcções adstritas: Direcção Nacional de Formação de Quadros e Ensino, onde nos foram providenciados dados e informações acerca da formação de professores em Angola, funcionamento dos institutos normais de educação (caso particular o IGN). Apesar de, nas pastas consultadas, as informações serem poucas relativamente a relatórios e actas, por se encontrarem em lugar incerto, conseguimos ter acesso a documentos importantes como: Plano Mestre de Formação de Professores-2008/2015; Ensino a Distância em Angola; Gabinete de Estudo e Planeamento Estatístico, onde obtivemos informações acerca dos dados estatísticos dos anos lectivos em estudo no nosso trabalho, bem como relatórios de 1985/1989 e 1990/1991; Gabinete Jurídico, que nos forneceu os diplomas legais de criação dos institutos normais, do Ministério da Educação; 22 do Gabinete de Intercâmbio Internacional; onde tivemos acesso a alguns protocolos de cooperação na área de formação de professores; na Sede Nacional do Partido MPLA, ou melhor, no seu arquivo histórico, onde foram encontrados os documentos, teses e resoluções do 1º Congresso do MPLA, cujos documentos serviram de apoio aos fundamentos dos princípios da reformulação do sistema de educação, em (1977), boletins do militante diversos (cujo conteúdo serviu para a memória do patrono do instituto), discursos do presidente José Eduardo dos Santos dos primeiros anos da década de 80; Escola de Formação de Professores Rurais ADPP; Embaixada de Cuba, onde encontramos documentos ligados aos professores que trabalharam em Angola; Entrevistas aos directores sobrevivos que lideraram o IGN, professores e alunos. A nossa pesquisa em Portugal foi primordial para compreender a vida do patrono do Instituto Garcia Neto. No entanto, as condicionantes financeiras e a limitação de tempo, (neste ponto referimo-nos quer ao prazo para a apresentação da dissertação), tiveram que ser ponderadas. As deslocações à Universidade de Coimbra, especificamente à Faculdade de Direito, ao forte de Peniche, actualmente Museu de Peniche, à cadeia de Caxias e ao Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Lisboa, permitiram reconstituir e uma parte da vida do patrono do IGN entre 1965 a 1974, mas representavam um esforço longe da nossa área de residência no Porto. Pelo volume de informação recolhida ficaram por analisar os materiais que abordam sobre: o ensino a distância em África e Angola, alguns protocolos de cooperação internacional no domínio da formação de professores, os documentos da cooperação de professores cubanos desde os primeiros anos da independência de Angola, assim como aspectos ligados ao percurso da vida de António Manuel Garcia Neto no período de 1945-1964. As dificuldades sentidas foram algumas, principalmente no acesso às fontes de informação, por vários motivos: a desorganização dos arquivos, documentação ausente, não catalogada, as rotoção elevada, deslocações variadas de funcionários etc Este trabalho de investigação o seu universo desenvolveu-se no Instituto Normal Garcia Neto, situado na rua Albano Machado nº82, em Luanda. 23 No entanto, a população como define, Vianna, (2001), é composta pelo conjunto de fenómenos, indivíduos, situações de investigação. Quiy. Campenhoudt, 2003, a população é um conjunto de pessoas como de organizações ou de objectos de qualquer natureza. Neste contexto foi seleccionada uma população considerável de 221 indivíduos para o estudo da nossa pesquisa. A amostra representa uma parte considerada significativa da população seleccionada para o estudo de acordo o projecto de pesquisa, (Vianna, 2001), dos 221 inscritos na 9ª classe no Instituto Normal Garcia Neto foi possível reconstituir o percurso de 208 alunos, número com o qual se compôs a nossa amostra. A metodologia da nossa pesquisa cingiu-se ao método de análise documental, principalmente do IGN, que constituiu o campo de pesquisa, à entrevista dos directores do Instituto, professores e alunos colocada de uma maneira aberta que possibilitaram encontrar respostas livres a respeito do tema que foi definido, observou-se o princípio metodológico defendido por Bardin, a entrevista é mais um discurso espontâneo do que um discurso preparado, anexos (1.01,1.02,1.03) e não só a qualitativa de uma forma superficial que possibilitou apresentar a qualidade das informações obtidas que foram no contexto especifico da pesquisa, Método de Análise Sociografica, este método mostrou como foi realizada a mobilidade social entre os géneros, Método de Análise Quantitativa permitiu-nos saber estatisticamente a sucessão do número de alunos ao longo dos anos lectivos da nossa investigação (2009,p.92). A problemática da pesquisa A problemática da pesquisa foi atravessada pelos seguintes factores: - A falta de organização adequada na formação dos profissionais da educação. - Os recursos de ensino como, programas de estudo, planos de estudo, registaram uma maior necessidade no trabalho dos professores. - A falta de estruturas condizentes ao tipo de formação que se deseja. - A falta de programas de estudo do ensino das diferentes disciplinas. - A falta de material bibliográfico. No entender de Quivy e Campenhoudt (2003), o campo de análise e a selecção das unidades de observação constituem os dados que deverão ser recolhidos. 24 Neste caso, o objecto do trabalho define, de facto os limites da análise e o investigador não terá dificuldades a este respeito. Assim será necessário precisar explicitamente os limites do campo de análise, ainda que pareçam evidentes: período de tempo tido em conta, zona geográfica considerada, organizações e actores aos quais será dado relevo. Pistas de trabalho A nossa pesquisa empírica sobre o IGN assentou nas seguintes pistas de trabalho: - Os recursos de ensino tais como, os programas de estudo, planos de estudo. - A falta de organização adequada na formação dos profissionais da educação; - Os requisitos de entrada e saída da formação de professores no Instituto Normal, Garcia Neto de Luanda; - Períodos de maior afluxo de ingresso no Instituto Normal, Garcia Neto de Luanda; - A qualidade do currículo de formação de professores para ingressar cria motivação para o exercício profissional. Para tanto, foram consideradas as seguintes variáveis: Variáveis Independentes: O género para permitir uma reflexão histórica do enquadramento no Instituto Médio Normal Garcia Neto e a idade (para a análise da faixa etária de ingresso); Variável Dependente: A formação inicial dos alunos do curso de formação de professores no Instituto Normal de Educação. Por outro lado foram aplicadas as técnicas na recolha (fotografia digital) e (Microsoft Excel) e seu processamento em texto (Ms Word). Para a sistematização do conteúdo da dissertação foram organizados cinco seguintes capítulos. No Capítulo I (Evolução política e socioeducativa de Angola 1974-2009); apresentou-se a evolução do ensino no período colonial em Angola (ex-província do ultramar); os acontecimentos após o 25 de Abril de 1974 que conduziram Angola a obtenção da independência; as relações diplomáticas que estabeleceu-se entre a comunidade internacional especificamente com Cuba, União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, Republica Federal da Alemanha, República Democrática Alemã, e outros, abordou-se a evolução social em diferentes momentos históricos desde o 25 período de 1974-2009. No Capitulo II (Organização do Sistema Educativo Angolano), apresentou-se a comparação breve da estrutura do ensino colonial com a estrutura escolar aprovado em 1977, que vigorou até o ano de 2001, altura em que foi aprovada a Lei de Bases nº13/ de 31 Dezembro do Sistema Educativo Angolano. A estrutura curricular do sistema de ensino de base regular foi analisada a partir do plano aprovado em 2001. Ainda neste capítulo foram tratados aspectos ligados à evolução do corpo docente, o perfil de saída do professor e do currículo de formação de professores do 1º ciclo do ensino secundário formado no IGN. No Capítulo III (formação de professores em Angola). Analisou-se a formação inicial de professores no período antes e depois da independência em 1975, e o processo de formação professores em serviço. No Capitulo IV (o IGN), tratou-se de fazer a história do IGN desde a criação em 1978 até o ano de 2009,e da vida do patrono do instituto. No Capitulo V (apresentação e análise dos resultados da pesquisa), vamos apresentar resultados empíricos da pesquisa, os trabalhados estatiscamente a partir das bases de dados construídas. ANTÓNIO MANUEL GARCIA NETO: PATRONO DA INSTITUIÇÃO Este subcapítulo vai retratar a vida de António Manuel Garcia Neto (19451977), focando em particular os períodos do seu trajecto de 1961 a 1977. A concentração do subcapítulo neste período deve-se ao facto de a investigação realizada ter encontrado apenas dados a partir deste período e por não ter sido descoberta informação referente aos anos anteriores. Com base na pesquisa documental realizada no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa, no Arquivo da Cadeia do Forte de Peniche e na revista “Boletim do Militante”, publicado pelo MPLA (Ano I, nº 3, Junho de 1977), procuraremos reconstituir o percurso da vida escolar e política do patrono do IGN. Período de 1961 – 1965 Filho de António Manuel Garcia Júnior e de Antónia Jacinto, António Garcia Neto nasceu a 1 de Janeiro de 1945. Era natural de São Paulo, bairro operário da cidade de Luanda e residia na Rua António Enes nº 157, R/chão, na província de Luanda. Era solteiro, possuía o Bilhete de Identidade nº 4793642, 26 emitido pelo Arquivo de Lisboa em 17 de Agosto de 1966. Tinha residência desde a sua chegada a Portugal, em 1965, na cidade de Coimbra, na rua Antero de Quental, nº 2172. É possível reconstituir o seu percurso escolar a partir de 1961. Neste ano, foi aluno do 4º ano (turma D, número 7) do Liceu Nacional Salvador Correia3, em Luanda. Participou em várias actividades académicas e educativas do liceu e foi membro da “Associação da União dos Estudantes Angolanos”, órgão que velava pelos estudantes liceais nesse período4. Figura 1: Liceu Nacional Salvador Correia Fonte: http://lh5.ggpht.com/_eh2CSt7xcm0/Sa4aA1FuUI/AAAAAAAAAsw/puMqfE97Kfs/s912/IMG_2139%20Liceu%20Salvador%20Correia.jpg (descarregado em 08.03.2010). Este liceu, exclusivo para rapazes, tradicionalmente, pedia aos alunos que se apresentassem de gravata no final de cada período lectivo. Neste contexto, no 2 DGA/ANTT, PIDE/DGS, Processo nº 19773. Primeiro chamou – se Liceu Central de Luanda, criado em 21 de Fevereiro de 1919; em 1924 passou a designar – se Liceu Central de Salvador Correia abrangendo o ensino liceal nos distritos do Kuanza Norte, Kuanza – sul, Cabinda, Congo, Malanje e Lunda. Após a independência de Angola foi atribuído o nome de Mutu Ya Kevela (herói da resistência colonial em Angola). Teve como primeiro Reitor Monsenhor Manuel Alves da Cunha nomeado aos 8 de Março de 1919 por despacho do Governador-Geral. LINHAS AÉREAS DE ANGOLA (TAAG). 2010:84. É um dos locais de eleição da cidade de Luanda; foi onde se forjaram inúmeras consciências nacionalistas e também alguns movimentos políticos e sociais do País. Muitos dos que frequentaram aquela escola ascenderam a vida e tornaram – se figuras importantes da Independência de Angola e do pôs – Independência foi o caso de António Manuel Garcia Neto. Idem, Nº79. Portugal. 2010:84. 4 Idem, Processo nº 36910, folha 174 e 179. 3 27 dia 19 de Dezembro de 1961, foram recomendados que todos os portugueses da província se apresentassem de gravata preta para protestar contra a agressão ao Estado Português na Índia5. Apesar de António Garcia Neto, naquela altura usar luto na camisa (“fumo” no braço da camisa, já identificado desde Fevereiro de 1961 pelos serviços de informação de Luanda) pela morte da sua mãe, ele e mais um colega, de nome Rodrigo Pedro Domingos, apresentaram-se de gravata encarnada durante as aulas de Moral e de Português. Na aula de Português, o professor mandou-os tirar as gravatas e perguntou por que se apresentaram assim na aula. Os alunos responderam que: era “para pregar uma partida ao senhor padre de moral” (António); “era por ser o último dia de aulas” (Rodrigo). Esta situação foi reportada no mesmo dia pelo professor de Português, Manuel Morais, ao Reitor do Liceu Salvador Correia. No dia 20 de Dezembro do mesmo ano, o Reitor encaminhou para a Delegação da Polícia a informação (queixa) do professor de Português6. Os dois alunos foram convocados, de acordo com o Despacho do Subdirector da Polícia, na companhia dos encarregados de educação de António Manuel Garcia Neto e Rodrigo Pedro Domingos para prestar esclarecimentos no dia 19 de Fevereiro de 1962.Os alunos explicaram que se apresentaram de gravata nas aulas de Moral e de Português por serem as últimas do primeiro período lectivo e por ser recente tradição os alunos do Liceu Nacional Salvador Correia se apresentarem nas aulas finais de cada período com gravata de várias cores. Neste contexto, justificaram o facto de se terem apresentado de gravata encarnada por mera coincidência, não por outro motivo significativo, e porque nesse dia quando já estavam nas aulas é que lhes foi dado a conhecer para se apresentarem de luto, o que fizeram depois das aulas. Assim, nesse mesmo dia, trocaram de gravatas encarnadas para gravatas pretas, como foram avisados posteriormente, e participaram na manifestação de protesto contra a “invasão” das possessões indianas junto do Palácio do Governador-Geral. 5 Invasão as possessões Indianas Portuguesas na noite de 17 para 18 de Dezembro de 1961 a União Indiana, com um exército de cerca de 50.000 homens dispondo de moderno material de guerra e apoiado por poderosas forças aéreas e navais, invade e ocupa os territórios de Goa, Damião e Diu, defendidos por cerca de 3500 homens, deficientemente armados e municiados. No dia 19 dá – se a rendição das tropas Portuguesas que ficam prisioneiras das forças Indianas durante cerca de seis meses. hPP/www agua online.co.pt ( descarregado em 18 – o3 – 2010). 6 Idem, processo nº 30217. 28 Depois de ouvidos os alunos, a Polícia chegou à conclusão, de que estes não tiveram outra finalidade que não fosse, a de comemorar o último dia de aulas do primeiro período lectivo, conforme era uma tradição. Careceram de provas quanto às suas verdadeiras intenções. Não foram, assim, tomadas nenhumas medidas contra Garcia Neto e o seu colega. Conforme o Despacho de 22 de Fevereiro de 1962, assinado por R. Porto Duarte, o processo de averiguações foi dado por findo. Foi arquivado no processo individual de Fernando Alberto Rodrigues de Figueiredo, considerado como o aluno do Liceu que incitou ao uso da gravata encarnada7. Ainda segundo as informações constantes no seu processo no Arquivo da PIDE, António Garcia Neto foi colaborador e participava com artigos que foram publicados no jornal “O Estudante” que era o órgão cultural académico e educativo. Nenhum documento em nome dos alunos do liceu podia ser publicado ou qualquer manifestação académica em nome dos mesmos alunos podia ser levada a efeito, sem consentimento ou prévio esclarecimento ao órgão, sob pena de sanção disciplinar aos que subscrevessem os documentos ou aos alunos manifestantes, conforme (artigo 2º, alínea a) e b) dos estatutos. O referido jornal foi fundado no ano de 1934 e dirigido, até meados do ano lectivo de 1963 – 1964 cerca de vinte e nove anos, por Joaquim Marinho de Bastos, professor do Liceu. “O Estudante” era o “órgão dos alunos do Liceu Nacional Salvador Correia” e gozava de autonomia administrativa. Foram órgãos de administração do jornal o Director, o Subdirector, o administrador, dois redactores, e um secretário. Apresentamos o organigrama correspondente na figura 2. competia a quem este designava. Era o mesmo director, o representante legal dos alunos do Liceu Nacional Salvador Correia (Artigos 3º e 4º). A competência dos órgãos da administração abrangia todas as matérias que interessavam ao órgão. Teve apenas como limites aqueles que resultavam da competência do professor orientador ou muito excepcionalmente do Reitor. (Artigos 27º e 28º). O mesmo jornal tinha como competências a administração e divulgação de todas as matérias de carácter cultural, educativo e académico, inspiradas em ideias portuguesas, que interessassem à missão do ensino liceal em Angola. 7 Idem, processo nº 30217 29 Figura 2: Organigrama do Jornal “O Estudante” do Liceu Nacional Salvador Correia. Director Subdirector Administrador Secretario RedactorChefe Subchefe de Redacção Principal Fonte: Elaboração própria a partir da cópia do jornal o “Estudante”inserta em DGA/ANTT, PIDE/DGS, Processo nº 4840. A representação do órgão competia ao director ou, para determinados actos, Em 1962/1963 foram realizadas eleições gerais para o corpo directivo do jornal, para o triénio de 1962-1965. O corpo de direcção ficou constituído pelos elementos seguintes: Professor -Orientador Dr. José Luís de Almeida Lavradio, Director – Joaquim Leonel Ferreira Marinho de Bastos, Administrador – José António Ferreira Neto, Subdirector – Rui Augusto Teles Tavares, Redactorchefe – Carlos Alberto Ferreira Monteiro, Redactora principal – Ana Isabel Valentim” (DGA/ANTT, PIDE/DGS, Processo nº 4840, folha 258). Durante o ano lectivo de 1963/1964, surgiu um movimento de desagrado, liderado por um grupo de estudantes, entre os quais alguns vindos da metrópole (para continuarem os seus estudos na província de Angola) contra as ideias ultrapassadas, conservadoras e pessoais da direcção do jornal de Joaquim Leonel Ferreira Marinho de Bastos. Os estudantes que se 30 manifestaram pretendiam “dar feições novas ao jornal, fazer algo de novo”. (idem, folha 273) Tendo em conta as manifestações realizadas pelos estudantes foram efectuadas novas eleições para a direcção do jornal, tendo-se registado os seguintes resultados: “Director – Rui Filipe de Matos Figueira Martins de Ramos; Sub - Director e Administrador António Manuel Garcia Neto; Chefe de Redacção – Rafael Veiga de Sousa Godinho; Secretária – Maria Helena Gil da Cruz; Professor Orientador – José Luís de Almeida Lavradio”, que permaneceu no cargo (idem, folha 259). O jornal “O Estudante” era censurado pelo Reitor do Liceu Nacional Salvador Correia e publicado, nos termos do parágrafo 4º do artigo 445º do Decreto nº 3018, nos meses de Novembro, Dezembro, Janeiro, Maio e Junho (conforme o artigo 29º) de cada ano lectivo. Era também publicado um número especial do aniversário do jornal e do próprio liceu. O jornal era propriedade do Centro Escolar nº 1 da Organização Nacional da Mocidade Portuguesa, em Luanda, e estava obrigado a respeitar o regime legal de imprensa definido pela Agência Geral do Ultramar. “O Estudante” tinha uma tiragem de 800 exemplares (dos quais 200 exemplares eram destinados a oferta), com 6 páginas em média, com um custo de 2$50 (dois escudos e cinquenta centavos). O jornal tinha um contrato com o CITA – Centro de Informação e Turismo de Angola, o qual lhe oferecia um subsídio de 1.000$00 escudos por cada 100 exemplares tirados. A publicidade no jornal gerava resultados no valor de 1.500$00 a 1.750$00 escudos. A edição de cada número do jornal custava cerca de 3.000$00 escudos e a publicidade e a sua venda gerava 3.250$00 escudos de receitas, pelo que “O Estudante” tinha como lucro líquido cerca de 250$00 escudos (idem, folha 232). Nos meses de Maio e Junho foi posto a circular o Jornal o Estudante nº 83, órgão de imprensa dos alunos Salvador Correia, que inseriu alguns artigos bastante duvidosos, sendo por esse motivo apreendido pelo Reitor. O primeiro trabalho realizado pela nova direcção do jornal foi visível na edição do jornal número 83. O jornal “Estudante” dos meses de Maio e Junho de 1964 publicou trabalhos literários em prosa e verso, artigos de estudantes e de alguns membros da nova direcção. O artigo intitulado “Malthus – teoria da população” 31 da autoria do estudante Luís Moniz Pereira, chefe de redacção foi publicado sem autorização e conhecimento do Professor Orientador, e por isso o número 83 do jornal foi apreendido pelo Reitor. Apesar das justificações de que “à última da hora não ter outro escrito para preencher aquele espaço do jornal” (DGA/ANTT, PIDE/DGS Processo nº 4840, folha; 274-275), o Conselho Disciplinar do Liceu aplicou sanções disciplinares que levaram à demissão do corpo de estudantes responsáveis pela direcção do jornal, assim como do Professor Orientador e ainda foram aplicadas duas faltas disciplinares ao estudante Luís Moniz Pereira. Dos 800 exemplares, apenas 25 foram devolvidos pelo liceu feminino D. Guiomar de Lencastre e um número não especificado pelo Liceu Paulo Dias de Novais. Período de 1965 – 1974 No final do ano lectivo de 1964/1965, António Garcia Neto, após ter concluído o curso liceal partiu de Luanda para a metrópole, com o objectivo de se matricular na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, para fazer a licenciatura em Direito. Em 1966/1967 foi nomeado representante dos alunos do segundo ano, à Comissão Pedagógica da Faculdade de Direito, órgão que era constituído por vinte e cinco alunos, cinco por cada ano do curso, para além de fazer parte da Comissão de Conferências da licenciatura. Figura 3:Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (Portugal) Fonte: Faculdade de Direito da Universidade http://www.uc.pt/pt/fduc (descarregado em 08.03.2010) 32 de Coimbra in Neste mesmo período, os processos da PIDE/DGS informam que Garcia Neto, em 1966/1967, quando trabalhava no Movimento Associativo, foi convidado a ingressar no Partido Comunista Português (PCP) pelo seu amigo, colega de curso e co-residente na República Kimbo dos Sobas8, João Arnaldo Saraiva de Carvalho. Garcia Neto integra o PCP sob o pseudónimo de Jesus, atribuído por João Carvalho que por seu turno era conhecido como Sérgio. Pagava a quotização de vinte escudos mensais, ao início pagava de forma regular, mas, por dificuldades económicas, passou a pagar apenas quando tivesse possibilidades de o fazer. (idem, folha; 128, 129). Ainda no ano de 1967 atribuíram-lhe a tarefa de distribuição de panfletos de madrugada pelas casas do bairro da Conchada, em Coimbra, sobre a comemoração clandestina pelo PCP do dia 1 de Maio. Esta distribuição foi apoiada, em termos de vigilância da área por Gilberto Saraiva Carvalho, irmão do João Arnaldo, de nome Sérgio que controlava a área para que Garcia Neto não fosse surpreendido pela polícia. No mesmo ano, António Garcia Neto e António Almeida Chington, angolano e médico estagiário em Lisboa, lançaram o projecto de criação de um Centro de Estudos Africanos em Coimbra. Este Centro visava aproximar todos os indivíduos naturais do Ultramar que se encontravam a estudar naquela cidade, promover o estudo e intercâmbio de assuntos culturais das várias províncias ultramarinas, e mesmo de toda a África. No entanto, após efectuarem algumas reuniões de consulta nas Repúblicas de Coimbra, verificaram que existiam divergências de opiniões quanto à integração de outros elementos brancos no projectado Centro de Estudos, contrariando-se, desta forma, as propostas originais de participação alargada de Garcia Neto e António Chington. O mesmo projecto de Garcia Neto e Chington foi continuado no ano de 1967/1968, por Carlos Augusto da Silva, natural da Guiné. Porém, os mesmos problemas de integração alargada prevaleceram apesar das novas tentativas. O projecto de criação do Centro de Estudos Africanos em Coimbra ficou, assim, sem execução devido aos obstáculos encontrados em relação à participação dos indivíduos brancos naturais de África. (Por sua própria iniciativa decidiu levar para Luanda uma cópia dactilografada de uma brochura 8 Local onde estava hospedado. Denominada Residência de Estudantes Angolanos. 33 editada pelo Centro de Estudos Angolanos em Argel, organismo de investigação cultural ligado ao MPLA, cópia que foi dactilografada em conjunto pelos residentes da República kimbo dos sobas feita em quadruplicado. Um exemplar foi para a biblioteca da República kimbo dos Sobas, um outro para a República dos Milionários, um terceiro ficou com o António Garcia Neto que o levou para Luanda e o quarto exemplar destinou-se ao Gomes, que era angariador de seguros e foi identificado como tendo sido o individuo que dactilografou o trabalho.) No dia 8 de Agosto de 1969, Garcia Neto parte de avião de Lisboa para Luanda a fim de passar férias na sua terra natal. Era sua pretensão mudar da Faculdade de Direito de Coimbra para a mesma Faculdade da Universidade de Lisboa. Nestas férias em Angola, Garcia Neto é contactado para integrar o MPLA, proposta que aceita (DGA/ANTT, PIDE/DGC, Processo nº4840). Desde logo, fica com a incumbência de ser o mediador do MPLA na região de Coimbra e da Metrópole, com a missão de saber da receptividade dos programas radiofónicos deste movimento, emitidos a partir de Brazzaville, no Congo, de recrutar e formar “camaradas” para a causa da libertação nacional de Angola e de angariar medicamentos para enviar para os “camaradas” das tropas estacionadas no Congo-Brazzaville (idem). Regressa à metrópole no dia 20 de Setembro e acaba por matricular-se no terceiro ano do curso de Direito da Faculdade de Direito de Coimbra, como aluno voluntário a fim de trabalhar para sustentar a sua estadia e estudos, em virtude do apoio familiar não ser suficiente. No dia 6 de Fevereiro de 1970, a Direcção de Serviços de Informação de Coimbra irrompe pela República Kimbo dos Sobas, na Rua Antero de Quental, nº 217 pelas 9 horas da manhã. António Manuel Garcia Neto foi interpelado por quatro agentes da polícia, que revistaram o seu quarto sem qualquer mandato de busca. Foi então detido e acusado de praticar actividades subversivas contra a segurança do Estado. Foi depois levado para as prisões de Caxias. (DGA/ANTT PIDE/DGS Processo nº 4840). No dia 6 de Fevereiro de 1970 em Coimbra, no quarto da residência de António Garcia Neto da República de estudantes denominada kimbo dos Sobas na rua Antero de Quental nº 217, em cumprimento de ordem superior, foi efectuada uma busca a fim de serem encontrados documentos ou objectos, 34 pelo chefe de brigada da Direcção Geral de Segurança. No final dessa busca, foram efectivamente encontrados alguns documentos ligados à vida pessoal de Garcia Neto, como por exemplo, correspondência que lhe tinha sido dirigida, cartas, livros etc. Assim foi ordenada a sua apreensão pelo chefe de brigada e remetido à Direcção – Geral de Segurança em Lisboa. Figura 4: lápide e 5: Residência de António Garcia Neto República kimbo dos Sobas Rua Antero de Quental nº 217 em Coimbra. Fonte: Fotogramas da Autora (31- 05 - 2010.) A figura 4 (lápide) homenageia a os estudantes angolanos que residiram na República Kimbo dos Sobas, os quais foram mortos pelo movimento fraccionista, no dia 27 de Maio de 1977, em Luanda. Figura 6: António Manuel Garcia Neto – Caxias, 6 de Fevereiro de 1970. Fonte: DGA/ANTT, PIDE/DGS, Processo nº 28241, Livro 142. 35 Fig 7: Prisão de Caxias Fonte: http://projecto9b.blog.sapo.pt/9182.html (descarregado em 08.03.2010) Após a prisão de António Garcia Neto, na República Kimbo dos Sobas, os estudantes da faculdade de Coimbra ficaram preocupados, sobretudo com o tratamento coactivo que o colega estaria a sofrer, submetido a constantes e contínuos interrogatórios na Direcção Geral de Segurança, e sem dormir. Foi urgente conseguir o mais breve possível a necessária autorização para lhe prestar a possível assistência, apoio moral e jurídico, em conformidade com o artigo 10º do pacto Internacional relativo aos Direitos civis e Políticos. De acordo com esse documento, toda pessoa privada da sua liberdade tem direito a ser tratada com humanidade e com o respeito da dignidade inerente à pessoa humana, Os estudantes da faculdade de Coimbra reuniram-se em Assembleia Magna e enviaram telegramas à Assembleia Nacional, ao Presidente do Conselho e ao Ministro do Interior. Manifestaram receio da situação prisional do colega António Garcia Neto e reclamaram um esclarecimento público da sua prisão, na pretensão de salvaguardar a sua integridade e a garantia da assistência jurídica e de visitas dos colegas. No dia 7 de Setembro de 1971 o Secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas) enviou uma nota à delegação Portuguesa junto das Nações Unidas, em Nova Iorque, transmitindo uma carta da secção Alemã da Amnistia Internacional a pedir a intervenção da ONU no sentido de conseguir que as autoridades portuguesas libertassem António Garcia Neto, que foi condenado a quatro anos e meio de prisão por pertencer ao Partido Comunista Português (PCP) e ao Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA). (DGA/ANTT PIDE/DGS Processo nº 4840). 36 Foi levado a cabo, no dia 16 de Fevereiro de 1970 na cidade de Lisboa, o interrogatório que teve lugar, após a sua detenção como arguido e, no final desse interrogatório surgiu-nos a seguinte assinatura: No dia 30 de Março de 1971, António Garcia Neto foi remetido para o Tribunal Criminal de Lisboa para ser julgado. Por acórdão do 4º Juízo Criminal da Comarca de Lisboa, foi condenado à pena de quatro anos e meio de prisão maior, a dois anos de multa à razão de 20$00 (vinte escudos) por dia, com medidas de segurança de internamento de seis meses a três anos prorrogáveis, à suspensão de todos os direitos políticos por 15 anos no regime de isolamento com o exterior e à transferência da Cadeia de Caxias para o Forte de Peniche (Figuras 6, 7 e 8), transferência que se realizou no dia 5 de Junho de 1973. (DGA/ANTT, PIDE/DGS, Processo nº 28241, Livro 142). Figuras 8, 9 e 10: Prisão do Forte de Peniche Fonte: Fotogramas da Autora de (10 – 01 – 2010). António Garcia Neto, durante a época de 1965 a 1973, conforme consta na ficha académica da faculdade de direito da Universidade de Coimbra estudou até ao terceiro ano do curso de direito. Período de 1974 – 1977 O 25 de Abril de 1974, com a denominada Revolução dos Cravos, marcou a queda da Ditadura em Portugal e a libertação dos presos políticos. António Manuel Garcia Neto, depois de ouvido pelos Delegados da Junta de Salvação Nacional e assistido pelos competentes advogados presentes, foi libertado 37 “sem condições,” às duas horas do dia 27 de Abril, conforme a acta elaborada. (Bernardes, 1991,anexos) em anexo 1.0.4. Após a sua libertação, Garcia Neto juntou-se às fileiras do MPLA, tendo chegado a Lusaka, capital da República da Zâmbia, em 1975. Foi então integrado no Departamento de Relações Exteriores do MPLA, na Secção de Cooperação Internacional. Após a Independência de Angola, a 11 de Novembro de 1975, foi nomeado Director da Cooperação Internacional do Ministério das Relações Exteriores (Boletim do Militante do MPLA, nº 3, 1977, 15). António Manuel Garcia Neto foi morto no dia 27 de Maio de 1977, em Luanda, por um grupo de fraccionários do MPLA, no contexto de uma tentativa fracassada de golpe de Estado, liderada por Alves Bernardo Baptista (Nito Alves) e José Jacinto da Silva Vieira Dias Van – Dúnem (Zé Van – Dúnem). “O Estado Novo [foi] imposto com a consequente restrição de liberdades pessoais e políticas, com uma censura instituída e uma polícia política já actuante. O que publicamente se deseja dizer… ou se não diz e se cala ou a ser dito deve vir à luz do dia de forma escamoteada ou tão subtilmente subentendida de maneira a que possa ser, por um lado, perceptível por aqueles a quem a mensagem se destina, mas por outro tida como perfeitamente inócua para os agentes censores” (Silva, 2003,pg 8). Não foi este o caso da vida de Garcia Neto. Ao reflectir sobre a situação vivida e marcada por uma época caracterizada pelo colonialismo português, a história de vida académica e política de António Manuel Garcia Neto denota uma consciência política, cultural e literária precoce, (desde os dezasseis anos de idade) e uma acção clandestina, aliando – se a movimentos anti-coloniais que combatiam a ditadura Salazarista (Vieira, 2007;63) ao serviço do PCP e do MPLA, em Portugal. Foi, assim, um jovem do mundo académico que sempre se mostrou defensor dos ideais democráticos em Angola e em Portugal. 38 CAPITULO I Evolução Política e Sócio-Educativa de Angola: 1974-2009 Para compreendermos a perspectiva histórica do sistema educativo angolano socorremo-nos da perspectiva analítica da evolução do ensino no período colonial pelo facto de ser uma referência marcante em Angola. O sistema de educação dependeu do interesse da classe dominante, como reflexo e reprodutor das relações de produção. Neste contexto histórico foi cerca de cinco séculos que Portugal impôs o seu sistema de educação ao povo que viveu uma realidade totalmente diferente. O objectivo da educação colonial em Angola reflectiu a reprodução da classe dirigente como dirigentes, o ensino só se desenvolveu, numa primeira fase, onde havia maior concentração demográfica das colónias, nas principais cidades. À medida que a população colonial cresceu e se espalhou pelo território angolano, as estruturas do ensino também aumentaram, mas sempre reservados aos filhos dos colonizadores, isto apesar de não existir nenhum impedimento legal para os angolanos o frequentarem. Mas, em contrapartida, a localização geográfica das escolas foi assim como um dos impedimentos reais a exigência da assimilação para a sua frequência e o esforço económico que era pedido para estudar era preciso poderes (dinheiro) sobretudo porque o ensino não era gratuito (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 1978). José Pinheiro da Silva afirmou:» A firmeza e a certeza das ideias, a intencionalidade da actuação motivaram fosse, com bem poucas alterações ditadas pelo meio sempre a mesma linha seguida pelo Oriente e Ocidente, na movediça esfera da educação e ensino – que o mesmo é dizer no domínio onde se temperam as almas, onde se forja a Nação. Promover a difusão da língua portuguesa, radicar hábitos e atitudes, expandir a fé cristã, modificar processos de cultivo da terra, ensinar fórmulas de convivência entre as gentes, diversas na civilização e na etnia etc. …» (cit. Santos, 1970,p. 7). Estas ideias reflectem a acção educativa realizada nas ditas províncias ultramarinas de África (caso de Angola) como a maneira mais fácil encontrada de assimilação com a finalidade dos portugueses estabelecerem relações com os africanos. 39 No entanto, foi na primeira metade do século XX, precisamente no ano de 1919, que a historia do ensino em Angola passou a constituir o marco de referência pelo facto da criação de várias escolas, liceus e escolas primárias tais como a escola Industrial e Comercial de Luanda, em 23 de Agosto, e o Liceu Central de Angola (pela portaria nº51, de 22 de Fevereiro) que ficou conhecido como Salvador Correia e hoje chamado por Mutu-Ya-Kevela,as escolas primarias de Novo Redondo e Catumbela, no distrito de Benguela do Ambriz, Golungo Alto e Dondo, no distrito de Luanda, e de Porto Alexandre, no distrito de Moçamedes, mais tarde Chibia e Humpata.(Idem, p. 238) Nesta época da história de ensino em Angola as escolas primárias foram classificadas como de segunda classe ou segundo grau principalmente as da sede de distrito e das povoações consideradas mais importantes. Quero lembrar que a escola primária foi separada entre masculina e feminina assim como os seus professores/as que leccionaram. Anos depois e pela primeira vez, uma senhora de nome Carolina Deolinda Teixeira de Sousa foi nomeada para a escola primária masculina da freguesia dos Remédios na cidade de Luanda, a única que concorreu ao lugar foi classificada em concurso documental aberto perante o conselho provincial ocupou o lugar de uma turma do sexo masculino em 13 de Fevereiro de 1907 (idem, p. 239). Durante a época colonial nos países africanos as mulheres só leccionavam nas escolas femininas. Foi uma época de grande progressão em termos de criação de escolas primárias nas cidades onde se registou maior concentração da população branca como Catabola, Camacupa, Chinguar, Dondeiro, Vila Nova, Caala, Cuma, Quilengues, Ganda, Cubal, Mapunda, Povoação De Cima (Da Vila De Lubango, Ex-Sá Da Bandeira), Chibia, Malanje e Lunda etc. (idem, p. 240). A criação de escolas ajudou a desenvolver a administração e o comércio das colónias. Nas zonas rurais, o ensino foi quase exclusivamente administrado pelas missões católicas e protestantes, que o faziam com o objectivo de criarem uma classe de pequenos quadros africanos que colaborassem na propagação do credo religioso. Foi sobretudo nas missões que a maior massa dos angolanos se escolarizou a nível do ensino primário. (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 1978). 40 Podermos resumir que durante a época colonial em 13 de Fevereiro de 1907 foi nomeada pela primeira vez a Senhora Carolina Deolinda Teixeira de Sousa para a escola primária masculina da freguesia dos Remédios na cidade de Luanda. A dita senhora foi a única que concorreu ao lugar e foi classificada em concurso documental aberto perante o conselho provincial, ocupando, assim, o lugar de uma turma do sexo masculino. Foi na primeira metade do século XX, mais precisamente no ano de 1919, que se começou com a criação de escolas, liceus e escolas primárias. As escolas primárias foram classificadas como escolas de segunda classe ou de segundo grau principalmente as localizadas nas sedes de distritos e das povoações mais importantes. O ensino nas zonas rurais foi administrado essencialmente pelas missões católicas e protestantes, e cujo principal objectivo foi de criar uma classe de pequenos quadros africanos que colaborou na propagação do credo religioso. 1.1.Evolução da Historia Política de Angola Em 1974, com o 25 de Abril e o cessar-fogo, a época é marcada, na história de Angola, pelo reconhecimento dos movimentos que lutaram pela liberdade (MPLA, FNLA, UNITA) e pela assinatura dos Acordos de Alvor em 15 de Janeiro de 1975 no Sul de Portugal, que estabelecia um governo de transição, uma constituição, eleições e independência e soberania plena de Angola, proclamada em 11 de Novembro de 1975 (SANTOS, 1975,p.18). Contudo este Acordo de Alvor tornou-se num fracasso visto que o governo de transição não chegou a funcionar (Anstee, et al.2004). O governo de transição tomou posse no dia 31 de Janeiro de 1975, durou apenas três semanas (Henderson, 1990,p.387). Os primeiros conflitos começaram a surgir em Luanda entre as forças do MPLA e da FNLA, no dia 1 de Fevereiro num musseque9 que acabou no tiroteio. (idem). A violência começou a aumentar na capital e, no final do mês de Março, o ministro dos negócios estrangeiros português e o ministro do ultramar deslocaram-se a Luanda para uma reunião com os dirigentes dos movimentos 9 Bairro da capital de Angola. 41 de libertação. Os ministros e os dirigentes angolanos concordaram em pôr termo o clima de agressão que se vivia na capital e a levar as forças militares a integrarem-se as forças armadas portuguesas, conforme o estipulado nos acordos de alvor (idem). Mesmo assim, ainda nem os ministros tinham chegado a Lisboa e já se repetiram os conflitos entre a FNLA e o MPLA (idem). No mês de Maio, os confrontos atingiram várias cidades de Angola, opondo o MPLA e FNLA, por um lado, o MPLA e a UNITA (Lazitch.Rigoulot, 1988,p.44). Entre os dias 16 a 21 de Junho de 1975, foi realizada a cimeira de Nakuru, no Quénia, que contou com a presença de Álvaro Holden Roberto10, Agostinho Neto11 e Jonas Malheiro Savimbi12 (Henderson, 1990,p.388). Um dos aspectos positivos da cimeira foi o facto de se ter feito uma análise muito concisa e fria das causas da deterioração da situação em Angola que consistiu: A introdução de grandes quantidades de armas pelos movimentos de libertação após o 25 de Abril e especialmente depois de terem mudado para Luanda. Esta corrida ao armamento deveu-se ao facto de os movimentos de libertação manterem falta de confiança mútua, que resultou das diferentes políticas e ideologias e das divergências no passado; a falta de tolerância política, que se manifestou na violência da actividade desenvolvida pelos movimentos de libertação e pelos seus militantes; a existência das chamadas zonas de influência e das regiões de suposta superioridade militar; a entrega de armas à população civil; conflitos militares entre os movimentos de libertação e a sua tendência para os regionalizarem, o que, para além de causarem inúmeras vitimas, agravaram ainda mais a situação, tendendo a aumentar o tribalismo, o regionalismo e o racismo; a presença de agitação reaccionária e de elementos estrangeiros no processo de descolonização (idem). O processo foi conduzido de maneira que as eleições se realizassem em Setembro de 1975 (Lazitch.Rigoulot, 1988,p.45). Neste período histórico, os conflitos tornaram-se evidentes, o MPLA e a FNLA, na primeira semana de Junho, o MPLA e a UNITA, em Luanda, a 23 de Junho, entre o MPLA e a FNLA a 12 de Julho, e a 15 de Julho o MPLA afastou de Luanda a FNLA, e no dia 6 de Agosto, continuaram os confrontos entre os três movimentos nacionalistas 10 1923-2007. 1922-1979. 12 1934-2002. 11 42 em Silva Porto actualmente província do Bié, e nesse dia a FNLA saiu do governo de transição e a UNITA no dia 11 de Agosto (idem). Nos confrontos seguintes a FNLA recebeu apoio da Republica do Zaire, então sancionada pela china e EUA, e invadiu o norte de Angola. Por seu lado, a UNITA foi apoiada pela África do sul e invadiu Angola a sul. Enquanto o MPLA, liderado por Agostinho Neto, ganhou terreno, em particular em Luanda com o apoio da união soviética e de tropas cubanas (Anstee, et al.2004). A 11 de Novembro foi proclamada a independência de Angola por Agostinho Neto. A FNLA e a UNITA foram [afastadas] da cidade e do governo e estabeleceu –se um regime socialista de partido único(idem). Nesta época dá-se a rotura entre os três movimentos de libertação, nesta época Samora Moisés Machel afirmou:” Em Angola há duas partes que se afrontam: de um lado, o imperialismo com os seus aliados e os seus fantoches; do outro, as forças progressistas populares que apoiam o MPLA e nada mais» (Lazitch.Rigoulot, 1988.p.46). Após a proclamação da independência em Janeiro de 1976 a FNLA e a UNITA em Fevereiro, o MPLA afastou-os das cidades. Assim o MPLA tomou a totalidade do poder (idem). No contexto internacional, em Fevereiro de 1976, Angola começou a receber o reconhecimento diplomático como República Popular dos países ocidentais democráticos, e em Julho do mesmo ano foi assinado o primeiro acordo de cooperação com Cuba, e em 9 de Outubro foi assinado o acordo de amizade e de cooperação com a União Soviética, (idem.p.49) Nesta época surgiu, igualmente o reconhecimento de Angola pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros da República Federal da Alemanha, M. Genscher, que lançou um apelo contra a intervenção estrangeira em Angola e declarou-se favoravelmente a” uma solução africana”. Foi assim que o governo francês antecipou os seus parceiros europeus e reconheceu o poder de Agostinho Neto líder do MPLA, em 13 de Fevereiro de 1976 e posteriormente, 18 a Inglaterra e Itália, 19 e 22, a Alemanha Federal e Portugal. (idem) Com este reconhecimento a Organização das Nações Unidas ONU não deixou passar muito tempo e, no dia 1de Dezembro de 1976, Angola foi admitida como membro para contribuir na estabilidade do continente Africano. (Idem) Agostinho Neto afirmou:» Angola é e será por vontade própria trincheira firme da revolução em África.» (Neto. Discurso Politico, 1979). 