BARÃO COMISSÁRIA DE CAFÉ LTDA
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SAFRA 15/16 – DURO
NOTÍCIAS:
CAFÉ: MAIOR PORCENTAGEM DE GRÃOS MIÚDOS PODE REDUZIR PRODUTIVIDADE
Apesar do clima favorável ao avanço da colheita em regiões produtoras de café arábica, o
tamanho dos grãos traz temores quanto a uma redução da produtividade das lavouras. Os
trabalhos ganharam ritmo nas últimas semanas, mas permanecem atrasados nas principais
regiões produtoras. Com mais da metade dos trabalhos no campo concluídos, segundo o
Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP), tanto produtores
quanto comerciantes já falam em uma menor disponibilidade de grãos maiores, de peneira
17/18, no caso da variedade arábica, e de peneira 13 acima, para o café robusta.
"Tivemos temperaturas muito altas no início do ano, o que fez com que a florada acontecesse
em épocas diferentes. Isso mudou o tamanho dos grãos", afirmou Carlos Alberto Paulino da
Costa, presidente da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), de Minas
Gerais. Além disso, a estiagem afetou o desenvolvimento das plantas. Com cafés miúdos, é
preciso um maior número de grãos para encher uma saca e isso, por fim, reduz a
produtividade das lavouras. "Para a nossa cooperativa, este fato não vai afetar tanto a
quantidade produzida, pois nós abrimos muitas áreas novas, que devem compensar a perda
(de produtividade) na área tradicional", explicou Costa.
O cenário se repete no Cerrado de Minas Gerais. Segundo dados da Cooperativa dos
Cafeicultores do Cerrado (Expocaccer), na região de Patrocínio, os grãos também estão
menores e é preciso cerca de 20% a 30% mais de café para completar uma saca. Desta forma,
a cooperativa estima produção de 25% a 30% menor do que a do ano passado. "Com o
veranico de janeiro, os grãos não se formaram totalmente, estão mais leves e com qualidade
inferior", afirmou o trader da Expocaccer Joel de Souza Borges.
Para a exportadora Comexim, no entanto, o que há até o momento é apenas um atraso na
oferta de cafés novos, afirmou o trader Mauricio di Cunto. "Realmente a safra atrasou e as
peneiras estão em cerca de 10% a 15% menores, mas nossa estimativa ainda é de uma safra de
49,6 milhões de sacas." A exportadora deve revisar sua projeção no fim do mês de agosto.
No caso da variedade conilon (robusta), cuja colheita já foi concluída, a situação é similar. A
Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel (Cooabriel) estima quebra em torno de
40% na região noroeste do Estado do Espírito Santo. O gerente-geral da cooperativa, Edmilson
Calegari, explica que vários fatores tiveram impacto negativo na produção. "O inverno do ano
passado foi rigoroso e tivemos muito frio na época da florada, que não pegou bem. Além disso,
em algumas áreas, houve um ataque intenso de cochonilha, inseto que fura o grão e suga seu
líquido, causando a queda dos grãos, e isso derrubou muito café", afirmou. Por fim, em virtude
de uma forte estiagem no início deste ano, Calegari explica que os grãos não foram muito bem
formados, o café ficou mais miúdo.
Para o produtor, a maior quantidade de grãos miúdos traz, ainda, dificuldade na
comercialização do café e uma pressão sobre os preços pagos pelo produto. Segundo Costa, da
Cooxupé, até o momento cerca de 20% da produção é de café peneira 17/18. "Normalmente,
essa porcentagem é de 27% a 30%", explicou. "Isso cria um problema sério, porque as
empresas, especialmente as internacionais, querem peneira 17/18, que segundo eles dá um
paladar melhor, e não vai ter a quantidade que eles querem desse café, eles vão ter que
abaixar o nível do que pedem."
No Cerrado, cerca de 10% da produção é de peneira 17/18 nesta temporada, enquanto a
média das outras safras fica entre 25% e 30%. "Isso vai alastrar o diferencial para os cafés mais
graúdos, que vão ter um ágio maior", avaliou o trader Joel de Souza Borges, da Expocaccer.
Di Cunto, da Comexim, confirma essa visão e afirma que a maior proporção de miúdos traz um
problema para os compradores que costumam comprar café 17/18. "O cliente vai ter que
pagar um prêmio mais elevado para ter esses grãos maiores." No entanto, ele afirma que isso
não tem um impacto importante na comercialização dos grãos. Por outro lado, deve haver
redução dos preços pagos pelos grãos miúdos. "Quando não há um porcentual elevado de
grãos graúdos e o grão é menor, somos obrigados a pagar um pouco menos pelo café", explica
o trader.
