Design de Página: planejamento e produção gráfica da notícia
Page Design: news planning and graphic production
MOTA, Marcelo José da
Mestrando em Desenho Industrial – PPGDI – FAAC/UNESP – Bauru
PASCHOARELLI, Luis Carlos
Doutor em Engenharia de Produção – PPGDI – FAAC/UNESP – Bauru
NASCIMENTO, Roberto Alcarria do
Doutor em Educação – PPGDI – FAAC/UNESP – Bauru
SILVA, José Carlos Plácido da
Doutor em Ciências – PPGDI – FAAC/UNESP – Bauru
Palavras-chave: Design de jornal, projeto gráfico, periódico visual.
Este artigo de revisão analisa soluções projetuais com a utilização de técnicas visuais aplicado aos níveis de
representação gráfica editorial. O designer articula informação/produto com tecnologia/produção e seu objetivo, através
de técnicas visuais e a manipulação de elementos gráficos, é garantir a harmonia da comunicação entre palavra e
imagem. Para os efeitos de sentido e o sucesso da comunicação é necessário previsibilidade do designer para a interação
do objeto pelo usuário. O formato berliner, associado ao planejamento e produção gráfica para a configuração da página
impressa, otimiza a experiência projetual do designer e sua efetiva participação no departamento de arte e impressão na
equipe editorial.
Key-words: News Design, graphic project, visual periodic.
This review article analyzes projects solutions using visual techniques applied to publishing graphic representation.
The designer has articulated information/product with technology/production and his objectives, through visual
techniques and manipulation of graphics elements, is to guaranty harmony and communication between word and
image. For effects of sense and the success in the communication, it is necessary that the designer foresees the
interaction of the object by the user. The Berliner format, associated with planning and graphic production to
configuration of the publishing page, optimize the designer’s project expertise end his effective participation in the Arts
Department and the Editorial team.
1 - Introdução – Design, o Necessário e a Necessidade
A filosofia do objeto explica que a relação do homem com o objeto é traduzida na forma simbólica. O ser
humano evolui de acordo com a cultura da informação dada através da experiência com signos construídos e
objetivados a um significado atribuído. Ou seja, formas, códigos, dados específicos de uma perspectiva
particular ou coletiva e um universo sistemático, configuram o necessário para efetivar e projetar o mundo,
possibilitando o uso.
O design fornece informações reais e imaginárias e situa períodos históricos, é base para o fomento da
cultura e de experiências no ato do projeto e na construção dos objetos, entendendo-se objeto como produto
tangível, visual ou serviço. É voltado para identificação de prazeres fisiológicos, sociais, psicológicos e
ideológicos. Dá voz e personalidade ao desenvolvimento do objeto do signo, sua identificação, significados e
leitura, caracterizam sua necessidade.
Segundo Bense (apud NIEMEYER, 2003, p. 45) o conhecimento do objeto/produto determina suas funções e
gera seu sentido (semiose). Esta relação é explicada em quatro dimensões: do material (hílico), da técnica ou
estrutural (sintaxe), da forma (semântica) e da usabilidade (pragmático). A natureza operacional é
constituída de signos mesmo sendo virtuais, as manifestações visuais e interpretativas de uso dão uma
extensão para além do corpo humano, como acontece por exemplo, em nosso cérebro com a busca do
sentido, explicado pela semiótica objetal.
O universo do jornalismo em forma de notícia prolonga o pensamento e o faz real através de dispositivos
impressos e dispositivos eletrônico-digitais. Esta representação é um simulacro do mundo a partir de um
sistema de signos, que por sua vez são fragmentos do próprio universo.
O grau de eficiência da mensagem é mediado pela utilização do canal de comunicação e o nível da
informação associado à originalidade e novidade. Os efeitos de sentido e o sucesso da comunicação
dependem da previsibilidade do designer (gerador) para a interação do objeto pelo usuário (interlocutor). Em
uma linguagem sincrética, formada por códigos de natureza distinta (NIEMEYER, 2003, p. 19 a 29), o
designer deve levar em consideração dois processos comunicacionais: o da persuasão e o da manipulação.
Somente quando o interlocutor for persuadido é que pode haver a manipulação, esta utilizada pelo gerador
para que o interpretante assuma atitudes conforme a mensagem transmitida. A intimidação, a provocação, a
tentação e a sedução são táticas persuasivas que levam à ação efetiva proposta pelo designer. É necessário,
portanto que a mensagem tenha referências de acordo com o repertório que o interpretante partilha com o
gerador.