43 Em 1977 foi realizado o Iº congresso do MPLA onde este, sob a direcção de Agostinho Neto, se constituiu em Partido do Trabalho e definiu as orientações fundamentais do desenvolvimento político, económico e social baseado na ideologia marxista-leninista (socialismo). (MPLA PT, 1977) Com a intensificação da guerra civil após a independência de Angola uma organização humanitária13 publicou um documento, em Agosto de 1987, onde destacava aquilo que se chamou de devastação da guerra civil:” Desde 1975, cerca de metade da população angolana – seja 8,6 milhões de habitantes foi obrigada a abandonar o país. Cerca de 400.000 mil procuraram proteger-se da violência nos países vizinhos, como o Zaire ou a Zâmbia, agravando, assim, os problemas económicos e políticos destes países. No interior de Angola, as populações rurais são deslocados internos; entre eles, 700.000 mil foram rechaçados das suas aldeias pilhagem e pelas minas, colocadas nos seus campos ou ao longo dos caminhos da aldeia já estropiaram alguns 20.000 angolanos” (Bernnan,Uprooted Angolans: crisis to catastroophe Us. Commite for refugees 1987, cit por. Lazitch.Rigoulot, 1988. pg, 51). No âmbito das relações diplomáticas, em Fevereiro de 1979, Angola assinou um tratado de amizade e de cooperação com Erich Honecker, chefe do Partido e do Estado da República Democrática Alemã, o primeiro entre um estado africano, nesta época após o tratado várias organizações políticas passaram a enviar quadros angolanos para receberem educação socialista baseada na ideologia marxista-leninista como foi o caso da Escola da Juventude Wilhem Picke em Bernau-Bouguense que entre 1981-1982 formou jovens angolanos, onde estiveram representados vários países africanos, asiáticos, europeus, e da américa-latina etc. Este foi o caso que se passou comigo em 1981-1982. As relações com Angola e a URSS destacaram-se na segunda metade dos anos setenta, período em que vários países asiáticos, africanos e latinoamericanos tornaram - se» marxistas – leninistas».14 Os laços entre Luanda e Moscovo nunca enfraqueceram mesmo com a morte de Agostinho Neto15, antes pelo contrário. Em 23 de Fevereiro de 1981, por ocasião o 26º Congresso do PC da União Soviética, Angola foi representado 13 Da autoria Lazitch.Rigoulot não identificam a fonte e o estudo. O Vietname, Afeganistão, Iémen do Sul, Etiópia, Angola, Moçambique e Nicarágua. 15 1922-1979. 14 44 por uma delegação do MPLA- Partido do Trabalho. No acto, Brejnev felicitou ajuda do bloco Soviético a Angola quando afirmou:” Em comum com os outros países irmãos, ajudamos igualmente os estados libertados, sempre que nos pedem para reforçar a sua capacidade de defesa. É o caso especialmente de Angola e da Etiópia.” (Idem) Mais tarde, o presidente angolano José Eduardo dos Santos declarou:» no domínio do internacionalismo, vamos reforçar a nossa amizade com os países socialistas em particular com a URSS e Cuba…vamos apoiar a luta pela libertação nacional dos povos ainda oprimidos.» Neste contexto histórico explicitou ainda na sua mensagem:” O MPLA faz parte integrante da luta revolucionária anti- imperialista não somente à escala da África, mas ainda à escala de todo o mundo” (idem). Na década de 80 Angola viveu situações de confronto com a comunidade internacional por solidarizar – se com a luta dos movimentos de libertação nacional16 que estiveram sob o jugo do colonialismo, do neocolonialismo, e do imperialismo, principalmente na região sul da África Austral, nomeadamente a South West African People Organization SWAPO, organização pró -comunista na Namíbia, e o African National Congress ANC, organização nacionalista que foi controlada pelo Partido Comunista Sul-Africano, em que uma parcela ficou totalmente destruída pela invasão e ocupação pelas forças do apartheid do regime da África do Sul (província do Cunene e Cuando Cubango). A história ficou marcada, nesta fase, pela ajuda política e militar de Cuba e URSS em Angola na luta contra a invasão imperialista (Idem). Na politica externa do Não-Alinhamento, nos anos 80 Angola tomou posições de acordo com a estratégia do bloco soviético durante a época histórica de guerra fria entre as duas grandes superpotências EUA e URSS operou – se uma grande hegemonia na resolução dos problemas conflituosos para os países em via de desenvolvimento e do terceiro mundo. Angola, organizou em Luanda a 8ª Conferência dos Ministros dos Negócios Estrangeiros dos Países Não – Alinhados, a que assistiram cerca de 100 estados (idem). A década de 90 foi uma época de viragem na história de Angola, pelo facto de nesta altura o Governo da República Popular de Angla e a União Nacional para 16 Republica democrática árabe do Sahara,Timor Leste, Palestina e el Salvador. 45 a Independência Total de Angola (UNITA) terem assinado o acordo de paz para Angola no dia 1 de Maio de 1991, na presença de observadores dos Estados Unidos da América e da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), com a mediação do Governo português, o que implicou a suspensão das hostilidades. Entre os dias 29 a 31 de Maio foram designados pela calendarização do cessar-fogo da: assinatura e entrada em vigor do acordo de Cessar-Fogo; da tomada de posse da CCPM e da CMVF; do início da deslocação dos grupos de Fiscalização para os locais pré-determinados e início das operações de verificação da ONU (RPA, 1991). Nesta época, Angola foi dividida em cinco regiões17 para a concentração das forças militares, tanto do Governo como da UNITA, até a sua selecção e integração numa força única e posterior encaminhamento para as escolas de instrução militar. Dar-se-ia origem assim, às FAA, conforme ficou estabelecido nos acordos de cessar-fogo e de paz para Angola (idem). Após assinatura dos acordos, foi realizada uma reunião entre o Governo da República Popular de Angola e a UNITA, no Estoril, em Portugal, com a mediação do governo português e a presença de observadores dos EUA e da URSS, tendo-se chegado ao acordo e entendimento de assuntos políticos e militares no que concerne: as eleições, à comissão conjunta político-militar (CCPM)18, aos princípios relativos à questão da segurança interna durante o período desde que entrou em vigor do cessar – fogo até à realização das eleições, aos direitos políticos a exercer pela UNITA após o cessar-fogo, as estruturas administrativas, e à formação das forças armadas angolanas. Estes acordos foram denominados como o Protocolo do Estoril (idem). No Protocolo de Estoril acordou - se que as eleições em Angola seriam para escolher o Presidente da Republica e da Assembleia Nacional. Após um processo de consultas entre todas as forças políticas angolanas, com um parecer técnico de um organismo internacional especializado por exemplo das Nações Unidas. O Presidente, eleito por sufrágio directo e secreto, através de 17 Região Norte (com sede em Luanda), com dois subgrupos em Negage e em Cabinda. Região Nordeste (com sede em Saurimo). Região Centro (com sede em Huambo), com dois subgrupos localizados no lobito e em Huambo. Região leste (com sede em Luena). Região Sueste (com sede em Mavinga).Região Sul (com sede em Lubango). 18 CCPM, teve por missão o controlo político global do processo de cessar-fogo; velar pela aplicação dos acordos de paz; garantir o estrito cumprimento de todos os entendimentos políticos e militares e decidir, em última instância, sobre eventuais violações dos mesmos. 46 um sistema de representação proporcional a nível nacional, antecedido por um período oficial de campanha eleitoral (idem). Assim, entrou para a história de Angola pela primeira vez uma declaração tripartida, proposta pelo mediador e observadores do processo de paz, onde se afirmou: “Tendo em consideração as dificuldades logísticas da organização do processo eleitoral, designadamente a conveniência de o acto eleitoral decorrer ainda no período de estação seca, e a necessidade de reduzir os altos custos que a comunidade internacional terá de suportar na fiscalização do cessarfogo, as delegações de Portugal, dos Estados Unidos e da União Soviética recomendarem que as eleições se realizassem dentro da primeira parte do período sugerido, de preferência entre 1 de Setembro e 1 de Outubro de 1992.” Neste contexto foi revista a Constituição e as leis relevantes para a criação de uma democracia multipartidária (idem, 1991). Foi nesta base que nos dias 5 e 6 de Setembro de 1992, as eleições tiveram lugar em todo o território angolano, com a verificação da MONUA19 e representantes dos Estados Unidos da América e da União das Republicas Socialistas Soviéticas. Este processo terminou mais tarde no caos, mesmo antes da publicação dos resultados eleitorais. Esta época caracterizou-se por um período em que Angola mergulhou pela terceira vez numa guerra civil, o que levou a que várias organizações e entidades internacionais, tais como a OUA, a SADC, a ONU, a Comunidade dos países de Língua Portuguesa (CPLP) e os EUA, exigiram o agravamento das sanções contra a UNITA em que foram apoiadas pela Grã-Bretanha, Ghana, África do Sul e Israel. Nesta base, para ajudar a resolver o problema de tensão que se vivia entre Angola e Zâmbia foi realizada uma cimeira dos chefes de estado Angolano, Zimbabwe, Namíbia e da República Democrática do Congo (RDC) que culminou com a assinatura de um pacto através do qual qualquer um destes países poderia enviar tropas em defesa dos outros. Para fortalecer a resolução pacífica do conflito várias organizações da sociedade civil, incluindo a Igreja Católica, uniram no sentido de solicitar a suspensão do conflito armado e a realização de um debate nacional para a obtenção da paz e reconciliação nacional (PNUD, 1999). 19 Missão de Paz das Nações Unidas em Angola 47 Passados dez anos de guerra civil, em 2002 foi colocado fim a todas as hostilidades militares, e iniciou-se uma nova etapa de paz para os Angolanos que culminou, em 4 de Abril do mesmo ano com, a assinatura de um memorando de entendimento de Luena, que visou a resolução dos assuntos militares pendentes em conformidade com os acordos de Bicesse20 e o protocolo de Lusaka21, a desmilitarização e reintegração da UNITA na vida política, e uma amnistia de todos os crimes cometidos no âmbito do conflito armado, pelas forças do Governo da República de Angola e da UNITA. (Anstee.et.al.2004). Depois de cinco anos o presidente angolano, José Eduardo dos Santos anunciou no dia 27 de Dezembro de 2007, a realização de eleições legislativas para o ano de 2008. As eleições legislativas foram realizadas nos dias 5 e 6 de Setembro de 2008, onde foi convidada a União Africana22 e a União Europeia como observadores para o processo de votação. As Eleições Legislativas consistiram em eleger os Deputados a Assembleia Nacional e o Governo da República de Angola, e assim como para a normalização da vida politica angolana no contexto da democracia representativa e cada vez mais participativa (Neto, 2009,p.165). O resultado das eleições realizadas foram vencedores os partidos políticos, MPLA-PT 81,73%, UNITA 10,38%, PRS 3,10%, ND 1,28%, FNLA1,13%, Foi 20 Acordo de paz rubricado em 1 de Maio de 1991 com o objectivo de democratização das instituições politicas e da escolha entre os dois lados (MPLA e UNITA) através de um processo eleitoral precedido por uma transição de desmilitarização das duas forças e à formação de um exército único de forma a assegurar o respeito pelo voto. 21 Assinatura do protocolo de Lusaka em Novembro de 1994consistiu em manter a validade do acordo de paz de Bicesse, o resultado das eleições não era reconsiderado mais a segunda volta das presidenciais ( tal facto não aconteceu), o desarmamento e criar o Governo de Unidade e Reconciliação Nacional (GURN). 22 , Sucedeu a Organização da Unidade Africana (OUA), que foi criada em 25 de Maio de 1963 em Addis abeba Etiópia representados por 32 governos de países africanos independentes com os objectivos seguintes: Promover a unidade e solidariedade entre os estados africanos; Coordenar e intensificar a cooperação entre os estados africanos, no sentido de atingir uma vida melhor para os povos de África; Defender a soberania, integridade territorial e independência; Erradicar todas as formas de colonialismo da África; Promover a cooperação internacional, respeitando a carta das nações unidas e a declaração dos direitos humanos; Coordenar e harmonizar as politicas dos estados membros nas esferas politica, diplomática, económica, educacional, cultural, da saúde, bem estar, ciência, técnica, e de defesa. Ao longo dos anos foi liderada pelos respectivos chefes de estado por períodos de um ano de mandato. A união africana (U. A) foi criada em 2002.Baseada no modelo da união europeia com objectivos seguintes: Unidade e a solidariedade africana; Eliminação do colonialismo, a soberania dos estados africanos; a integração económica e da cooperação politica e cultural do continente. O primeiro presidente foi o então presidente Sul-Africano Thabo Mbekui (http://www.infopedia.pt/$organizacao-de-unidade-africana-%28oua%29) descarregado em 19.10.2010. 48 vencedor o partido com maior valor percentual o MPLA-PT. A própria participou como membro da mesa de voto. http://escolaprof.wordpress.com. Para falarmos da economia de Angola devemos ter como ponto de partida o período que vai desde os períodos de 1973, altura em que a economia atingiu o ponto de desenvolvimento em alguns sectores com níveis de produtividade bastante altos, até após o 25 de Abril de 1974, onde cerca de 80 por cento da indústria transformadora foi nacionalizada, confiscada ou intervencionada após 1975 (Vicente, 1995). Nesta época histórica, o Comité Central do MPLA, na proclamação da independência, definiu Angola como um país subdesenvolvido, dependente das grandes potências do mundo desenvolvido, pelo facto de as forças produtivas apresentarem o nível muito baixo, existirem distorções graves no desenvolvimento dos diversos sectores da economia, grandes desproporções entre as várias regiões do país, um largo sector de economia de quase subsistência, elevadíssima taxa de analfabetismo e de mortalidade infantil e ainda baixa esperança de vida à nascença (MPLA, Teses.1977). Tudo isto contribuiu para que Angola se tornasse num país fraco em termos de desenvolvimento económico e humano. Angola, após a independência, ficou desprovida de quadros especialistas e técnicos (estrangeiros) que trabalhavam na economia e, mais tarde, abalada por dependências, como por exemplo a dependência relativamente aos capitais e aos mercados fornecedores, a dependência tecnológica, a dependência quanto à mão de obra especializada. Quer dizer com esta situação registou – se a cooperação com países fundamentalmente da Europa do Leste e América latina (Cuba) para contribuírem para a evolução económica de Angola. No entanto, após a independência foram implementadas políticas que culminaram com a publicação no diário da república nº266-1ª serie de 10 de Novembro de 1976 a lei nº69/76, consagrou a criação do Banco Nacional de Angola. ao abrigo da alínea a) do artigo 38º, da lei constitucional o conselho da revolução decretou a lei da moeda nacional a 11 de Novembro de 1976. Ainda com base no disposto nos artigos 8º e 30º da lei constitucional foi criada a unidade monetária nacional designada por kuanza. Foi a primeira vez que se fez emissão da moeda nacional em substituição do “escudo.” O Kuanza sofreu várias mudanças ao longo do processo de evolução económica: de 8 de 49 Janeiro de 1977 a 1990 –1ª troca da moeda nacional, do escudo para o Kuanza com a emissão de moedas e notas; de 1990 a 1995-2ª troca da moeda de Kuanza para a denominação de novo kuanza com a emissão só de notas; de 1995 a 1999 3ª troca da moeda de novos kuanzas para a denominação de kuanza reajustado com a emissão de notas; 1999 4ª troca de kaunza reajustado para a denominação de kuanza com a emissão de moedas e notas (www.bna.ao/artigo.asp). As mudanças operadas no processo cambial, em função da subida da taxa de inflação no mercado nacional, levaram ao reenquadramento constante da moeda que constituiu a forma de pagamento de despesas do estado. A economia baseava –se na indústria mineira extractiva de petróleo bruto e de diamantes que constituem a fonte de riqueza principal de Angola. O Ministério das Finanças, através da Direcção Nacional do Orçamento, efectuou a distribuição dos créditos orçamentais pelas diferentes unidades orçamentais para o inicio do processo de execução orçamental (Costa.Oulai.2003) Os recursos no orçamento podiam ser revistos, sempre e quando houvesse uma alteração substancial das variáveis macro económicas que serviu de base para a sua elaboração (Idem). Nos últimos anos, o OGE foi revisto de forma a adequá-lo às previsões de arrecadação de receitas e ao nível da evolução da taxa de inflação (idem). Por outro lado, as receitas provenientes dos impostos sobre a exploração petrolífera constituem a principal fonte das receitas do Orçamento Geral do Estado. As grandes variações a nível dos preços do petróleo trouxeram repercussões no OGE a nível do apoio a questões sociais. No ramo da educação, na década de 80, o orçamento para o MED, distribuiu os créditos orçamentais para a sua execução de maneira indicada no quadro 1. O quadro acima mostra que o ano com maior planificação orçamental de 12,12% em relação ao valor global foi o de 1989, 8,79% ao valor atribuído e de execução 9,37%. Neste contexto, os créditos orçamentais atribuídos pelo Governo através do OGE serviram para o investimento e implementação dos programas do MED, muito embora a insatisfação dos objectivos da educação serem a necessidade pelo facto: de as estruturas de base (as escolas) precisavam de ser aumentadas, a melhoria de condições de trabalho dos professores a todos os 50 níveis, a formação contínua dos professores e a própria sustentabilidade do Ministério da Educação como estrutura central, os valores foram muito exíguos, o que levou a trabalhar - se no sistema educativo com muitas dificuldades a realização de algumas acções sem o impacto desejado (Neto.2005) Quadro nº1: Orçamento do Ministério da Educação (em kuanzas e em %) Ano Orçamento % Planificado % Atribuído % Executado % 1985 89160000 100 9807323 11,00 8344814 9,36 8086559 9,07 1986 102300000 100 12915301 12,62 11012780 10,77 10119364 9,89 1987 93400000 100 15084598 16,15 11000000 11,78 10763370 11,52 1888 113000000 100 15971000 14,13 11647794 10,31 9107707 8,06 1989 132468000 100 16060914 12,12 11647794 8,79 12406352 9,37 Fonte: MED, 1985. Nos anos de 1999 a 2003, em termos de investimentos, a implementação dos programas operacionais que visavam a construção e apetrechamento de escolas, recrutamento, selecção e formação de professores e material didáctico para os alunos não permitiu aumentar a rede escolar nem a execução de programas intensivos de formação e superação de docentes, pois que o orçamento previsto foi de kz: 588.369.328,00(quinhentos e oitenta e oito milhões, trezentos e sessenta e nove mil, trezentos e vinte oito kuanzas) e apenas foram atribuídos cerca deKz: 96.850.000.00(noventa e seis milhões, oitocentos e cinquenta mil kuanzas) o que corresponde a apenas 16% do previsto. Esta falta deixou para trás as estratégias políticas e programas do sector e não evitaram a degradação e insuficiência das instalações e equipamentos escolares, as distorções da rede escolar (idem). Os problemas e dificuldades que os sistemas educativos vivem foram analisados no curso sobre custos, financiamento e orçamento da educação realizado em Luanda, em 17 de Setembro de 1999, quando se afirmou:» A maior dificuldade com que os nossos sistemas educativos se debatem é a escassez de recursos financeiros e de fontes de financiamento. O sistema educativo angolano dispõe apenas de duas fontes de financiamento: O Orçamento Geral do Estado e os financiamentos provenientes da ajuda pública 51 de desenvolvimento em projectos financiados pelo Banco Mundial e outras agências do Sistema das Nações Unidas, como por exemplo a UNICEF, PNUD, e FNUAP» Discurso do Ministro da Educação de Angola, 1999 (Neto. 2009). Em resumo O orçamento do Ministério da Educação foi distribuído pelos créditos de execução em kuanzas. Na década de 80, o ano com maior planificação orçamental de 12,12% em relação ao valor global foi o de 1989, 8,79% ao valor atribuído e de execução 9,37%. Por outro lado, nos anos de1999 a 2003, registaram-se fracas condições nas escolas com as estruturas não apropriadas, recrutamento, selecção e formação de professores e material didáctico para os alunos que não permitiu aumentar a rede escolar nem a execução de programas de formação e superação de docentes. O orçamento previsto apenas foi atribuído 16%. O sistema educativo angolano dispõe apenas de duas fontes de financiamento: O Orçamento Geral do Estado e os financiamentos provenientes da ajuda pública de desenvolvimento em projectos financiados pelo Banco Mundial e outras agências do Sistema das Nações Unidas, como por exemplo a UNICEF,PNUD,e FUNUAP. 1.2.Evolução Social Ao comparamos a evolução dos alunos no ano de 1973, o ensino primário apresentou cerca de 512.942 alunos, o ensino secundário 72000 alunos e o ensino superior o número foi de 4176 estes números mostram que os alunos era sobretudo na sua maioria portugueses como se pode verificar a explosão escolar no quadronº2 abaixo após a independência (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO; 1978). Neste contexto dois anos após a independência em 1977 o panorama da estrutura da população escolar foi o seguinte: O ensino secundário em Angola neste período histórico evoluiu para 105.368 alunos matriculados mais de 100 mil em relação ao ano de 1973, o ensino primário conforme abaixo no quadronº2. 52 Quadro nº 2: Efectivos no Ensino Primário em 1977. Níveis 1977 % Pré-Primaria 402306 39,2% 1ªClasse 297624 29,0% 2ªclasse 161128 15,7% 3ªclasse 95445 9,3% 4ºclasse 69788 6,8% Total 1026291 100 Fonte: MINISTERIO DA EDUCAÇÃO, 1978. Em 1977 Angola tinha uma única Universidade. O número de alunos matriculados no ensino superior baixou ao compararmos com período antes da independência para 20,98% numa diferença de 3067 distribuídos nas diversas faculdades23 que existiam como mostra o quadro nº 3 (idem). Ao compararmos os dados de 1973 com os de 1977, no ensino primário, como mostra o quadro nº2 e 3 referenciados, verifica-se que o número de alunos foi inferior em relação ao ano de 1977. 39,2% representa o número mais alto de crianças no ensino pré-primária e 29,0% na 1ª classe registou -se uma grande explosão escolar em consequência dos efeitos da democratização do ensino e da obrigatoriedade da escolaridade básica após a independência em que as crianças e os adultos aderirem ao ensino a todos os níveis. Podemos dizer que, após a independência e com a lei constitucional de 11de Novembro de 1975, a República Popular de Angola (RPA) consagrou o ensino democrático, gratuito e obrigatório da escolaridade de base registando-se um fenómeno de explosão escolar. A este fenómeno sucedeu, mais tarde, a massificação escolar em todas as regiões de Angola, principalmente naquelas províncias onde já existiam estabelecimentos escolares fruto do aumento demográfico. 23 Faculdade de Ciências Agrárias, Faculdade de Medicina, Faculdade de Engenharia, Faculdade de Ciências, Faculdade de Letras, Faculdade de Economia. 53 Quadro nº 3: Evolução de alunos matriculados. Níveis de ensino Pré-primário Primário 1973 1974 1977 Total - - 402306 - 512942 - 623985 1136927 54,88 100 % 45,11 Secundário 72000 - 105368 177368 % 40,59 - 59,4 100 Superior - 4176 1109 5285 % - 79,06 20,98 100 Fonte: MINISTERIO DA EDUCAÇÃO, 1978. No ensino de base regular. o aumento dos efectivos operou-se de forma diversa e consoante o desenvolvimento político, económico e sociocultural de cada província. A década de 80 foi acompanhada por várias transformações políticas, económicas, sociais, e demográficas, que levou a deslocação e a concentração da população na zona urbana, suburbana e periférica , os efectivos escolares que foram abrangidos tiveram as faixas etárias variáveis ao que era permitido no sistema de educação formal regular em que a iniciação 5 anos, o I nível 6 a 9 anos, o II nível 10 a 11 anos, e o III nível 12 a 13 anos. Quadronº4. Podemos verificar a tendência decrescente dos resultados apresentados sobretudo nos últimos anos em que 13,99% na iniciação, 20,27% no I nível e 18,66% no II nível. No 1º nível, os efectivos escolares ao longo dos anos apresentados foram variando por causa de a instabilidade político-militar, sobretudo nas zonas centro e sul do país. Esta situação provocou a destruição e encerramento de escolas, e, em alguns casos, a sua utilização para outras funções, o que reduziu substancialmente os efectivos escolares. 54 Quadro nº 4: Evolução dos Efectivos Escolares no Ensino de Base Regular. Ano Lect. 1985/86 1986/87 1987/88 1988/89 1989/90 Total Iniciação % I Nível % 1ªclasse % 2ªclasse % 3ªclasse % 4ªclasse % IINível % 5ªclasse 227654 22,45 970698 18,97 372564 19,47 298531 19,15 190488 18,18 109115 18,15 130749 21,65 83911 222161 21,91 1022303 19,77 392316 20,5 302971 19,44 202412 19,32 114604 19,06 127486 21,11 77323 212733 20,98 1031314 20,14 386996 20,22 317622 20,38 205937 19,65 120759 20,09 109260 18,09 67846 209171 20,63 1067906 20,85 390947 20,43 325867 20,91 224957 21,47 126135 20,98 123528 20,46 78016 141882 13,99 1038126 20,27 370635 19,36 313329 20,1 223784 21,36 130378 21,69 112670 18,66 72472 1013601 100 5120347 100 1913458 100 1558320 100 1047578 100 600991 100 603693 100 379568 % 6ªclasse 22,1 46838 20,37 50163 17,87 41414 20,55 45512 19,09 40198 100 224125 % IIINível % 7ª classe 20,89 34745 19,27 22459 22,38 38302 21,24 24957 18,47 31702 17,58 21393 20,3 38513 21,35 25618 17,93 37043 20,54 22735 100 180305 100 121427 % 8ª classe 18,47 12286 20,55 13345 17,61 10309 21,09 12895 18,72 14308 100 63143 % 19,45 21,13 16,32 20,42 22,65 100 Niv.Ensino Fonte: MED, 1985. No 2º nível, podemos observar que existiu certa instabilidade nos efectivos escolares ao comparamos que em 1987 (18,09%) e em 1989, (18,66%) das matriculas baixarem nos dois anos em relação ao valor dos outros anos. No 3º nível, na involução registada no período analisado explica-se, pelo facto de as escolas do 3º nível estarem situadas nas capitais de província. Durante o período em análise foram controlados no ensino de base regular os alunos matriculados do género feminino conforme o quadro nº 5 abaixo. 55 Os efectivos do sexo feminino representaram no período em análise uma taxa de crescimento variável 13,50% nas classes iniciais 19,56% no I nível, 17,94% no II nível e 19,82% no III nível mostraram como as mulheres se comportaram no ano lectivo de 1989/1990. Quadro nº 5: Evolução dos Efectivos Femininos no Ensino de Base Regular. Ano lectivo 1985/86 1986/87 1987/88 1988/89 1989/90 Total Iniciação 95639 98034 68759 81016 53607 397055 % 24,08 24,69 17,31 20,40 13,50 100 INível 403744 452075 345933 430379 397094 2029225 % 19,89 22,27 17,04 21,20 19,56 100 1ªclasse 156605 179153 137434 156932 137285 767409 % 20,40 23,34 17,90 20,44 17,88 100 2ªclasse 124663 134500 105121 135384 120563 620231 % 20,09 21,68 16,94 21,82 19,43 100 3ªclasse 79959 88536 67894 90447 83151 409987 % 19,50 21,59 16,56 22,06 20,28 100 4ªclasse 42517 49886 35485 47616 56095 231599 % 18,35 21,53 15,32 20,55 24,22 100 IINível 51539 53522 39406 46699 41803 232969 % 22,12 22,97 16,91 20,04 17,94 100 5ªclasse 33354 32232 23992 29069 26148 144795 % 23,03 22,26 16,56 20,07 18,05 100 6ªclasse 18185 21290 15414 17630 15655 88174 % 20,62 24,14 17,48 19,99 17,75 100 IIINível 12669 14632 12698 14627 13506 68132 % 18,59 21,47 18,63 21,46 19,82 100 7 ªclasse 8130 9160 8371 9241 8244 43146 % 18,84 21,23 19,40 21,41 19,10 100 8 ªclasse 4539 5472 4327 5386 5262 24986 % 18,18 21,92 17,33 21,55 21,05 100 56 Fonte: MED,1985. No entanto, ao compararmos as taxas dos efectivos escolares do sexo feminino nas variações de matrículas do valor global no sistema educativo do período em análise, podemos concluir que a mentalidade tradicional, em que o homem trabalha para sustentar a família e a mulher cuida dos filhos, da casa, da lavra e das tarefas domésticas prevaleceu, fazendo com que muitas raparigas não experimentassem a escola. Durante os períodos em análise foram controlados professores que leccionaram por níveis de ensino de base regular como mostra o quadro nº6 abaixo. Quadro nº 6:Efectivo de Professores por Níveis de Ensino de Base Regular. Ano Lectivo 1985/1986 1986/1987 1987/1988 1988/1989 1989/1990 Total Inível 31161 30310 31658 31953 32157 157239 % 19,81 19,27 20,13 20,32 20,45 100 IINível 3172 2974 3113 3224 3494 15977 % 19,85 18,61 19,48 20,17 21,86 100 IIINível 1317 991 1274 1225 1644 6451 % 20,41 15,36 19,74 18,98 25,48 100 Total 35650 34275 36045 36402 37295 179667 % 19,84 19,07 20,06 20,26 20,75 100 Fonte: MED,1985. a) Dados incompletos Os professores do ensino de base regular distribuídos por I, II, III níveis a taxa de 20,75% em 1989 do valor global, representou a taxa mais alta de 57 professores que trabalhou nas instituições escolares, em 1986, 19,07% a taxa mais baixa de professores no ensino de base regular. A variação de professores deveu-se ao facto de algumas áreas regionais não terem escolas. O quadro abaixo mostra o número de salas das escolas do ensino de base regular. Quadro nº 7: Número de Salas de Aulas por Níveis de Ensino de Base Regular. Ano lectivo 1985/1986 1986/1987 1987/1988 1988/1989 1989/1990 Total INível 16765 14426 14586 13845 14937 74559 % 22,48 19,34 19,56 18,56 20,03 100 IINível 1489 1346 1426 1202 1481 6944 % 21,44 19,38 20,53 17,30 21,32 100 IIINível 478 521 618 675 720 3012 % 15,86 17,29 20,51 22,41 23,90 100 Total 18732 16293 16630 15722 17138 84515 % 22,16 19,27 19,67 18,60 20,27 100 Fonte: MED, 1985. O número de salas de aulas no ensino de base regular o valor global 20,27% em 1989 e18,60% em 1988 a taxa mais baixa em comparação com a variação que se registou ao longo dos anos. Esta variação deu-se devido à instabilidade político militar que levou ao encerramento e destruição de escolas com maior referência para as zonas afectadas com a guerra. O quadro 8 mostra o número de efectivos dos Institutos normais de educação. No ensino médio normal vocacionado para a formação de professores para o ensino de base regular a taxa da população discente matriculada variou entre 26,21% em 1989, e 13,88% em 1985, sendo esta a taxa mais baixa do valor 58 global. A variação que se registou neste período explica-se pelo facto de os alunos passarem pelo processo de encaminhamento para frequentarem a escola de formação de professores. Concluímos que a evolução dos efectivos escolares por cada nível foi variável, devido à falta de escolas para albergar a população discente e de professores, às condições sociais criadas em cada zona geográfica e a instabilidade político militar, ao baixo rendimento escolar dos alunos, e à falta de professores. Quadro nº 8: Evolução dos Efectivos Matriculados nos Institutos Normais de Educação. Classe 1980/1981 1985/1986 1986/1987 1987/1988 1988/1989 1989/1990 Total 9ª - 1402 1730 1727 2257 2950 10066 % - 13,92 17,18 17,15 22,42 29,30 100 10ª - 1109 1181 1241 1713 2084 7328 % - 15,13 16,11 16,93 23,37 28,43 100 11ª - 936 983 990 1144 1467 5520 % - 16,95 17,80 17,93 20,72 26,57 100 12ª - 623 853 851 973 1182 4482 % - 13,90 19,03 18,98 21,70 26,37 100 Total 1916 4070 4747 4809 6087 7683 29312 % 6,53 13,88 16,19 16,40 20,76 26,21 100 Fonte: MED, 1985. Este fenómeno foi designado por massificação escolar, pelo facto de registar o aumento significativo dos efectivos escolares como consequência da independência alcançada em 11 de Novembro de 1975 e do governo angolano, através do Ministério da Educação, que adoptou o princípio político de 59 escolarizar o máximo de crianças, para reduzir à medida que se avançava nas aulas superiores.24 No entanto, o nosso trabalho não foi registado dados dos anos lectivos subsequentes pelo facto de que os níveis de desperdício escolar terem aumentado, em proporção inversa, diminuírem os níveis de cobertura do sistema educativo e a taxa de escolarização no ensino geral de base foi inferior e a pertinência do ensino era fraca em todos os subsistemas. Neste período constatamos rotura de dados pois que a nossa pesquisa apenas encontrou informação dos anos que fazem referencia o quadro nº9. Quadro nº 9: Evolução dos efectivos escolares no ensino de base regular. Ano lect. Niv.Ensino Iniciação % INivel % 1ªclasse % 2ªclasse % 3ªclasse % 4ªclasse % IINível % 5ªclasse % 6ªclasse % IIINível % 7ªclasse % 8ªclasse % 1990/91 1995/96 Total 164146 60,03 990155 54,22 343169 34,65 289863 29,27 217075 21,92 140048 14,14 124873 49,01 77602 62,14 47271 37,85 34626 35,46 21651 62,52 12975 37,47 109265 273411 39,96 100 835760 1825915 45,77 100 129879 254752 50,98 100 63002 97628 64,53 100 - Fonte: GEPE, MINISTERIO DA EDUCAÇÃO.1992 24 Nota metodológica: Os dados que apresentamos na nossa análise carecem de informação do censo actualizado da população (estatística). 60 Os dados que apresentamos mostram alguns períodos dos anos lectivos da década de 90. O número de alunos do ensino de base regular nos anos 90 foram analisados apenas a partir dos anos lectivos de 1990/1991e 1995/1996 como apresentamos do valor global constatamos que 39,96% a taxa mais baixa e 64,53% a taxa mais alta de todos os anos lectivos. Por outro lado podemos dizer que um outro momento foi da insegurança política militar que Angola atravessou naquela época histórica, a guerra abalou toda a sociedade. Podemos observar no quadro 10, o número de alunos do sexo feminino que se matricularam no ensino de base regular. Quadro nº10: Evolução dos efectivos escolares femininos do ensino de base regular. Ano lectivo 1990/91 Iniciação 70226 Total de alunos 164146 % 42,78 100 I Nivel 452187 990155 % 45,66 100 1ªclasse 163103 - % 36,06 - 2ªclasse 130606 - % 28,88 - 3ªclasse 97352 - % 21,52 - 4ªclasse 61126 - % 13,51 - IINível 50167 124873 % 40,17 100 5ªclasse 30112 - % 60,02 - 6ªclasse 20055 - % 39,97 - IIINível 7ªe8ª classe 12504 34626 % 36,11 100 Fonte: GEPE, MINISTERIO DA EDUCAÇÃO.1992 61 O quadro atrás referenciado mostra a variação do sexo feminino no ano lectivo de 1990/1991 em análise em que 45,66% foi o valor mais elevado e 36,11% o valor mais baixo em relação aos outros níveis de ensino. O quadro 11 apresenta o número de professores por níveis de ensino conforme se descreve. Ao olharmos para o quadro notamos que 84,67% foi o valor mais alto e 5,83% o mais baixo, o que estabelece uma diferença muito grande se tivermos em conta o número de efectivos escolares registados de acordo o quadro nº11. Quadro nº11: Efectivos de professores ano lectivo 1990/1991. 1990/1991 Iniciação e II nível III nível Total 30704 3442 2117 36263 84,67 9,49 5,837 100 I nível % Fonte: GEPE, MINISTERIO DA EDUCAÇÃO.1992 O quadro abaixo apresenta o número de salas de aulas no ensino base regular. Quadronº12: salas de aula no ensino de base regular 1990/1991 1990/1991 % I nível II nível Total 13437 1417 14854 90,46 9,53 100 Fonte: GEPE, MINISTERIO DA EDUCAÇÃO.1992 Os dados que se referenciam mostram que 9,53% representa o número mais baixo de salas de aulas no II nível. 62 Durante o ano lectivo de 1990/1991, foram matriculados por classes nos institutos normais de educação os alunos referenciados no quadronº13 e apresentados por sexo feminino. O número de alunos matriculados por cada classe distribuídos por sexo mostrou que 40,80% corresponde ao número de mulheres do valor global, muito embora que 34,29% seja o maior valor representativo em relação ao valor .global. No ano lectivo de 1995/1996 os dados não fazem a distinção por sexo. Quadronº13: Alunos Matriculados no Ensino Médio Normal 1990/1991 9ªclasse 10ªclasse 11ªclasse 12ªclasse Total F Total F Total F Total F 3907 1340 2850 11 2191 843 1566 55 937 6 6 37 % 34,29 % 39, % 38,4 89 INEF- 249 92 183 45 Total 1995/1996 F 8597 3826 - % 35,50 % 40,80 - 82 10 623 169 - 7 109 22 Luanda Fonte: GEPE, MINISTERIO DA EDUCAÇÃO.1992. Legenda: F- Feminina INEF- Instituto Normal de Educação Física (o número de alunos foi incluso nos valores globais). Para melhor compreensão do quadro nº14 apresentamos os dados repartidos por dois períodos relativamente 2000 a 2003 por fazerem parte do sistema educativo que antecedeu o actual após a aprovação da nova lei de bases nº13/01 de 13 de Dezembro implementado a partir do decreto nº2/05 de 14 de Janeiro. Do número de alunos matriculados no sistema educativo por níveis de ensino os dados mostraram os anos com maior representatividade de alunos em que 42,89% na iniciação, no I nível 35,89%, no II nível 33,88% e no III nível 35%. 63 Podemos dizer durante o tempo que nos separou desde a primeira explosão escolar em 1977 registamos no ano de 2002, 24,85% que correspondeu a uma nova explosão escolar após o fim da guerra. No ensino médio normal apresentamos 27,44% do valor mais alto dos alunos matriculados. O ano de 2004 a 2008 dados referentes a reforma educativa, mostraram que 22,02% correspondeu ao ano de 2007 com o maior número de alunos na iniciação, no ensino primário 22,32%, no 1º ciclo do ensino secundário 26,66%, no 2º ciclo do ensino secundário 23,13% e no ensino médio normal 21,16%. Quadronº14:Efectivos 2000/2008 Iniciação % I Nivel % II Nivel % III Nivel % Iniciação % Primário % 1ºC.E.S. % 2ºC.E.S. % E.M.N. % de Alunos Matriculados 2000 2001 2002 2003 Total 199921 237208 278347 537378 1252854 15,95 18,93 22,21 42,89 100 1117047 1258492 1504666 2172772 6052977 18,45 20,79 24,85 35,89 100 179513 214382 229483 319502 942880 19,03 22,73 24,33 33,88 100 87880 102301 115475 164654 470310 18,68 21,75 24,55 35 100 28342 22,23 31508 24,71 32641 25,6 34990 27,44 2004 no 2005 Sistema 2006 2007 Educativo 2008 Total 678780 895145 842361 938389 893661 4248336 15,97 21,07 19,82 22,02 21,03 100 3022461 3119184 3370079 3558605 3757677 16828006 17,96 18,53 20,02 21,14 22,32 100 197735 233698 270662 316664 370485 1389244 14,23 16,82 19,48 22,79 26,66 100 159341 171882 179249 194933 212347 917752 17,36 18,72 19,53 21,24 23,13 100 127481 61616 63185 65210 67085 69014 326110 100 18,89 19,37 19,99 20,57 21,16 100 Fonte: GEPE, MED, CAAME Legenda: C.E.S.- Ciclo do ensino secundário E.M.N.- Ensino Médio Normal Apresentamos no quadro 15 o número de salas de aulas registadas desde 2002 a 2008. O quadro mostra a variação de crescimento de salas de aulas por níveis de ensino em que 19,19% no ensino primário, 24,44% no 1º ciclo do ensino secundário, 23,21% no 2º ciclo do ensino secundário. 