A produção do conilon também apresenta peneiras menores, mas Calegari afirma que a maior
porcentagem de grãos miúdos não deve afetar produtores da Cooabriel, que costumam
vender o café para compradores do mercado interno. No caso do café conilon, a safra costuma
apresentar entre 92% e 93% de grãos de peneira 13 acima, mas, neste ano, apenas 80% da
produção alcançou essa classificação. "No mercado interno, as empresas aceitam o café do
jeito que está, mas, para exportação, há um problema maior", conta ele.
Colheita atrasada
Em agosto, o tempo seco permitiu o avanço da colheita do arábica e fez com que os
produtores reduzissem o atraso em relação ao ritmo de retirada dos grãos no ano passado.
"Por enquanto o clima é bom e não temos problemas, mas haverá preocupação se começar a
chover", contou Costa, da Cooxupé. Segundo ele, a colheita deve se estender até o fim de
agosto ou início de setembro, os atrasos aumentam os riscos de chuvas durante a secagem dos
grãos. "Se o café tomar chuva no terreiro, perde a qualidade porque há uma fermentação, o
grão precisa ter até 12% de umidade para armazenar".
Segundo dados da cooperativa, a colheita alcançava 53,43% da produção até o último dia 1º,
avanço de 11,86 pontos porcentuais em relação à semana anterior. Entretanto, na
comparação com o mesmo período do ano passado, quando 71,01% da produção havia sido
colhida, os trabalhos desta safra estão bem atrasados. Com esse ritmo, a expectativa é de que
os trabalhos no campo se estendam até o fim de setembro.
Na região do cerrado mineiro, a colheita está cerca de 30 dias atrasada. Até o fim da semana
passada, os trabalhos alcançavam de 45% a 50% da área. "Tivemos florada em épocas
diferentes e isso desigualou o desenvolvimento dos grãos. Em algumas das plantas, têm grãos
já secos e alguns ainda verdes", afirmou Joel de Souza Borges, da Expocaccer. Segundo ele,
este foi o principal fator que levou ao atraso. Entretanto, o trader afirma que as entregas estão
ocorrendo dentro da normalidade.
Comercialização mais lenta e remuneração menor
Além do atraso na chegada dos cafés da safra nova, Mauricio di Cunto afirma que o mercado
físico está lento, sem acordos entre compradores e produtores. "O que tem ajudado são os
picos de alta do dólar, quando a gente consegue pagar um preço melhor ao produtor e
conseguimos efetivamente comprar alguma coisa."
Carlos Alberto Paulino da Costa, da Cooxupé, confirma que a comercialização está mais lenta
nesta temporada. "Se o preço está bom, o produtor antecipa a venda, mas se o valor está
pouco remunerador, ele faz o que puder para não vender", explica ele. "O preço não está
muito baixo, mas também não está remunerando bem, está no limite", disse Paulino.
No cerrado, a situação é diferente. Segundo Joel de Souza Borges, da Expocaccer, os
produtores da região costumam fechar negócios antecipados e agora entregam lotes que já
foram vendidos. "O valor pelo qual os acordos foram fechados, de cerca de R$ 400 a saca,
cobre o custo, mas não dá aquela rentabilidade que o produtor esperava", afirmou o trader.
Apesar de os preços não estarem baixos, se comparados aos verificados na mesma época do
ano passado, os cafeicultores alertam que os custos de produção aumentaram. "O custo da
energia elétrica subiu quase 55% aqui no Estado de Minas Gerais, e é preciso usar muita
energia na secagem do café. Os fertilizantes e defensivos subiram quase 20% por causa do
dólar", explicou Paulino.
No Espírito Santo, a Cooabriel estima que o custo, considerando uma produtividade de 60
sacas por hectare, foi de R$ 230 a saca nesta temporada, muito acima dos R$ 160/saca do ano
passado. "A renda diminuiu, mas ainda está remunerando o produtor. Isso considerando a
hipótese das 60 sacas por hectare, mas a média do Estado foi menor, então o custo por saca é
ainda maior", afirma Calegari. Mesmo com a menor remuneração, quase toda a produção já
foi comercializada, com 740 mil sacas vendidas até 30 de julho, de um total de 780 mil sacas.
"A maioria dos produtores tinha compromisso e teve que pagar, não tem como segurar os
estoques", disse.
Fonte: Agência Estado
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