A construção visual de fatos e experiências reais e cotidianas da notícia diária representa a verdadeira
sistematização social, a interpretação e compreensão do universo real/factual. Como formador de opinião e
esclarecimento de conteúdo a imprensa e o jornalismo diário ajudaram na alfabetização em massa no início
do século XX (DE FLEUR, 1989). Isso ocorre devido à revolução da indústria gráfica e a institucionalização
do design como agente transformador, utilizando-o para uma adaptabilidade visual e qualidade do produto. A
imprensa não apenas fez uso da revolução da tecnologia gráfica como também da inserção do designer no
departamento de arte e da equipe editorial.
A conduta do ser humano está dirigida em necessidades múltiplas e variadas. Aspirações, e a satisfação de
ser atendido pelo uso de determinado objeto, caracteriza o design. Já, o estado confortável de atendimento,
reflete os desejos, anseios e ambições. O design está orientado no futuro, e tem como referência a
experiência passada. Como também, atribui ao objeto, funções determinadas que atendam as necessidades
humanas. Aspectos essenciais do produto e sua relação com o usuário são explorados pelo designer nas
funções prática, estética e simbólica (LÖBACH, 2001).
Segundo Bernard Löbach “criar a função estética dos produtos industriais significa configurar os produtos de
acordo com as condições perceptivas do homem” (LÖBACH, 2001, p. 60). A função estética aplicada ao
produto tem fator determinante no reconhecimento e no consumo da informação e se sobressai diante das
outras funções. A estética é uma ciência das aparências perceptíveis pelos sentidos (estética do objeto) de sua
percepção pelos homens (percepção estética) e sua importância para os homens como parte de um sistema
(estética do valor). A estética do objeto é a característica visual e sua qualidade. Estética empírica é a
aplicação da teoria estética na prática com o conhecimento das preferências do usuário. Estética do valor é a
importância dos objetos estéticos para o usuário e suas normas socioculturais.
É no processo de utilização dos produtos industriais que ocorre toda práxis humana. Denotam-se ao produto
certas funções pelo seu usuário através da experiência e conhecimento prévio de sua necessidade. O designer
industrial configura esta práxis e dá forma ao poder dotar o produto com as funções adequadas para cada
caso.
O Desenho Industrial está dividido em duas áreas distintas, porém correlacionadas. Design do produto
configura os bens tangíveis, suas medidas, proporções e ergonomia, cálculos e dados antropométricos.
Design gráfico configura as artes visuais de representação podendo também ser considerado tangível já que
necessita de planejamento do produto impresso para sua configuração.
2 – Design gráfico
A indústria gráfica instalou-se na Inglaterra em 1814 com a primeira aplicação da litografia com uma
máquina plano-cilíndrica. Em 1906, o off-set foi aplicado por George Mann, o que permitiu a modernização
dos parques gráficos e abriu a possibilidade de inovações na paginação e layout (VILLAS BOAS, 1998). Os
artistas e movimentos de vanguarda modernistas, bem como jornais e revistas, utilizaram os recursos
propiciados pelo então novo meio de impressão e romperam com a harmonia clássica e estética. Procuravase uma identidade cultural artística que correspondesse às necessidades industriais gráficas. O design gráfico
passou a exercer, na era moderna, a função de impor razão e eficiência à comunicação visual. Sua atuação,
como área de conhecimento, propôs à sociedade novas possibilidades criativas e conceituais e um maior
diálogo entre o verbal e o visual.
Segundo Dondis “uma mensagem é composta tendo em vista um objetivo: contar, explicar, dirigir, inspirar,
afetar. Na busca de qualquer objetivo fazem-se escolhas através das quais se pretende reforçar e intensificar
as intenções expressivas, para que se possa deter o controle máximo das respostas” (DONDIS, 2002, p. 31).
Seja qual for a substância visual básica, palavra ou símbolo, sua composição é de fundamental valor em
termos informacionais. A mensagem e o método de expressá-la dependem da compreensão e da tomada de
decisões para proceder e usar as técnicas visuais como instrumentos da composição visual. A força maior
que possui a linguagem visual é o seu caráter imediato, em sua evidência natural. Nossa percepção do
conteúdo e da forma é simultânea entre artista, conteúdo, forma e público. O que se propõe como projeto e
planejamento gráfico é uma construção visual objetivada para a transmissão do conteúdo informativo na
página.
