O Triângulo Mineiro Carlos Eduardo Paulino Renato da Silva Pereira Nascido em solo mineiro, entre as serras da Barcaça e a da Canastra, o rio Paranaíba é o primeiro tributário do Paraná, tendo importância ímpar para a região que banha. Típico rio de planalto separa as serras mineiras (Barcaça, Canastra e Veríssimo) dos chapadões e serras goianas (Caiapó, Divisões, Pirineus e Chapada da Contagem), formando um dos vales mais importantes para nossa economia, tanto que seu trecho em quedas nos permitiu a construção de três grandes hidrelétricas – São Simão, Itumbiara e Emborcação – que abastecem, entre outras, as cidades de Uberlândia, Uberaba, Belo Horizonte, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Goiânia e Brasília, o que por si só, poderia encerrar este artigo, mas o rio é mais que isso. Em seu vale temos intensa atividade mineral, com a extração do chumbo, do zinco, do diamante, do fosfato e do titânio, o que contribui muito para a industrialização dos estados de Goiás e Minas Gerais, sobretudo no que explica a presença das indústrias siderúrgicas, metalúrgicas, automobilística e de máquinas e implementos agrícolas, no entanto, a natureza, cobra por essa exploração, por ser região diamantífera e possuir muitos garimpos, temos poluição nos recursos hídricos agravados pelo fato da região ser apontada como de riscos de erosão de forte a muito forte. O fato de existir revolvimento constante nos sedimentos dos rios Corumbá, Meia Ponte e Verde que são afluentes do lado goiano do Paranaíba, bem como a utilização do mercúrio no garimpo do ouro, deixam em alerta constante os técnicos das barragens, tanto no que tange a contaminação das águas quanto na vida útil das usinas. Outro problema registrado no vale do Paranaíba á produção de lenha e carvão vegetal, primeiro por empregar trabalho infantil e escravo, como denunciado constantemente pela mídia, segundo pela grande contribuição para o desmatamento, tanto do cerrado quanto da mata ciliar que acompanha o rio, principalmente em seu médio e baixo curso. Quanto à utilização de seu vale na agropecuária é de singular importância, alternando a pecuária melhorada, a pequena lavoura comercial e de subsistência ao lado da agricultura predominantemente comercial, dessa maneira temos desde o zebu (gado bovino brasileiro resultante do cruzamento de três “raças” indianas, o gyr, o guzerate e o nelore) franqueiro criado de forma superextensiva no Cerrado, até “raças” europeias (hereford e angus polland), criadas com técnicas modernas, tornando a área fornecedora de couro e leite, beneficiados do lado mineiro, não bastasse, no próprio Triângulo Mineiro, temos um das grandes áreas da pecuária brasileira, destaque para o nelore e o zebu melhorado. A agricultura não fica atrás em seu volume e variedade, temos desde a produção tradicional de algodão, café, cana-deaçúcar, até as mais novas, com técnicas aprimoradas, agricultura de precisão e produtividade entre as maiores do mundo, atraindo estadunidenses e canadenses, como são os casos da soja, milho, girassol, feijão, arroz, sorgo ou milhete, e mais recentemente a mandioca, o amendoim e a mamona, para a produção de biocombustíveis, tal região, com centro em Rio Verde, sul de Goiás, é um dos “celeiros agrícolas” do país, roubando o título de “Mato Grosso de Goiás” da tradicional região de Ceres (centro-norte de Goiás). Como podemos perceber pelo texto, administradores e economistas precisam conhecer as riquezas hídricas brasileiras, para melhor planejar, explorar e conservar. Quanto à bacia do Paranaíba, formador do Paraná, só basta admirar, mas ao mesmo tempo fiscalizar, suas riquezas extraordinárias. Para o próximo artigo analisaremos a bacia do rio Grande. Até lá.