64 Quadronº15: Salas de aula nos diferentes níveis de ensino 2000/2008 Níveis 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Total Primário 17236 26436 33950 35665 37380 41343 45608 237618 % 7,25 11,12 14,28 15,00 15,73 17,39 19,19 100 1ºC.E.S 1225 1269 1421 1809 2197 2796 3467 14184 % 8,63 8,94 10,01 12,75 15,48 19,71 24,44 100 2ºC.E.S 551 571 640 814 995 1194 1441 6206 % 8,87 9,20 10,31 13,11 16,03 19,23 23,21 100 Fonte:CAAME, 2009. Quadronº16: Despesas com a educação em kuanzas e %. O.G.E MED 1990 Atribuído 11674794 O.G.ENAC. 132468068 PréEscolar Primário Secundário % 8,8 100 2006 2007 % 2008 % 85523557267 100 40394653720 100 200620366 100 % 9706214 0,01 84444000 0,21 51031062 25,44 3207381676 3,75 10134228803 25,09 36214205032 18051,11 2037644219 2,38 4938272803 12,23 59817713369 29816,37 Fonte: CAAME, MED, 2009 O quadro mostra que 8,8% corresponde ao valor atribuído no ano lectivo de 1990 e 18,05% por representarem a variação de crescimento no período de 2006 a 2008 no ensino primário, e 29,82% no ensino secundário. Durante este período foi importante observarmos como a evolução social do sistema educativo se comportou ao longo dos anos, registou-se variações tanto de aumento e descida da população quer docente, discente e em termos de salas de aulas. Para melhor compreender resumiu-se que o processo de evolução social após a independência comparou-se os dados de 1973 e os de 1977, no ensino primário, como mostrou o quadro nº2 e3 referenciados, verificou-se que o 65 número de alunos foi inferior em relação ao ano de 1977 39,2% o número mais alto de crianças no ensino pré-primária e 29,0% na 1ª classe registou -se uma grande explosão escolar em consequência dos efeitos da democratização do ensino e da obrigatoriedade da escolaridade básica após a independência em que as crianças e os adultos aderiram ao ensino a todos os níveis. O ensino de base regular os efectivos escolares aumentou de forma diversa consoante o desenvolvimento político, económico e sociocultural de cada província. Na década de 80, como o quadro nº4 mostrou, temos a imagem geral do número de efectivos matriculados no ensino de base regular no período que vai de 1985 a 1989. Podemos verificar uma tendência decrescente dos resultados apresentados, sobretudo nos últimos anos em que 13,99% na iniciação, 20,27% no I nível e 18,66% no II nível, isto mostrou os efeitos que a guerra causou naquela época histórica. Os efectivos do sexo feminino representaram no período em análise uma taxa de crescimento variável 13,50% nas classes iniciais 19,56% no I nível, 17,94% no II nível e 19,82% no III nível mostraram como as mulheres se comportaram no ano lectivo de 1989/1990 quadro nº5. Os professores do ensino de base regular distribuídos por I, II, III níveis a taxa de 20,75% em 1989 do valor global, representou a taxa mais alta de professores que trabalhou nas instituições escolares, em 1986, 19,07% a taxa mais baixa de professores no ensino de base regular quadro nº6. O número de salas de aulas no ensino de base regular do valor global 20,27% em 1989 e18,60% em 1988 a taxa mais baixa em comparação com a variação que se registou ao longo dos anos quadro nº7. . No ensino médio normal vocacionado para a formação de professores para o ensino de base regular a taxa da população discente matriculada variou entre 26,21% em 1989, e 13,88% em 1985, sendo esta a taxa mais baixa do valor global. A variação que se registou neste período explica-se pelo facto de os alunos passarem pelo processo de encaminhamento para frequentarem a escola de formação de professores, quadro nº8. O número de alunos do ensino de base regular nos anos 90 foram analisados apenas a partir dos anos lectivos de 1990/1991e 1995/1996 como 66 apresentamos do valor global constatamos que 39,96% a taxa mais baixa e 64,53% a taxa mais alta de todos os anos lectivos quadro nº9. No que se refere à variação do sexo feminino no ano lectivo de 1990/1991,45,66% foi o valor mais elevado e 36,11% o valor mais baixo em relação aos outros níveis de ensino Quadro nº10. O número de professores no ano lectivo de 1990/1991 foi variável nos três níveis de ensino como mostrou o quadro nº11 os professores do I nível representarem 84,67%. Neste mesmo ano lectivo o número de salas foi de 90,46% no I nível e 9,53% no II nível. Os alunos matriculados nos institutos normais no ano lectivo de 1990/1991 o número por cada classe foi distribuído por sexo como mostrou que 40,80% correspondeu ao número de mulheres do valor global, muito embora que 34,29% seja o maior valor representativo em relação ao valor global quadro nº13. Quanto ao número de alunos matriculados no sistema educativo por níveis de ensino os dados mostraram os anos com maior representatividade em que 42,89% na iniciação, no I nível 35,89%, no II nível 33,88% e no III nível 35%. Podemos dizer durante o tempo que nos separou desde a primeira explosão escolar em 1977 registamos no ano de 2002, 24,85% que achamos considerar a uma nova explosão escolar após o fim da guerra. No ensino médio normal apresentamos 27,44% do valor mais alto dos alunos matriculados. Do ano de 2004 a 2008 os dados referentes à reforma educativa, mostraram que 22,02% correspondeu ao ano de 2007 com o maior número de alunos na iniciação, no ensino primário 22,32%, no 1º ciclo do ensino secundário 26,66%, no 2º ciclo do ensino secundário 23,13% e no ensino médio normal 21,16%.quadro nº 14. Durante este período foram controladas salas de aulas por níveis de ensino em que 19,19% no ensino primário, 24,44% no 1º ciclo do ensino secundário, 23,21% no 2º ciclo do ensino secundário quadro nº15. 67 Capitulo II Organização do Sistema Educativo Angolano Com a proclamação da independência, a 11 de Novembro de 1975, o programa do MPLA e da lei constitucional da RPA consagrou o sistema de educação e instrução como: democrático, sem distinção, com direitos iguais no acesso e na frequência aos diversos níveis de ensino para todos os angolanos; unicidade da orientação, da estrutura, planos e programas de todo sistema de educação; gratuitidade do ensino e obrigatoriedade do ensino de base; laicidade da educação e da instrução, independentemente de qualquer religião (MPLA-PT, 1977). A lei geral sobre a escolaridade em Angola foi elaborada e baseada nos pressupostos que foram mencionados para a sua edificação. Nesta altura ainda predominava a estrutura de ensino colonial. O sistema de ensino com regras e princípios que a sua organização ficou esquematizada conforme a figura 11, anexo 2.01, pois que as modificações e evolução da própria sociedade conduziram ao desenvolvimento do ensino até a descolonização das colónias ultramarinas. Em 1976, com base nas recomendações do 3º Plenário do Comité Central do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), realizado em Luanda de 23 a 29 de Outubro, e com base na lei nº 72/76 de 23 de Novembro, artigo 2º, foi fundado o Ministério da Educação, que passou a regular o funcionamento do sistema educativo (DIÁRIO DA REPÚBLICA, I Série Nº 280.1976). Neste contexto, por sistema de educação e de instrução em Angola podemos compreender todas as instituições que trabalharam para a educação e instrução dos cidadãos; Instituições pré-escolares, as escolas e todas as outras instituições educativas e extra – escolares ou, mais precisamente: a) Instituições Pré-Escolares, b) Escolas do Ensino de Base; c) Institutos do Ensino Médios; d) Institutos de Ensino Superior (Institutos Superiores, Academias de Belas Arte); e) Escolas Especiais e estabelecimentos para as crianças deficientes; f) Instituições para a Instrução de Adultos e aperfeiçoamento profissional, Centros de Formação de Trabalhadores e outros estabelecimentos (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 1978). As instituições para a Educação Pré-Escolar foram da responsabilidade da então Secretaria de Estado dos Assuntos Socais, que cuidavam das crianças em idade préescolar composta pelas fases: Creche, Jardim Infantil, e os Jardins-Escola. Ela teve como dever, organizar o divertimento cultural e sadio das crianças, os jogos e a vida colectiva, ajudar os pais trabalhadores não só nos cuidados, mas também na 68 educação dos seus filhos, criar condições suficientes para o seu desenvolvimento normal e harmonioso nesta idade, e para o ingresso na escola com orientação pedagógica do Ministério da Educação (idem). A escola de base, sendo obrigatória e gratuita, englobou o conjunto de crianças de 6 a 14 anos de idade. O objectivo formativo, com bases de planificação, programação e organização do trabalho unificado dos elementos da educação socialista, era dotar de conhecimentos, capacidades, hábitos, habilidades e particularidades para a formação individual, que apoiassem o desenvolvimento integral e harmonioso do aluno, bem como cultivar e estimular as suas capacidades e a vocação individual, para escolher a futura profissão. Para a realização completa do objectivo unitário da tarefa educativoinstrutiva, a escola de base realizou acções pedagógicas ligadas à teoria e prática, ensino e trabalho, escola e vida. No entanto, a escola trabalharia em estreita colaboração com os pais dos alunos ou encarregados de educação, as organizações políticas e sociais (Organização dos Pioneiros, Organização Juvenil, Organizações Desportivas e Culturais, Clubes ou Associações Técnico-Científicas), organizadas para as tarefas da colectividade social. Neste contexto, a escola participou no trabalho de edificação da Nação Angolana sobre as ideias do socialismo, agiu sobre o meio e sobre o seu desenvolvimento, com a realização de acções culturais públicas. Entre elas destacamos a organização de diversas exposições, promoção de cursos, conferências sobre temas de interesse comum e de actualidade, manifestações de carácter diverso, participação prática na vida colectiva, fazendo e criando deste modo a sua experiência quotidiana na produção. Neste período o binómio Ensino/Trabalho, no meu ponto de vista, criou a contradição entre a cidade e o campo pelo facto não existirem escolas do II e III níveis do ensino de base no campo nos (Municípios e Aldeias) (idem). Os Institutos de Ensino Médio foram escolas de formação técnico-profissional com uma duração aproximadamente de 4 anos, que funcionaram como instituições para a instrução de adultos e de aperfeiçoamento técnico-profissional. Tiveram acesso a este tipo de escolas os alunos que concluíram a escolaridade de 8 classes ou com conhecimentos correspondentes a este nível. A missão dos Institutos Médios era: alargar e aprofundar os conhecimentos dos alunos no domínio da valência específica; cultivar e estimular as capacidades e a vocação dos alunos; contribuir para o desenvolvimento integral dos alunos no que concerne a cultura geral; dar os conhecimentos teóricos e práticos necessários à formação profissional especializada dos alunos; garantir a toda a comunidade social e a todos os sectores de actividade nacional o fluxo contínuo de quadros técnico-profissionais de diversos perfis; organizar a capacidade sistemática dos alunos para o trabalho dos postos que lhes forem 69 distribuídos, assim como para o seu aperfeiçoamento e especialização superior (idem). No que concerne às escolas do ensino superior, foram constituídas em Institutos Superiores e Academias de Belas Artes (Idem). Nessas escolas matriculavam-se todos aqueles que completassem o ensino médio dos institutos e os que não possuíssem uma preparação escolar média, mas que tivessem frequentado durante um certo tempo uma actividade prática correspondente e um curso de formação acelerada, que lhes dessem os elementos de cultura ou formação geral necessária para continuarem o ensino superior. O Instituto Superior, com uma duração de 4 a 5 anos no processo de formação, era de nível universitário, vocacionado para a preparação de quadros, com formação profissional e especializada superior, para os diversos ramos de actividade económica e social, para a organização do trabalho científico, de investigação e de aperfeiçoamento contínuo dos quadros. Os institutos superiores organizavam-se em vários níveis de trabalho científico, os quais compreendiam o nível I e nível II (idem). Neste caso, o do ensino dos níveis I e II com duração variada inferior ou superior a 4 anos, o nível I tinha reconhecimento para a continuação dos estudos no nível II de acordo com a Lei e disposições dos Estatutos do Instituto. O nível III era organizado para o nível profissional no domínio da ciência, da técnica e da tecnologia, o aprofundamento teórico e os domínios profissionais especializados e científicos, assim como ao trabalho científico autónomo ou individualizado (idem). A Academia de Belas Artes tinha a mesma categoria dos Institutos Superiores vocacionados para a preparação dos quadros com elevada qualificação de cada domínio da arte (idem). As escolas especiais e outros estabelecimentos de ensino que se dedicavam à educação e à instrução das crianças que se encontravam em condições de diminuídos e com necessidades educativas especiais, estiveram distribuídas por instituições préescolares, escolares, escolas especiais, nas secções da escola de base regular e nas instituições de saúde e sociais. Após terminarem a escola de base do ensino especial, poderiam adquirir a instrução, e a formação profissional posteriormente qualificados como trabalhadores ou operários qualificados (idem). As instituições para a educação dos adultos e o aperfeiçoamento profissional foram criadas para organizar e tornar possível aos adultos a aquisição dos elementos de base de cultura geral, de completar e aperfeiçoar a sua instrução geral e formação profissional de modo a torná-los sensíveis aos conhecimentos e contacto, com o processo e as diferentes descobertas ou conquistas da Humanidade no domínio da ciência, da técnica, da tecnologia e da cultura. Apesar da alfabetização de base, dos 70 conhecimentos práticos e da instrução geral dadas aos adultos que não os puderam receber durante o tempo da escolarização regular, as instituições organizavam a formação profissional para a sua qualificação e para o aperfeiçoamento da sua preparação para a aquisição de formação superior. As instituições especializadas foram os centros de formação sediadas nos centros de produção e de actividade social, os lares dos alunos, as organizações de defesa e de divulgação da ciência, da técnica, da tecnologia e da cultura, as escolas políticas, as escolas nas unidades militares das Forças Armadas, entre outras (idem). Para melhor compreensão apresentamos a estrutura do sistema de ensino em Angola no período de transição para o novo sistema de educação conforme o Figura 12 abaixo. Após o período de transição, o sistema educativo definido em 1977 e 1978 passou a vigorar (considerado novo Sistema Educativo da República de Angola) e compreendia o subsistema do ensino de base; subsistema do ensino técnico-profissional; subsistema do ensino superior (Ministério da Educação, 1978). Foram promulgados dois documentos sucessivos: o primeiro correspondeu ao Decreto nº 26, de 27 de Janeiro de 1977, e o segundo, que revogou o anterior, é o Decreto nº 40, de 14 de Maio de 198025 (Med,1986). Este último documento estabeleceu a estrutura vigente do ensino de base regular que prevaleceu até à reforma do Sistema Educativo, aprovado em Dezembro de 2001, através da lei de bases do Sistema de Educação (lei nº13/01 de 31 de Dezembro) e implementado por intermédio do decreto nº2/05 de 14 de Janeiro. No entanto, a partir de 1978 a estrutura do sistema educativo funcionou com o subsistema do ensino de base dividido em duas estruturas paralelas: A estrutura da formação regular e a estrutura da formação de adultos, tal como apresentado na figura 12. 25 Estabeleceu uma nova estrutura do sistema de educação e ensino, em que o Ensino de base regular passou a ter 9 anos de estudo ao contrário da estrutura anterior que abrangia 8 anos, com os seguintes níveis: Iniciação 1ano; I nível 4 anos; II nível 2 anos; III nível 2 anos. 71 Figura 12- Estrutura de Ensino do Sistema de Educação Aprovado em 1977 IIºNível Produção Ensino superior IºNível Obrigatória (Cursos superiores Academia de arte) 6ºSemestre 12ªClasse 5ºSemestre 11ªClasse PUNIV 4ºSemestre 10ªClasse (especialidade) 3ºSemestre 9ªClasse Produção Obrigatória Ensino Médio (Institutos Médios) Produção Obrigatória 2ºSemestre 1ºSemestre III Nível 12ºSemestre III Ciclo de trabalhadores qualificados Produção educativa 8ªClasse 2ºSemestre 7ªClasse 11ºSemestre 10º Semestre 9º Semestre 8º Semestre II Nível 6ªClasse 5ªClasse II Ciclo de trabalhadores qualificados Produção Educativa 7ºSemestre 6ºSemestre 5ºSemestre I Nível 4ªClasse 3ªClasse 4ºSemestre Produção 3ºSemestre 2ªClasse 1ªClasse 2ºSemestre Alfabetização Educativa Iniciação Educação regular Formação técnicoprofissional FONTE: NETO, 2005,p.40. 72 Educação de adultos A estrutura da formação regular, comportou a escola de base que foi formada por 8 classes, repartidas em três níveis de formação: O I nível de 4 classes (1ª,2ª,3ªe 4ª) correspondeu ao ensino primário, o II nível de 2 classes (5ªe 6ª), correspondeu ao ciclo preparatório, e o III nível de 2 classes (7ªe8ª), correspondeu aos cursos gerais. O objectivo do ensino de base consistiu em dar ao aluno os conhecimentos e o mecanismo de pensamento necessário para a compreensão dos fenómenos naturais e sociais que o rodeiam, a adequada utilização dos instrumentos do conhecimento, para que possam tornar apto a adquirirem uma profissão através de um estágio ou através do ingresso num Instituto Médio. (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 1978). Neste período, do ponto de vista teórico, os alunos ingressavam na Iniciação com a idade de 5 anos, a 1ªclasse com 6anos, e terminavam com 14 anos o ensino de base. De acordo com dados pesquisados no Ministério da Educação, no ano de 1990/1991 40% de alunos na Iniciação possuíam a idade de 5anos recomendada para o nível pré-escolar e a maioria (60%) com idades superiores a 5 anos, isto com 10,11,12 e 14 anos (GEPE,1992). Assim neste ano lectivo mostrou que os alunos que ingressavam nas classes inicias a sua maioria possuíam a idade acima do estipulado pelo ministério da educação. A estrutura da formação de adultos foi organizada em semestres, com um período de férias não superior a um mês. Os alunos adultos ao frequentarem o ensino de adultos de 4 semestres obtêm a equivalência do 1º nível do ensino primário e os que completarem os 12 semestres que correspondem a (6 anos), alcançam o nível da 8ª classe. Nesta estrutura de ensino ingressavam não só os que não sabiam ler e escrever mas os jovens e adultos já alfabetizados, com a idade elevada a meio da formação regular entre (16/17 anos) que quisessem continuar, no caso concreto os alunos que frequentavam tinham a idade igual a18 ou superior a 20 anos. Por exemplo, os sectores de produção (fábricas) registavam o maior número de trabalhadores analfabetos. A estrutura de formação de adultos para leccionar utilizava os meios materiais tais como; escolas, carteiras, da formação regular. Os programas e manuais utilizados eram específicos para este tipo de formação e os professores principalmente para o 1º nível. (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 1978). O subsistema do ensino técnico profissional foi dividido em: Ensino Médio e Escolas de Formação Profissional. Os alunos que terminavam o ensino de base regular seguem o ensino médio para dar prosseguimento aos conhecimentos gerais que permitem ingressar no ensino superior e formar técnicos médios de ramos que interessem prioritariamente ao desenvolvimento socioeconómico de Angola. Este ensino ministrado nos institutos médios englobar 4 classes, (9ª,10ª,11ªe 12ª classes). 73 Neste âmbito, foram criados vários institutos, entre eles os institutos normais de educação vocacionados para a formação de professores do ensino de base, como foi o caso concreto do Instituto Normal Garcia Neto (idem). As escolas de formação profissional foram destinadas à formação de trabalhadores qualificados, de todos que necessitassem de um aperfeiçoamento profissional e para aqueles que, por razão de idade avançada, tiveram que sair da estrutura de formação regular para se inserir na produção. Neste contexto, a formação era completada com o ciclo de formação de adultos que permitiu ao trabalhador adquirir bases suficientes para prosseguir a sua formação técnica necessária para a sua qualificação, em nível, por exemplo, do 8ºsemestre da estrutura de adultos ou de 12ºsemestre. Os centros de formação profissional nos locais de produção eram organizados por orientação do Ministério da Educação (idem). . A estrutura de formação de professores foi considerada a mais decisiva na época para a generalização dos Princípios de Base para a Reformulação do Sistema de Educação e Ensino na República Popular de Angola e a implantação dos institutos normais de educação e o estabelecimento de ensino de grau médio com o objectivo de formar técnicos médios profissionais do ensino. O nível deste ensino correspondeu aos institutos médios de vários ramos. O ensino era de 4 anos, depois da 8ª classe, com produção obrigatória no ramo a partir da 11ª classe. A este nível formaram-se os professores diplomados para o ensino de base. Os professores foram preparados para leccionar integralmente as 4 primeiras classes e uma ou duas disciplinas das 4 últimas classes (cadeiras da sua especialização). Neste âmbito foram, a curto e médio prazo e paralelamente à formação regular, criados os cursos de formação acelerada, cursos de superação permanente e cursos de requalificação de professores (idem). Os cursos de formação acelerada visaram a formação de agentes de ensino que a curto prazo cobririam as carências de professores que existissem no ensino de base, em especial, nas 4 primeiras classes. Os cursos tinham a duração de 20 semanas, aproximadamente, e neles participavam jovens com habilitações literárias da 6ª classe ou correspondente, com uma idade superior a 18 anos. Durante as 20 semanas do curso os alunos adquiriam, no mínimo, conhecimentos políticos e pedagógicos que lhes permitissem começar a leccionar (idem). . Os cursos de superação permanente serviam para aperfeiçoar os agentes de ensino que no período colonial foram chamados de monitores escolares, e que eram cerca de 15000 em Angola, os professores de posto e os professores eventuais, e os professores do ensino secundário (idem). . Os cursos de requalificação eram para os professores obterem a qualificação de técnico médio profissional, para leccionarem integralmente as 4 primeiras classes e 74 uma ou duas disciplinas das 4 últimas (classes cadeiras de especialização) para tornarem-se aptos para o ingresso no Instituto Superior de Ciências da Educação (idem). Os cursos tiveram a duração de um ano aproximadamente e o seu objectivo principal era preparar os professores, progressivamente, com um mínimo de conhecimentos políticos e pedagógicos que lhes permitisse elevar constantemente o seu nível cultural e criar-lhes condições apropriadas não só para atingir o nível de professores primários diplomados, mas outros estudos superiores a nível da profissão educacional. Estes eram ministrados à distância com a orientação dos Institutos Normais de Educação e das secções de educação nas províncias onde foram implementados. Nesta época, em que os cursos foram programados, Angola não tinha um corpo docente qualificado para assegurar o funcionamento das escolas. A maioria possuía como habilitações literárias a 4ªclasse e sem agregação pedagógica. Mais tarde, em 1986, estes cursos deram lugar aos cursos básicos de formação docente que, em dois anos lectivos visaram aumentar o nível académico pedagógico dos formandos e atribui-lhes como habilitações literárias a 8ª classe (idem). . Por uma questão de economia da dissertação, não nos vamos debruçar sobre o subsistema do ensino superior. Durante o percurso de evolução do sistema educativo foram registados vários momentos de fraqueza no Ensino de Base o que levou a direcção política do país, através do Ministério da Educação, a realizar estudos sobre o estado da educação. Efectuamos várias leituras documentais do Ministério da Educação em que se constatou que no ano de 1986 foi realizado o diagnóstico do sector. O diagnóstico apurou que não existia uma determinação precisa sobre o nível de conhecimentos que um aluno devia ter à saída do Ensino de Base, havia uma grande diferença entre o número de horas estipulado nos programas e o tempo real disponível, os conteúdos de ensino eram ambiciosos para as condições concretas do país, não existia o critério de que o programa era um documento oficial de cumprimento obrigatório. Em cada 1000 alunos que ingressavam na 1ªclasse apenas 142 concluíam o I nível do Ensino de Base, dos quais 34 transitavam sem repetições de classes, 43 com uma repetição e 65 com duas ou três repetições. Depois de 1982 deixou de existir o sistema eficaz de actualização de professores e no período de 1981 a 1984 cerca de 10.000 professores abandonaram o Ministério da Educação por causa da situação políticomilitar, da baixa remuneração salarial e das péssimas condições sociais.(CAAME, 2009). 75 Nesta época os II e III níveis do Ensino de Base, andaram pelas mãos de docentes estrangeiros26, cuja língua de trabalho e preparação profissional era diferente, conforme a nacionalidade. Não existiu um sistema que assegurasse completamente a distribuição harmoniosa da rede escolar. As escolas que existiam foram as herdadas do colonialismo, que obedeciam a uma distribuição de acordo com os interesses, sobretudo no I nível do Ensino de Base, e registou-se um decréscimo no número de escolas devido a diferentes circunstâncias, uma delas foi a situação político-militar que se viveu no país (idem). As transformações políticas que conduziram a mudanças profundas no sistema sócio económico, a transição da economia de orientação socialista para uma economia de mercado, levarem com que o Ministério da Educação, através do decreto-lei nº21/91 de 22 de Junho, cria-se o ensino privado27 (Ferreira, cit.Vieira, 2007), para auxiliar a demanda no processo de ensino e aprendizagem. Por outro lado, a readaptação do sistema educativo com vista a responder às novas exigências da formação de recursos humanos, necessários ao progresso socioeconómico de Angola. Assim ao abrigo da alínea b) do artigo 88º da lei constitucional, a Assembleia Nacional aprovou a nova Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei nº13/2001 de 31 de Dezembro). No seu artigo 3º a lei de bases de 2001 definiu como objectivos gerais da educação: desenvolver harmoniosamente as capacidades físicas, intelectuais, morais, cívicas, estéticas e laborais da jovem geração, de maneira contínua e sistemática, e elevar o seu nível científico, técnico e tecnológico, a fim de contribuírem para o desenvolvimento sócio-economico do país; formar um indivíduo capaz de compreender os problemas nacionais, regionais e internacionais de forma crítica e construtiva para a sua participação activa na vida social, à luz dos princípios democráticos; promover o desenvolvimento da consciência pessoal e social dos indivíduos em geral e da jovem geração em particular, o respeito pelos valores e símbolos nacionais, pela tolerância e cultura de paz, a unidade nacional, a preservação do ambiente e a consequente melhoria da qualidade de vida; fomentar o respeito devido aos outros indivíduos e aos superiores interesses da nação angolana na promoção do direito e respeito à vida, à liberdade e à integridade pessoal; desenvolver o espírito de solidariedade entre os povos em atitude de respeito pela diferença de outrem, permitindo uma saudável integração no mundo. 26 Cubanos. (autora aluna na época foi o exemplo que teve professores cubanos que deramme aulas de educação física, história e búlgara aulas de inglês) 27 Após a criação do ensino privado em Angola, a sua presença era registada na província de Luanda em que foram legalizadas 5 escolas em 1996. Até 2003 expandiu-se para mais de 10 províncias a partir do ensino pré-primário aos ensinos médios e pré-universitários no total de 274 escolas dos subsistemas do ensino geral e ensino técnico-profissional e enquadrar mais de 200000 alunos (Neto, 2005,p.27). 76 Neste contexto, o sistema da educação foi estruturado pelo subsistema de educação pré-escolar, subsistema de ensino geral, subsistema de ensino técnico profissional, subsistema de formação de professores, subsistema de educação de adultos, subsistema de ensino superior (Lei nº13/2001 de 31 de Dezembro). A nova lei de bases definiu três níveis de ensino: o primário; o secundário e o superior. (Figura 13) A educação pré-escolar ao englobar a creche que era de 1 a 3 anos e o jardim infantil de 4anos de idade, terminarem com a iniciação aos cinco anos. As crianças frequentavam a creche para posteriormente ingressar no ensino primário ao completarem os seis anos de idade (idem). O ensino primário sistemático, obrigatório e unificado de 6 anos com as classes da 1ª, 2ª, 3ª, 4ª, 5ªe 6ª classe, correspondiam à educação regular da criança de 6 a11 anos de idade (idem). O ensino secundário é composto por dois ciclos: 1º ciclo do ensino secundário e 2º ciclo do ensino secundário. O 1º ciclo do ensino secundário era constituído por um ensino geral dividido em educação regular e educação de adultos com a duração de 3 anos cada, 7ª, 8ª,9ª classe por contribuírem na preparação dos alunos para ingressar no 2º ciclo de ensino secundário e os jovens e adultos ingressar no mercado de trabalho. Para tal a formação profissional básica e formação intermédia com a duração de 1 a 2 anos, para a profissionalização na área da docência, ao terminar a 9ª classe, caso não queiram ou não tenham oportunidades de ingressar no 2º ciclo do ensino secundário (idem). O 2º ciclo do ensino secundário é composto por um ensino geral repartido em educação regular e educação de adultos com a duração de 3 anos cada a partir da 10ª,11ª,12 classe com duas formações profissionais (formação media normal e formação media técnica) cada uma com a duração de 4 anos, 10ª 11ª, 12ª e 13ª classe, com o fim de prepararem o ingresso para o ensino superior (idem). A formação média destinada a formação de professores para o ensino primário, dividida em educação regular, educação de adultos e educação especial. A formação média normal e a formação média técnica, foram organizadas em formação intermédia após a 9ª e a 12ª classe, com o tempo de duração de um a dois anos, de acordo a especialidade para aqueles que não tivessem oportunidade de ingressar no ensino superior (idem). Por uma questão de economia de tempo da dissertação não vamos abordar aspectos ligados ao ensino superior, conforme mencionamos atrás. 77 Figura 13- Estrutura do sistema de educação aprovado em 2001 ENSINO SUPERIOR PÓS-GRADUAÇÃO Académica Profissionalização Doutoramento (4-5anos) Especialização Mestrado (2-3anos) Bacharelato (duração variada) Graduação (3anos) Licenciatura (4-6anos) ENSINO SECUNDÁRIO SEGUNDO CICLO Formação Ensino geral Formação Média Ed.Regular (3anos) Média Normal Ed. Adultos (3anos) Técnica (4anos) (4anos) PRIMEIRO CICLO Formação profissional Básica Ensino geral Ed. Regular (3anos) Formação profissional básica (Duração variada 1-2 anos) (Duração variada) ENSINO PRIMÁRIO (Obrigatório) Ensino geral Educação Regular Educação de Adultos (6 anos) (Pós Alfabetização) (Alfabetização) EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR Iniciação (1ano) Jardim infantil (1-2 anos) Creche (3 anos) Fonte: CAAME. Informação Sobre a Implementação do Novo Sistema De Educação. INIDE.2009. 78 2.1.Estrutura curricular do sistema de ensino de base regular O currículo do sistema de ensino de base regular que foi aplicado em 1978 e vigorou até em 2001, altura em que foi aprovada a nova Lei de Bases nº13/01de 31 de Dezembro, que integrou os currículos no 1º nível as disciplinas de língua portuguesa, matemática, ciências integradas, música, formação manual politécnica, educação física, geografia e história. No 2ºnivel as disciplinas de língua portuguesa, matemática, ciências sociais, ciências naturais, educação física, formação manual politécnica, produção educativa, educação visual e plástica. No 3º nível as disciplinas de língua portuguesa, matemática, física, química, geografia, história, produção educativa, educação visual e plástica, educação física, biologia e língua estrangeira. (Quadro 17) Quadro nº17: Esquema Curricular do Ensino de Base de 1978 a 2001 Disciplina I Nível 2ª 8 3ª 7 4º 7 5ª 6 Matemática 6 6 6 6 6 6 6 6 Ciências 3 Integradas 3 3 Musica 1 F.Manual 2 Politécnica 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 Educação 2 Física 2 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 2 2 2 2 5 5 3 3 3 3 2 2 3 4 2 2 3 4 36 36 Língua Portuguesa 1ª 8 E. Visual Plástica Produção Educativa Ciências Naturais Geografia 3 Historia Ciências Sociais Física Química Biologia Língua Estrangeira 3 Total II Nível 6ª 6 III Nível 7ª 8ª 4 4 2 4 22 22 22 27 4 30 30 Fonte: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Relatório sobre o diagnóstico. 1986. 79 Em 2001 foi aprovado o novo plano de estudo para o ensino primário unificado de seis classes. Quadro nº18: Plano de Estudo do Ensino Primário aprovado em 2001 Disciplina Língua 9 portuguesa 9 Horário Semanal 3ª 4ª 5ª 9 9 8 Matemática 7 7 7 7 6 6 1200 Estudo do 7 meio Ciências 3 natureza Historia Geografia 3 3 3 - - 360 - - - 4 4 240 - - - 2 2 2 2 120 120 Educação moral e cívica Ed. Manual 2 e plástica - - - 2 2 120 2 2 2 2 2 320 Ed. Musical 1 1 1 1 1 1 180 Ed, física 2 2 2 2 2 320 24 24 24 29 29 - 720 720 720 870 870 4620 6 6 6 9 9 - 1ª 2 Total de 24 T.L. semanal Total de 720 T.L. Anual Total de 6 disciplina 2ª Fonte: CABRAL.2005. 80 6ª 8 Ciclo 1560 Os dois planos curriculares atrás referenciados apresentam algumas semelhanças pelo facto de terem disciplinas que abrangiam um e outro, por outro lado diferenciamse sobretudo no número de horas lectivas, e pela unificação do ensino primário de quatro classes para seis classes, assim como a introdução de algumas disciplinas novas como estudo do meio e educação moral e cívica. O 1ºCiclo do Ensino Secundário, de acordo a lei de bases do Sistema de Educação no seu artigo 19º concebeu três classes, 7ª,8ªe 9ª classes. Os objectivos gerais da educação em desenvolver harmoniosamente capacidades físicas, estéticas, laborais, intelectuais e cívicas da jovem geração; dominar competências científicas a fim de intervir na vida activa da sociedade; conhecer e respeitar os valores e símbolos nacionais; relacionar os conhecimentos técnicos científicos com a resolução dos problemas nacionais, possibilidades a uma melhor reflexão sobre o meio onde vive; formar o indivíduo, a fim de o capacitar para uma melhor análise e compreensão dos problemas a nível nacional, regional e internacional; respeitar os valores e símbolos nacionais, pela dignidade humana, pela tolerância e cultura da paz e unidade nacional; formar um indivíduo capaz de compreender os problemas do país participando na vida social à luz dos problemas democráticos (Artigo 3º Objectivos Gerais da Educação Lei de Bases 2001). A idade que caracteriza os alunos do 1ºCiclo do Ensino Secundário situou-se entre os 12 e os 16 anos de idade (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Estrutura curricular, 2005) No processo de renovação do currículo o 1º Ciclo do Ensino Secundário em 2001, passou a constituir a primeira etapa de Formação Geral, o que permitiu uma preparação prévia e articulação com o Segundo Ciclo do Ensino Secundário. No Plano de Estudo do Primeiro Ciclo foi realizado uma redução da carga horária em relação ao sistema anterior, tanto a nível das disciplinas que compõem o referido plano, como a nível geral, em que houvesse maior equilíbrio entre as disciplinas da área de formação geral e as disciplinas mais viradas para o conhecimento prático e para o mundo de trabalho. O plano curricular tem um total de 12 disciplinas até à conclusão da 9ª classe, podendo os estudos prosseguirem nas escolas do Segundo Ciclo do Ensino Secundário ou nos Institutos Médios Técnicos e Normais (Quadro19) (idem). Foi introduzida uma nova disciplina de Educação Laboral que surgiu no currículo para despertar o aluno na ligação entre o ensino e o trabalho produtivo, e os conhecimentos básicos que permitirão manejar as ferramentas essências para resolver situações pontuais do quotidiano no lar, na escola, na comunidade, nas diferentes áreas como: electricidade, carpintaria e agricultura, e conhecimentos técnicos e tecnológicos, habilidades obtendo uma cultura laboral, como membros activos e valiosos da família 81 antes de concluírem a formação média técnica. A disciplina de Educação Laboral foi dividida em duas áreas: Área de Desenho Técnico e Área de Oficina (idem). O 1º Ciclo do Ensino Secundário o seu plano de estudos com 30 horas semanais para as três classes, numa semana activa de cinco dias conforme o quadro nº19 abaixo. Quadro nº19- Plano de Estudos do 1º Ciclo do Ensino Secundário aprovado em 2001 Horário Semanal Classes Disciplinas Língua portuguesa Língua estrangeira (a) Matemática Biologia Física Química Geografia Historia Educação física Educação moral e cívica 7ª 8ª 9ª 4 4 4 360 3 3 3 270 4 2 3 2 2 3 2 4 2 2 3 2 3 2 4 3 2 2 3 2 2 360 210 210 210 210 240 180 1 1 1 90 Educação visual e plástica Educação laboral Total T.L. semanal Total T. L. anual Total de disciplinas 2 2 2 180 2 2 2 180 30 30 30 900 900 900 2700 12 12 12 12 EDUCAÇÃO. Estrutura curricular. FONTE:MINISTÉRIO DA (descarregado 10-11-2010.) a) Total por disciplina Inglês ou Francês 82 Em http/www.inide.angoladigital.net 2.2.Recursos Humanos do Sistema de Educação em Angola No domínio da docência foi realizada pela autora uma pesquisa documental no Ministério da Educação que mostrou que após dois anos de independência o sistema de educação em 1977 tinha cerca de 25000 professores primários dos quais 52% tinham apenas a 4ª classe como habilitações e 7% um nível considerado de habilitações não especificadas e registou-se a falta de 600 professores para o ensino primário e secundário. Neste contexto, em 1978, foram criados os Institutos Normais para Formação de Professores, pois nos anos a partir de 1985/1986 a 1989/1990 os institutos normais formaram cerca de 3532 profissionais docentes. No caso concreto do Instituto Normal Garcia Neto da província de Luanda neste período formou cerca de 1079 profissionais docentes que representou 30,54%. (GEPE. MED, 1985) No ano lectivo de 1990-1991 foram formados cerca de 1078 docentes no ensino médio normal (idem, 1992). O processo de formação de professores, a superação e a qualificação dos recursos humanos docentes constituíram uma das prioridades do Ministério da Educação, nos períodos de 1996 a 2002 os 16 centros de cursos de formação básica docente formaram cerca de 4.126 novos professores e 36 instituições de formação média de professores graduaram cerca de 9.935 técnicos médios docentes. (NETO, 2003). Na época final do ano lectivo de 2007 o Ministério da Educação controlou 177254 efectivos em todo o país, entre eles 167989 foram docentes e 9265 trabalhadores administrativos. (CAAME,2009). No período de 2002 a 2008, registou-se o aumento da taxa média dos professores efectivos numa média anual de 14,54%. Podemos verificar que durante os anos lectivos de 2003 a 2008 os efectivos docentes não deixarem de aumentar ao compararmos o número de novos docentes por cada ano lectivo, conforme o quadro nº20, sobretudo por se realizarem novos recrutamentos ao longo dos anos e não só pelo facto de as condições de salário terem melhorado no nível do Ministério de Educação. 83 Quadronº20 - Evolução do corpo docente, 2002a 2008 Anos Efectivos Taxa de Novos docentes crescimento 2000 76129 2002 83601 9,81% 7472 2003 112785 34,91% 29184 2004 113785 0,89% 1000 2005 130128 14,36% 16343 2006 150758 15,85% 20630 2007 167989 11,43% 17231 2008 179928 7,11% 11939 Fonte: CAAME Informação Sobre a Implementação do Novo Sistema De Educação. INIDE.2009. 2.3. Perfil de Saída do Professor Formado no Instituto Garcia Neto Antes de mais, gostaríamos de abrir um parêntese para fazermos referência ao perfil do Professor no período colonial em que a escola «vale o que vale o seu professor». (DIAS: 1934.pg,25). O aforismo tomou um significado muito particular, a escolha foi o único processo de recrutamento do Professor. No discurso oficial, o professor das escolas oficinas possuía especiais qualidades de ponderação e de bondade, espírito de justiça e simpatia comunicativa, virtudes essas que geravam na alma simples de negro um sentimento misto de respeito e de subordinação. (idem.) Assim, nos anos 70 do século XX, após a independência de Angola em 1975, que pôs termo ao regime colonial português, foram estabelecidas novas regras no perfil do novo Professor formado nos institutos normais de educação da Republica Popular de Angola. (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÂO, 1978, p.43) O Professor passou a ser considerado o catalisador e agente da educação fundamental para o arranque do processo de ensino – aprendizagem do novo Sistema Nacional Educativo em 1978. Uma das qualidades foi a formação da nova geração e 84 transformação de mentalidade: a partir de então, o professor foi formado dentro da ideologia marxista – leninista, com qualidades de educação socialista, colectiva e livre, uma consciência do papel de vanguarda como promotor da criação de um homem novo, e um activista da transformação, ao nível da superstrutura e das relações sociais. (idem.) Após esta primeira reforma do Sistema Nacional Educativo foi realizada uma segunda no ano de 2001. Foi então aprovada pela Assembleia Nacional a Lei de Bases nº 13/01 31 de Dezembro, que destacou a missão do professor no fim da sua formação. Este deveria contribuir para a melhoria da qualidade e qualificação científica e técnico – pedagógica, para elevar a eficácia do ensino nas condições das transformações sócio económicas e conhecer, bem, a natureza fisiológica, psicológica e sociológica, dos alunos do 1º Ciclo do Ensino Secundário dos 12 aos 15 anos de idade. Têm igualmente de possuir conhecimentos científicos fundamentais no âmbito da (s) especialidade (s) que vai leccionar e nas ciências da Educação; dominar os conteúdos programáticos, saber da melhor utilização dos manuais escolares, das orientações metodológicas e de outros instrumentos relativos à Educação e ao Ensino nas instituições escolares; reconhecer as problemáticas mais relevantes do mundo em que vivemos, cada vez mais complexos e em rápida mudança; e, por último, conhecer as perspectivas educacionais que desenvolvem o currículo dos alunos do 1º ciclo do Ensino Secundário. (Currículo de Formação de Professores Do 1º Ciclo do Ensino Secundário, 2005.) Por outro lado o professor deve ainda saber: definir os objectivos específicos com base nos objectivos gerais e conteúdos dos programas estabelecidos, tendo em conta o contexto em que vai trabalhar, ou seja, as condições das instituições de ensino, do meio económico e sociocultural em que estas estão inseridas e as características e necessidades dos alunos concretos que vai ensinar; adoptar métodos e meios de ensino, bem como mecanismos de diferenciação pedagógica e de flexibilização dos programas, adequando – os à diversidade dos alunos a fim de promover o sucesso escolar, nomeadamente a nível dos objectivos específicos/conteúdos essenciais, e do desenvolvimento integral do jovem; preparar o adolescente para um enquadramento próspero nas classes e níveis de ensino subsequentes, para uma opção vocacional e profissional consciente que seja compatível com uma inserção social harmoniosa na comunidade; proporcionar aos alunos a aquisição e domínio de saberes, instrumentos, capacidades, atitudes e valores indispensáveis a uma escolha esclarecida das vias escolares ou profissionais subsequentes; desenvolver valores, atitudes, práticas que contribuam para a formação de cidadãos conscientes e participativos numa sociedade democrática; colaborar com os colegas que têm os mesmos alunos no sentido de 85 articular estratégias que promovam o sucesso educativo; identificar o jovem necessitado em atendimento e cuidados especiais. (idem.) Distinguir-se por um elevado sentido de responsabilidade, de idoneidade moral, cívica e deontológica, e saber transmitir estes valores aos educandos; assumir uma atitude de respeito pela importância da actividade docente na formação da personalidade humana e no desenvolvimento socioeconómico da sociedade. (idem.) Quanto ao professor do ensino primário durante o processo de formação na carreira docente o seu perfil caracterizava – se por: conhecer e saber utilizar as suas capacidades, os seus recursos e ter consciência dos efeitos da sua actuação na sala de aulas e na escola; conhecer a natureza fisiológica, psicológica e social da criança em idade escolar; saber identificar a criança com necessidades educativas especiais e proporcionar – lhe o encaminhamento adequado aos cuidados específicos de que carece; dominar os conteúdos programáticos, conhecer bem os manuais escolares, as normas, as orientações metodológicas e outros instrumentos relativos à educação e ensino nas instituições escolares; possibilitar a compreensão dos factores de natureza legal, institucional e organizacional que contextualizam as práticas educativas na escola; conhecer as problemáticas mais relevantes do mundo em que vivemos, cada vez mais complexos e em rápida mudança; estabelecer objectivos específicos com base nos objectivos dos programas, das condições das instituições de ensino e do meio ambiente em que estão inseridos; criar condições para uma aprendizagem globalizada, adaptando o método, meio de ensino e formas de organização para que as crianças vejam a realidade como um todo, particularmente nas seis primeiras classes; promover o desenvolvimento integral e harmonioso da criança; propiciar a integração e colaboração entre alunos e destes com o professor, para que daí decorra uma gestão mais flexível e articulada dos programas, de modo a que a generalidade dos alunos tenha sucesso nos conteúdos essenciais; trabalhar em colaboração com os colegas da mesma classe; preparar as crianças para um enquadramento esperançoso no ensino subsequente e para uma opção vocacional consciente e compatível com a inserção social harmoniosa na comunidade; adquirir experiência de ensino nas actividades docentes e educativas nas instituições escolares; distinguir – se pelo elevado sentido de idoneidade moral e cívica e competência profissional, sabendo transmiti–los aos seus educandos; e estar motivado para uma aprendizagem permanente. (Currículo de Formação de Professores do Ensino Primário, 2005.) O professor acompanha a orientação para aprendizagem e qualificação dos seus discentes. Neste contexto a avaliação do processo de ensino e o resultado possibilitava a melhoria do alcance dos objectivos. Por outro lado, o professor devia analisar o seu próprio desempenho, os programas desenvolvidos e incorporar 86 mudanças no processo de ensino, segundo as exigências da reforma educativa, e para contribuir na melhoria da qualidade de formação. Pois o perfil de saída «é um conjunto de capacidades ou comportamentos esperados no fim de uma aprendizagem». (Glossário UNESCO, 1984 cit; Peterson, 31.) O perfil do professor entendido como aquilo que o professor deve saber (homo sapiens), fazer (homo faber), e ser (homo socialis) constituem elementos reconhecidos sobretudo para o desenvolvimento das competências de um professor (idem). 