O planejamento cuidadoso, a indagação intelectual e o conhecimento técnico são necessidades do design e
do pré-planejamento visual. Procurar soluções para os problemas de beleza, funcionalidade, equilíbrio e
reforço de continuidade interpretativa entre forma e conteúdo. São de extrema importância estudos de
comunicação visual devido à velocidade, a constante variedade e as transformações tecnológicas de
gráfico/eletrônico/digitais que estamos sujeitos. Com a programação visual é que conseguimos dirigir com
segurança o modo e o entendimento das imagens processadas, representadas visualmente como produto no
meio ou na mídia determinada. Seu objetivo é alcançar o uso e o conhecimento rápido, eficaz e que a idéia,
produto ou serviço fixe em nossas mentes de maneira positiva e consciente.
3 - Design gráfico e jornal diário
Com premissas em suas raízes históricas, o design gráfico tem bases no funcionalismo advindas da
Arquitetura Internacional de Gropius - 1925 e do Estilo Internacional de Philip Johnson e Russel Hitchock –
1932 (VILLAS BOAS, 1998). Seu processo canônico é advindo da evolução da indústria gráfica que adotou
o paradigma da tração mediada pela técnica, o racionalismo e a funcionalidade científica. As contribuições
das vanguardas modernistas do início do século XX são: Art Nouveau, Cubismo, Futurismo, Dadaísmo,
Surrealismo, Construtivismo, Art Deco, De Stjil e Bauhaus. Estes movimentos inovaram no estilo da página
impressa, criação de tipos, formatos de letras e marcas comerciais (HURLBURT, 1999).
Nas décadas seguintes do encerramento da escola Bauhaus, em 1933, o design já estava estabelecido como
área de conhecimento e evoluiu para o Estilo Moderno. As bases e idéias desenvolvidas foram
fundamentadas com formas claramente definidas, dinâmica na comunicação visual, novas expressões nos
tipos e importância da publicidade. Na revolução da comunicação da imprensa popular, o designer gráfico
ocupou um lugar estratégico com soluções criativas, imagens, ilustrações e plasticidade da página.
A comunicação visual ganhou um impulso, na década de 40, com maior concentração no conteúdo visual das
páginas editoriais. Ao final da Segunda Guerra Mundial, a imprensa escrita ganhou força, já com a fotografia
como importante recurso gráfico. Mas foi somente nas últimas décadas do século XX que a imprensa
preocupou-se em dar melhor tratamento visual à informação transmitida na página impressa (Hulburt, 1999).
O primeiro jornal, com as características atuais, apareceu em meados de 1830, em Nova York. Embora fosse
derivado de outros elementos sócio-culturais de outras sociedades e períodos (De Fleur, 1989), o então jornal
moderno provoca mudanças significativas à opinião pública fortalecendo a cultura de massa e os processos
de impressão.
A revolução tecnológica das últimas décadas e a revolução digital que estamos vivendo, obriga o jornal à
adaptação e utilização de novos meios para efetuar e garantir a qualidade do produto e de seu conteúdo. O
designer gráfico articula a informação/produto com tecnologia/produção e seu objetivo, através de
ferramentas técnicas e a manipulação de elementos visuais, é garantir a comunicação de seu conteúdo:
palavra e imagem. A utilização do design de página, provoca no produto editorial um estreitamento de
relações e de conteúdo entre o universo editorial, designer e leitor. A evolução da imprensa moderna
colaborou para a institucionalização e canonização do design gráfico como linguagem e informação.
A estrutura de um jornal diário obriga investimento em tecnologia gráfica e design para garantir a qualidade
do produto e a transparência da informação. A importância do designer na equipe de um jornal impresso vai
do seu formato e projeto gráfico à saída para impressão, como também sua transição para os meios digitais.
O designer organiza em forma de projeto as informações e o layout da página: concepção/aplicação do
projeto gráfico e identidade corporativa, grid (esqueleto do jornal pré-definido), capa, fotos, publicidade,
diagramação e infografia.
As inovações tecnológicas e a convergência para o mundo digital contribuem em todas as etapas de
processamento de um jornal diário, possibilitando uma melhor comunicação entre informação e homem.
Ganha-se em produção, tempo, espaço físico e qualidade do produto impresso. Por outro lado, o jornal perde
leitores mais jovens devido ao aparecimento da internet e ambientes on-line (CASTELLS, 1999), o que
obriga a equipe de um jornal impresso à adaptação aos novos meios e a criação de um maior número de
imagens a serem processadas pelo usuário. Ainda segundo Castells, “o que mudou não foi o tipo de
atividades em que a humanidade está envolvida, mas sua capacidade tecnológica de utilizar como, força
produtiva direta, aquilo que caracteriza nossa espécie como uma singularidade biológica: nossa capacidade
superior de processar símbolos” (p. 111).
Somente a partir da década de 80 no séc. XX é que o design consolidou-se como um eficiente e diferenciado
conceito trabalhado no periódico editorial. O jornal USA Today (1982) foi o primeiro a estabelecer modelos
de fragmentação dos textos e um melhor aproveitamento de ilustrações e infográficos (MORAES, 1996). A
combinação de alguns elementos visuais na página é a solução para a adaptação dos jornais aos novos
modelos de comunicação. O aumento de informações visuais e a fragmentação na grid e no diagrama
representam a busca de velocidade e agilidade na recepção da notícia. O USA Today também é o precursor
em utilizar o lead editorial, isto é o primeiro parágrafo da notícia, a síntese da matéria.
4 - Aspectos Fisiológicos da Comunicação Visual
4.1 - Dinâmica do contraste
O contraste é um poderoso instrumento de expressão, o meio para intensificar o significado, e, portanto,
simplificar a comunicação. Tem a função de reduzir a tensão, racionalizar, explicar e resolver as confusões e
necessidades no campo visual. A mente e o olho exigem estímulos e surpresas, e um design que resulte em
êxito e audácia sugere a necessidade de aguçamento da estrutura e da mensagem.
Como estratégia visual o contraste pode também dramatizar o significado, para torná-lo mais importante e
mais dinâmico. O contraste é um caminho fundamental para a clareza do conteúdo entre arte e comunicação,
são eles:
• Contraste de Tom: com o tom a claridade ou a obscuridade relativas de um campo estabelecem a
intensidade do contraste;
• Contraste de Cor: o tom supera a cor em nossa relação com o meio ambiente, sendo mais importante que a
cor na criação do contraste. Depois do tonal o mais importante contraste de cor é o quente-frio;
• Contraste de Forma: através da criação de uma força compositiva antagônica, a dinâmica do contraste
poderá ser prontamente demonstrada em cada elemento visual apresentado. A função principal é aguçar,
através do efeito dramático de justaposição;
• Contraste de Escala: a distorção da escala pode chocar o olho ao manipular à força a proporção dos objetos
e contradizer tudo aquilo que, em função de nossa experiência, esperamos ver. É a justaposição de meios
diferentes.
O contraste, nessa busca, é a ponte entre a definição e a compreensão das idéias visuais, imagens e
sensações. Na dinâmica do meio ambiente os olhos se adaptam à troca de luzes na superfície em três
diferentes caminhos. O primeiro a pupila pode mudar de tamanho e o cálculo é feito nesta sensibilidade.
Segundo a rápida troca da sensibilidade neural de leitura para projetar a imagem na retina. Terceiro o tempo
de adaptação do olho na variação de uma troca drástica de intensidade de luz.
O contraste pode ser calculado em primeiro e segundo plano considerando a luminosidade. É absoluta a
consideração da precisão relativa aos planos varridos pelo olho para depois ser unida no eixo axial.
Denomina-se a adaptação da retina à intensidade de iluminação referente aos níveis observados. O atributo
visual da detecção do objeto observado e a discriminação de seus detalhes são normalmente referidos como
resolução visual ou acuidade visual (VA). A acuidade visual é responsável pela definição de uma mínima
separação angular entre duas linhas ou a necessidade de precisão nas superfícies.
A equipe editorial trabalha e define o projeto gráfico, quais os elementos a serem empregados na página
como título, vinheta, assinatura e origem do texto, foto, olho editorial, infográfico, entre outros. Estes
elementos manipulados de acordo com o necessário e a necessidade para a objetividade do texto e recursos
do formato como capacidade gráfica e espaço editorial. Deve-se procurar soluções para os problemas de peso
e funcionalidade, de equilíbrio e do reforço mútuo entre forma e conteúdo.