2.4 Currículo de Formação de Professores do 1º Ciclo do Ensino Secundário. Ao abordar o currículo de formação de professores em Angola partimos do marco de referência no período colonial. Não vamos abordar em pormenor o percurso histórico de educação no período colonial em Angola, mas sim, de alguns aspectos ligados ao ensino, e fundamentalmente do currículo de formação. Nos anos de 1795 – 1800 pela falta de um sistema no reino de Angola, foram estabelecidas as cadeiras necessárias para a Instrução Pública. Neste contexto, criaram – se as cadeiras de aritmética, geometria e trigonometria, destinadas a formar e educar bons Contadores e bons Medidores. Mais tarde em 1807 – 1810, o Governador Saldanha da Gama, homem dedicado à Instrução Publica, criou uma Aula de Matemática, de que foi Lente o Iº tenente da Companhia de Artilharia Francisco de Paula e Vasconcelos, a qual foi frequentada por vários oficiais das diferentes Armas da Guarnição com a finalidade de lisonjear o Governador. No mesmo período, D. Antónia Brasília de Brito, esposa do governador, contribuiu para realçar a glória do governo do marido com actos de patriotismo. Para o efeito, criou e proporcionou lições de leitura, de escrita, de Francês, e de Musica às meninas das principais famílias de Angola. (DIAS, 1934,p.7). Na época foram criadas em Luanda e Benguela escolas elementares. No ano de 1842 – 1843, no Governo de Bressane Leite, surgiram novas aulas de Francês e Inglês. No ano de 1844, em Luanda, existiam apenas duas escolas primárias, uma para cada sexo, e uma aula de Latim. Em Benguela, foram criadas por lei duas escolas primárias, mas ambas ficariam vagas. Foram notórias as medidas do Ministério e Secretaria de Estado dos Negócios da Marinha e Ultramar que, sob direcção de Joaquim José Falcão, criaram e organizaram, com o decreto de 14 de Agosto de 1845, 87 o ensino primário nas províncias ultramarinas e estabeleceram um Conselho de Inspectores. As escolas principais criadas foram dotadas e funcionaram como escolas normais, onde se formavam os futuros mancebos instruídos e habilitados a dar a instrução primária aos seus conterrâneos. Foi estabelecido um diploma de provimento dos lugares de professores por concurso, onde o salário era fixado em função de: 1) das condições de cada província do ultramar, 2) com o local da escola, e onde, igualmente, se estabelecia o direito a jubilação com o ordenado por inteiro no fim de vinte e cinco anos de serviço. (Idem: 8.) Mais tarde, no currículo de formação em 1917 – 18, os indígenas passaram a receber conhecimentos de artes e ofícios, e de agricultura e industria. (DIAS, 1934,p.13). Neste contexto histórico foram criadas as escolas rurais indígenas com professores de cor. Através destas difundiu-se entre os indígenas a língua portuguesa, o canto coral, e a ginástica sueca. Também se criou o hábito de higiene, da compostura e de trabalho. Por meio do diploma legislativo nº 518, de 16 de Abril de 1927, e do diploma legislativo nº 755, de 26 de Março de 1928, estabeleceram – se os programas e instruções pedagógicas respectivamente. (Idem: 18.) Essas escolas localizaram-se nos pontos onde não existiu missões católicas e auxiliou as missões no desenvolvimento da rede escolar da mesma natureza. (idem, p. 27). Na década de 50 do século XX podemos constatar que a escolarização dos angolanos continuava ainda em grande número centrada nas escolas missionárias. (Castro, 1978:203, cit. Vieira, 2007,p.54). Mais tarde, na década de 60, foram preparadas duas categorias de professores para as escolas primárias rurais, ou seja, a categoria de professores do posto e de Monitores escolares. (SANTOS, 1970, p.295). Na categoria de monitor escolar o currículo de formação correspondia às disciplinas de Práticas Pedagógicas, Português, Portugalidade, Aritmética, Geometria, Primeiros socorros, Formação Rural, Ciências Geográfico – Naturais, Legislação, Canto e Formação Feminina (PETERSON, 2003,p.27) A categoria de professor de posto tinha as disciplinas de Matemática, Ciências Geográfico – Naturais, Portugalidade, Historia de Portugal, Língua Portuguesa, Desenho e Trabalhos Manuais, Moral e Religião, Educação Física, Noções de Pedagogia e Didáctica, Prática de Didácticas, Prática de Agricultura e Pecuária, Actividades Sociais, Legislação Escolar, Formação Feminina, Higiene e Saúde Pública, Noções de Enfermagem, Primeiros-Socorros e Puericultura. (idem.) Após a independência de Angola, foi deixado o currículo de ensino colonial português e procedeu - se a uma reformulação do sistema de educação e ensino, adaptando - o às necessidades, exigências e à realidade de Angola. Assim, foi criada a estrutura de 88 formação de professores como agentes da educação e ensino, da transformação da nova mentalidade respeitante às novas gerações. Estrutura esta, baseada na ideologia marxista-leninista que funcionou de 1978 até 2001 com o currículo de Formação Acelerada de Professores, Curso de Formação Básico de Docentes e do Instituto Normal de Educação, anexos, 2.11, 2.12, 2.13 (idem). Neste contexto histórico, na década de 80 e 90, o currículo de formação dos professores de ensino no Instituto Garcia Neto era organizado pelas disciplinas: Língua Portuguesa, Francês, Inglês, História, Geografia, Matemática, Física, Biologia, Química, Desenho, Educação Física, Higiene e Saúde, Economia Política, Introdução aos Estudos Políticos e Pedagógicos, Didáctica Geral, Teoria da Educação, Organização e Gestão Escolar, História da Pedagogia, Psicologia Geral, Psicologia do Desenvolvimento, Psicologia Pedagógica, Filosofia, Práticas Pedagógicas, Metodologia de Francês Metodologia de Língua Portuguesa, Metodologia de Inglês, Metodologia de Matemática, Metodologia de Física, Metodologia de Biologia, Metodologia de Química, Metodologia de Geografia, Metodologia de História. Estas foram distribuídas por 4 anos de formação geral da 9ª classe a 10ª classe e da 11ªclasse a 12ª classe e pelas especialidades de Historia e Geografia, Matemática e Física, Língua Portuguesa, Pré-escolar, Biologia e Química. (Instituto Normal Garcia Neto. Relatório Anual.1985- 1986.) Em 2001, com aprovação da Lei de Bases 13/01 de 31 de Dezembro do Sistema de Educação Angolano pela Assembleia Nacional, o subsistema de formação de professores passou a ter novo currículo de formação de professores do 1º Ciclo do Ensino Secundário cujo objectivo era: formar professores com perfil necessário à materialização integral dos objectivos gerais da educação; formar professores com sólidos conhecimentos científicos – técnico e uma profunda consciência patriótica, de modo a que assumissem com responsabilidade a tarefa de educar as novas gerações; Desenvolver acções de permanente actualização e aperfeiçoamento dos agentes de educação. Assim, a estrutura curricular de formação de professores do 1º Ciclo do Ensino Secundário, foi organizada por diversos cursos com as especialidades referidas nos : anexos 2.02.a 2.013, este fazendo referência ao currículo de formação de professores primários. A reflexão resultante de uma análise de um currículo de uma qualquer sociedade revela-nos o tipo de cidadão que se quer na construção do Estado – Nação. O currículo, em termos de conteúdo, apresenta-se em conformidade com a ideologia política dominante. Desde o início da instrução pública em Angola, em 1845, o currículo foi baseado na especificação precisa de objectivos, procedimentos e 89 métodos para a obtenção de resultados que possam ser precisamente mensurados (Silva, 2000,p.11) foi «Através dos currículos, dos professores, dos matérias escolares, o processo educativo foi utilizado como uma das vias a que se recorreu, numa tentativa de despertar/desenvolver o sentimento de domínio a esse todo tão disperso e diverso, mas a que se procura atribuir uma homogeneidade construída, numa situação, afinal de interculturalidade invertida» (Stoer e Cortesão, 1999:59 cit. Vieira, 2007,p.72). O sistema colonial de ensino pretendia assim a «integração das subjectividades na escola com o objectivo (…) de proporcionar a cidadania através da escolarização (Stoer e Cortesão). Contudo, ao contrário do que (Stoer e Cortesão, 89) defendem, a cidadania proporcionada aos angolanos seria a portuguesa e não a angolana, com todos os resíduos da discriminação e exclusão, tendo em conta que, para os colonialistas, a heterogeneidade cultural por eles reconhecida devia consubstanciar – se na anulação dos valores da cultura angolana e da sua identidade… «a teoria colonial sobre a identidade cultural dos povos colonizadores tinha o seu desenvolvimento próprio: Qualquer identidade devia ser feita face à cultura e à personalidade, assim como aos costumes, a língua e mesmo a religião do colonizador. Em Angola isso, evidentemente, não se chamava identidade mas sim assimilação» (Henriques Abranches, 1989:52- 53.cit. Vieira, 2007,p.73). Nesta perspectiva a “ única identidade cultural” que era permitida a um grande número de povos colonizados era aquela que os afastava das suas raízes históricas e os deixava esvaziados de todo o pensamento coerente e incapaz de reagir para além do treino mecânico que sofriam, destinado a torná-los passivos e obedientes (Idem.) Isto significa dizer que a forma que o colonizador encontrou para dominar as províncias ultramarinas foi a de introduzir na educação um currículo baseado em programas aleatórios juntamente com o enquadramento de disciplinas concretas para favorecer e fortalecer as suas relações de dominação como foi apontado atrás. Numa perspectiva histórica, após o fim do regime colonial, a 11de Novembro de 1975 foi proclamada a independência de Angola. Foi de assinalar algumas modificações nas estruturas e nos programas, muito embora se notassem nos dois anos de independência algumas reminiscências do anterior regime no sistema de educação e ensino e de formação de professores (MPLA, 1977,p.43). As resoluções do 1º Congresso do MPLA, no ano de 1978 que marcaram a abertura do IGN. Nesta época foi adoptado um currículo que tinha uma carga política e ideologia marxista-leninista. A formação de professores começou com a generalização dos princípios da reformulação do sistema de educação e ensino da Republica 90 Popular de Angola (RPA). Podemos dizer, sem receio de equívoco, que o currículo aplicado era do tipo fechado, por apresentar uma estrutura geral definida pelo Ministério da Educação. A escola, segundo Althusser (cit. Silva, 2000,p.29), constitui – se num aparelho ideológico central, atingindo praticamente toda a população por um período prolongado de tempo. Quer isto dizer, que a Escola actua ideologicamente através do seu currículo, seja de uma forma mais directa, através das matérias mais susceptíveis ao transporte de crenças explícitas sobre a desejabilidade das estruturas sociais existentes como [são os] Estudos Sociais, História, Geografia, por exemplo; seja de uma forma mais indirecta através das disciplinas mais “técnicas” como Ciências, Matemática. (Silva, 2000, p.29.) Esta foi uma das maneiras utilizadas para a formação da nova geração dentro de um espírito revolucionário e científico, onde se afirmava que “O Professor É Um Combatente da Linha da Frente”. (MPLA- PT, 1978,p.6). No ano de 2001, a Lei de Bases nº13/01 de 31 de Dezembro, é implementada através do Decreto nº2/05 de 14 de Janeiro, (MED, 2009). Surge o novo currículo de formação de professores do 1º ciclo do ensino secundário, onde os planos de estudo que agregam disciplinas permitem a continuidade dos estudos no ensino superior; e outras de variados conhecimentos práticos que facilitam o desenvolvimento, com eficácia, da actividade profissional do docente. Ao observarmos as disciplinas que fazem parte deste currículo reparamos que foram retiradas aquelas disciplinas que tinham uma componente política e ideológica nos seus conteúdos e não se adequavam ao novo modelo do sistema educativo angolano, nomeadamente no caso da Economia Política, Introdução aos Estudos Políticos e Pedagógicos. No entanto, as especialidades de Educação Visual e Plástica e Educação física, adaptavam-se aos novos componentes do plano de estudo. Este currículo caracterizava o tipo de cidadão ou indivíduos que a sociedade Angolana aspirava na [nova política de economia de mercado] com vista à construção de uma sociedade livre, democrática, de paz e progresso social. (Lei de Bases, artigo1º: 2001.NETO,2005,p.65). Neste contexto, e de um modo geral, o currículo era definido como o conjunto das expectativas de vida necessária ao desenvolvimento do aluno. Pois ele exige a apropriação de saberes e de capacidades que se operam em função das necessidades do aluno e da sua preparação para a participação responsável na vida em sociedade. (Landsheere, 1994,p.73). A construção de um currículo não levanta só problemas técnicos mas também filosóficos, políticos, sociais. Do exposto resultam três concepções fundamentais do currículo: centrado sobre o saber a adquirir, sobre o aluno ou sobre a sociedade. (idem.) 91 A aprendizagem sistemática das disciplinas tem a precedência, a progressão é ditada pela lógica interna do saber tal como os docentes ou investigadores a percebem. (idem.) Nessa aprendizagem as vantagens situam – se na clareza dos objectivos perseguidos e na precisão dos conteúdos a ensinar; eles estão bem delimitados nos manuais escolares (idem.) Por outro lado, destacamos alguns inconvenientes ligados a essa opção. Em primeiro lugar, a falta de atenção à pessoa do aluno, à sua lógica própria e à sua vivência. A atomização dos conhecimentos, aprendidos como por si mesmos, apaga – se com a rapidez do esquecimento (a primeira preocupação é, muitas vezes ser bem sucedido no exame). (idem.) Assim, exige–se uma flexibilidade de organização do currículo centrado no aluno, no sentido de fazer passar as suas necessidades, os seus interesses, as suas aptidões e a sua experiência vivida. (Idem.) A aprendizagem das disciplinas deve ser feita em função da resolução dos problemas encontrados pelo [professor] nos seus alunos. (Idem.) O docente desempenha essencialmente uma função de organizador de situações propícias supervenientes de dificuldades interpelantes. (idem.) Em segundo lugar, podemos constatar alguns inconvenientes no carácter ocasional das situações de aprendizagem torna aleatória a apropriação sistemática dos saberes e das destrezas. O professor, de uma forma ideal, deve elaborar um programa por medida para cada um dos seus alunos, o que implica um trabalho em condições cansativas que, por sua vez, provoca o insucesso geral da aplicação integral da centralização do currículo sobre o aluno. (idem.) De acordo com o princípio de Hipoteticidade de ScuratI, toda a decisão, proposta, projecto ou análise didáctica, tem de ter por base a assunção da sua natureza dialéctica, não submetida a regularidades fixas. “Dadas as condições de partida e os recursos disponíveis, podemos supor que o objectivo mais adequado é…, ou que o conteúdo que melhor se adapta é…, ou que a técnica mais eficaz será…” (Zabalza, 2001:32.) Isto quer dizer que formulamos mas não asseguramos, ou seja, formulamos várias hipóteses com que a escola e o professor se devem deparar de maneira a introduzir tantas modificações quantas as necessárias para manter ou alterar o rumo dos acontecimentos. (idem.) Por outro lado, devemos sublinhar que uma programação educativa – didáctica, pela sua própria natureza, se coloca mais sob o signo da problematicidade do que sob o signo da afirmação Scurati. e Klafki reflecte a ideia os currículos deveriam ser concebidos como orientações abertas, submetidas e expostas à critica, à correcção, na teoria e na prática, específica da situação, modificadoras e concretizantes, 92 apontando para a planificação e realização de um ensino emancipador e orientado por objectivos de aprendizagem. Do meu ponto de vista, concordo com o pensamento de Klafki quando ele diz que os currículos deveriam ser concebidos como orientações abertas. Resumindo, no período colonial português, desde que começaram a surgir as primeiras lições de ensino, o professor foi considerado o fortificador das relações entre os cidadãos por isso o recrutamento foi o processo utilizado. O professor das escolas oficinas tinha que possuir qualidades especiais tais como; ponderação, bondade, espírito de justiça e simpatia comunicativa, que permitiu criar uma consciência de dependência e respeito a todos os indígenas que participaram no ensino de aprendizagem de ofícios (Filipe Zau, cit. Neto, 2009). Até ao final da lei do indigenato em 1961, a politica educativa colonial esteve apenas preocupada em instruir os portugueses residentes em Angola, bem como os seus descendentes. Só após a luta armada em 1961, é que a administração colonial iniciou esforços para abranger um maior número de angolanos no processo de escolarização. Após a independência de Angola, a 11 de Novembro de 1975, e que marcou o fim da política colonial, fez-se, dois anos mais tarde, a estruturação do sistema de educação e da implementação. Em 1978 o professor passou a constituir o elemento catalisador e o agente da mudança da nova sociedade angolana numa mentalidade baseada na ideologia marxista-leninista. O professor no fim da sua formação tinha que ter a qualidade de educação socialista, colectiva, livre e com o papel de vanguarda. No ano de 2001, após a aprovação da lei de bases nº13/01 de 31 de Dezembro do sistema educativo angolano pela assembleia nacional, regulou-se a missão do professor do 1º ciclo do ensino secundário no fim da sua formação e estabeleceu-se que o professor deve ter a capacidade de conhecer a natureza fisiológica, psicológica e sociológica dos alunos com a idade de 12 a 15 anos, bem como conhecimentos científicos, no âmbito da (s) especialidade (s) que vai ensinar e das ciências da educação. Ou seja, o professor deve ter a qualidade de saber definir os objectivos específicos com base nos objectivos gerais e nos conteúdos dos programas, de acordo com o contexto em que vai trabalhar, o meio económico e social onde se encontrarem as instituições de ensino, conforme as características e necessidades dos alunos com quem ele vai trabalhar, aplicando os métodos, meios de ensino, e mecanismos pedagógicos diferenciados. Neste contexto, o professor deve ter a responsabilidade, de idoneidade moral, cívica e deontológica, transmitir os valores aos educandos e o respeito pela importância da actividade docente na formação da personalidade humana, e no desenvolvimento social e económico da sociedade. 93 O professor do ensino primário, ao longo do seu processo de formação docente, deve obter o perfil de um bom professor, com capacidade e habilidade de trabalhar com os alunos na sala de aulas e na escola, conhecer a natureza fisiológica, psicológica e social da criança em idade escolar, reconhecer as crianças que apresentarem necessidades educativas especiais e conduzi-las para os cuidados específicos. O professor deve, igualmente, dominar os conteúdos programados, conhecer bem os manuais escolares e as normas de orientação da metodologia de ensino numa instituição escolar. Por outro lado, deve estabelecer objectivos específicos com base nos objectivos dos programas de ensino, adaptando os métodos, meios de ensino e formas de organização pedagógica. O perfil do professor desenvolve - se de maneira sistemática e planificada de acções com vista a desenvolver as competências profissionais adquiridas ao longo da sua formação. O professor no seu trabalho deve ser flexível na realização das aulas e execução do programa de actividades. O currículo de formação em Angola começou a ser utilizado no período colonial. Este foi sendo elaborado ao longo dos tempos em função das necessidades de instrução pública. Usou-se da experiência para colmatar a falta de um sistema de ensino e de um currículo formatado de formação. Assim foram criadas as cadeiras de aritmética, geometria e trigonometria para formarem contadores e medidores. Mais tarde foi criada a aula de matemática para os oficiais das diferentes armas da guarnição, bem como as lições de leitura, de escrita, de francês e de música para as meninas das principais famílias de Angola. Quando surgiram as escolas elementares foram criadas as aulas de francês, inglês e latim. Com a institucionalização do ensino público por Joaquim José Falcão, pelo decreto de 14 de Agosto de 1845, as escolas principais criadas começarem a funcionar como escolas normais para formarem os mancebos instruídos e habilitados a dar instrução primária aos seus conterrâneos. Anos depois com o currículo de formação em 1917/1918 os indígenas passaram a receber conhecimentos de artes e ofícios, agricultura e indústria. Nas escolas rurais indígenas criadas passou-se a divulgar a língua portuguesa, o canto coral, a ginástica sueca, o hábito da higiene, da compostura e do trabalho. O diploma legislativo nº518,de 16 de Abril de 1927, e o diploma legislativo nº755, de 26 de Março de 1928 estabeleceu os programas e instruções pedagógicas das escolas indígenas. Nos anos 60 foram criadas duas categorias de professores para as escolas rurais: Professores de posto e professores monitores escolares. No fim da formação curricular os professores tinham que possuir a capacidade e habilidade de trabalhar com a comunidade rural. Quer dizer, saber transmitir os ensinamentos ligados à língua portuguesa e à história de Portugal assumindo o papel de representante de autoridade local na área escolar. 94 No período de 1975, depois da independência de Angola, foram concebidos vários currículos de formação de professores que se adequaram ao novo sistema político e ao sistema de educação e ensino: os currículos de formação acelerada, de formação básica docente e de formação de professores dos institutos normais de educação. Podemos dizer que o currículo de formação do Instituto Normal de Educação Garcia Neto, nos primeiros anos da sua institucionalização, em 1978, foi constituído por disciplinas e distribuídas por cinco cursos de especialização docente. As disciplinas que faziam parte do currículo contribuíram para a formação da mentalidade nova do cidadão baseadas na ideologia marxista-leninista, estas disciplinas foram: Língua Portuguesa, Francês, Inglês, Historia, Geografia, Matemática, Física, Biologia, Química, Desenho, Educação Física, Higiene e Saúde, Economia Política, Introdução aos Estudos Políticos e Pedagógicos, Didáctica Geral, Teoria da Educação, Organização e Gestão Escolar, História da Pedagogia, Psicologia Geral, Psicologia do Desenvolvimento, Psicologia Pedagógica, Filosofia, Práticas Pedagógicas, Metodologia de Francês Metodologia de Língua Portuguesa, Metodologia de Inglês, Metodologia de Matemática, Metodologia de Física, Metodologia de Biologia, Metodologia de Química, Metodologia de Geografia, Metodologia de Historia. No ano de 2001 foi aprovado, na lei de bases nº13/01 de 13 de Dezembro do sistema de educação angolano, pela assembleia nacional, o subsistema de formação de professores organizou pelo currículo de formação de professores do 1º Ciclo do Ensino Secundário. O Instituto Normal Garcia Neto, para formar os professores o currículo, contemplou cerca de oito especialidades diversas com a finalidade de alcançarem os objectivos do subsistema de formação de professores. 95 CAPITULO III Formação de Professores em Angola “Os professores não podem ser formados (passivamente), eles formam-se (activamente). É, portanto, vital que participem activamente na tomada de decisões sobre o sentido e os processos da sua própria aprendizagem” (Day cit.Flores, 2009). Para abordar o tema sobre a formação de professores gostaríamos de começar por um exemplo do costume francês que não permitia ainda substituir, como o inglês o fazia, a expressão formação e docentes (teacher training) de conotação técnica, pelo termo educação e docentes (teacher education) que acentuava melhor a vontade de agir sobre a pessoa total (Landsheere, 1994,p.259). No mundo moderno começou-se a tomar opções relativas à formação e docentes e à sua organização a partir do processo de construção dos currículos. Por outro lado, era para assegurar a coerência entre o projecto educativo e preparar todos aqueles que fossem chamados a pôr em prática (idem). Historicamente, a formação pedagógica dos docentes é um fenómeno recente. Segundo Nóvoa historicamente, a identidade profissional dos professores constituiu-se a partir de uma separação e independência das comunidades locais. O mesmo autor afirmou que um dos primeiros países a conceder o estatuto de “funcionário público” aos mestres e aos professores régios, na sequência das reformas pombalinas no final do século XVIII, foi Portugal (2002,p.21). Na mesma ordem de ideias, pela lei Guizot de 1833, a França organizou o sistema institucional de formação dos mestres das escolas primárias (Landsheere, 1994,p.259). No entanto, para compreender a essência de formação de professores em Angola precisamos de recuar no tempo e no espaço até no período colonial. Neste período (Dias, 1934, p.8) existiram escolas principais que funcionavam como escolas normais e de onde saíram professores idóneos que foram considerados mancebos instruídos, e que não podiam deixar a África. Estes serviram para dar instrução primária aos seus conterrâneos (1845). Mais tarde, 96 o ensino foi reorganizado nas províncias ultramarinas (1865). Em 1910 Angola contava com 45 professores primários; 26 professores na instrução secundária; 6 no ensino primário superior; 120 nas escolas de ensino primário geral; 48 no ensino profissional indígena; um número não identificado de professores missionários e 20 professores indígenas (idem, p.32). O ensino rural indígena foi criado pelo diploma legislativo nº518, de 16 de Abril de 1927, que começou a funcionar em 1930, em Moçambique com cerca de 123 escolas rudimentares oficinas e 94 missionárias, com 233 professores estavam matriculadas 30:431alunos (idem, p.27). No ano de 1929, em Angola, o diploma legislativo nº222,de 16 de Dezembro, criou no Bailundo28 uma Escola Normal Rural que foi regulamentada em 3 de Julho de 1930. A mesma funcionou por pouco tempo (idem, p.28). À medida que o tempo passou, na década de 60 (Santos, 1970,p.291), destacou a situação do ensino em Angola tomou como referência o ano lectivo de 1963/1964 que foi criada a Secretaria Provincial da Educação no esquema governativo de Angola. No dia 26 de Março de 1964 tornou-se seu primeiro titular o Dr. José Pinheiro da Silva (idem). Em 31de Dezembro de 1968 trabalhavam em Angola cerca 9447agentes no ensino primário oficial, (idem, p.294). Nos anos 60 começou-se à preparar agentes de ensino que funcionaram em quatro escolas do magistério primário, em Silva Porto29, Benguela, Sá da Bandeira30 e Luanda. Esta última esteve primeiro instalada em Malange, mas por falta de frequência foi transferida para Luanda em 24 de Agosto de 1963 (idem p.295). Por causa do tempo prolongado de preparação dos professores primários nas escolas do magistério primário e da necessidade de se preencher os lugares criados, foram preparados os professores de posto na sua maioria ocupados por nativos, que frequentavam o ensino para a obtenção do diploma de professor primário (idem). Neste contexto, existiram 13 escolas de habilitação de professores de posto nas cidades31, e no dia 28 de Setembro 28 Município da província do Huambo da então Nova Lisboa. Actualmente chamada província do Bié. 30 Actualmente Cidade do Lubango. 31 Escolas de habilitação de professores de posto: Tomas Vieira da Cruz – Luanda; João Tiroa – Cabinda; Amália Vaz de Carvalho – Bela Vista; Padre António Vieira – Henrique de Carvalho; Rainha Santa – Huila; D. António Ildefonso – Luso; D. Maria II – Malanje; Rainha D. Amália – Vouga; Rainha D. Leonor – São 29 97 de 1968 foram atribuídos patronos a todas elas, com excepção a de Cuíma que já possuía, e criaram-se mais três escolas nas cidades32 totalizando 16 escolas (idem, p. 355). A rede escolar da província ultramarina, mesmo com a preparação dos professores de posto, foi capaz de satisfazer a cobertura. Foram preparados monitores escolares em cursos intensivos ministrados em períodos de férias, para leccionarem nas pequenas sanzalas (idem, p.296). Após a independência, em 1975, o Ministério da Educação angolano iniciou o primeiro curso de formação de quadros em Dezembro de 1976. Todos os documentos, planos, programas, textos, avaliações, regulamentos escolares e outros foram elaborados por professores cubanos (Jiménez, 2008,p. 62). A escola formou directores de escolas, gestores, que ocupavam os cargos de direcção das estruturas sociais nas províncias no total de 151 quadros formados (idem, p.63). Segundo o modelo francês, a formação de professores era feita nas escolas normais (etimologicamente aquelas em que se encontravam as normas) e tinham como missão mostrar como ensinar a mestres-escola que ensinavam sem qualquer formação pedagógica (Landsheere, 1994,p.259). No entanto, os professores primários foram considerados os pilares da República (idem, p.260). Angola, em 1978, baseando-se nas teses do 1º congresso do MPLA realizado em 1977 e onde foram aprovados os princípios de base para a reformulação do sistema de educação e ensino na Republica Popular de Angola, adoptou o modelo francês, ou seja, aquele que mais se assemelhava ao angolano e que serviu para adequar a formação de professores. Neste contexto, o Ministério da Educação de Angola, por Despacho nº14/78, de Abril abriu os institutos normais de educação, como o Instituto Normal de Educação Garcia Neto de Luanda (Diário da República, 1978). Em 1977, tendo em vista organizar a formação de professores para o ensino de base, foram criados os cursos de formação acelerada, dedicados à formação de professores para o 1º nível. A duração dos cursos passou, sucessivamente de 4 para 6 meses e posteriormente, para 9 meses (educação universal). Segundo Candau (1982), Salvador; Cabral Carmona -Santa Comba; Gonçalves Cerejeira – Salazar; Rebocho Vaz – Carmona; Hortênsio de Sousa – Benguela; Teófilo Duarte – Cuima; D. Altino Ribeiro Santana – Caconda; D. Manuel António Pires – Andulo (fonte: Santos, 1970,355) 32 De Luanda, Benguela, Cabinda (fonte:idem, 296). 98 na primeira metade da década de 70, sob a influência da psicologia comportamental e da tecnologia educacional, a maioria dos estudos privilegiava a dimensão técnica do processo de formação de professores e especialistas em educação (cit.Pereira, 2006, p. 16). Nesta perspectiva, o professor era concebido como um organizador dos componentes do processo de ensino–aprendizagem (objectivos, selecção de conteúdos, estratégias de ensino, avaliação etc.) que deveriam ser rigorosamente planejados para garantir resultados instrucionais altamente eficazes e eficientes (idem). Feldens (1984, p.17), defende a análise anterior, afirmando que nessa época havia uma visão funcionalista da educação, em que a experimentação, racionalização, exactidão e planeamento tornaram-se as questões principais na educação de professores (idem). A partir da segunda metade da década de 70, iniciou-se um movimento de oposição e de rejeição aos enfoques técnico e funcionalistas que predominavam na formação de professores até esse momento. Nessa época, de acordo com Candau (1982), por influência de estudos de carácter filosófico e sociológico, a educação passou a ser vista como uma prática social em íntima conexão com o sistema político e económico vigente (cit.Pereira, p.17). Em Angola, na época, a educação era baseada na orientação marxistaleninista. A partir desta posição, a prática dos professores deixou de ser considerada neutra e passou a constituir-se em uma prática educativa transformadora. Segundo Feldens (1984), as teorias sociológicas que consideravam a escola como reprodutora das relações sociais, chegaram à universidade angolana, aos centros de formação de professores, aos institutos normais e superior de formação de professores, e foram consideradas como elementos importantes para a compreensão dos problemas do ensino e da formação de professores. Assim a escola passou a ser vista como um espaço de contradições, em que novas ideias e mudanças eram iniciadas (cit.Pereira, idem). Os pressupostos abordados na Conferência Internacional de Educação organizada pela Unesco, entre 27 de Agosto a 4 de Setembro de 1975, em Genebra, apontavam para as questões relacionadas com a formação docente que tiveram repercussões em Angola no aspecto ligado ao pessoal docente dentro dos princípios básicos recomendados pela conferência (Gimeno e 99 Ibáñez, 1982). Foi assim que, em 1976, a União Europeia o PNUD33 e a UNESCO34 a perspectiva de formar docentes com o nível de qualificação para leccionar nas instituições do ensino básico, principalmente no ensino primário, surgiram os projectos35 de formação contínua de docentes em Angola (Peterson, 2003). Assim, com a perspectiva de formar os futuros professores, a estrutura de formação de professores era constituída pelos cursos de formação acelerada que funcionaram de 1977 a 1986 e foram destinados a formar agentes de ensino que, a curto prazo, cobriram as carências de professores que existiam no ensino de base, em especial nas 4 primeiras classes. Os cursos tiveram a duração de 12 a 20 semanas e, mais tarde, passou para 1 ano lectivo. Era participado, por jovens com idades a partir dos 18 anos e cujas habilitações literárias correspondiam à 6ª classe ou equivalente. Durante o período de formação adquiriram conhecimentos mínimos políticos e pedagógicos que lhes permitiram começar a leccionar. Por outro lado, os que já tinham a idade de 18 anos e a 6ª classe ou equivalente e que quisessem trabalhar podiam pedir nomeação como professores, anos, mais tarde, submetidos aos cursos de superação permanente (pela carência de professores que se registou naquele período) e, no fim do curso eram habilitados com a 8ªclasse podiam leccionar no 1º nível do ensino básico, não todas as disciplinas, e neste período foram formados cerca de 8000 mil professores (Med, 1993). Os cursos de superação permanente visavam o aperfeiçoamento dos agentes do ensino vindos do período colonial: os monitores escolares, que eram cerca de 15000 em Angola, os professores de posto, professores eventuais e os professores do ensino secundário. O objectivo foi preparar os professores progressivamente com o mínimo de conhecimentos políticos e pedagógicos que lhes permitissem elevar constantemente o seu nível cultural e criar-lhes condições apropriadas não só para atingir o nível de professores primários diplomados, mas de outros estudos superiores a nível da profissão docente ou educacional. Estes cursos foram ministrados à distância de maneira a 33 Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Organização das Nações Unidas para Ciência, Educação e cultura. 35 Projectos 7.ACP:ANG.71 e ACP.ANG.083, co-financiado pela união europeia, Projecto ANG/76/006/PNUD e ANG/84/006 PNUD financiados pelo governo angolano e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) com assistência técnica da UNESCO. 34 100 assegurar o constante funcionamento das escolas e orientados pelos institutos normais de educação e as secções províncias de educação (idem). No entanto, foi criada a modalidade de ensino à distância para superação de professores em exercício com a 4ª e 6ª classe, até alcançarem a 6ª e 8ª classe. Esta modalidade consistiu também na formação de formadores e elaboração de material pedagógico de auto–formação em ensino à distância para professores de ensino básico, muito embora alguns formadores obtivessem formação no Brasil e Portugal. (Quadro nº21 e nº22). Quadro nº21-Formação de Formadores para o ensino a distância no estrangeiro Ano Formadores Especialidade 1982 12 Ensino Pais à Brasília-Brasil distância geral 1983 12 Ensino à Brasília-Brasil distância geral 1984 12 Ensino à Brasília-Brasil distância geral 1986 12 Ensino à Brasília-Brasil distância geral Total 48 Fonte: PETERSON, 2003. Os centros de superação de professores formaram na modalidade de ensino à distância, cerca de 23.592 professores de 4ª a 6ªclasses. Os cursos de requalificação visavam a elevação do nível político e pedagógico dos professores primários diplomados com habilitações literárias do magistério primário, 5º e 7º ano ou equivalente, de maneira a obterem a qualificação de técnico médio profissional. Foram preparados para leccionar integralmente as 4 primeiras classes e uma ou duas disciplinas das 4 últimas classes (cadeiras de especialização). O curso tinha a duração de um ano aproximadamente e os alunos ficavam aptos para o ulterior ingresso no Instituto Superior de Ciências da Educação. Durante este período existiam cerca de 213 professores com 101 habilitações literárias do magistério primário do ensino colonial português (Peterson, 2003). Quadro nº22 - Formação de Formadores por especialidade para o ensino a distância no estrangeiro. Ano Formadores Especialidade Pais 1986 5 Física São-Paulo-Brasil 5 Biologia 5 Química 5 Física 5 Biologia 5 Química 5 Física 5 Biologia 5 Química 2 Equipamento 1987 1988 1988 São-Paulo-Brasil São-Paulo-Brasil Lisboa-Portugal Gráfico Total 47 Fonte: PETERSON, 2003. Os institutos normais de educação eram, assim, estabelecimentos de ensino de grau médio com o objectivo de formar técnicos médios profissionais do ensino. O ensino era de 4 anos depois da 8ª classe, com uma produção obrigatória no ramo a partir da 11ª classe. Os institutos formavam os professores diplomados para o ensino de base, para leccionar integralmente as 4 primeiras classes e uma ou duas disciplinas das 4 últimas classes (cadeiras da sua especialidade). O ingresso nos institutos normais fazia-se com base na 8ª classe do ensino de base, até 1989/90. A selecção dos candidatos era feita através do sistema de encaminhamento num processo administrativo de recolha e análise da documentação dos interessados em continuar os estudos a vários níveis. O processo partia das instituições de ensino e culminava com a publicação pela comissão executiva nacional de encaminhamento, da relação dos candidatos 102 seleccionados. A selecção era baseada no aproveitamento dos alunos e nas necessidades e prioridades previamente ditadas no que se refere à formação de técnicos especializados nos diferentes domínios (. (Med, 1993). Os trabalhadores estudantes tinham que estar vinculados ao sector de ensino, preferencialmente como professores. Devido à acção educativa das suas actividades, tinham também acesso os trabalhadores da Secretaria de Estado dos Assuntos Sociais, dos órgãos de difusão massiva, das organizações de massas e do partido (MPLA). Quanto aos outros trabalhadores, e porque a obtenção de novas habilitações literárias implicava a melhoria de condições sociais, a sua admissão, após o encaminhamento, tinha que ser feita na base de um termo de compromisso, tanto pessoal como do local de trabalho, com vista à sua vinculação ao sector de ensino após a formação (idem.) Mais tarde a tendência foi de se terminar a regulamentação administrativa, demasiado burocrática e centralizada, da admissão a todos os níveis. Os efeitos e os resultados do processo de encaminhamento nunca favoreceram a preservação dos princípios de ensino (idem). Os institutos recebiam inúmeros trabalhadores, dos mais variados sectores, poucos jovens e muitos dos admitidos não passavam pelo tratamento adequado do processo de encaminhamento. O esforço com vista a reduzir os aspectos nefastos do processo de encaminhamento nem sempre surtia efeito. O bom senso prevaleceu com a introdução de provas de aptidão a partir de 1989/90. As disciplinas consideradas nucleares eram a Língua Portuguesa e a Matemática. Este foi o modelo adoptado pelo do Instituto Normal de Educação Garcia Neto) (idem). A estrutura de formação de professores estendeu-se ao ensino superior, com maior destaque para os institutos superiores de ciências de educação, destinados para formação de professores para os Institutos Normais de Educação, assim como para as disciplinas de formação geral das outras instituições de ensino médio (idem). Numa perspectiva de aumentar o número de agentes qualificados a formação docente foi efectuada mediante a evolução da sociedade em Angola. Assim, os cursos de formação acelerada constituíram-se, em 1986, em cursos básicos de formação docente. Os critérios de selecção para o ingresso eram baseados numa prova e, em 1991/1992, para os exames de aptidão, ingressavam jovens 103 com mais de 16 anos de idade e trabalhadores pertencentes ao ensino e a outras áreas que não estivessem ligadas ao ensino (com o termo de compromisso de após terminar a formação, darem o seu contributo no ensino, com as habilitações literárias da 6ª classe e no fim da formação dois anos depois habilitados com a 8ª classe). Os alunos que participavam nos cursos recebiam um subsídio equiparado ao salário mensal de um professor do 1º nível com as mesmas habilitações literárias. Foi o caso dos alunos que frequentavam o curso básico no Instituto Normal de Educação Garcia Neto os que se encontravam alojados no seu internato. No ano lectivo de 1987/1988 os 15 centros básicos de formação docente tiveram cerca de 2200 alunos. No período de 1996 a 2002 foram formados 4126 novos professores nos centros de cursos de formação básica docente (idem). Desde muito cedo que as organizações internacionais aperceberam–se do papel do professor na sociedade assim, foram considerados vários aspectos para a preparação da profissão docente, tendo em conta que há, e sempre haverá, mudanças em todos os aspectos da vida social, cultural e educativa, que influirão nas obrigações e funções do pessoal docente. É indispensável que os futuros mestres e professores tenham plena consciência destas mudanças e estejam preparados para a profissão, tendo isto em mente. Assim se põe em relevo, particularmente, a importância do desenvolvimento da personalidade do mestre ou professor no curso da sua formação e da aptidão e capacidade para a auto-educação e formação ulteriores (Gimeno e Ibáñez, 1982). Nesta conexão no âmbito da Conferência Mundial sobre a “Educação para Todos”, que teve lugar na Tailândia de 5 a 9 de Março de 1990, e que foi orientada pelo PNUD, Banco Mundial, UNESCO e UNICEF36, produziu a declaração mundial de educação para todos. Foram traçados objectivos no sentido de satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem. O Ministério da Educação de Angola foi signatário dos desafios lançados pela Conferência, tendo realizado a Mesa Redonda sobre educação para todos em Julho de 1991, a qual contou com o apoio da UNESCO, DO UNICEF E DO PNUD (Med, 1991). 