A rotina produtiva de um periódico pode restringir a criatividade pelo fato de impor a necessidade de
organização e padronização na apresentação da notícia, e pode, contudo diminuir a sensibilidade dos olhos
do leitor ao enunciado visual do layout. O contraste entre informação visual e conteúdo editorial na página
impressa, manipulados pelo designer, aguça e garante ao usuário a compreensão e leitura da notícia.
4.2 - Visão da cor
O estudo do comportamento do indivíduo relacionado à influência da cor é chamado de sinestesia.
Determinam-se cores primárias o amarelo, o magenta e o cian, e cores secundárias o vermelho, o verde e o
azul violeta. Na retina os cones são responsáveis pelas cores primárias, assim são estimulados de acordo com
a proporção de cada cor primária na luz incidente. A sensibilidade do olho humano tende a diminuir com a
tonalidade da luz, isto é o espaço que o olho imóvel pode ver, diminui pelo verde, vermelho e somente nas
extremidades do campo visual pelo cian e amarelo. O equilíbrio e a compensação da sensibilidade da cor na
produção gráfica são chamados de fotoprismagem.
A inserção da cor nos periódicos trouxe uma dinâmica na configuração do objeto editorial e maior agilidade
na transmissão do conteúdo gráfico. A cor pode ajudar na separação das notícias na página como dar
funcionalidade e expressão para o produto editorial. A percepção da cor pelo leitor nos periódicos é a mais
emocional dos elementos específicos do processo comunicacional. A cor pode ser usada com muito proveito
pelos periódicos, para expressar e intensificar a informação visual exibida.
5 - Performance Visual
A ergonomia nos elucida quanto à necessidade de considerarmos a estrutura física do olho e como cada
pessoa pode tratar a informação visual. Envolve uma série de níveis de complexidade no simples contato do
olho humano com a luz para interagir qualitativa e quantitativamente na cena.
Para um jornal diário a informação tem de ser lida instantaneamente e o efeito dos estímulos visuais, sentidos
pelos leitores. A informação visual traduzida em texto deve ser cuidadosamente aplicada na página com um
devido critério, respeitando a grid, projeto gráfico e o diagrama pré-estabelecido. Claro que a criatividade e a
manipulação dos elementos podem sofrer alterações como a inserção de uma notícia, ou um elemento visual
de última hora pela redação ou pelo trabalho e talento do paginador.
A performance visual tem a função de determinar:
• a capacidade de observação: a inerente limitação do sistema visual humano e características comuns que
causam fadiga.
• as características de observação nos objetos: tempo observado, contraste, volume, cor.
• as características visuais e espaciais do ambiente ou lugar.
Principalmente podemos considerar a performance visual nas características de análise do meio e objeto.
Também podemos considerar seu desempenho e conseqüência de tarefas e indícios de fadiga.
Ergonomicamente para sua avaliação no universo da notícia o design passa a poder abordar assuntos como:
• O melhor formato para peça, viabilizando o produto e evitando desperdícios, envolve o projeto gráfico, área
técnica de produção, administrativa e comercial;
• Melhor tratamento visual para a notícia garantindo a comunicação e a boa leitura, leva-se em consideração
o projeto gráfico e as grids editoriais. Exemplos são fotos, infográficos e a notícia visual bem articulada;
• Avaliação e desempenho: o importante conhecimento dos aspectos de funcionamento visual das pessoas
considerando necessidades particulares e deficiências visuais dos leitores.
Algumas questões podem ser respondidas pela avaliação da performance visual. Como, por exemplo, uma
pessoa ou grupo pode absorver certa informação visual ou com quantas informações é possível ter contato
em um tempo pré-determinado para a leitura de uma página de jornal. Pode-se melhorar a performance
visual de um layout se for trocado o caminho da informação visual exibida ou detectados os erros mais
comuns de leitura. O raciocínio lógico e objetivo aplicado na página, levam o designer à manipulação de
elementos num caráter estratégico. Com a utilização destes princípios, da linguagem e alfabetismo visual, o
designer pode melhorar sua prática ou experiência projetual para a configuração da página impressa e efetiva
participação em uma equipe editorial.
6 - Formato Berliner
A maioria dos periódicos nacionais e internacionais apresenta um formato padrão ou standar medindo 32 cm
por 56 cm. O formato mais recente, que atinge mais de 50% dos jornais europeus (Jornal do Jornal, 2006),
recebeu o nome de berliner, ou midi, com as páginas que medem 32 cm por 47 cm, um pouco mais alto que
o formato tablóide (29 x 32 cm). Tem uma comodidade no manuseio, mas ainda com o prestígio do formato
tradicional. O mais comum é a utilização de cinco colunas que anteriormente eram seis. É usado pelos mais
importantes jornais europeus como o Le Monde da França, El Pais, na Espanha, La Repubblica na Itália, De
Morgen na Bélgica e Guardian no Reino Unido. Atualmente a tendência de mudança atinge jornais como Le
Soir, na Bélgica, Clarín, na Argentina. No Brasil temos o Jornal do Brasil, da cidade do Rio de Janeiro como
precursor do novo formato, o Jornal de Londrina, no Paraná e o Jornal Bom Dia, da cidade de Bauru, São
Paulo, que também se adaptou tecnologicamente para o berliner.
Na cidade de Presidente Prudente, São Paulo, o jornal O Imparcial antecipa ajustes em seu parque gráfico
para a publicação periódica no formato berliner, com investimento em equipamentos gráficos e testes de
impressão. Para Mário Peretti, diretor responsável, o importante é estar preparado para a mudança nas
questões técnicas que envolvem o processo gráfico do jornal e dar um passo à frente para o investimento e
adaptação ao mercado. O formato berliner possibilita a impressão de mais páginas em menor tempo e
cadernos maiores. A utilização do berliner aperfeiçoa o desenvolvimento gráfico e visual do produto e
permite seções mais organizadas em tempo de produção, e a possibilidade de aplicação de maiores recursos
da linguagem gráfica. A capacidade técnica adaptada ao formato, permite imprimir cadernos de 16 páginas,
sendo quatro coloridas, quatro com duas cores e as páginas restantes em preto e branco.
Segundo Deodato da Silva, diretor administrativo de O Imparcial, o berliner é uma futura silhueta no cenário
da imprensa brasileira. Silva acrescenta, “apesar de ter mais peso em suas áreas de circulação, jornais
regionais ainda dependem dos veículos de circulação nacional para definir seus formatos” (Jornal do Jornal,
2006, p. 2). A publicidade também deve ser adaptada às novas medidas de anúncios no formato berliner mas,
positivamente terá grande aceitação já que o novo formato otimiza a visão, o contraste da página e as
informações visuais exibidas ao leitor, em menor tempo de consumo do periódico. Pesquisas da Faculdade
de Jornalismo da Universidade de Columbia, nos EUA, indicam que em 20mim o leitor tem acesso maior às
informações no novo formato do que o tradicional standar de 32 cm x 56 cm.
O The Guardian é um jornal britânico publicado de segunda-feira a sábado no formato berliner. Foi fundado
em 1921 e hoje é editado completamente em cores e um dos pioneiros a utilizar conceitos de convergência
digital para notícias on-line como à mudança do formato e paginação. The Guardian mudou para o berliner
em 12 de janeiro de 2005 (Figura 1). As avaliações para o novo formato são positivas para o jornal,
aumentando seu faturamento publicitário e assinaturas. A versão para internet do jornal tem um projeto
interativo e segmentado, intensificando a velocidade da leitura das notícias.
Figura 1 - Capas dos jornais The Gardian, de 12 de setembro de 2005; e Bom Dia, de 27 de novembro de 2006, no
formato berliner.
O jornal Bom Dia (Figura 1) da cidade de Bauru, São Paulo, adota o novo formato em 26 de novembro de
2006, apostando em uma melhora na performance visual de leitura e agilidade no manuseio do jornal. Possui
unidades em outras cidades no interior paulista como Jundiaí, Rio Preto e Sorocaba. Breve todas as unidades
do jornal Bom Dia utilizarão o novo formato. Segundo o diretor comercial do jornal Bom Dia, Marcos
Nogueira de Sá, “as pesquisas constantes para o formato do jornal mostraram que os leitores aprovaram de
imediato a mudança”.