36 Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas para as Crianças. 104 A Mesa Redonda consistiu em determinar as necessidades e os problemas fundamentais da educação e visou planificar as acções a empreender no sentido de equacionar problemas e procurar as soluções adequadas. Assim foram definidos os seguintes objectivos centrais: determinar e avaliar as necessidades educativas fundamentais; delinear uma política clara de desenvolvimento da educação de base; definir o quadro e os conteúdos das acções a realizar durante a década de 90; elaborar propostas para a definição dos instrumentos operacionais que permitam a caracterização de um plano de acção nacional para a educação de base (idem, 1991). Para cumprir os objectivos centrais definidos pela Mesa Redonda Sobre a Educação para Todos, o Ministério da Educação para a sua execução no domínio da formação de professores para o ensino de base e dos 2º e 3º nível, contou com a colaboração dos centros de formação acelerada, os institutos normais de educação (caso do IGN de Luanda), os centros de superação à distância, e da parceria com a escola de formação de professores do futuro da Ajuda de Desenvolvimento de Povo para Povo (ADPP) -vocacionada para a formação de professores rurais, os magistérios primários e da Congregação dos Irmãos Maristas. (Neto, 2009, p.29). No âmbito do programa da Educação para Todos, a formação de professores e recrutamento de agentes educativos contou com o apoio do projecto da formação contínua da União Europeia e foram capacitados mais de 10000 professores entre 1998 e Janeiro de 2005. Foram recrutados 29184 docentes para poder fazer face ao crescimento do número de alunos. Em 2004 as estimativas apontavam para a necessidade de ainda se recrutar 23377docentes (M.P, 2005). No que se refere à década de 90, foram encontrados poucos registos que abordassem a formação de professores as quais não permitirem fazer uma análise e balanço significativos do sistema educativo. Assim, apresentamos algumas das questões analisadas no Plano Quadro Nacional da Reconstrução do Sistema Educativo (Med,Maio de 1995) para o período de 1995-2005 (decénio da educação em África).O plano referia que a qualidade da formação de docentes era determinante na educação das jovens gerações; os efeitos da guerra sobre as condições de aprendizagem requeriam um novo roteiro psico-pedagógico que integrasse a responsabilidade do 105 tratamento dos traumatismos e das deficiências das crianças vítimas de guerra: a transformação dos conteúdos do ensino normal era uma etapa necessária na reconstrução da base humana do desenvolvimento do país (Mec, 2000, p.2). A eficácia interna (do modelo de formação de professores) deveria estar conjugada com a eficácia externa que atestasse a capacidade dos docentes em cumprirem a sua missão no seio da comunidade local ao serviço da sociedade. Na perspectiva de uma ligação da escola com a vida, para serem mais eficazes, os professores deveriam receber uma formação polivalente que lhes permitisse cumprir a sua missão na reconstrução do país (idem). Em 1977, no âmbito do acordo tripartido UNESCO, PNUD, MED existiram os projectos37 de educação (Med, 1993), com o Banco Mundial, foi realizado um estudo sobre as necessidades de formação de professores para o ensino primário e secundário e a preparação de um programa de reorganizar os Institutos Normais de Educação. O relatório final apontou que era consensual entre os especialistas da área de formação de professores que a eficácia das reformas e de outras medidas, dependiam, em grande parte da competência e capacidade de envolvimento dos professores. Os professores eram considerados como os mediadores entre a mudança curricular e as práticas educativas, e o êxito duma reforma curricular dependeria, de entre outros factores, da informação que os professores têm acerca da mudança, do seu envolvimento e empenhamento na mesma e condições em que trabalhar (Med, 2000,p.2). No período de 2000 a 2008 o Ministério da Educação realizou várias actividades ligadas ao processo de formação de professores, algumas já referenciadas ao longo do trabalho. No período em análise foi introduzido o novo estatuto orgânico da carreira dos docentes do ensino primário e secundário, técnicos pedagógicos e especialistas de administração da educação e de um sistema de avaliação do desempenho da educação (Neto, 2009). Neste contexto, até finais do ano de 2007, registou-se um crescimento médio anual na ordem dos 14,54%. No ano lectivo de 2008 foram admitidos cerca de 12 mil novos professores (idem, p.78). 37 ANG/76/006, ANG/82/006 e ANG/84/007. Fonte: Med, 1993. 106 A Lei de Bases aprovada em 2001 definiu para a formação de professores os seguintes objectivos: formar professores com o perfil necessário à materialização integral dos objectivos gerais de educação; formar professores com sólidos conhecimentos científico-técnicos e uma profunda consciência patriótica, de modo a que assumam com responsabilidade a tarefa de educar as novas gerações; desenvolver acções de permanente actualização e aperfeiçoamento dos agentes de educação (Lei de Bases, 2001). Segundo o plano mestre de formação de professores os objectivos definidos para essa formação não são compatíveis com a actual situação de e desafios dos professores em Angola. Daí a necessidade da introdução de medidas para melhorar a qualidade da formação inicial, contínua ou à distância, no sentido de favorecer o domínio de competências específicas para o desempenho da função docente, a autonomia profissional, atribuindo ao professor responsabilidades colectivas e individuais. O plano mestre de formação de professores é um projecto vasto e multifacetado onde foram traçadas as ambições as aspirações do governo da república de Angola relativamente à formação de professores competentes (Med, 2008) O governo da República de Angola, através do ministério da educação, comprometeu-se, em 2004, a operacionalizar, em condições concretas, os seis objectivos fixados pelo Fórum Mundial de Educação, no âmbito do quadro de acção de Dakar38 e a conceber e implementar uma reforma do sistema educativo que teve o seu início em 2004 (idem). O sistema nacional de educação estava a ser reformulado, o projecto de plano de Educação para Todos foi submetido a consulta em 2004, com a participação de todos os parceiros nacionais e internacionais. O plano transcendeu para os 38 Os seis objectivos são os seguintes: 1) Expandir e melhorar, em todos os aspectos, a protecção e educação na primeira infância, especialmente para as crianças mais vulneráveis e desfavorecidas; 2) Assegurar que até 2015 todas as crianças e, sobretudo as meninas e crianças em situação difícil e pertencentes a minorias étnicas, tenham acesso a um ensino primário gratuito e obrigatório de boa qualidade e o concluam; 3) Responder às necessidades de aprendizagem de todos os jovens e adultos, através do acesso equitativo a uma aprendizagem adequada e a programas de preparação para a vida activa; 4) Aumentar em 50% até o ano 2015 o numero de adultos alfabetizados, em particular mulheres, facilitando a todos os adultos um acesso equitativo à educação básica e à educação permanente 5) Eliminar as disparidades de género no ensino primário e secundário, até 2015, e alcançar, até 2015, a igualdade entre os sexos na educação básica de boa qualidade, com as mesmas possibilidades de sucesso; 6) Melhorar todos os aspectos qualitativos da educação, garantindo resultados de aprendizagem reconhecidos e mensuráveis, especialmente em leitura, escrita, cálculo e habilidades praticas essenciais para a vida. 107 anos decorrentes no quadro de implementação dos Objectivos do Desenvolvimento do Milénio39 (ODM) (idem). Com base nesses compromissos redefiniu-se a política de formação de professores, seja ao nível da formação inicial, da formação contínua e à distância. Razão pela qual se mostrou ser imperiosa a concepção e a elaboração de um plano mestre de formação de professores em Angola com os objectivos de: promover uma reflexão sobre a problemática dessa formação; contribuir para melhorar a qualidade da formação inicial, contínua e à distância dos professores do ensino primário e do 1ºciclo; propor acções para melhorar a qualidade do desempenho dos diferentes actores da educação, nomeadamente os directores das escolas, os supervisores e formadores das instituições de formação de professores; funcionar como um plano directório das acções do ministério da educação e das acções dos diferentes projectos externos, a nível de formação de professores, estabelecendo a coordenação e a articulação entre elas, de forma a lhes dar uma maior coerência interna, e promover a eficácia dos recursos existentes ( Med, 2008). Portanto, vamos centrar-nos nas estratégias e perspectivas de formação de professores, a partir de factores que foram analisados no exame sectorial da educação realizado pela UNESCO, UNICEF, Med (em Dezembro de 1993) que assim se referiu: a proliferação de uma grande diversidade de instituições desenquadradas de uma perspectiva global das diversas vertentes da formação inicial, e contínua e não obedecendo a um planeamento estratégico de resposta às necessidades de formação prioritárias, devidamente hierarquizado e qualificado em termos nacionais e provinciais de modo a contribuir progressivamente para a redução de assimetrias regionais; a deficiente qualidade da formação, designadamente nos domínios psicopedagógicos, a fraca eficácia, resultante de uma elevada percentagem de abandonos e repetições; a excessiva rigidez, uniformidade e duração dos planos de estudos face à diversidade de formações, experiências e capacidades dos formandos, com repercussão na morosidade de alguns 39 Os oito objectivos de desenvolvimento do milénio são: 1.Erradicar a pobreza extrema e a fome. 2. Alcançar o ensino primário universal, 3. Promover a igualdade de género e o empowerment das mulheres, 4. Reduzir a maternidade de crianças com menos de 5 anos. 5. Melhorar a saúde materna, 6. Combater o VIH/SIDA, a malária e outras doenças, 7. Assegurar a sustentabilidade ambiental, 8. Desenvolver uma parceria global para o desenvolvimento. 108 processos de formação e no aumento dos seus encargos financeiros; o elevado peso de carga horária de formação geral e excessiva proliferação do número de disciplinas, coincidente com a inexistência de programas em disciplinas essenciais (por exemplo metodologias de ensino) e de instalações e equipamentos para as disciplinas de índole prática e experimental; uma atomização dos processos e metodologias utilizadas em determinadas actividades de actualização, reciclagem e superação sempre com recurso à formação presencial em detrimento de processos modulares e modalidades mistas (presencial e a formação à distância) (Med, 2000, p.2). No âmbito da reforma educativa de 2001, foi elaborado o plano mestre de formação de professores como um instrumento, segundo a política definida, principalmente nas questões ligadas às formações iniciais, contínua e à distância, dentro de abordagem por competências. (Neto, 2009,p.109) Neste contexto, o plano mestre começou a ser implementado em 2008 e prognosticou o seu cumprimento para 2015, apresentou-se como o plano director de todos os projectos de formação dos recursos humanos do sector para o ensino primário e secundário e que envolveu a formação inicial e contínua de professores, directores de escolas, inspectores escolares e supervisores pedagógicos (idem, 2009,p.76) A nível da África subsahriana, o relatório da Unicef sobre a situação mundial da infância destacou os esforços do governo da república de Angola que situou-se como um dos países que mais investimento realizou na mobilização de agentes educativos, com cerca de mais de 29000 professores no período de 2000 a 2008 (idem). 3.1. Perspectivas de Formação de Professores em Serviço O modelo educacional de formação de professores em Angola tem se mostrado, na prática, ainda bastante deficitário. Dessa forma, a preocupação, do nosso estudo e pesquisa está voltado para minimizar tal situação. Sendo que a questão dos professores, no âmbito de sua formação e qualificação profissional foi e é bastante complexa, ligado a contextos sociais e culturais, necessitando do rompimento de antigos paradigmas neste âmbito. 109 A análise de algumas literaturas do âmbito educacional ligada a perspectivas de formação de professores (Nóvoa, 2002; Stoer, 1991; Tardif, et al, 1978; Lopes, 2001; Correia, 2002; Lima, 2008) abriu caminho para as perspectivas da formação em serviço40. Para uma nova abordagem de formação de professores em Angola partimos da perspectiva moderna dos novos sistemas aplicados a vários países da Europa e da América do Norte. De acordo com os problemas que a educação vive em Angola, no aspecto da profissão docente e do docente em exercício, propomo-nos a situar o nosso foco de pensamento numa perspectiva de formação em serviço. Tendo em consideração as reformas implementadas no sistema educativo angolano a partir do ano 2004, verificou-se que a maior preocupação que se colocou foi o da inadequação das competências dos professores na sua actuação. Neste contexto, para suprir sobretudo as dificuldades da formação inicial, devemos olhar para as perspectivas em que a formação em serviço deve, sobretudo, possibilitar a formação de um profissional de educação que reúna as competências de um docente que, entre outros, elabore seus conceitos e execute-os, que identifica um problema e o solucione. Tal profissional não conhece todas as soluções pois irá construí-las à medida que os problemas forem surgindo. Este docente deverá trazer em seu conhecimento alguns elementos constituidores do profissional da sociedade tecnológica e que são principalmente o domínio das teorias subjacentes à sua prática, conseguindo realizar a unidade teoria e prática, compreendendo que uma fundamenta e orienta a outra. Pois só o profissional, que compreende a epistemologia da prática e transforma conhecimento em competência, conferindo à reflexão de sua prática uma construção teórico-prática, será capaz de tornar-se um intelectual crítico que elabora e executa os seus próprios recursos práticos e teóricos envasados pela reflexividade. Neste sentindo afirma: Pimenta (2005,p.24).“ O saber docente não é formado apenas da prática, sendo também nutrido pelas teorias da educação. Dessa forma, a teoria tem importância fundamental na formação dos docentes, pois dota os 40 A noção de formação «in service» aplica-se, nos países de língua inglesa, a toda a formação que se processa no período de actividade profissional do professor. Abrange, realmente, toda a gama da formação que vai da simples actualização, de duração reduzida, até `formação continua, incluindo o apoio dado ao professor no seu primeiro ano de prática( Sons, in Lomax ,cit,Estrela et al, 1977,p.37) 110 sujeitos de variados pontos de vista para uma acção contextualizada, oferecendo perspectiva de análise para que os professores compreendam os contextos históricos, sociais, culturais, organizacionais e de si próprios como profissionais.” Tornar-se um profissional crítico reflexivo, que tenha as teorias a orientar o seu reflectir pedagógico, concordando com a afirmativa de Giroux (1990) de que somente a simples reflexão sobre o trabalho docente de sala de aula não é o bastante para uma compreensão teórica dos elementos que constituem a prática profissional. Neste sentido, para além de uma reflexividade cognitiva, se faz necessário também uma reflexividade hermenêutica da experiência docente, já que saber pensar não é uma tarefa simples, pois exige, além de outros, uma apropriação teórica da realidade levando a uma reflexão crítica sobre o seu saber-fazer, o que resulta em saber pensar sobre o próprio pensar Giroux (2005). Ou ainda, como afirma Perrenoud (2002, p.13): “Todos nós reflectimos na, acção e sobre a acção, e nem por isso nos tornamos profissionais reflexivos. É preciso estabelecer a distinção entre a postura reflexiva do profissional e a reflexão episódica de todos nós sobre o que fazemos.” Nestes termos o saber analisar (Altet, 2001) é uma condição necessária da prática reflexiva, que exige de seu interlocutor uma postura específica. Pois uma prática reflexiva não é apenas uma competência, mas é, sobretudo, uma expressão da consciência profissional do docente, pois além do exercício de reflectir sobre sua prática, o mesmo deverá agir sobre ela, gerindo as transformações necessárias mediante as concepções advindas do seu reflectir, sendo que só a postura reflexiva sem acção não garante nada, logo a prática reflexiva não é suficiente, mas é acima de tudo necessária para as complexidades e os desafios que os profissionais da educação enfrentarão. Tornar-se um intelectual crítico transformador ao buscar produzir seu conhecimento, tendo a pesquisa como premissa à construção de seu próprio saber. Somente um profissional dotado de competências voltadas para a pesquisa e leitura será capaz de torna-se o produtor, reprodutor ou co-produtor e autor dos conhecimentos que ensina. Concordamos assim, com Demo (2004, p.131) quando afirma que o “Professor sem produção própria não tem condições de superar a mediocridade imitativa, repassando, pois esta mesma”. 111 Para tanto, se faz necessário um profissional que pesquise mais como atitude sistematizada do que por uma casualidade, já que segundo Demo (2004) os docentes exigem dos alunos algo que eles próprios não dominam, ou seja, a pesquisa. Sendo a este profissional “sempre mais cómodo ensinar a copiar, como é cómodo copiar (Demo, 2004, p.159). Apresentar autonomia profissional para buscar os elementos que lhe faltam. Somente o profissional que domina os conhecimentos teóricos em unidade com a sua prática conseguirá realizar uma reflexão sistematizada e objectiva sobre ela, levando-o a produzir os saberes necessários para torna-se o sujeitoautor do seu fazer-saber pedagógico. A autonomia não é competência que se ensina, ela é adquirida em consonância com outras competências do docente (idem). Assim, a formação em serviço torna-se uma necessidade para a preparação do profissional docente, de quem se espera ser capaz de reflectir criticamente sobre sua prática, sendo um profissional crítico transformador, condições adquiridas somente através das concepções teóricas da formação em serviço, que contribuem, ainda, para nortear à praxis docente, tendo em vista ser comum encontrar um aprofundamento à questão técnico instrumental nesta formação (idem) Na verdade, a indissociabilidade entre a teoria e a prática e não a super valorização de uma em detrimento da outra, é o que contribui para que o educador reflicta com afinco a sua responsabilidade, pois a actividade teórica possibilita o estudo, o conhecimento, a intervenção da realidade e a constituição de objectivos para sua transformação. No entanto, somente através da prática essa transformação irá acontecer. Assim: Se teoria não muda o mundo, só pode contribuir para transformá-lo. Ou seja, a condição de possibilidade - necessária, embora não suficiente – para transitar conscientemente da teoria a prática e, portanto, para que a primeira (teoria) cumpra uma função prática, é que seja propriamente uma actividade teórica, na qual os ingredientes cognoscitivos e teleológicos sejam intimamente, mutuamente considerados (Vasquez, 1968, p. 207). Compreendemos, portanto, que a unidade teoria e prática vêm ocorrendo nos cursos de formação em serviço, tornando-se comum encontrar dois modelos de formação em serviço destinada aos educadores representados pelos cursos de 112 curta duração e aqueles de médio e longo prazo. O que se observa, no entanto, é que nos dois modelos, a reclamação dos professores é de que esses cursos surgem a partir de decisões de gabinete dos gestores e não das necessidades reais vivenciadas por eles. Em contrapartida, os gestores reclamam de que apesar de participar em tais cursos a prática dos professores não muda. Se realmente esses cursos são realizados nestes moldes, essa formação não atende aos seus objectivos, apesar de que, para o professor levantar críticas construtivas e relevantes sobre o curso que participou é preciso um exercício de reflexão sistematizado e objectivo sobre suas reais necessidades, uma vez que é mais comum professores participarem desses cursos mais passivamente, desacreditando de seus resultados, mas aceitando seus moldes por entenderem que é assim mesmo que funciona, tornando esse docente um consumidor passivo de cursos. Dessa forma, torna-se feliz a colocação de Bottega (2000), quando chama de "ilusão de formação" a formação de professores, pois estando os processos de formação atrelados à questão política, esta acontece mais por uma acção quantitativa do que por resultados obtidos, tendo em vista que as concepções da formação em serviço, em sua maioria, não se consolidam, uma vez que os professores que participam desses cursos buscam encontrar respostas práticas, rápidas e prontas (idem) Ao formador, muitas vezes é exigido um "saber-fazer", que para os participantes este requisito é o que determina o sucesso do curso. No entanto, como afirma Bottega (2000), se os objectivos dos cursos de formação em serviço de professores for apenas à prática, estes estão mais voltados para um treinamento. Isso acontece porque para os professores é mais fácil assimilar as teorias que resolvem os seus problemas práticos e imediatos de sala de aula (idem). Libâneo (2005, p. 67), enfatiza que "muitos professores aderem às teorias que conferem sentido ao seu modo usual de agir na sala de aula, não as teorias que lhe são trazidas de fora.” Para Contreras (2002), os professores tendem a limitar o seu universo profissional imediato para a sala de aula e a tudo que a ela se condiciona. Assim, as concepções técnico-instrumentais sobre o seu fazer pedagógico 113 passam a ganhar mais sentido. Para Demo (2004, p.39), no entanto, o professor "induz a enclausurar-se em actividades pequenas e apequenantes como simplesmente dar aulas. Agarra-se, por isso, à aula, que é na prática seu palco e sua chance"(idem) Não queremos dizer que a prática não seja importante nos cursos de formação em serviço, mas entendemos que esta deverá estar atrelada à análise das teorias para que possa capacitar o professor para encontrar respostas necessárias aos desafios que ele enfrentará; pois é através da teoria que ele terá uma prática reflexiva. Contudo, pouco ajudará dotá-lo de concepções teórico-instrumentais se ele não possuir as concepções teóricas que irão orientar, fundamentar e sistematizar a sua reflexão sobre a sua praxis pedagógica, como afirma Paulo Freire (2006, p. 39). Por isso é que, na formação permanente dos professores, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática. É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática. O próprio discurso teórico, necessário à reflexão crítica, tem de ser de tal modo concreto que quase se confunda com a prática. O seu "distanciamento" epistemológico da prática enquanto objecto de sua análise, deve dela "aproximá-lo" ao máximo (idem). A formação em serviço, além de "corrigir" as deficiências dos cursos de formação inicial dos docentes, deve possibilitar a permanente actualização dos professores, tendo em vista que são duas as questões principais apontadas aqui como elementos explícitos dessa discussão: a má formação dos professores e a necessidade de depor uma multiplicidade de competências para uma valorização do público discente, pois é grande a heterogeneidade inserida no contexto da sala de aula, impossibilitando qualquer falta de atitude do professor no que tange à melhoria do seu fazer pedagógico. Como diz Demo (2004, p. 63): "Talvez se deva reconhecer que a profissão de professor é a que mais sofre com o risco de desactualização, o que ocorre, por exemplo, com os professores que vivem só dando aula" (idem). A formação de professores em serviço deve, principalmente, possibilitar a formação de um educador que reúna as competências de um docente que, entre outras coisas, como já referimos, elabore seus conceitos e execute-os, que identifique um problema e solucione-o. Essa é uma profissão que não conhece todas as soluções, mas irá construindo-as à medida que os problemas 114 forem surgindo. Este professor deverá possuir elementos constituidores do profissional da sociedade tecnológica, como o domínio das teorias subjacentes à sua prática, conseguindo trabalhar a teoria e a prática, entendendo que uma fundamenta a outra (idem). Assim, compreender as causas de insucessos na formação em serviço oferecida aos docentes servirá para a busca de superação desses problemas, visto que se a formação continuada é apontada, entre outras, como a principal solução para tantas mazelas que assolam a praxis docente, já não cabe mais aceitar a "ilusão de formação". Mas sim recorrer a uma formação em serviço que de facto e de direito ajude os professores a constituírem-se como profissionais da educação (idem). Segundo ponto de vista da autora os profissionais da educação (professores) em realizar as formações em serviço baseando-se em princípios científicos e não em empirismo. Quer dizer que a formação deve começar em projectos de identificação de necessidades. Neste contexto a formação em serviço numa perspectiva de experiência e institucionalização do sistema, devem ser providenciados pelas entidades locais da educação, a organizar cursos de duração reduzida que vão desde meio-dia até uma semana ou mais. A periodicidade dos cursos e a diversidade de assuntos a serem abordados permitirem um contacto permanente, variado e formativo para um professor que segue a via de formação ao longo dos anos. No entanto os cursos para os professores em serviço devem ser organizados por centros de formação especializados a nível local, ou pelos departamentos de educação das universidades e colégios. Por outro lado podemos considerar que a formação em serviço é um complemento da formação inicial (Pré-serviço). O primeiro ano de prática é considerado como uma continuação do período de formação ou estágio e deverá dar prova da sua capacidade de exercer a profissão e gozar do apoio e do aconselhamento de um professor experiente e são-lhe propostas várias actividades que irão ao encontro das necessidades e problemas que este vir a apresentar. 115 CAPITULO IV Instituto Garcia Neto Este subcapítulo vai retratar o Instituto Médio Normal Garcia Neto no período entre de 1978 a 2009. Com base na pesquisa documental realizada nos arquivos da actual Escola de Formação de Professores do 2º Ciclo do Ensino Secundário nº 3031 Garcia Neto, de Luanda, nas Teses e Resoluções do 1º Congresso do MPLA - Partido do Trabalho e em entrevistas realizadas a directores, professores e alunos que frequentaram a instituição, trataremos de descrever o historial da instituição na formação de professores em Angola. Após a independência de Angola, a 11 de Novembro de 1975, foram nacionalizadas e confiscadas pelo Estado Angolano todas as instituições religiosas que funcionavam como colégios ou internatos em Angola desde no período colonial (MPLA-PT, Teses e resoluções do 1º congresso, 1997,p.23). Em 1977 foi realizado o 1º Congresso do MPLA - Partido do Trabalho, onde foram aprovados os princípios de base para a reformulação do sistema de educação e ensino na RPA (Repúublica Popular de Angola). Três anos após a independência foi iniciada a reformulação do sistema da educação e do ensino (em 1978) em que os institutos do ensino médio tiveram como funções alargar e aprofundar os conhecimentos dos alunos no domínio da ciência específica; cultivar e estimular as capacidades e a vocação dos mesmos; contribuir para o desenvolvimento integral no que concerne à cultura geral; dar os conhecimentos teóricos e práticos necessários à formação profissional especializada; garantir a toda a comunidade social e a todos os sectores de actividade nacional o afluxo contínuo de quadros técnico – profissionais de diversos perfis; organizar a capacidade sistemática dos alunos para o trabalho dos postos que lhes forem distribuídos, como também para o seu aperfeiçoamento e especialização superior. Neste contexto ainda os Institutos Normais de Educação trabalharam como instituições para a instrução de adultos e de aperfeiçoamento técnico – profissional (MPLA – Partido Do Trabalho, Teses e resoluções do 1º congresso. Luanda.1977; pg idem, 64). 116 O Ministério da Educação, conforme as teses e resoluções do primeiro Congresso do MPLA – Partido do Trabalho PT sobre a educação e o ensino, designadamente sobre a implantação gradual do novo sistema de ensino e definições das modalidades de encaminhamento dos alunos para os diferentes níveis de ensino, por despacho nº14/78 de Abril foi aberto o Instituto Normal de Educação Garcia Neto (IGN) que passou a funcionar nas instalações que eram da igreja católica do extinto Colégio São José de Cluny, ligado à Igreja Católica, situado na rua Nossa Senhora da Muxima, em Luanda. (cf. Diário da República, nº 65, I Série, de 18 de Março, Ministério da Educação. Luanda, 1978) Nos anos de 1978 a 1996, cerca de catorze anos, o instituto funcionou como complexo estudantil Garcia Neto no ex. Colégio São José de Cluny. O complexo estudantil Garcia Neto como era conhecido, tinha um internato, uma escola anexa onde eram ministrados os cursos de formação básica docente e formação média de educação (cf. Figuras 14 a 16). Estes eram ministrados em forma de turnos, turno da manhã, turno da tarde e turno da noite. Figuras 14 a 16: Complexo do Instituto Garcia Neto: escola anexa Fig14, Fig.15e 16 instalações do Instituto Normal de Educação Garcia Neto, Rua N. Senhora da Muxima. Fonte: Fotogramas da autora O Instituto Normal de Educação Garcia Neto foi um complexo que funcionou em regime de internato e externato, com cursos de formação básica docente e 117 formação média de educação. Estes eram ministrados em forma de turnos, turno da manhã, turno da tarde e turno da noite. 4.1.O Internato Naquela época o internato começou a funcionar com alunos vindos das diversas províncias do país a fim de prosseguirem os seus estudos para o curso básico e médio de formação docente. Os alunos externos que frequentavam o curso médio de educação no Instituto Garcia Neto eram encaminhados pelo Ministério da Educação, por intermédio da Direcção Nacional de Formação de Quadros e Ensino. O internato abrigava alunos do Instituto Normal de Educação, curso básico de formação docente, do curso Pré – Universitário Pedagógico oriundos das diversas províncias de Angola para dar continuidade aos seus estudos, para além de alunos de outras instituições estudantis. O internato era composto por sete dormitórios, entre eles cinco masculinos e dois femininos, uma cozinha, um refeitório e sanitários. Três anos depois em 1982, era reconhecido que o internato funcionava com imensas dificuldades, desde a penetração da luz solar nas primeiras horas da manhã pelas janelas, por falta de persianas e cortinados nos dormitórios; falta de cobertas nas camas; a cozinha não tinha panelas (tachos), alimentos frescos (tomate, cebola, hortaliças etc.), para a confecção das refeições, faltava material de limpeza (sabão, detergentes, palha de aço). Os alunos (rapazes) permaneciam nos dormitórios para além das 10h00 da manhã. (AIGN, Relatório da visita do vice Ministro da Educação para o Ensino de Base. Luanda, 1982). Passados sete anos, no ano de 1989, o internato tinha 66 alunos, sendo 25 do IMNGN (Instituto Médio Normal Garcia Neto), 27 do PUNIV (Pré – Universitário), 7 do CF B D (Curso de Formação Básica Docente), 2 do Instituto do Trabalho, 1 do CFBS (Curso de Formação Básica de Saúde), 4 do Curso de Petróleos; funcionários da DPE (Delegação Provincial de Educação) e IMNGN (Instituto Médio Normal). No entanto, os que concluíram a formação e continuaram a residir no internato nunca foram especificados. 118 No percurso do seu funcionamento, a direcção do internato realizava planificações internas entre o economato e a comissão de residentes, velava pelas refeições diárias e os pequenos-almoços, distribuídos com antecedência pelos próprios alunos que os confeccionavam. Pelo despacho interno nº6 /GAB/ DP/88, de 12 de Abril, foi decretada a redução do número de alunos no internato. Neste contexto foi elaborado, no ano de 1989, o projecto interno de selecção chamado de “QUEM DEVE FICAR NO INTERNATO”, que ficou concluído no dia 30 de Agosto. Passou a ser norma, no fim de cada ano lectivo, retirar todos os alunos finalistas e ex – finalistas, alunos dos petróleos, alguns trabalhadores internos e aqueles em que os seus prazos de permanência no internato tinham expirado. Para tal o internato preparava-se, assim, para, no ano lectivo seguinte, receber os novos alunos encaminhados como transferidos, de acordo com a origem do caso, e autorizados pela DPE (Delegação Provincial de Educação). Neste ano de 1989, as dificuldades de equipamento continuavam: o internato não tinha electrodomésticos, meios de informação, bens industriais, lençóis, cobertores, pratos, talheres, colchões, rádios, televisores, material de cozinha bem assim como falta de condições sociais por exemplo de um posto de saúde para os primeiros socorros aos estudantes. A direcção do internato do Instituto Médio Normal Garcia Neto perante as dificuldades, elaborou uma proposta que consistia em apoiar o internato com uma viatura de preferência de caixa aberta, na reparação imediata das caves, construção de um internato em instalações pré- – fabricadas nas imediações da escola, autorização de saída de todos os alunos do ensino não médio, (autorizados superiormente a viver no internato, curso de superação41 do internato e das salas de aulas; apetrechamento do internato em bens industriais, aumento de pessoal de limpeza, assim como do material para os mesmos; melhoramento das condições sociais dos trabalhadores de base e o aumento de vencimentos; abertura de um sector de património para atender tecnicamente todo complexo e melhor selecção dos alunos a serem internados. (AIGN, Relatório síntese do Internato. Luanda, 1989). 41 permanente de professores do posto, monitores escolares, professores eventuais e os professores do ensino secundário que foram agentes do ensino colonial. 119 4.1.2.A Logística O sector do economato do internato era abastecido pelas empresas da FRESCANGOL (Frescos de Angola), EDIPESCA (Empresa Distribuidora de Pesca) e ENSUL (Empresa Norte e Sul).; A FRESCANGOL encarregou-se do abastecimento de frango e carne, a EDIPESCA do abastecimento de peixe e a ENSUL do abastecimento de arroz, óleo e açúcar e do pão de um a dois meses. Para a conservação dos produtos perecíveis o sector de economato do IGN tinha o apoio de uma arca para conservação dos alimentos, em virtude das outras se encontrarem em estado de reparação. A qualidade das refeições, quando fossem de peixe, resumia-se a peixe durante aquele período e carne ou frango era a mesma coisa, arroz só quando existia. Por vezes recorriam ao mercado paralelo para comprar tomate, conservas e outros produtos não especificados no sentido de diversificar a alimentação. Em 1990, o internato recebeu quarenta e dois alunos, dos quais trinta e um do sexo masculino e onze do sexo feminino, que pertenciam às seguintes instituições estudantis, PUNIV42, dezassete alunos, IMNGN43, dezanove alunos, Centro de estudos laborais, dois, curso básico de formação docente, quatro. Neste período do ano o posto médico do internato não funcionou. O internato, neste mesmo ano, tinha 26 (vinte e seis) trabalhadores, e foram distribuídos da seguinte forma: em 3 (três) administrativos, 8 (oito) cozinheiros, 1 (um) adjunto de cozinha, 12 (doze) empregados de limpeza e 2 (duas) lavadeiras. A direcção do internato realizou diferentes actividades em conjunto com as sub– comissões criadas pelos residentes no internato, como torneios de futebol de salão, jornadas de xadrez, campeonato de futebol inter – dormitórios, maratona de atletismo campanhas de limpeza, e arranjo do jardim. As actividades realizadas foram destinadas para a comemoraçãor do fim do ano lectivo de 1989/1990. Neste âmbito foram distribuídos prémios de participação aos alunos, tais como: livros, toalhas, de banho, de rosto, de mesa, (estes artigos que foram retirados do stock e ao fundo do internato). (AIGN, Relatório Anual de 1989/ 1990. Luanda, 1990; anexo relatório do internato). 42 43 PUNIV – Pré – Universitário. IMNGN – Instituto Médio Normal Garcia Neto 120 No dia 28 de Outubro de 1990 foi realizada a assembleia de alunos do internato, presidida por Jacinto Ribeiro Silva, Director adjunto em exercício, em que foi eleita por votação a nova comissão de residentes que ficou constituída por: Coordenador geral – Lucas Monteiro, Coordenador adjunto – Teófilo de Assunção, Responsável pela sub – comissão produtiva social – Santos Varandas, responsável pelo desporto, cultura e recreação acumulando a pasta de informação – Dinah Cláudia. (AIGN, Acta da Assembleia de alunos Internos. Luanda, 1990). Passados três anos, no ano lectivo de 1994/1995, com a devolução do imóvel à Iigreja Católica (ex-colégio São José de Cluny), o internato foi transferido para as instalações do complexo pertencente à Secretaria de Estado dos Antigos Combatentes, localizadaso junto ao Centro Social de São Paulo, no bairro Nelito Soares, em Luanda, que, para além do internato do IGN acolhia também as instalações do Internato Trabalho e Luta e o INEF (Instituto Normal de Educação Física), assim como moradores pertencentes à referidaa Secretaria de Estado dos Antigos Combatentes. Para além das péssimas condições estruturais e higiénicas, o internato ficou instalado numa área de aproximadamente 20000 mil metros distante do edifício onde se encontrava a Direcção Geral do Instituto Garcia Neto. A falta de meios de transporte implicava o aluguer de um transporte privado (vulgo candongueiro), incluindo o transporte de água, pois o internato ficava situado numa área afectada por várias falhas no abastecimento de água o que significava um avultado dispêndio financeiro (não especificado o valor monetário gasto). Vivia- – se num clima de promiscuidade onde tudo faltava e cada um procurava sobreviver, a estrutura física onde funcionava o internato encontrava-se num estado de avançada degradação, sem qualquer segurança no tocante a portas, janelas, telhado, o que implicava que quando chovia não havia diferença entre o quarto e a rua; os dormitórios estavam desprovidos de camas e colchões; a cozinha e o refeitório não ofereciam o mínimo de condições de saúde e higiene de tão velhos que estavam. (AIGN, Relatório Anual de 1994/1995. Luanda 1995). Assim, em 1996, foi proposto o encerramento do internato e a redução do número de alunos por cada curso que era ministrado no Instituto Médio Normal Garcia Neto. (AIGN, Memorando. Luanda, 1996). 121 4.1.3. A Cantina Escolar O Instituto Médio Normal Garcia Neto durante o ano lectivo de 1988/1989 abriu a cantina e no ano lectivo de 1994/ 1995, procedeu-se ao encerramento pelo facto da escola anexa ter efectuado mudança para outra instituição (estrutura física) foi devolvido à igreja católica, sendo o Colégio Ex. São José de Cluny o proprietário. A cantina de inicio funcionava a título de experiência e foi explorada pelas empresas Mabílio de Albuquerque e ALPESO, LDA, que vendiam no iníicio da sua abertura apenas iogurtes para crianças, por falta de condições de infra-estruturas para o serviço de outros produtos de consumo. Mais tarde, a empresa ALPESO, LDA melhorou as condições e já se podia beber água e refrescos, mas apenas durante algum tempo. A cantina encontrava-se localizada no edifício da escola anexa. (AIGN, Relatório Anual de1988/1989.Luanda,1989). Eram alunos externos do complexo estudantil Garcia Neto todos aqueles cidadãos que não pertenciam ao internato e que frequentavam os cursos básico de formação docente e formação média de educação. 4.2.As Lideranças O Instituto Normal de Educação Garcia Neto após a sua abertura em 1978 teve na sua direcção os seguintes directores; A. Maria Flávia de Fátima H. Silva, directora entre 1978 e 1980. B.Luís António Faria, director em 1981. C. Francisco de Assunção Estêvão44 director entre 1982/1984. D. Narciso Damásio dos Santos Benedito director entre 1985/1988, natural da Província da Lunda, nascido a 30 de Setembro de 1957, casado. Fez a formação primária e secundaria na Província da então Lunda (actualmente Lunda Norte) e a formação Universitária foi na província da Huíla no ISCED (Instituto Superior de Ciências da Educação) do Lubango. Licenciado em 44 Falecido. 122 psicologia no ano de 1984 logo após terminada a formação superior foi, indicado para exercer o cargo de director do Instituto Normal de Educação Garcia Neto. Doutorado em psicologia das organizações do trabalho pela Universidade do Minho em Portugal e Vice – Ministro da Educação para a área técnica profissional e de formação de quadros. E. Paulo dos Santos Júnior director eem em 1989 /1990, natural da província do Uíge nascido em 12 de Junho de 1952, casado. Fez os seus estudos primários e secundários na província do Uige. Foi quadro da educação desde 1972. No período colonial tinha como habilitações literárias o 7ºano e era professor do posto na escola do Lucala e em 1973/1974 foi nomeado professor de ensino secundário das disciplinas de língua portuguesa e história. Mais tarde em 1979 apôs a independência de Angola foi transferido para a província da Huíla no Lubango onde frequentou e concluiu o ISCED (Instituto Superior de Ciências da Educação) Licenciado em história. Em 1985/ 1989 foi director do INE e PUNV da província do Namíbe. Actualmente tem como habilitações literárias o mestrado em problemas e estratégias e desenvolvimento do ISCTE (Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa) no centro de estudos africanos em Lisboa, Portugal. Em 2002 foi nomeado para exercer o cargo de director do planeamento do MINARS (Ministério de Apoio a Reinserção Social) cargo que exerceu até 2009. Em 2010 foi jubilado (aposentado) a seu pedido. F. Bernardo Vieira Martins António director entre 1990/1993. G. Luísa Grilo directora entre 1993/ 2000. H. Caetano Francisco director entre 2000/ 2007. I. Álvaro Aldmiro director desde 2007 até a data presente, natural de Kibocolo município do Sombo província do Uíge, casado, nascido em 6 de Setembro de 1955.Viveu cerca de 14 (catorze) anos na Republica do Congo onde realizou a formação primária e secundaria na escola protestante da igreja baptista de 1963/1969. Em 1969/1975 frequentou a faculdade de ciências de Luanda até ao 3ºano. Em 1977 trabalhou como professor do 2ºnivel na escola Che - Guevara de Luanda e na faculdade de ciências no laboratório. No período de 1985/1991 foi estudar na URSS (União das Republicas Socialistas Soviéticas) na Moldávia fazer o curso superior na Faculdade de Ciências Físicas e Matemática. 123 Em 1992 começou a trabalhar no Instituto Médio Normal Garcia Neto como professor das disciplinas de matemática, física, metodologia, didáctica especial e prática pedagógica. Em Setembro de 2007 foi nomeado para o cargo de director da Escola de Formação de Professores do 2º Ciclo do Ensino Secundário nº3031 Garcia Neto cargo que exerce no decurso do nosso trabalho. 4.3. A Organização e Gestão do Instituto Médio Normal Garcia Neto O Instituto Garcia Neto, durante o período de 1978 /2002 (aproximadamente 24 anos), teve uma organização e gestão estrutura orgânica que funcionou até a aprovação da nova Llei de bBases do Sistema Educativo Aangolano de 2001 (lLei nº13/01, de 31 de Dezembro). Durante o período de 1978 a 2008 as aulas foram leccionadas por semestres lectivos, isto foi 1º e 2º semestre, em que para o controlo de todo o trabalho realizado pelos alunos e professores foram criadas as cadernetas individuais e fichas para o lançamento das notas e do comportamento. No ano lectivo de 2009 as aulas começaram a ser ministradas na escola de formação de professores do 2º ciclo do ensino secundário nº 3031 começou a funcionar em regime de trimestres (três trimestres) lectivos. As actividades do primeiro trimestre decorreram no período de 03 de Fevereiro a 23 de Março, com 14 semanas lectivas e 70 dias de aulas; O segundo trimestre começou de 2 de Junho a 22 de Agosto, com 12 semanas lectivas e 60 dias de aulas; O terceiro trimestre começou de 7 de Setembro a 19 de Dezembro. Durante os trimestres foram realizadas actividades administrativas ligadas a inscrições para os exames extraordinários da 1ª época45, trabalho com as cadernetas, provas de professores sem interrupção de aulas, trabalho com as mini pautas, realização de exames extraordinários da 1ª época, correcções, classificação e conselhos de turmas para o lançamento de notas nas cadernetas e pautas trimestrais, reuniões com os encarregados de educação, estágios nas escolas de aplicação com os alunos da 13ª classe e com alguns alunos do 4º ano do 45 Avaliação aos alunos com cadeiras em atraso. 124 sistema vigente e uma pausa pedagógica de 12 dias para os alunos. (AIGN, Relatório Anual de 2009. Luanda.). Fez parte integrante do conselho de Direcção do Instituto Normal de Educação Garcia Neto, um conselho de direcção constituído pelos órgãos seguintes: Director do Instituto Médio Normal Garcia Neto, Sub – Director Pedagógico, Sub – Director Administrativo, Sub – Director do Internato, Directora do 1º nível, directora do 2º e 3º níveis, Directora do Curso de Formação Básico Docente, Presidente da A.A.E.M. (Associação dos alunos do ensino médio), 1º secretário da comissão sindical, coordenador da célula do MPLA – PT e coordenador do núcleo daa JMPLA – JP46. (AIGN, Relatório Anual 1988/1989.Luanda.). No período de 1987 a 2002 o organigrama do Instituto Médio Normal Garcia Neto era composto por estruturas que garantiram a organização, gestão e funcionamento do instituto e cada elemento tinha as suas competências especificadas. Neste contexto apresentamos o organigrama da instituição composto pelos órgãos constantes da Figura 17. O Director do Instituto Normal de Educação, Garcia Neto tinha como competências planificar, dirigir, organizar, controlar e avaliar todo o processo de ensino - aprendizagem para o bom funcionamento do Instituto Médio Normal Garcia Neto, em cumprir e fazer cumprir rigorosamente o regulamento de toda a legislação pertinente e as directrizes do Ministério da Educação, bem como elaborar o plano anual de actividades da escola assim como o relatório semestral de cada ano lectivo, incluindo a informação sobre as provas de selecção, definir e verificar as necessidades concretas da escola, meios de ensino, equipamento, etc, a ser enviada à DPE (Delegação Provincial de Educação) com cópia da DNFQE (Direcção Nacional de Formação de Quadros e Ensino), apoiar e participar na formação contínua dos professores e estimular as suas iniciativas, avaliar anualmente o trabalho do corpo docente através do parecer do Conselho de Ddirecção e informar a DNFQE, presidir ou delegar a presidência às reuniões assim como representar ou delegar a representação do IMNGN (Instituto Médio Normal Garcia Neto) em todos os actos oficiais, apoiar e participar na formação contínua dos professores e estimular as suas 46 As estruturas do MPLA Partido do Trabalho e JMPLA – JP integraram a direcção até o ano de 1992 altura em que Angola passa do regime mono partidário para o regime democrático. 125 iniciativas, incentivar a realização de actividades extra – escolares; realizar outras atribuições que forem cometidas superiormente.47 Figura 17: Oganigrama do IGN em 1978 DIRECTOR Conselho de Direcção Órgão de Apoio Conselho pedagógico Conselho de Disciplina Sub – Direcção Pedagógica Serviços de Apoio ao Aluno Biblioteca Orientação e Apoio Psicopedag. Sub – Direcção Administrativa Coordenações de Turno Secretaria Pedagógica Coord. De Curso Arquivo Coord. de Disciplina Processamento Informático Secção de Adm. Gest. Orçamental Secção de Rec. Humanos Tesouraria e Proc. Salários Pessoal. e Desen.Qua. Contabilidade Estatística Coord. De Turma Património Secretaria Administrativa Expediente e Arquivo Fonte: AIGN, Organigrama. 2010. 47 MINISTERIO DA EDUCAÇAO E CULTURA. 1999, artigo 2º. 126 Relações Púb. e Protocolo Apoio Social, Higiene e Saúde no Trabalho Secção de Serv.Gerais Gerais Obras e Manutençã Limpeza e Higiene Ao Sub – Director Pedagógico do Instituto Médio Normal Garcia Neto competia coordenar e assegurar o cumprimento das actividades do conselho pedagógico, dirigir, acompanhar controlar a actividade dos coordenadores de disciplina, dos directores de turma do coordenador de práticas pedagógicas, garantir a coordenação e unidade pedagógica entre o CFBD, IMN e a escola anexa, controlar e avaliar o trabalho do corpo docente assim como propor estratégias e reciclagens para o aperfeiçoamento e formação do mesmo e orientar as jornadas pedagógicas, estabelecer o horário e o volume do trabalho do corpo docente, dirigir, organizar, controlar e analisar o processo de provas de exames, realizar encontros, uma vez por mês com os coordenadores de disciplina, de práticas pedagógicas e delegado de turma, apresentar estudos e sugestões sobre o aproveitamento anual dos alunos, realizar todas as outras funções que lhe forem delegadas pelo director à excepção daquelas que estruturalmente pertençam á área administrativa.48 Ao sub - director administrativo competia responder por todos os assuntos administrativos, de gestão orçamental e patrimonial, manter a contabilidade devidamente organizada, actualizada, o inventário do património permanentemente actualizado, organizar a reprodução do material didáctico para o processo docente – educativo, executar planos para aquisição dos bens patrimoniais de reposição e funcionamento do centro, estabelecer e fazer funcionar os circuitos de abastecimento do instituto, velar pela conservação e manutenção das estruturas físicas, do património e do bom funcionamento do sector social, pela disciplina laboral de todos os trabalhadores. Realizar todas as outras funções que lhe forem delegadas pelo Director à excepção daquelas que estruturalmente pertençam à área pedagógica.49 O Instituto Médio Normal Garcia Neto criou vários órgãos de apoio compostos pelo Conselho de Direcção, Conselho Pedagógico, Comissão Disciplinar, Comissão Cultural, Comissão Desportiva. Neste contexto, para além eram membros destes órgãos de apoio criado existentes, havia ainda o Conselho de Direcção, composto para além do elo Director que coordenava, os Sub – Directores, Directores da Escola Anexa, Coordenador da Comissão Disciplinar, 48 49 Idem, artigo 3º. Idem, artigo 4º. 127 Coordenador da Comissão Cultural, Coordenador da Comissão Desportiva e um representante dos alunos. O Conselho de Direcção tinha competências para apoiar o director no exercício das suas tarefas, planificar o trabalho do ano lectivo (matriculas, organização de turmas, elaboração de horários, marcação de provas bem como elaborar o relatório inicial e final das actividades desenvolvidas no decurso do ano lectivo, e dinamizar todas as actividades dos órgãos de apoio, aceitar ou não os pedidos de relevação de faltas e anulação de matrículas e aplicar as penas previstas no regulamento. Ainda o mesmo conselho funcionava com base num plano da direcção elaborado pelo Director, que era anexo ao plano de actividades do Instituto Médio Normal Garcia Neto e que reunia de forma ordinária duas vezes por semestre e extraordinária sempre que era necessário.50 Eram membros do Conselho Pedagógico os sub – Directores Pedagógicos e os coordenadores de disciplina. Tinham competências de analisar e discutir o plano anual de actividades do Instituto no inicio do ano lectivo, promover palestras, mesas redondas, exposições e outras actividades de carácter pedagógico que visavam o aperfeiçoamento dos professores e alunos, organizar a biblioteca e dinamizar a sua utilização por todos os componentes da comunidade escolar, sobretudo nos tempos livres, analisar o calendário de provas e propostas dos professores que as elaboravam e aqueles que as deverão corrigir e classificar, avaliar e arquivar os dados estatísticos sobre as actividades no Instituto, desde o ponto de vista de rendimento escolar em forma de tabela e gráficos e actividades de carácter pedagógico previstas e realizadas. O Conselho pedagógico era convocado ordinariamente pelo Sub – director Pedagógico três vezes em cada semestre e extraordinariamente sempre que necessário.51 Faziam parte da Comissão Disciplinar, o Coordenador disciplinar nomeado pelo Director, o Coordenador de turma, o Coordenador de disciplina, o representante da associação dos estudantes, o representante dos encarregados de educação ou da comunidade. A Comissão Disciplinar tinha 50 51 Idem, artigos 5º,6º,7º. Idem, artigos, 8º,9º. 128 competências para sensibilizar a comunidade escolar no intuito de que fossem evitados actos de indisciplina, julgar os mesmos actos e analisar as suas causas, propondo ao director as sanções a aplicar, bem como sugestões para alterações ou enriquecimento dos deveres e direitos do aluno dentro do regulamento interno do instituto e ainda avaliar e comparar os índices de actos de indisciplina, verificada em cada semestre e ano lectivo. A comissão disciplinar realizava reuniões ordinárias uma vez por mês e extraordinárias, sempre que fossem necessárias.52 Para a Comissão Cultural, o Director indicava o coordenador e dois funcionários, quatro alunos indicados pela associação dos estudantes e um representante da comunidade local ou encarregado de educação. A Comissão Cultural tinha a competência de fomentar a realização de actividades culturais, a criação e dinamização de círculos de interesse de clube de amigos, dinamizar a participação global de todos os elementos da comunidade escolar, estabelecer contactos com a Delegação Provincial do Ministério da Cultura e dinamizar a publicação do boletim mensal. A Comissão Cultural reunia de forma ordinária, uma vez por mês e extraordinária quando fosse necessário.53 Eram membros da Comissão Desportiva, o Coordenador professor de educação física, um funcionário indicado pelo Director e três alunos indicados pela associação. A Comissão Desportiva tinha as competências de fomentar a realização de actividades desportivas com outros estabelecimentos de ensino, dinamizar e apoiar a participação global de todos os membros da comunidade escolar nas actividades desportivas, velar pela conservação de limpeza dos recintos e manutenção do material desportivo. A Comissão Desportiva reunia de forma ordinária uma vez por mês e extraordinária quando fosse necessário.54 A implementação do novo sistema educativo, através do decreto nº 2/05 foi imprescindível para assegurar um funcionamento normal das instituições adequando – as ao sistema de administração e gestão do sector da educação, 52 Idem, artigos, 10º,11º. Idem, artigos 12º,13º. 54 Idem, artigos 14º,15º. 53 129 a nível central e local das instituições de ensino. (AIGN. Regulamento do Instituto Médio Normal. Luanda. 1999). O Instituto Médio Normal de Educação Garcia Neto após a implementação do novo sistema educativo em 2004 ficou organizado da forma representada pela figura 18 (fonte: AIGN, Organigrama. 2009). Ao longo dos anos lectivos de 1978 a 1992 para a sua organização o instituto, funcionou com um director que era o responsável por todas actividades realizadas no instituto e pelos membros que faziam parte do conselho de direcção a nível educacional. Integravam também o conselho de direcção outros membros das estruturas; Célula do MPLA-PT, Organização JuvenilJMPLA-JP que realizavam actividades políticas com os trabalhadores e estudantes e participavam em eventos políticos e culturais; A Comissão Sindical tratou dos assuntos ligados as condições de trabalho dos trabalhadores e a Associação dos Estudantes que realizou actividades no início e no decorrer das aulas e encerramento de cada ano lectivo. Durante este período as transformações políticas, económicas e sociais realizadas na sociedade angolana trouxeram mudanças na organização do instituto pelo facto deixarem de integrar no conselho de direcção os representantes da Célula do Partido e da Organização Juvenil JMPLA-JP e os então directores da escola anexa, do curso de formação básica de docentes, do II e III níveis não integrarem o conselho de direcção. Ao comparamos os dois organigramas atrás apresentados de funcionamento do instituto ao longo dos anos verificamos alterações na designação de Subdirectores Pedagógico e Administrativo para Director, de secções; de administração gestão e orçamento, recursos humanos para Departamentos e Departamento de informática, e a criação de um conselho científico. Neste âmbito foi criada uma secretaria-geral subdividida em assuntos académicos e expediente. 130 Figura 18 – Organigrama do IGN em 2004 DIRECTOR GERAL Conselho de Direcção Conselho Cientifico Biblioteca Conselho de Disciplina Directores Adjuntos Pedagógica Administrativos Dep. Adm.Gest. Orç. Coordenações Coord. De Inglês Coord. De Francês Coord. De Fisica Coord. De Biologia Coord. De Geografia Coord. De Psicologia Pedagógica Coord. De Português Finança contabilidade Património Coord. Educação Física Dep. De Recursos Humanos Coord. De Matemática Controlo Pessoal Coord. De Química Coord. De Historia Relações Públicas Estatística Coord. De Filosofia, Ec.politica e Sociologia Depart. De Informática Secretaria-Geral Secretária Pedagógica Protecção e Segurança Assuntos académicos 131 Expediente Ao comparamos a direcção pedagógica foi estruturada em coordenações por cada curso ministrado no instituto e uma secretaria pedagógica que faz o acompanhamento de toda actividade realizada pelo aluno e professores. Segundo o regulamento do Instituto Garcia Neto no seu artigo 2º que atribuiu as competências do director em velar por todas actividades de carácter interno e de aquelas que possam ser superiormente orientadas quer pelo Ministério da Educação, Delegação Provincial de Educação e de Outros. No seu artigo 3º o subdirector pedagógico deve resolver todos os problemas de carácter científico, pedagógico e didáctico da actividade do instituto. O artigo 4º o subdirector administrativo tratou de questões ligadas ao orçamento geral da instituição incluindo os salários dos professores e do pessoal administrativo bem como do património, Com base na secção II do artigo 5º do regulamento o instituto funcionou com o órgão de apoio a direcção nas suas actividades. Este órgão foi coordenado pelo director e neles cabem os membros do conselho de direcção como se fez referência atrás. Mais tarde o instituto passou a funcionar com o novo organigrama fruto da aprovação da lei de bases nº13/01, 31 de Dezembro, das leituras efectuadas aos normativos funcionais da instituição a regulamentação em termos teóricos continuarem sem nenhuma alteração de realce. 4.3.1.Estrutura Física O Instituto Médio Normal Garcia Neto, desde 1978 a 1996, funcionou nas instalações pertencentes à Igreja católica ex São José de Cluny55 que foram confiscadas pelo Estado e actualmente albergam a Universidade Católica. A sua estrutura física era duradoura, dispunha de instalações novas de construção definitiva muito bem conservadas, tinha as salas de aula, o espaço reservado para os docentes, para área administrativa, espaços reservados a área social, desportiva e um pátio amplo. Por outro lado fizeram parte da 55 Congregação das irmãs de São José de Cluny, é uma ordem monástica feminina da Igreja Católica Romana fundada a 12 de Maio de 1807 por Ana Maria Javouhey. A congregação dedica-se a educação e à assistência aos doentes e desfavorecidos tendo uma longa tradição na área de enfermagem. ( htt://pt.wikipedia.org/wiki/congregação de são José de clunyWikipédia, a enciclopédia livre) 05-10-2010. 132 estrutura a escola anexa e o internato. Assim em 1996, as instalações foram devolvidas à Igreja Católica ficando o IMNGN sem estruturas unas para o seu funcionamento. Durante o período dos anos de 1997 a 1999 o Instituto Médio Normal Garcia Neto funcionou com a benevolência e solidariedade das instituições escolares do Instituto Médio Industrial de Luanda, escola do 1º nível do ensino primário nº 204 e em núcleos repartidos por quatro diferentes escolas do 2º e 3º níveis do ensino geral onde as turmas estiveram assim distribuídas: Quadro nº 23: Número de turmas provisórias do IGN 1997/1999 Nº Turmas Nº Turmas Nº Turmas Nº Manhã Tarde Nocturnas Salas 1º Maio 5 4 6 Ngola Kanini 6 5 4 Ngola Kiluanje 5 5 4 Juventude em Luta 3 2 Escola 16 2 Elaboração própria Neste período o IGN funcionou com cerca de 51 turmas. As salas de aulas na sua maioria não reuniam as condições pedagógicas para o ensino, fundamentalmente as escolas Ngola Kiluanje, Escola Ngola Kanini. (AIGN. Relatório anual de 1997/1998. Luanda.) Após esta fase de transição, que vieram depois coincidir com a preparação das antigas instalações, onde funcionou o Instituto de Língua Russa, que ficava próximo do supermercado Paula de Carvalho [actualmente designado por Super África]. Estas instalações foram cedidas para o MED. Assim neste período, transitou-se a DPE que funcionava nas actuais instalações do IMNGN. Esta delegação transitou para o Instituto de língua Russa e a escola que não tinha instalações próprias ficou nas instalações da DPE onde funcionam. 133 No ano lectivo de 1999/2000, após a reabilitação do edifício que foi ocupado pela DPE de Luanda, situado na rua Albano Machado nº 82, o IGN abriu pela primeira vez em instalações próprias as portas aos seus funcionários, pessoal docente, discente e público em geral para o seu funcionamento normal com 15 salas, com uma capacidade de 40 alunos por sala, com novo mobiliário e 3 laboratórios para as disciplinas de Biologia, Química e Física, sem reagentes para as experiências laboratoriais. (AIGN. Relatório anual de 1999/2000. Luanda.). Durante o período de 2000 a 2009 a estrutura física foi composta por 15 salas normais, 3 laboratórios, 1 ginásio, uma sala de informática, um espaço de jogos de xadrez, uma cantina, uma biblioteca e um campo de jogos para educação física (espaço externo – situado na Escola Russa).( AIGN. Relatório Anual de 2009. Luanda). Fig.19: Instituto Médio Normal Garcia Neto 1999-2000 Rua Albano Machado nº 82 Luanda. Fotograma da autora. 134 O Instituto Normal Garcia Neto após a sua criação em 1978 funcionou nas instalações da igreja católica denominado São José de Cluny com 18 salas de aulas, uma sala de professores, um pátio para o recreio dos alunos muito embora o instituto não disponha de uma biblioteca para estudo e consulta de material didáctico. No ano lectivo de 1997/1998 o instituto, por razões já mencionadas neste trabalho, passou a título provisório a funcionar nas instalações das escolas do II e III níveis do 1ºde Maio, Ngola Kiluanje, Ngola Kanine, Juventude e Luta. Essas escolas não tinham as condições para os alunos de um ensino médio de formação de professores, os alunos e professores andavam de um lado para o outro isto foi os horários não cumprirem com as condições higiénicas pedagógicas no que concerne na distribuição das disciplinas e os intervalos de descanso do professor e o fraco controlo de absentismo dos professores. Em 2001 o instituto passou a funcionar nas novas instalações com uma capacidade de 15 salas de aulas, 3 laboratórios, uma cantina, um pátio de recreação e uma biblioteca. Em análise, será que os professores formados nestas condições de trabalho adquiriram os conhecimentos, capacidades, habilidades para o trabalho docente com qualidade? 4.4. O Corpo Docente No Instituto Normal Garcia Neto, no ano lectivo de 1985/ 1986 as aulas iniciaram-se a 1 de Outubro de 1985 divididas em dois semestres. O 1º semestre foi de 1 de Outubro de 1985 a 15 de Fevereiro de 1986 e o 2º semestre foi de 1 de Maio a 26 de Julho de 1986, data do encerramento do ano lectivo Neste ano o instituto funcionou com o corpo docente diversificado e qualificado de diferentes nacionalidades entre Angolanos, Cubanos, Búlgaros, Congoleses, Zairenses, Portugueses, Checoslovacos, Britânicos e Alemãs, numo total de 52 (cinquenta e dois) professores, entre efectivos e colaboradores que apresentamos por números no quadro nº24 (cf. Anexo 4.01). 135 Neste período em Angola o número de professores habilitados para trabalharem nas instituições de ensino médio era muito reduzido no caso do Instituto Garcia Neto na pesquisa efectuada verificamos que a maioria dos docentes que leccionavam foi estrangeiro de várias nacionalidades com referência para os docentes Cubanos numa percentagem de 38,46% e Búlgaros 21,15% ao comparamos os docentes Angolanos 17,30%, e entre outras tais como: Congoleses 9,61%, Britânicos 3,84%, Checoslováquia 1,92%, D.Alemanha 1,92%, Portugueses 3,84%, Zairense 1,92%. No ano lectivo de 1988/1989, o corpo docente era heterogéneo e constituído por 73 (setenta e três) técnicos profissionais do ensino representados por 8 (oito) nacionalidades distribuídas por 15 (quinze) disciplinas, entre Angolanos e Estrangeiros. Apresentamos o quadro com as disciplinas leccionadas e o número de professores por nacionalidades de cada disciplina. Quadro nº 25: Professores e disciplinas leccionadas no ano lectivo de 1988/1989 Nacionalidade Matemática Psicologia Geografia Quimica Biologia Português Francês Inglês Eduacaçao Física Física Pré-Escolar Pedagogia Filosofia Economia política História Total Angolana 4 1 3 2 3 3 4 1 1 1 3 4 30 Bulgaro/a 2 1 1 1 1 1 2 1 3 3 1 1 18 Britânico 1 1 Cubano 2 1 1 1 2 2 1 3 13 Congoleses 4 1 5 Portugueses 3 3 Vietnamita 1 1 Zairenses 1 1 2 Total 8 4 5 4 6 6 5 8 3 4 5 9 1 1 4 73 Fonte: AIGN, Relatório de 1988/1989 Neste ano o instituto tinha 18 salas de aulas com 34 turmas, repartidas em 34 directores de turma e 14 coordenadores de disciplinas. No Instituto Médio Normal Garcia Neto, no ano lectivo de 1989/ 1990, o corpo docente era constituído por 74 (setenta e quatro) professores nas quais se contavam colaboradores e estrangeiros, na sua maioria de varias nacionalidades. Neste ano lectivo, o instituto registou a falta de professores de Língua Portuguesa, de Educação Física com suficiente experiência para assegurar as metodologias do 1º nível e de outras disciplinas com base na realidade angolana. Constituiu grave problema para o aproveitamento e resultado dos 136 alunos, tendo em conta os objectivos reais da instituição na formação de formadores. Os professores de outras nacionalidades apresentavam diferenciação no tratamento com os alunos e nível de maior exigência nas disciplinas leccionadas, devido aos seus problemas com a língua. Foi nesta época que se verificou um maior número de quadros angolanos (professores) que abandonaram o ensino, em busca de melhores condições de trabalho e vida (salário). No ano de 1991/1992 cerca de 92 (noventa e dois) professores integraram o quadro docente do Instituto Médio Normal Garcia Neto, dos quais 63 (sessenta e três) de nacionalidade angolana e 29 (vinte e nove) de diversas nacionalidades. Apresentamos o quadro nº26 específico da distribuição dos professores por nacionalidades e actividades desenvolvidas (cf. Anexo 4.02). Durante o ano lectivo o corpo docente foi diversificado por nacionalidades em que a maior representação de professores 68,47% Angolanos entre Búlgaros 9,78%,Congoleses 6,52%, Portugueses 6,52%, Alemanha 3,26%, em comparação as nacionalidades de Cabo Verde, Espanhola, Francês, Zairense, foi de 1,08% foram as que tiveram menor presença no instituto. Em 1994/ 1995 o corpo docente do Instituto Médio Normal Garcia Neto foi constituído por 17% de angolanos e estrangeiros distribuídos por nacionalidades; 4 Alemãs, 1 Búlgaro, 1 Francês, 6 Portugueses e 3 Vietnamitas. Os docentes trabalhavam na sua maioria em regime integral, no entanto, na especialidade de Educação de Infância, Biologia, Instrução Primária e a disciplina de Pratica Pedagógica eram colaboradores. No ano lectivo de 1997/1998 o Instituto Médio Normal Garcia Neto foi repartido em núcleos nas diferentes escolas do 2ºe 3º nível em virtude da entrega das instalações do colégio Ex. São José de Cluny. Os núcleos foram distribuídos nas escolas do 1º de Maio, Ngola Kanini, Ngola Kiluanje e Juventude em Luta. Durante este período, o turno da manhã funcionou com 5 turmas e 4 salas e o turno da tarde com 4 turmas na escola 1ºde Maio. A escola Ngola Kanini, funcionou com 6 turmas e 4 salas no turno da manhã e 5 turmas no turno da tarde. A escola Ngola Kiluanje funcionou com 5 turmas e 137 4 salas de manhã e 5 turmas de tarde, 16 turmas de noite. A escola Juventude em Luta funcionou com 3 turmas e 2 salas de manhã e 2 turmas de tarde. Neste período, o corpo docente do Instituto Médio Normal de Educação Garcia Neto foi aumentado em 10 licenciados angolanos provenientes da Republica de Cuba; A composição do corpo docente variava entre Doutores (cooperantes), licenciados e bacharéis formados pelo ISCED, Faculdade de Ciências totalizando assim 115 (cento e quinze) professores neste ano lectivo. (AIGN. Relatório anual de 1997/1998. Luanda.) No ano lectivo de 1999/2000 o corpo docente foi heterogéneo e multidisciplinar e devido à complexidade e às divisões de currículos em diferentes especialidades, os professores foram distribuídos em 4 secções: Ciências Exactas englobavam (Matemática, Física, Biologia, Química), Ciências Sociais (Historia, Geografia, Economia e Filosofia), Psicopedagogia (Psicologia, Pedagogia e Educação Física) e Educação Primária. Neste período foram organizados em secções, para possibilitar um melhor entrosamento entre as diferentes especialidades ministradas. O corpo docente era composto por 102 professores efectivos e 11 professores colaboradores a composição constante no quadro 27. No ano lectivo de 2000 o corpo docente era constituído por 101 professores efectivos e 8 colaboradores, distribuídos em diferentes especialidades e foram repartidos em 4 secções: Ciências Exactas englobavam (Matemática, Física, Biologia, Química), Ciências Sociais (Historia, Geografia, Economia e Filosofia), Psicopedagogia (Psicologia, Pedagogia, Sociologia e Educação Física), Educação Primaria e Letras (Português, Inglês e Francês. (AIGN. Relatório anual de 2000. Luanda.). O corpo docente do Instituto Médio Normal Garcia Neto, no ano lectivo de 2001, foi composto por 98 efectivos e 8 colaboradores. Estes foram distribuídos em 4 secções como: Ciências Exactas (Matemática, Física, Biologia, Química), Ciências Sociais (Historia, Geografia, Economia e Filosofia), Psicopedagogia (Psicologia, Pedagogia, Sociologia e Educação Física), Educação Primáaria e Letras (Português, Inglês e Francês. (AIGN. Relatório anual de 2001. Luanda.) 138 Quadro nº 27: Distribuição de professores por disciplina e habilitações literárias ano lectivo de 1999/2000 Disciplina Biologia Eco/Filosofia Edu Física Edu Primaria Física Francês Geografia História Inglês Matemática Português Psico/Pedagogi a Química Total Licenciados Com Sem FP FP 9 4 3 8 2 5 2 2 5 38 2 Bacharéis Com Sem FP FP 1 3 3 8 1 1 1 4 2 8 1 7 5 1 4 3 7 2 48 Colaboradore s 1 1 2 1 3 1 1 1 14 Total 10 3 3 10 9 9 11 9 10 12 10 10 7 113 11 Fonte: AIGN. Relatório anual de 1999/2000. Luanda. No ano lectivo de 2002 o corpo docente foi composto por cerca de 108 professores entre eles Licenciados, Bacharéis e colaboradores conforme a composição seguinte: Durante o ano lectivo de 2003 o Instituto Médio Normal Garcia Neto funcionou com um corpo docente composto por 112 professores, entre Licenciados e Bacharéis, bem como colaboradores que fizeram parte do mesmo. Funcionaram nos turnos da manha 41 tarde 40 e noite 31. (AIGN. Relatório anual de 2003. Luanda.) 139 Quadro nº 28: Professores licenciados e bacharéis do ano lectivo de 2002 Disciplina Biologia Eco/Filosofia Edu Física Física Francês Geografia História Inglês Matemática Português Psico/Pedagogia Química Total Licenciados Com Sem FP FP 8 1 1 6 1 5 Bachareis Com FP 1 2 7 3 9 7 3 11 6 1 50 2 7 1 3 6 41 Sem FP 1 2 1 4 Colaboaradores Total 1 10 1 2 2 8 1 9 1 9 9 2 11 1 11 4 18 2 12 7 13 108 Fonte: Arquivo do IGN. Relatório Anual de 2002. Legenda: F.P = Formação Pedagógica. No ano lectivo de 2004 o corpo docente foi distribuído por doze coordenações no total de 107 professores e 8 colaboradores entre 48 licenciados, 49 bacharéis e 1 técnico médio conforme a composição referida pelo quadro 29. Durante o ano lectivo, os professores tiveram a carga horária de 17 tempos lectivos, distribuídos por coordenações de disciplina. As coordenações dos cursos de Língua Portuguesa, Matemática, Física, e Geografia devido a existência de um número elevado de alunos, obrigou os professores e coordenadores de disciplina a sofrerem uma sobrecarga de horário, sobretudo na cadeira de práticas pedagógicas. As turmas tiveram um número de alunos entre quarenta a sessenta e dois o que levou os professores a sofrerem uma forte pressão durante os momentos de avaliação, planificação das actividades e atendimento as particularidades individuais dos alunos. (AIGN. Relatório anual de 2004. Luanda.). 140 Quadro nº 29: Professores efectivos e colaboradores 2004 Disciplina Efectivo Colaborador 11 Biologia 4 Eco/Filosofia 2 Edu Física 10 Física 7 1 Francês 7 Geografia 8 História 8 5 Inglês 11 Matemática 15 2 Português 9 Psico/Pedagogia 7 Química Total 90 17 Total 11 4 2 10 8 7 8 13 11 17 9 7 107 Fonte: AIGN, Relatório anual de 2004 Durante o ano lectivo de 2005 o Instituto Médio Normal Garcia Neto funcionou com o corpo docente de 97 professores entre eles Licenciados e Bacharéis que funcionaram em 3 turnos, 29 no turno da noite, 34 e 33 nos turnos da manha e tarde. (AIGN. Relatório anual de 2005. Luanda.) No ano lectivo de 2006, a Escola de Formação de Professores do 2º Ciclo do Ensino Secundário nº 3031 Garcia Neto, funcionou com 96 professores entre licenciados e bacharéis, com 28 no turno da noite e os turnos da manhã e tarde 36 e 37. A carga horária dos professores foi elaborada com base no despacho 12/04 do Ministério da Educação, tendo em conta a relação número de professores, disciplinas e número de alunos por turmas, no qual cada coordenação de disciplina, originou que os professores tivessem um horário de 15 a 20 tempos, muito embora algumas coordenações de disciplina funcionassem com sobrecarga de horários para alguns professores. (AIGN. Relatório Anual de 2006. Luanda.). A Escola de Formação de Professores do 2º Ciclo do Ensino Secundário nº 3031 Garcia Neto, no ano lectivo de 2007, funcionou com 99 professores, entre licenciados e bacharéis, distribuídos por turnos. No turno da noite funcionaram 141 28 professores e nos turnos da manhãa e tarde 39 e 32. (AIGN. Relatório Anual de 2007. Luanda.). No ano lectivo de 2008 a Escola de Formação de Professores do 2º Ciclo do Ensino Secundário nº 3031 Garcia Neto, funcionou com 97 professores, 3 turnos da manhã, tarde e noite, 50 directores de turma. (AIGN. Relatório Anual de 2008. Luanda.) Em 2009 o corpo docente foi composto por 102 professores, distribuídos em 13 coordenações de disciplina com uma carga horária que variava entre os 15 a 21 tempos por semana, de acordo com o despacho de 12/01/04 do Ministério da Educação, repartidos em 3 turnos e funcionaram em 46 turmas das quais 15 no período da manhã, 16 no período da tarde e 15 no período da noite. (AIGN. Relatório Anual de 2009. Luanda.). A reflexão mostrou que a evolução da nomenclatura e dos objectivos da criação consistiram na formação de professores. No entanto o IGN passou a receber alunos que terminavam o 3º nível (8ª classe). Tornou-se numa escola de ensino médio, que formava alunos, para o seu ingresso na Universidade ou seja, pela lei, a escola estava a desvirtuar os objectivos para os quais tinha sido criada. Muitos dos alunos que foram formados no IGN, seguiam ora para as faculdades de medicina e ciências e outros, faziam qualquer outro curso na universidade que estivesse relacionado com algum feito no IGN. Foi no entanto, ainda assim, um período de reflexão no Med, durante o qual os objectivos da escola passavam pela definição e designação. Deixou de ser chamada por INE, IMN, e passou para o nome de “Escola de Formação de Professores do 2º Ciclo do Ensino Secundário, Nº 3031 Garcia Neto”. Em termos de crescimento do corpo docente do instituto tomamos como referencia o ano lectivo de 1985/1986. Durante este período do ano lectivo de 1985/1986 o corpo docente angolano foi bastante reduzido 17,30% em relação ao corpo docente estrangeiro 38,46% cubanos e 21,15% búlgaros se tivermos em conta as perecentagens apresentadas pelo facto de a maioria dos angolanos não possuírem a habilitação exigida para leccionarem no instituto. Mais tarde em 1991 face as mudanças políticas, económicas e sociais os professores de origem cubana terminarem a sua missão em Angola de 142 cooperantes, o instituto funcionou com o número mais elevado de professores angolanos. O anos lectivo de 1994/95 foi o ano que o instituto contou com o corpo de colaboradores nas especialidade de, Educação de Infância, Biologia, Instrução Primária e a disciplina de Pratica Pedagógica. A evolução social angolana ao longo desses anos lectivos registou o aumento do número de professores angolanos, em que no ano lectivo de 1999/2000 o corpo docente no instituto passou a ser representado por angolanos formados na Universidade Agostinho Neto e outros formados em Cuba, permitiu maior responsabilização e aproveitamento dos quadros nacionais. Ainda este ano foi o ano da divisão do currículo de formação de professores em quatro secções: Ciências Exactas englobavam (Matemática, Física, Biologia, Química), Ciências Sociais (Historia, Geografia, Economia e Filosofia), Psicopedagogia (Psicologia, Pedagogia e Educação Física) e Educação primária. Ao longo dos anos lectivos a variação do corpo docente em termos de quantidade podemos afirmar que os anos lectivos de 1985/1986 foi o ano com 52 docentes considerado o mais baixo, e o ano de 1997/1998 com 115 docentes entre eles 10 formados na República de Cuba o ano com maior índice de professores. Ao longo dos anos lectivos registaram-se variações nas áreas de formação curricular, as que tiveram maior formação de professores ao longo do tempo foram as áreas de especialidade de história/ geografia, Biologia/química, matemática/física, e línguas. 4.5 O Corpo Discente Este subcapítulo vai retratar o corpo discente com base na pesquisa documental realizada nos relatórios anuais, fichas e processos individuais dos alunos no Instituto Garcia Neto (IGN) de Luanda. Durante o ano lectivo de 1978 foram abertas as matriculas dos alunos do IGN pela primeira vez. Neste período os primeiros anos foram frequentados por alunos angolanos bem como de outras nacionalidades que se encontravam em Angola após a independência de 1975. 143 Durante o nosso trabalho de investigação científica que foi realizado no Instituto Garcia Neto IGN de Luanda, não foram encontrados nos arquivos os relatórios ou informações relativos aos anos lectivos de 1978-1979,19791980,1980-1981,1981-1982,1982-1983,1983-1984,1984-1985,1990-1991,19931994,1995-1996,1996-1997. Ou seja, no total de onze anos lectivos, por não se encontrar nenhum arquivo de documentação, facto este que impossibilitou a apresentação dos respectivos dados nos anos lectivos referidos. Os dados que apresentamos no gráfico nº 1, referentes aos anos lectivos de 1985-1986 a 2009, retratam o período em estudo e mostram os alunos inscritos por cada ano lectivo. Na nossa pesquisa constatamos que os relatórios analisados, dos anos lectivos de1991-1992, 2008 e 2009 revelam os registos de ambos os sexos. O Instituto Garcia Neto, após a sua fundação e desde 1978 a 2009, foi frequentado por uma população discente heterogénea. Os dados que apresentamos no gráfico 1 mostra a comparação de cada ano lectivo, o efectivo escolar matriculado nos anos lectivos de 1985-1986 a 2009, e teve como finalidade dar um aspecto geral da subida e descida do número de alunos que frequentaram o Instituto no período em análise. Por outro lado o gráfico representa em cada ano lectivo, não só a inscrição de novos alunos, mas também a reinscrição de alunos inscritos em anos lectivos anteriores, que não tiveram aproveitamento escolar. A reflexão feita a partir do gráfico 1 destaca três fases de evolução dos efectivos discentes inscritos no Instituto Garcia Neto. A primeira fase, a partir dos anos 80, demonstra que a população discente controlada pelos registos encontrados nos relatórios refere-se aos alunos matriculados no período regular ou diurno. A partir destes dados, podemos concluir que, nesta primeira fase, a variação verificada do número de alunos que na altura frequentou o Instituto, tinham parado de estudar no 3ºe4º ano do liceu no período colonial e precisavam de dar continuidade aos estudos para obtenção de uma certificação do nível médio conforme a nova política de ensino após a independência. No entanto, sucederam dois crescimentos do número de alunos (anos lectivos de 1988-1989e 1989-1990) em relação aos outros anos lectivos. A segunda fase, na década de 90, foi marcada pelo facto dos registos encontrados nos relatórios fazerem menção de dois períodos lectivos, diurno e 144 nocturno. Verifica-se que foi uma época de constante variação de descidas e subidas do número de efectivos escolares matriculados, que pode ser explicada sobretudo pelo agravamento da situação político militar, e por Luanda56 ter recebido a população deslocada depois do inicio da segunda República de Angola (1992). Os anos lectivos de (1994-1995 e 1997-1998) foram os anos lectivos com o número mais elevado da população discente. Posto isto, podemos concluir que o afluxo de alunos que migrou das diversas províncias de Angola em busca de refúgio e que começaram a encher as escolas em Luanda, levaram a que o Instituto começasse a formar alunos com o intuito de promover o ingresso a diversos cursos no ensino superior, por exemplo para faculdade de medicina e de direito etc. Isto leva-nos a concluir que, na época e apenas na província de Luanda, os objectivos deixarem de ser a preparação e formação de professores habilitados a desempenhar a função reitora para o ensino primário e mais tarde para o ensino secundário. Gráfico 1: Alunos matriculados no Instituto Garcia Neto IGN de Luanda 4500 3944 4000 3500 3000 3000 2442 2500 2268 2112 2071 2000 1589 1509 2239 2229 2290 2228 1998 1979 2017 2048 1597 1500 1093 1131 1129 1211 1000 500 0 Fonte: AIGN: Relatórios dos anos indicados: 1985-1986, 1986-1987,1987-1988,1988-1989,1989-1990, 1991-1992, 1992-1993, 1994-1995, 1997-1998, 1998-1999, 1999-2000, 2000, 2001, 2002, 2003, 2004, 2005, 2006, 2007, 2008, 2009. 