A proposta do jornal Bom Dia é estabelecer uma nova consciência dos jornais modernos para o formato e
garante a eficiência para a comunicação. Tem objetivos de expandir com qualidade a melhoria do tratamento
gráfico na página. Para tanto, o jornal investe em fragmentação dos espaços, em maior utilização da cor e
informações visuais. Para o diretor-geral do Bom Dia, Matinas Suzuki Jr., “a organização jornalística precisa
dar o seu máximo em qualidade, criatividade e eficiência, para fazer de 20 min de leitura mínima de um
periódico, uma experiência agradável e que acrescente cada vez mais informações de valor ao leitor”.
Figura 2 - Aproveitamento dos formatos padrão e berliner na bobina de papel para impressão. Fonte: Coppi, p. 50.
Figura 3 - Comparação entre os formatos e os benefícios do novo modelo editorial para jornal diário. Fonte: Coppi, p.
50.
Bruno Munari afirmou que a arte é um fato mental cuja realização física pode ser confiada a qualquer tipo de
meio (MUNARI, 1997, p. 54). Ao designer cabe obter o máximo de resultados com o mínimo de esforço na
comunicação utilizando uma instrumentação justa. O profissional de arte na equipe editorial de um jornal
diário utiliza o design de página para transmitir a informação com objetividade da forma, dos elementos
visuais, decodificação unitária para evitar interpretações ambíguas.
A manipulação de signos visuais pelo designer deve ser de caráter estratégico na relação comunicativa entre
produto, conteúdo e seu destinatário (NIEMEYER, 2003) estabelecendo, assim, a solução projetual.
Neste sentido o design passa a redimensionar os espaços da página do jornal diário, contribuindo para tornar
a informação jornalística mais informativa para o leitor. Através da distribuição ordenada dos elementos
constitutivos da página como cabeçalho, boxes, infográficos, linhas, títulos conjugados à notícia e adaptação
do produto aos novos meios e formatos da produção editorial. O objetivo principal é otimizar a informação
na sua forma de consumo como garantir uma comunicação ágil e veloz de que tanto necessita o usuário
contemporâneo.
7 - Bibliografia
CALLARO, Antonio Celso. Projeto Gráfico: teoria e prática da diagramação. São Paulo, Summus, 2000.
BOM DIA, periódico da cidade de Bauru, São Paulo, de 19 de novembro de 2006.
BULLIMORE, Mark A.; HOWARTH, Peter A. and FULTON, E. Jane. Evaluation of humam work – a
pratical ergonomics methodology, Chapter 27. Edited by John R. Wilson and E. Nigel Corlett 2ª ed.
CASTELLS, M. A sociedade em rede – A Era da Informação: economia, sociedade e cultura. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1999.
COPPI, Fernando Vancin. Indicativos para um novo layout do Jornal da Cidade. Bauru, São Paulo, UNESP,
2003
DE FLEUR, Melvin L./ ROKEACH, Sandra Ball. Teorias da comunicação de massa. São Paulo, J.Z.E.,
1989.
DENIS,Rafael Cardoso.Uma introdução à história do design. São Paulo Edgard Blücher, 2000.
DONDIS, Donis A. Sintaxe da linguagem visual. São Paulo, Martins Fontes, 2002.
HURLBERT, Allen. Layout: O Design da Página Impressa. São Paulo: Nobel, 2002.
LÖBACH, Bernd. Desenho industrial. Bases para a configuração dos produtos industriais. 1ª edição. São
Paulo. Editora Edgar Blücher Ltda, 2001.
MORAES, Ary. Estudos em Design V. IV: O redesenho de jornais impressos e seus atores. São Paulo, n.1,
ago. 1996.
MORAES, Ary. Estudos em Design V. VI: Ler Jornais: reflexões sobre a significação da página. São Paulo,
n.2, dez. 1998.
MUNARI, Bruno. Design e comunicação visual. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1997.
NIEMEYER, Lucy. Elementos de Semiótica Aplicados ao Design. Rio de Janeiro, 2AB, 2003.
JORNAL DO JORNAL, suplemento do jornal O Imparcial, da cidade de Presidente Prudente, São Paulo, de
outubro e novembro de 2006.
VILLAS-BOAS, André. Utopia e disciplina. Rio de Janeiro, 2 AB, 1998.
Marcelo José da Mota [email protected]
Luis Carlos Paschoarelli [email protected]
Roberto Alcarria do Nascimento [email protected]
José Carlos Plácido da Silva [email protected]
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