56 Capital da República de Angola 145 Numa terceira fase, registada a partir dos anos lectivos de 2000 a 2009 no período diurno e nocturno, verifica-se uma época um pouco instável. O estudo dos dados revelou alguma estabilidade no número de alunos matriculados acima dos 2000,2244 no caso em 2000 e demonstra que foi o período onde se registou o maior índice de alunos matriculados em relação aos outros anos lectivos. Esta subida poderá ser explicada pelo facto de, pela primeira vez na história, o Instituto funcionar em instalações próprias desde a Instauração da Primeira República (1975), enquadrar alunos que se encontravam em regime de aluno extraordinário, e enquadrar a população discente que migrou por consequência da guerra civil. Podemos afirmar ainda que a procura foi grande e a oferta foi pouca a nível de Institutos em Luanda. No ano lectivo de 2003, ao comparamos com os anos anteriores de elevado crescimento no gráfico nº1, verificou-se a descida da população discente. Nos dois anos lectivos de 20052006, 2007 houve uma descida em relação aos outros anos. No entanto, podemos dizer que a variação registada no período de 2000 a 2009, aconteceu pelo facto a guerra civil ter terminado em 2002. Com Angola em paz, a população migratória começou a regressar para as suas áreas de origem. Em 2002, na cidade de Luanda, foi criado o Magistério Primário, para contribuir para a formação e qualificação de professores e quadros pedagógicos, na perspectiva da estabilização do sistema e implementação da reforma educativa, e como Escola Experimental de Formação de professores para o Ensino Primário de seis Classes. Concluindo, podemos dizer que durante os 21 anos lectivos representados no gráfico nº1, inscreveram – se no Instituto Garcia Neto, um total de 40913 alunos, com uma média de 12,07% alunos na primeira fase; compreendendo 30,69% alunos na segunda fase; 57,22% alunos na terceira fase; que o ano lectivo com mais alunos inscritos foi o de 2000 com 3944 alunos; e que o ano lectivo com menos alunos inscritos foi o de 1985-1986, com apenas 1093 alunos.57 57 Nota metodológica: Os dados que apresentamos no ano lectivo 2000 na terceira fase carecem de informação mais pormenorizada ou efectiva, a autora tomou como opção os referenciados no gráfico nº1. 146 O número de alunos inscritos registados no gráfico nº1 dos anos lectivos de 1986-1987,1987-1988,1988-1989, foram pesquisados no relatório de dados estatísticos do GEPE do Ministério da Educação. O Instituto Garcia Neto foi frequentado quer por alunos do sexo masculino quer do sexo feminino. Desta forma podemos demonstrar o que acabamos de referir, a gráfico nº2 tem como finalidade demonstrar a frequência do número de alunos de ambos os sexos, no período compreendido entre 19911992,2008e2009. Analisando a gráfico nº2, podemos concluir que, durante o período em estudo, houve sempre uma maior presença feminina do que a masculina na escola. Podemos explicar no ano lectivo de 1991/1992, 63,22%, em 2008 52,80% e em 2009, 58,34% das alunas inscritas. Ao compararmos o valor percentual em relação a evolução global dos efectivos discentes entre os anos lectivos 19911992 (63,22%), verificamos um menor número de alunos do sexo feminino. No entanto, os dois anos lectivos de 2008 e 2009, com 58,34% e 52,80% respectivamente, revelam que foram os anos lectivos com maior número de alunos inscritos do sexo feminino. O ano lectivo de 2008, com 52,80% representou o menor número de alunos inscritos do sexo feminino em relação ao valor global do ano lectivo de 2009, com 58,34%. Podemos assim concluir que no ano lectivo de 2009,58,34% a presença do sexo feminino foi superior, quando comparado com os anos lectivos de 1991-1992 e 2008, por procurarem o curso de formação de professores e de muita mobilidade de mulheres em relação aos homens. No final da década de 1980 a população discente era heterogénea do ponto de vista etário e ocupacional, não obedecendo aos objectivos para o qual foi criado, ou seja, de formação de professores para o ensino primário e posteriormente para o ensino secundário. Os alunos que frequentavam eram trabalhadores/ estudantes regulares do Ministério da Educação, e de outras áreas que não pertenciam à educação de uma maneira geral. As turmas funcionavam em média com 45 a 50 alunos. (AIGN 1988/1989 e 1989/1990 Relatório Anual. Luanda.) 147 No período do ano lectivo de 1991/1992, o corpo discente da 9ª, 10ª, 11ªe 12ª classe no Instituto Garcia Neto, começou a ser enquadrado nas turmas com um maior equilíbrio na faixa etária, principalmente nos alunos da 9ªclasse do curso regular. Gráfico 2: Alunos inscritos do sexo masculino e feminino do IGN nos anos lectivos 1991/1992, 2008, 2009. 1400 1195 1200 1065 954 1000 952 853 800 600 555 400 200 0 1991 2008 Masculino 2009 Feminino Fonte: AEIGN, Relatórios dos anos lectivos 1991-1992,2008,2009. No quadro nº 30, podemos analisar a variação da faixa etária da classe inicial nos alunos da 9ªclasse do curso regular, onde os alunos com 16 anos de idade representaram 26,76%, 17 anos de idade 17,05%, 18 anos de idade 17,94%, 19 anos idade 14,41%, 20 anos de idade 6,47%, 21 anos idade 4,11%, 22 anos 3,52%, e mais de 23 anos de idade 9,70% do valor global. No que respeita à diminuição de alunos adultos ao lado da faixa etária na classe inicial, registamos 14,41% dos alunos com 19 anos de idade em relação a 6,47% com os alunos de 20 anos de idade comparativamente com a diferença de 4,11% nos alunos com 21 anos de idade 3,52% nos alunos com 22 anos de idade em relação aos alunos com mais de 23 anos de idade que 148 representou 9,70% na 9ªclasse conforme o quadro 30. A diferença de idades na classe inicial mostrou que os exames de aptidão ainda não resolveram uma das grandes preocupações, a auto – sensibilização para a profissão docente. Neste ano lectivo de 1991/1992 foram integrados os alunos vindos do curso Pré - Universitário (PUNIV), e as turmas tornaram-se numerosas e excessivas, o dobro do normal para o espaço físico. Esse aumento provocou consequências no aproveitamento dos alunos da 11ª classe. Foi neste ano que foi pedida a construção de um novo Instituto Médio Normal ou a redefinição dos objectivos da instituição. (AIGN 1991/1992 Relatório Anual. Luanda.) Quadro nº30: Variação da faixa etária da 9ª classe no ano lectivo de 1991/1992 Classes Até 16 anos 91 9ª 31 10ª 17 11ª 12ª 139 Total % 26.76 10,43 3 100 17 Anos 58 33 44 7 142 % 18 Anos 61 17 43 11 71 7,8 12 2,3 187 100 Idades % 19 Anos 49 18 33 14 93 13 24 3,9 209 100 % 20 Anos 22 14,4 27 11,1 42 16,5 40 7,81 131 100 % 21 Anos 14 6,5 15 7,9 40 7,4 50 13 119 100 % 22 Anos 12 4,1 18 5,1 17 7,1 42 16 89 100 % Igual ou superior a 23 anos 33 4 94 6 241 3 132 14 500 ## % 9,7 32 43 43 100 Fonte: AIGN, Relatório anual de 1991/1992 Nesta época histórica e no ano lectivo de 1992/ 1993, funcionou, na direcção nocturna da escola nº7 do 1º nível, um núcleo do IGN com a denominação de escola de deslocados que acolheu os alunos vindos de outras regiões do país devido á situação político e militar (guerra) que se viveu em Angola. Naquela instituição escolar as aulas só tiveram o seu inicio no dia 13 de Maio de 1993, em vez de Fevereiro. O calendário escolar foi o seguinte: 1º Semestre de 05 de Abril a 23 de Julho, as provas efectuaram-se de 26 de Julho a 31 de Julho, com duas provas por dia, o 2º Semestre foi de 9 de Agosto a 24 de Outubro, as férias foram de 25 de Outubro a 1 de Novembro, as provas realizaram – se de 1 de Novembro a 10 de Novembro, de 15 de Novembro foram as férias, e os exames de recurso realizou-se de 07 de Dezembro a 11 de Dezembro de 1993. Por falta de energia eléctrica na instituição escolar o corpo docente sentiu-se na necessidade de ministrar aulas em regime mais ou menos acelerado afim de poder cumprir no mínimo de 60% a 70% dos programas e acertar o calendário escolar para o ano lectivo de 1993/1994. Nesta época, o estado psíquico e moral da maioria dos alunos, que no princípio foi baixo, devido à sua 149 Total 340 297 565 307 1509 deslocação, passou a considerar – se normal quanto ao seu aproveitamento escolar, quadro nº 31 que se apresenta: 150 Quadro nº31: Aproveitamento dos alunos deslocados Classe Matriculados Aprovados Reprovados Desistentes Anulações 9ª Classe 122 61 32 29 - 10ª Classe 62 41 9 12 - 11ª Classe 50 40 3 7 - 12ª Classe 60 33 3 24 - Total 294 175 47 72 - % 100 59,52% 15,98% 24,48% - Fonte: AIGN, Relatório Final da Escola dos Deslocados. 1992/1993. Após a realização das avaliações finais os alunos que tiveram resultados positivos foram integrados nas turmas do IGN. No mesmo ano cerca de aproximadamente 189 alunos ficaram à espera de serem posteriormente enquadrados nas turmas do IGN conforme o Quadro nº32. Quadro nº32: Alunos integrados no IGN Classe Alunos 9ª Classe 32 10ª Classe 70 11ª Classe 44 12ª Classe 43 Total 189 Obs. Fonte: AIGN, Relatório Final da Escola dos Deslocados, 1992/1993. No ano lectivo de1993/1994, com base na circular nº 00499/2.1/D.N.F.Q.E/93, foi extinta a escola dos deslocados (AIGN Relatório Final 1991/1992Luanda). Podemos constatar que no ano lectivo de 1994/1995, o corpo discente foi heterogéneo e organizado em termos de idade: os de 14 anos ao lado dos alunos com 16 anos e os que tinham 19 anos de idade ao lado dos outros com mais de 30 anos. Os alunos com 17 anos de idade, por falta de vagas, foram 151 integrados no curso de trabalhadores. (AIGN, 1994/1995 Relatório Anual. Luanda.) As classes iniciais da 9ª e 10ª e as do 1º e 2º ano foram turmas superlotadas e associadas ao baixo nível de conhecimentos trazidos do ensino geral. As turmas da 9ª classe, principalmente, dificultaram a interacção professor – aluno e a atenção devida às particularidades individuais dos alunos; o absentismo, o desinteresse a anulação de matrículas provocou o insucesso escolar no Instituto. A especialidade de Línguas a Língua Francesa ficou com 65% maior taxa de aproveitamento e a de Língua Portuguesa 58% a menor taxa. Estas taxas representam em primeira instância, a pouca procura que tem a Língua Francesa no mercado de trabalho, levando a que poucos alunos a seleccionassem como opção. Na Língua Portuguesa, por ser considerada língua segunda, e nas ciências a taxa de aproveitamento foi mais baixa. Na especialidade da matemática e física, com 46%, convém fazer a ressalva de que as condições em que eram leccionadas as disciplinas de física e matemática nas escolas do ensino geral serem, no geral, deficientes, e pelo facto de os docentes apresentarem problemas pedagógicos. Além disso, a maioria, por ter sido recrutada noutras instituições de formação profissional como por exemplo: Instituto Médio Industrial de Luanda (IMIL), Instituto Médio de Economia de Luanda (IMEL) ou afins que leccionavam estas disciplinas, não possuía a orientação pedagógica necessária. Os alunos da especialidade da educação de infância por falta de apoio em recursos materiais e humanos correm o risco de encerrar. (AIGN, 1997/1998.) Relatório Anual. Luanda.) No ano lectivo de 1999/2000, o número de alunos no curso diurno da 9ª classe diminuiu em 24% em relação ao ano anterior. Cada turma foi constituída por 52 alunos, enquanto no ano anterior havia turmas com a média de 78 alunos, com duas turmas a mais nas especialidades de Matemática /Física e Historia /Geografia. No 1º ano houve um aumento em mais de 46%, comparativamente ao ano anterior, devido a existência de 9 turmas em relação às 5 do ano anterior, com 52 a 53 alunos por turma. As classes terminais, fundamentalmente a 11ª classe e 4º ano, apresentaram um fluxo de alunos pelo fraco nível de exigências nos exames extraordinários 152 I58, realizados em 1998, e a recepção de 10 alunos provenientes do curso polivalente da província do Bengo. O período nocturno por falta de energia eléctrica, foi de 26 semanas lectivas, e as avaliações finais, foram realizadas no fim do ano lectivo. (AIGN, 1999/2000 Relatório Anual. Luanda.) No período histórico dos anos 2000, o comportamento dos alunos do IGN foi marcado por vários actos de indisciplina e de desobediência ao regulamento interno, em vigor na instituição. Todos os casos de indisciplina que chegaram ao conhecimento da Direcção mereceram o devido tratamento. Contudo, suspeitou-se que tais actos se generalizassem e o aluno que fosse reincidente deveria ser punido com expulsão, de modo a servir de exemplo para os outros. O aproveitamento escolar dos alunos registou de uma forma geral o maior índice de reprovações registadas nas classes iniciais, respectivamente 9ª classe e 1ºano, a 10ª classe e 2º ano (AIGN, 2000 Relatório Anual. Luanda.) A cada ano lectivo que passou, foi maior a falta de empenho e entrega dos alunos aos estudos, dai resultou o baixo rendimento verificado conforme o quadro nº33. Quadro nº 33: Resultados do desempenho dos alunos do ano lectivo de 2003 Periodo Diurno Classe Aprovados 358 9ª 192 10ª 233 11ª 192 12ª Total Periodo Nocturno Ano Aprovados % Reprovados % 64,97 193 35,02 59,44 131 40,55 2º 73,5 84 26,49 3º 80,33 47 19,66 4º 5º 975 455 1º % Reprovados % 59,59 99 40,4 143 55,85 113 44,14 162 78,26 45 21,73 91 79,82 23 20,17 60 75,94 19 24,05 146 602 299 Fonte: AIGN, Relatório Anual2003. Verificamos que em relação a classe iniciais, a 9ª classe apresentou 64,97% número de aprovados, 59,59% correspondeu ao 1º ano. Podemos dizer que os alunos da 9ª classe e 1ºano os resultados foram inferiores por se tratar de classes iniciais no Instituto Garcia Neto e por ainda não se adaptarem a nova convivência de transição do I ciclo do ensino secundário, para o II ciclo do ensino secundário. Quanto aos alunos da 11ª e 3º 58 Exame para alunos que requerem por faltar na 1ª época de exame ou com cadeiras em atraso. 153 ano os resultados foram superiores, se os compararmos com os da 10ª e 2º ano em relação o 5º e 4º ano como mostrou o quadro nº 3. Nesta fase, os alunos foram considerados autónomos e não dependiam de votações na classificação final para transitarem de classe e ter acesso ao exame de recurso. (AIGN, 2003 Relatório Anual. Concluindo, o rendimento escolar verificado, no quadro nº33, os alunos representaram ao longo do ano lectivo uma atitude não satisfatória dentro dos padrões morais (uso da cábula, assédio constante aos professores, utilização de objectos proibidos no regulamento da escola, atrasos e falta de respeito aos guardas da protecção física na instituição e outros), e, na maior parte dos casos, a adaptação não foi fácil pela falta de interesse pelos estudos e de acompanhamento por parte dos professores, país e dos encarregados de educação, com destaque para as classes iniciais da 9ª e 10ª classes e 1ºe2º ano. Foi assim que a Direcção da escola tomou medidas com vista a prevenir tais situações. Também manifestaram uma certa irresponsabilidade em relação as falta dadas, ou melhor, não justificadas. Nalgumas situações, só o fizeram quando os professores os impediram de realizar as provas, por ultrapassarem o limite de faltas. Foram louvados os alunos da especialidade de História e Geografia que participaram nas actividades referentes ao 25 de Maio, dia de África que foram um êxito; e foi fundado o Clube de Francês com o objectivo principal de permitir que os alunos realizassem intercâmbios com alunos e professores de outras escolas, no sentido de aperfeiçoamento da Língua Francesa e outras afins. Por exemplo, o acesso a frequentar a biblioteca na Alliance Française e do PAFEFA (Cf. Ministério da Educação). (AIGN, 2003 Relatório Semestral. Luanda.) O ano lectivo de 2004 foi um período histórico, em virtude de ser o primeiro ano de implementação da reforma do sistema educativo no Instituto Garcia Neto. A Reforma Educativa foi iniciada em forma de experimentação na 10ª classe. Neste período, as turmas da 10ª classe funcionaram, com o número reduzido de alunos, uma média de 40 alunos por turma, apesar do número recomendado para a Reforma Educativa ser de 35 alunos por turmas. Contudo, não foi cumprida a mesma devido ao número elevado de 62 alunos, em média, 154 por turma das classes iniciais da 9ª classe e 1º ano. Os resultados da reforma educativa em termos de aproveitamento escolar não foram satisfatórios, pelo facto de se ter começado a reforma sem nenhuma formação ou preparação antecipada dos docentes, e pela falta de hábitos e habilidades de estudo sistemático, ou diário nos alunos, não habituados ao novo sistema de avaliação. Os programas foram elaborados mas não existiam manuais nem textos de apoio, o que constituiu um sério obstáculo tanto para o aluno como para o próprio professor. No sistema de avaliação, a fórmula para calcular a classificação final atribuiu 70% de peso à prova escolar. Isto acabou por penalizar todo o esforço despendido pelo aluno no domínio da avaliação sistemática e contínua, pelo facto de o volume de conteúdo avaliado ser grande, por incluir todo o ano lectivo, pelos critérios dotados para a aprovação e reprovação não estarem de acordo com a realidade da escola. Assim, fizeram - se concessões relativamente ao cumprimento dos critérios de forma a evitar – se um índice de reprovação acima dos 90%. Não obstante, as classes terminais, de forma geral registaram um fluxo mais reduzido de alunos. O 4º ano do curso nocturno afastou – se um pouco deste quadro devido a fusão de algumas turmas do 3º ano, por uma questão de economia de espaço. (AIGN, 2004 Relatório Semestral. Luanda.) Ainda assim os alunos transitaram para o último ano lectivo com duas cadeiras, independentemente de serem ou não de especialidade. Mais tarde foi analisada a questão em conselho pedagógico e tomou-se a decisão de não permitir que os alunos do 3ºano transitassem de ano no caso de reprovarem nalgumas disciplinas de especialidade. Posto isto, podemos concluir que os alunos do sexo feminino desistem ou reprovam por faltas, com mais frequência que os do sexo masculino, talvez pela sua condição de mulheres, mães e esposas, particularmente no curso nocturno. (AIGN, 2006 Relatório de Balanço. Luanda.) No ano lectivo de 2007 saírem do instituto os primeiros finalistas da reforma educativa. Neste ano funcionaram as turmas da 13ªclasse consideradas móveis pelo facto de existirem na instituição um número reduzido de salas de aulas no total de 15 e a necessidade foi de 19 salas. Por outro lado não se respeita os parâmetros pedagógicos no que concerne ao número de alunos por turma, que ultrapassou sempre os 45 recomendados. O registo elevado do 155 número de alunos foi verificado pelo facto de se de ter feito um reenquadramento de alunos que se encontravam abrangidos pela filosofia de não transição do 3ª ano para o ano seguinte alunos reprovados nas cadeiras de especialidade. (AIGN, 2007 Relatório de Balanço. Luanda.) Ao fazermos uma síntese dos acontecimentos no instituto, começamos por dizer que os relatórios, actas e outros documentos que retratam os primeiros anos de funcionamento da instituição não foram encontrados nos arquivos. O corpo discente que frequentou o instituto ao longo dos anos foi sempre heterogéneo, isto é, entre homens e mulheres, as variações ocupacionais e de idades e também de outras nacionalidades tais como: Cabo Verde, Guinébissau, Guiné Konakry, Portugal, S.Tomé e Príncipe e Zaire. Concluímos que durante os 21 anos lectivos analisados inscreveram – se no Instituto Garcia Neto, um total de 40913 alunos, uma média de 12,07% alunos na primeira fase, representar 30,69% alunos na segunda fase 57,22% alunos na terceira fase em que o ano lectivo com mais alunos inscritos foi no ano lectivo de 2000 com 3944 alunos e o ano lectivo com menos alunos inscritos, 1985-1986 com 1093 alunos. Podemos concluir que durante o período em estudo, houve sempre uma maior presença feminina do que a masculina na escola. Podemos explicar no ano lectivo de 1991/1992, 63,22%, em 2008 52,80% e em 2009, 58,34% das alunas inscritas. Ao compararmos o valor percentual em relação a evolução global dos efectivos discentes entre os anos lectivos 1991-1992, com 63,22%, verificamos um menor número de alunos do sexo feminino. No entanto os dois anos lectivos 2008 e 2009, com 58,34% e 52,80% respectivamente, demonstram que foram os anos lectivos com maior número de alunos inscritos do sexo feminino. O ano lectivo de 2008, 52,80% representou o menor número de alunos inscritos do sexo feminino em relação ao valor global do ano lectivo de 2009, 58,34%. Podemos concluir que o ano lectivo de 2009, com 58,34%, a presença do sexo feminino foi superior comparando aos anos lectivos de 19911992 e 2008, por procurarem o curso de formação de professores e de muita mobilidade de mulheres em relação aos homens. Nos primeiros anos da década de 80, o instituto foi frequentado por alunos trabalhadores/estudantes pertencentes ao ministério da educação e ao longo 156 do tempo foram admitidos outros de áreas não ligadas a educação. Nesta época o número de alunos por sala era de 45 a 50. O período de 1991/1992 foi caracterizado como o ano em que a organização dos alunos nas turmas começou com o enquadramento por idades não muito superior ao regulamentado para as classes de entrada no instituto a 9ªclasse principalmente em que os alunos com 16 anos de idade representarem 26,76% e 17 anos de idade 17,05%, 18 anos de idade 17,94% e 19 anos idade 14,41%, 20 anos de idade 6,47%, 21 anos idade 4,11%, 22 anos 3,52%, e mais de 23 anos de idade 9,70% do valor global. No que respeita à diminuição de alunos adultos ao lado da faixa etária na classe inicial, registamos 14,41% nos alunos com 19 anos de idade em relação a 6,47% com os alunos de 20 anos de idade comparativamente com a diferença de 4,11% nos alunos com 21 anos de idade 3,52% nos alunos com 22 anos de idade em relação aos alunos com mais de 23 anos de idade que representou 9,70% na 9ªclasse. Foi nesta época que o instituto começou a ter as turmas muito numerosas, com mais de 50 alunos por sala, devido à integração dos alunos do curso préuniversitário e que representou o dobro de alunos para um espaço físico limitado. Por isto, a direcção do instituto pediu a redefinição dos objectivos que orientavam a criação da instituição. O ano de 1992/1993 foi uma época histórico, em que funcionou o núcleo que teve a denominação de escola de deslocados, com 294 alunos nas instalações da escola primária nº7. No ano lectivo de1993/1994, com base na circular nº 00499/2.1/D.N.F.Q.E/93, foi extinta a escola dos deslocados. Durante o ano de 1997/1998 as classes iniciais da 9ª e 10ª e as do 1º e 2º ano foram turmas superlotadas e associadas ao baixo nível de conhecimentos trazidos do ensino geral. Isto deu-se especialmente nas turmas da 9ª classe, onde a interacção professor – aluno e atenção as particularidades individuais dos alunos; o absentismo, o desinteresse a anulação de matrículas provocou o insucesso escolar no Instituto. Os docentes que leccionaram as disciplinas de matemática e física foram de outros cursos profissionais do Instituto Médio Industrial de Luanda (IMIL), Instituto Médio de Economia de Luanda (IMEL) ou afins que leccionavam estas disciplinas e apresentavam problemas de carácter pedagógicos por não possuírem agregação pedagógica. 157 No ano lectivo de 2003 concluímos que o rendimento escolar baixo verificado nos alunos ao longo do ano lectivo, revela uma atitude não satisfatória dentro dos padrões morais (uso da cábula, assédio constante aos professores, utilização de objectos proibidos no regulamento da escola, atrasos e falta de respeito aos guardas da protecção física na instituição e outros), e maior parte dos casos a adaptação não foi fácil pela falta de interesse pelos estudos e de acompanhamento por parte dos professores, pais e dos encarregados de educação com destaque para as classes iniciais da 9ª e 10ª classes e 1ºe2º ano. Neste ano foi fundado o Clube de Francês com o objectivo principal de permitir que os alunos realizassem actividades de intercâmbio com os alunos e professores de outras escolas, no sentido do aperfeiçoamento da Língua Francesa e outras afins. Por exemplo, o acesso a frequentar a biblioteca na Alliance Française e do PAFEFA (Cf. Ministério da Educação) O ano lectivo de 2004 foi um período histórico, em virtude de ser o primeiro ano de implementação da reforma do sistema educativo no Instituto Garcia Neto. A Reforma Educativa foi iniciada em forma de experimentação na 10ª classe. Os programas foram elaborados mas não existiam manuais nem textos de apoio, o que constituiu obstáculo tanto para o aluno como para o próprio professor. No sistema de avaliação a fórmula para calcular a classificação final atribuiu 70% de peso à prova escolar, o que acabou por penalizar todo o esforço despendido pelo aluno no domínio da avaliação sistemática e contínua, pelo facto de o volume de conteúdo avaliado ser grande e por incluir todo o ano lectivo, e porque os critérios dotados para a aprovação e reprovação nada estavam de acordo com a realidade da escola. Neste caso, fizeram - se concessões relativamente ao cumprimento dos critérios de forma a evitar – se um índice de reprovação acima dos 90%. Podemos concluir os alunos do sexo feminino desistem ou reprovam por faltas, com mais frequência que os do sexo masculino, talvez pela sua condição de mulheres, mães e esposas, particularmente no curso nocturno e da tarde. Concluímos que ao longo dos anos registados a partir dos relatórios analisadas do IGN sempre houve um número exagerado de alunos nas salas de aulas e todos aqueles que reprovaram nas disciplinas de especialidade na 11ª e 3º 158 foram condicionados a exames extraordinários, ou seja, não tiveram um acompanhamento sistemático para a realização dos exames. 159 CAPITULO V Apresentação e Análise dos Resultados da Pesquisa. A fim de realizarmos o trabalho de investigação sobre o Instituto Garcia Neto seleccionamos uma população discente de 218 indivíduos, dos quais foi possível reconstituir o perfil de 208 alunos dos anos lectivos de 1978,1979,1981,1991. Apresentamos os resultados que obtivemos a partir da base de dados59 construída, onde fizemos o cruzamento de dados e certas operações estatísticas. Para a elaboração dos dados utilizamos o programa Microsoft Excel como ferramenta de trabalho. O estudo da demografia escolar60 do Instituto Garcia Neto (IGN), como mostraram as observações seguidas61 para se estabelecerem assim, a sucessão dos acontecimentos, a população discente estudada era constituída por 129 mulheres e 79 homens. Perante isto, é possível dizer que as mulheres 62,01% representam o maior número de frequência em comparação aos homens. Apenas no ano de 1981podemos observar uma diferença que foi de maior número de homens. Quadro abaixo nº 34. Quadro nº 34: Alunos do sexo masculino e feminino 1978 1979 1981 1991 Total % Mulher 43 24 27 35 129 62,01 Homem 21 13 23 22 79 37,98 Total 64 37 50 57 208 100 Fonte: AIGN, Fichas individuais dos alunos. 59 Cf.Anexo 501 Base de Dados 1978,1979,1981,1991. Objecto de estudo da demografia escolar refere – se o conhecimento da população discente e das suas características, a sua evolução, distribuição e frequência nos diferentes graus de ensino, a duração e permanência em cada um dos ciclos de estudo, bem como os abandonos e as migrações entre diferentes ciclos. (ARROTEIA 1998;14) 61 Refere – se a recolha de elementos sobre a escolarização dos alunos num determinado período. (idem). 60 160 Segundo a análise longitudinal realizada à população discente do Instituto Garcia Neto os alunos admitidos à 9ª classe situavam-se na faixa etária que vai dos 13 aos 43 anos. Podemos afirmar que cerca de 15,84% é a modalidade da frequência mais alta de discentes da 9ª classe em comparação a 14,85% e 12,87% as frequências razoáveis de discentes conforme o quadro nº 35, abaixo mostrada. A estatística descritiva mostrou que a frequência de idade da 9ªclasse era de 17 anos de idade. Quadro 35: Idades Agrupadas por anos, segundo o ano lectivo Idade 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 Total 1978 1 1 6 19 16 9 3 1 1 2 1 2 1979 2 5 3 9 8 1 1 2 2 1 1 1981 2 2 4 9 8 4 6 3 4 2 3 2 1991 1 2 4 2 3 4 6 5 6 1 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 3 1 1 2 1 62 38 52 161 1 50 Total Geral 2 5 17 26 32 30 18 11 14 4 7 8 6 3 2 1 1 2 1 0 1 2 3 1 0 1 2 1 0 0 1 202 % 0,99 2,47 8,41 12,87 15,84 14,85 8,91 5,44 6,93 1,98 3,46 3,96 2,97 1,48 0,99 0,49 0,49 0,99 0,49 0 0,49 0,99 1,48 0,49 0 0,49 0,99 0,49 0 0 0,49 100 Fonte: AIGN, Fichas individuais dos alunos. A observação dos resultados acima referenciados revela as faixas etárias dos alunos com a 9ª classe no Instituto Garcia Neto. Podemos considerar os seguintes factores que contribuíram para essa elevada taxa etária encontrada entre os discentes: Na época colonial o acesso a esse nível de ensino era exclusivo; após a independência de Angola o acesso livre a escolaridade tornou – se uma realidade; a migração escolar por falta de estruturas de Formação de professores em algumas províncias; a instabilidade político-militar que se vivia no país. Para um melhor reconhecimento do mapa administrativo de Angola, podemos observar a origem geográfica da população discente do Instituto Garcia Neto. Figura 20: Mapa de Angola ilustra a localização geográfica da província de origem das cohorte do IGN Fonte: Internet: http://www.dholmes.com/master-list/angola.gif – 13 – 08 -2010 . Em 1978, três anos após a independência, foi criada uma nova divisão administrativa em Angola, a província da Lunda, conhecida até então por Henrique de carvalho a qual veio, posteriormente, a ser dividida entre Lunda Norte e Lunda sul. A província do 162 Bengo foi criada em 26 de Abril de 1980 a partir da desagregação província de Luanda. Com base na observação sistemática, feita a partir da ficha individual de cada aluno da 9ª classe, foi possível saber a proveniência da população discente do Instituto Garcia Neto. A população discente com a 9ªclasse matriculada no Instituto Garcia Neto, de Luanda, nos períodos de 1978, 1979, 1981, 1991, caracteriza-se por uma heterogeneidade no que respeita a sua origem geográfica. Os resultados correspondem ao número de discentes nestes períodos da nossa análise como mostra o quadro 36,abaixo. Quadro nº36: Origem da população discente do Instituto Garcia Neto Província e Países 1978 Bengo 1979 1981 1991 Total % 2 3 2 7 3,53 4 10 5,05 Benguela 4 2 Bié 1 2 3 1,51 Cabinda 1 4 5 2,52 Huambo 2 1 3 1,05 Huíla 1 2 3 1,05 1 0,5 1 Cuando – Cubango Cuanza Sul 4 Cuanza Norte Luanda 26 Lunda Norte 1 2 5 2 13 6,56 1 6 3 10 5,05 16 25 22 89 44,94 1 0,05 2 1,01 18 9,09 1 0,05 2 2 1,01 3 3 13 6,56 1 2 7 3,53 3 1,51 1 0,05 1 0,05 3 1,51 1 Lunda Sul Malanje 10 Moxico 1 5 3 Namíbe Uíge 5 Zaire 4 2 Cabo Verde 1 Guiné-Bissau 1 1 2 Guiné Konakry 1 Portugal 1 S. Tomé e Princípe 1 1 0,05 Zaíre (República) 1 1 0,05 Total 61 198 100 1 1 34 58 45 Fonte: AIGN, Fichas individuais dos alunos inscritos nos anos indicados. 163 Verificando – se uma maior incidência dos alunos procedentes das províncias de Luanda 44,94% e Malanje 9,09%. A província de Luanda, a capital da República de Angola, foi onde se registou a modalidade mais alta da frequência da população discente captada entre os Angolanos. Durante o período em análise registou-se a presença de 3,22% de alunos estrangeiros, em que Cabo Verde e Portugal foram os países com maior número de alunos. Podemos afirmar que, o facto de se garantir condições de segurança de vida ao cidadão, num período de transformações políticas, económicas, e sociais e da agudização da instabilidade político - militar, levou à migração da população para pontos geográficos de Angola onde a guerra não se registou com grande intensidade, principalmente em algumas capitais províncias localizadas na faixa litoral, entre as quais a de Luanda. A média das províncias de origem dos discentes foi de 8,60% dos alunos com a 9ª classe no Instituto Garcia Neto de Luanda. 5.1. Actividade Profissional dos Pais e Encarregados de Educação A classificação profissional dos pais e encarregados de educação dos discentes com a 9ª classe no Instituto Garcia Neto (IGN) foram agrupadas segundo os grandes sectores da actividade económica, divididas pelos ramos de desenvolvimento económico e social conforme gráfico nº3. Gráfico nº 3: Repartição das profissões por sectores de actividade económica 250 213 200 150 100 50 23 22 5 0 Sector Primário Sector Secundário Sector Terciário Fonte: AIGN, Fichas individuais dos alunos.1978,1979,1981,1991. 164 Actividades Desconhecidas A classificação profissional segundo os grandes sectores da actividade económica, divididos por subsectores e repartidos entre Pai e Mãe, leva-nos a dizer que o sector Primário (12,29%) representa o maior número de pais se comparamos os 5,67% das mães em relação ao valor global. O Sector Secundário 13,11% pais e 4,25% mães. O Sector Terciário 70,49%,e 90,07%, representaram os pais e mães, respectivamente, verificados valores mais altos em relação aos outros sectores económicos. Em relação às Actividades Desconhecidas 4,1% não são identificadas as profissões dos pais pelo simples facto de os campos não estarem preenchidos nas fichas. Assim, concluímos que entre os sectores económicos o que mais esteve representado foi o sector terciário que registou o número mais alto de profissões dos pais, mães e encarregados de educação. Numa análise mais desagregada por sectores de actividade económica, podemos constatar o seguinte (cf.anexo5.02): No Sector Primário, o ramo da Agricultura, com 8,36%, é o mais representativo. O Sector Secundário apontou o seguinte ordenamento dos subsectores: Mecânica com 1,90%, Vestuário com 2,66%, O Sector Terciário, os subsectores de Administração e Quadros Superiores com 3,80%, Serviços Públicos e Emprego com 14,06%,Serviços Especializados com 6,46%, Transporte com 4,18%, e Serviço, com 40,68%. Neste caso, podemos dizer que o Subsector de Serviços, em comparação a outras actividades económicas, foi o que mais sobressaiu, devido ao facto de as mães que exerceram a profissão doméstica. Não obstante, o Sector Terciário, no Subsector de Serviços, quando comparado com os sectores, Primário e Secundário revela que as mães domésticas representaram 40,30% e lavadeira 0,38%. Posto isto, é possível afirmar que nos três grandes sectores de actividade económica foi registada a variação de diferentes tipos de profissões. 5.2. Classificação final dos discentes do IGN na 9ª classe, por cohortes62 (1978,1979,1981 e 1991). A avaliação praticada no IGN nos anos lectivos de 1978, 1979, 1981, 1991 a escala de valores da avaliação de aprendizagem na formação de professores foi entre zero (0) e vinte (20) valores. 62 O conjunto de pessoas que vivem o mesmo acontecimento demográfico durante um período considerado, em geral o ano civil e por gerações.(Idem) 165 As classificações registadas foram avaliadas conforme a escala de valores em vigor no sistema educativo angolano na época, a saber: O - 4 – Mau, 5 - 9 – Medíocre, 10 13 – Suficiente, 14 - 17 – Bom, 18 - 20 Muito Bom. A partir dos resultados da pesquisa realizada no Instituto Garcia Neto (IGN) podemos constatar que os alunos que foram avaliados na 9ª classe nos anos do seu ingresso no IGN tiveram as classificações entre os 9 e 18 valores, como mostra o quadro nº 37. Quadro nº 37: Classificações Agrupadas Classificação 1978 1979 1981 1991 Total % 9 3 3 1,78 10 4 4 2,38 11 1 4 5 10 20 11,9 12 2 7 11 12 32 19,04 13 8 8 17 4 37 22,02 14 7 7 10 3 27 16,07 15 17 2 5 2 26 15,47 16 4 3 3 1 11 6,54 17 3 1 2 6 3,57 18 1 1 2 1,19 168 100 Total Fonte: AIGN, Fichas individuais dos alunos. As classificações positivas dos alunos das cohortes de 1978,1979,1981,1991 no final da 9ª classe no Instituto Garcia Neto são apresentadas pelo quadro 38. Quadro nº 38: Classificação da 9ª classe por género no Instituto Garcia Neto Classificação 10 -13 % 14-17 % 18 % Total Homem 52 68,42 23 30,26 1 1,31 76 Mulher 57 58,16 40 40,81 1 1,02 98 Total 174 Fonte: AIGN, Fichas individuais dos alunos. Assim, podemos dizer que durante o período em análise foram registadas positivas na 166 frequência dos anos lectivos indicados, foram apuradas 58,16% das mulheres e 68,42% dos homens, com classificações de 10 a 13 valores. No entanto, os homens tiveram menor representação em relação ao valor global. Na classificação de 14 a17 valores, como podemos observar no quadro nº38, foram apuradas 40,81% das mulheres e 30,26% dos homens. Por último, a classificação de 18 valores foi representada apenas por 1% de ambos os géneros. 5.2.1. Classificação na escala de valores de Bom e Muito - Bom por género e idades Após a análise das fichas individuais dos alunos com a 9ªclasse no Instituto Garcia Neto podemos afirmar que, no período estudado, na faixa etária que vai dos 13 aos 19 anos e na classificação de Bom, as mulheres representam 66,03%, em comparação com os homens que cifram apenas 30,18%. Na classificação de Muito Bom foi de 1% para ambos. Na classificação de Bom, na faixa etária entre os 20 e 29 anos, o total dos homens é de 54,54% e o das mulheres de 45,45%, como indica o quadro nº38. Ou seja, os homens tiveram um ligeiro crescimento em relação as mulheres. Quadro 38: Classificação de Bom e Muito Bom por género e idade Bom Idade Homens M. Bom % Mulheres % Homem % Mulher % Total 1 1,88 1 1,88 53 13-19 16 30,18 35 66,03 20-29 6 54,54 5 45,45 30-39 1 100 11 1 Fonte: AIGN, Fichas individuais dos alunos. Em resumo, segundo as classificações apresentadas, obtidas a partir da observação seguida da ficha individual do aluno com a 9ª classe, foi possível registarmos de 9 a 18 valores os resultados da cohorte do Instituto Garcia Neto. A classificação média dos aprovados homens representa 13,6% e das mulheres a classificação média das aprovadas representa 13,19% Desde o ponto de vista de evolução etária por classificação verificamos que quanto mais cedo for o ingresso melhor é o rendimento escolar. As mulheres mais jovens têm maior rendimento ao passo que os homens conseguem atingir níveis altos por se 167 achar a diferença na variação de idades. As mulheres por elas serem captadas para o cargo da profissão docente e os homens para garantir melhor competência ao exercício de outras profissões. Os homens permanecem ou concluem a formação da classe docente e as mulheres desistem muito cedo logo que atingem a maior idade, pelo facto de se tornarem mães e por muitas das vezes não conseguem conciliar o lar e a escola. 168 CONCLUSÕES A partir do objecto de estudo, do quadro de referência teórica e da linha metodológica seguida apresentamos o campo de análise sistemática do IGN escola de formação de professores do segundo ciclo do ensino secundário em Luanda. Neste âmbito, o trabalho de pesquisa levou-nos a empreender o esforço de passarmos dos factos aos processos de edificar a identidade específica da formação de professores, em Angola, em geral, e no IGN, em particular. António Manuel Garcia Neto foi um eminente patriota da luta antifascista ao lado dos movimentos que lutaram pela liberdade dos povos. A vida do patrono do instituto foi marcada desde muito cedo ainda muito jovem, começou a participar em actividades associativas e académicas e procurou defender a democracia em Angola e Portugal. Por outro lado, como estudante universitário continuou a sua persistência na luta contra a política de Salazar no período do Estado Novo. Foi um independentista nato que dedicou toda sua vida à causa política sendo o seu trabalho reconhecido pelas organizações internacionais em prol dos direitos cívicos e políticos. Em Angola, no sistema educativo herdado do período colonial português a formação de professores era quase insignificante segundo os resultados apresentados durante a nossa pesquisa. Tal situação legou graves problemas educativos, entre eles a falta de professores, para o período em que Angola ascendeu á independência. O sistema político, económico e social, instaurado em 1975, definiu na sua politica educativa (em 1977 e 1978) a prioridade da formação de professores, criando vários cursos no sentido de quantificar e qualificar o pessoal docente. Os cursos tiveram aplicação no IGN, que contribuiu para a formação dos professores do ensino geral de base. Neste contexto, o perfil de saída dos professores formados no Instituto Garcia Neto foi caracterizado por dois tempos distintos: primeiro, no sistema de educação socialista, o professor tinha que possuir um espírito colectivo, livre, uma consciência do papel de vanguarda como promotor da criação de um homem 169 novo, e um activista da transformação, ao nível da superstrutura e das relações sociais. Segundo, no sistema multipartidário (após 1992) tinha de contribuir para a melhoria e qualidade do ensino, ter a capacidade e domínio de conhecimento científico, técnico e pedagógico; dominar os conteúdos programáticos, saber dar melhor utilização dos manuais escolares, saber aplicar as orientações metodológicas e de outros instrumentos relativos à educação e ao ensino nas instituições escolares; reconhecer as problemáticas mais relevantes do mundo, cada vez mais complexos e em rápida mudança; conhecer as perspectivas educacionais que desenvolvem o currículo dos alunos do 1º ciclo do Ensino Secundário. Angola após a independência o novo sistema politico, por intermédio do Ministério da Educação foi criado o currículo de formação profissional docente angolano a partir das escolas de formação de professor seguindo a nova política educacional que passou a ser aplicado a partir de 1978, cujo a sua aplicação teve lugar no IGN. As transformações políticas, económicas e sociais que se operaram ao longo dos anos o currículo sofreram algumas mudanças com aprovação da lei de bases do sistema educativo em 2001. A política de formação de professores em Angola a partir dos anos 60 até 1974 foi caracterizada por várias categorias; professores do posto, professores monitores e professores eventuais. Posteriormente em 1978 passou-se a ter a designação de professores com formação acelerada, professores de formação básica, professores de formação técnica média e de formação superior. No sentido de contribuir para a formação continua dos professores em Angola a comunidade internacional através do Banco Mundial, União Europeia, PNUD, UNESCO, apoiaram a execução de vários projectos de formação de professores. No âmbito da contribuição e cooperação internacional foram formados formadores de ensino a distância no Brasil e Portugal. Para ingressar no curso de formação de professores nos primeiros anos de abertura dos institutos normais era através do processo rigoroso de selectividade e encaminhamento, e mais tarde passou para o regime de exame de aptidão. Angola no sentido de contribuir para o cumprimento das recomendações da mesa redonda Sobre a Educação Para Todos no domínio da formação de 170 professores o Ministério da Educação no período de 1998 a 2005 recrutou cerca de 29184 docentes e capacitou 10000 professores. Para a contribuição na resolução dos problemas ligados à qualidade dos professores formados e às capacidades de desempenho perante a actividade docente educativo foi organizado um plano mestre de formação de professores. A política internacional relacionada com os Objectivos do Desenvolvimento do Milénio o Ministério da Educação mobilizou mais de 29000 professores. O IGN funcionou como um complexo estudantil. Tinha um internato, uma cantina escolar, e uma escola anexa até 1996. Em 1997 o IGN funcionou com salas de aulas em instalações de outras escolas por falta de uma estrutura física pela então ser pertença da igreja católica. Sobre a política educacional ligado ao pessoal docente, o Ministério da Educação nos primeiros anos após a independência adoptou um corpo docente estrangeiro, que trabalhou nos diferentes níveis de ensino em Angola. Nesta plataforma o IGN beneficiou de professores de diversas nacionalidades. O IGN contou com um corpo discente heterogéneo. Durante os 21 anos analisados na pesquisa matricularam-se cerca de 40.913 alunos. No ano lectivo de 1992/1993 funcionou com um núcleo na escola nº7 que foi denominado por escola dos deslocados (alunos refugiados em Luanda por motivo de guerra civil) com cerca de 294 alunos matriculados. A reforma do sistema de ensino em Angola implementada a partir de 2003, veio contribuir para a melhoria do corpo docente, e foi aplicada no IGN, em fase de experimentação, em 2004. Nesta fase da reforma, o Instituto Garcia Neto registou – se a inexistência de material didáctico ou pedagógico para o processo de ensino-aprendizagem. Situação esta agravada pelo facto de, ao longo dos anos lectivos, as salas de aulas estiveram sempre lotadas com o número de 50 alunos acima do estipulado pela legislação pedagógica. Durante o trabalho de pesquisa realizado no IGN foi possível construir uma base de dados, em que a partir dela constatou-se que dos anos seleccionados, a maior parte da população estudantil que frequentou o instituto era constituído por mulheres. Nestes anos os alunos que frequentaram a 9ª classe tinham em média 17 anos de idade. 171 A origem da população discente que frequentou o IGN era heterogénea, representando a província de Luanda e Malange o maior número de alunos. A nível da população discente estrangeira, Portugal foi o país que contribuiu com mais alunos. Durante o trabalho de pesquisa constatou-se que os pais, mães e encarregados de educação dos alunos da 9ªclasse eram de origem profissional diversa, trabalharam nos grandes sectores da economia do país, tais como no sector primário, sector secundário, sector terciário, e sector de actividades desconhecidas. Entre os sectores de actividade económica o que mais se destacou entre pais e encarregados de educação foi o sector de actividade terciária. Os cursos de formação de professores, sejam eles quais forem, passam pela institucionalização no sistema educativo, através da concepção de diplomas legais, a nível nacional, e a sua execução por instituições de formação. O modelo de formação de professores em Angola, segundo a perspectiva do nosso trabalho, destacou a formação do professor em serviço no sentido de contribuir para melhoria da habilidade e qualidade do trabalho do professor. Para além da formação inicial de professores no IGN, abordámos de forma breve a formação em serviço e o seu significado para alguns estudantes da instituição (como o caso dos professores de posto). Todas as reflexões e resultados do nosso trabalho de pesquisa tiveram como intuito compreender como a formação de professores contribuiu para a análise e solução dos problemas educacionais existentes em Angola, a partir do estudo de caso do IGN. Esperamos que este estudo contribua para um melhor conhecimento da formação de professores em Angola e possa vir a ser aprofundado em próximos estudos. 172 FONTES 173 174 FONTES DO ARQUIVO DO IGN ESCOLA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DO 2º CICLO DO ENSINO SECUNDARIO GARCIA NETO.(2009) Fichas Individuais dos Alunos. Luanda. INSTITUTO MÉDIO NORMAL GARCIA NETO.(1985/1986) Relatório Anual. Luanda. INSTITUTO MÉDIO NORMAL GARCIA NETO.(1988/1989) Relatório Anual. Luanda. INSTITUTO MÉDIO NORMAL GARCIA NETO.(1989/1990) Relatório Anual. Luanda. 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DGA/ANTT – Direcção-Geral de Arquivos/Arquivo Nacional Torre do Tombo, PIDE/DGS, Processo nº 30217 DGA/ANTT – Direcção-Geral de Arquivos/Arquivo Nacional Torre do Tombo, PIDE/DGS, DGA/ANTT- Direcção-Geral de Arquivos/Arquivo PIDE/DGS, Processo nº 28241, Livro 142). Nacional Torre do Tombo, Processo nº19773 PIDE/DGS- DGA/ANTT – Direcção-Geral de Arquivos/Arquivo Nacional Torre do Tombo, PIDE/DGS, Processo nº 36910 PIDE/DGS - DGA/ANTT – Direcção-Geral de Arquivos/Arquivo Nacional Torre do Tombo, PIDE/DGS, Arquivo da Universidade de Coimbra: Ficha individual de António Manuel Garcia Neto (certidão obtida em 14 de Julho de 2010). Arquivo da Cadeia do Forte de Peniche: Acta de libertação de António Manuel Garcia Neto (acta obtida em 26 de Fevereiro de 2010). 177 178 BIBLIOGRAFIA 179 180 ANSTEE, Dame Margaret .et al. (2004), Accord. Ed. Conciliation Resources, Chá de Caxinde. Revista nº 15. Londres, Angola. ARROTEIA, Jorge Carvalho. (1998) Demografia Escolar: Teoria e Métodos. 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UNICEF.(2003) Para todas as Crianças, Saúde, Educação, Igualdade, Protecção. Luanda. Angola. 184 185 ANEXOS 186 Anexo 1.01 Protocolo de entrevista dos alunos DADOS DE IDENTIFICAÇAO 1.1. Nome completo 1.2. Data de nascimento 1.3. Naturalidade 1.4. Residência (s) 2.PERCURSO ESCOLAR 2.1.Escola Primária 2.2.Escola Preparatória 2.3.Opção Magistério Primário 2.4.Opção Instituto Médio Normal 2.5. Opção Instituto Superior de Ciências da Educação 3. RELAÇÃO PEDAGÓGICA 3.1.Relação pedagógica ou clima pedagógico uniforme? 3.2.Métodos de ensino padronizado (s)? 3.3. Métodos de ensino diferenciado (s)? 3.3.1. Por professor? 3.3.2. Por disciplina? 3.4. Estrutura e organização das provas de avaliação 3.4.1. Professores da turma ou do Instituto 3.4.2. Destaque pela positiva 3.4.3. Destaque pela negativa. 187 Anexo 1.02 Protocolo de Entrevista dos Professores 1.1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO Nome completo 1.2. Data de nascimento 1.3. Naturalidade 1.4.1.1. Residência (s) 2.HABILITAÇÕES ACADÉMICAS 2.1. Percurso escolar até à licenciatura 2.2. Formação pedagógica para o ensino no instituto 2.3. Onde? 2.4.Como? 2.5. Percurso profissional como professor 188 Anexo 1.03 Protocolo de entrevista dos Directores 1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO 1.1. Nome completo 1.2. Data de nascimento 1.3. Naturalidade 1.4. Residência no edifício do instituto 1.4.1. Qualidade das instalações 1.4.2. Adequada ao funcionamento da família e do instituto? 1.4.3. Vantagens e desvantagens 2. RELAÇÃO COM MEN 2.1. Interlocutores mais directos do Instituto 2.2. Ministros 2.3. Directores gerais do ensino de formação de quadros 3. RELATÓRIOS ANUAIS 3.1. Produziu algum relatório do instituto? 4. RELAÇÕES COM AS OUTRAS ESCOLAS 4.1. Primarias 4.2. Secundárias 189 Anexo 1. 04 Acta de libertação de António Manuel Garcia Neto 190 Anexo 2.01 Figura 11:Esquema dos vários graus de ensino da então província ultramarina Colónia de Angola. Escolas Comerciais e Industriais de Mossâmedes e Nova Lisboa Preparatório Elementar Complementar Cursos Comerciais (L) Metrópole Cursos Superiores 1ºciclo (H) Administração civil Anexo aos liceus Escolas rurais Anexos aos Liceus Preparatório 2ºciclo Complement ar Escolas infantis Classes preparatórias Elementar Complementar Escolas agrícola o pecuárias da Huíla e Benguela Enfermagem Escolas primárias gerais Escolas para os brancos Escolas oficinas Escola normal rural do bailundo Escolas missionarias Anexos aos Liceus Agrimensura Caminhos-deferro Correios e telégrafos Ensino Ensino Ensino Ensino Superior Secundário Técnico Primário FONTE: DIAS. Gastão Sousa. O Ensino Em Angola.1934. Legenda: L) – Luanda, H) – Huíla 191 Ensino Indígena Anexo 2.02: Especialidade de Língua Portuguesa Disciplinas Formação Geral Francês/Inglês Filosofia História Geografia Matemática Informática Educação Física Formação Específica Psicologia do Desenvolviment o e da Aprendizagem Análise Sociológica da Educação e Administração e Gestão Escolar Teoria da Educação e Desenvolviment o Curricular Higiene e Saúde Escolar Formação Pessoal, Social e Deontológica Formação Profissional Língua Portuguesa Literatura Metodologia de Ensino do Português Prática, Seminários e Estágio Pedagógico Formação Facultativa Nº de Hora/ Semana NºDiscip/Sema na Horas Lectivas/Anual 10ª Classe 1º sem 2º sem 11ª Classe 3º sem 4º sem 12ª Classe 5º sem 6º sem 13ª Classe 7º sem 8º sem Total 672 3 3 3 3 3 3 2 2 3 2 2 2 3 128 48 96 80 80 48 192 384 3 3 96 3 3 96 3 3 96 3 48 3 48 2544 9 9 9 9 9 9 9 1008 3 3 3 3 3 3 3 5 6 6 240 320 2 6 6 9 10 22+3 29 30 30 29 25 29 28 25 8 9 8 7 5 5 4 1 944 944 848 848 976 3600 Fonte: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. (2005) Currículo de Formação de Professores do 1º Ciclo do Ensino Secundário.1ª ed. INIDE, Luanda. 192 Anexo 2.03: Especialidade de Francês Disciplinas Formação Geral Língua Portuguesa Inglês Filosofia História Geografia Matemática Informática Educação Física Formação Específica Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem Análise Sociológica da Educação e Administração e Gestão Escolar Teoria da Educação e Desenvolvimento Curricular Higiene e Saúde Escolar Formação Pessoal, Social e Deontológica Formação Profissional Francês Metodologia de Ensino do Francês Prática, Seminários e Estágio Pedagógico Formação Facultativa Nº de Hora/ Semana NºDiscip/Semana Horas Lectivas/Anual 10ª Classe 1º sem 2º sem 11ª Classe 3º sem 4º sem 4 4 4 3 3 2 4 12ª Classe 5º sem 6º sem 4 13ª Classe 7º sem 8º sem 1056 384 4 128 48 96 80 80 48 122 384 3 3 3 3 2 3 2 2 3 2 3 3 2 2 2 Total 2 96 3 3 96 3 3 96 3 48 3 48 2096 8 8 8 4 8 4 8 4 8 4 8 896 256 3 4 6 6 15 22+3 29 30 29 28 27 27 26 25 8 9 8 7 6 6 3 1 944 912 864 816 944 3536 Fonte: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. (2005) Currículo de Formação de Professores do 1º Ciclo do Ensino Secundário.1ª ed. INIDE, Luanda. 193 Anexo 2.04 Especialidade de Inglês Disciplinas Formação Geral Língua Portuguesa Francês Filosofia História Geografia Matemática Informática Educação Física Formação Específica Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 10ª Classe 1º 2º sem sem 11ª Classe 3º 4º sem sem 4 4 4 3 3 2 4 12ª Classe 5º 6º sem sem 4 4 13ª Classe Total 7º 8º sem sem 1056 384 128 48 96 80 80 48 122 384 3 3 3 3 2 3 2 2 3 2 3 3 2 2 2 2 96 Análise Sociológica da Educação e Administração e Gestão Escolar 3 3 96 Teoria da Educação e Desenvolvimento Curricular 3 3 96 Higiene e Saúde Escolar Formação Pessoal, Social e Deontológica Formação Profissional Inglês Metodologia de Ensino do Inglês Prática, Seminários e Estágio Pedagógico Formação Facultativa Nº de Hora/ Semana NºDiscip/Semana Horas Lectivas/Anual 3 48 3 48 2096 8 8 8 4 8 4 8 4 8 4 8 896 256 3 4 6 6 15 22+3 29 30 29 28 27 27 26 25 8 9 8 7 6 6 3 1 944 912 194 864 816 944 3536 Anexo 2.05 Especialidade de Matemática e Física Disciplinas 10ª 11ª 12ª 13ª Total Classe Classe Classe Classe 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º sem sem sem sem sem sem sem sem 656 Formação Geral Língua Portuguesa Francês/Inglês 3 3 3 144 3 3 2 128 Filosofia Química 3 3 48 Geometria Descritiva 3 Informática 3 Educação Física 48 2 2 48 3 2 2 2 2 192 384 Formação Específica Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem Análise Sociológica da Educação e Administração e Gestão Escolar Teoria da Educação e Desenvolvimento Curricular 48 3 3 96 3 3 96 3 3 96 Higiene e Saúde Escolar 3 Formação Pessoal, Social e Deontológica 48 3 195 48 Formação Profissional Física Metodologia de Ensino da Matemática e Física Prática, Seminários e Estágio Pedagógico Formação Facultativa Nº de Hora/ Semana NºDiscip/Semana Horas Lectivas/Anual 2672 8 8 6 3 7 4 6 6 6 6 8 2 4 6 6 15 22+3 976 30 30 30 30 29 29 29 25 7 7 8 7 6 6 4 1 960 960 928 864 4712 Fonte: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. (2005) Currículo de Formação de Professores do 1º Ciclo do Ensino Secundário.1ª ed. INIDE, Luanda. 196 Anexo 2.06 Especialidade de História e Geografia Disciplinas 10ª 11ª 12ª 13ª Classe Total 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º sem sem sem sem sem sem sem sem 688 Formação Geral Língua Portuguesa 3 3 3 144 Francês/Inglês Filosofia Biologia Matemática Informática Educação Física Formação Específica Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem Análise Sociológica da Educação e Administração e Gestão Escolar Teoria da Educação e Desenvolvimento Curricular Higiene e Saúde Escolar Formação Pessoal, Social e Deontológica Formação Profissional História Geografia Metodologia de Ensino da História e Geografia Prática, Seminários e Estágio Pedagógico Formação Facultativa Nº de Horas/ Semana NºDiscip/Semana Horas Lectivas/Anual 128 48 48 48 48 192 384 3 3 3 2 2 3 2 3 3 2 2 2 2 96 3 3 3 96 3 96 3 48 3 48 2592 7 6 7 7 6 6 6 7 7 6 6 7 624 624 3 4 6 6 8 2 5 5 5 15 22+3 25 30 30 30 30 29 29 26 8 8 8 7 6 6 3 960 960 197 928 384 960 1 816 3664 Anexo 2.07 Especialidade de Biologia e Química Disciplinas 13ª Classe Total 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º sem sem sem sem sem sem sem sem 688 Formação Geral Língua Portuguesa 3 3 3 144 Francês/Inglês 128 Filosofia 3 48 Física 3 48 Matemática 3 48 Informática 3 48 Educação Física 2 2 2 2 2 2 192 384 Formação Específica Psicologia do 3 3 96 Desenvolvimento e da Aprendizagem Análise Sociológica da Educação e Administração e Gestão Escolar Teoria da Educação e Desenvolvimento Curricular Higiene e Saúde Escolar Formação Pessoal, Social e Deontológica Formação Profissional Química Biologia Metodologia de Ensino da História e Geografia Prática, Seminários e Estagio Pedagógico Formação Facultativa Nº de Horas/ Semana NºDiscip/Semana Horas Lectivas/Anual 10ª 11ª 12ª 3 3 3 96 3 96 3 48 3 48 2592 6 7 8 8 5 5 2 7 7 4 7 7 5 6 6 6 8 2 4 6 6 15 22+3 25 30 29 30 30 29 29 26 8 7 9 7 6 6 3 944 960 198 944 624 640 368 960 1 916 3664 Anexo 2.08 Especialidade de Educação Visual e Plástica Disciplinas 10ª Classe 11ª Classe 12ª Classe 13ª Classe Total 1º sem 2º sem 3º sem 4º sem 5º sem 6º sem 7º sem 8º sem Formação Geral Língua Portuguesa Francês/Inglês Filosofia Matemática Física História Educação Física Química Informática Formação Específica Historia das Artes Visuais Geometria Descritiva Estética Antropologia Cultural Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem Análise Sociológica da Educação e Administração e Gestão Escolar Teoria da Educação e Desenvolvimento Curricular Higiene e Saúde Escolar Formação Pessoal, Social e Deontológica 688 3 3 3 144 3 3 2 128 48 48 48 3 3 3 2 2 2 3 2 2 2 2 48 192 3 384 3 3 3 3 3 3 3 3 2 2 3 2 3 96 3 3 3 96 3 96 3 48 3 199 48 Formação Profissional Teoria e Pratica do Design Ateliê Processos Tecnológicos Desenho Metodologia de Expressão Plástica e da Educação Visual Prática, Seminários e Estagio Pedagógico Formação Facultativa Nº de Horas/ Semana NºDiscip/Seman a Horas Lectivas/Anual 2592 3 3 3 3 3 3 624 3 3 3 3 2 640 3 3 2 3 3 3 3 3 3 2 2 2 2 2 3 2 6 8 14 22+3 29 28 30 30 30 30 30 25 10 10 10 10 10 10 7 1 912 912 960 880 848 3664 Fonte: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. (2005) Currículo de Formação de Professores do 1º Ciclo do Ensino Secundário.1ª ed. INIDE, Luanda. Anexo 2.09 200 Especialidade de Educação Física Disciplinas Formação Geral Língua Portuguesa Francês/Inglês Matemática Física Química Filosofia Informática Formação Específica Teoria da Educação e Desenvolviment o Curricular Psicologia do Desenvolviment o e da Aprendizagem 10ª Classe 11ª Classe 12ª Classe 13ª Classe Total 1º sem 2º sem 3º sem 4º sem 5º sem 6º sem 7º sem 8º sem 544 3 3 3 144 3 3 2 128 3 3 3 2 3 3 3 História de Educação Física Sociologia do Desporto Formação Pessoal, Social e Deontológica 96 3 Psicologia do Desporto Análise Sociológica da Educação e Administração e Gestão Escolar Anatomia Funcional/ Higiene e Primeiros Socorros Fisiologia Geral e do esforço 80 48 48 48 48 784 3 96 2 2 64 3 3 96 4 3 160 2 201 2 2 2 128 3 48 3 48 3 48 Formação Profissional Atletismo Ginástica Voleibol Basquetebol Andebol Futebol Natação Teoria e Metodologia de Educação Física Prática, Seminários e Estágio Pedagógico Formação Facultativa Nº de Horas/ Semana NºDiscip/Sema na Horas Lectivas/Anual 2144 3 3 3 3 3 2 3 2 3 3 3 3 2 3 3 2 2 3 3 3 5 5 4 7 8 8+2 12+3 4 3 2 2 2 3 3 3 3 29 28 29 29 28 28 23 23 10 10 10 10 9 8 5 4 912 928 896 736 256 256 192 192 112 96 128 208 704 3472 Fonte: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. (2005) Currículo de Formação de Professores do 1º Ciclo do Ensino Secundário.1ª ed. INIDE, Luanda. 202 Anexo 2.10 Plano de Estudo da Formação de Professores Primários Disciplinas Formação Geral Língua Portuguesa 10ª Classe 1º 2º sem sem 4 4 Matemática Física Historia Geografia Biologia Língua Estrangeira 4 3 2 3 2 3 Expressões Informática Filosofia Formação Específica Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 3 Análise Sociológica da Educação e Administração e Gestão Escolar 4 11ª Classe 1º 2º sem sem 4 4 4 4 12ª Classe 1º 2º sem sem 4 3 3 3 3 3 Total 736 704 96 64 192 160 160 224 576 96 3 2 256 3 3 192 Higiene e Saúde Escolar Teoria da Educação e Desenvolvimento Curricular Formação Pessoal, Social e Deontológica 3 13ª Classe 1º 2º sem sem 3 3 3 2 2 203 96 256 2 128 Formação Profissional Metodologia do Ensino de: Língua Portuguesa Matemática Estudo do Meio/Ciências da Natureza Historia e Geografia Expressões Pratica Pedagógica e Seminários Pratica Pedagógica e Seminários NºTotal de Hora/ Semana NºDiscip/Semana Total Horas Anual 2 2 2 192 2 3 2 3 128 192 3 3 5 2 5 192 2 8 2 8 26 192 1664 25 800 30 30 30 30 30 30 26 25 10 10 9 9 10 10 1 1 1920 1920 1920 1632 Fonte: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Currículo de Formação de Professores Primários. 1ª ed. INIDE, Luanda. 204 Anexo 2.11 Plano de Estudo dos Cursos de Formação Acelerada Número Disciplinas Horas semanais 1 Pedagogia 3 60 2 Didáctica geral 3 60 3 Higiene e saúde 2 40 4 Organização escolar 3 60 5 Formação política 3 60 6 Educação física 2 40 7 Português 4 80 8 Matemática 4 80 9 História de Angola 3 60 10 Praticas Pedagógicas 6 120 11 Estudo 8 160 Fonte: PETERSON, Domingos Pedro. O Professor Do Ensino Básico. 2003 205 Horas totais Anexo 2.12 Plano de Estudo do Curso Básico de Formação de Professores Número Semestres Disciplinas Semanas 1 Português 2 Matemática 3 Biologia 4 Física 5 Química 6 Historia 7 Geografia 8 Francês/Ingl ês 9 Educação física 10 Formação Manual e politécnica 11 Educação Visual e Plástica 12 Musica 13 Pedagogia 14 Psicologia 15 Higiene Escolar 16 Metodologia do Português 17 Metodologia de Matemática 18 Metodologia da Ciências Integradas 19 Metodologia de Historia e Geografia 20 Metodologia da Formação Manual e Politécnica 21 Metodologia da Musica 22 Pratica Pedagógica 1 2 3 4 Total 4 5 4 4 3 3 3 3 21 84 105 84 84 63 63 63 63 4 5 4 3 3 3 2 3 16 64 80 64 48 48 48 32 48 4 5 4 4 2 - 21 84 105 84 84 42 - 3 5 3 - 16 48 80 48 - 280 370 232 132 111 243 137 111 2 42 2 32 - - - - 74 2 42 2 32 - - - - 74 2 42 2 32 - - - - 74 1 - 21 - 1 2 16 32 4 6 - 84 126 - 4 4 - 64 64 - 37 163 190 32 - - - - 3 63 3 43 111 - - - - 3 63 3 43 111 - - - - - - 2 32 32 - - - - - - 2 32 32 - - - - - - 1 16 16 - - - - 1 21 - - 21 - - - - - 6 96 Total 96 2664 Fonte: PETERSON, Domingos Pedro. O Professor Do Ensino Básico. 2003 206 Anexo 2.13 Plano de Estudo dos Institutos Normais da Educação Número Disciplina Tronco Comum 2 Matemática/ Física 11º 12º 2 2 2 2 11º 2 2 2 2 10º 3 3 11º 2 2 Língua 3 Estrangeira 3 3 3 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 3 Matemática 5 5 5 5 - - - - 5 5 5 5 - - - 4 5 6 7 Física Química Biologia Geografia 4 3 3 3 4 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 - 4 - 4 - 4 - 5 4 - 5 4 - 5 4 - 8 9 Historia Pedagogia 3 2 3 2 3 2 3 2 5 - 5 - 5 - 5 - - - - - - - - 10 Psicologia - - 2 2 2 2 - - 2 2 - - 2 2 - 11 Economia - - - - - - 2 2 - - 2 2 - - 2 12 13 Filosofia Educação 2 Moral e Cívica Sociologia - 2 - - 2 - 2 - - - 2 - 2 - - - 2 - 2 - - - 2 2 - - - - - - - - - - - Português 2 14 12º Bioquímica 4 1 9º 4 Historia/ Geografia 12º 15 16 Musica Educação Física 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 17 Higiene eSaúde Metodologia do 1º Nível - - - - - 2 2 - - 2 2 - - 2 - - - 4 4 - - 5 5 - - 5 5 - 19 Metodologia do 2º e 3º Níveis - - - - - 6 6 - - 6 6 - - 5 20 Pratica pedagógica do 1º Nível - - - 7 7 - - 6 6 - - 6 6 - 21 Pratica Pedagógica do 2º e 3º Níveis - - - - - 7 7 - - 7 7 - - 6 34 34 34 34 32 32 32 32 32 32 32 32 32 32 18 Total Horas/Semestre 34 Fonte: PETERSON, Domingos Pedro. O Professor Do Ensino Básico. 2003 207 Anexo 4.01 Professores Nacionais e Estrangeiros que leccionaram no ano de 1985/1986 Nacionalidade Nome Habilitações Literárias Sexo Discipilina Nº de Aulas Data de Inicio Data fim de contrato Angolano André Avelino Sacussanda 7º ano M Portugês 24 26.11.85 Colaborador Angolano Kalandja Luabeya M Matemática 25 27.7.80 Angolano Angolano Manuel da F.de V.Pereira 4ºano de Direito M Portugês 23 01.2.83 Angolano Angolano Maria Luisa Dolbeth e Costa Licenciada F Portugês 22 29.09.83 Angolano Angolano M'pindi N'zingangu Licenciado M Ed Física 15 23.09.81 Angolano Angolano Miguel Mendes 5º ano da Faculdade M Higiene Saúde 14 15.10.85 Colaborador Angolano Maria Júlia António 12ª Classe F Met.Linguas e Exp. Plástica 6 Angolano Domingas Pacavira 12ª Classe F Met. M.S.N 4 Angolano Narcíso Damásio dos S. Benedito Licenciado M Psicologia Bulgaro Kiril Lazarov Licenciado M Matemática Bulgaro Avran Natan Licenciado M Física Bulgara Nikonlika Gueorguiva Licenciado F Bulgara Angelina Todorova Licenciada Bulgara Kostadina Petrova Bulgaro Colaboradora Colaboradora 18.11.85 Angolano 18 01.12.81 04.12.86 21 05.04.85 31.08.86 Biologia 14 14.02.85 14.02.86 F Química 25 23.09.85 14.02.86 Licenciado F Pedagogia 21 05.04.85 31.08.87 Anguel Todorov Licenciado M Economia Política 14 30.08.84 30.08.86 Bulgaro Emil Evanov Bonjukliev Licenciado M Filosofia 17 03.12.84 31.08.86 Bulgaro Eristo Lambrev Licenciado M Ed Física 20 31.08.86 31.08.87 Bulgaro Romeo Stefanov Liecenciado/Pedagogia M Metodologia 20 23.10.81 31.08.85 Bulgaro Peter Dimitrov Valtchinov Licenciado M Ed Física 20 24.05.83 29.11.85 Bulgara Valentina Tchodrova F M.P.P 7 17.12.85 17.12.86 Britânica Cristine Alicia Murphy Licenciado F Inglês 6 18.09.84 04.08.86 Britânico Willian Elder Reed Licenciado M Inglês 6 05.11.85 05.11.86 Checoslovaco Yanka Oterova Drª em Pedagogia F Didáctica Geral 16 01.09.83 01.09.85 Cubano Maracelina Calle Perez Licenciada F Matemática 18 16.11.85 1987 Cubano Rolando Diaz Licenciado M Matemática 20 Cubano Eugénio Fernudz Licenciado M Física 21 Cubano Luiz Mendaro Licenciado M Física 14 15.09.84 15.09.86 Cubano Luiz Filipe Licenciado M Biologia 24 Cubano Glória Gomes Licenciada F Biologia 25 Cubano Raisa Casilla Licenciada F Biologia 14 17.03.86 1987 Cubano Madelaine del Rosário Pazo Licenciada F Química 21 Cubano Modesto Lemos Licenciado M Química 16 16.11.85 1987 Cubano Eloy Allemas Licenciado M Química 14 15.09.84 15.09.84 Cubano Carmen Palacios Licenciada F História 21 17.03.86 1987 Cubano Magalis Mestre Licenciada F História 21 16.11.85 1987 Cubano Regla Fernandez Abreu Licenciada F História 16 10.08.82 10.08.86 Cubano Jorge Diego Fernandez Atabay Licenciado M História 16 16.11.85 1987 Cubano Miguel Dias Arrazeaeta Licenciado M Geografia 21 15.10.84 1986 Cubano Agustin Irojosa Licenciado M Geografia a) 17.03.86 1987 Cubano Le Ysi Darson Castello Licenciado M Geografia 14 a) a) Cubano Carlos Rodriguez Fernandez Licenciado M Geografia 14 1984 1986 Cubano Marta Barela Entenza Licenciada F Pedagogia 18 Cubano Holeidys Yanes Sterling Licenciada F Psicologia e P.P 13 17.03.86 1987 Congolês Babels Nestor Licenciado M Inglês 24 21.08.83 21.08.87 Congolês Paulo M'buasa Licenciado M Matemática 20 05.01.81 05.08.87 Congolês Ondele Leonarad Licenciado M Física 12 05.01.81 05.08.87 Congolês Jean Pierre Bemba Licenciado M Francês 16 05.08.85 05.08.87 Congolês Assounga Bernard Licenciado M Francês 24 20.09.85 05.08.87 Alemã (RDA) Than Frank Drª em Pedagogia F Pedagogia e Psicologia Escolar 2 Portuguesa Maria da Conceição Alvim de Faria Magistério F Portugês 25 01.01.83 30.10.86 Portuguesa Maria Júlia de Oliveira Magisterio e Pedagogia F Metodologia 20 27.02.84 30.10.86 Zairense Kawene A'ntach Licenciada F Psicologia e P.P 24 12.08.85 Situação de angolano Legenda: M.P.P= Metodologia e Prática Pedagógica P.P= Prática Pedagógica Obs. a) Não constou nas guias os dados 208 Colaboradora Anexo 4.02 Professores nacionais e estrangeiros e disciplinas no ano lectivo de 1991/1992 Nacionalidade Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Angolano Nome Ana Manuel S. Gomes Ana Afonso Acacío Salvador Adão Muginga Apolonia E.R.Gomes Aurélio Ukuamba Adriano Meireles António N.R. Pitra António F.S.Cristóvão Afonso Martins Agostinho Dumbo Adão Alexandre Bernardo V. António Candido B.B. Ferreira Domingos M. Lemos Doroteia D'Assunção Eduardo V. Cassinada Elvira Macedo Francisco Dambo Francisco Lucau Fernabda Vigário Francisco M. Conceição Gaspar A.Manuel Hernâni Lucío Gonçalves Isabel C. Comba Júlia B.G. de Melin Júlia Almeida João da Silva João C. Canoquena João M.V. da Silva Joaquim J. Sucure João A. Baltazar Luisa F. M. Araújo Leonel M. Chitazo Luís Gonçalves Maria J. L.S. Santos Mario P.S.M. Queíros Mpindi Zingangu Mária A. A. Santos Madalena G.A. Silva Marcelino Kangandjo Maria A. M. de Abel Maria E. Mucuanjala Maria da Conceição Saraiva Maria F. da Costa Mário da Silva Maria M. C. Baião Sebastião S. Mabilama Mário O.J. Fortunato David I. Doroteia Miguel C. Lembo Garcia Lopes João Soki João Pinzi Georgina António V. da Costa Carlos B. Martins Lopo Fortunato Diogo Cortéx Ramiro J. de Araújo Santos Maconda Mbuta Habilitações Licenciada Licenciada Bacharel Licenciado Bacharel Bacharel Bacharel Bacharel Técnico Médio Bacharel Licenciado Licenciado Licenciado Licenciado Bacharel Bacharel Bacharel Bacharel Licenciado Bacharel Bacharel Bacharel Técnico Médio Bacharel Bacharel Bacharel Bacharel Técnico Médio Técnico Médio Bacharel Eng/Ge. Técnico Médio Licenciada Bacharel Técnico Médio Bacharel Bacharel Licenciado Licenciado Bacharel Licenciado Técnico Médio Licenciado Bacharel Bacharel Bacharel Licenciada Bacharel b) Licenciado Bacharel Licenciado Anos de serviço 17 12 17 22 8 11 15 18 8 9 20 14 10 10 15 16 23 9 13 10 23 30 4 10 6 4 16 10 8 24 17 10 24 17 6 20 9 23 16 11 11 3 4 15 4 9 11 Bacharel Bacharel Bacharel Licenciado 12 209 Disciplina que lecciona Biologia Metodologia História Pedagogia Metodologia e P.P História Física Higiene e Saúde Inglês História Inglês Inglês Pedagogia Metodologia do 1ºnível Biologia História Psicologia Biologia Química Metodologia e P.P Química Educação Física Portugês Psicologia Psicologia Pedagogia Educação Física Inglês Física Física Educação Física Metodalogia do 1º nível Química Educação Física Psicologia História Educação Física Inglês Inglês Música Pedagogia Praticas pedagógicas Química Geografia Práticas pedagógicas Matemática Biologia Física. Matemática Francês História Física Geografia Química Portugês Matemática Psicologia Matemática Especialidade Biologia Pedagogia História Pedagogia História História Física Medicina Inglês História Inglês Inglês Filosofia Pedagogia Pedagogia Biologia História Psicologia Biologia Química Geografia Química Educação Física Língua Portuguesa Psicologia Psicologia Pedagogia Educação Física Português/Inglês Física Eng/Ge. Educação Física Pedagogia Química Educação Física Psicologia História Educação Física Inglês Pedagogia Inglês Pré.Escolar Filosofia Pedagogia Química Psicologia Pedagogia Matemática Medicina Fototo Física. História Física Geografia Química Matemática Psicologia Matemática Regime Integral Colaboradora integral Efectivo Colaboradora Integral Colaborador Colaborador Efectivo Integral Integral Integral Integral Efectivo Integral Integral Efectivo Colaboradora Integral Integral Colaborador Integral Colaborador Integral Efectivo Efectivo Colaborador Colaboradr Colaborador Integral Colaborador Efectivo Integral Integral Colaborador Colaborador Efectivo Integral Efectivo Colaboradora Efectivo Colaborador Efectivo Efectivo Integral Integral Efectivo Integral Integral Colaborador Integral Efectivo Efectivo Efectivo Efectivo Colaborador Colaborador Colaboarador Alemão Alemão Alemão Alemão Bulgaro Bulgaro Bulgaro Bulgaro Bulgaro Bulgaro Bulgaro Bulgaro Bulgaro Congolês Congolês Congolês Congolês Congolês Congolês Cabo Verde Espanhola Francês Português Português Português Português Português Português Zairense Olaf Hypius Gerhars F.J.Her Karl H. Dolbe Klaus D.G. Wille Diana T. Alexandrov Donka A. Savova Evgenia K. Velova Hia A. Tchovdorov Ivanka M. Itchova Jordanin I. Jordank Karuna M. Suzanova Kiril G. Kirov Svatela Videnova Batoumuini J. Ansel Yirika Jacques Fello Gabriel Babela Nestor Maposso B.M.G. Pere Jean Pierre Bemba Isabel G.D.Furtado Maria Dólares Beree Campos Philipe Júlio Santos Avelino V.V. Bicho Maria Júlia de Oliveira Maria Fernada Branco Maria Rosário Silva Álvaro Candeias Kepwishi Mbumba Dr. Licenciado Dr. Dr. Licenciada Licenciada Licenciada Licenciada Licenciada Licenciada Licenciada Licenciada Licenciada Licenciado a) Licenciado a) Licenciada a) Licenciado a) Licenciado a) Licenciado a) Bacharel Licenciada Licenciado a) a) Técnico Médio Bacharel a) a) Bacharel Matemática Física Matemática Física 22 23 18 19 18 15 24 20 19 16 19 13 20 27 19 11 16 2 31 24 14 12 Biologia Puer. Matemática Matemática Metodologia Matemática Geografia Química Francês Francês Francês Inglês Francês Francês Psicologia Didáctica Francês Portugês Portugês Práticas pedagógicas Psicologia Metodologia e P.P Portugês Inglês Matemática Matemática/Física Matemática Metodologia de Física Geografia Biologia Pedagogia Matemática Matemática Química Matemática Geografia Química Francês Francês Francês Inglês Francês Francês Psicologia Filosofia Francês Português Psicologia Inglês Integral Integral Integral Integral Integral Integral Efectivo Efectivo Efectivo Integral Efectivo Efectivo Integral Efectivo Integral Efectivo Efectivo Integral Efectivo Efectivo Efectivo Efectivo Efectivo Efectivo Efectivo Colaborador Efectivo Legenda: P.P – Práticas Pedagógicas a) Dados não confirmados em virtude dos professores congoleses e portugueses não terem os seus processos constituídos no Gabinete de Intercâmbio Internacional e não possuírem qualquer fotocópia. b) Angolana frequentava o 3ºano. Fonte: AIGN, 1991/1992 210 Anexo 4.03 Dados da entrevista a Maria Imaculada Soares Courado, aluna do IGN (1979-1984) Nasceu no dia 2 de Setembro de 1955, na província de Malanje, casada, residente em Luanda. Começou os estudos primários na província de Malanje, onde estudou a 1ª classe atrasada aos 7 anos de idade e a 1ª classe adiantada em Luanda aos 8 anos na ex escola nº8. A 2ª e 4ª classe foram estudadas na província de Menongue (ensino primário). A 5ªe 6ª classe (ensino preparatório) na escola Marquês do Pombal em Malanje em 1970, (este percurso foi realizado enquanto os pais cumpriam missões de serviço). No mesmo ano matriculou-se na escola de formação de professores do posto em regime de internato, concluiu em 1973. Seis anos depois, no ano lectivo 1979/1980, matriculou-se no Instituto Garcia Neto IGN na especialidade de História / Geografia e terminou em 1984. Em 1986 frequentou o ISCED (Instituto Superior de Ciências da Educação) no curso de História e concluiu a formação superior em História em 1992. Trabalhadora do Ministério da educação MED exercer a função de Directora Nacional do Gabinete de Intercâmbio Internacional. Os professores estabeleciam um clima de trabalho pedagógico uniformizado, era muito organizativo, o ano lectivo começava na nona classe sem nenhuma dificuldade. Os professores leccionavam as disciplinas utilizando métodos diferenciados no seu trabalho. A avaliação era feita individual, a partir de provas elaboradas pelos professores do instituto, as práticas pedagógicas foram realizadas na escola anexa ao instituto, os alunos eram avaliados por um júri. Foi marcada pela positiva quando frequentou a 12ª classe no 1º semestre pela professora Cármen (cubana), que leccionou a disciplina de matemática por fazer ultrapassar as dificuldades dos alunos, e tirou – se classificações que 211 foram entre os 18 e 19 valores, o que nunca se registou nos anos anteriores. Pela negativa a falta de compreensão por parte dos alunos das disciplinas leccionadas por professores estrangeiros que tinham problemas de comunicação ao transmitir os conteúdos por não dominarem a língua portuguesa. Por exemplo, no caso do professor de Matemática e Física (professor Jesus), que marcou uma tarefa para casa que não foi feita, em virtude da dificuldade dos alunos em entenderem o que era pretendido pelo professor. Por falta de compreensão da Língua Portuguesa por parte deste não conseguiu esclarecer e em vez de o fazer, chamou a atenção dos alunos e o delegado de turma foi posto para fora da sala de aulas por defender os colegas. Situação que foi repreendida pelo então director Assunção Estêvão. (Entrevista realizada dia 20 – 05 – 2010). 212 Anexo 4. 04 Dados da entrevista a Hernâni Lúcio Silvestre Gonçalves, ex-professor do IGN. Nasceu no dia 30 de Abril de 1962 no município do Rangel (ex terra nova) província de Luanda, residente em Luanda. Foi aluno do Instituto Normal de Educação Garcia Neto, pertenceu a 2ª geração na especialidade de Língua Portuguesa. Durante a sua vida estudantil teve professores de várias nacionalidades, e foi marcado especialmente pelos cubanos, portugueses, búlgaros (por exemplo o Dr. Avelino Bicho-português, Madalena e Rafael-cubanos, Drª. Zoia e Senejana-Búlgaras.) Começou com a profissão de professor na escola Mutu Ya Kevela (ex Liceu – Salvador Correia) foi técnico médio de língua Portuguesa (pertenceu ao primeiro grupo da República Popular de Angola de técnicos médios formados em língua portuguesa) e professor da disciplina de Português. Posteriormente beneficiou de uma formação em Braga, Portugal onde frequentou durante 2 (dois) anos a formação em linguística portuguesa. Em 1987 foi requisitado para trabalhar no Instituto Normal de Educação Garcia Neto, onde exerceu o cargo de coordenador de disciplina de Língua Portuguesa. Trabalhou com alguns cooperantes portugueses especialistas em áreas afins equiparados como técnicos médios que leccionavam a disciplina de português. No ano lectivo de 1992, foi nomeado para exercer o cargo de sub- director pedagógico do Instituto Normal de Educação Garcia Neto e coordenador das práticas pedagógicas. Em 1995 terminou a formação superior em ciências geológicas na Faculdade de Ciências. Neste mesmo ano o Instituto Normal de Educação foi dividido em 3 (três) núcleos devido ao afluxo de alunos, que se deslocavam das diversas províncias para a capital em busca de refúgio e as escolas começaram a encher a nível de Luanda. Os núcleos formados era o núcleo do município de Viana e apoiava as zonas de Catete, dos km 40 e 30, 213 etc. O núcleo do município de Cacuaco apoiava as zonas do Bengo, Panguila, e o de Luanda apoiava as zonas de Benfica, Ramiro, Morro Bento, Barra do Cuanza etc, que serviam de apoio as regiões mais afastadas da cidade de Luanda. O professor Hernâni Lúcio Silvestre Gonçalves, foi nomeado em 1995, director do núcleo 3 (três) do Instituto Normal de Educação Garcia Neto foi também chamado por INE da FAPA, em virtude de as suas instalações estarem localizadas próximo da Força Área Popular de Angola junto ao aeroporto. Mais tarde, passou a chamar-se INE 22 de Novembro. Todos os núcleos formados tiveram como objectivo a formação de professores para a instrução primária. (Entrevista realizada dia 19 – 05 – 2010). 214 Anexo 4.05 Dados da entrevista a Narciso Damásio dos Santos Benedito, ex-director do IGN. Foi director entre 1985/1988, natural da Província da Lunda, nascido a 30 de Setembro de 1957, casado. Fez a formação primária e secundaria na Província da então Lunda (actualmente Lunda Norte) e a formação Universitária foi na província da Huíla no ISCED (Instituto Superior de Ciências da Educação) do Lubango. Licenciado em psicologia no ano de 1984 logo após terminada a formação superior foi, indicado para exercer o cargo de director do Instituto Normal de Educação Garcia Neto. Doutorado em psicologia das organizações do trabalho pela Universidade do Minho em Portugal e Vice – Ministro da Educação para a área técnica profissional e de formação de quadros. (Entrevista realizada dia 18-05- 2010). 215 Anexo 4.06 Dados da entrevista a Paulo dos Santos Júnior, ex-director do IGN. Foi director no ano de 1989/1990, nasceu no dia 12 de Junho de 1952 na província do Uíge, residente em Luanda. Fez os estudos primários e secundários na província do Uíge. Foi quadro da educação desde 1972. No período colonial tinha como habilitações literárias o 7ºano e era professor do posto na escola do Lucala e em 1973/1974 foi nomeado professor de ensino secundário das disciplinas de língua portuguesa e história. Mais tarde em 1979 apôs a independência de Angola foi transferido para a província da Huíla no Lubango onde frequentou e concluiu o ISCED (Instituto Superior de Ciências da Educação) Licenciado em história. Em 1985/ 1989 foi director do INE e PUNV da província do Namíbe. Possuir habilitações literárias o mestrado em problemas e estratégias e desenvolvimento do ISCTE (Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa) no centro de estudos africanos em Lisboa, Portugal. Em 2002 foi nomeado para exercer o cargo de director do planeamento do MINARS (Ministério de Apoio a Reinserção Social) cargo que exerceu até 2009. Em 2010 foi jubilado (aposentado) a seu pedido. A instituição não tinha residência para o director. Não seria vantajoso o director residir no instituto do ponto de vista profissional. Os sues interlocutores directos era o director pedagógico, director administrativo e os coordenadores de curso. Durante seu exercício produziu alguns documentos (informações, relatório anual e um termo de entrega de pastas). Estabeleceu relações com a direcção da escola anexa no sentido de organizar o trabalho pedagógico ligado a prática pedagógica. (Entrevista realizada dia 15 – 05-2010). 216 Anexo 4.07 Dados da entrevista a Álvaro Aldemiro, director do IGN. Foi nasceu no dia 6 de Setembro de 1955, natural de Kibocoio município do sombo, província do Uíge, casado pai de 5 filhos, Residente em Luanda. Fez os estudos primários em Quichassa na república do Congo ex Zaire na escola protestante na igreja baptista de 1963 a 1969; a escola secundária de 1969 a 1975. Em 1977 trabalhou como professor do 2ºnivel naescola Che - Guevara de Luanda e na faculdade de ciências no laboratório, onde começou os estudos de formação superior até ao 3ºano e mais tarde de 1985 a 1991 foi para a URSS em Moldávia na faculdade de ciências físicas e matemáticas onde concluiu. Em 1992 começou trabalhar no Instituto Médio Normal Garcia Neto como professor das disciplinas de matemática, física, metodologia, didáctica especial e prática pedagógica. Em Setembro de 2007 foi nomeado para o cargo de director da Escola de Formação de Professores do 2º Ciclo do Ensino Secundário nº3031 Garcia Neto cargo que exerce até ao presente momento. As instalações funcionarem em boas condições de trabalho adequadas a organização pedagógica, ao possuir 3 laboratórios, 15 salas de aulas uma cantina, um pátio, 1 biblioteca e outras áreas. O instituto tinha como interlocutores directos os directores, pedagógico, administrativo e no sentido vertical com o director provincial de educação e o director nacional de formação de quadros de ensino do ministério da educação. Foram elaborados alguns relatórios de fim de exercício lectivo dos anos de 2008 e 2009. Estabelecem relações com as escolas anexas do ensino primário e secundário para a realização de estágios e das práticas pedagógicas. (Entrevista realizada dia 21 05- 2010). 217